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Romance de 1930 (Segunda Geração Modernista no Brasil)

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Romance de 1930 (Segunda Geração Modernista no Brasil)
Características: literatura documental, apresentação crítica da realidade brasileira, objetivo de levar o leitor a tomar consciência da condição de subdesenvolvimento do país, perspectiva determinista do humano e o espaço que habita (influência do regionalismo romântico), estudo das relações sociais (influência do Realismo), abandono da idealização romântica e da impessoalidade realista, estudo do impacto do ambiente no homem, caracterização da vida sacrificada e desumana do sertanejo, busca pela compreensão da estrutura socioeconômica que alimentava a política do coronelismo nordestino, “cor local”, linguagem simples e inclusão de termos regionais.
Neorregionalismo: romances que abordam a realidade específica de uma região, caracterizada por particularidades geográficas e tipos humanos específicos, que usam a língua de um modo próprio e têm práticas semelhantes.
Vidas Secas - Graciliano Ramos: zoomorfização (animalização), antropomorfização (humanos associados a animais e vice-versa), determinismo, migração (narrativa cíclica → não há um avanço → sempre migrando), eterno nomadismo (busca pela sobrevivência), miséria, fuga da seca pela caatinga; obra faz um retrato da dura existência no sertão nordestino; gestos voltados para a sobrevivência imediata e falas monossilábicas; crianças sem nomes: invisibilidade; nome do cachorro (Baleia) é irônico: nunca chegarão perto do mar e ele era muito magro; romance desmontável (capítulos independentes); denúncia à miséria, à exploração (dos pobres por parte dos mais ricos) e à opressão (do governo); Baleia: personagem que mais se assemelha a um ser humano (única que sente angústia e sabe se comunicar melhor que os outros membros da família); Graciliano Ramos representa com primor a miséria do retirante ao retratar os humanos como bichos e os bichos (a Baleia) como humanos; Fabiano se confunde com um animal por ser bruto, se comunicar com grunhidos, e está à mercê da natureza (da seca e da chuva); Fabiano, como um animal domesticado, aceita os maus-tratos; percepção do poder das palavras para ganhar respeito.
São Bernardo - Graciliano Ramos: protagonista luta para vencer na vida a qualquer preço; conquista a fortuna e o prestígio desejados, mas descobre-se solitário e infeliz → decide fazer um balanço da própria vida na forma de uma narrativa, que mostra os traços mais marcantes de uma personalidade "moldada" pelo contexto socioeconômico do qual fazia parte; protagonista tenta desesperadamente ascender socialmente (casa-se por interesse), mas esbarra na sua incapacidade de se integrar à elite, mesmo acumulando muita riqueza → protagonista percebe que, em nome da prosperidade econômica, destrói a própria humanidade; o protagonista, que via as pessoas que o serviam como "bichos", acaba por ser um "explorador feroz". 
Angústia - Graciliano Ramos: monólogo interior: o narrador-personagem constrói os eventos com base em suas lembranças, em suas percepções, no local em que se aloca o sentimento angustioso; romance em primeira pessoa, uma narrativa psicológica caracterizada por um contínuo estado de delírio do personagem: sufocado pela angústia; dificuldade de diferenciar o real do irreal; tem por espaço narrativo a cidade de Maceió, capital de Alagoas, durante as décadas que sucedem a tomada do poder por Getúlio Vargas; as memórias misturam-se às situações presentes; o final do livro remete ao seu início → personagem encontra-se encerrado num cíclico cárcere da própria consciência, em que nada se realiza; o personagem, fragmentado e profundamente desencantado com a vida, mostra-nos também as raízes coloniais, patriarcais e escravocratas do país; personagem localiza-se entre o passado ligado ao mundo agrário, em decadência, e o presente ligado ao mundo urbano, em expansão; desprezo à burguesia ascendente (poder do dinheiro esfacela todas as relações sociais; a sociedade burguesa é culpada como a grande responsável pela miséria e falta de perspectiva na vida do personagem, que cria frustradas expectativas de enriquecimento; falta de identificação do sujeito para com o seu trabalho; personagem acaba sufocado em sua própria prisão interior e sucumbindo ao crime e à autodestruição
Capitães de Areia - Jorge Amado: linguagem oral e regional; discurso indireto livre (narrador narra o que a personagem falaria); destaque a leitores privilegiados (nas Cartas à Redação) → imprensa parcial; tempo cronológico e psicológico; temáticas: menor abandonado, exclusão social, luta de classes, sincretismo religioso, cangaço e epidemia de varíola; cenário de censura e perseguições do Estado Novo e desenvolvimento industrial; a pobreza/marginalidade não distingue preto e branco; retrata a vida de um grupo de crianças (os Capitães da Areia) abandonadas que lutam e roubam para sobreviver em Salvador; repressão e tortura policial; o romance começa com várias cartas publicadas no Jornal da Tarde sobre o grupo dos Capitães da Areia que assolam a cidade de Salvador com seus furtos; o cenário do romance é uma Bahia dividida entre pobres da cidade baixa e ricos da cidade alta → um dos contrastes sociais mais marcantes é a epidemia de varíola que varre a cidade → ricos se vacinam e pobres morrem; o reformatório e o orfanato são ambientes de tortura, abandono e fome; o meio serve para explicar como os jovens se tornaram delinquentes e para traçar o futuro que os espera (todas as crianças terão o mesmo futuro, mas não o mesmo destino); como os garotos vivem na rua desde muito cedo, sem pais, sem cuidado e sem carinho, são tratados como adultos pelo narrador/escritor → suas escolhas tem um impacto real na narrativa e no seu destino; Pedro é a voz do povo, um representante grevista.
Fogo morto - José Lins do Rego (1943): narrador na terceira pessoa denuncia as ideologias das vozes presentes na narrativa e instaura a dimensão crítica (indagador) → polifonia de vozes; região açucareira da Paraíba (Engenho Santa Fé); intervalo de tempo entre a derrocada do engenho e a ascensão da usina; realista, revela o processo de mudanças sociais do Nordeste, retratando a oligarquia composta pelos senhores de engenho, ameaçada com a chegada do capital proveniente da industrialização; consequências do relacionamento casa grande X senzala; sistema político apoiado em acordos de interesses, mantidos por Estados que se sustentam nos coronéis dos municípios; baixo nível de vida, banditismo, superstição, população dominada por uma classe minoritária; o tema central é o desajuste das pessoas com a realidade resultante do declínio do escravismo nos engenhos nordestinos; mulheres tratadas como mercadorias; Mestre José Amaro: artesão, expulso do engenho por Chacon, casado à submissa Sinhá, filha “louca”, desiludido com a profissão e com a vida familiar → ser chamado de lobisomem retrata imaginação popular → Amaro é conduzido à devoção a um cangaceiro; Lula de Holanda Chacon: senhor de engenho decadente, sofreu com a abolição da escravatura → falência; “fogo morto”, pois a chaminés deixaram de funcionar; capitão Vitorino Carneiro da Cunha, idealista em defesa dos mais fracos, chamado de Dom Quixote por lutar pela injustiça e fazer planos fantasiosos a respeito da realidade.

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