Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Profa. Dra. Anna Cláudia Telles UNIDADE I Fundamentos Históricos de Enfermagem Dimensão histórica no mundo: evolução e prática contemporânea. Homens das cavernas – caça e proteção da comunidade. Mulheres – cuidavam das crianças, da moradia, dos ferimentos dos homens e familiares – observação/procedimentos empíricos. Observação dos animais – se ingerisse alguma fruta ou erva, era sinal de que não era maligna ou se esfregasse as plantas para cicatrização de suas feridas – efeitos das plantas. O cuidado de saúde: Sociais Políticas Econômicas Suas leis/crenças (GEOVANINI et al., 2005) O cuidar As práticas de saúde instintivas Caracterizam a prática do cuidar nos grupos nômades primitivos. Neste período as práticas de saúde consistiam em ações que garantiam ao homem a manutenção da sua sobrevivência, estando na sua origem associadas ao trabalho feminino. A enfermagem está em sua natureza intimamente relacionada ao cuidar das sociedades primitivas. As práticas de saúde mágico-sacerdotais Abordam a relação mística entre as práticas religiosas e as práticas de saúde primitivas, desenvolvidas pelos sacerdotes nos templos. Este período corresponde à fase de empirismo, verificada antes do surgimento da especulação filosófica que ocorre por volta do século V a.C. O cuidar – Períodos As práticas de saúde no alvorecer da ciência Relacionam a evolução das práticas de saúde ao surgimento da filosofia e ao progresso da ciência, quando estas então se baseavam nas relações de causa e efeito. Inicia-se no século V a.C., estendendo-se até os primeiros séculos da Era Cristã. As práticas de saúde monástico-medievais Focalizam a influência dos fatores socioeconômicos e políticos medievais e da sociedade feudal nas práticas de saúde e as relações destas com o cristianismo. Esta época corresponde ao aparecimento da Enfermagem como prática leiga, desenvolvida por religiosos e abrange o período medieval, compreendido entre os séculos V e XIII. O cuidar – Períodos As práticas de saúde pós-monásticas Evidenciam a evolução das práticas de saúde e, em especial, da prática de Enfermagem no contexto dos movimentos renascentistas e da Reforma Protestante. Correspondem ao período que vai do final do século XIII ao início do século XVI. A retomada da ciência, o progresso social e intelectual da Renascença e a evolução das universidades não constituíram fator de crescimento para a Enfermagem. As práticas de saúde no mundo moderno Analisam as práticas de saúde sob a ótica do sistema político- econômico da sociedade capitalista. Surgimento da Enfermagem como prática profissional institucionalizada, inicia-se com a Revolução Industrial no século XVI e culmina com o surgimento da Enfermagem moderna na Inglaterra, no século XIX. O cuidar – Períodos As práticas em saúde apresentadas são referências de períodos relacionados a momentos históricos. Mudam de acordo com civilizações e sua cultura, como se verá a seguir. Hebreus – as ciências propriamente ditas não foram cultivadas pelos hebreus e as artes visavam à vida e ao culto divino. Egípcios – conforme assinalam documentos manuscritos (papyrus), os egípcios praticavam a arte de curar e que era uma mistura de religião e medicina, daí aqueles que praticavam a medicina serem considerados sacerdotes – médicos. A dissecção de cadáveres era proibida. Embalsamento. O cuidar – Períodos Assírios e babilônios – admitiam que a doença era castigo, causada por influência de maus espíritos. Faziam uso de amuletos contra ações maléficas. Além da magia, os agentes de cuidados de saúde (sacerdotes) indicavam tratamentos a base de massagens. Esse povo já se preocupava com o sanitarismo e começou a conhecer anatomia pela dissecação de animais. Medas e persas – terapêutica era baseada no uso de vegetais. Escravos atendiam os doentes em hospitais de caridade em cumprimento a ordens dadas por sacerdotes-médicos. Hindus – terapêutica era baseada em dietas, banhos, aspirações de vapores medicinais. Construíram casas para doentes e realizavam uma seleção de pessoas capacitadas para a prestação de assistência aos enfermos, o que leva a acreditar que os hindus foram os primeiros a pensar em hospitais e pessoal capacitado. O cuidar – Períodos Hindus (cont.) Por motivos religiosos, evitavam o sacrifício dos animais e a dissecação de cadáveres, sendo o ensino médico apenas teórico. Somente os sacerdotes podiam exercer a medicina e com o passar dos tempos a arte de curar foi permitida a outras classes. Chineses – desde os primeiros tempos se preocupavam com as reformas, a política, a moral, as ciências como Astronomia, Matemática, Medicina. Como os outros povos antigos, só os sacerdotes podiam curar e tinham como terapêutica as orações, achavam que as doenças eram castigo dos gênios do mal. Num período mais adiantado passavam a usar vegetais e minerais no tratamento das doenças. Foram construídos hospitais e casas de repouso sob orientação de pessoal especializado, inclusive pessoas preparadas para auxiliar nos trabalhos de parto. O cuidar – Períodos Hipócrates – o pai da medicina. Deu cunho científico à arte de curar e tratar de doentes. Afirmava que as enfermidades eram motivadas pelo desequilíbrio e não provocadas pela ira dos Deuses. Deixou vários trabalhos escritos, onde abordou alterações na temperatura, excesso de trabalho físico e mental, ar poluído, emoções, doenças pulmonares. Antes de Hipócrates não havia médicos, pois as curas não tinham nada de científico. Ele tornou-se celebre na escola de Alexandria. Logo após, essa mesma escola permitiu a dissecação de cadáveres, o que abriu o caminho à ciência médica, enriquecendo conhecimentos de anatomia e fisiologia humanas. Cristianismo – no ano 100 a igreja já estava constituída e instalada, também havia acontecido uma mudança social radical. Pelo cristianismo foram ampliados os hospitais e casas de caridade, que eram chamadas de “diaconias” por serem administradas por diáconos (padres) ou diaconisas (freiras). Acolhiam a todos sem discriminação. O cuidar – Períodos Os apologistas – os que louvam a Deus (acreditavam em Cristo), sofreram perseguições pelos Judeus. Continuaram em sua marcha de regeneração da humanidade, acolhendo crianças, mulheres, doentes, pobres e excluídos. Os Árabes – durante a Idade Média, os árabes tiveram fama de bons médicos. A terapêutica era à base de xaropes. escreveram um tratado de cirurgia. Acredita-se que foram os primeiros a codificar os medicamentos numa farmacopeia (livros relativos a preparação de medicação e sua identificação). Construíram hospitais e escolas de medicina. Casas de Misericórdia ou Santas Casas – instituições portuguesas destinadas à prática de caridade. Apesar do grande número de hospitais surgidos, o pessoal que auxiliava os médicos e que prestava cuidados aos pacientes era em grande parte constituído de religiosos. O cuidar – Períodos A Reforma Protestante e os Hospitais – conhecida como a grande revolução religiosa, por volta do século XVI, esse movimento prejudicou muito a organização hospitalar, devido ao afastamento dos religiosos cristãos dos hospitais, provocando a decadência das instituições, com prejuízo aos enfermos, até que os protestantes tivessem acesso a informações e capacitação profissional. Os Jesuítas – Inácio de Loyola, espanhol nobre, reuniu em 1534 amigos religiosos e lançou a Companhia de Jesus, que tinha como objetivo difundir a fé cristã, educar a juventude catequizar os “selvagens”. Anchieta se destacou e foi chamado de apóstolo do Brasil, foi mestre, médico, enfermeiro e fundador do Hospital de Misericórdia, no Rio de Janeiro. O cuidar – Períodos Congregação das Irmãs de Caridade – fundada por São Vicente de Paula, que também fundou a Missão dos Padres (os lazaristas), cuidavam de crianças rejeitadas.As irmãs precisavam de pessoal para prestar cuidados e começaram a recrutar jovens e instruí-los para prestação de socorro a doentes e feridos. Homens e mulheres trabalhavam prestando assistência hospitalar e domiciliar aos enfermos e famintos. As irmãs de caridade não tinham nenhum preparo, não existiam escolas especializadas e a enfermagem não era uma profissão definida. No ano de 1834 o pastor Fliedner e sua esposa fundaram uma Instituição onde seriam preparados os primeiros jovens para o exercício da enfermagem hospitalar e domiciliar. Com o decorrer dos anos tornou-se uma escola para preparo de jovens com capacidade moral e intelectual para cuidar de doentes. Esses foram os primeiros passos, mas a enfermagem se mantinha estacionária, enquanto a medicina fazia imensos progressos. Esse fato chamou a atenção de uma jovem estagiária que resolvera abrir novos caminhos para a enfermagem. O cuidar – Períodos Florence Nightingale – nasceu em 12 de maio de 1820. Rica, bonita, de família inglesa, nasceu em Florença, não frequentou escolas públicas, mas estudou: escrituras inglesas, história da Inglaterra, aritmética, canto, piano, bordado, ciências naturais, francês, alemão, italiano e era excelente amazona. Viajou toda a Europa, tinha uma vida social muito intensa e paralelamente demonstrou interesse pelos enfermos aos 25 anos. Frequentou a enfermaria de um hospital para fazer estágio, enfrentou cerrada objeção da família, o que dificultou seu relacionamento com os parentes. Em 1853 completou o curso de enfermagem e voltou para Inglaterra onde abriu um estabelecimento para cuidar de mulheres doentes e ensinar técnicas de enfermagem. Em 1854 – Guerra da Crimeia, o ministro da guerra, insatisfeito com os hospitais militares, escreve à Florence pedindo para que ela se dirigisse para lá. O cuidar – Períodos A evolução do cuidado em saúde está diretamente relacionada ao desenvolvimento tecnológico e cultural. A política e a religião também representam papel marcante na história do cuidado em saúde. I. As práticas da saúde instintiva estão relacionadas a grupos nômades. II. As práticas de saúde pós-monásticas estão relacionadas à Reforma Protestante. III. As práticas de saúde no mundo moderno têm início na Reforma Industrial. a) Nenhuma afirmação está correta. b) Apenas as afirmações I e III estão corretas. c) As afirmações I, II e III estão corretas. d) Apenas a afirmativa II está correta. e) Apenas a afirmativa III está correta. Interatividade A evolução do cuidado em saúde está diretamente relacionada ao desenvolvimento tecnológico e cultural. A política e a religião também representam papel marcante na história do cuidado em saúde. I. As práticas da saúde instintiva estão relacionadas a grupos nômades. II. As práticas de saúde pós-monásticas estão relacionadas à Reforma Protestante. III. As práticas de saúde no mundo moderno têm início na Reforma Industrial. a) Nenhuma afirmação está correta. b) Apenas as afirmações I e III estão corretas. c) As afirmações I, II e III estão corretas. d) Apenas a afirmativa II está correta. e) Apenas a afirmativa III está correta. Resposta Teve enorme dificuldade em selecionar sua equipe, as mulheres empregadas como enfermeiras nos hospitais ingleses eram de má reputação. A maioria das mulheres que eram recrutadas eram prostitutas e voluntárias sem conhecimento técnico, para tanto, Florence estabeleceu normas morais: eram proibidas de usar enfeites, vestiam uniformes, só podiam sair em companhia de outras enfermeiras. O serviço de enfermagem só podia ser executado quando solicitado pelos médicos, até a alimentação só podia ser dada com ordem escrita do médico, a mesma coisa com relação ao banho ou outras medidas higiênicas, a enfermeira era completamente subordinada às ordens dos médicos. Florence e sua equipe encontraram vários obstáculos, desde a falta de material mínimo para um simples curativo até a mais profunda hostilização e a falta de cooperação do corpo médico. O cuidar – Períodos – Florence (Continuação) Em 1855 adoeceu, sua equipe ficou seriamente atingida. Em 1856, com o fim da guerra, Florence retornou à Inglaterra e foi recebida como heroína por parte do povo, dos órgãos oficiais e da própria rainha. Em 9 de julho de 1860 abriu a Escola de Enfermagem, onde matricularam-se 15 candidatos. Esta data é considerada o nascimento da moderna Enfermagem. Faleceu com 90 anos, em 13 de agosto de 1910. Em 1883, a rainha Vitória concedeu-lhe a Cruz Vermelha Real, e em 1907 ela se tornou a primeira mulher a receber a Ordem do Mérito. O cuidar – Períodos – Florence (Continuação) Organização da Enfermagem na Sociedade Brasileira: Criação das Santa Casas em 1543, em Santos, posteriormente no Rio de Janeiro, Vitória, Olinda e Ilhéus. Prática de enfermagem era mais instintiva do que técnica. Fundação de hospitais militares. Período colonial até o final do século XIX. População composta basicamente de índios, brancos europeus e negros escravos. Com a chegada dos europeus, as doenças infectocontagiosas iniciam o quadro das epidemias. Ensino médico somente com a chegada do príncipe regente. Assistência aos doentes prestada em enfermarias próximas dos colégios e conventos. Dimensão histórica brasileira: evolução e prática contemporânea brasileira Ana Justina Ferreira Néri: nasceu na vila de Cachoeira de Paraguaçu, Bahia, em 13 de dezembro de 1814. Viúva do capitão-de-fragata Isidoro Antônio Néri, viu seus filhos, o cadete Pedro Antônio Néri e os médicos Isidoro Antônio Néri Filho e Justiniano de Castro Rebelo; seus irmãos Manuel Jerônimo Ferreira e Joaquim Maurício Ferreira, ambos oficiais do exército, serem convocados para a Guerra do Paraguai. Ana Néri escreveu, então, ao presidente da província, uma carta em que oferecia seus serviços como enfermeira enquanto durasse o conflito. Dimensão histórica brasileira: evolução e prática contemporânea brasileira Partiu da Bahia, de onde nunca saíra, em 1865, para auxiliar o corpo de saúde do Exército, que era pequeno e contava com pouco material. Começou seu trabalho no hospital de Corrientes, onde havia, nessa época, cerca de seis mil soldados internados e algumas poucas freiras vicentinas. Mais tarde, assistiu os feridos em outros locais. De volta ao Brasil, em 1870, Ana Néri recebeu várias homenagens: foi condecorada com as medalhas de prata humanitária e da campanha, recebeu do imperador uma pensão vitalícia, com a qual educou quatro órfãos que recolhera no Paraguai. Ana Néri morreu no Rio de Janeiro, no dia 20 de maio de 1880. Dimensão histórica brasileira: evolução e prática contemporânea brasileira Desenvolvimento da educação em Enfermagem: No final do século XIX o Brasil tem cidades crescendo e consequentemente aumentam as doenças e epidemias. O Serviço de Inspeção de Saúde Pública do Porto do Rio de Janeiro, existente desde 1828, demonstra deficiência no controle das doenças. Em 1904, Oswaldo Cruz implanta a reforma, criando serviços públicos, vigilância e controle dos portos com quarentenas. Em 1920, Carlos Chagas cria o Departamento Nacional de Saúde Pública, exercendo ações normativas e executivas. Dimensão histórica brasileira: evolução e prática contemporânea brasileira Desenvolvimento da educação em Enfermagem: Em 1890 é criada no Rio de Janeiro a Escola de Enfermagem Alfredo Pinto, pertencendo hoje à Unirio. Formação era baseada nos moldes das Escolas de Salpetrière, na França, curso de 2 anos e o currículo abordava aspectos básicos da assistência hospitalar, predominantemente curativa. Cruz Vermelha Brasileira passa a preparar voluntárias para o trabalho de Enfermagem. Fundação Rockefeller patrocina o projeto de organização do serviço de Enfermagem de Saúde Pública no Brasil, sob a orientação de enfermeiras norte-americanas. Em 1923 cria a Escola de EnfermagemAna Néri, baseada na adaptação americana do modelo nightingaleano (exigências/princípios/decreto). Dimensão histórica brasileira: evolução e prática contemporânea brasileira Desenvolvimento da educação em Enfermagem: A Enfermagem profissional era voltada prioritariamente para a área de ensino e de saúde pública, enquanto nos hospitais predomina a prática leiga e subserviente da Enfermagem, desenvolvida por religiosas ou por profissionais de qualificação menos complexa. Enfermagem no Brasil Moderno: Décadas de 30 a 60 – subnutrição e falta de saneamento básico, privilegia práticas curativas e especializadas. Criação do Instituto Nacional da Previdência Social (1966). Incentivo a práticas privadas. Proliferação de cursos para atendentes, auxiliares e técnicos de Enfermagem. Dimensão histórica brasileira: evolução e prática contemporânea brasileira Décadas de 70 a 80 – a partir de 1975, um novo modelo foi definido através da lei 6.229 do Sistema Nacional de Saúde: Previdência Social pela assistência individual e curativa e o Ministério da Saúde pelos cuidados preventivos e coletivos. Aumento da produção científica em Enfermagem. Década de 90 – herda o sucateamento do serviço de saúde. Implantação do SUS, consultas de Enfermagem. IX Conferência Nacional de Saúde, 1992 – sociedade, governo e saúde; implantação do SUS; participação do controle social no SUS. Alteração da carga horária da formação de enfermeiros de 2.500 para 3.000 horas. Enfermagem no Brasil Moderno Educação em Enfermagem – Florence: treinamento de enfermeiras gratuito; estreita associação com os hospitais; independência financeira e administrativa; enfermeiras profissionais responsáveis pelo ensino; estudantes residindo próximo. Educação em Enfermagem – Princípios: Direção das Escolas por Enfermeiros; mais ensino metódico e não ocasional; seleção de candidatos: físico, moral, intelectual e aptidão profissional. Educação em Enfermagem – Primeiras Escolas Brasileiras: Escola de Enfermagem Alfredo Pinto, 1890, RJ; Escola de Enfermagem da Cruz Vermelha, 1916, RJ; Escola Ana Néri, 1923, RJ; Fundação Rockefeller, 1927, RJ; Escola Carlos Chagas, 1933, MG Escola de Enfermagem Luisa de Marilac – RJ Escola Paulista de Enfermagem – 1939, SP Escola de Enfermagem da USP – 1944, SP Escola de Enfermagem São José – Santa Casa, 1959, SP Enfermagem no Brasil Moderno – Escolas de Enfermagem A história da Enfermagem teve importantes personagens que, com coragem e determinação, contribuíram para o crescimento da profissão. Assinale a alternativa correta: a) Florence Nightingale fundou uma escola de Enfermagem no Hospital Saint Thomas, que passou a servir de modelo para as demais escolas que foram fundadas posteriormente. b) Ana Néri fundou a primeira escola de Enfermagem do Brasil. c) Oswaldo Cruz convidou Florence Nightingale para ensinar na primeira Escola de nível superior do Brasil. d) Florence Nightingale fundou a primeira Escola de Enfermagem do Brasil. e) Oswaldo Cruz convidou Ana Néri para ensinar na primeira escola de Enfermagem de nível superior do Brasil. Interatividade A história da Enfermagem teve importantes personagens que, com coragem e determinação, contribuíram para o crescimento da profissão. Assinale a alternativa correta: a) Florence Nightingale fundou uma escola de Enfermagem no Hospital Saint Thomas, que passou a servir de modelo para as demais escolas que foram fundadas posteriormente. b) Ana Néri fundou a primeira escola de Enfermagem do Brasil. c) Oswaldo Cruz convidou Florence Nightingale para ensinar na primeira Escola de nível superior do Brasil. d) Florence Nightingale fundou a primeira Escola de Enfermagem do Brasil. e) Oswaldo Cruz convidou Ana Néri para ensinar na primeira escola de Enfermagem de nível superior do Brasil. Resposta Primeiras definições Enfermo está na origem do termo enfermeiro e provém da palavra latina infirmum > infirmu-, que significa “aquele que não está firme”. Na língua grega clássica, doença ou enfermidade dizia-se nósos. Desse ramo existem, na língua portuguesa, várias palavras com o elemento antepositivo noso-, por exemplo: nosologia, parte da medicina que trata das doenças em geral, e nosomaníaco, aquele que se julga doente, ainda que tenha saúde. Portanto, em grego não há relação direta com a palavra enfermeiro. Desenvolvimento do conhecimento na Enfermagem Anos 50 Conferir as equipes de todas as unidades. Começar o relatório de 24 horas. Preencher prescrições. Fazer café. Ligar autoclave. Evolução no papel desenvolvido Atualmente Valorizar a assistência individualizada, centrada no paciente, enquanto as empresas hospitalares exigem do enfermeiro a responsabilidade pela assistência a grandes grupos de pacientes. Mercado de trabalho – enfermeiros qualificados no sentido não de estarem voltados para o cuidado individualizado somente, mas de executar atividades administrativas de organização do trabalho e delegação de tarefas. Espera-se que o enfermeiro faça supervisão e controle para a coordenação de tarefas específicas de cada grupo sob a sua responsabilidade. Evolução no papel desenvolvido Ter um corpo de conhecimento especializado: conceitos e habilidades próprias e não “emprestados” de outras ciências da saúde. Usar o método científico para ampliar o corpo de conhecimentos: agrupando e analisando os dados obtidos através da investigação, tudo isso de forma sistematizada, e avaliando seus resultados. Ter conhecimento da política e da atividade profissional: promover autonomia profissional. Ter compromisso com a vida: reconhecer a ocupação escolhida como um trabalho de vida / senso de compromisso com o trabalho. Ensino superior, reconhecimento legal e código de ética. Enfermagem hoje Padrões de conhecimento e sua importância para o cuidar Para a American Nurses Association (ANA) a Enfermagem tem como objetivo o diagnóstico e tratamento das respostas humanas a problemas de saúde reais ou potenciais. A importância de se refletir sobre o papel social, político, técnico e até mesmo pessoal de uma profissão – neste caso, da Enfermagem – traz a discussão de sua origem e perspectivas, possibilitando apresentar novos objetivos e qual caminho percorrer. É na perspectiva histórica que se compreende como foram desenvolvidos os conhecimentos e práticas vividas na atualidade. Empírico ou a ciência da Enfermagem: é factual, descritivo, discursivamente formulado e publicamente verificável. Desenvolve um conhecimento abstrato e explicações teóricas. Pessoal em Enfermagem – experiência interior, experiências vividas, significado pessoal; enfermeiro/paciente. Estético – intuição, interpretação, compreensão e valor; através das ações, comportamentos, atitudes, condutas e interações da Enfermagem com as pessoas; a arte da Enfermagem. Ético – envolve mais do que conhecer o código de ética profissional. Envolve julgamentos éticos constantes e implica confrontar valores, normas, interesses. É importante ressaltar que, embora descritos separadamente, os quatro padrões de conhecimento ocorrem de forma inter-relacionada, sendo que cada um deles contribui como componente essencial para a prática de Enfermagem. Desconhecido – propõe a abertura para continuar observando e buscando, sem respostas prontas. Há referências também a outras dimensões: histórica, técnica, humanística e política. Padrões de conhecimento e sua importância para o cuidar Seguindo caminhos semelhantes, Wanda Horta (1979, p. 3) apresenta, baseando-se na Teoria de Necessidades Humanas Básicas de Maslow, duas questões fundamentais: a quem serve a Enfermagem? Essa questão é finalmente respondida, em sua teoria, como uma afirmação: “a enfermagem é um serviço prestado ao ser humano”. Com que se ocupa a Enfermagem? Ela responde então que: “a enfermagem é parte integrante da equipede saúde e, como tal, se ocupa em manter o equilíbrio dinâmico, prevenir desequilíbrios e reverter desequilíbrios em equilíbrio do ser humano”. Padrões de conhecimento e sua importância para o cuidar Wanda Horta elaborou seu conceito de Enfermagem: Enfermagem é ciência e a arte de assistir o ser humano no atendimento de suas necessidades básicas, de torná-lo independente dessa assistência através da educação; de recuperar, manter e promover sua saúde, contando, para isso, com a colaboração de outros grupos profissionais (HORTA, 1979, p. 3). Padrões de conhecimento e sua importância para o cuidar No Brasil, especialmente nas últimas décadas, o ensino de Enfermagem tem passado por muitas modificações em meio aos movimentos sociais. A Enfermagem exercida desde a fundação das primeiras Santas Casas tinha um cunho essencialmente prático; daí porque eram excessivamente simplificados os requisitos para o exercício das funções de enfermeiro, não havendo exigência de qualquer nível de escolarização para aqueles que a exerciam. Essa situação perdurou desde a colonização até o início do século XX, ou seja, uma Enfermagem exercida em bases puramente empíricas. Desenvolvimento do ensino de Enfermagem Para Carvalho (1972), o ensino teórico e o desenvolvimento intelectual do aluno mereciam pouca atenção e eram considerados secundários, sendo prioridade o cumprimento das tarefas diárias relacionadas com a assistência ao doente e os trabalhos de limpeza e higiene do ambiente. Além disso, as escolas de Enfermagem estabeleceram, por muitos anos, práticas como o internato obrigatório para as alunas, disciplina rígida – quase militar –, obediência cega aos superiores e longas horas de trabalho com redução do tempo de lazer e de descanso ao mínimo necessário, que hoje são consideradas, até certo ponto, ultrapassadas. O modelo de ensino implantado por Florence Nightingale, na Inglaterra, sistematizou o ensino teórico e prático. Desenvolvimento do ensino de Enfermagem No Brasil, a profissionalização e o ensino de enfermagem iniciaram-se com o Decreto n. 791/1890,assinado pelo chefe de governo provisório da República, Marechal Deodoro da Fonseca. Esse decreto fixava os objetivos da escola, currículo, duração do curso, condições de inscrição e matrícula, título conferido, garantia de preferência de emprego e aposentadoria aos 25 anos. Dos candidatos exigia-se no mínimo saber ler e escrever, conhecer aritmética e apresentar atestado de bons costumes. No entanto, não contemplava recursos para a viabilização do curso, assim como as normas para sua concretização. (BRASIL, 1890; GUSSI, 1987). Desenvolvimento do ensino de Enfermagem O curso implementou em seu currículo desde noções práticas de propedêuticas até administração interna das enfermarias, surgindo assim a primeira escola de Enfermagem brasileira, denominada de Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras do Hospício Nacional de Alienados (EPEE). Essa escola foi criada anexa ao Hospício Pedro II, até então dirigido pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia, e logo passou à administração federal, com atendimento direcionado à psiquiatria, com o corpo docente formado apenas por médicos psiquiatras. Desenvolvimento do ensino de Enfermagem Com relação ao desenvolvimento do Ensino na Enfermagem, assinale a alternativa correta. a) A Enfermagem, exercida desde a fundação das primeiras Santas Casas, tinha um cunho essencialmente teórico. b) O modelo de ensino implantado por Wanda Horta, na Inglaterra, sistematizou o ensino teórico e prático. c) A educação da mulher se limitava aos programas de ensino ministrados em colégios femininos religiosos. d) No Brasil, a profissionalização e o ensino de enfermagem não se desenvolveram. e) Nenhuma das alternativas está correta. Interatividade Com relação ao desenvolvimento do Ensino na Enfermagem, assinale a alternativa correta. a) A Enfermagem, exercida desde a fundação das primeiras Santas Casas, tinha um cunho essencialmente teórico. b) O modelo de ensino implantado por Wanda Horta, na Inglaterra, sistematizou o ensino teórico e prático. c) A educação da mulher se limitava aos programas de ensino ministrados em colégios femininos religiosos. d) No Brasil, a profissionalização e o ensino de enfermagem não se desenvolveram. e) Nenhuma das alternativas está correta. Resposta A EPEE surgiu diante da necessidade de formar profissionais qualificados para o atendimento aos enfermos de ambos os sexos quanto à preparação de futuros profissionais de Enfermagem, após a destituição das Irmãs de Caridade, com a nova direção do hospital pelo Dr. João Carlos Teixeira Brandão, pelo Decreto n. 508/1890. Esse decreto suspendia o atendimento das Irmãs em enfermarias masculinas, havendo assim falta de profissionais de Enfermagem, fato esse que favoreceu a criação da escola nas dependências do hospício. Nessa mesma década, o Dr. João Carlos Teixeira Brandão, solicitando a vinda das enfermeiras da França, foi prontamente atendido em fevereiro de 1893, quando foi firmado um contrato de 1893 a fevereiro de 1895 entre os ministros da França e do Brasil. Esse fato se tornou o segundo grande marco na história da Enfermagem no Brasil. Desenvolvimento do ensino de Enfermagem Com a proclamação da República, as relações entre a Igreja e o Estado ficaram estremecidas, chegando ao rompimento. Houve a desvinculação do Hospício Nacional de Alienados da Santa Casa de Misericórdia, que repercutiu na estatização da assistência aos doentes mentais e fez com que os médicos assumissem o poder. As relações com as irmãs de caridade, responsáveis pela administração interna do hospital, se tornaram insustentáveis nesse novo sistema, a ponto de elas abandonarem repentinamente o serviço.. Segundo Gussi (1987), um incêndio destruiu os arquivos da Divisão Nacional de Saúde Mental na década de 1960, o que impossibilita detalhes oficiais quanto ao funcionamento da EPEE até 1905 e também com relação à vinda das enfermeiras francesas ao Brasil para assumir o Hospício Nacional com a saída das religiosas. Desenvolvimento do ensino de Enfermagem Essa escola, posteriormente denominada Escola de Enfermagem Alfredo Pinto, hoje uma unidade da Unirio, inspirou-se na Escola de Salpetière, na França, embora a direção por uma enfermeira somente tenha ocorrido com mais de 50 anos de sua existência – precisamente, em 1943. Durante a Segunda Guerra Mundial, houve maior mobilização do País e as forças militares mobilizaram a participação de mulheres, representadas por enfermeiras, para prestar assistência aos soldados brasileiros que foram enviados ao combate. Com o envio da Força Expedicionária Brasileira (FEB) para a Itália, em 1944, foram designados 186 profissionais da área de saúde, entre os quais 67 eram enfermeiras. Desenvolvimento do ensino de Enfermagem Em 1916, como repercussão do movimento mundial de melhoria nas condições de assistência aos feridos da Primeira Grande Guerra, a Cruz Vermelha Brasileira criou uma escola no Rio de Janeiro, subordinada ao Ministério da Guerra, preparando enfermeiras em curso de dois anos de duração (CARVALHO, 1972). Gerou a demanda de cursos de Enfermagem e a inserção de profissionais dessa área no serviço militar. A Escola de Enfermagem da Cruz Vermelha, que possuía os cursos para enfermeiras profissionais (duração de três anos), samaritanas (duração de um ano) e voluntárias socorristas (duração de três meses), intensificou, entre 1942 e 1943. Desenvolvimento do ensino de Enfermagem A criação da Escola de Enfermeiras do Departamento Nacional de Saúde Pública (Decreto n. 15.799, de 10 de dezembro de 1922) constituiu de fato o início de uma nova era para a Enfermagem brasileira; o mérito do acontecimento deve-se, principalmente, a seu diretor, Carlos Chagas, e ao grupo de enfermeiras norte-americanas trazidaspela Fundação Rockefeller, a pedido dele, para prestarem serviço no departamento. Lideradas por Ethel Parsons e Clara Louise Kienninver, algumas dessas enfermeiras assumiram a responsabilidade pela direção e pelo ensino da escola, tendo influenciado grandemente no conteúdo da legislação que determinava o currículo a ser adotado e o Decreto n. 20.109/31, que instituiu a Escola Ana Néri como escola padrão para efeito de equiparação. Desenvolvimento do ensino de Enfermagem A Escola Ana Néri surgia num momento em que o Estado brasileiro emergente instituía políticas de saúde voltadas ao controle das grandes endemias e epidemias que colocavam o Brasil numa posição ameaçadora ao desenvolvimento do comércio internacional, porém contava com escassos equipamentos de saúde e mão de obra qualificada para a viabilização das ações coletivas propostas. Desenvolvimento do ensino de Enfermagem O ensino da Enfermagem – constante implementação de mudanças curriculares nos cursos de graduação e discussões de propostas pedagógicas, sendo ainda influenciado pela evolução do contexto histórico e social da sociedade brasileira. Por sua vez, o perfil dos enfermeiros sofreu significativas alterações nos aspectos político, econômico e social, o que influencia na mudança da educação e da saúde no Brasil e no mundo. As novas diretrizes curriculares para o curso de Enfermagem têm adotado perspectivas mais humanistas. É esperado que a instituição universitária associe o máximo de qualificação acadêmica com o máximo de compromisso social, com vista a superar a fragmentação do conhecimento até hoje. Desenvolvimento do ensino de Enfermagem O perfil do formando egresso descrito nas diretrizes curriculares é de um profissional com formação generalista, humanista, crítica e reflexiva, qualificado para o exercício de Enfermagem, com base no rigor científico e intelectual, pautado nos princípios éticos. Deve ser capaz de reconhecer e intervir sobre os problemas/situações de saúde-doença mais prevalentes no perfil epidemiológico nacional, com ênfase na sua região de atuação, e ser capaz de identificar as dimensões biopsicossociais dos seus determinantes. Também é necessário que esteja capacitado para atuar, com senso de responsabilidade social e compromisso com a cidadania, como promotor da saúde integral do ser humano. Desenvolvimento do ensino de Enfermagem Percebemos a influência político-religiosa e social no desenvolvimento das escolas de formação de enfermeiros, que no Brasil estiveram sempre ligadas à necessidade de mão de obra para os hospitais, iniciando com serviços de psiquiatria e, posteriormente, recebendo influência americana da Fundação Rockefeller na Escola Ana Néri. Impulsionada por epidemias de doenças e pela necessidade de implantar controles sobre as doenças, as escolas têm intensa proposta preventiva, apesar de o ensino prático se dar exclusivamente em hospitais. Desenvolvimento do ensino de Enfermagem Os cuidados em saúde são diretamente relacionados às culturas, políticas e crenças. Encontramos nomes relevantes para o desenvolvimento das ciências, e nos detemos em Florence Nightingale, inglesa de família nobre que se dedicou à Enfermagem, estudando e participando na assistência a feridos na Guerra da Crimeia. Ao retornar à Inglaterra, iniciou o projeto de formação de enfermeiros baseada em metodologia aceita até os dias atuais. Desenvolvimento do ensino de Enfermagem A criação da Escola de Enfermeiras do Departamento Nacional de Saúde Pública (Decreto n. 15.799, de 10 de dezembro de 1922) constituiu um fato importante para a época. Assinale a alternativa correta. a) O mérito do acontecimento deve-se, principalmente, a seu diretor, Osvaldo Cruz. b) O grupo de enfermeiras inglesas trazidas pela Fundação Rockefeller, a pedido do Diretor, prestou serviço no departamento da Escola de Enfermeiras. c) O fato importante na criação da Escola foi o início de uma nova era para a Enfermagem brasileira. d) A Escola de Enfermeiras foi a primeira Escola criada na Inglaterra. e) Algumas dessas enfermeiras não conseguiram assumir a direção da Escola. Interatividade A criação da Escola de Enfermeiras do Departamento Nacional de Saúde Pública (Decreto n. 15.799, de 10 de dezembro de 1922) constituiu um fato importante para a época. Assinale a alternativa correta. a) O mérito do acontecimento deve-se, principalmente, a seu diretor, Osvaldo Cruz. b) O grupo de enfermeiras inglesas trazidas pela Fundação Rockefeller, a pedido do Diretor, prestou serviço no departamento da Escola de Enfermeiras. c) O fato importante na criação da Escola foi o início de uma nova era para a Enfermagem brasileira. d) A Escola de Enfermeiras foi a primeira Escola criada na Inglaterra. e) Algumas dessas enfermeiras não conseguiram assumir a direção da Escola. Resposta GEOVANINI, T. et al. História da enfermagem: versões e interpretações. 2. ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2005. MANTOVANI, M. F.; SILVEIRA, M. F. A.; CADE, N. V. História da enfermagem: um roteiro para o ensino das práticas cuidativas. Rev.Bras.Enf.v.52,n.4,p.547-560.out/dez.1999 OGUISSO,T. Trajetória histórica e legal da enfermagem. 2.ed. São Paulo: Manole, 2007. Referências bibliográficas BRASIL. Decreto n. 791, de 27 de setembro de 1890. Decreto de Criação da Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1890. CARVALHO, A. C. de. Orientação e ensino de estudantes de enfermagem no campo clínico. 1972. Tese (Doutorado) – Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, 1972. GUSSI, M. A. A institucionalização da psiquiatria e do ensino de enfermagem no Brasil. 1987. Dissertação(Mestrado) – Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 1987. HORTA, W. de A. Processo de enfermagem. São Paulo: EPU, 1979. Referências bibliográficas ATÉ A PRÓXIMA!
Compartilhar