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Monografia-Helton-Kania-Andreata

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA 
“JULIO DE MESQUITA FILHO” 
“Gerenciamento de Recursos Hídricos e Planejamento Ambiental em 
Bacias Hidrográficas” 
 
 
 
 
 
HELTON KANIA ANDREATA 
 
 
 
 
 
Análise do uso e cobertura da terra na Bacia do Ribeirão Lajeado - 
Avaré/SP, visando a produção de água 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ourinhos 
2016 
HELTON KANIA ANDREATA 
 
 
 
 
 
 
Análise do uso e cobertura da terra na Bacia do Ribeirão Lajeado - 
Avaré/SP, visando a produção de água 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada como requisito 
parcial à obtenção do Título de 
especialista em Gerenciamento de 
Recursos Hídricos e Planejamento 
Ambiental em Bacias Hidrográficas pela 
Universidade Estadual Paulista “Júlio de 
Mesquita Filho”, Campus Ourinhos. 
 
 
 
 
 
 
Orientador: Prof. Dr. Edson Luís Piroli 
 
 
 
 
 
 
Ourinhos, 2016 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Devemos tomar consciência que os direitos da natureza e os 
direitos humanos, são dois nomes da mesma dignidade. E 
qualquer contradição é artificial.” Eduardo Galeano 
A todos que idealizam um mundo com o homem tornando-se 
parte integral da natureza e a seu modo tornando o mundo um 
lugar melhor a todos, dedico este trabalho a vocês! 
AGRADECIMENTOS 
 
A Deus, sempre presente em minha vida. 
Aos meus pais, Elisabete Maria Kania e Luiz Carlos Andreata, pela educação e amor 
proporcionados. 
Ao meu orientador Professor Dr. Edson Piroli pela orientação, pelo apoio, pela 
compreensão e incentivo. 
À Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita e ao Comitê de Bacias 
Hidrográficas do Médio-Paranapanema por proporcionar a oportunidade de realização do 
Curso de Especialização. 
Aos colegas de curso, Douglas, Renan, Cláudio e Nádia pela amizade e parceria 
estabelecida nesses anos de curso. Ao João Carlos Menck pela grande cooperação e estimulo 
para vencer os desafios. 
Aos amigos que me incentivaram e me deram forças para continuar, me 
proporcionando alegrias e compartilhando as dificuldades, principalmente ao Mário e a 
Thaiane. E em especial a Ana Paula pelo amor, fé e otimismo depositados em mim. 
A todos que fizeram parte desta jornada e que, de alguma forma, tornaram isso 
possível: 
 
MUITO OBRIGADO! 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
Análise do uso e cobertura da terra na Bacia do Ribeirão Lajeado - Avaré/SP, 
visando a produção de água 
 
 
A mudança de uso e as formas de ocupação do solo ao redor de cursos de água têm causado 
diversas consequências ambientais, principalmente devido às ocupações de Áreas de 
Preservação Permanente (APPs). A importância destas áreas recobertas por vegetação 
florestal é o fornecimento de água com boa distribuição e de melhor qualidade durante o ano. 
Assim, este estudo visa avaliar a situação ambiental de um fragmento da Bacia Hidrográfica 
do Ribeirão Lajeado e propor medidas de proteção dos recursos hídricos. Para isso, foram 
utilizadas técnicas de geoprocessamento para mapear o uso e cobertura da terra de uma área 
607,90 hectares, além de identificar as áreas ambientalmente frágeis. Como principais 
resultados, constatou-se a predominância de pastagem, representando 61,40% da área total, 
sendo a área de floresta nativa a segunda maior cobertura, ocupando uma área de 71,90 
hectares. Já no estudo das APP, foi possível perceber que apenas 37,14% da área encontram-
se sob usos adequados. Com relação às áreas ambientalmente frágeis, foi possível observar 
que a maior parte do fragmento da bacia do Ribeirão Lajeado se encontra em relevo ondulado 
e forte ondulado sendo recomendadas práticas de conservação do solo devido a risco de 
ocorrência de problemas com erosão. Assim, conclui-se que a recuperação das APP ocupadas 
de forma indevida deverá se dar através de um plano que considere os aspectos ambientais, 
sociais e econômicos da área, de acordo com a função principal da microbacia do Ribeirão do 
Lajeado de produção de águas. 
 
PALAVRAS-CHAVE: Área de Preservação Permanente, Conservação da Natureza, 
Geoprocessamento, Manejo de Bacias Hidrográficas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
Analysis of land use and land cover in the Ribeirao do Lajeado Basin - Avaré / SP, 
aiming water producing 
 
 
The change of use and ways of land occupation around water courses has caused several 
environmental consequences, mainly due to the occupation of Permanent Preservation Areas 
(APPs). The importance of these areas covered with forest vegetation is the water supply with 
good distribution during all year. This study aims to assess the environmental situation of a 
fragment of the Basin Ribeirao do Lajeado and propose measures of water resources 
protection. For this, geoprocessing techniques were used to map the land use and coverage of 
607.90 hectares, in addition to identifying the environmentally fragile areas. As the main 
results, there was a predominance of pasture, representing 61.40% of the total area, and the 
area of natural forest was the second largest area, covering 71.90 hectares. In the study of the 
Permanent Preservation Areas, it was revealed that only 37.14% of the area is under proper 
uses. Regarding the environmentally fragile areas, it was observed that most of the fragment 
of the basin of the Ribeirao do Lajeado is corrugated and wavy strong relief being 
recommended soil conservation practices due to risk of erosion problems. Thus, it is 
concluded that the recovery of permanent preservation areas improperly occupied should be 
through a plan that considers the environmental, social and economic area, according to the 
main function of basin Ribeirão do Lajeado that is water production. 
 
KEYWORDS:Permanent Preservation Area, Nature Conservation, GIS, Watershed 
Management. 
 
SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 9 
2 OBJETIVOS ................................................................................................................. 12 
2.1 OBJETIVO GERAL ....................................................................................................... 12 
2.2 OBJETIVOS ESPECIFICOS ......................................................................................... 12 
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÒRICA ............................................................................... 13 
3.1 BACIA HIDROGRAFICA ............................................................................................ 13 
3.2 MANEJO INTEGRADO DE BACIAS HIDROGRÁFICAS ........................................ 15 
3.3 GEOPROCESSAMENTO E OS SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS16 
3.4 PROGRAMAS DE APOIO À CONSERVAÇÃO AMBIENTAL ................................ 17 
4 METODOLOGIA ........................................................................................................ 18 
4.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA .............................................................................. 18 
4.2 LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DA ÁREA DE ESTUDO ....................................... 18 
4.1.1 Características climáticas ............................................................................................. 19 
4.1.2 Características geomorfológicas .................................................................................. 20 
4.1.3 Características pedológicas .......................................................................................... 20 
4.1.4 Características geológicas. ........................................................................................... 20 
4.1.5 Características hidrográficas ....................................................................................... 21 
4.1.6 Características da vegetação nativa ............................................................................ 22 
4.1.7 Plano diretor municipal ................................................................................................23 
4.2 AVALIAÇÃO DA PAISAGEM .................................................................................... 25 
4.2.1 Mapeamento do uso e cobertura da terra ........................................................................ 25 
4.2.2 Área de Preservação Permanente ................................................................................... 27 
4.2.3 Áreas ambientalmente frágeis ........................................................................................ 28 
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................. 30 
5.1 MAPEAMENTO DO USO DA TERRA ....................................................................... 30 
5.2 AVALIAÇÃO DAS AREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE ......................... 33 
5.3 IDENTIFICACAO DAS AREAS AMBIENTALMENTE FRAGEIS .......................... 38 
5.4 MEDIDAS DE PROTEÇÃO DO CURSO D`AGUA E RECUPERAÇÃO 
AMBIENTAL .......................................................................................................................... 42 
6 CONCLUSÕES ............................................................................................................ 43 
7 REFERENCIAS ........................................................................................................... 44 
 ANEXO....………………………………………………………………………….…..50 
LISTA DE FIGURA 
 
 
Figura 1. Localização do município de Avaré e municípios limítrofes....................................19 
Figura 2. Situação da UGRHI-17 e demais unidades no Estado de São Paulo........................12 
Figura 3. Uso e Cobertura da terra de um fragmento da Bacia do Ribeirão Lajeado, Avaré, 
São Paulo..................................................................................................................................30 
Figura 4. Recorte da área de um fragmento da Bacia do Ribeirão Lajeado, destacando as APP 
das nascentes e dos córregos....................................................................................................34 
Figura 5. Áreas dos usos da terra nas APPs..............................................................................13 
Figura 6. Classes de Declive ...................................................................................................40 
 
 
LISTA DE QUADROS 
 
 
Quadro 1. Descrição das classes de uso e cobertura da terra...................................................26 
Quadro 2. Métricas das classes de uso e cobertura da terra de um fragmento da Bacia do 
Ribeirão Lajeado.......................................................................................................................31 
Quadro 3. Uso e cobertura da terra nas Áreas de PreservaçãoPermanente...............................36 
Quadro 4. Classes de declividade encontradas na bacia do Ribeirão Lajeado.........................39 
 
 
 
 
9 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
A mudança de uso e ocupação do solo ao redor de cursos de água tem causado 
diversas consequências ambientais. Além das principais conhecidas no meio rural, como 
erosões severas, assoreamento dos corpos hídricos e demais danos ao sistema solo-água, no 
meio urbano devido ao surgimento das cidades ao redor dos rios, vem ocorrendo um processo 
altamente impactante, principalmente devido às ocupações de Áreas de Preservação 
Permanente (APPs). 
O processo degradante das APPs em meio urbano, causa diversos impactos para a 
população residente, como desastres associados ao uso e ocupação inadequados de encostas e 
topos de morro; enchentes, poluição das águas e assoreamento dos rios; inundações e 
enxurradas, colaborando e o comprometimento do abastecimento público de água em 
qualidade e em quantidade (MMA, 2015). 
Skopura (2003) acrescenta que a presença das Áreas de Preservação Permanente no 
Código Florestal Brasileiro (Lei 12.651/2012), surge do reconhecimento da importância da 
manutenção da vegetação de determinadas áreas ambientalmente frágeis, as quais ocupam 
porções particulares de uma propriedade, importantes não apenas para os proprietários dessas 
áreas, mas, em cadeia, também para os proprietários de outras áreas de uma mesma 
comunidade ou comunidades vizinhas, e, finalmente, para todos os membros da sociedade. 
A urbanização sem planejamento, na qual há ocupação irregular e o uso indevido das 
áreas ambientalmente frágeis, tende a reduzi-las e degradá-las cada vez mais, causando graves 
problemas nas cidades, exigindo dos órgãos fiscalizadores e demais órgãos públicos 
relacionados, um forte empenho no incremento e aperfeiçoamento de políticas ambientais 
urbanas voltadas à recuperação, manutenção, monitoramento e fiscalização das APPs nas 
cidades (MMA, 2015). 
Pinheiro (2008) explana que nas áreas de preservação permanente (APPs), não deveria 
haver ocupação, contudo, essa não é a realidade constatada em muitas cidades brasileiras. 
Segunda a autora, essas ocupações que ocorrem sem qualquer planejamento e, por não se 
enquadrarem nas normas legais, nascem suportando as consequências da irregularidade, como 
carência de saneamento básico eficiente e de diversos fatores de salubridade essenciais; 
resultados principalmente da falta de políticas públicas no sentido de elaborar adequado 
planejamento urbano, e que tendem a se agravar caso mantenham-se na irregularidade. 
10 
 
Scalcoet al. (2013) explicam que um dos efeitos dessa má ocupação no entorno de 
cursos d’águas é o assoreamento. Neste processo ocorre o acúmulo de areia, provindo do solo 
desprendido de erosões e outros materiais são levados até rios e lagos pela chuva ou pelo 
vento. Isso ocorre naturalmente, com ou sem a intervenção do homem. Cabem às matas 
ciliares servirem de filtro para que este material não se deposite sob a água. 
Para Tundisi (2005), os impactos nos ecossistemas aquáticos da superfície e 
subterrâneos são causados fundamentalmente pela urbanização, tendo grandes consequências 
ao modificar a drenagem e gerar problemas como enchentes, deslizamentos e desastres 
provocados pelo desequilíbrio no escoamento das águas. O adensamento populacional e a 
expansão urbana, com uma intensa alteração no uso do solo, trouxeram grandes alterações 
ambientais, destacando-se a má qualidade da água para abastecimento e a precariedade ou 
ausência de saneamento básico (LEITE & FRANÇA, 2007). 
Além desse fato, segundo Arcova (2013) bacias hidrográficas recobertas por 
vegetação florestal oferecem água com boa distribuição e de melhor qualidade durante o ano 
inteiro. Para Panachuki (2003) as florestas são fundamentais os recursos hídricos, pois 
interceptam a água das chuvas, reduzindo o risco de erosão, aumentando a capacidade de 
infiltração da água no solo tornando-o mais poroso e proporcionando estabilidade ao sistema 
funcionando como um tampão. 
A Bacia Hidrográfica do Ribeirão Lajeado, composta por diversas nascentes em 
território urbano e rural é um exemplo deste processo. Em Avaré́, o rio Ribeirão Lajeado 
nasce dentro da área ocupada pelo Horto Florestal e atravessa a zona urbana, margeando a 
Avenida Major Rangel, que se intercalam com áreas de estrangulamento por edificações de 
propriedades privadas nas APPs e espaços livres abandonados (CONSTANTINO, 2014). 
Outro exemplo é o córrego do Bretas que tem sua nascente cravada na cidade e há 
tempos, com a implantação do bairro Jardim Paraíso e Jardim Tropical, enfrenta 
consequências do processo de urbanização, por meio de frequentes panes no sistema de 
bombas das estações elevatórias de esgoto da Companhia de Saneamento Básico do Estado de 
São Paulo (Sabesp) e contaminação de suas águas (INSTITUTO FLORESTAL, 2015b). 
Dessa forma, a fim de suprir a necessidade de material de auxílio a tomadas de 
decisões, quanto ao uso e ocupação solo ao redor de recurso d`agua utiliza-se como 
ferramenta o geoprocessamento. Ao determinar os diversos conflitos de uso do solo em Áreas 
de Proteção Permanente, os órgãospúblicos responsáveis pela integridade ambiental poderão 
11 
 
se apoiar nestes estudos e também se utilizar das informações na construção dos planos 
diretores, conforme promulgado pelo governo federal (SAMPAIO, 2007). 
Deste modo, revela-se particularmente útil para auxiliar na discriminação e 
detalhamento de elementos da paisagem, no planejamento e regulamentação de alterações 
ambientais, em levantamentos de uso e ocupação da terra, mapeamentos dos recursos 
naturais, espacialização de áreas de preservação, entre outras (RODRIGUEZ, 2010). 
Para Piroli (2010), o conceito de geoprocessamento pode ser definido como um ramo 
da ciência que estuda o processamento de informações georreferenciadas utilizando 
aplicativos (normalmente SIGs), equipamentos (computadores e periféricos), dados de 
diversas fontes e profissionais especializados. Este conjunto permite a manipulação, avaliação 
e geração de produtos (geralmente cartográficos), relacionados especialmente à localização de 
informações sobre a superfície da terra. 
Assim, é de suma importância a realização de análises espaciais através de técnicas de 
geoprocessamento, para subsidiar futuras decisões dos órgãos públicos e demais atores 
envolvidos. Com uma análise espacial do corpo hídrico, seus afluentes e bacia hidrográfica, é 
possível gerar informações para tomada de decisões mais adequadas para a proteção das áreas 
de nascente, o devido direcionamento da expansão territorial para essas áreas fora das 
cabeceiras dos rios e a criação e restituição das áreas de proteção ao longo do seu curso. 
 
12 
 
2 OBJETIVOS 
 
2.1 OBJETIVO GERAL 
 
Avaliar a situação ambiental de um fragmento da Bacia Hidrográfica do Ribeirão 
Lajeado e propor medidas de proteção dos recursos hídricos. 
 
2.2 OBJETIVOS ESPECIFICOS 
 
ü Mapear o uso da terra; 
ü Avaliar condições ambientais das áreas de preservação permanente; 
ü Identificar áreas ambientalmente frágeis; 
ü Propor medidas de proteção do curso d’água e recuperação ambiental. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÒRICA 
 
3.1 BACIA HIDROGRAFICA 
 
Barrella et al. (2001) definem bacia hidrográfica como um conjunto de terras drenadas 
por um rio e seus afluentes, formadas a montante do relevo por divisores de água, onde as 
aguas das chuvas, ou escoam superficialmente formando os riachos e rios, ou infiltram no 
solo para formação de nascentes e do lençol freático. Por outro lado, microbacia é 
conceituada, por Cecílio e Reis (2006), como uma sub-bacia hidrográfica de área reduzida, 
não havendo consenso de qual seria a área máxima (máximo varia entre 10 a 20.000 ha ou 0,1 
km2 a 200 km2). Para Lima (1994) para a caracterização da microbacia há de se fazer uma 
distinção entre dois critérios, do ponto de vista hidrológico, podendo ser a rede de drenagem 
não se modifica com o regime de chuvas, e de programa e políticas de uso do solo. 
Segundo Manual da Agência Nacional de Águas, Bacia hidrográfica é a região 
compreendida por um território e por diversos cursos d’água. Da chuva que cai no interior da 
bacia, parte escoa pela superfície e parte infiltra no solo. A água superficial escoa até um 
curso d’água (rio principal) ou um sistema conectado de cursos d’água afluentes; essas aguas, 
normalmente, são descarregadas por meio de uma única foz (ou exutório) localizada no ponto 
mais baixo da região. Da parte infiltrada, uma parcela escoa para os leitos dos rios, realizando 
o abastecimento de maneira perene, outra parcela é evaporada por meio da transpiração da 
vegetação e outra é armazenada no subsolo compondo os aquíferos subterrâneos (ANA, 
2011). 
De acordo com Souza & Fernandes (2000) a paisagem de uma bacia hidrográfica pode 
ser dividida em zonas hidrogeodinâmicas: Zonas de recarga, Zonas de erosão e Zonas de 
Sedimentação, caracterizadas como segue: 
1) Zonas de recarga são normalmente áreas com solos profundos e permeáveis, com 
relevo suave e fundamentais para o abastecimento dos lençóis freáticos. Estas áreas exercem 
grande influencia sobre a redistribuição as água da chuva devendo, dentro do possível, ser 
mantidas sob vegetação nativa. Se estas áreas forem utilizadas e ocupadas com atividades 
indevidas como as agropecuárias, a função de recarga pode ser prejudicada pela 
impermeabilização decorrente da compactação dos solos pela mecanização agrícola e pisoteio 
pelo gado. Além disso, o uso indiscriminado de agroquímicos pode levar, fatalmente, à 
14 
 
contaminação do lençol freático carreados pelas águas que infiltram no solo. Nas diferentes 
bacias hidrográficas, estas áreas podem ser constituídas pelos topos de morros e chapadas. 
2) Zonas de erosão se encontram imediatamente abaixo das áreas de recarga, onde se 
distribuem as vertentes em declives e comprimentos de rampas favoráveis a processos 
erosivos podendo ser acelerados pelo uso impróprio. Nestas áreas o processo de infiltração 
tende a ser maior que o escoamento superficial. Podem ser cultivados com lavouras 
anuais/perenes e pastagens, desde que o manejo de controle a erosão sejam implantados, para 
se reduzir o escoamento superficial e aumentar a infiltração, de forma que os comprimentos 
de rampas sejam seccionados através de faixas vegetativas de retenção, terraços, cordões em 
contorno e outras medidas adequadas a cada situação e condições climáticas. Estas áreas são 
as que mais contribuem para o carreamento de sedimentos para os cursos d’água e 
reservatórios podendo causar assoreamento e elevação da turbidez das aguas superficiais. 
3) Zonas de Sedimentações ou Várzeas são as planícies fluviais, consideradas o 
segmento mais baixo das bacias hidrográfica, vulgarmente denominadas de várzeas, que 
constituem a zona de sedimentação nas bacias hidrográficas. Por se caracterizarem por 
regiões menos acidentadas estas planícies apresentam considerável aptidão para o uso 
agropecuário, especialmente para a agricultura familiar. Entretanto, nos períodos de chuva, 
algumas destas planícies apresenta alta probabilidade de sofrer inundações, o que pode 
inviabilizar a instalação de infraestruturas e residências bem como a utilização agropecuária. 
A política nacional de recursos hídricos (Lei n.º 9.433 de 9 de janeiro de 1997), 
baseada nos princípios da descentralização e da participação, instituiu a Bacia Hidrográfica 
como unidade de gestão. Para Cardoso (2003) a descentralização proposta na política nacional 
de recursos hídricos se traduz do ponto de vista institucional, na criação de instâncias 
colegiadas (comitês e conselhos), onde o poder de decisão é dividido com três setores por ela 
definidos: o poder público, os usuários da água e a sociedade civil, tirando das mãos do estado 
o monopólio da gestão de um bem público. Já para ANA (2011), os comitês de bacia 
hidrográfica diferem de outras formas de participação previstas nas demais políticas publicas, 
pois tem como atribuição legal deliberar sobre a gestão da água fazendo isso de forma 
compartilhada com o poder público. A isso se chama poder de Estado, tomar decisões sobre 
um bem publico e que devem ser cumpridas. 
 
 
15 
 
3.2 MANEJO INTEGRADO DE BACIAS HIDROGRÁFICAS 
 
Attanasio (2004) considera o manejo integrado da microbacia um instrumento que 
possibilita uma análise conjunta dos recursos naturais, da produção agropecuária e do 
elemento humano. Para Santana (2003), o abastecimento hídrico deve abranger tanto aspectos 
de quantidade e qualidade de água para a população urbana quanto atender os processamentos 
industriais e vida útil de reservatórios, com a finalidade de geração de energia e fonte de lazer. 
A carência de água em uma bacia hidrográfica pode ocorrer caso sejam utilizados de 
forma errônea seus recursos naturais, caso haja cobertura vegetal inadequada na bacia, uso 
intensivo da água, poluição da água, uso inadequado do solo, etc. Para isso, há a necessidade 
de conservação dos recursos naturaisda bacia a fim de garantir a produção e perenidade de 
água, pois o fato de que as condições de uso e manejo destes recursos interferem diretamente 
no comportamento da fase terrestre do ciclo hidrológico, ou seja, no comportamento da vazão 
dos cursos d’água e na recarga dos aquíferos subterrâneos.(CECILIO & REIS, 2006). 
De acordo com Cecílio et al. (2007), o manejo de bacias hidrográficas têm como 
objetivos básicos tornar compatível a produção com a preservação ambiental; e concentrar 
esforços das diversas instituições presentes nas varias áreas de conhecimento, a fim de que 
todas as atividades econômicas dentro da bacia sejam desenvolvid as de forma sustentável e 
trabalhadas de forma integral. 
Para Dias (2012) o manejo integrado de Bacias Hidrográficas é o conjunto de técnicas 
conservacionistas (vegetativas, mecânicas e sociais) integradas aplicadas no âmbito da bacia 
hidrográfica que visa à regularização dos cursos d’água, produção econômica, e proteção 
ambiental, principalmente nos topos de morro e zonas ripárias. Estas áreas são as mais 
dinâmicas da paisagem, tanto em termos hidrológicos, como ecológicos e geomorfológicos. 
As florestas que ocupam as zonas ripárias são chamadas de matas ripárias ou ciliares 
(ATTANASIO, 2004). 
Para Souza e Fernandes (2000), as práticas de manejo integrado de bacias 
hidrográficas devem ir além dos limites da propriedade rural, com a aplicação de técnicas de 
manejo e conservação de solos, pois integram medidas de saneamento básico e saúde publica; 
proteção de nascentes; critérios para delimitação de reservas florestais/ecológicas; 
recuperação de áreas degradadas; proposição de alternativas produtivas em consonância com 
as aptidões agroclimáticas das bacias hidrográficas e distribuição dos sistemas viários. 
16 
 
3.3 GEOPROCESSAMENTO E OS SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS 
 
Segundo Rocha (2002), geoprocessamento é um produto da integração de diversos 
fatores, tais como disciplinas, equipamentos, programas, processos, entidades, dados, 
metodologias, e pessoal capacitado para a coleta, tratamento, analise e apresentação de 
informações associadas a mapas digitais georreferenciados em uma tecnologia 
transdisciplinar através da axiomática da localização e do processamento de dados 
geográficos. 
Para Rodrigues (1993), geoprocessamento é um conjunto de tecnologias de coleta, 
tratamento, manipulação, apresentação de informações espaciais voltados para um objetivo 
especifico. Este conjunto possui como principal ferramenta o Geographical Information 
System (GIS), considerado também como Sistema de Informação Geográfica (SIG). As 
ferramentas computacionais para geoprocessamento, chamadas de Sistemas de Informação 
Geográfica (SIG), permitem realizar analises complexas, ao integrar dados de diversas fontes 
e ao criar bancos de dados georreferenciados. 
Os SIG’s por apresentarem uma capacidade de armazenar, manipular e visualizar 
dados e informações são comumente empregados no processo de manejo e gestão de diversas 
áreas, como por exemplo, nas bacias hidrográficas, nas quais é possível realizar o calculo de 
suas dimensões, área de abrangência, uso e cobertura, declividades, áreas de risco, classes de 
solo, dentre outros (ZANATA, 2014). 
A cartografia digital, que serve de base para os Sistemas de Informação Geográfica 
(SIG’s), possui em sua estrutura, dados espaciais e não espaciais. Nos dados não espaciais 
estão contidos informações organizadas de forma similar a um cadastro, estando associados 
aos primeiros por meio de conexões especificas (ROSOT et al., 2011). Já́ os dados espaciais 
podem ter representação matricial (raster) ou vetorial. Segundo Paulino (2000), a vetorização 
permite à construção de primitivas geométricas correspondentes a entidade gráfica no formato 
vetorial, a partir do reconhecimento manual, semiautomático ou automático de sequencias 
continua de pixels ou de agrupamentos de pixels na forma de áreas. 
A geração de feições mais comuns, como as do tipo ponto, linha e polígono para a 
composição de uma base de dados espaciais utilizam ferramentas especificas disponíveis na 
maioria dos SIG’s existentes no mercado. Independente da escolha do programa utilizado, a 
qualidade da vetorização e respectiva edição depende da observação a determinados 
protocolos, de maneira a preservar as relações topológicas desejadas. O fechamento correto de 
17 
 
polígonos, a sobreposição perfeita de nós compartilhados por diferentes feições, o 
compartilhamento de arcos em polígonos contíguos, a coincidência de limites entre feições 
pertencentes a diferentes camadas são alguns dos importantes aspectos a considerar durante o 
processo de vetorização (ROSOT et al. 2013). 
 
3.4 PROGRAMAS DE APOIO À CONSERVAÇÃO AMBIENTAL 
 
Instituído pela Lei n.º 12.512, de 14 de outubro de 2011, o Programa de Apoio à 
Conservação Ambiental tem como objetivos: 
I - incentivar a conservação dos ecossistemas, entendida como sua manutenção e uso 
sustentável; 
II - promover a cidadania, a melhoria das condições de vida e a elevação da renda da 
população em situação de extrema pobreza que exerça atividades de conservação dos 
recursos naturais no meio rural; 
III - incentivar a participação de seus beneficiários em ações de capacitação ambiental, 
social, educacional, técnica e profissional (BRASIL, 2011). 
Atualmente, encontramos diversas iniciativas no Brasil e no mundo em que os 
produtores rurais são beneficiados pela conservação da cobertura vegetal nativa em suas 
propriedades, reconhecendo-os como prestadores de serviços ambientais. O Programa 
Produtor de Água, iniciativa da Agência Nacional das Águas (ANA), e o Programa de 
Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) tornam a conservação florestal uma opção atrativa 
para produtores rurais (BRASIL, 2015). 
Segundo Wunder (2005), um pagamento por serviços ambientais é “uma transação 
voluntária na qual um serviço ambiental bem definido ou uma forma de uso da terra que possa 
assegurar este serviço é comprado por pelo menos um comprador de pelo menos um 
provedor, sob a condição de que o provedor garanta a provisão deste serviço”. Um diferencial 
básico em relação ao tipo de comprador pode ser feita entre o PSA privados (aqueles 
financiados diretamente pelos usuários dos serviços) e, por outro lado, por PSA públicos 
(onde o Estado atua como comprador, representando os usuários de serviços ambientais) 
(WUNDER, 2009). 
 
18 
 
4 METODOLOGIA 
 
4.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA 
 
Esta pesquisa se caracteriza por ser de natureza aplicada, com enfoque qualitativo. 
Segundo Silva e Menezes (2001), a pesquisa aplicada objetiva gerar conhecimentos práticos 
dirigidos à solução de problemas específicos, envolvendo verdades e interesses locais. 
Sampieri et al. (2006) baseiam o enfoque qualitativo nas descrições e observações do objeto 
de estudo. 
Acerca dos objetivos, a pesquisa é considerada explicativa. A pesquisa explicativa visa 
identificar os fatores que determinam ou contribuem para a ocorrência dos fenômenos, 
aprofundando o conhecimento da realidade ao explicar a razão, o “por que” das coisas. 
(SILVA; MENEZES, 2001). 
Como procedimento metodológico, a pesquisa bibliográfica propicia o exame de um 
tema sob novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras (MARCONI; 
LAKATOS, 2010). Em relação ao tema de estudo, abrange desde publicações avulsas, 
boletins, jornais, revistas, pesquisas, monografias, teses etc., até meios de comunicação oral e 
audiovisuais. 
 
4.2 LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DA ÁREA DE ESTUDO 
 
O município de Avaré localiza-se, geograficamente, entre as coordenadas 23° 05’ 56” 
de latitude Sul e 48° 55’ 33” de longitude Oeste. Possui uma superfície total de 1.213,055 km2 
e altitude de 766 metros (IBGE. Diretoria de Pesquisas - DPE - Coordenação de População e 
Indicadores Sociais - COPIS). 
Avaré possui como municípios limítrofes, Borebi, Lençóis Paulistas,Iaras e Pratânia 
ao Norte; Itaí e Paranapanema ao Sul; Botucatu e Itatinga a Leste e Cerqueira César e Arandu 
a Oeste (Figura 1). 
 
 
 
19 
 
 
Figura 1. Localização do município de Avaré e municípios limítrofes. 
 
 
4.1.1 Características climáticas 
 
Segundo a classificação climática de Koeppen, baseada em dados mensais 
pluviométricos e termométricos, o clima da região é Cwa, caracterizado pelo clima tropical de 
altitude, com chuvas no verão e seca no inverno, com a temperatura média anual de 20,3°C. A 
precipitação média anual é de 1.274 mm. A umidade relativa do ar é elevada, sua média é de 
80%. A menor concentração de chuvas ocorre nos meses de Julho e Agosto e é mais regular e 
intensa no verão. As altitudes variam de 700 a 803 metros, predominando as altitudes entre 
740 a 780 metros (OLIVEIRA et al. 1999). 
 
20 
 
4.1.2 Características geomorfológicas 
 
O Mapa Geomorfológico do Estado de São Paulo (ROSS; MOROZ, 1997) demonstra 
que a área de estudo está localizada no Planalto Ocidental Paulista, onde predominam as 
formas de relevo denudacionais, marcadamente formadas por colinas amplas e baixas com 
topos convexos, aplanados ou tabulares. Os entalhamentos médios dos vales apresentam-se 
inferiores a 20 metros, as dimensões interfluviais médias estão entre 1.750 e 3.750 metros, as 
altitudes variam entre 400 e 700 metros e as declividades médias das vertentes entre 2% e 
10%. 
Os rios apresentam padrão paralelo com traçados ligeiramente inclinados em direção 
ao rio Paraná. A densidade de drenagem é baixa e os vales são pouco entalhados, 
apresentando baixa dissecação. Em geral, apresenta-se com baixo nível de fragilidade 
potencial, no entanto, as vertentes mais inclinadas são extremamente susceptíveis aos 
processos erosivos (ROSS; MOROZ, 1997). 
 
4.1.3 Características pedológicas 
 
Segundo o mapa Pedológico do Estado de São Paulo, no município de Avaré, onde se 
localiza a bacia do Ribeirão do Lajeado, predominam os Latossolos Vermelhos (Lv) e os 
Latossolos Vermelho - Amarelo (OLIVEIRA, et al, 1999). Os Latossolos são constituídos por 
material mineral, apresentando horizonte B Latossólico, abaixo do horizonte A, dentro de 200 
cm da superfície do solo ou dentro de 300 cm, se o horizonte A apresenta mais de 150 cm de 
espessura (OLIVEIRA, et al., 1999). Esses solos são espessos, com mais de 3 metros de 
profundidade e coloração avermelhada, textura varia de argilosa a média. Geralmente 
possuem boas propriedades físicas, excepcional porosidade total, sendo de boa drenagem 
interna, mesmo nos de textura argilosa. 
 
4.1.4 Características geológicas. 
 
Quanto à geologia, a bacia do Ribeirão Lajeado encontra-se sob os Domínios do 
Grupo Bauru e do Grupo São Bento, Formação Serra Geral, mais especificamente na 
21 
 
morfoestrutura da Bacia Sedimentar do Paraná. O Grupo Bauru, datado do Mesozóico, se 
restringe à Formação Marília. É constituído de arenitos imaturos, conglomeráticos e espesso 
conglomerado na base, formado por seixos de basalto, siltitos e argilitos, de coloração 
esbranquiçada a avermelhada. 
Os solos de alteração apresentam estruturas reliquiares dos sedimentos de origem e 
são poucos resistentes a erosão. Já os solos superficiais são extremamente arenosos e atingem 
grandes espessuras (CETESB, 1985). O Grupo São Bento, datado do Mesozóico, na área de 
estudo é constituído pela Formação Serra Geral e caracteriza-se por apresentar rochas 
vulcânicas em derrames basálticos de coloração cinza a negra (JKsg), textura afanítica, com 
intercalações de arenitos intertrapeanos finos a médios (IPT, 1981). O solo de alteração é 
geralmente de caráter argiloso, podendo apresentar macroestrutura. Já o solo superficial é de 
natureza argilosa, com frações variadas de areia e de coloração vermelha escura característica 
(CETESB, 1985). 
 
4.1.5 Características hidrográficas 
 
A hidrologia regional compreende em sua porção norte o Ribeirão do Lajeado e Água 
da Onça, em sua porção leste o Córrego de Água ao Curtume e Ribeirão do Lajeado, em sua 
porção sul o Ribeirão da Água Branca e Córrego do Pinhal e em sua porção oeste o Córrego 
dos Veados. A pecuária é muito desenvolvida, a partir do ano de 2006 é visível o 
desenvolvimento das plantações de cítricos e de cana-de-açúcar pela instalação de duas usinas 
de açúcar e algodão. A paisagem é uma transição entre cerrado e resíduo da mata atlântica é 
formado principalmente de extensas pastagens (SABESP, 2009). 
O Município de Avaré́ situa-se na Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos 
das Alta e Média Paranapanema - UGRHi-14 e UGRHi-17. O Ribeirão do Lajeado, afluente 
do rio Novo, no município de Avaré, desde a ETE de Avaré, até a desembocadura do rio 
Novo, foi enquadrado no Médio Paranapanema segundo o Decreto Estadual n.º 10.755 que 
enquadrou os corpos d'água nas classes previstas no Decreto n.º 8.468/76. 
A Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Médio Paranapanema (UGRHI 
- 17) representa uma das unidades de gerenciamento definidas pela Lei n.º 9.034/94, com área 
total de 16.763 km2. Agrega os tributários da margem direita do curso médio do rio 
Paranapanema, localizando-se na porção centro-oeste do Estado de São Paulo (Figura 2). 
22 
 
 
Figura 2. Situação da UGRHI-17 e demais unidades no Estado de São Paulo. 
FONTE: SANASA (2006). 
 
De acordo com o Relatório Zero da UGRHi-17, O Ribeirão do Lajeado é atualmente 
enquadrado como Classe 4, porém, espera-se que por ocasião da implantação do sistema de 
tratamento, essa classe possa ser melhorada com o objetivo de se alcançar a Classe 2 
(CORHI, 1999). 
 
4.1.6 Características da vegetação nativa 
 
A vegetação nativa presente no município de Avaré é formada pelo bioma do Cerrado 
e Mata Atlântica (Floresta Estacional Semidecidual) (Anexo 1). Essas duas formações 
florestais encontram-se fragilizadas devido às ações antrópicas, sendo consideradas por 
muitos especialistas ”hotspots”, isto é, estão entre os biomas com maior biodiversidade, alto 
nível de endemismo e mais ameaçados do planeta (MYERS et al., 2000; MITTERMEIER, 
2005). Segundo o Mapa Florestal dos Municípios do Estado de São Paulo, elaborado pelo, 
Avaré possui apenas 7,24% do seu território ocupado pela vegetação nativa, comprovando a 
fragilidade desses ambientes naturais e o aumento das consequências ambientais 
(INSTITUTO FLORESTAL, 2015a). 
Grande parte da área da Bacia do Ribeirão Lajeado se encontra nos limites da Estação 
Ecológica de Avaré na área que compõe o Horto Florestal de Andrada e Silva, criada pelo 
23 
 
Decreto Nº 56.616, de 28 de Dezembro De 2010. Neste decreto, em seu artigo segundo, 
constam como seus objetivos a preservação dos ecossistemas e processos ecológicos em zona 
de contato entre o Cerrado e a Mata Atlântica (Floresta Estacional Semidecidual), de grande 
relevância ambiental, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento 
de atividades de educação e interpretação ambiental em contato com a natureza. A sua 
criação se deve a fragilidade do Bioma Cerrado no estado de São Paulo e também devido 
estar em uma área de recarga do Aquifero Guarani. 
Levantamentos preliminares revelaram que na Estação Ecológica de Avaré existem 
142 espécies de arbustos e árvores. A fitossociológica dessa área é composta por seis 
fitofisionomias de Cerrado (86,68%) e quatro fitofisionomias de Floresta Estacional 
Semidecidual (12,18%) e riparias (1,14%), sendo destacada a existência de áreas de Campo 
Limpo, mas sendo predominante o Campo Sujo e o Campo Cerrado, perfazendo juntas 
40,43% da área (INSTITUTO FLORESTAL, 2015c). 
 
4.1.7 Plano diretor municipal 
 
Conforme Rueda, Landim e Mattos (1995), Plano Diretor pode ser definido como um 
conjunto de decisões políticas e recursos disponíveis versus diagnósticos e prognósticos. As 
decisões políticas, oriundas dos governos municipais e estaduais, direções de grandes 
empresase órgãos federais são o motor da gestão ambiental, e os recursos disponíveis, 
basicamente financeiros, a base para a elaboração do Plano Diretor. Os diagnósticos e 
prognósticos representam o substrato de informações (geologia, hidrologia, geomorfologia 
entre outras) e avaliações sobre o qual atuará o binômio, decisões políticas e recursos 
disponíveis. 
O plano diretor da Estância Turística de Avaré, estado de São Paulo, foi decretado 
pela câmara municipal de Avaré, instituindo a Lei complementar n.º 154 de 27 de setembro de 
2012. O Plano Diretor foi aprovado por unanimidade pela Câmara Municipal. Todos foram 
uníssonos em declarar a importância de participar da aprovação o Plano Diretor, pois estão 
escrevendo uma página significativa na história do município. 
O plano tem como princípios fundamentais a) função social da cidade; b) função 
social da propriedade; c) gestão democrática e participativa do município; d) proteção dos 
patrimônios histórico-cultural e ambiental-ecológico. Em seu artigo 7º, descreve que “o 
patrimônio histórico-cultural e as áreas de significado ambiental-ecológico serão protegidos 
24 
 
com a adoção de procedimentos de fiscalização, manutenção e qualificação, de modo que os 
cidadãos possam deles usufruir sem prejuízo para a coletividade”. 
Especificamente para a questão ambiental, a seção III apresenta 3 artigos específicos 
para política ambiental, nos quais vale destacar o artigo 16, onde são citados 39 diretrizes que 
norteará a política ambiental, onde vale destacar: 
IV- participar dos planos ambientais de reservatórios, como o Plano Ambiental de 
Conservação e Uso do Entorno de Reservatórios Artificiais –PACUERA, juntamente com os 
Comitês de Bacia Hidrográfica do Alto CBH-ALPA e do Médio Paranapanema CBH-MP; 
XIV- promover a qualidade ambiental, a preservação, conservação e o uso sustentável 
dos recursos naturais, por meio do planejamento e controle ambiental; 
XV- promover a recuperação ambiental revertendo-se os processos de degradação das 
condições físicas, químicas e biológicas do ambiente; 
XXI- regular o uso e ocupação do solo por meios e técnicas de planejamento 
ambiental, incluindo-se as diversas formas de zoneamento previstas nesta lei complementar; 
degradação das condições físicas, químicas e biológicas do ambiente; 
XXIX- implantar programa de conservação e manejo sustentável de matas 
remanescentes e criação de programa de proteção à fauna silvestre do município; 
XXXIV- destinar os recursos oriundos do ICMS Ecológico, das taxas de 
recomposição florestal dos usuários de lenha e das autuações oriundas de infrações 
administrativas ambientais municipais, para aplicação em ações em preservação e 
conservação do Meio Ambiente, a serem administrados pelo Fundo Municipal de Meio 
Ambiente; 
XXXVIII- tendo em vista a intervenção irregular realizada nas APPs do Horto 
Florestal de Avaré, deve o agente ativo do dano, repará-lo dentro da própria unidade e 
conforme os mesmos critérios compensatórios utilizados pela Agência Ambiental responsável 
pela dispensa ilegal do licenciamento de supressão de vegetação. 
 
 
 
 
25 
 
4.2 AVALIAÇÃO DA PAISAGEM 
 
4.2.1 Mapeamento do uso e cobertura da terra 
 
Para avaliação da paisagem da Bacia do Ribeirão do Lajeado, mapeou-se o uso e 
cobertura da terra de uma área 607,90 hectares. A definição dos limites de estudo baseou-se 
na importância ambiental deste fragmento da bacia hidrográfica ao abastecimento municipal. 
O mapeamento foi realizado com base na interpretação digital visual, por meio de 
vetorização em tela na escala 1:15.000, utilizando imagem georreferenciadas, de abril de 
2014, do satélite QuickBird, disponíveis no Google Earth. O sistema de coordenadas do 
Google Earth é o Geográfico (latitude/longitude) no Datum WGS – 84. B. 
A elaboração dos mapas temáticos foi realizada utilizando-se o software de 
geoprocessamento ArcView GIS desenvolvido pela ESRI, versão 9.3, que contem os módulos 
funcionais: ArcCatalog; ArcMap e ArcToolbox. 
O ArcCatalog é onde muitos projetos de gestão de dados tem seu início. A aplicação 
em ARCGIS permite a gestão genérica de informação geográfica, ligado a base de dados 
externas e produção/visualização de metadados. O ArcCatalog permite navegar pelo sistema 
operativo e tornar eficiente a gestão de qualquer conjunto de dados geográficos, sejam eles 
nativos do ARCGIS ou não. 
No ArcMapse trabalha com informação geográfica através de mapas interativos, sendo 
possível visualizar, explorar, questionar e analisar toda a informação geográfica. Numa sessão 
ArcMap é definida a informação geográfica a ser estudada e a forma como ela é visualizada, 
sendo que qualquer conjunto de dados (geográficos ou simplesmente alfanuméricos) é 
adicionado no ArcMap sob a forma de “layer”. O “layer” é apenas uma representação dos 
dados não contendo os ficheiros de informação geográfica em si, ou seja, o ArcMap 
referencia o chamado ficheiro de fonte da informação (data set). 
A aplicação ArcToolbox disponibiliza acesso a todas as funcionalidades de 
geoprocessamento para coberturas ArcInfo. Existem mais de 100 ferramentas deste tipo de 
utilização simples e amigável. A maioria das ferramentas presentes nesta aplicação destina-se 
a coberturas ArcInfo e propõem-se a resolver questões como conversão entre formatos de 
dados execução de operações de análise espacial, operações de transformação de coordenadas 
26 
 
entre diferente sistemas e operações de construção de topologia (INSTITUTO SUPERIOR 
TÉCNICO, 2007). 
A partir do uso dessas ferramentas foi feita a análise e interpretação das fotografias 
aéreas que, resultou em diferentes classes de cobertura do solo. Para a classificação dos tipos 
de uso e cobertura foram definidas dez categorias de uso e cobertura da terra conforme 
Manual Técnico do Uso da Terra do IBGE (2006) (Quadro 1). 
 
 
Quadro 1. Descrição das classes de uso e cobertura da terra. 
Classe Descrição 
Araucária Área de cultivo homogêneo de Araucária angustifólia. 
Área urbanizada Construções urbanas, instalações industriais. 
Campestre Capoeira, campo natural. 
Chácaras Construções rurais 
Corpo d’água Rios de grande porte, córrego, lagos ou represas com leito visível. 
Culturas Agrícolas Culturas temporárias ou permanentes para produção agrícola. 
Eucalipto Área de cultivo homogêneo de Eucalyptus spp. 
Floresta Nativa Mata, formações vegetais de Floresta Estacional Semidecidual e Savana 
Pastagem 
Área com predomínio de vegetação 
herbácea utilizada para pecuária extensiva, 
campo antrópico. 
Pinus Área de cultivo homogêneo de Pinus spp. 
 
 
Para a caracterização da vegetação utilizou-se como base a identificação e 
classificação utilizando os elementos da imagem: cor, tonalidade, textura, forma dimensão e 
convergência de evidências. 
27 
 
Para diagnosticar a paisagem, como um todo, foram calculadas e quantificadas as 
classes de uso e cobertura do solo, calculando o percentual de cada uma delas e o número de 
manchas de cada classe. No diagnóstico em nível de fragmento foram avaliados: a cobertura 
total de vegetação natural e o tamanho de cada fragmento. A área de cada fragmento foi 
calculada em hectares. 
 
4.2.2 Área de Preservação Permanente 
 
As Matas ripárias, formações vegetacionais florestais que acompanham os cursos 
d'água de um rio, desempenham funções relacionadas à contribuição ao aumento da 
capacidade de armazenamento da água, à manutenção de sua qualidade através da filtragem 
superficial de sedimentos, e à retenção, pelo sistema radicular da mata ripária, de nutrientes 
liberados dos ecossistemas terrestres, além de proporcionar estabilidade das margens, 
equilíbrio térmico da água e formação de corredores ecológicos (ATTANASIO, 2004). 
Segundo Borges (2011), a ideia de se proteger áreas representativas dos ecossistemas 
naturais no território brasileiro veio do Código Florestal de 1934que apresentava algumascaracterísticas preservacionistas, estabelecendo o uso da propriedade em função do tipo 
florestal existente, definindo as categorias de florestas protetoras, remanescentes, modelo e de 
rendimento. As florestas caracterizadas como protetoras apresentavam um indicativo do que 
se tornariam as áreas de preservação permanente. 
Ainda segundo Borges (2011), a partir do Código Florestal de 1965 (Lei n.º 4.771/65) 
ocorreram as primeiras limitações à propriedade privada, versando sobre os cuidados com as 
APPs e Reserva Legal (RL) que deveriam ser mantidas e protegidas. Anteriormente, o direito 
de propriedade era considerado ilimitado, sem quaisquer cuidados com a preservação 
ambiental no interior de uma propriedade, salvo quando a área fosse considerada de interesse 
social, como a proteção de um manancial de abastecimento urbano. A principal mudança a 
partir de 1965 foi a obrigatoriedade das propriedades de obedecer alguns princípios de 
proteção, desobrigando o Poder Público de indenizar o proprietário pela proteção de certas 
áreas. 
As Áreas de Preservação Permanente instituídas pela Lei n.º 12.651/12 que dispõe 
sobre a proteção da vegetação nativa (conhecida como Novo Código Florestal) foram 
definidas como sendo uma área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função 
ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a 
28 
 
biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-
estar das populações humanas. 
A delimitação das APPs foi um dos pontos mais críticos na formulação do novo 
código florestal. Muitas áreas que anteriormente eram consideradas de preservação 
permanente, hoje não se caracterizam como tais. A flexibilização das faixas de recomposição 
das APPs, com a instituição de que áreas consolidadas fossem um dos temas mais polêmicos 
relativos à nova legislação, pois uma grande extensão de área considerada frágil teve seu 
desmatamento legalizado. 
Assim, para a determinação das Áreas de Preservação Permanente (APPs) empregou-
se o estabelecido na Lei n.º 12.651 de 2012 e suas alterações, como segue: 
ü 30 metros de cada lado dos cursos d`água, visto que os rios da área estudada 
possuem largura menor que 10 m; 
ü 50 metros de nascentes perenes ou difusas; 
ü 50 metros de lagoas naturais com até 20 ha; 
ü 15 metros de cada lado de reservatórios de até um hectare oriundos de 
barramentos de cursos d’água; 
ü 30 metros de cada lado de reservatórios maiores que um hectare, oriundos de 
barramentos de cursos d`água. 
Dessa forma, estas áreas foram avaliadas em dois cenários, em um primeiro momento, 
os percentuais de ocupação com vegetação natural das faixas de preservação permanente 
(cenário atual) e, em seguida comparou-se com os percentuais que deveriam ocupar (com 
vegetação natural) essa faixa, de acordo com a Legislação (cenário ideal). 
 
4.2.3 Áreas ambientalmente frágeis 
 
As áreas ambientalmente frágeis consideradas para esta pesquisa, são áreas que 
quando desmatadas e degradadas ambientalmente são sujeitas a desbarrancamentos e 
deslizamentos de solo ou rochas; consideradas importante para a biodiversidade e para 
manutenção e recarga de aquíferos que vão abastecer as nascentes. 
Para Gomes e Pereira (2011) áreas frágeis são áreas que, sob a menor ação pelo 
homem, apresentam desequilíbrios cujos reflexos aparecem em diversos compartimentos 
29 
 
ambientais, tais como água, solo, plantas e demais organismos que integram os ecossistemas. 
Serão verificadas por imagens as áreas ambientalmente frágeis e seu estado atual. 
As áreas de fragilidade ambiental serão inferidas com a análise de mapas altimétricos 
e a devida classificação do relevo em classes de declividade, pois a região apresenta uma 
predominância de solos arenosos, que possuem uma aptidão natural aos processos erosivos. 
As medidas a serem recomendadas serão baseadas na classificação de áreas de 
importância para a revegetação da flora nativa, com as devidas técnicas mais interessantes sob 
o ponto de vista ecológico, também levando em conta sua viabilidade econômica para 
aplicação; áreas degradadas, com seu grau de erosão e medidas para minimização das suas 
causas, como diminuição da velocidade da água em áreas impermeabilizadas em estradas e a 
correta destinação dessa água e medidas de conservação de solos em áreas com propensão a 
fatores erosivos ao redor do curso da água. 
30 
 
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
5.1 MAPEAMENTO DO USO DA TERRA 
 
No mapa composto por um fragmento da Bacia do Ribeirão Lajeado, com uma área 
total de 607,90 hectares, constatou-se a predominância de pastagem, representando 61,40% da 
área total. A área de floresta nativa foi a segunda maior cobertura, ocupando uma área de 
71,90 hectares. O terceiro maior percentual obtido no mapa é representado por chácaras, 
construções rurais, totalizando 8,34% (Figura 3; Quadro 2). 
 
 
 
Figura 3. Uso e Cobertura da terra de um fragmento da Bacia do Ribeirão Lajeado, Avaré, 
São Paulo. 
 
 
31 
 
Com relação a distribuição das classes de uso e cobertura da terra, foram identificados 
46 manchas, sendo que destas, 13 são referentes as manchas de vegetação nativa e 7 de 
plantações homogêneas de Eucaliptos. Isto reflete a grande fragmentação da vegetação nativa 
e consequente alteração da área de vegetação natural, pois mesmo possuindo o maior número 
de manchas de classe, o somatório em extensão representa uma menor área em hectares em 
relação às áreas de pastagem, predominantes na paisagem. 
 
 
Quadro 2. Métricas das classes de uso e cobertura da terra de um fragmento da Bacia do 
Ribeirão Lajeado. (PP: porcentagem da classe ocupada na paisagem; NM: número de 
manchas da classe). 
Classes de uso e cobertura Área (ha) PP (%) NM 
Araucária 4,43 0,73 2 
Área urbanizada 14,03 2,31 1 
Campestre 7,53 1,24 4 
Chácaras 50,74 8,34 6 
Corpo d’água 1,56 0,26 7 
Culturas Agrícolas 33,0 5,43 2 
Eucalipto 33,05 5,44 7 
Floresta Nativa 71,90 11,83 13 
Pastagem 373,05 61,36 3 
Pinus 18,61 3,06 1 
Total 607,9 100 46 
 
 
Grande parte da vegetação nativa representada no mapa (71,90 hectares) se deve a 
presença da Estação Ecológica de Avaré na área que compõe o Horto Florestal de Andrada e 
Silva, que tem como seus objetivos a preservação dos ecossistemas e processos ecológicos em 
zona de contato entre o Cerrado e a Mata Atlântica (Floresta Estacional Semidecidual), de 
grande relevância ambiental, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o 
desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental em contato com a 
natureza. A sua criação se deve a fragilidade do Bioma Cerrado no estado de São Paulo e 
também por estar em uma área de recarga do Aquífero Guarani. 
32 
 
No Horto Florestal encontram se além de áreas nativas representativas da região, 
diversos experimentos florestais de espécies nativas de outros locais, como a Araucária 
angustifólia, com ocorrência em áreas de Floresta Ombrófila Mista, e diversas outras espécies 
exóticas, como o eucalipto, pinus, Pinheiro do Brejo (Taxodiumdistichum (L.) Rich.), dentre 
outros. Essa vegetação é de grande importância devido a parte da captação de água para 
abastecimento público ser realizado dentro da área do Horto Florestal, pela Companhia de 
Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). Além disso, existem dentro da área do 
horto nascentes d’água, que contribuem para uma melhor qualidade da água captada por estar 
a montante do ponto de captação, sendo protegidos devido à conservação dos fragmentos 
florestais. 
Já as cabeceiras e nascentes do Ribeirão do Lajeado encontram−se em propriedades 
privadas, fora da área do Horto Florestal de Avaré. O curso d’água é composto de seis 
nascentes, sendo considerado em seu ponto de captação segundo a ordenação dos canais de 
STHRALER (1957) um rio de terceira ordem. Em uma análise visual, constatamos apredominância de pastagem nas áreas de cabeceira. Isso reflete muito a cultura colonizadora 
predominante agrícola, que desmatou a maioria das áreas naturais, composta em sua maioria 
pelo bioma Cerrado, com o intuito da implantação de lavouras. 
Devido a maioria dos solos encontrados na área serem estruturalmente fracos devido a 
predominância da fração areia em sua composição e também pobres quimicamente, ocorreu a 
implantação de áreas de pastagem para criação de bovinos e equinos, por ser uma atividade 
menos exigente em condições de fertilidade e produtividade do solo. Atualmente a atividade 
da criação de equinos no município de Avaré, principalmente do cavalo Quarto de Milha, é 
visto como uma referência nacional. 
A perda da vegetação nas áreas de cabeceira, conjuntamente com o pisoteio de 
animais e a consequente compactação do solo, somado a frágil estrutura do solo, nos indica 
que é de essencial importância a revegetação dessas áreas, com os tratos culturais que 
proporcionem condições ambientais propícias à restauração desse ambiente. A vegetação nas 
áreas de nascente e de cabeceira possuem diversas funções ecológicas importantes, como a 
retenção de água e conservação do solo, diminuição dos processos erosivos, de compactação 
do solo e aumento da qualidade da água. 
A descontinuidade das áreas de floresta, devido à predominância de pastagem, são as 
que inserem diversos componentes poluentes nos corpos hídricos. Os animais tendem a 
realizar trilhas para dessedentação até o curso d’água, realizando um caminho também para o 
escoamento da água. Isso acarreta na compactação do solo e as suas consequências, como o 
33 
 
aumento do escoamento superficial e da erosão, assoreamento do curso d’água devido 
carreamento de partículas do solo erodido, além da contaminação do rio devido a urina e fezes 
dos animais, acarretando em um problema de saúde pública e maiores gastos no processo de 
beneficiamento da água para finalidade de abastecimento humano. 
Visualizamos também entre duas nascentes áreas de lavoura, que assim como áreas de 
pastagem ocasionam diversos danos aos recursos hídricos quando não realizado com o 
manejo do solo correto. O uso de fertilizantes químicos, sedimentos erodidos das camadas 
superficiais do solo, dejetos provindos da colheita e afins podem vir a atingir essas áreas em 
locais onde existe não existe vegetação na APP, aumentando a carga de matéria orgânica do 
corpo hídrico. 
Além disso, o uso de agroquímicos tem sido utilizado de maneira indiscriminado nos 
últimos anos, causando danos não apenas a micro e macro fauna do solo, mas também a fauna 
aquática quando chega ao corpo hídrico. A erosão também tem causado grandes impactos em 
diversos aspectos, não apenas ao óbvio assoreamento dos rios, mas também no aumento de 
nutrientes carreados junto a camada superficial do solo, causando o aumento e proliferação de 
algas. As algas encontrando condições ideais como nutrientes e temperatura, se propagam de 
maneira descontrolada, ocasionando danos a todo o ambiente aquático, além de prejudicar e 
encarecer o tratamento da água para o consumo humano. 
Segundo Lima (1994), a influência da cobertura vegetal em processos hidrológicos 
como a interceptação, transpiração, infiltração, percolação e afins, constitui-se num dos 
fatores mais importantes que afetam a produção de água em microbacias. Para o mesmo autor, 
diversos estudos permitem concluir que de maneira geral a taxa de infiltração é tanto maior 
quanto maior for a cobertura florestal. Outro fator de relevante análise no uso do solo se dá ao 
grau de urbanização da bacia, o qual resulta em aumento da impermeabilização da superfície, 
consequentemente aumentando o escoamento superficial, o pico de cheia, a sedimentação dos 
cursos d’água e a poluição da água. 
 
5.2 AVALIAÇÃO DAS AREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE 
 
As APPs ao longo dos cursos d’água possuem uma área total de 51,79 hectares, 
somando-se as APPs das nascentes e as dos corpos d’água; a bacia em estudo possui uma área 
de 607,90 hectares, representando as APPs 8,52% do total da área de estudo. Observando as 
características do fragmento analisado (Figura 4), foi inferido que as APPs ao longo do rio são 
34 
 
de 30 metros de cada lado dos cursos d`água, visto que os rios da área estudada possuem 
largura menor que 10 m. Para as nascentes, as APPs empregadas são de 50 metros de raio, de 
acordo com a Lei n.º 12.651/2012. 
 
 
 
Figura 4. Recorte da área de um fragmento da Bacia do Ribeirão Lajeado, destacando as APP 
das nascentes e dos córregos. 
Data da imagem, 27/04/2014. Fonte: Google Earth. 
 
 
Outro ponto importante a se frisar é a mudança dos limites de onde são feitas as 
medições das faixas de APP. Anteriormente, os limites partiam da faixa de leito maior, ou 
seja, as áreas onde as águas do rio alcançam em seus períodos de cheia. Atualmente, com o 
Novo Código Florestal, a área em que se inicia a faixa de preservação é medida a partir do 
leito regular do rio. Isto nos leva a crer que tal código flexibilizou a legislação ambiental para 
alguns setores da sociedade, principalmente os ruralistas, em detrimento da preservação de 
um bem considerado de interesse social e de benefício coletivo. Os processos de pulsos 
naturais dos rios, quando ocorrem períodos de alagamento não irão mudar, tornando uma 
35 
 
grande preocupação a futura ocupação dessas áreas e a consequência dessa falta de vegetação, 
com o aumento da compactação do solo e o aumento do escoamento superficial. 
Com relação a distribuição das classes de uso e cobertura da terra nas Áreas de 
Preservação Permanente, foram identificados 7 classes de uso, sendo a maior área composta 
por Floresta Nativa (Figura 5; Quadro 3). 
 
 
 
Figura 5. Áreas dos usos da terra nas APPs 
 
 
É possível perceber que 37,14% das áreas de preservação permanente encontram-se 
sob usos adequados, sendo 0,46% de enriquecimento de Araucárias, 5,41% ocupado com 
vegetação campestre, 1,50% composta pelos próprios corpos d`águas e 29,77% com Floresta 
Nativa. 
Apesar do maior percentual de cobertura da terra nas áreas de preservação permanente 
ser de floresta nativa, é possível notar que existem muitos usos inadequados nessas áreas, 
36 
 
principalmente o uso de 26,34% de pastagem. Essa prática está altamente relacionada com o 
agravamento dos processos erosivos, provocando muitas vezes o assoreamento dos corpos 
hídricos e formação de vossorocas. 
 
 
Quadro 3. Uso e cobertura da terra nas Áreas de Preservação Permanente 
Classes de uso e cobertura Área (ha) PP (%) 
Araucária 0,46 0,88 
Campestre 5,41 10,45 
Corpo d`agua 1,50 2,90 
Culturas Agrícolas 0,58 1,12 
Eucalipto 0,43 0,83 
Floresta Nativa 29,77 57,48 
Pastagem 13,64 26,34 
Total 51,79 100 
 
 
Verifica-se que a formação do Ribeirão Lajeado é composto por 6 áreas de nascentes, 
das quais 4 encontram-se em desacordo com a legislação vigente, relativa aos 50 metros de 
raio de proteção com vegetação nativa. A falta de vegetação adequada nas áreas de cabeceira 
e nascentes pode vir a trazer graves consequências futuramente. Sem uma área de proteção 
contra o carregamento de sedimento devido a processos erosivos, a baixa retenção da água 
pela vegetação, é possível que a longevidade e perenidade do curso de água estejam 
comprometidas com o consequente assoreamento da nascente. Sendo um de apenas dois 
cursos d’água superficial que servem de fonte para o abastecimento público da cidade, é de 
suma importância a revegetação das áreas do entorno das nascentes, visto todas as 
características ambientais da região, que possui uma forte tendência a processos erosivos. 
Considerando um cenário ideal onde todas as áreas consideradas APPs estivessem 
ocupadas com vegetação nativa, haveria um acréscimo de 22,02 ha, representando um 
aumento de 42,51% de vegetação nativa. Este aumento significativo permitiria a formação de 
corredoresecológicos por toda a paisagem. 
37 
 
A cidade de Avaré, assim como a maioria das cidades do sudoeste paulista, é 
abastecida por águas subterrâneas vindo de poços tubulares profundos. Sendo o Ribeirão do 
Lajeado um rio ainda utilizado para o abastecimento público, é de grande relevância o 
estabelecimento de um programa de educação ambiental com os proprietários das áreas de 
nascentes e passagem do rio. Em um primeiro momento, se podem avaliar através da 
educação ambiental os resultados da conscientização e sensibilização dos proprietários para a 
questão hídrica, devido a importância do rio para a população local. 
Existem diversas iniciativas vindas de políticas públicas que têm sido consideradas 
PSA. No Brasil existem projetos de PSA baseados em políticas pública, como o Programa 
Bolsa Verde, em Minas Gerais, o Programa Produtor ES de Água no Espírito Santo; o 
Programa Mina D’água, em São Paulo e o Projeto Produtores de Água, em Extrema – MG. 
Existem diversos focos para os serviços ecossistêmicos gerados através da conservação das 
propriedades, sendo as duas maiores áreas em âmbito nacional os de sequestro de carbono e o 
de conservação de recursos hídricos. 
A valoração econômica é um dos maiores problemas nesse tipo de mercado, devido a 
dificuldade na estimativa dos valores a serem pagos, contudo pode ser bastante útil para 
ajudar a balizá-los futuramente. Por um lado, ela demonstra aos compradores uma estimativa 
dos benefícios econômicos relacionados a conservação da natureza e ao provimento de cada 
serviço ambiental, já para os ofertantes ela pode ajudar a estimar os custos adicionais 
incorridos pelos produtores, que dependem dos custos de oportunidade e a diferença de custo 
da prática sustentável em relação a menos sustentável. Estes custos adicionais frequentemente 
balizam a disposição mínima a receber por parte dos produtores para que eles entrem em um 
esquema de PSA (BRASIL, 2011). 
Ao longo do desenvolvimento desse mercado, foram discutidos alguns pontos de 
relevante importância, tais como: 
• a isenção fiscal para PSA; 
• a possibilidade de recebimento de pagamentos, mesmo em áreas de proteção 
legal; 
• a formalização de que produtores rurais possam receber recursos públicos, se 
eles fornecerem serviços ambientais à população; 
• a possibilidade de vinculação dos contratos à terra e não ao indivíduo, 
aumentando a segurança jurídica para contratos de longo prazo (BRASIL, 
2011). 
38 
 
O avanço desses tópicos é de fundamental importância para que esses mecanismos de 
PSA ganhem escala desejável. 
Em programas relacionados aos recursos hídricos, os Pagamentos por Serviços 
Ambientais remuneram produtores rurais pela proteção e restauração de ecossistemas 
naturais, em sua maioria em áreas florestais estratégicas para a produção de água, como 
nascentes, matas ciliares em áreas de captação. Seu funcionamento se dá geralmente da 
seguinte forma: quando os usuários de água reconhecem o valor ou a importância dos serviços 
ambientais prestados pelos donos de propriedades que realizam a proteção da água em 
quantidade e qualidade, das externalidades ambientais positivas geradas pelos produtores 
rurais quando os mesmos executam ações de restauração e conservação florestal. Com tais 
ações, geram um incentivo econômico real para os produtores rurais, estimulando a execução 
de atividades que garantem a provisão dos serviços ambientais (MMA, 2011). 
Muitos órgãos governamentais estão lançando programas de apoio aos produtores de 
água, principalmente em bacias hidrográficas críticas, que possuem grande déficit hídrico e 
uma grande população a ser atendida. Os últimos eventos envolvendo São Paulo e sua região 
metropolitana levaram vários órgãos públicos, em suas diversas esferas, a tomar providências 
no sentido de conservação dos recursos hídricos. Um dos projetos precursores no Brasil 
relativo a PSA e recursos hídricos ocorreu no município de Extrema, MG, através do Projeto 
Produtores de Água. Além de receber diversos prêmios em reconhecimento a inovação em 
termos ambientais, mostrou que com planejamento e boa vontade política, a municipalidade 
pode tomar providências que tragam atitudes efetivas em benefício ao meio ambiente. 
Existem diversas formas de realizar a conservação das áreas de nascentes, mas a mais 
efetiva é através de PSA aos proprietários donos das áreas de nascentes. O financiamento 
pode ser realizado através de recursos do Comitê de Bacias Hidrográficas ou mesmo através 
da municipalidade, através de recursos provindos do ICMS Ecológico ou dos valores 
recebidos pelo contrato da companhia de abastecimento público, no caso do município de 
Avaré, a SABESP. 
 
5.3 IDENTIFICACAO DAS AREAS AMBIENTALMENTE FRAGEIS 
 
A declividade da área pode ser desenhada a partir de dados altimétricos obtidos 
através do geoprocessamento de imagens SRTM (Figura 6). Essas informações seguem 
expressas no quadro 4. 
39 
 
A definição de intervalos de declividade a partir de critérios técnicos de fragilidade 
não é consensual entre os pesquisadores quanto às classes de maior ou menor 
susceptibilidade, no entanto, o aspecto em comum é a consonância com a Lei Federal n.º 
6.766 de 19 de dezembro de 1979 que dispõe sobre o parcelamento do solo urbano. Esta lei 
estabelece que em áreas com declividade acima de 30% não será permitido o parcelamento do 
solo. 
 
 
Quadro 4. Classes de declividade encontradas na bacia do Ribeirão Lajeado. 
Intervalo Relevo Área (ha) Área (%) 
 0 – 3% Plano 32,40 5,330 
 3 – 6% Suave Ondulado 40,92 6,731 
 6 – 12% Ondulado 233,38 38,391 
 12 – 20% Forte Ondulado 211,10 34,726 
 20 – 40% Montanhoso 90,07 14,817 
> 40% Escarpado 0,03 0,005 
Total 607,90 100,000 
 
 
Pode-se perceber que a maior parte da bacia encontra-se nos relevos ondulado 
(38,39%) e forte ondulado (34,72%), o que representa declividade entre 6-20%. Segundo 
Lepschet al. (1991) as áreas de relevo ondulado são indicadas para plantio de culturas anuais; 
e as áreas de relevo forte ondulado são impróprias para culturas anuais e indicadas para 
culturas perenes, para proporcionar uma proteção maior ao solo. 
Juntas, a classe de relevo plano, com declividade entre 0-3%, e a classe de relevo 
suave ondulado, entre 3-6%, representam 12,06% da área da bacia, sendo essas áreas 
indicadas para implantação de atividades agrícolas mecanizadas, de cultivo permanente ou 
temporário, bem como pecuária. 
Com declividade de 20-40%, a classe com relevo montanhoso representa 14,81%, uma 
área de 90 hectares. De acordo com Lepschet al. (1991) estas áreas estão sujeitas a erosão, 
portanto recomenda-se a silvicultura ou a manutenção/recuperação da floresta nativa, o que 
consequentemente, contribuirá́ para a preservação ambiental diminuindo os riscos de erosão. 
40 
 
Observando-se a Figura 6 e com base nos dados do quadro 4 é possível perceber que a 
maior do fragmento da bacia do Ribeirão Lajeado se encontra em relevo ondulado e forte 
ondulado sendo recomendadas práticas de conservação do solo devido a risco de ocorrência 
de problemas com erosão. 
 
 
 
Figura 6. Classes de Declive 
 
 
Contudo, constata-se que 61,36% da área é composta de pastagem, cultura que deixa o 
solo muito exposto aos impactos das chuvas. Esse fator somado ao fato da declividade 
predominante da bacia nos atenta ao fato da importância de proteção de toda a área de 
preservação permanente. 
Segundo Gomes e Pereira (2011), as nascentes dos cursos d’água, principalmente as 
associadas a relevo acidentado e/ou presença de solos rasos, caracterizam-se por serem 
porções de área com alta vulnerabilidade natural. Estas características expõem as nascentes a 
uma condição de fragilidade frente a diversos fenômenos, sejam eles naturais (climático ou 
edafoclimático, pedológico e geológico) ou devido a ações antrópicas. De acordo com Rocha 
41 
 
e Gomes (2008), nos aquíferos sedimentares,tendo como exemplo brasileiro o aquífero 
Guarani, sua alimentação ou recarregamento se dá por dois mecanismos: 
• infiltração direta das águas de chuva nas áreas de recarga; 
• infiltração vertical ao longo de descontinuidades nas áreas de confinamento, 
num processo mais lento. 
As áreas de recarga direta representam regiões onde o aquífero se encontra mais 
vulnerável. Dessa forma, o mau uso dos solos dessas áreas pode comprometer, a médio e 
longo prazo, a qualidade da água subterrânea (ROCHA, 1996; GOMES, 2008). 
Com isso, a partir da análise do mapa é possível observar que a bacia em estudo 
apresenta vários pontos de alta fragilidade ambiental natural, principalmente, associado às 
nascentes e as áreas de altas altitudes e declividades. Diante desse cenário, fica evidente a 
necessidade de um manejo especial dessas áreas, a fim de que todo o sistema, o qual inclui as 
áreas de preservação permanente, possa ser gerido de forma sustentável e com a função 
principal de produção de águas resguardada. 
Verifica-se que apesar de diversas práticas conservacionistas, como a realização de 
curvas de nível, existem diversos pontos de erosão em processos mais avançados na área de 
estudo. Algumas dessas áreas encontram-se próximas ao curso d’água e até mesmo próximas 
as nascentes. Conforme exposto, caso não seja primeiramente isolada essa área, com a 
implantação de paliçadas para contenção dos sedimentos dos processos erosivos, há uma 
grande probabilidade de alguns pontos do curso d’água assorearem. 
Além disso, nessas áreas geralmente não basta o isolamento para a recuperação da 
vegetação aluvial, pois devido ao pisoteamento dos animais, o banco de sementes foi perdido 
e muitas das plântulas também foram ingeridas pelos mesmos. As medidas a serem tomadas 
de forma conjunta nessas áreas é o isolamento, contenção do processo erosivo e revegetação 
através do plantio de mudas de espécies adequadas em associação com outros métodos, como 
poleiros, por exemplo. É importante destacar aos proprietários que mesmo em áreas de 
preservação permanente é possível a realização de atividades econômicas, como a coleta e 
utilização de produtos não madeireiros, como frutos, cipós, folhas e afins. 
 
 
 
42 
 
5.4 MEDIDAS DE PROTEÇÃO DO CURSO D’ÁGUA E RECUPERAÇÃO 
AMBIENTAL 
 
Para a melhoria da qualidade ambiental, primeiramente deve-se assegurar a 
manutenção dos quase 72 hectares de floresta nativa existentes na microbacia estudada. As 13 
manchas identificadas devem ser unidas para a formação de corredores contínuos, a partir da 
recomposição da vegetação. Como para muitas regiões, a criação de corredores contínuos ou 
a mudança da permeabilidade da matriz antrópica não é viável, os trampolins ecológicos 
também podem ser considerados como importante alternativa para paisagens fragmentadas 
(GALETTI, 2013). 
O Instituto Florestal de São Paulo aponta a existência de cerca de 1.044.653 hectares 
de áreas ciliares a serem recuperadas apenas no estado de São Paulo, o que requer uma maior 
atenção para a produção de 500 milhões de mudas de espécies florestais (MARTINS, 2010). 
Para a restauração de áreas degradadas e fragmentadas, em especial de preservação 
permanente e ambientalmente frágeis, é necessário a utilização de sementes e mudas de 
espécies nativas com diversidade genética, o que proporciona a continuidade dos processos 
ecológicos e a recuperação da paisagem do entorno, conectando os diversos fragmentos de 
maneira a formar um corredor ecológico. 
O município e seus órgãos ambientais devem cumprir as premissas contidas no Plano 
Diretor da Estância Turística de Avaré incentivando a manutenção dos fragmentos existentes 
e proporcionando a recomposição das APP dos cursos d’água localizados nas propriedades 
com atividades já consolidadas nestas áreas. Além de necessária perante a legislação vigente, 
essa recomposição é extremamente relevante para a manutenção da biodiversidade e da 
resiliência ecológica dos fragmentos de vegetação natural existentes na região, além da 
fundamental atividade de fornecimento de água. 
Segundo o Mapa Florestal dos Municípios de São Paulo (INSTITUTO FLORESTAL, 
2015a), Avaré possui 9.331,52 hectares de floresta nativa, o que equivale a 7,24% de sua área. 
Por possuir uma área urbana pouco extensa comparativamente ao total de seu território, o 
percentual de vegetação nativa é extremamente baixo, devendo ser investido pelo município 
recursos que visem a manutenção e recuperação de áreas de vegetação através de diversos 
instrumentos, como a educação ambiental, fiscalização e até mesmo o pagamento por serviços 
ambientais em áreas de relevante interesse populacional. 
 
 
43 
 
6 CONCLUSÕES 
 
As principais conclusões extraídas dos resultados e discussões do trabalho podem ser 
resumidas nos seguintes tópicos: 
É imperativo o desenvolvimento de estudos como este apresentado nos diversos 
pontos das bacias hidrográficas do estado, principalmente aquelas responsáveis pelo 
abastecimento público de água, visando apontar as áreas ambientalmente frágeis e prioritárias 
de recuperação. 
A manutenção das APP em meio urbano possibilita a valorização da paisagem e do 
patrimônio natural nos diversos aspectos, ecológico, histórico, cultural, paisagístico e 
turístico. Além de possibilitar uma produção de água de fluxo contínuo e de melhor 
qualidade., esses espaços exercem ainda, funções sociais e educativas relacionadas com a 
oferta de serviços ambientais, recreação e a oportunidades de contato com os elementos da 
natureza (educação ambiental), proporcionando uma maior qualidade de vida às populações 
urbanas. 
Por isso, essas áreas exigem um forte empenho no incremento e aperfeiçoamento de 
políticas ambientais urbanas voltadas à recuperação, manutenção e monitoramento das áreas 
ambientalmente frágeis e do cumprimento do exposto no Plano Diretor do município. Deste 
modo, é imprescindível a participação das comunidades, sociedade civil, entidades públicas e 
privadas na gestão das APP. 
Contudo além da necessidade de controle e fiscalização de novas ocupações, 
principalmente por atividades potencialmente degradadoras (como é o caso das pastagens), 
seria plausível a instauração de programas de restauração das áreas de preservação 
permanente já ocupada pela população. Ademais, desenvolver programas de pagamentos por 
serviços ambientais para fortalecer e recompensar os produtores que mantiveram suas áreas 
de preservação permanente em bom estado de conservação, e ainda a distribuição pelo poder 
público de mudas de espécies nativas para o enriquecimento destas áreas. 
Diante do exposto, a recuperação das características ambientais da microbacia do 
Ribeirão do Lajeado consiste em recuperar o sistema do leito do córrego em toda a sua 
extensão degradada. A recuperação da área deverá se dar através de um plano que considere 
os aspectos ambientais, sociais e econômicos, de acordo com a função principal da 
microbacia do Ribeirão do Lajeado de produção de águas. 
 
44 
 
7 REFERENCIAS 
 
ANA. Agência Nacional de Águas. O Comitê de Bacia Hidrográfica: o que é e o que faz? / 
Agência Nacional de Águas. -- Brasília: SAG, 2011. 64 p.: il. -- (Cadernos de capacitação em 
recursos hídricos ; v.1) ISBN 978-85-89629-76-82011. 
 
 
ARCOVA, F. C. S. Avaliação do potencial hidrológico dos nevoeiros e da precipitação 
oculta em ambiente de Floresta Ombrófila Densa Montana na Serra do Mar, Cunha, 
SP. Tese de doutorado. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Universidade de 
São Paulo. 2013. 
 
 
ATTANASIO, C. M. Planos de manejo integrado de microbacias hidrográficas com uso 
agrícola: uma abordagem hidrológica na busca da sustentabilidade - Piracicaba, Tese 
(doutorado) - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, 2004. 
 
 
BARRELLA, W. et al. As relações entre as matas ciliares os rios e os peixes. In: 
RODRIGUES, R.R.; LEITÃO FILHO; H.F. (Ed.) Matas ciliares:

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