Buscar

Monografia-Anderson-Mateus-PiacenAo-Furlan-

Prévia do material em texto

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERENCIAMENTO DE RECURSOS 
HÍDRICOS E PLANEJAMENTO AMBIENTAL EM BACIAS HIDROGRÁFICAS 
__________________________________________________________________________ 
 
 
 
 
 
BIOMONITORAMENTO DO RIBEIRÃO BOA VISTA ATRAVÉS DO 
MACROINVERTEBRADO BENTÔNICO Corydalus cornutus (Lineaus, 
1758), PIRAJU, SP. 
 
 
Anderson Mateus Piacenço Furlan 
 
 
 
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Renata Ribeiro de Araújo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ourinhos-SP 
2012 
 
 
 
 
 
 
 
BIOMONITORAMENTO DO RIBEIRÃO BOA VISTA ATRAVÉS DO 
MACROINVERTEBRADO BENTÔNICO Corydalus cornutus (Lineaus, 
1758), PIRAJU, SP. 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado à banca examinadora para 
obtenção do título de Especialista em 
Gerenciamento de Recursos Hídricos e 
Planejamento Ambiental em Bacias 
Hidrográficas pela UNESP – Campus de 
Ourinhos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ourinhos-SP 
2012 
Banca Examinadora 
 
 
 
 
Prof.ª Dr.ª Renata Ribeiro de Araújo (Orientadora) 
 
______________________________________________ 
 
 
Prof.º Dr.__________________________________ 
 
_________________________________________ 
 
Prof.º Dr.__________________________________ 
 
_________________________________________ 
 
 
 
 
 
 
 
Ourinhos,______ de novembro de 2012 
 
 
 
 
 
 
Ourinhos-SP 
2012 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico 
 
 
Aos meus pais, Veneide e Niuton que 
sempre estiveram comigo, em todos os 
momentos da minha vida, me 
incentivando e dando forças nas horas 
mais difíceis. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Primeiramente a Deus, pelo dom da vida e por iluminar cada passo da minha 
caminhada em busca da realização dos meus sonhos. 
 
A minha orientadora Prof.ª Renata Ribeiro de Araújo pelo incentivo e auxílio 
durante a realização deste estudo. 
 
À minha namorada Giovana, pelo carinho, amor, compreensão, atenção e 
cumplicidade, durante a realização deste trabalho e por todos os dias de minha vida. 
 
A todos que direta ou indiretamente colaboraram na realização do presente 
trabalho, o meu muito obrigado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EPÍGRAFE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“A terra não pertence ao homem; o 
homem pertence a terra.... 
O que ocorrer sobre a terra recairá sobre 
os filhos da terra”. 
 
Chefe Seatle. 
 
FURLAN, Anderson Mateus Piacenço. Biomonitoramento do Ribeirão Boa Vista 
Através do Macroinvertebrado Bentônico Corydalus cornutus (Lineaus, 1758), 
Piraju, SP. 2012. Monografia (Especialização em Gerenciamento de Recursos 
Hídricos e Planejamento Ambiental em Bacias Hidrográficas) – Universidade 
Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. Campus Experimental de Ourinhos, 
Ourinhos (SP) 2012. 
 
 
RESUMO 
 
O presente trabalho teve como objetivo realizar o biomonitoramento do Ribeirão Boa 
Vista, Piraju (SP), utilizando quantitativamente a espécie Corydalus cornutus como 
bioindicador, relacionando-o com características físico-químicas da água. Foram 
realizadas coletas mensais no segundo semestre dos anos de 2010 e 2011. O 
estudo foi realizado na região média (Seção 2) do Ribeirão Boa Vista e em três 
seções de um córrego tributário sem proximidade com a população do município. 
Para coleta das larvas foi utilizado uma tela de cerca de 1 mm, as larvas foram 
contadas no local e devolvidas ao córrego. Foram monitoradas as variáveis pH, 
temperatura, cloro, oxigênio dissolvido, nitrito, amônia total e amônia tóxica in situ. 
Quando comparados os resultados, percebeu-se pouca variação das características 
físico-químicas da água, com exceção das concentrações de oxigênio dissolvido. Os 
dados coletados no estudo comprovam que existe uma grande pressão antrópica 
sobre a fauna do ribeirão Boa Vista, refletindo no reduzido número de indivíduos na 
comunidade destes insetos no determinado local. As atividades antrópicas alteraram 
as condições físicas e ecológicas da área onde foi realizado o estudo, como 
resultado observou-se a mudança no número de indivíduos dessa comunidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Palavras-chave: Recursos hídricos, bioindicadores, macroinvertebrados bentônicos, 
Ribeirão Boa Vista. 
 
 
FURLAN, Anderson Mateus Piacenço. Biomonitoring of Ribeirão Boa Vista 
Through Macroinvertebrado benthic Corydalus cornutus (Lineaus, 1758), Piraju, 
SP. 2012. Monograph (Specialization in Water Resources Management and 
Environmental Planning in Watershed) - University Estadual Paulista "Júlio de 
Mesquita Filho". Experimental Ourinhos Campus, Ourinhos (SP) 2012. 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The present study aimed to conduct a biomonitoring of Boa Vista creek, Piraju (SP), 
quantitatively using the specie as bioindicator Corydalus cornutus, relating it to 
physical and chemical characteristics of water. Monthly collections were made in the 
second half of the years 2010 and 2011. The study was conducted in the middle 
region (Section 2) of Ribeirão Boa Vista and three sections of a tributary stream 
without proximity to the local population. To collect the larvae was used a screen of 
about 1 mm to not leak at collection. The pH, temperature, chlorine, dissolved 
oxygen, nitrite, total ammonia and toxic ammonia in situ were recorded. When the 
results were compared, the physical-chemical characteristics of water were the same 
both in the control group and the studied group, unless the rate of dissolved oxygen. 
The data collected in this study show that there is a great human pressure on the 
fauna of the river Boa Vista, reflecting the small number of individuals in the 
community these insects in a certain place. Human activities altered the physical and 
ecological conditions of the area where the study was conducted as a result there 
was a change in the number of individuals in this community. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Key words: Water resources, biological indicators, benthic macroinvertebrates, Creek 
Boa Vista. 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1. Morfologia de larvas de Megaloptera (Corydalus sp.), dorsal e ventral...... 19 
Figura 2. Localização da Bacia Hidrográfica e das seções de estudo. ...................... 23 
Figura 3. Imagem mostrando duas larvas de Corydalus cornutus no momento da 
coleta. ........................................................................................................................ 26 
Figura 4. Aspecto geral da Seção 1 (Grupo Controle). Coordenadas junto à margem 
do córrego: 23°12’19.87” S, 49°23’3.21” O. .............................................................. 28 
Figura 5. Aspecto geral do Seção 2 A (Grupo Controle). Coordenadas junto à 
margem do córrego: 23°12’24.43” S, 49°23’8.89” O. ................................................ 28 
Figura 6. Aspecto geral do Seção 3 (Grupo Controle). Coordenadas junto à margem 
do córrego: 23°12’29.69” S, 49°23’11.84” O. ............................................................ 28 
Figura 7. Aspecto geral do Seção 2 B (Grupo Estudado). Coordenadas junto à 
margem do córrego: 23°12’05.31” S, 49°23’10.65” O. .............................................. 29 
 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
Gráfico 1. Incidência de larvas nas três seções de amostragem do Grupo Controle.
 .................................................................................................................................. 31 
Gráfico 2. Comparações entre o Grupo Controle e do Grupo Estudado em relação ao 
número de larvas encontradas nas Seções 2 A/B . ................................................... 32 
Gráfico 3. Número de larvas encontradas conciliandoo pH. .................................... 34 
Gráfico 4. Número de larvas encontradas relacionando temperatura da água e o mês 
nas seções 2 A/B. ..................................................................................................... 36 
Gráfico 5. Número de larvas relacionando-as ao O.D. na água e ao mês em que 
foram encontradas. ................................................................................................... 38 
Gráfico 6. Concentração de Amônia Total (ppm) e Amônia Tóxica (ppm). ............... 40 
Gráfico 7. Frequência das larvas encontradas segundo os grupos. .......................... 43 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1. Hierarquia de classificação científica da espécie Corydalus cornutus 
segundo a classificação de Linnaeus (1758)............................................................. 17 
Tabela 2. Indica as médias de medições realizadas no Grupo Controle e no Grupo 
Estudado: .................................................................................................................. 27 
Tabela 3. Indica o número de larvas encontradas por Seções (1, 2 A/B e 3) no Grupo 
Controle e no Grupo Estudado: ................................................................................. 30 
Tabela 4. Indica a presença de cloro nos locais estudados: ..................................... 37 
Tabela 5. Mostra a concentração de amônia total e amônia tóxica: .......................... 41 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12 
 
 
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 14 
2.1 BIOINDICADORES ................................................................................................... 14 
2.2 MACROINVERTEBRADOS BENTÔNICOS ..................................................................... 15 
2.3 ORDEM MEGALÓPTERA E O CORYDALUS CORNUTUS ................................................. 16 
 
3 OBJETIVOS ........................................................................................................... 21 
3.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................... 21 
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................................ 21 
 
4 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO .............................................................. 22 
4.1 CARACTERÍSTICAS GEOLÓGICAS, CLIMA E VEGETAÇÃO ............................................. 23 
 
5 MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................................... 25 
5.1 MONITORAMENTO .................................................................................................. 25 
5.2 SEÇÕES DE MONITORAMENTO ................................................................................. 26 
 
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 30 
 
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 44 
 
 
BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 45 
12 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Durante os séculos, a complexidade dos vários usos da água pelo homem 
aumentou e produziu um grande conjunto de poluição e degradação, também 
contribuindo para excessivas retiradas permanentes para diversas finalidades o que 
consequentemente tem diminuído consideravelmente a disponibilidade de água e 
produzindo muitos problemas de escassez em diversos países e regiões (TUNDISI, 
2005). 
Os fatores responsáveis pelas alterações na qualidade da água podem ser 
decorrentes de contaminações por substâncias químicas orgânicas e inorgânicas 
provenientes de várias fontes artificiais e antrópicas, que podem ser de origem 
pontual, como lançamentos de esgotos urbanos e industriais, ou difusa como 
deposição de resíduos sólidos, uso de pesticidas na agricultura e queima de 
combustíveis fósseis (TOMAZELLI, 2003). 
O desenvolvimento econômico e social e a melhoria nos padrões de vida da 
população levam ao aumento na utilização de novos materiais. Consequentemente, 
produtos químicos desempenham vital função em diversos setores, contribuindo 
para a melhoria do padrão de vida em todo mundo; entretanto, sua utilização está 
associada à contínua liberação de substâncias em forma de metais pesados, 
compostos orgânicos voláteis e solúveis contaminando consideravelmente os corpos 
d’água (ROCHA. ROSA; CARDOSO, 2004). 
As análises de bioindicadores funcionam como uma ferramenta de avaliação 
do efeito tóxico de substâncias poluentes em ecossistemas aquáticos, que através 
da aplicação de técnicas de exposição em três níveis de complexidade (individual, 
celular e molecular) torna possível a elucidação da relação causa/efeito e dose/efeito 
na avaliação de risco à saúde e no monitoramento aquático. (JESUS; CARVALHO, 
2008). 
Os principais organismos utilizados na averiguação da qualidade ambiental 
de um corpo hídrico são os macroinvertebrados bentônicos, peixes e comunidade 
perifítica. Dentre estes grupos, as comunidades bentônicas têm sido utilizadas 
amplamente para se medir a qualidade ambiental de um ecossistema aquático 
13 
 
 
(GOULART; CALLISTO, 2003). Macroinvertebrados bentônicos são considerados 
bons indicadores do nível de degradação, são sensíveis a diversas perturbações no 
ambiente e apresentam grande diversidade de espécies e colonização de diversos 
ecossistemas, além de sua importância nos processos biológicos dos ambientes 
naturais (THOMANZINI; THOMANZINI, 2002). 
Este trabalho avaliará a qualidade ambiental das águas do Ribeirão Boa 
Vista, no município de Piraju – SP, utilizando o macroinvertebrado bentônico 
Corydalus cornutus como bioindicador e análises físico-químicas da água. Espera-se 
que os resultados desta pesquisa possam oferecer auxílio para o aperfeiçoamento 
de medidas de controle ambiental para cursos d’água impactados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
 
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
 
2.1 BIOINDICADORES 
 
 
Bioindicadores são definidos como qualquer resposta a um contaminante 
ambiental ao nível individual, medidos no organismo biológico, indicando uma 
alteração do status normal que não pode ser detectado no organismo ileso 
(LIVINGSTONE apud ARIAS et al., 2007). 
Em geral a alteração da abundância, diversidade e composição do 
organismo em um determinado ecossistema define a perturbação do ambiente 
(BROWN, 1997). 
Organismos indicadores da qualidade de corpos hídricos vêm sendo 
utilizados desde meados de 1930, onde o ponto inicial é a escolha de uma ou mais 
espécies sensíveis aos possíveis contaminantes ambientais (DAMATO apud 
RODRIGUES, 2006). 
Os insetos são considerados bons indicadores de níveis de degradação do 
ambiente, devido a sua grandediversidade de espécies e colonização de diversos 
ecossistemas, além de sua importância nos processos biológicos dos ambientes 
naturais (THOMANZINI; THOMANZINI, 2002). 
O biomonitoramento de comunidades de insetos, com ênfase em insetos 
aquáticos tem uma longa tradição em países do primeiro mundo e distribuído em 
diferentes métodos na utilização em vários países e regiões do mundo (CALLISTO; 
MORENO, 2006). 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
 
2.2 MACROINVERTEBRADOS BENTÔNICOS 
 
 
Os principais organismos utilizados na averiguação da qualidade ambiental 
de um corpo hídrico são os macroinvertebrados bentônicos, peixes e comunidades 
perifítica. Dentre estes grupos, as comunidades bentônicas têm sido utilizadas 
amplamente para se medir a qualidade ambiental de um ecossistema aquático 
(BARBOUR apud GOULART; CALLISTO, 2003). 
Macroinvertebrados bentônicos são organismos com tamanho superior a 0,5 
mm (CUMMINS, 1975). Contudo Oliveira et al. (2004) diverge das ideias de 
Cummins (1975) ao afirmar que os macroinvertebrados bentônicos são organismos 
com tamanho superior a 0,25 mm. No presente estudo os macroinvertebrados 
bentônicos encontrados ficaram entre 0,30 mm a 0,70 mm no Grupo Controle e de 
0,20 mm a 0,40 mm no Grupo Estudado, esta variação no tamanho das larvas pode 
estar ligado ao fato da baixa qualidade ambiental apresentado no Grupo Estudado. 
Estes organismos habitam os sedimentos dos ambientes aquáticos continentais 
colonizando estes ambientes durante parte ou por todo seu ciclo de vida (OLIVEIRA 
et al., 2004). Boa parte de macroinvertebrados alimentam-se de matéria orgânica 
produzida na coluna d’água ou daquela proveniente da vegetação marginal do leito 
do rio (CALLISTO; GONÇALVES; MORENO, 2008). 
Todos os macroinvertebrados bentônicos são de primordial importância aos 
componentes de rios e lagos, essencial para a dinâmica de nutrientes, ao fluxo de 
energia e a transformação da matéria, constituindo uma das principais fontes de 
alimento para diversos tipos de insetos aquáticos, peixes e outros organismos 
(RODRIGUES, 2006). 
O conhecimento taxonômico da fauna aquática está intimamente ligado ao 
acesso aos ambientes aquáticos. Para Silveira (2004) quando os invertebrados de 
uma região geográfica forem razoavelmente bem conhecidos, a maioria dos habitats 
já terão sido alterados. 
A análise da água através destes insetos tem vantagens sobre as análises 
físico-químicas, pois permitem a detecção e avaliação de casos de poluição da 
16 
 
 
água, mais frequentes, devido à contaminação química de substâncias de natureza 
desconhecida ou cujas concentrações são pequenas demais para ser detectada por 
métodos convencionais de físico-químicas. Além disso, esses índices podem 
detectar possíveis efeitos sinérgicos de diferentes substâncias, e alterações dos 
efeitos tóxicos de alguns contaminantes, devido às características intrínsecas de 
cada corpo de água (LÓPEZ, 1998). 
 
 
2.3 ORDEM MEGALÓPTERA E O Corydalus cornutus 
 
 
Os estágios imaturos dos organismos da ordem megalóptera são aquáticos 
e vivem sob rochas e detritos de ambientes lóticos. 
Praticamente em todos continentes existem organismos da ordem 
megalóptera ou megalópteros. Mas a sua preferência por condições ambientais 
muito bem definidas, principalmente em relação à qualidade da água, faz com que 
nas zonas mais quentes do globo a diversidade de espécies seja muito menor 
(RIUS, 2006). 
A ordem Megaloptera é composta por 34 gêneros, cerca de 300 espécies 
espalhadas pelo mundo, 16 espécies no Brasil e 6 espécies no estado de São Paulo 
(TUNDISI et. al, 1997). 
Segundo Azevedo; Hamada (2008) no Brasil foram registrados até o 
momento, dois gêneros Corydalidae: Corydalus e Chloronia. Na região Neotropical 
ocorrem as famílias Corydalidae e Sialidae. A família Corydalidae divide-se em duas 
subfamílias: Corydalinae e Chauliodinae. A subfamília Corydalinae contêm 
aproximadamente cerca de 50 espécies em três gêneros, a subfamília Chauliodinae 
tem 5 gêneros, destes, 4 são encontrados na região Neotropical. 
 
A hierarquia de classificação científica da espécie Corydalus cornutus 
segundo a classificação de Linnaeus (1758) está descrita segundo a Tabela 1. 
 
17 
 
 
Tabela 1 – Hierarquia de classificação científica da espécie Corydalus cornutus 
segundo a classificação de Linnaeus (1758). 
Taxon 
Reino Animalia 
Filo Arthropoda 
Classe Insecta 
Ordem Megalóptera 
Família Corydalidae 
Subfamília Corydalinae 
Gênero Corydalus 
Espécie Corydalus cornutus 
 
 
Os Corydalus cornutus são insetos holometábolos, ou seja, são animais que 
passam por transformações muito significativas durante seus estágios de 
desenvolvimento, possuem tamanho médio a grande (TUNDISI et al., 1997). 
Para Azevedo; Hamada (2008) animais da família Corydalidae podem 
chegar a um tamanho corpóreo até 25 mm. São animais considerados primitivos 
tendo registros fósseis a partir do Paleozóico. 
Em sua fase larvária possui comportamento aquático, cor acastanhada, 
brânquias ao longo dos dois lados de seu abdome, três pares de patas na secção 
média (BIS; KOSMALA, 2005). Possuem mandíbulas muito fortes e na parte terminal 
do abdome possui dois pares de ganchos terminais (TUNDISI et al., 1997). 
Seu habitat restringe em fundo de rios limpos de água doce e de corrente 
lenta, com preferência ao substrato ou embaixo de pedras (BIS; KOSMALA, 2005). 
As larvas são predadores vorazes, que deambulam pelo fundo de rios e lagos à 
procura de invertebrados aquáticos dos quais se alimentam, suas mandíbulas 
18 
 
 
poderosas e sua rapidez permitem capturar as larvas de efemérides, as de 
mosquitos e as de algumas espécies de tricópteros (RIUS, 2006). 
Segundo Azevedo; Hamada (2008) as larvas ainda se alimentam de outros 
invertebrados aquáticos como anelídeos, crustáceos e moluscos, praticam ainda o 
canibalismo e a necrofagia e também acabam servindo de alimento para diversos 
organismos aquáticos como peixes e outros insetos predadores, representando um 
importante componente da cadeia ecológica aquática. 
Quando em seu último estágio larvário constroem câmeras pupais em 
ambientes terrestre, normalmente sobre troncos caídos, pedras, bancos de areia ou 
cascalho, geralmente, às margens dos cursos d’água onde vivem (RIEK apud 
AZEVEDO; HAMADA, 2008). 
Em seu estado larvário são muito sensíveis a baixos níveis de oxigênio na 
água, com preferência a água frias saturadas de oxigênio (BIS; KOSMALA, 2005). 
Rius (2006) corrobora com as ideias de Bis e Kosmala (2005) afirmando que em 
trechos de rios e lagos onde estes animais são encontrados, seja suficiente para 
identificar a boa qualidade da água do local. 
19 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1. Morfologia de larvas de Megaloptera (Corydalus sp.), dorsal e ventral. 
FONTE: Adaptado de AZEVEDO; HAMADA, 2008. 
20Em sua fase adulta apresentam corpo mole, provido de dois pares de asas 
membranosas com muitas nervuras, possui aparelho bucal mastigador, mas alguns 
machos apresentam mandíbulas longas (TUNDISI et al., 1997). Suas asas são bem 
mais compridas que o abdome, o corpo dos adultos e das larvas é muito parecido, 
com a diferença fundamental que as larvas não têm asas (RIUS, 2006). 
Habitam o ambiente terrestre, podendo ter hábitos noturnos, crepusculares e 
diurnos, são encontrados com maior frequência em lugares próximos aos cursos 
d’água, embaixo de troncos de árvores ou locais sombreados, possuem um curto 
período de vida variando de três a treze dias de vida, alimentam-se de sucos de 
frutas e substâncias liquidas açucaradas (AZEVEDO; HAMADA, 2008). Contudo 
Rius (2006) afirma que em muitos casos os adultos sequer se alimentam nesta 
última fase de vida todos os esforços estão voltados à reprodução. 
No cortejo à comunicação ocorre entre fêmeas e machos de duas maneiras, 
em primeiro lugar através de sinais químicos (feromônios) que são liberados por 
glândulas localizadas no abdome dos machos, a segunda é realizada através de 
vibrações do abdome e das asas, estes movimentos abdominais são correspondidos 
pela fêmea, que desta forma indica a predisposição para a copulação, durante esta 
fase é comum observar que vários machos se aproximem desta fêmea, havendo 
disputas entre eles (RIUS, 2006). Após o cortejo ocorre o acasalamento que se 
desenvolve em fases diferentes, o macho persegue a fêmea e coloca a cabeça 
embaixo do abdome feminino, nesta posição o macho estende as asas e curva seu 
abdome para depositar um espermatóforo simples sobre a placa genital feminina, 
que é mantido por um curto período de tempo, depois de alguns instantes quando o 
esperma é liberado no seu trato genital, a fêmea curva seu corpo e come o 
espermatóforo agora vazio (CONTRERAS-RAMOS, 2007). 
Logo após este período sentindo-se segura a fêmea põem seus ovos sobre 
rochas, troncos, folhas de árvores e arbustos ou pontes, em locais sombreados às 
margens ou sobre os cursos de água (RIEK apud AZEVEDO; HAMADA, 2008). O 
desenvolvimento embrionário pode durar de cinco dias a cinco semanas para eclodir 
dependendo das condições climáticas, depois da eclosão as larvas caem na água 
onde viveram de dois a cinco anos nessa fase (RIUS, 2006). 
21 
 
 
3 OBJETIVOS 
 
 
3.1 Objetivo Geral 
 
 
Avaliar a qualidade ambiental do Ribeirão Boa Vista, Piraju (SP), 
monitorando a espécie Corydalus cornutus como bioindicador e variáveis físico-
químicas da água. 
 
 
3.2 Objetivos Específicos 
 
 Monitorar quantitativamente a espécie Corydalus cornutus no Ribeirão 
Boa Vista e no Córrego Paraíso, município de Piraju (SP); 
 Monitorar variáveis físicas e químicas da água no Ribeirão Boa Vista 
e no Córrego Paraíso, município de Piraju (SP); 
 Identificar os principais fatores que afetam a comunidade destes 
insetos; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
 
4 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO 
 
 
A região hidrográfica da vertente paulista do Rio Paranapanema pertence à 
região Hidrográfica da Bacia do Paraná, respeitando a divisão hidrográfica do Brasil 
adotado pelo IBGE e pela ANA, o rio Paranapanema constitui um divisor de águas 
natural dos estados do Paraná e São Paulo, sendo, portanto um rio de domínio da 
União. O Rio Paranapanema se estende por aproximadamente 929 km, percorrendo 
o sentido leste-oeste, desde sua nascente na Serra Agudos Grandes (Capão Bonito-
SP), a 900 m de altitude, até sua foz no Rio Paraná, à altitude de 239 m (SÃO 
PAULO, 2009). 
A área da Bacia Hidrográfica do Rio Paranapanema no estado de São Paulo 
corresponde a 51.751 km2, no estado do Paraná sua área é de 55.057 km2, juntas 
correspondem a 106.808 km2 (BRASIL, 2005). 
O presente estudo foi realizado no Ribeirão Boa Vista e no seu tributário, no 
município de Piraju (SP), o ribeirão possui aproximadamente 2380 m de extensão, o 
curso do rio corta o município e está localizado na Bacia do Rio Paranapanema. 
Segundo dados do IBGE (2010), o município de Piraju situa-se na região 
sudoeste do estado de São Paulo, possui 506,4 km² de extensão geográfica, e está 
a 330 km da capital São Paulo. No ano de 2010 apresentava a estimativa 
populacional de 28.489 habitantes. 
 
 
23 
 
 
Figura 2. Localização da Bacia Hidrográfica e das seções de estudo 
FONTE: Adaptado de Carta Topográfica de Piraju 
 
4.1 CARACTERÍSTICAS GEOLÓGICAS, CLIMA E VEGETAÇÃO 
 
 
O Rio Paranapanema no aspecto geológico encontra-se na Bacia 
sedimentar do Paraná. Essa Bacia foi formada a partir do Siluriano Inferior adequam 
em terrenos pré-cambrianos, envolvendo litologias sedimentares acumuladas até o 
Triássico, rochas efusivas que cobriram as formações sedimentares a partir do 
Jurássico Superior, e ainda rochas sedimentares do Cretáceo e do Cenozóico 
(KAUL apud DIAS, 2003). Quanto à geomorfologia a Bacia sedimentar do Paraná 
drena uma grande área de planalto, com relevo brando caracterizado com vales 
pouco encaixados de formação basáltica da Serra Geral (BARTORELLI apud DIAS, 
2003). 
24 
 
 
No local de estudo predominam-se os solos do tipo Latossolo vermelho-
escuro e Podzólico vermelho-escuro (BRASIL, 2005). 
A precipitação média anual é cerca de aproximadamente 1468 mm, segundo 
o sistema de classificação climático de Köeppen-Geiger a variação climática Cfa 
predomina na região de estudo. O regime de ventos dominantes é o característico 
da região (SE) e sua velocidade média é de 3,1 m/s. Durante o Outono-inverno é 
uma região muito sujeita a nevoeiros e alta umidade relativa do ar. A umidade 
relativa é de 76,9% (SÃO PAULO, 2009). 
Em relação à Bacia do Paranapanema a cobertura vegetal natural ocupa 
aproximadamente 524.000 ha (SÃO PAULO, 2009), e engloba vários tipos 
fisionômicos de vegetação, tais como Mata de Capoeira, Campo Cerrado, Cerradão 
e remanescentes de Mata Atlântica. 
Nos corpos d’água de estudo há vegetação circundante, folhas, galhos, 
troncos e raízes. No Córrego Paraíso a mata ciliar é abundante havendo pouca 
incidência de raios solares sobre a água, já no Ribeirão Boa Vista a mata ciliar é 
inexistente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
 
5 MATERIAIS E MÉTODOS 
 
 
No presente estudo foi realizado o monitoramento da espécie Corydalus 
cornutus e de variáveis limnológicas no Ribeirão Boa Vista e no Córrego Paraíso. O 
monitoramento ocorreu nos meses de julho, agosto, setembro, outubro, novembro, e 
dezembro dos anos de 2010 e 2011, totalizando doze amostragens. 
 
5.1 MONITORAMENTO 
 
As variáveis limnológicas monitoradas foram pH, temperatura, oxigênio 
dissolvido, cloro, nitrito, amônia total e amônia tóxica. Para a medição do pH foram 
utilizados azul de bromotimol, hidróxido de sódio e água destilada, de acordo com a 
metodologia descrita pelo teste colorimétrico Alfa Kit. Para a medição da 
temperatura da água (°C) foi utilizado um termômetro digital.Para a medição do 
oxigênio dissolvido (ppm) foi utilizado sulfato manganoso, água destilada, hidróxido 
de sódio, iodeto de potássio e ácido sulfúrico de acordo com a metodologia descrita 
pelo teste colorimétrico Alfa Kit. Para a medição de cloro (ppm) foi utilizado o-
toluidina, água destilada e ácido clorídrico de acordo com a metodologia descrita 
pelo teste colorimétrico Alfa Kit. Para as medições de amônia total (ppm) e amônia 
tóxica (ppm) foi utilizado nitruprussiato de sódio, álcool isopropílico, água destilada, 
hidróxido de sódio, hipoclorito de sódio de acordo com a metodologia descrita pelo 
teste colorimétrico Alfa Kit. Para a medição de nitrito (ppm) foi utilizado Ácido 
sulfanílico, ácido acético, água destilada, alfa-naftilamina e álcool etílico (teste de 
nitrito) de acordo com a metodologia descrita pelo teste colorimétrico Alfa Kit. 
Para o biomonitoramento foi utilizado o macroinvertebrado Corydalus 
cornutus, justificado pela longa etapa de vida que estes animais permanecem na 
etapa larvária e também devido ao fato destes animais serem muito sensíveis a 
baixos níveis de oxigênio na água, com preferência a águas frias saturadas de 
oxigênio (BIS; KOSMALA, 2005). Para Rius (2006) os trechos de rios e lagos onde 
26 
 
 
estes animais são encontrados já são suficientes para identificar a boa qualidade da 
água do local. 
Para coleta das larvas foi utilizado uma rede entomológica de malha de 1 
mm. A tela foi armada e o fundo do corpo d’água agitado, levantando as pedras e o 
substrato de forma geral, as larvas foram contadas no local e devolvidas aos corpos 
d’água amostrados. 
 
Figura 3. Imagem mostrando duas larvas de Corydalus cornutus no momento da 
coleta. 
 
 
5.2 SEÇÕES DE MONITORAMENTO 
 
 
O estudo foi realizado em uma seção (região média do córrego) do Ribeirão 
Boa Vista e em três seções (cabeceira, médio e foz) do Córrego Paraíso. O Córrego 
Paraíso é tributário do Ribeirão Boa Vista, sua extensão reduzida e de fácil 
monitoramento possibilitou identificar quais fatores seriam primordiais a 
sobrevivência desta espécie, já que existem diferentes taxas de produção ao longo 
do rio, além de possíveis alterações físicas, químicas e biológicas. Com a utilização 
de um aparelho GPS foi obtido à posição geográfica das seções. 
27 
 
 
No presente trabalho o Ribeirão Boa Vista foi nomeado como Grupo 
Estudado, já o córrego tributário, Grupo Controle. Para realização do estudo fez-se 
necessário à utilização de um Grupo Controle, pois na literatura não há relatos 
semelhantes que dessem apoio ao trabalho realizado. Para o Grupo Controle foi 
escolhido um córrego com características físicas semelhantes ao Grupo Estudado, 
entretanto em equilíbrio, com poucas alterações antrópicas. 
 
Tabela 2. Indica as médias de medições realizadas no Grupo Controle e no Grupo 
Estudado: 
 Grupo 
Controle 
Grupo 
Controle 
Grupo 
Controle 
Grupo 
Estudado 
Medições Seção 1 Seção 2 A Seção 3 Seção 2 B 
Comprimento 30 m 30 m 30 m 30 m 
Largura 0,90 m 1,05 m 1,23 m 1,19 m 
Profundidade 6 cm 10 cm 13 cm 14 cm 
 
 
Como se observa na Tabela 2 foi traçado uma seção (seção 2 B) no córrego 
estudado em sua região média, com cerca de 30 metros de comprimento, onde 
foram realizadas as coletas. No Grupo Controle o estudo foi realizado em três locais: 
cabeceira, médio e foz em um total de 405 m de extensão; a distância entre as 
seções 1 (seção 1) e 2 (seção 2 A) ficou compreendida em 215 m e da seção 2 
(seção 2 A) a seção 3 (seção 3) cerca de 190 m. No Grupo Estudado a coleta foi 
realizada a 1190m de sua cabeceira. 
 
 
28 
 
 
 
Figura 4. Aspecto geral da Seção 1 (Grupo Controle). Coordenadas junto à margem 
do córrego: 23°12’19.87” S, 49°23’3.21” O. 
 
 
Figura 5. Aspecto geral da Seção 2 A (Grupo Controle). Coordenadas junto à 
margem do córrego: 23°12’24.43” S, 49°23’8.89” O. 
 
 
Figura 6. Aspecto geral da Seção 3 (Grupo Controle). Coordenadas junto à margem 
do córrego: 23°12’29.69” S, 49°23’11.84” O. 
29 
 
 
 
Figura 7. Aspecto geral da Seção 2 B (Grupo Estudado). Coordenadas junto à 
margem do córrego: 23°12’16.01” S, 49°23’04.83” O. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
 
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
 
Os resultados obtidos durante o monitoramento do Grupo de Estudo e Grupo 
Controle estão dispostos na Tabela 3. 
 
A Tabela 3 indica o número de larvas encontradas por Seções (1, 2 A e 3) no 
Grupo Controle e na Seção 2 B do Grupo Estudado nos anos de 2010 e 2011 
respectivamente: 
 Grupo 
Controle 
2010 
Grupo 
Controle 
2011 
Grupo 
Controle 
2010 
Grupo 
Controle 
2011 
Grupo 
Controle 
2010 
Grupo 
Controle 
2011 
Grupo 
Estudado 
2010 
Grupo 
Estudado 
2011 
 Seção 1 Seção 1 Seção 2 
A 
Seção 2 
A 
Seção 3 Seção 3 Seção 2 
B 
Seção 2 
B 
Julho 11 9 10 15 11 14 3 2 
Agosto 8 8 9 12 10 9 2 1 
Setembro 11 7 10 12 10 9 2 0 
Outubro 12 10 12 14 13 12 4 2 
Novembro 13 10 11 16 14 14 3 2 
Dezembro 13 12 15 15 14 13 3 3 
 
 
Como pode ser observado através dos resultados não houve grande 
variação no número de larvas encontradas nas três Seções do Grupo Controle nos 
anos de 2010 e 2011. Quando comparados as Seções 2 A e 2 B do grupo controle 
e do grupo estudado percebe-se uma alta variação nos resultados. 
Nos resultados percebe-se um número menor de indivíduos do Grupo 
Estudado quando comparado ao Grupo Controle. Provavelmente, este resultado 
está relacionado ao fato de que no ponto onde foram realizadas as coletas no Grupo 
Estudado não havia mata ciliar. Para Azevedo; Hamada (2008) as fêmeas destes 
animais depositam seus ovos em locais sombreados às margens ou sobre os cursos 
d’água. Este fato pode estar ligado à baixa incidência destes animais neste curso 
d’água. 
31 
 
 
O Gráfico 1 demonstra o número de larvas nas três seções de amostragem 
do Grupo Controle. 
 
 
Gráfico 1. Número de larvas encontradas segundo a seção. 
 
 
Como se observa no Gráfico 1 não há alterações significativas no número 
de larvas encontrados nas três Seções do Grupo Controle, ainda observa-se uma 
tendência temporal nas três seções de amostragem, onde os meses de menor 
incidência foram os de julho e agosto, enquanto os de maior foram os meses de 
novembro e dezembro. Na seção 1 no ano de 2010 foram encontrados um total de 
68 larvas enquanto no ano de 2011 esse número diminuiu para 56, na seção 2 o 
número encontrado no ano de 2010 foi de 69 indivíduos enquanto que no ano de 
2011 esse número teve um aumento para 77, já na seção 3 foram encontrados 72 
indivíduos em 2010 e 69 no ano de 2011. Para Storer; Usinger, (1971) essas 
alterações são relativamente normais já que estes animais tem metamorfose 
completa podendo haver transformaçõesdestes insetos em formas maduras ao 
longo dos meses, para as três seções os resultados dos testes físico-químicos foram 
semelhantes, o pH mostrou-se de neutro (7) nos meses de dezembro e novembro 
(2010) na seção 3 a alcalino (7.4) na seção 2 nos meses de julho (2010/2011), a 
temperatura máxima da água foi alcançada pela seção 3 com 24 ºC no mês de 
11 
8 
11 
12 
13 13 
9 
8 
7 
10 10 
12 
10 
9 
10 
12 
13 
15 
12 
10 
12 
14 14 
15 
11 
10 10 
13 
14 14 
12 
9 9 
12 
14 
13 
jul/10 ago/10 set/10 out/10 nov/10 dez/10 jul/11 ago/11 set/11 out/11 nov/11 dez/11
Número de larvas encontradas por pontos de coleta no 
Grupo Controle 
Seção 1 Seção 2 Seção 3
32 
 
 
dezembro, enquanto a mínima foi observada na seção 1 no mês de julho com 19,3 
ºC, o oxigênio dissolvido ficou entre 10 e 11 ppm, as análises de cloro, amônia total 
e amônia tóxica foram negativas. 
 
 
As comparações entre o Grupo Controle e o Grupo Estudado em relação ao 
número de larvas encontradas nas seções 2A e 2B podem ser observadas no 
Gráfico 2: 
 
 
Gráfico 2. Análise comparativa por grupo estudado seção 2. 
 
 
O Gráfico 2 mostra que foram encontradas um total de 146 larvas de 
Coridálidos (Corydalus cornutus) na seção 2 A do córrego que foi utilizado como 
Grupo Controle e um total de 31 larvas na mesma seção (2 B) no córrego estudado 
nos anos de 2010 e 2011 somando um total de 177 larvas capturadas e soltas, 
sendo que, apesar da alta variação quando comparados os dois grupos observa-se 
que o mês em que ocorreu maior incidência foi dezembro, com 15 (8,4%) larvas no 
grupo controle no ano de 2010 e no ano de 2011 representando 16,8% e 4 (2,2%) 
larvas no grupo estudado em 2010 e 5 (2,8%) em 2011 de um total de 177 larvas 
capturadas ao longo dos meses. Pela análise do gráfico constata-se um aumento no 
10 
9 
10 
12 
13 
15 
12 
10 
12 
14 14 
15 
3 
2 2 
3 3 
4 
2 
1 
2 2 2 
5 
jul/10 ago/10 set/10 out/10 nov/10 dez/10 jul/11 ago/11 set/11 out/11 nov/11 dez/11
Número de larvas encontradas por grupo estudado 
Grupo controle Grupo estudado
33 
 
 
número de indivíduos tanto no grupo no Grupo Controle quanto no Grupo Estudado 
a partir do mês de setembro nos anos; corroborando com as ideias de Storer; 
Usinger, (1971) este aumento no número de indivíduos pode estar ligado ao fato que 
a partir do mês de setembro, após o término do inverno e o início da primavera 
aconteça o acasalamento e a postura de ovos da maioria das espécies de insetos 
inclusive aos insetos da Ordem Megalóptera. 
 Em novembro no ano de 2010, no grupo controle foram encontradas 13 
(7,3%) larvas, seguido por outubro 12 (6,8%), setembro e julho 10 (5,6%), agosto 9 
(5%). No ano de 2011 em outubro e novembro foram encontradas 14 larvas (7,9%), 
seguidos por: setembro e julho com 12 (6,8%) e agosto com 10 (5,6%) larvas. 
Quando comparado ao grupo estudado vemos uma grande alteração no 
número de indivíduos, em outubro, novembro e julho de 2010 foram capturadas 3 
(1,7%) larvas, agosto e setembro 2 (1,1%), em 2011 foram encontradas 2 (1,1%) 
larvas nos meses de julho, setembro, outubro e novembro, no mês de agosto 
apenas uma larvas foi encontrada (0,5%). Resultados semelhantes foram 
encontrados no trabalho de Munguia (2007), onde o número de insetos da família 
corydalidae encontrados em córregos da região central do México foi baixa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
 
 
Para as três seções do Grupo Controle os resultados do pH apresentaram-
se estáveis. O Gráfico 3 apresenta os valores de pH da água dos córregos 
monitorados. 
 
 
Gráfico 3. pH da água dos córregos Seções 2A e 2B. 
 
 
O Gráfico 3 aponta que no Grupo Controle e no Grupo Estudado no 
decorrer dos meses não houve grande variação no valor do pH da água dos 
córregos, no Grupo Controle o mês que teve o pH mais alcalino foi o mês de julho de 
2010 (7,3) e julho de 2011 (7,4), seguidos por outubro e dezembro do ano de 2010, 
(7,2), agosto, setembro e outubro 7,1. No córrego controle a mata ciliar é abundante 
protegendo as águas da incidência dos raios solares. 
No grupo estudado também não foi observado uma variação significativa, 
porém todos os valores obtidos foram abaixo de 7, demostrando a acidez da água, 
no mês de agosto foi encontrado o valor de pH em torno de 6,9, nos meses 
seguintes como demonstra o gráfico, há uma baixa gradativa até atingir o pH de 6,5 
no mês de dezembro, neste córrego onde foi realizado o estudo não há nenhuma 
cobertura vegetal, é uma área de pastagem de bovinos com alta incidência de raios 
solares durante todo dia. Segundo Feltre (2004) a incidência solar faz com que a 
0
2
4
6
8
10
12
14
16
 R$40,300.00 R$40,400.00 R$40,500.00 R$40,600.00 R$40,700.00 R$40,800.00 R$40,900.00 R$41,000.00
6
6.2
6.4
6.6
6.8
7
7.2
7.4
7.6
pH Grupo Controle
pH Grupo Estudado
Grupo controle
Grupo estudado
35 
 
 
temperatura da água aumente e o pH diminua, devido a auto ionização da água 
(H2O↔H
++OH-), onde há um aumento dos íons H+, diminuindo o pH. 
Para Deberdt (1997) as águas superficiais naturalmente possuem um pH 
entre 4 a 9. Estes resultados refletem o tipo de solo por onde a água percorre, em 
solos com grande quantidade de carbonatos e bicarbonatos a água tende a ser mais 
alcalina, diferentemente de águas com muita matéria orgânica onde é liberada uma 
grande concentração de dióxido de carbono (CO2) pela decomposição da mesma; o 
dióxido de carbono (CO2) reage com a água (H2O) formando o ácido carbônico 
(H2CO3), representado pela equação: H2O+CO2→ H2CO3, diminuindo o pH da água 
(FELTRE, 2004), no entanto; Silveira (2004) considera que os valores de pH 
adequados à manutenção da vida aquática devem estar entre 6 e 9 unidades e 
ainda afirma que o pH quando baixo interfere no tipo de comunidade de insetos 
bentônicos, Mortimer; Machado (2012) corroboram com as ideias de Silveira (2004) 
ao afirmar que os valores de pH quando abaixo de 5,8 unidades acondicionam 
desequilíbrio e morte de insetos aquáticos. Na seção 2 do Grupo Controle observa-
se uma relação entre o aumento de pH e o aumento do número de indivíduos, 
resultados compatíveis com as observações de Almada; Würdig (2000), no entanto 
Em ambos ambientes os valores encontrados estão dentro dos padrões 
recomendados pela Resolução CONAMA 357/05 (BRASIL, 2005) para águas 
continentais (pH entre 6,0 e 9,0 para águas de Classes I, II, III e IV). 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
 
O Gráfico 4 aponta o número de larvas encontradas relacionando a 
temperatura da água e o mês: 
 
 
Gráfico 4. Número de larvas encontradas conciliando a temperatura e o mês. 
 
 
O Gráfico 4 mostra que o mês que obteve menor temperatura no Grupo 
Controle foi julho (20 ⁰C) no ano de 2011 e no mesmo mês do ano de 2010 (20,3 ºC) 
e o que obteve a maior temperatura foi o mês de dezembro (23,7 C⁰) de 2011 e 
novembro deste mesmo ano (23,5 ºC), nos demais meses a temperatura oscilou 
entre 22,4⁰C a 19,3 ⁰C. 
No Grupo Estudado o mês com a maior temperatura foi dezembro (26, 7 ºC) 
de 2010 e com a menor temperatura setembro (20,1 ⁰C) de 2011. 
O aumento gradativo da temperatura no grupo estudado pode ser explicado 
através da baixa vegetação na margem do córrego, e também pelo término do 
inverno no mês de setembro. Para Nascimento (2009) aumentos significativos de 
temperatura nos corpos d’água são geralmente decorrentes de despejos de origem 
industrial, esgotos domésticos e descargas de usinas termoelétricas. 
0
5
10
15
20
25
30
35
40
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
jul/10 ago/10 set/10 out/10 nov/10 dez/10 jul/11 ago/11 set/11 out/11 nov/11 dez/11
Grupo controle Grupo estudado Temperatura 1 Temperatura 2
37 
 
 
A temperatura da água exerce uma grande influência nos processos físicos, 
químicos e biológicos na água, e também na solubilidade dos gases dissolvidos. 
Uma elevada temperatura faz diminuir a solubilidade dos gases, como o oxigênio 
dissolvido, aumentando a taxa de permuta dos gases, podendo haver mau cheiro, 
isso ocorre com a liberação de gases com odores desagradáveis (Gomes, 2009). 
Segundo Gomes (2009) vários tipos de organismos aquáticos possuem 
limites de tolerância térmica inferior e superior, temperaturas ótimas para 
crescimento, desova e incubação dos ovos. As variações da temperatura são partes 
do regime climático e também devido ao fato dos corpos d'água naturais apresentar 
variações ao passar por determinadas épocas do ano. Friberg e seus colaboradores 
(2001) afirmam que o principal fator para a ecologia e evolução dos insetos 
aquáticos tem relação intrínseca com a temperatura da água em regiões onde a 
temperatura e as durações dos períodos de congelamento estipulam um papel 
primordial na estrutura e composição de comunidades de insetos aquáticos. 
 
 
Observa-se com o auxílio da Tabela 4 que não houve presença de cloro em 
nenhuma das amostras coletadas no Grupo Controle e no Grupo Estudado ao longo 
do período de amostragem. 
 
Tabela 4. Indica a presença de cloro nos locais estudados: 
 Seção 1 Seção 2 Seção 3 
Grupo Controle Não detectado Não detectado Não detectado 
Grupo Estudado *** Não detectado *** 
 
Para Silveira (2010) o cloro é tóxico para todos os organismos aquáticos, 
age destruindo o epitélio das brânquias e provocando a morte por asfixia. 
 
 
 
 
 
38 
 
 
O Gráfico 5 apresenta o número de larvas relacionando-as ao oxigênio 
dissolvido na água e ao mês em que foram encontradas: 
 
 
Gráfico 5. Número de larvas encontradas compondo, oxigênio dissolvido e mês. 
 
 
Como observado no Gráfico 5 há uma grande relação entre oxigênio 
dissolvido e números de indivíduos encontrados. No Grupo Controle onde o oxigênio 
dissolvido varia entre 10ppm a 11ppm notamos um número elevados de larvas, já no 
Grupo Estudado onde a oxigenação da água é baixa, oscilando entre 3,5ppm a 
6ppm percebemos que o número de insetos é muito baixa. 
Nos meses de dezembro de 2010 e 2011 a oxigenação da água ficou em 
11ppm nestes meses foi encontrada a maior quantidade de larvas no Grupo 
Controle com 15 em cada mês (10,1%) de um total de 146 larvas capturadas neste 
grupo. No córrego estudado o mês que teve a menor quantidade de oxigênio é 
agosto de 2011 com 3,5ppm, com um número de 1 (9,6%) larva encontrada. Para 
Contreras-Ramos (2007) todas as espécies da família corydalidae necessitam de 
oxigenação abundante nas águas em que vivem. Bis; Komala (2005) corroboram 
com as ideias de Contreras-Ramos (2007) afirmando que as larvas destes animais 
são muito sensíveis a baixos níveis de oxigênio na água, com preferência a água 
frias saturadas de oxigênio. 
0
2
4
6
8
10
12
14
16
 R$40,300.00 R$40,400.00 R$40,500.00 R$40,600.00 R$40,700.00 R$40,800.00 R$40,900.00 R$41,000.00
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
O.D. Grupo Controle
O.D. Grupo Estudado
Grupo Controle Seção 2
Grupo Estudado Seção 2
39 
 
 
A concentração de oxigênio dissolvido (OD) na água depende de dois 
fatores principais: a temperatura da água e a pressão atmosférica. Quanto menor a 
temperatura e maior a pressão, maior a oxigenação da água. As principais fontes de 
perda de OD são o consumo pela decomposição de matéria orgânica, perdas para a 
atmosfera, respiração de organismos aquáticos e oxidação de íons metálicos, como 
o ferro e o manganês (Esteves 1998). 
 Segundo Silveira (2010) concentrações entre 1,0ppm à 4,0ppm de oxigênio 
dissolvido na água se torna estressante a todos organismos aquáticos, condições de 
acima de 5,0ppm fornecem uma condição adequada a vida destes organismos. A 
Resolução CONAMA 357/05 sugere que o limite mínimo para o oxigênio dissolvido 
seja: 6ppm para águas de Classe I, 5ppm para águas de Classe II, 4ppm para águas 
de Classe III e superior a 2ppm e inferior a 4ppm para águas de Classe IV, no mês 
de agosto (3,5ppm) a água do Grupo Estudado se enquadrou na Classe IV, onde a 
concentração do oxigênio dissolvido (O.D.) é superior a 2ppm e inferior a 4ppm. 
A presença de oxigênio é essencial para diversos organismos aquáticos nos 
processos metabólicos de bactérias aeróbias e outros micro-organismos 
responsáveis pela degradação de poluentes nos sistemas aquáticos, os quais 
utilizam oxigênio como aceptor de elétrons. Ele entra na água via difusão na 
superfície, bem como via processos fotossintéticos, os quais ocorrem devido às 
algas e plantas submersas (Rocha; Rosa; Cardoso, 2004). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
40 
 
 
O Gráfico 6 refere-se concentração de Nitrito NO2 (ppm) encontrada nas 
amostras coletadas: 
 
 
Gráfico 6. Concentração de Nitrito NO2 (ppm). 
 
 
O Gráfico 6 mostra a concentração de nitrito NO2 (ppm) nos meses de julho 
a dezembro nos grupos Estudado e Controle. 
Segundo os resultados obtidos, apenas no grupo Estudado foi observadas 
concentrações de nitrito nas águas, ficando o grupo Controle isento dessa 
substância no decorrer dos meses. O mês que obteve maior concentração foi 
setembro, outubro e dezembro de 2010 e novembro de 2011 com 0,5ppm, os 
demais meses tiveram o resultado de 0,25ppm. Para Silveira (2010) a concentração 
de 0,25ppm é aceitável para os organismos aquáticos, enquanto 0,5ppm já 
demonstra uma condição estressante à vida aquática. Para a Resolução CONAMA 
357/05 as concentrações de nitrito em água doce não deve ultrapassar 1ppm, os 
resultados obtidos não excederam este valor (BRASIL, 2005). 
As atividades humanas vêm aumentando dramaticamente a quantidade de 
nitrogênio inorgânico liberado nos ecossistemas, seja através da aplicação de 
fertilizantes na agricultura, da descarga de dejetos humanos e de seus rebanhos, ou 
0
0.5
1
1.5
2
2.5
3
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
jul/10 ago/10 set/10 out/10 nov/10 dez/10 jul/11 ago/11 set/11 out/11 nov/11 dez/11
Grupo Controle Grupo Estudado Nitrito (Seção 2 A) Nitrito (Seção 2 B)
41 
 
 
da queima de combustíveis fósseis. Os excessos de nitrogênio são eventualmentetransportados para corpos d´água, onde podem, na forma de nitrato, nitrito e 
amônio, podem atingir concentrações tóxicas para os organismos aquáticos 
(JIQUIRIÇA, 2010). Ainda, quando encontrado em elevadas concentrações, pode 
conduzir a um processo de produção exagerada de algas, o que causa o processo 
de eutrofização das águas (PIEDRAS et al., 2006). 
 
 Para a concentração de Amônia Total e Amônia Tóxica das amostras 
coletadas, observa-se na Tabela 5: 
Meses de Análise Grupo 
Controle 
Amônia Total 
Grupo 
Controle 
Amônia 
Tóxica 
Grupo 
Estudado 
Amônia Total 
Grupo 
Estudado 
Amônia 
Tóxica 
 Seção 2 Seção 2 Seção 2 Seção 2 
Jul/2010 0 0 0.25 0.001 
Ago/2010 0 0 0.5 0.002 
Set/2010 0 0 0.5 0.001 
Out/2010 0 0 0.5 0.001 
Nov/2010 0 0 0.25 0.001 
Dez/2010 0 0 0.5 0.002 
Jul/2011 0 0 0.5 0.002 
Ago/2011 0 0 0.25 0.001 
Set/2011 0 0 0.5 0.002 
Out/2011 0 0 0.5 0.002 
Nov/2011 0 0 0.25 0.001 
Dez/2011 0 0 0.25 0.001 
 
 
 
A Tabela 5 aponta a concentração de amônia total (NH3) e amônia tóxica 
dissolvida na água, como observado, no Grupo Controle não houve alteração, 
permanecendo em 0ppm tanto para amônia total quanto para amônia tóxica no 
decorrer dos meses monitorados; no grupo estudado foi encontrado uma pequena 
quantidade de amônia total e também amônia tóxica, ficando com uma concentração 
42 
 
 
de 0,5ppm nos meses de agosto, setembro, outubro, dezembro de 2010 e julho, 
setembro, outubro de 2011, e 0,25ppm nos meses de julho, novembro de 2010 e 
agosto, novembro, dezembro de 2011. Para amônia tóxica foi encontrado nos meses 
de agosto, setembro, outubro, dezembro de 2010 e julho, setembro, outubro de 2011 
um valor de 0,002ppm, em julho e novembro de 2010 e em agosto, novembro, 
dezembro de 2011 a amônia tóxica ficou em 0,001ppm. 
A concentração de amônia tóxica foi calculada, como percentual da amônia 
total, considerando-se a temperatura e o pH. 
Para Piedras et al., (2006) os compostos derivados do nitrogênio dissolvidos 
na água indicam a presença de poluição orgânica devido a ação de processos 
biológicos ativos, podendo em altas concentrações causar vários danos fisiológicos 
aos organismos aquáticos podendo leva-los a morte. Segundo Silveira (2010) as 
condições estressantes aos organismos aquáticos referentes à amônia total é acima 
de 0,1ppm e para amônia tóxica é acima de 0,02ppm, portanto tanto no Grupo 
Controle quanto no Grupo Estudado as amostras se encontram adequadas a vida 
aquática. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
43 
 
 
O Gráfico 7 registra a frequência total das larvas encontradas segundo os 
grupos: 
 
 
Gráfico 7. Frequência das larvas encontradas segundo os grupos. 
 
Como observado o Gráfico 7 mostra o número de larvas encontradas nos 
Grupos Controle e Estudado. 
O monitoramento foi realizado durante o segundo semestre dos anos de 
2010 e 2011. No Grupo Controle foram encontradas um total de 146 larvas, no grupo 
controle 31. 
Como demostra os resultados houve uma grande variação quando 
comparados os dois grupos, o trabalho foi realizado em função de dados 
quantitativos em decorrência do número de larvas encontradas, esses resultados 
mostram a importância de se manter a qualidade do ambiente, principalmente os 
ambientes aquáticos, já que estes são de primordial importância à vida do homem. 
 
 
 
 
Grupo Controle 
82% 
Grupo Estudado 
18% 
Total de Larvas Encontradas 
44 
 
 
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 
Quando comparados os cursos d´agua monitorados, percebem-se poucas 
variações das características físico-químicas da água, contudo as variações do 
oxigênio dissolvido se mostrou importante. A quantidade de larvas encontradas de 
forma geral, portanto reflete a sensibilidade das mesmas na falta de O.D. na água. 
Os dados coletados no estudo comprovam que existe uma grande pressão 
antrópica sobre a fauna do ribeirão Boa Vista, refletindo no reduzido número de 
indivíduos na comunidade destes insetos no determinado local. 
A alteração observada na comunidade de coridálidos (Corydalus cornutus) 
na Seção 2 B do ribeirão Boa Vista indica sua suscetibilidade às mudanças em suas 
características. Essa seção apresentou atividades antrópicas que alteraram 
visualmente as condições físicas e ecológicas da área onde foi realizado o estudo, 
como resultado observou-se a mudança no número de indivíduos dessa 
comunidade, quando comparado ao Grupo Controle. Os resultados disto foram a 
baixa incidência de insetos no ponto de coleta no Grupo Estudado, contrariando 
quantitativamente uma fauna mais abundante no Grupo Controle onde não foi 
observado indícios de impacto ambientais causados pelo homem. 
Estes resultados são de primordial importância para se avaliar a real 
qualidade da água. O monitoramento dessa comunidade ao longo de um maior 
período poderá fornecer informações adequadas para monitorar futuras mudanças 
no Ribeirão Boa Vista e em outros rios e córregos da região sudoeste do estado de 
São Paulo. 
A baixa incidência destes animais neste curso d’água alteram as relações 
ecológicas podendo favorecer outras espécies, principalmente a população de 
dípteros dos quais estes animais se alimentam, ocasionando riscos a população do 
município. 
 
 
 
45 
 
 
Bibliografia 
 
ALMADA, C. M. W.; WÜRDIG, N. L., Avaliação da Fauna Bentônica em Ambiente 
Aquático. In: Centro de Ecologia/UFRGS. Carvão e Meio Ambiente. Porto Alegre: 
Ed. Universidade/UFGRS, 2000. p.784-791. 
 
 
ARIAS, Ana Rosa Linde et al. Utilização de bioindicadores na avaliação de impacto e 
no monitoramento da contaminação de rios e córregos por agrotóxicos. Ciência & 
Saúde Coletiva, 12(1):61-72, 2007. 
 
 
AZEVÊDO, Carlos Augusto Silva de; HAMADA Neusa, 2008. Ordem Megaloptera 
Latreille, 1802 (Arthropoda: Insecta), In: Guia on-line: Identificação de larvas de 
Insetos Aquáticos do Estado de São Paulo. Froehlich, C.G. (org.). Disponível em: 
<http://sites.ffclrp.usp.br/aguadoce/guiaonline> Acesso: 20 mar. 2011 
 
 
BIS, Barbara; KOSMALA, Grażyna. Chave para Identificação de 
Macroinvertebrados Bentônicos de Água Doce. EC funded project CONFRESH, 
Portugal, 2005. 
 
 
BRASIL, Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente-
CONAMA. Resolução nº 357, de 17 de março de 2005. 
 
 
BROWN, K. S. Insetos como rápidos e sensíveis indicadores de uso sustentável de 
recursos naturais. Indicadores ambientais. 1ºed. Sorocaba: s.n., 1997. p.143-151. 
 
CALLISTO, Marcos; GONÇALVES, José Francisco Jr; MORENO, Pablo. 
Invertebrados Aquáticos como Bioindicadores. Universidade Federal de Minas 
Gerais. Belo Horizonte, 2008. 
 
 
CALLISTO, Marcos; MORENO, Pablo. Bioindicadores como ferramenta para o 
manejo, gestão e conservação ambiental. IIº Simpósio Sul de Gestão e 
Conservação Ambiental. Erechim(RS), 2006. 
 
CHARPENTIER, Claudia; ÁVILA, Socorro. Los insectos acuáticos son nuestros 
aliados. Instituto Nacional de Biodiversidad. INBioparque: Santo Domingo de 
Heredia, Costa Rica, 2005. 
 
 
CONTRERAS-RAMOS, Atilano. Los Megalóptera de México: Un Grupo Pequeño 
En Un País Megadiverso. Simposio Internacional Entomología Acuática Mexicana: 
Estado Actual de Conecimiento y Aplicácion. Instituto Mexicanode Tecnología del 
Agua, Sociedad Mexicana de Entomologia: México, 2007. 
http://sites.ffclrp.usp.br/aguadoce/guiaonline
46 
 
 
CUMMINS, K. W. 1975. Macroinvertebrates. Pages 170-198 in Whitton, B. (ed.). 
River ecology. Blackwell Sci., Oxford, UK. 725 p 
 
DEBERDT, André Jean. Qualidade da Água. Educação Ambiental Através da Visão 
Integrada de Bacia Hidrográfica. Universidade de São Paulo: 1997. Disponível em: 
<http://educar.sc.usp.br/biologia/prociencias/qagua.htm>. Acesso em: 12 de jun. 
2011. 
 
 
DIAS, João Henrique Pinheiro. Distribuição Espacial e Temporal da Ictiofauna do 
Trecho do Médio Paranapanema e suas Relações com as Características 
Morfométricas e Limnológicas dos Compartimentos da Bacia. 2003. Tese. 
(Doutorado em Ciências) Universidade Federal de São Carlos. São Carlos. 
Disponível em: 
<http://www.bdtd.ufscar.br/htdocs/tedeSimplificado/tde_arquivos/2/TDE-2006-07 
27T13:14:47Z-1139/Publico/TeseJHPD.pdf>. Acesso em: 12 de mai. 2011. 
 
 
ESTEVES, Francisco de Assis. Fundamentos de Limnologia. 2 ed. São Paulo: 
Zamboni Livros, 1998. 
 
 
FELTRE, Ricardo. Físico-Química. 6 ed. São Paulo: Moderna, 2004. 
 
 
FRIBERG, N. et al. Macroinvertebrate stream communities along regional and 
physico-chemical gradients in Western Greenland. Freshwater Biology, v. 46, p. 
1753-1764, 2001. 
 
 
GOULART, Michael Dave; CALLISTO, Marcos. Bioindicadores de qualidade de água 
como ferramenta em estudos de impacto ambiental. Revista da FAPAM, ano 2, nº1, 
2003. 
 
 
GOMES, Marcos Vinícius Teles. Estudo da Ocorrência de Metais Traço em 
Sedimentos Superficiais do Rio São Francisco à Montante e à Jusante da 
Represa de Três Marias, Minas Gerais, Brasil. 2009. Dissertação. (Mestrado em 
Química). Universidade Federal de Sergipe. São Cristóvão.Disponível em: 
<npgqufs.files.wordpress.com/2011/01/35-marcos-vinicius-teles-gomes.pdf>. Acesso 
em: 10 de jun. 2011. 
 
 
IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Município de Piraju . Disponível 
em:<http://www.ibge.com.br/cidades/default.php>. Acesso em: 29 abr. de 2011. 
 
 
 
http://www.bdtd.ufscar.br/htdocs/tedeSimplificado/tde_arquivos/2/TDE-2006-07-27T13:14:47Z-1139/Publico/TeseJHPD.pdf
http://www.bdtd.ufscar.br/htdocs/tedeSimplificado/tde_arquivos/2/TDE-2006-07-27T13:14:47Z-1139/Publico/TeseJHPD.pdf
http://www.ibge.com.br/cidades/default.php
47 
 
 
JIQUIRIÇA, Paulo Ricardo Ilha. Efeitos Letais e Subletais da Poluição por 
Nitrogênio em Larvas de Anuros. 2010. Dissertação. (Mestrado em Biociências). 
Universidade de São Paulo, São Paulo. Disponível em: 
<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41134/tde-13122010-144109/en.php> 
Acesso em: 23 de mar. 2011. 
 
 
JESUS, Taíse Bonfim de; CARVALHO, Carlos Eduardo Veiga de. Utilização de 
bioindicadores em peixes como ferramenta para avaliação de contaminação 
ambiental por mercúrio (Hg). 2008. Disponível em: 
<http://www.institutomilenioestuarios.com.br/pdfs/Produtos/041/41_JesusCavalho.pd
f>. Acesso em: 28 nov. 2010. 
 
 
LÓPEZ, Tomás. Las Comunidades de Macroinvertebrados como Indicadoras de 
la Calidad del Agua. Universidad Complutense de Madri: Madri, 1998. 
 
 
MORTIMER, Eduardo Fleury; MACHADO, Andréa Horta. Físico-Química. São 
Paulo: Scipione, 2012. 
 
 
MUNGUIA, Ricardo Miguel. Uso de los Macroinvertebrados Acuáticos em el 
Monitoreo Ambiental de Ríos y Arroyos. Simposio Internacional Entomología 
Acuática Mexicana: Estado Actual de Conecimiento y Aplicácion. Instituto Mexicano 
de Tecnología del Agua, Sociedad Mexicana de Entomologia: México, 2007. 
 
 
NASCIMENTO, Luciana Vaz. Características dos principais parâmetros para a 
determinação da qualidade da água. Agência Técnica da Bacia do Rio Doce, 
2009. 
 
 
OLIVEIRA, A.; MORGAN, F. L.; MORENO, P.; CALLISTO, M.. Inventário da Fauna 
de Insetos Aquáticos na Estação Ambiental de Peti (CEMIG). CEMIG, 2004. 
 
 
PIEDRAS, Sérgio Renato Noguez et al. Toxicidade aguda da amônia não ionizada e 
do nitrito em alevinos de Cichlasoma facetum (JENYNS, 1842). Ciências 
agrotecnológicas, Lavras, v. 30, n. 5, p. 1008-1012, set./out., 2006. 
 
 
ROCHA, Julio Cesar; ROSA, André Henrique; CARDOSO, Arnaldo Alves. 
Introdução a Química Ambiental. Porto Alegre: Bookman, 2004. 
 
 
 
 
 
48 
 
 
RODRIGUES, Renata Coelho. Insetos Bentônicos e sua Relação com a 
Qualidade da Água no Rio Mãe Luzia, Treviso, SC. 2006. Dissertação. (Mestrado 
em Ciências Ambientais). Universidade do Extremo Sul Catarinense, Santa Catarina. 
Disponível em: <www.bib.unesc.net/biblioteca/sumario/000028/000028BA.pdf> 
Acesso em: 23 de mar. 2011. 
 
 
RIUS, Carme. Coridálido (larva). Espanha: Cayfosa-Quebecor, 2006. 
 
 
SÃO PAULO (Estado) Secretaria do Meio Ambiente; Coordenadoria de Recursos 
Hídricos. Situação dos Recursos Hídricos no Estado de São Paulo. São Paulo: 
SMA/CRH, 2009. 
 
 
SILVEIRA, Ricardo Muller. Testes e Parâmetros Físico-químicos. Camboriú, Santa 
Catarina. 
 
 
SILVEIRA, Mariana Pinheiro. Aplicação do Biomonitoramento para Avaliação da 
Qualidade da Água em Rios. Jaquariúna: EMBRAPA, 2004. 
 
 
SILVEIRA, Mariana Pinheiro; QUEIROZ, Júlio Ferraz de; BOEIRA; Rita Carla. 
Protocolo de Coleta e Preparação de Amostras de Macroinvertebrados 
Bentônicos em Riachos. Jaquariúna: EMBRAPA, 2004. 
 
 
STORER, Tracy I.; USINGER, Robert L.. Zoologia Geral. São Paulo: Companhia 
Editora Nacional, Editora da USP, 1971. 
 
 
THOMANZINI, Marcílio José; THOMANZINI, Ariane Paes de Barros Werckmeister. 
Levantamento de insetos e análise entomofaunística em floresta, capoeira e 
pastagem no Sudeste Acreano. Rio Branco: EMBRAPA Acre. Circular Técnica, 35. 
41p. 2002. 
 
 
TOMAZELLI, Andréa Cristina. Estudo comparativo das concentrações de 
cádmio, chumbo e mercúrio em seis bacias hidrográficas do Estado de São 
Paulo. 2003. Tese (Doutorado em Biologia Comparada) – Faculdade Estadual de 
Filosofia, Ciência e Letras de Ribeirão Preto da USP, Ribeirão Preto – SP. 
Disponível em: <www.teses.usp.br/teses/.../tde-15032005-173014/ ->. Acesso em: 
25 nov. 2009. 
 
 
TUNDISI, José Galizia. Água no Século XXI: Enfrentando a Escassez. São 
Carlos: RiMa, IIE, 2. Ed., 2005. 
49 
 
 
TUNDISI, Matsumura Takako et al. Biodiversidade do Estado de São Paulo: 
Invertebrados de Água Doce. São Paulo: FAPESP, 1999.

Continue navegando