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VII SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA VIII ENCONTRO DE ZOOTECNIA – UNESP DRACENA DRACENA, 05 e 06 DE OUTUBRO DE 2011 1 Ocorrência de helmintos em grupos de capivaras (Hydrochoerus hydrochaeris) Camargo, C. M. O. N 1 ; Soutello, R. V. G² 1Acadêmica do curso de Zootecnia, UNESP – Campus de Dracena, Rodovia SP 294, Km 651, Dracena, SP. E-mail: carolmaria.zoo@gmail.com ² Professor Dr. UNESP – Campus de Dracena, Rodovia SP 294, km 651, Dracena, SP. E-mail: soutello@dracena.unesp.br Introdução A fauna silvestre brasileira é bastante diversificada, apresentando uma gama variável de espécies no grupo dos mamíferos. A potencialidade da produção de inúmeras espécies silvestres vem sendo pesquisada em todo mundo, demonstrando que estas podem se transformar em fontes renováveis de produtos de grande rentabilidade, contribuindo para o aumento da produção de alimentos e concorrendo, em custo de produção, com os animais domésticos tradicionais (Oda apud Santos, 2011). Segundo Coutinho apud Santos, 2011, o crescimento populacional e a demanda crescente de alimentos remetem urgente a procura do uso racional dos recursos naturais existentes, desde que não comprometa a sobrevivência de várias espécies animais, muitos das quais em via de extinção. Como resultado, a conservação de um recurso natural biótico engloba tanto sua proteção como sua exploração racionais sendo ambos os aspectos baseados no conhecimento da ecologia das espécies a conservar. A criação de animais silvestres com finalidade comercial é um dos caminhos para a preservação de algumas espécies da fauna brasileira, como a capivara (Hydrochoerus hydrochaeris, Linnaeus, 1766). Esta espécie têm potencial zootécnico, pois apresenta capacidade de reprodução em cativeiro, boa prolificidade e outros atributos desejáveis à domesticação. Porém a falta de pesquisas para a abordagem zootécnica desta atividade é o ponto crítico da exploração de animais silvestres, bem como a falta de tecnologia desenvolvida nas diversas regiões do Brasil para que resulte em atividades economicamente rentáveis (Santos, 2011). A capivara (Hydrochoerus hydrochaeris, Linnaeus, 1766) é o maior mamífero roedor existente. Pertence ao Gênero Hydrochoerus, Ordem Rodentia, Família Caviidae e Subfamília Hydrochoerus. Atinge altura média na cernelha de 50 cm. Possui cabeça grande, orelhas curtas e arredondadas, membros curtos e cauda vestigial. Sua pelagem é longa e espessa, variando de castanho-avermelhada para o cinzento na parte superior e de castanha a amarela na parte inferior. Nos membros superiores possui quatro dedos e três nos membros inferiores, estes providos de membranas interdigitais. Seu peso corpóreo pode ultrapassar 80 kg. Apresenta uma glândula sebácea na parte superior da cabeça com células VII SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA VIII ENCONTRO DE ZOOTECNIA – UNESP DRACENA DRACENA, 05 e 06 DE OUTUBRO DE 2011 2 secretoras de um líquido branco e pegajoso que serve para demarcar o território do grupo familiar. A capivara é o único roedor que possui em sua pele glândulas sudoríparas (Madella et al., 2006). Encontrada na América do Sul e Central. É um animal semi-aquático. Ocorre nos mais variados tipos de ambiente, desde matas ciliares a savanas sazonalmente inundáveis, a até 500 m de distância da água. Habita quase todas as bacias hidrográficas brasileiras, sendo recentemente encontrada em centros urbanos de algumas cidades da região sudeste do Brasil. As capivaras vivem em grupos territoriais e o tamanho do território está relacionado com o tamanho do grupo (Pereira, 2007). Segundo Pinto, 2006, a alta eficiência reprodutiva, a alimentação generalista e a baixa exigência quanto ao habitat causaram o desequilíbrio populacional da capivara no Estado de São Paulo. Com grupos territoriais e hábitos semi-aquáticos, os animais ao defecarem na águas dos rios e lagoas, podem liberar ovos e oocistos de várias espécies parasitas, entre estes contaminantes de seres humanos. Algumas espécies de helmintos podem trazer consequências graves à saúde das pessoas, causando lesões em diversos órgãos do corpo humano, sendo assim muito importante conhecer as fontes contaminantes. Desenvolvimento A capivara é parasitada por mais de vinte espécies de helmintos, ocasionando lesões no intestino delgado, intestino grosso e nos vasos sanguíneos do coração, pulmões e rins (Bonutil et al, 2002). Sinkoc et al, 2004, identificaram os parasitos: Capillaria hydrochoeri, Vianella hydrochoeri, Prorozoophaga obesa, Strongyloides sp., Habronema sp., M. Nudacotyle onoecocestus hydrochoeri, Monoecocestus hagmani, T. schistocotyle e H. cabrali em capivaras na região de Araçatuba, Estado de São Paulo. Em 2009, Sinkoc registrou nove espécies em capivaras na Reserva ecológica do Taim, Rio Grande, sendo estas: Protozoophaga obesa, Vianella hydrochoeri, Hydrochoerisnema anomalobursata, Capillaria hydrochoeri, Strongyloides sp., Trichuris spp., Hippocrepis hippocrepis, Taxorchis schistocotyle, Hydrochoeristrema cabrali, Monoecocestus hydrochoeri e M. jacobi. Wendt et al, 2006, encontraram em capivaras de criação semi-intensiva na região de Pelotas, Estado do Rio Grande do Sul os parasitos: Strongyloides chapini, Capillaria hydrochoeri, Vianella hydrochoeri, Hydrochoerisnema anomalobursata e Protozoophaga obesa. Bonuti et al, 2002, identificaram em trinta animais examinados quatorze espécies de helmintos: Nudacotyle valdevaginatus, Nudacotyle tertius, Neocotyle neocotyle, Hippocrepis hippocrepis, Taxorchis schistocotyle, Trichostrongylus axei, Viannella hydrochoeri, VII SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA VIII ENCONTRO DE ZOOTECNIA – UNESP DRACENA DRACENA, 05 e 06 DE OUTUBRO DE 2011 3 Hydrochoerisnema anomalobursata, Strongyloides chapini, Capillaria hydrochoeri, Protozoophaga obesa, Monoecocestus hagmanni, Monoecocestus macrobursatum e Monoecocestus hydrochoeri. Conclusão É de grande importância conhecer as espécies que parasitam as capivaras e contaminam a água e o ambiente devido ao seu grande potencial zootécnico e a proximidades dos animais de grandes cidades. O estudo de sua helmintofauna é um importante acessório no manejo em cativeiro e no controle das zoonoses. Referências BONUTIL, M.R.; Nascimento, A.A; Mapelli, E.B.; Arantes, I.G. Helmintos gastrintestinais de capivaras (Hydrochoerus hydrochaeris) na sub-região de Paiaguás, Pantanal do Mato Grosso do Sul, Brasil. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 23, n. 1, p. 57-62, jan./jun. 2002. MADELLA, D.A.; Neto, E.J.R., Felisberto, M.E.; Souza, C.E. Valores hematológicos de capivaras (Hydrochoerus hydrochaeris) Rodentia: Hydrochoridae de vida livre na região de Campinas-SP. Ciência Rural, Santa Maria, v.36, n.4, 2006. PEREIRA, H.F.A.; Eston, M.R. Biologia e manejo de capivaras (Hydrochoerus hydrochaeris) no Parque Estadual Alberto Loefgren, São Paulo, Brasil. Ver. Inst. Flor., São Paulo, v.19, n.1, p.55-54, jun. 2007. PINTO, G. R. M. Contagem de fezes como índice de abundância de capivaras (Hydrochaeris hydrochaeris). 2003. 43 f. Dissertação (Mestrado em Ecologia de Agroecossistemas) - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Piracicaba. SANTOS, P.R.S.; Assis Neto, A.C. Caracterização histológica dos órgão reprodutivos e suas correlações com o desenvolvimento da espermatogênese em preá (Galea spixii; Wagler, 1831) criadas em cativeiros. Trabalho enviado á revista Anatomia, Histologia e Embriologia, 2011. SINKOC, A.L.; Brum, J.G.W.; Muller, G. Gastrintestinal Helminths of Capybara (Hydrochoerus hydrochaeris, Linnaeus, 1766) in Cattle Breeding Farm in the Area of the Ecological Reserve of Taim, Rio Grande. Braz. Arch. Biol. Technol. v.52 n.2: pp. 327-333, 2009. VII SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA VIII ENCONTRO DE ZOOTECNIA – UNESP DRACENADRACENA, 05 e 06 DE OUTUBRO DE 2011 4 SINKOC, A.L.; Brum, F.A.; Muller, G.; Brum, J. G.W. Helmintos parasitos de capivara (Hydrochoerus hydrochaeris, 1766) na região de Araçatuba, São Paulo, Brasil. Arq. Inst. Biol, São Paulo, v.71, n.3, p.329-333, 2004. WENDT et al. Fauna endoparasitária de capivaras (Hydrochoerus hydrochaeris, LInnaeus, 1766) de criação semi-intensiva na região de Pelotas, RS. XV Congresso de Iniciação Científica e VIII Encontro de Pós-Graduação. UFPEL. 2006.
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