Buscar

Acidentes de trânsito em cidades pequenas de Minas Gerais

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Caio Henriques de Oliveira Lobo Cordeiro
Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte
caiohenriques@pbh.gov.br
Acidentes de trânsito em cidades pequenas de Minas Gerais: comparação 
com cidades médias e grandes
Ronaro de Andrade Ferreira
BHTRANS
ronaroferreira@gmail.com
Pedro Henrique de Oliveira Cardoso
CEFET-MG
pedrooliveiracard@gmail.com
Kimberly Cristina Bastos Leal
CEFET-MG
kimberlyleal211@gmail.com
1015
 
 
9o CONGRESSO LUSO-BRASILEIRO PARA O PLANEJAMENTO URBANO, 
REGIONAL, INTEGRADO E SUSTENTÁVEL (PLURIS 2021 DIGITAL) 
Pequenas cidades, grandes desafios, múltiplas oportunidades 
07, 08 e 09 de abril de 2021 
 
 
 
 
 
 
 
ACIDENTES DE TRÂNSITO EM CIDADES PEQUENAS DE MINAS GERAIS: 
COMPARAÇÃO COM CIDADES MÉDIAS E GRANDES 
 
 
R. A. Ferreira, C. H. L. Cordeiro, P. H. O. Cardoso, K. C. B. Leal 
 
 
 
 
RESUMO 
 
Considerando os elevados índices de acidentalidade no trânsito e a sua variação conforme 
as características dos municípios (população, frota, etc), conhecer o perfil dos acidentes 
permite desenvolver ações preventivas melhor focadas. Os desafios em cidades pequenas 
podem ser ainda maiores. O objetivo foi caracterizar os acidentes ocorridos em municípios 
de Minas Gerais, em 2018, com até 20.000 habitantes e compará-los com indicadores das 
demais cidades mineiras. Tabulou-se dados dos municípios e avaliou-se os acidentes por 
gravidade, tipo de via e comparando-os por população/frota. Municípios médios/grandes 
registraram 2,5 vezes mais acidentes sem vítimas que os pequenos. Nas cidades pequenas 
existem 7,84 vezes mais fatalidades nas rodovias que nas vias urbanas. Cidades pequenas 
atendem necessidades imediatas da população, mas pode ser preciso realizar viagens a outras 
cidades para satisfazer outras necessidades, com o aumento da exposição a acidentes por: (i) 
mais deslocamentos rodoviários; (ii) interação ao trânsito urbano das grandes e médias 
cidades. 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Os elevados índices de acidentalidade no trânsito têm sido um desafio para os gestores 
públicos. Segundo a Organização Mundial da Saúde anualmente morrem 1.35 milhões de 
pessoas, principalmente crianças e jovens entre 5 e 29 anos de idade, em que mais da metade 
são pedestres, ciclistas e motociclistas (WHO, 2018). 
 
Entre os países de média-renda, o Brasil apresentou redução nos índices de acidentalidade 
de acordo com dados preliminares do DATASUS (WHO, 2018; DATASUS, 2020). Em 
todas as unidades federativas do País houve redução na mortalidade por acidentes de 
transporte, mas o número de mortes de motociclistas (35%) e ocupantes de automóvel (23%) 
são alarmantes e a redução foi maior nas capitais e menor nas demais cidades (DATASUS, 
2020), o que mostra a importância de se ampliar os estudos sobre os acidentes no interior 
dos estados. A implantação de políticas públicas específicas para redução dos acidentes de 
trânsito, como o Programa Vida no Trânsito (PVT) que tem como meta a redução da taxa de 
acidentes para 6,31 por 100 mil habitantes, até 2020 , sendo assim, uma das possíveis 
 
 
explicações para a redução (MORAIS NETO et al., 2012). Porém estas iniciativas têm se 
concentrado nas capitais. 
 
O Código de Trânsito Brasileiro, em 1997, estabeleceu que todos os municípios deveriam 
criar uma estrutura municipal para gestão do trânsito, entretanto, apenas 73 dos 853 
municípios de Minas Gerais havia municipalizado o trânsito até novembro/2019, dentre estas 
apenas 3 têm menos de 20.000 habitantes. Esta falta de implementação da gestão municipal 
do trânsito se deve a fatores como: a falta de mão de obra qualificada para implantar e gerir 
o órgão de trânsito no município, escassez de recursos e falta de destinação sistemática de 
recursos financeiros exclusivos para o gerenciamento do trânsito, inexistência de políticas 
de incentivo à municipalização pelos âmbitos federal ou estadual, pouco conhecimento dos 
gestores municipais sobre as competências municipais legalmente estabelecidas, desgaste 
político da implantação de fiscalização (BAVOSO, 2014). 
 
Os acidentes de trânsito trazem consigo, além de diversos outros problemas, impactos 
negativos à economia do País, do Estado, do Município, das empresas e dos indivíduos. O 
crescimento do número de acidentes com vítimas resulta num grande custo econômico aos 
cofres públicos e à sociedade e na sobrecarga de diversos sistemas de atendimento à 
população, como: resgate a vítimas, atendimento médico, remoção dos veículos, capacidade 
do sistema viário e gestão do sistema de mobilidade. Além de vários outros impactos de 
difícil quantificação como: perda de vidas, sequelas permanentes e desestruturação de 
núcleos familiares (IPEA, 2003; VASCONCELLOS, 2005; FERRAZ et al., 2012). 
 
Apesar de que os resultados do cenário nacional sejam de redução dos acidentes, isto pode 
não se refletir a nível local, pois, segundo Vasconcellos (2005), os municípios possuem 
características distintas entre si, os índices de acidentes de trânsito variam dependendo das 
características dos municípios, entre elas, população, frota, grau de motorização e o conjunto 
de políticas públicas de gestão da mobilidade efetivamente implementado. Os municípios 
menores, e as cidades pequenas, apresentam especificidades com relação à dinâmica da 
mobilidade urbana e este objeto precisa ser melhor estudado. 
 
O conhecimento do perfil dos acidentes pode apoiar o planejamento de ações preventivas e 
auxiliar municípios na reversão do cenário atual. Os desafios para cidades de pequeno porte 
podem ser ainda maiores, devido à fragilidade de sua estrutura administrativa. 
 
Considera-se cidades pequenas aquelas que atendem as necessidades básicas imediatas da 
população, mas carecem de estruturas para atendimento a necessidades mais complexas, 
como atendimento médico especializado, educação de nível superior, um mercado com 
grande variedade de produtos. Ou seja, o conceito de cidade pequena ou local não tem 
relação apenas com o tamanho de sua população, mas com sua função no espaço próximo e 
sua relação com as cidades vizinhas (SANTOS, 1979; MOREIRA JUNIOR, 2013). O 
conceito de cidade pequena está associado à função que desempenham na rede urbana 
brasileira (PEREIRA, 2007) e “depende do contexto regional em que ela está inserida e do 
nível de centralidade que possui;” (LEÃO, 2010). 
 
Do ponto de vista da mobilidade, isto significa que moradores de cidades pequenas podem 
ter que, eventualmente, realizar deslocamentos rodoviários para satisfazer suas necessidades 
não imediatas. Para moradores de cidades médias e grandes esta demanda é menor, pois 
alguns destes serviços são oferecidos em sua cidade. 
 
 
 
Alguns estudos analisaram outras variáveis além do tamanho populacional, como critérios 
econômicos e a funções urbanas para a identificação de cidades pequenas (SANTOS, 1979; 
MOREIRA JUNIOR, 2013). Entretanto, neste estudo exploratório, para a análise dos 853 
municípios de Minas Gerais, o critério populacional se mostrou como o mais viável e 
objetivo. 
 
Com isto, o objetivo deste trabalho é analisar o perfil dos acidentes de trânsito dos 
municípios mineiros com menos de 20.000 habitantes e comparar com indicadores das 
demais cidades mineiras. 
 
Para apresentar os resultados, este artigo está estruturado em 5 seções. Após esta breve seção 
introdutória, a seção 2 apresenta o método de análise adotado. A seção 3 apresenta os 
resultados e discussões. A seção 4 apresenta a conclusão do estudo e, a seção 5, por fim, 
apresenta as referências bibliográficas utilizadas para auxiliar a confecção deste artigo. 
 
2 ASPECTOS METODOLÓGICOS 
 
Este trabalho apresenta características de natureza exploratória e descritiva, considerando 
sua proposta de análise do perfil dos acidentes de trânsito em municípios com menos de 
20.000 habitantes (RICHARDSON, 1985). Elaborou-se uma tabela com dados secundários 
de cadamunicípio de Minas Gerais sobre população, frota, acidentes de trânsito e custo com 
internações por acidentes de trânsito, referentes ao ano de 2018, que foram obtidos do IBGE 
(2018), DENATRAN (2019), PRF (2019), SEJUSP/MG (2019) e DATASUS (2020), 
respectivamente. Sendo que os dados de acidentes separavam acidentes com vítima, sem 
vítima e acidentes fatais, além de diferenciar os acidentes ocorridos em rodovias e em vias 
urbanas. 
 
A partir dos dados absolutos foram calculados indicadores para 100.000 habitantes e para 
10.000 veículos para permitir a comparação entre os grupos de municípios. Os municípios 
foram agrupados conforme sua população em 2018, sendo considerados “cidades pequenas” 
aqueles com população inferior a 20.000 habitantes e os demais como “cidades médias e 
grandes”, indistintamente. 
 
Algumas limitações relativas a esta metodologia estão associadas a: (i) subnotificação de 
acidentes de trânsito; (ii) duplicidade do registro de alguns acidentes ocorridos em rodovias 
dentro ou próximo de áreas urbanas; (iii) imperfeição da correspondência de “cidades 
pequenas” com “municípios com menos de 20.000 habitantes”; (iv) erros na identificação 
da gravidade do acidente (sem vítima, com vítima e fatal). 
 
3 ACIDENTES, FROTA E POPULAÇÃO POR TIPO DE MUNICÍPIO 
 
Em Minas Gerais havia 669 municípios com menos de 20.000 habitantes em 2018, e 184 
municípios mais populosos. O total da população e da frota para cada grupo de municípios 
correspondem respectivamente a 5.224.980 e 2.148.217 nos municípios pequenos e 
15.815.682 e 9.043.124 nos demais (Tabela 1), o que equivale a 2,4 e 1,6 habitantes por 
veículo. Ou seja, os municípios mais populosos também têm mais veículos por habitante, o 
que implica em uma maior complexidade da dinâmica do sistema de mobilidade. 
 
O IPEA realizou dois estudos de estimativa de custo de acidentes de trânsito, um para 
aglomerações urbanas, em 2003, e outro para rodovias, em 2006, identificando o custo médio 
 
 
de um acidente sem vítimas, um acidente com vítimas e um acidente fatal (IPEA, 2003; 
2006). Estes valores foram atualizados de forma simplificada pelo IPCA para valores de 
dezembro/2018 e multiplicados pelo número médio de acidentes de cada grupo de 
municípios analisado, permitindo estimar o custo total dos acidentes em cada grupo de 
municípios. Estes custos são assumidos pela administração pública, pelos indivíduos e pelas 
empresas privadas envolvidas no sinistro. 
 
Tabela 1 População, frota, taxa de motorização e custo de acidentes de trânsito por 
grupo de municípios, 2018 
 
Municípios População Frota 
Habitantes/ 
veículo 
Custo 
(milhões de R$) 
Médios e Grandes 15.815.682 9.043.124 1,6 6.182,20 
Pequenos 5.224.980 2.148.217 2,4 1.687,50 
Total 21.040.662 11.191.341 1,9 7.869,70 
 
A Tabela 2 a seguir indica a proporção de população, frota e o custo dos acidentes de trânsito 
por grupo de município. 
 
Tabela 2 Porcentagem da população, frota e o custo de acidentes de trânsito por 
grupo de município, 2018 
 
Municípios % da População % da Frota % do Custo dos acidentes 
Médios e Grandes 75,2 80,8 78,6 
Pequenos 24,8 19,2 21,4 
 
A porcentagem do custo de acidentes para cada porte de cidade é um valor intermediário 
entre a porcentagem de população e a porcentagem da frota destes municípios, ficando 
78,6% com os 184 municípios grandes ou médios e 21,4% com os municípios pequenos. 
 
A Tabela 3, a seguir, mostra o total de acidentes de trânsito agrupados por gravidade, 
separando as cidades pequenas das demais cidades. Nos municípios médios e grandes o 
número de acidentes em vias urbanas foi 6,38 vezes maior que o número de acidentes em 
rodovias e em municípios pequenos foi apenas 1,49 vezes maior. Nas cidades médias e 
grandes, os acidentes fatais nas rodovias são 1,83 vezes mais comuns que os acidentes fatais 
em vias urbanas. Nas cidades pequenas, essa diferença é muito mais intensa, há 7,84 vezes 
mais fatalidades nas rodovias que nas vias urbanas. Ou seja, as mortes por trânsito acontecem 
quase que exclusivamente nas rodovias. 
 
A análise dos percentuais de acidente por gravidade mostra uma grande semelhança no 
padrão com relação aos acidentes em vias urbanas, 74% dos acidentes registrados não 
tiveram vítima e em 25% alguém se lesionou. A única diferença que chama a atenção é com 
relação aos acidentes fatais, 0,4% nas cidades pequenas e 0,2% nas demais. 
 
 
 
 
Tabela 3 Total de acidentes por gravidade, tipo de vias e grupo de municípios de 
Minas Gerais, 2018 
 
Municípios 
Acidentes em rodovias Acidentes em vias urbanas Total 
sem 
vítima 
com 
vítima 
fatal total 
sem 
vítima 
com 
vítima 
fatal total 
Médios e 
Grandes 
18.832 12.319 861 32.012 151.220 52.625 471 204.316 236.328 
Pequenos 6.092 5.720 643 12.455 13.824 4.682 82 18.588 31.043 
Total 24.924 18.039 1.504 44.467 165.044 57.307 553 222.904 267.371 
 
Com relação aos acidentes nas rodovias, as fatalidades nas cidades pequenas também são o 
dobro das cidades médias e grandes, mas aqui já alcançam um valor bem mais expressivo 
5,2% dos acidentes (Tabela 4). Esses municípios também registraram uma proporção maior 
de acidentes com vítima e menos acidentes sem vítima. 
 
Tabela 4 Total de acidentes por gravidade, tipo de vias e grupo de municípios de 
Minas Gerais, 2018 (%) 
 
Municípios 
Acidentes em rodovias Acidentes em vias urbanas 
sem 
vítima 
com 
vítima 
fatal total 
sem 
vítima 
com 
vítima 
fatal total 
Médios e Grandes 58,8 38,5 2,7 100 74,0 25,8 0,2 100 
Pequenos 48,9 45,9 5,2 100 74,4 25,2 0,4 100 
Total 56,1 40,6 3,4 100 74,0 25,7 0,2 100 
 
Os acidentes ocorridos em rodovias são muito mais comuns nos municípios pequenos, onde 
correspondem a 40% do total do que nos demais municípios, onde são apenas 13,5%, como 
pode ser observado na Tabela 5 a seguir. 
 
Tabela 5 Total de acidentes de trânsito em relação ao tipo de via e grupo de 
municípios, 2018 (%) 
 
Municípios Em rodovias Em vias urbanas Total 
Médios e Grandes 13,5 86,5 100 
Pequenos 40,1 59,9 100 
Total 16,6 83,4 100 
 
Com relação a gastos do SUS com internações de vítimas de acidentes de trânsito em 2018, 
a média nos municípios pequenos foi de R$0,02 por habitante, enquanto que nos demais 
municípios foi de R$1,83, grande patê desta diferença se explica pelo fato de que a rede de 
atendimento médico dos municípios com menos de 20.000 habitantes é principalmente de 
atenção primária, onde não há internação de pacientes. 
 
 
 
A atenção secundária e terciária (com internação) é característica de cidades de médio e 
grande porte. Ou seja, os gastos com os moradores de cidades pequenas que ficaram 
internados foram computados para os municípios onde eles ficaram internados. A Tabela 6 
a seguir apresenta o custo das internações por acidentes de trânsito subdivididas por grupo 
de município. 
 
Tabela 6 Total de gastos do SUS com internações por acidentes de trânsito em relação 
ao grupo de municípios, 2018 
 
Municípios Custo das internações (R$) Custo por habitante(R$) 
Médios e Grandes 29.011.185,00 1,83 
Pequenos 108.503,00 0,02 
Total 29.119.688,00 1,38 
 
3.1 Análise das taxas por 100.000 habitantes 
 
A comparação por valores absolutos é difícil, pois os universos são diferentes. Por isso, 
foram utilizadas as taxas por 100.000 habitantes e por 10.000 veículos., prática usual na 
literatura sobre o tema. 
 
A Tabela 7 a seguir é apresentado utilizando o indicador de acidentes por 100.000 habitantes, 
os municípios médios e grandes registraram 2,5 vezes mais acidentes sem vítimas que os 
municípios pequenos. Já para acidentes com vítima esta proporção é de 1,7 vezes e para 
acidentes fatais a situação é o inverso, os municípios pequenos apresentam 1,62 acidentes 
fatais/100.000 habitantes, para os demais municípios o índice é de 0,89. A fatalidade é quase 
o dobro nos municípios pequenos em relação aosdemais. 
 
Tabela 7 Taxa de acidentes por 100.000 habitantes em municípios de Minas Gerais, 
2018 
 
Municípios 
Acidentes sem 
vítima por 
100.000 habitantes 
Acidentes com 
vítima por 
100.000 habitantes 
Acidentes fatais 
por 
100.000 habitantes 
Médios e Grandes 149,43 42,59 0,89 
Pequenos 59,41 24,92 1,62 
Proporção Médios e 
Grandes/Pequenos 
2,52 1,71 0,55 
 
A análise das taxas por 100.000 habitantes, desagregando os acidentes em relação a sua 
gravidade, mostra que as rodovias dos municípios pequenos apresentam uma média maior 
de acidentes com vítima e fatais que as dos municípios médios e grandes. 
 
Já com relação aos acidentes em vias urbanas, as cidades maiores apresentam maior 
gravidade que as cidades pequenas (Tabela 8). 
 
 
 
 
Tabela 8 Taxa de acidentes por 100.000 habitantes por gravidade, tipo de vias e grupo 
de municípios de Minas Gerais, 2018 
 
Municípios 
Acidentes em rodovias Acidentes em vias urbanas Total 
sem 
vítima 
com 
vítima 
fatal total 
sem 
vítima 
com 
vítima 
fatal total 
Médios e Grandes 119,1 77,9 5,4 202,4 956,1 332,7 3,0 1.291,9 1.494,3 
Pequenos 116,6 109,5 12,3 238,4 264,6 89,6 1,6 355,8 594,1 
Todos 118,5 85,7 7,1 211,3 784,4 272,4 2,6 1.059,4 1.270,7 
 
3.2 Análise das taxas por 10.000 veículos 
 
Utilizando o indicador de acidentes por 10.000 veículos os resultados das análises são 
semelhantes. Os municípios médios e grandes apresentam uma frequência maior de 
acidentes de menor gravidade e os municípios pequenos uma probabilidade maior de 
acidentes fatais (Tabela 9). 
 
Tabela 9 Acidentes por frota em municípios de Minas Gerais, 2018 
 
Municípios 
Acidentes sem vítima/ 
10.000 veículos 
Acidentes com vítima/ 
10.000 veículos 
Acidentes fatais/ 
10.000 veículos 
Médios e Grandes 2.613,3 744,8 15,6 
Pequenos 1.445,1 606,0 39,5 
Proporção Médios e 
Grandes/Pequenos 
1,8 1,2 0,4 
 
As rodovias mostram maiores taxas de acidentes nos municípios pequenos e as vias urbanas 
têm mais gravidade em cidades médias e grandes (Tabela 10). 
 
Tabela 10 Taxa de acidentes por 10.000 veículos por gravidade, tipo de vias e grupo 
de municípios de Minas Gerais, 2018 
 
Municípios 
Acidentes em rodovias Acidentes em vias urbanas 
Total sem 
vítima 
com 
vítima 
fatal total 
sem 
vítima 
com 
vítima 
fatal total 
Médios e Grandes 20,8 13,6 1,0 35,4 167,2 58,2 0,5 225,9 261,3 
Pequenos 28,4 26,6 3,0 58,0 64,4 21,8 0,4 86,5 144,5 
Todos 22,3 16,1 1,3 39,7 147,5 51,2 0,5 199,2 238,9 
 
 
3.3 O perfil de um município típico 
 
Ao distribuir o total de acidentes pelo número de municípios, pode-se ter uma ideia da 
realidade média de um município de cada grupo estudado (Tabela 11). 
 
 
 
Tabela 11 Média de população, frota e custo dos acidentes de trânsito por grupo de 
município em Minas Gerais, 2018 (em R$) 
 
Municípios População Frota Custo dos acidentes 
Médios e Grandes 85.954,79 49.147,41 33.599.131,03 
Pequenos 7.810,13 3.211,09 2.522.365,62 
 
Enquanto cada cidade média ou grande tem uma população média de 85 mil habitantes e 
uma frota de 50 mil veículos e gasta R$ 33,6 milhões por ano em acidentes de trânsito, cada 
cidade pequena com cerca de 7,8 mil habitantes em média e 3,2 mil veículos, gasta cerca de 
R$ 2,5 milhões por ano com acidentes de trânsito, sem percebê-lo. 
 
A média dos acidentes segregando-se por gravidade, tipo de vias e grupo de municípios é 
apresentada a seguir, na Tabela 12. 
 
Tabela 12 Média de acidentes por gravidade, tipo de vias e grupo de municípios de 
Minas Gerais, 2018 
 
Municípios 
Acidentes em rodovias Acidentes em vias urbanas 
Total sem 
vítima 
com 
vítima 
fatal total 
sem 
vítima 
com 
vítima 
fatal total 
Médios e 
Grandes 
102,3 67,0 4,7 174,0 821,8 286,0 2,6 1.110,4 1.431,1 
Pequenos 9,1 8,6 1,0 18,6 20,7 7,0 0,1 27,8 46,4 
Todos 29,2 21,1 1,8 52,1 193,5 67,2 0,6 261,3 313,4 
 
Um município médio ou grande terá mais de 100 acidentes de trânsito por mês, sua grande 
maioria nas vias urbanas, com mais de 300 vítimas e oito fatalidades. 
 
Já uma cidade pequena, terá menos de um acidente por semana, e sem vítima, uma vítima a 
cada três semanas e um óbito por ano, sendo este na rodovia. Foram mais de 30.000 acidentes 
no total, mas apenas 46 em cada cidade. Estes baixos valores absolutos ajudam a camuflar 
as altas taxas de acidentalidade por trânsito nas cidades pequenas e a manter a situação de 
ausência de políticas de prevenção de acidentes nesses municípios, seja de fiscalização, de 
educação, de regulamentação ou projetos viários. 
 
 
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
O perfil do sistema de mobilidade e dos acidentes de trânsito nas cidades pequenas de Minas 
Gerais é diferente do perfil das cidades médias e grandes. A cidades pequenas têm uma 
menor taxa de motorização, isto é, menos veículos motorizados em proporção com a 
população, o que deve levar a vias públicas com menor densidade de veículos e menos 
conflitos na ocupação do espaço público. 
 
Observa-se uma prevalência três vezes maior de acidentes em rodovias que nos demais 
municípios, correspondendo a 40% do total de acidentes ocorridos no município. Sendo que 
 
 
a construção, manutenção, operação e fiscalização destas vias não é de responsabilidade do 
município, mas do governo federal ou estadual, ou da concessionária da rodovia privatizada. 
A proporção de acidentes fatais nas cidades pequenas é o dobro das demais cidades, tanto 
nos acidentes das rodovias como nas vias urbanas, em que correspondem a 5,2% e 0,4% do 
total de acidentes em cada tipo de via. 
 
A média dos indicadores utilizados mostra uma cidade de 7.800 habitantes, com 3.300 
veículos motorizados, com 46 acidentes por ano, sendo 15 acidentes com vítima e um 
acidente fatal, que ocorreria em uma rodovia. Estes acidentes geram um custo estimado em 
R$ 2.500.000,00 em gastos para a administração pública, os indivíduos e as empresas. Tais 
conhecimentos do perfil dos acidentes corroboram para ações preventivas dos mesmos, de 
modo, a romper a fragilidade das estruturas administrativas. 
 
Acredita-se que pelo olhar dos indivíduos, as cidades pequenas atendem apenas necessidades 
imediatas da população, e seus moradores são obrigados a realizar viagens a outras cidades 
para satisfazer certas necessidades. Neste momento eles aumentam sua exposição a graves 
acidentes de trânsito de duas formas: (i) realizam viagens rodoviárias onde, devido à 
velocidade e aos veículos pesados, o risco de acidentes graves é maior; (ii) transitam no 
tráfego urbano das cidades médias e grandes, onde os acidentes são mais frequentes que no 
tráfego urbano das cidades pequenas. Desta forma, para satisfazer suas necessidades não 
imediatas eles precisam se expor a riscos maiores de acidentes de trânsito. 
 
5 REFERÊNCIAS 
 
Bavoso, N. C. (2014) O sistema nacional de trânsito e os municípios de pequeno porte, 
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Engenharia, 87 
p. 
 
DATASUS (2020), disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sim/cnv/pobt 
10uf.def (Acesso em 01 abr. 2020). 
 
DENATRAN - Departamento Nacional de Trânsito (2019) Informações de frota: diversos 
anos, disponível em: http://infraestrutura.gov.br/component/content/article/115-portal-
denatran/8558-frota-de-veiculos-2018.html (Acesso em 10 dez. 2019). 
 
Ferraz, A. C. P., Raia Jr., A., Bezerra, B., Bastos, T. e Rodrigues, K. (2012) Segurança 
Viária, ed. São Carlos: Suprema Gráfica e Editora, 332p. 
 
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2018) Síntese de informações de 
cidades, disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/mg/belo-horizonte/panorama 
(Acesso em 10 dez. 2019). 
 
IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (2001) Caracterização e tendências da 
rede urbana do Brasil: configurações atuais e tendências da rede urbana / IPEA, IBGE, 
UNICAMP, Brasília, 404p., disponívelem: http://memoria.org.br/pub/meb000000402/cara 
cterizaoeten2001bras/caracterizaoeten2001bras.pdf (Acesso em 8 mai. 2016). 
 
IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (2003) Impactos sociais e econômicos dos 
acidentes de trânsito nas aglomerações urbanas, Brasília, 43p., disponível em: 
 
 
https://www.almg.gov.br/opencms/export/sites/default/acompanhe/eventos/hotsites/2012/ci
clo_transito/docs/relatorio_acidentes_ipea.pdf (Acesso em 29 abr. 2016). 
 
IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (2006) Impactos sociais e econômicos dos 
acidentes de trânsito nas rodovias brasileiras, Brasília, 80p., disponível em: 
http://www.denatran.gov.br/publicacoes/download/custos_acidentes_transito.pdf (Acesso 
em 9 mai. 2016). 
 
IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (2015) Estimativa dos Custos dos 
Acidentes no Brasil com Base na Atualização Simplificada das Pesquisas Anteriores do Ipea, 
Brasília, 20 p. 
 
Leão, C.S. (2010) Reflexões sobre o desenvolvimento e as pequenas cidades: análise das 
cidades de Dracena e Ouro Verde-SP, Caderno prudente de geografia, vol. 1 (32), p. 135-
153. 
 
Morais Neto, O. L., Montenegro, M. M. S., Monteiro, R. A., Siqueira Júnior, J. B., Silva, M. 
M. A., Lima, C. M., Miranda, L. O. M., Malta, D. C. e Silva Junior, J. B. (2012) Mortalidade 
por Acidentes de Transporte Terrestre no Brasil na última década: tendência e aglomerados 
de risco, Ciência e Saúde Coletiva, v. 17 (9), disponível em: 
http://www.scielo.br/pdf/csc/v17n9/a02v17n9.pdf (Acesso em 01 abr. 2020). 
 
Moreira Junior, Orlando (2013) As cidades na geografia brasileira: a construção de uma 
agenda de pesquisa, GEOUSP: espaço e tempo, São Paulo. 
 
Pereira, Anete Marília (2007) Cidade média e região: o significado de Montes Claros no 
Norte de Minas Gerais, Tese (Doutorado em Geografia) – Universidade Federal de 
Uberlândia, Uberlândia (MG), 347 p. 
 
PRF - Polícia Rodoviária Federal (2019) Dados abertos – acidentes, disponível em: 
https://portal.prf.gov.br/dados-abertos-acidentes (Acesso em 10 dez. 2019). 
 
Richardson, R. J. (1985) Pesquisa social: métodos e técnicas, ed. São Paulo: Atlas, 287p. 
 
Santos, M. (1979) Espaço e Sociedade, Vozes, Petrópolis. 
 
SEJUSP-MG - Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais, SOSP 
- Observatório de Segurança Pública (2019) Base de dados de ocorrências de acidentes de 
trânsito por município e tipo de local no estado de Minas Gerais - jan2012-jun2019, Belo 
Horizonte: SEJUSP. 
 
Vasconcellos, E. A. (2005) A cidade, o transporte e o trânsito, Prolivros, São Paulo. 
 
WHO - World Health Organization (2018) Global Status Report on Road Safety.

Mais conteúdos dessa disciplina