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ESTRATÉGIAS PARA INDEXAÇÃO: MODELOS DE LEITURA 
DOCUMENTÁRIA, METACOGNIÇÃO E NORMALIZAÇÃO 
 
Brisa Pozzi de Sousa 
Docente do curso de Biblioteconomia Unirio/Doutoranda PPGCI-UFMG 
brisapozzi@gmail.com 
 
GT3: Organização da informação e do conhecimento no século XXI 
 
 
RESUMO: O processo de indexação em bibliotecas perpassa a leitura e compreensão 
do documento para representação do seu conteúdo. Nesse sentido, a tarefa de tratamento 
da informação que antecede a representação é puramente intelectual, demandando um 
enfoque que evidencie a consciência e o valor da operação em um sistema 
documentário. Com emprego da pesquisa bibliográfica busca-se apresentar os estudos 
da leitura documentária por modelos, metacognição e normalização com foco na análise 
de assunto. Assim, se almeja a compreensão teórica da leitura documentária, bem como 
estratégias que subsidiem o processo. O indexador deve compreender as etapas e os 
recursos disponíveis, para que a informação documentária disponibilizada no catálogo 
seja padronizada e apta a responder as necessidades da comunidade usuária. 
 
Palavras-chave: Indexação - Análise de assunto. Modelo de Leitura Documentária. 
Indexador humano - Cognição. NBR 12676/1992. 
 
ABSTRACT: The process of indexing in libraries permeates the reading and 
understanding of the document for representation of its content. Accordingly, the 
information treatment task before the representation is purely intellectual, demanding an 
approach that evidencie the consciousness and the value of the operation in a 
documentary system. With use of bibliographic search seeks to present the documentary 
reading studies for models, metacognition and standardization focusing on subject 
analysis. Thus, we aim to theoretical understanding of documentary reading, as well as 
strategies that subsidize the process. The indexer should understand the steps and 
resources available, so that the documentary information provided in the catalog is 
standardized and able to answer the user community needs. 
 
Keywords: Indexing - Subject analysis. Documentary Reading Model. Human indexer 
- Cognition. NBR 12676/1992. 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
A Ciência da Informação engloba diversas atividades relacionadas à organização 
e representação da informação, com foco em práticas aplicáveis que disponibilizem o 
seu acesso. Na abrangência do processo de Organização da Informação, aqui exposto 
pela atividade de indexação, tem-se a finalidade principal de dispor o conteúdo 
temático, ou seja, a informação documentária em um sistema de recuperação que pode 
ser, por exemplo, o catálogo on-line de uma biblioteca. 
Dessa maneira, a organização e a recuperação de informações envolvem o 
processo denominado por Lara (1993, p. 4) de “comunicação documentária”, que enreda 
a codificação e a decodificação dos conteúdos informacionais, a fim de criar 
representações com finalidade de disponibilizar a informação tratada, para ser 
recuperada. 
A atividade de indexação é puramente intelectual demandando pesquisas 
contínuas para seu aperfeiçoamento e, por consequência, também dos sistemas que 
armazenam as representações produzidas. Chaumier (1988, p. 74) ressalta “que a 
indexação é uma operação essencial para que se possam recuperar documentos do 
acervo documentário e então responder, de forma adequada e eficaz, a todo pedido ou 
questão dos usuários.” 
Em relação às etapas, a análise de assunto perfaz o iniciar do processo de 
indexação e também pode ser denominada de: análise conceitual (LANCASTER, 2004), 
estágio analítico ou interpretativo (CESARINO; PINTO apud VICKERY, 1978), 
conceitos tratados no documento (WORLD INFORMATION..., 1981), exame do 
documento (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA..., 1992) entre outros termos. No entanto, 
mesmo com diferentes definições para principiá-lo é consenso que o processo origina-se 
por meio da leitura documentária, realizada pelo indexador humano, o qual compreende 
o documento a fim de identificar os termos que poderão ser utilizados na representação 
do seu conteúdo. 
De acordo com Naves (2001, p. 192) 
o processo de análise de assunto, do ponto de vista do indexador, é 
iniciado com a fase de leitura do texto. Para isso, é necessário que se 
conheçam tipos e estruturas de textos para iniciar-se a sua leitura com 
fins específicos. Após essa leitura, passa-se à fase da extração de 
conceitos que possam representar o conteúdo temático do texto, para 
se chegar ao momento da fase de representação da atinência 
(aboutness), em que são definidos os termos em linguagem natural, 
denominados por Frohmann (1990) de frases de indexação, que, 
depois de traduzidos para uma linguagem de indexação, passam a ser 
chamados de descritores de assunto, cabeçalhos de assunto, palavras-
chave, termos de indexação ou enunciados. 
 
Portanto, a leitura de um texto é uma atividade cognitiva que requer o esforço 
mental do bibliotecário indexador. Também é um processo interativo, em que o leitor 
(indexador) e o autor se relacionam através do texto. O autor estabelece uma coerência 
textual que é recuperada no momento da leitura documentária, e essa reconstituição do 
texto depende de processos cognitivos construídos pelo leitor para sua compreensão. 
Nesse contexto, propõe-se descrever a leitura documentária por modelos 
(FUJITA; RUBI, 2006; FUJITA, 2013), o processamento textual e a metacognição com 
foco na análise de assunto no processo de representação temática, realizado pelo 
indexador humano. Também se compara os direcionamentos da norma brasileira (NBR 
12676/1992) e a relação com os Modelos de leitura levantados. 
 
 
2 LEITURA DOCUMENTÁRIA APLICADA COMO ESTRATÉGIA NA 
INDEXAÇÃO 
 
No Brasil, os estudos de Cintra (1989) fundamentaram a importância da 
compreensão do ato de ler para o cumprimento da atividade de indexação. Kobashi 
(1994) condiciona a importância da realização da leitura no contexto de análise 
documentária. Cunha (1990, p. 141) explica que a análise do documento “passa em 
primeiro lugar pela leitura do texto e sua análise” sendo esta etapa o “momento 
deflagrador” do processo. 
Fujita (1999) em pesquisa aplicada na área de Ciências da Saúde Oral elucida 
que a leitura documentária deve ser realizada de forma estratégica, pois seu objetivo é a 
identificação de termos representativos, sendo através dessa atividade que o indexador 
irá compreender sobre o que trata o documento. Assim, a autora explica que o indexador 
deve utilizar estratégias para identificar os assuntos, além de ter conhecimento na área 
de domínio e da estrutura textual dos documentos. Com isso, deve se dar importância à 
leitura bem estruturada e a sistematização de algum método que auxilie na identificação 
de conceitos do documento. 
Em 2006, Fujita e Rubi desenvolvem uma abordagem sobre a leitura 
documentária, onde apresentam um modelo próprio de leitura para indexação de textos 
científicos, composto por um manual explicativo que contém instruções para leitura 
dividida em três partes, sendo: “I. Exploração do conhecimento da estrutura textual; II. 
Identificação de conceitos; III. Seleção de conceitos” (FUJITA; RUBI, 2006, p. 9). 
De acordo com as autoras supracitadas, na primeira etapa, o manual indica ao 
indexador observar a estrutura textual, pois cada documento possui a sua, evidente ou 
não, que pode ser denominada de superestrutura. Essa observação indicará com maior 
objetividade o assunto tratado evitando o acometimento de equívocos na análise. As 
partes que devem ser exploradas no texto científico são: título em português e em 
inglês; autoria; resumo e o abstract do trabalho científico; palavras-chave e keywords; 
introdução; materiais e métodos; resultados; figuras; discussão dos resultados; 
conclusão e referências bibliográficas. 
Na próxima etapa, e de acordo com a exploração da estrutura textual, o manual 
apresenta questionamentos a serem feitos pelo indexadorao texto científico, em que as 
respostas ocasionam a análise do documento e, por consequência, origina a seleção dos 
termos. Têm-se as seguintes perguntas (RUBI, 2008, p. 117): 
1. O assunto contém uma ação (podendo significar uma operação, um 
processo, etc.)? 
2. O documento possui em seu contexto um objeto sob efeito desta 
ação? 
2.1 o objeto identificado pode ser considerado como parte de uma 
totalidade? 
2.2 o objeto identificado possui características ou atributos 
particulares? 
3. O documento possui um agente que praticou esta ação? 
4. Para estudo do objeto ou implementação da ação, o documento cita 
e/ou descreve modos específicos, por exemplo: instrumentos 
especiais, técnicas, métodos, materiais e equipamentos? 
5. A ação, objeto e agente são considerados no contexto de um lugar 
específico ou ambiente? 
6. Considerando que a ação e o objeto identificam uma causa, qual é o 
efeito desta causa? 
 
Por fim, o manual direciona que a seleção dos termos deve ser feita almejando a 
comunidade usuária e a linguagem documentária utilizada, promovendo a garantia de 
uso do documento. Com isso, as autoras responsáveis pela elaboração do Modelo de 
Leitura Documentária esclarecem que 
consiste, fundamentalmente, da combinação das sistemáticas de 
identificação de conceitos análise conceitual (primeira coluna) e 
abordagem sistemática da Norma 12.676 (segunda coluna) com a 
localização dos conceitos em parte da estrutura textual (terceira 
coluna). (FUJITA; RUBI, 2006, p. 8). 
 
O modelo proposto direciona o profissional na identificação dos conceitos 
tratados no documento, facilitando a análise do indexador. Duas outras colunas devem 
ser atribuídas ao Modelo de Leitura Documentária (Quadro 1), a fim de facilitar a 
apresentação dos termos que representam os conceitos (ação, objeto e outros) indicados 
na primeira coluna e, desses, quais serão traduzidos e adequados para os termos da 
linguagem documentária do sistema. 
 
 
 
 
 
Quadro 1 - Modelo de Leitura Documentária para Textos Científicos: identificação de conceitos 
por questionamento em partes da estrutura textual 
 
Conceito 
(Análise Conceitual) 
Questionamento 
(Norma 12.676) 
Parteda Estrutura 
Textual 
Objeto 
O documento possui em seu contexto um objeto sob efeito de 
uma atividade? 
Introdução 
(Objetivos) 
Ação 
O assunto contém um conceito ativo (por exemplo, uma ação, 
uma operação, um processo, etc)? 
Introdução 
(Objetivos) 
Agente O documento possui um agente que praticou esta ação? 
Introdução 
(Objetivos) 
Métodosdo Agente 
Este agente refere-se a modos específicos para realizar a ação 
(por exemplo, instrumentos especiais, técnicas ou métodos)? 
Metodologia 
Localou Ambiência 
Todos estes fatores são considerados no contexto de um lugar 
específico ou ambiente? 
Metodologia 
Causa e Efeito 
São identificadas algumas variáveis dependentes ou 
independentes? 
Resultados; 
Discussão de 
Resultados 
Pontodevistadoautor; 
Perspectiva 
O assunto foi considerado de um ponto de vista, normalmente 
não associado com o campo de estudo (por exemplo, um 
estudo sociológico ou religioso)? 
Conclusões 
Fonte: Fujita; Rubi (2006) 
 
 Dois trabalhos de conclusão de curso utilizaram o Modelo de Leitura 
Documentária para Artigos Científicos de Fujita e Rubi (2006), na catalogação de 
livros, envolvendo estudo teórico sobre a estrutura do referido material. Silveira (2006) 
e Ribeiro (2010) tiveram como objetivo contribuir com adaptações junto ao Modelo de 
Leitura Documentária para a catalogação de assunto de livros em bibliotecas 
universitárias. Ribeiro (2010) fornece subsídios para a indexação durante o processo da 
catalogação de livros, observando a necessidade de um modelo de leitura adequado, a 
fim de auxiliar o trabalho do profissional e facilitar o usuário no processo de 
recuperação da informação. 
Também no documento livro, a investigação da estrutura textual permite 
localizar nas partes do documento os elementos que compõe o texto como o título, 
autor, resumo, palavra-chave, introdução e resultado para assim se compreender o 
conteúdo de cada uma dessas partes. Um exemplo: na introdução o autor diz quais são 
seus objetivos com a pesquisa e o tema principal. 
A investigação de Reis (2012) trata da observação da estrutura textual durante a 
indexação de livros em bibliotecas universitárias, pois é essencial considerá-la ao 
indexar, sendo que cada tipo de documento apresenta estrutura própria. Assim, a análise 
da estrutura textual pode ser realizada de forma a facilitar a análise de assuntos, pois o 
profissional que realiza este processo pode buscar os termos nos locais mais 
apropriados. Neste contexto, Reis (2012) investiga o indexador enquanto leitor 
profissional, mediante a observação de suas experiências adquiridas com a profissão 
dentro do domínio específico de bibliotecas universitárias. 
Fujita (2013) propõe adaptação do modelo de leitura documentária para 
indexação de textos científicos para a catalogação de assuntos de livros, que consiste na 
modificação referente as partes da estrutura textual do livro, e observa-se alteração da 
terceira coluna em relação ao modelo de textos científicos (FUJITA; RUBI, 2006). 
 
Quadro 2 - Modelo de Leitura Documentária para Indexação na Catalogação de Assuntos de 
Livros em Bibliotecas 
 
Fonte: Fujita (2013) 
Os modelos subsidiam a leitura do indexador que na prática é caracterizada por 
aspectos gerais. Com objetivo de ressaltar a complexidade que envolve a 
profissionalização no contexto das inovações tecnológicas, Moura (2004, p. 159) 
direciona que “a leitura é considerada, por assim dizer, o cerne das ações profissionais 
do bibliotecário.” 
Ainda de acordo com Moura (2004, p. 164) é possível definir o leitor 
bibliotecário como uma “criatura estranha”, e a autora o qualifica como “leitor 
mediador; intérprete que trabalha sobre materialidades discursivas variadas, com o 
objetivo de criar, a partir de suas interpretações, representações condensadas dos textos 
com efeito de completude”. No entanto, a autora concorda que para representar a 
informação, o profissional necessita de instrumentos auxiliares na efetivação do serviço, 
tais como instruções normativas e a leitura técnica. 
Neves, Dias e Pinheiro (2006) identificam as peculiaridades da leitura para fins 
de indexação, como esse tipo se assemelha ou se diferencia da leitura em condições 
normais e as estratégias utilizadas. Neves (2007) apresenta como o ensino de estratégias 
metacognitivas de leitura a alunos do curso de especialização relaciona-se com a 
cognição, metacognição, construção de conceitos e a representação da informação. 
Evidencia a importância de uma permanente reconstrução, assinalando novos caminhos 
possíveis para a formação profissional, de modo a incorporar mudanças que poderão 
compor um novo perfil. 
No sentido que a indexação só pode ser conduzida pela leitura documentária 
torna-se nítida a compreensão dela ser um processo puramente intelectual que envolve a 
capacidade cognitiva do indexador, tanto no aspecto da leitura do documento, quanto na 
sua representação para posterior recuperação. 
Sem a pretensão de discorrer a fundo sobre a Psicologia Cognitiva, a indexação 
pode tirar proveito da área, e isso acontece quando o indexador é entendido como um 
leitor profissional tendo na metacognição a capacidade de monitorar seus processos 
cognitivos durante a leitura documentária. 
De acordo com Jou e Sperb (2006, p. 177) “a compreensão que as pessoas têm 
de seu próprio processamento cognitivo é denominada pela Psicologia Cognitiva de 
metacognição.” As autoras supracitadas baseadas em Flavell e Wellman (1977) 
explicam que inicialmente os trabalhos sobre metacognição centraram na concepção do 
conhecimento que os indivíduos possuíam sobre sua cognição, o que sabiam da sua 
memória e sua atenção. 
Dessa forma, entendeu-se a metacogniçãocomo cognição sobre a cognição. Já 
nas últimas décadas, com o enfoque do Processamento da Informação pela Pscologia 
Cognitiva, entende-se que o sistema cognitivo possui subsistema de controle que 
monitora, planeja e regulamenta os processos mentais. Sendo assim, 
à medida que os processos cognitivos são mais exigidos por situações 
de vida mais complexas, os processos metacognitivos tornam-se mais 
conscientes, sendo a metacognição definida, então, como a capacidade 
de refletir conscientemente sobre os próprios processos cognitivos e 
metacognitivos. (BROWN, 1997; LEFFA, 1996 apud JOU; SPERB, 
2006, p. 178). 
 
Para o desenvolvimento da leitura documentária pelo indexador é possível 
observar os objetivos e as condições específicas para o seu desenvolvimento, bem como 
as estratégias e modelos que podem auxiliar. 
Além disso, Neves (2007, p. 4) se baseando em Pressley e Afflerbach (1995) 
aponta a identificação das atividades de sujeitos durante o processamento textual, 
considerando as etapas que ocorrem antes, durante e após a leitura. Cada um desses 
momentos também se subdivide em subcategorias que possibilitam o estudo dos 
processos de leitura. Abaixo esquematiza-se a síntese. 
 
Quadro 3 - Síntese dos Procedimentos de Leitura segundo Pressley e Afflerbach (1995) 
 
Antes da leitura 
 
Durante a leitura 
 
Após a leitura 
Construção de metas para leitura Visão geral do texto do início ao 
fim (folhear) 
Releitura após a primeira leitura 
Visão geral do texto (skimming) Reconhecimento de partes 
importantes 
Recitação do texto para o aumento 
da memória 
Decisão de ler partes do texto Leitura em voz alta Listagem de porções informativas 
Decisão de eliminar partes da 
leitura do texto 
Repetição e reinício do texto Construção de um resumo coeso 
Ativação do conhecimento 
prévio e relacionado 
Anotações Auto-questionamento e auto-teste 
sobre o conteúdo 
Resumo da previsão de ganhos Pausa para reflexão Reflexão sobre as novas 
informações 
Criação da hipótese inicial, a 
partir da visão geral 
Paráfrase de parte do texto Releitura das partes visando novo 
insight 
 Busca por correlações: palavras, 
conceitos 
Avaliação da possibilidade de 
reconstrução 
 Busca por padrões e modelo no 
texto 
Teste de novas possibilidades de 
reconstrução 
 Predição e construção de 
hipóteses 
Reflexão ou recodificação mental 
do texto 
 Reajuste do nível de 
compreensão da leitura 
 
Fonte: Neves (2007, p. 4-5) 
 
Conforme constatado no quadro acima, segundo Neves (2007) e de acordo com 
Pressley e Afflerbach (1995) as atividades dos sujeitos durante o processamento textual 
ocorrem em três momentos: antes, durante e após a leitura. Ao observarmos as três fases 
é possível perceber que o indexador, durante a leitura documentária, também pode fazer 
uso dos procedimentos apontados para o gerenciamento da sua capacidade cognitiva. 
Através da leitura documentária será possível realizar a abordagem do conteúdo 
informacional para sua posterior representação no sistema de informação. Esse 
procedimento é executado conjuntamente com a análise de assunto, pois são 
concomitantes, sendo impossível para o indexador parar um processo a fim de iniciar o 
outro. 
Após a leitura e análise de assunto, com uso das linguagens documentárias, 
como os cabeçalhos de assunto, tabelas de classificação ou tesauros será atribuído ao 
documento termos que representem o seu conteúdo e o número de classificação que irá 
direcionar sua localização física na estante de um acervo. 
O documento em sua complexidade é analisado, sintetizado e representado para 
posterior recuperação havendo “a reconstituição bruta da informação veiculada no texto 
original” (MOURA, 2004, p. 164). A operação envolve a desconstrução do texto (pela 
leitura e análise) e sua posterior reconstrução, advinda dos produtos documentários. 
Para essa reconstrução, além dos modelos citados e do uso da metacognição o 
indexador poderá contar, também, com o direcionamento da norma brasileira (NBR) 
12676/1992. 
 
3 MÉTODO DE APOIO AO PROCESSO DE INDEXAÇÃO: COMPARAÇÃO 
ENTRE MODELOS DE LEITURA E NBR 12676 
 
Os conceitos escolhidos que representem de forma adequada o que é abordado 
no documento decorre das informações selecionadas que serão estruturadas, utilizando 
os símbolos das linguagens de indexação, quer seja pelo número da classificação, das 
palavras-chave ou descritores atribuídos e, por consequência, os produtos 
documentários, como por exemplo, os índices. 
Nessa construção, os Modelos de Leitura Documentária (FUJITA; RUBI, 2006; 
FUJITA, 2013) são métodos de auxílio ao trabalho do indexador, pois se constata na 
literatura que o profissional apresenta dificuldades no processo de indexação existindo 
ausência de orientações sistematizadas que circundem o processo (SILVA; FUJITA, 
2004). 
Também é possível obter auxílio da NBR 12676 (ASSOCIAÇÃO 
BRASILEIRA..., 1992), pois os Modelos de Leitura para Indexação de Artigos 
Científicos e Livros (FUJITA; RUBI, 2006; FUJITA, 2013) utilizam a combinação de 
estratégias de exploração das estruturas textuais e da abordagem sistemática na 
identificação de conceitos em decorrência do que é proposto pela norma brasileira. 
Algumas observações se fazem importantes para aliar o uso da NBR 12676 
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA..., 1992) aos Modelos. 
A norma não se detém nos conceitos que devem ser mencionados, mas fala da 
“abordagem sistemática” no item 4.3, denominado Identificação de Conceitos 
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA..., 1992, p. 2) para determinar quais serão os elementos 
essenciais à descrição dos assuntos. Direciona o indexador a elaborar listas de aspectos 
que forem identificados como importantes na área coberta pelo índice. 
No entanto, os Modelos de Leitura Documentária (FUJITA; RUBI, 2006; 
FUJITA, 2013) tornam-se mais completos que a norma (ASSOCIAÇÃO 
BRASILEIRA..., 1992) pelo fato de identificarem metodologia que combina exploração 
textual e questionamentos. A norma apenas lista algumas perguntas para ilustrar 
aspectos a serem incluídos, em decorrência do que for identificado no documento. 
Constata-se, também, que a norma indica as partes textuais que o leitor 
profissional deve se deter no momento da leitura, todavia esta indicação serve apenas 
para o indexador fazer uma leitura rápida do texto, pois a NBR 12676 não direciona o 
que deve se encontrar em cada parte textual. 
Os Modelos de Leitura Documentária utiliza-se de alguns questionamentos da 
referida NBR, porém indicando a estrutura textual e os conceitos a serem encontrados. 
A norma representa o aspecto mais técnico do exame do documento, sem se questionar 
ou identificar o indexador como leitor. De acordo com Fujita (2003) o indexador deve 
ser visto como leitor profissional, porém um leitor diferenciado do leitor comum, pois 
tem objetivos profissionais na leitura para que possa determinar o assunto do 
documento. 
Tanto os Modelos de Leitura Documentária quanto a NBR 12676 podem 
colaborar com o indexador na construção da informação documentária, pois esse tipo de 
informação assume dupla função: “promover a identificação de itens informacionais que 
respondam de modo pertinente a uma dada pergunta e, de outro, deve permitir a tomada 
de decisão sobre a consulta ou não do documento original.” (KOBASHI, 1994, p. 24). 
Diante o exposto se observa que ao executar a indexação o profissional assume 
função vital no sistema documentário, sendo a metodologia empregada na leitura 
documentária e, por consequência, na análise de assunto do documento pontos 
fundamentais para um processo de êxito. 
 
 
4 CONSIDERAÇÕES 
 
Em busca de metodologia para elaboração da informação documentária é salutar 
ponderar um conjunto de itens que envolvem o processo de indexação, tendo inclusive 
que considerar os métodos que podem ser empregados nessa construção. 
Passamos por vários períodos envolvendo o entendimentodo processo de leitura 
e representação da informação, e hoje temos ao alcance resultados de pesquisas que 
abordam a sistematização do processo, o entendimento da leitura documentária, o 
gerenciamento cognitivo, aplicação dos modelos, entre outros fundamentos que 
fornecem ao bibliotecário aporte para aprimorar a execução da atividade de indexação. 
A sistematicidade do processo é necessária para a produção da informação 
documentária, pois se devem buscar metodologias e definições que englobem a 
exploração temática do documento. Langridge (2006, p. 106) afirma que “não é tão 
simples e imediato analisar o assunto de um documento.” Na complexidade da atividade 
concorda-se com Naves (2001, p. 189) que declara: “o processo de análise de assunto 
deve ser independente do vocabulário controlado utilizado no sistema de recuperação da 
informação.” 
O indexador deve compreender as etapas e lançar mão dos recursos que 
subsidiem o processo de indexação, buscando a compreensão por completo da 
atividade, para que a informação documentária disponibilizada no catálogo venha estar 
apta a responder as necessidades da comunidade usuária. 
Na efetivação da operação de indexação, compreende-se que ela deve ser 
realizada para quem fará uso. Com isso, a informação representada deve ter um valor 
informativo e ser pertinente as necessidades de busca, para que haja o mínimo possível 
de ruídos e silêncios. De acordo com Chaumier (1988) quando os documentos 
recuperados não condizem com a pertinência do que é solicitado pelo usuário, 
predomina o ruído, e quando os documentos pertinentes não são recuperados, se produz 
ausência de resposta, ou seja, silêncio. 
O trabalho do indexador é desafiador, posto à infinita produção científica, aliada 
a subjetividade do processo de indexação, ao conhecimento prévio do profissional, sua 
formação e experiência na área que atua (NAVES, 2001). Sendo assim, na leitura 
documentária o indexador introduz sua percepção e intelecto ao texto por meio de suas 
ações e capacidade subjetiva de interpretar. 
No entanto, para que não ocorra ambiguidade no entendimento do significado do 
conteúdo o documento deve ser analisado de acordo com o contexto que está inserido. 
Além disso, o gerenciamento da cognição via o entendimento e uso das metodologias de 
apoio à indexação também poderá auxiliar o leitor indexador no processo. Nesse sentido 
é claro que a criação da informação documentária está envolvida pela cognição do 
profissional, constituindo-se num processo puramente intelectual. 
Deve fazer parte das discussões dos indexadores a utilização dos métodos que 
subsidiem a leitura documentária, a fim de serem testados e aprimorados, e assim a área 
poder se desenvolver com a mesma intensidade da busca de informação pela 
comunidade usuária. 
 
REFERÊNCIAS 
 
 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12676: métodos para 
análise de documentos - determinação de seus assuntos e seleção de termos de 
indexação. Rio de Janeiro, 1992. 4 p. 
 
CESARINO, M. A. da. N.; PINTO, M. C. M. F. Cabeçalho de assunto como linguagem 
de indexação. Revista da Escola de Biblioteconomia da UFMG, Belo Horizonte, v. 7, 
n. 2, p. 268-288, set. 1978. 
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