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Anatomia Humana Aplicada à Educação Física

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Prévia do material em texto

ANATOMIA
HUMANA APLICADA
À EDUCAÇÃO FÍSICA
PROFESSORA
Dr.ª Carmem Patrícia Barbosa
ANATOMIA 
2 
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de Administração 
Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva, Presidente 
da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes e Tiago Stachon, Diretoria de Design Educacional 
Débora Leite, Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho, Diretoria de Permanência 
Leonardo Spaine, Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho, Gerência de 
Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia, Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey, 
Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila Toledo, Supervisão Operacional de Ensino 
Luiz Arthur Sanglard, Coordenador de Contéudo Mara Cecilia Rafael Lopes, Projeto Gráfico Jaime 
de Marchi Junior e José Jhonny Coelho Editoração Humberto Garcia da Silva, Designer Educacional 
Maria Fernanda Vasconcelos, Ana Claudia Salvadego, Revisão Textual DanielaFerreira dos Santos, 
Pedro Afonso Barth, Ilustração Bruno Pardinho, Fotos Shutterstock.
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; 
BARBOSA, Carmem Patrícia.
 Anatomia Humana Aplicada à Educação Física. Carmem Patrícia Barbosa.
 Maringá - PR.:UniCesumar, 2016. Reimpresso em 2018.
 230 p.
 “Graduação em Educação Física - EaD”.
 1. Anatomia. 2. Humana. 3. EaD. I. Título.
 ISBN 978-85-459-0437-3
CDD - 22ª Ed. 701.1 
CIP - NBR 12899 - AACR/2
NEAD 
Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 
Jd. Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
Impresso por:
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande 
desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, 
informação, conhecimento de qualidade, novas 
habilidades para liderança e solução de problemas 
com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência 
no mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: 
as escolhas que fizermos por nós e pelos nossos fará 
grande diferença no futuro.
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar assume 
o compromisso de democratizar o conhecimento por 
meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos 
brasileiros.
No cumprimento de sua missão – “promover a 
educação de qualidade nas diferentes áreas do 
conhecimento, formando profissionais cidadãos que 
contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade 
justa e solidária” –, o Centro Universitário Cesumar 
busca a integração do ensino-pesquisa-extensão com 
as demandas institucionais e sociais; a realização 
de uma prática acadêmica que contribua para o 
desenvolvimento da consciência social e política e, por 
fim, a democratização do conhecimento acadêmico 
com a articulação e a integração com a sociedade.
Diante disso, o Centro Universitário Cesumar almeja 
ser reconhecida como uma instituição universitária 
de referência regional e nacional pela qualidade 
e compromisso do corpo docente; aquisição de 
competências institucionais para o desenvolvimento 
de linhas de pesquisa; consolidação da extensão 
universitária; qualidade da oferta dos ensinos 
presencial e a distância; bem-estar e satisfação da 
comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica 
e administrativa; compromisso social de inclusão; 
processos de cooperação e parceria com o mundo 
do trabalho, como também pelo compromisso 
e relacionamento permanente com os egressos, 
incentivando a educação continuada.
Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar
boas-vindas
Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à 
Comunidade do Conhecimento. 
Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar 
tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores 
e pela nossa sociedade. Porém, é importante 
destacar aqui que não estamos falando mais daquele 
conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas 
de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, 
atemporal, global, democratizado, transformado pelas 
tecnologias digitais e virtuais.
De fato, as tecnologias de informação e comunicação 
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, 
informações, da educação por meio da conectividade 
via internet, do acesso wireless em diferentes lugares 
e da mobilidade dos celulares. 
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram 
a informação e a produção do conhecimento, que não 
reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em 
segundos.
A apropriação dessa nova forma de conhecer 
transformou-se hoje em um dos principais fatores de 
agregação de valor, de superação das desigualdades, 
propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. 
Logo, como agente social, convido você a saber cada 
vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a 
tecnologia que temos e que está disponível. 
Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg 
modificou toda uma cultura e forma de conhecer, 
as tecnologias atuais e suas novas ferramentas, 
equipamentos e aplicações estão mudando a nossa 
cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o 
conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância 
(EAD), significa possibilitar o contato com ambientes 
cativantes, ricos em informações e interatividade. É 
um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá 
as portas para melhores oportunidades. Como já disse 
Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. 
É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer. 
Willian V. K. de Matos Silva
Pró-Reitor da Unicesumar EaD
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está 
iniciando um processo de transformação, pois quando 
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou 
profissional, nos transformamos e, consequentemente, 
transformamos também a sociedade na qual estamos 
inseridos. De que forma o fazemos? Criando 
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes 
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível 
com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. 
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de 
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo 
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens 
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem 
dialógica e encontram-se integrados à proposta 
pedagógica, contribuindo no processo educacional, 
complementando sua formação profissional, 
desenvolvendo competências e habilidades, e 
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, 
Janes Fidélis Tomelin
Pró-Reitor de Ensino de EAD
Kátia Solange Coelho
Diretoria de Graduação e Pós
de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, 
estes materiais têm como principal objetivo “provocar 
uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta 
forma possibilita o desenvolvimento da autonomia 
em busca dos conhecimentos necessários para a sua 
formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de 
crescimento e construção do conhecimento deve 
ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos 
pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar 
lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA 
– Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos 
fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe 
das discussões. Além disso, lembre-se que existe 
uma equipe de professores e tutores que se encontra 
disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em 
seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe 
trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória 
acadêmica.
boas-vindas
6 
autora
6 
Professora Doutora
Carmem Patrícia Barbosa
Tem Doutorado e Mestrado em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual 
de Maringá (UEM) na área de Concentração Biologia Celular, respectivamente 
nos anos de 2002 e 2013. Especialização em Morfofi siologia Aplicada à Educação 
Corporal e à Reabilitação pela UEM (2000). Possui graduação em Fisioterapia pela 
Universidade Estadual de Londrina (UEL/1997). Desde 2002 éprofessora das 
disciplinas de Anatomia Humana, Fisiologia Humana, Cinesiologia e Biomecânica, 
Bases Neurofuncionais do Movimento no Centro de Ensino Superior de Maringá 
(UniCesumar) e desde 2012 é professora na área de Anatomia Humana na UEM, 
no Departamento de Ciências Morfológicas (DCM) e também no curso de espe-
cialização. Foi membro do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da UniCesumar e 
faz parte do corpo editorial da revista “Saúde e Pesquisa” da mesma instituição. 
Iniciação Científi ca da UniCesumar e ArquiMudi da UEM. Tem experiência nos cur-
sos de Educação Física, Odontologia, Ciências Biológicas, Enfermagem, Nutrição, 
Biomedicina, Fisioterapia e Estética.
apresentação do material
Anatomia Humana Aplicada à Educação Física
Carmem Patrícia Barbosa
Prezado(a) aluno(a), a palavra Anatomia é originária 
do grego e decorre da fusão de “ana” e “tomein”, que 
significam, respectivamente, “partes” e “cortar”. Assim, 
é possível traduzir literalmente a palavra “Anatomia” 
como cortar em partes. Essa palavra foi escolhida 
porque na Grécia antiga a atenção era dada exclu-
sivamente ao ato de cortar o que estava implícito no 
conceito geral da anatomia. Tal fato explica, ao menos 
em parte, porque até mesmo nos dias de hoje muitas 
pessoas se sentem incomodadas ou têm medo de es-
tudar anatomia.
Enquanto ciência, a anatomia tem um significado 
muito mais amplo, pois estuda macro e microscopi-
camente a constituição e o desenvolvimento do ser 
humano. Sua existência sempre esteve relacionada à 
imensa curiosidade do homem em melhor compre-
ender as estruturas que o formam e as diferenças que 
existem em relação a seus semelhantes, em termos de 
constituição e função.
O início dos estudos anatômicos foi difícil, pois princí-
pios éticos e religiosos da época impunham restrições 
ao ato de expor o corpo humano, já que para desven-
dar os mistérios desta fabulosa “máquina”, a simples 
observação superficial não era suficiente. Por isso, a 
necessidade de aprofundar tal estudo foi posterior-
mente saciada pela dissecação (ou dissecção).
A palavra dissecar tem origem latina e é produto da 
fusão de “dis” (separar) mais “secare” (cortar). Assim, 
por meio da dissecação, os órgãos do corpo podem ser 
expostos cirurgicamente, de maneira metódica, por 
meio de incisões adequadas que mantêm a organiza-
ção natural do corpo. Dessa forma, é possível manter 
os órgãos separados, mas ao mesmo tempo em uma 
relação de dependência entre forma e função.
Vale ressaltar que os estudos da anatomia humana são 
realizados no cadáver - nome dado ao corpo, após a 
morte, enquanto, este ainda conserva parte de seus 
tecidos. Esse termo, segundo a etimologia popular, 
teve origem na expressão latina “caro data vermibus” 
que significa “a carne dada aos vermes”. Os etimolo-
gistas defendem que a palavra deriva da raiz “cado”, 
que significa “caído”. Estranho, não é? Esse termo 
foi escolhido devido ao fato de que, como o estudo 
anatômico era inicialmente proibido, aqueles que se 
interessavam pela dissecação muitas vezes o faziam às 
escuras, violando sepulturas e dissecando corpos que 
já estavam em estado de putrefação.
Complementarmente, estudos realizados em animais 
originaram a anatomia comparativa por meio da qual 
a compreensão da constituição do corpo era realizada 
primeiramente em animais para posterior comparação 
com seres humanos. Inclusive, a dissecação de animais 
prenhes permitiu a observação de fetos e representou 
o início da embriologia como ciência.
A embriologia (estudo da formação dos órgãos e sis-
temas), a citologia (estudo das células) e a histologia 
(estudo dos tecidos) tiveram seus desenvolvimentos 
fortemente marcados pelo surgimento do microscópio. 
Isto porque este instrumento possibilitou o estudo 
específico dos elementos constituintes dos seres orga-
nizados. Vale ressaltar que embora todas estas ciências 
sejam consideradas especializações, são vistas como 
ramos da anatomia.
Em relação aos principais aspectos históricos da ana-
tomia humana, sabe-se que os primeiros esboços ana-
tômicos datam do período paleolítico e que os gregos 
foram grandes responsáveis por seu desenvolvimento. 
No Brasil, a Bahia se destacou como “berço do ensi-
no médico” e, na mesma época, iniciou-se o ensino 
médico oficial no Rio de Janeiro.
Atualmente, o estudo da anatomia ainda é realizado 
por meio da dissecação de cadáveres humanos con-
siderados normais, embora, possam existir variações 
anatômicas individuais e diferenças morfológicas em 
decorrência da passagem do estado vivo ao cadavéri-
co. No entanto, é possível aprender anatomia mesmo 
sem a dissecação por meio da observação do corpo 
humano, por sua palpação e pelo estudo da anatomia 
de superfície (a qual avalia os relevos e depressões 
que as estruturas anatômicas são capazes de formar).
Por todo o exposto, pode-se concluir que esta tão bela 
e polêmica ciência se encarrega de estudar o corpo 
humano em detalhes. Seu estudo pode ser feito de 
maneira regional, clínica ou sistêmica. Enquanto, no 
estudo regional (ou topográfico) são apresentados os 
pormenores de uma determinada região do corpo, 
no estudo clínico as estruturas e as funções são apre-
sentadas aos profissionais da área da saúde a fim de 
habilitá-los a compreender o corpo em um contexto 
clínico geral. 
No entanto, neste livro, estudaremos a anatomia sistê-
mica, ou seja, os detalhes de cada sistema que compõe 
a fabulosa “máquina” chamada corpo humano. Para 
tanto, estudaremos o aparelho locomotor (composto 
pelos sistemas esquelético, articular e muscular), o 
sistema cardiorrespiratório (composto pelos siste-
mas circulatório sanguíneo, circulatório linfático e 
respiratório), o sistema digestório (responsável pelo 
processo da digestão), o sistema urogenital (composto 
pelos sistemas urinários do genital masculino e genital 
feminino) e sistema neuroendócrino (composto pelos 
sistemas nervoso e endócrino).
Em cada unidade, apresento uma INTRODUÇÃO 
sobre as generalidades de cada tema, um DESEN-
VOLVIMENTO para apresentar o conteúdo progra-
mático de cada sistema, CONSIDERAÇÕES FINAIS 
que resumirão o estudo teórico e prático do assunto 
abordado e ATIVIDADES DE ESTUDO para reforçar 
o conteúdo estudado.
Desejo a você, um excelente aproveitamento desta tão 
apaixonante ciência. Na verdade, ela sempre foi não 
só apaixonante, mas também intrigante. Prova disso 
pode ser dada ao ler o texto do salmista (nos versos 
13 a 16 do capítulo 139) que, mesmo sem grandes 
recursos tecnológicos ou científicos, não se conteve 
de tanta admiração ao analisar o milagre da criação e 
do funcionamento do corpo humano.
Que você se encante conhecendo seu próprio cor-
po e que a todo momento descubra as melhores 
formas de favorecer seu desenvolvimento, tanto 
no adulto quanto na criança, por meio do pleno 
conhecimento. 
Bom estudo!
Prof.ª Carmem Patrícia.
sumário
UNIDADE I
INTRODUÇÃO À ANATOMIA HUMANA 
E APARELHO LOCOMOTOR
14 Anatomia Humana: 
Conceito e Introdução ao Estudo
16 Divisões do Corpo Humano
17 Planos e Eixos do Corpo Humano
18 Sistema Esquelético
34 Sistema Articular
40 Sistema Muscular
57 Considerações Finais
64 Referências
UNIDADE II
SISTEMAS CARDIOVASCULAR 
E RESPIRATÓRIO 
70 Sistema Circulatório
90 Sistema Linfático
100 Sistema Respiratório
111 Considerações Finais
116 Referências
UNIDADE III
SISTEMA DIGESTÓRIO 
124 Função Geral e Divisão do 
Sistema Digestório
125 Órgãos do Sistema Digestório
137 Órgãos Anexos
140 Considerações Finais
145 Referências
UNIDADE IV
SISTEMA UROGENITAL 
152 Sistema Urinário
158 Sistema Genital Masculino
166 Sistema Genital Feminino
174 Considerações Finais
180 Referências
UNIDADE V
SISTEMA NEUROENDÓCRINO 
186 Sistema Nervoso Central (SNC)
199 Sistema Nervoso Periférico (SNP)
209 Sistema Nervoso Autônomo (SNA) 
212 Sistema Endócrino 
221 Considerações Finais
227 Referências
229 Conclusão Geral
Professora Dr.ª Carmem Patrícia Barbosa
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nestaunidade:
• Anatomia Humana: Conceito e introdução ao estudo
• Divisões do corpo humano
• Planos e eixos do corpo humano
• Sistema esquelético
• Sistema articular
• Sistema muscular
Objetivos de Aprendizagem
• Apresentar o conceito, a importância, os principais aspectos históricos da anatomia humana e 
a nômina anatômica atualizada.
• Elucidar as principais subdivisões do corpo humano.
• Apresentar os planos de tangenciamento e de secção do corpo humano, bem como os eixos 
de movimento.
• Estudar as generalidades sobre os ossos, as funções do esqueleto, as divisões do esqueleto, 
os tipos de ossos quanto à forma, a constituição e a arquitetura dos ossos, o crescimento, a 
nutrição e a inervação óssea, os processos de ossifi cação, fratura e reparo ósseo, os acidentes 
anatômicos dos ossos e os principais ossos do corpo humano.
• Defi nir articulações e compreender suas funções, classifi cações, tipos, vascularização, 
inervação, movimentos, fatores que afetam, envelhecimento e características das principais 
articulações do corpo humano.
• Elucidar funções musculares, tipos de músculos, tipos de contração do músculo estriado 
esquelético, vascularização e inervação muscular, classifi cação funcional do músculo estriado 
esquelético, órgãos anexos, generalidades e principais músculos do corpo humano.
INTRODUÇÃO À ANATOMIA HUMANA 
E APARELHO LOCOMOTOR
I
unidade
INTRODUÇÃO
Prezado(a) aluno(a), o aparelho locomotor é constituído pelos sistemas 
esquelético, articular e muscular. Eles agem de maneira integrada e sob o 
comando do sistema nervoso para permitir correção postural, equilíbrio 
e movimento voluntário.
Enquanto o sistema esquelético é formado por ossos e cartilagens, o 
articular é formado por articulações e o muscular por músculos e órgãos 
anexos. O sistema esquelético é estudado pela osteologia, o articular pela 
artrologia, o muscular pela miologia e os movimentos pela cinesiologia 
(MIRANDA NETO; CHOPARD, 2014).
Embora cartilagem e osso sejam formas especializadas do tecido 
conjuntivo, a cartilagem é flexível e o osso é rígido. As articulações ou 
junturas são representadas por estruturas que conectam duas ou mais 
partes rígidas do esqueleto (ossos, cartilagens e dentes) e embora possam 
ser chamadas de junturas, não devem ser chamadas de juntas. Os órgãos 
anexos do sistema muscular incluem fáscias de revestimento, bolsas sino-
viais e bainhas fibrosas e sinoviais.
Já ossos, articulações e músculos têm funções diferentes, mas complementa-
res. Ossos suportam e dão forma ao corpo, protegem órgãos internos, atuam nos 
movimentos, armazenam íons, fabricam células do sangue e absorvem toxinas. A 
maioria das articulações e músculos relaciona-se ao movimento, coordenação e 
tônus muscular, peristalse e produção de calor (TORTORA et al., 2010). 
O texto abordará estes importantes sistemas e suas especifi cidades em relação 
ao profi ssional de educação física. Será fundamentado em autores como Dangelo 
e Fattini (2011), Moore et al. (2014), Miranda Neto e Chopard (2014) e outros. 
A nomenclatura está de acordo com a nômica anatômica atualizada. Todavia, é 
necessário utilizar um atlas de anatomia como Narciso (2012) ou Rohen, Yokochi 
e Lütjen-Drecoll (2002).
Veremos aspectos relevantes do aparelho locomotor e a prática do exercí-
cio físico, a visão geral da nomenclatura anatômica, segmentação do corpo e 
planos e eixos. 
Fique atento e aproveite. Bom estudo!
ANATOMIA 
14 
FATORES GERAIS DE VARIAÇÃO ANATÔMICA 
pinça fina, é ideal que o indivíduo tenha cinco dedos 
em cada uma delas. Já o conceito estatístico conside-
ra normal aquilo que a maioria dos indivíduos apre-
senta. Por exemplo, a maioria das pessoas tem cinco 
dedos em cada mão, por isso, é normal ter cinco e 
não três ou quatro dedos (WATANABE, 2000).
Todavia, quando comparamos diferentes in-
divíduos em um pequeno grupo sempre podemos 
identificar a existência de pequenas diferenças mor-
fológicas entre eles (faça isso onde você estiver agora 
e perceba como as pessoas são mesmo diferentes). 
De acordo com Watanabe (2000), quando tais dife-
renças não prejudicam a função desempenhada pela 
estrutura anatômica, diz-se que são apenas “varia-
ções anatômicas”. No entanto, quando tais diferen-
ças atrapalham a função da estrutura, elas são ditas 
“anomalias” e, inclusive, podem ser denominadas de 
“monstruosidades” se impedirem que o indivíduo 
permaneça vivo. 
Uma variação anatômica pode ser, por exemplo, 
as diferentes tonalidades na cor dos olhos de dois ir-
mãos. Uma anomalia pode ser a miopia que um deles 
apresenta. Uma monstruosidade pode ser exempli-
ficada quando dois irmãos nascem grudados e um 
deles tem que ser sacrificado para que o outro viva 
(é o que ocorre com gêmeos siameses ou xifópagos).
Anatomia Humana: 
Conceito e Introdução 
ao Estudo
O 
termo “anatomia humana” é mal visto 
por muitas pessoas. Talvez até para você, 
caro(a) aluno(a), isto porque muitos 
pensam que falar em anatomia é sinô-
nimo de falar de pessoas mortas ou mutiladas. Na 
verdade, a anatomia não tem nada de assustador, 
muito pelo contrário. É uma ciência que muito nos 
tem esclarecido ao longo dos anos. 
A anatomia estuda a estrutura do ser humano e 
as relações entre as partes que o formam. O termo 
“anatomia” deriva de duas palavras gregas, “ana” 
e “temnein”, que significam, respectivamente, “em 
partes” e “cortar ou incisar”. Assim, esta ciência está 
amplamente embasada no ato de cortar o corpo hu-
mano pelo método da dissecção (ou dissecação) a 
fim de melhor compreender sua estrutura externa e 
interna (FREITAS, 2004).
Na anatomia, estudamos o corpo humano consi-
derado “normal”, já que a patologia e outras ciências 
se dedicam ao estudo das doenças que o acometem. 
No entanto, para definir “normal” em anatomia, 
é necessário considerar o conceito estatístico e o 
conceito idealístico. O idealístico considera normal 
aquilo que é melhor para o desempenho da função 
da estrutura anatômica. Por exemplo, para que a mão 
consiga desempenhar adequadamente sua função de 
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 15
Para que estes conceitos de “normal”, “variação 
anatômica”, “anomalia” e “monstruosidade” possam 
ser empregados, é necessário saber que alguns fato-
res podem causar variação. Isto ocorre, por exem-
plo, com a idade do indivíduo, com seu sexo, grupo 
étnico, biótipo e entre outros. Por exemplo, é nor-
mal que um bebê apresente os ossos do crânio se-
parados, mas não é normal que isso ocorra em um 
adulto. É normal que uma mulher tenha os ossos da 
pelve mais abertos a fim de facilitar o parto pélvico, 
mas não é normal que isso ocorra em um homem. É 
normal que um indivíduo negro tenha a pele escura 
e os cabelos enrolados, mas não é normal em um ja-
ponês. É normal que um indivíduo longilíneo tenha 
os membros longos em relação ao corpo, mas não é 
em um indivíduo brevilíneo.
NOMENCLATURA ANATÔMICA 
Cientistas e profissionais da área da saúde usam uma 
linguagem própria ao se referirem às estruturas do 
corpo humano e à forma como a dissecção é feita. 
Por isso, estar atualizado em relação à nomencla-
tura utilizada é essencial ao estudante de anatomia 
humana, bem como aos profissionais da saúde. Na 
anatomia, esta nomenclatura engloba termos gerais e 
especiais originados da língua grega, latina e outras. 
Em conjunto, a Nômina Anatômica, publicada com o 
nome de Terminologia Anatômica, tem o objetivo de 
evitar que estruturas do corpo humano recebam dife-
rentes denominações em diversos centros de estudos 
e pesquisas em anatomia no mundo (DI DIO, 2002).
Considerada um documento oficial que deve ser 
obedecida por professores e alunos da disciplina de 
anatomia humana, a terminologia anatômica é consti-
tuída por cerca de 6.000 termos esporadicamente revis-
Por fim, é importante destacar que o estudo da 
anatomia humana pode ser feito de diferentes for-
mas conforme o objetivo do estudo. Por exemplo, 
a anatomia pode ser estudada a partir dos sistemas 
que compõem o corpo humano (esta é a anatomiasistêmica que aprenderemos aqui). Por outro lado, 
seu estudo pode abranger regiões específicas e en-
tão passa a ser chamada de anatomia topográfica (a 
odontologia, por exemplo, estuda anatomia topo-
gráfica da cabeça). Além disso, seu estudo pode ser 
feito por meio de imagens (anatomia radiológica ou 
de imagem), em comparação a seres de outras es-
pécies (anatomia comparativa), com fins artísticos 
(anatomia artística), em comparação aos diferentes 
tipos raciais e morfológicos (anatomia antropológi-
ca e biotipológica) etc. (WATANABE, 2000). 
tos e atualizados, os quais são traduzidos pelas socieda-
des de anatomia de cada país. No Brasil, a terminologia 
é traduzida pela Comissão de Terminologia Anatômica 
da Sociedade Brasileira de Anatomia (SBA) (CFTA, 
2001; FREITAS, 2004; TORTORA et al., 2010).
Este conjunto de termos empregados fundamen-
ta-se na forma da estrutura ou em parte dela (como o 
músculo deltoide, por exemplo), sua situação (artéria 
vertebral), sua função (glândula lacrimal) e outras pe-
culiaridades. Vale destacar que a utilização de abre-
viações é permitida a fim de facilitar seu uso prático. 
Assim, utiliza-se a. (para artéria), v. (para veia), n. 
(para nervo), m. (para músculo), lig. (para ligamen-
to), gl. (para glândula) e g. (para gânglio). O plural 
destes termos normalmente emprega a duplicação da 
letra utilizada na abreviação, por exemplo, aa. (para 
artérias), vv. (para veias) etc. (WATANABE, 2000). 
ANATOMIA 
16 
O pescoço é dividido em pescoço anterior (visce-
ral) e posterior (muscular), também denominado 
nuca. Segundo Freitas (2004), o tronco também é 
subdividido em tórax (limitado superiormente pela 
clavícula e inferiormente pelo músculo diafragma), 
abdome (limitado superiormente pelo músculo dia-
fragma e inferiormente pela abertura 
superior da pelve) e pelve (localizada 
entre os ossos do quadril).
Os membros superiores e inferiores 
também são subdivididos em 
uma região conectada ao tron-
co, denominada cíngulo (ou 
cintura) e uma parte livre. A 
raiz ou cíngulo do membro 
superior é a cintura escapu-
lar e sua parte livre inclui 
braço, antebraço e mão 
(sendo sua parte ante-
rior denominada palma 
e a posterior, dorso). A 
raiz ou cíngulo do membro inferior 
é a cintura pélvica e sua parte livre 
inclui coxa, perna e pé (sendo sua 
parte superior denominada dorso 
e a inferior, planta). Articulações 
conectam as várias partes dos mem-
bros, por exemplo, as articulações do 
ombro, cotovelo, quadril e joelhos 
(FREITAS, 2004). Figura 2 - Partes do corpo humano
A posição anatômica de descrição ou posição 
de referência foi instituída e se tornou de grande 
valia para evitar erros na nomenclatura e no posi-
cionamento do corpo a ser estudado. Em tal posi-
ção, supõe-se que o cadáver está ereto, com a cabe-
ça em nível horizontal, olhos voltados para frente, 
pés plantados no chão e direcionados 
para frente, membros superiores ao 
lado do corpo com as palmas das 
mãos voltadas para frente (MOO-
RE et al., 2014).
A partir da posição anatô-
mica, as várias regiões do corpo 
são denominadas como cabeça, 
pescoço, tronco, membros su-
periores e membros inferiores. 
A cabeça é subdividida em 
crânio facial ou viscero-
crânio e crânio neural ou 
neurocrânio. Enquanto o 
crânio facial é anterior, menor, cons-
tituído por 14 ossos, cujas funções 
se relacionam a abrigar e proteger os 
órgãos dos sentidos e possibilitar a 
fonação e a mastigação, o crânio neu-
ral é posterior, maior, constituído por 
oito ossos os quais estão diretamente 
relacionados à proteção do sistema 
nervoso localizado em seu interior 
(TORTORA et al.,2010).
Divisões do 
Corpo Humano
Figura 1 - Posição anatômica 
de descrição 
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 17
De igual modo, a partir da posição anatômica de 
descrição, supõe-se a existência de planos imaginá-
rios que tangenciam a superfície externa do corpo 
a fim de facilitar a localização das estruturas cor-
póreas. Tais planos são denominados superior ou 
cranial, inferior ou podálico, lateral direito, lateral 
esquerdo, anterior ou ventral, e posterior ou dorsal 
(MIRANDA NETO; CHOPARD, 2014).
Assim, pode-se afirmar que os olhos são estru-
turas superiores à cicatriz umbilical já que se loca-
lizam mais próximos ao plano superior ou cranial 
do que à cicatriz umbilical. De igual modo, pode-se 
afirmar que as escápulas são estruturas posteriores 
em relação ao osso esterno uma vez que estão mais 
próximas do plano posterior.
Embora os planos de tangenciamento facilitem a 
localização das estruturas corpóreas, o estudo da ana-
tomia também se faz por meio do corpo seccionado, 
lembra? Assim, planos de secção de referência tam-
bém tiveram que ser padronizados. Assim, os termos 
“plano sagital”, “plano transversal” (ou horizontal) e 
“plano coronal” (ou frontal) foram adotados.
O plano sagital é uma secção longitudinal que 
divide o corpo ou qualquer uma de suas partes em 
porções direita e esquerda. Se este plano passar exa-
tamente sobre a linha mediana do corpo, ele é cha-
mado de plano sagital mediano, o qual divide o cor-
po em duas metades iguais denominadas antímero 
direito e antímero esquerdo.
Planos e Eixos do 
Corpo Humano
O plano coronal é uma secção longitudinal que 
divide o corpo em porção anterior e posterior deno-
minadas paquímero anterior ou ventral, e paquíme-
ro posterior ou dorsal. Por fim, o plano transversal 
divide o corpo em porção superior e inferior deno-
minadas metâmero superior ou cranial, e metâmero 
inferior ou podálico (FREITAS, 2004).
Figura 3 - Plano Sagital, Coronal e Transverso
Plano Coronal
Plano Transversal
Plano Sagital
ANATOMIA 
18 
Um dos objetivos do estudo da anatomia humana 
é empregar os conhecimentos adquiridos também 
no corpo vivo. Dessa forma, existem termos usa-
dos para descrever os diferentes movimentos dos 
membros e outras partes corpóreas que podem ser 
realizados nas articulações móveis do corpo. Tais 
movimentos são descritos como pares de opostos, 
ou seja, flexão e extensão, abdução e adução, ro-
tação medial e lateral, supinação e pronação etc. 
(MOORE et al., 2014; TORTORA et al., 2010). To-
dos esses movimentos serão abordados, posterior-
mente, nesta unidade, pois são de extrema relevân-
cia ao profissional de educação física.
Os movimentos sempre ocorrem em um dos pla-
nos (sagital, coronal ou transversal) e por meio de 
linhas imaginárias denominadas eixos, os quais são 
perpendiculares aos planos. Assim, os movimentos 
de flexão e extensão ocorrem no plano sagital a par-
tir do eixo coronal; a abdução e a adução ocorrem 
no plano coronal a partir do eixo sagital; a rotação 
medial e lateral ocorrem no plano transversal a par-
tir do eixo longitudinal (GRABINER et al., 1991).
Sistema 
Esquelético
GENERALIDADES SOBRE OS OSSOS 
Ossos são peças rígidas, com formatos variados. Eles 
são muito plásticos, ou seja, adaptam-se às estrutu-
ras vizinhas, inclusive permitindo que tais estrutu-
ras lhes imprimam marcas em decorrência do con-
tato. Isto pode ser visto, por exemplo, ao examinar a 
face interna da calota craniana. Nessa região aparece 
claramente os sulcos venosos e arteriais, além das 
impressões dos giros.
A criança apresenta um total de 350 ossos, mas o 
indivíduo adulto tem este número reduzido para 206. 
Você pode se perguntar: “O que ocorre para este nú-
mero reduzir tanto”? Na verdade, há uma fusão em 
vários ossos do corpo, por exemplo, no osso frontal, 
no sacro e nos ossos do quadril. Além disso, você 
precisa saber que este número pode sofrer variações 
de acordo com características individuais. Por exem-
plo, se a pessoa tiver um dedo ou uma costela a mais 
ou a menos. Além disso, esse número total de ossos 
no indivíduo adulto também pode ser influenciado 
pelo critério de contagem que foi adotado.
Muitas vezes escuto pessoas dizendo que seus 
pesos na balança não estão altos porque estão “aci-
ma do peso”, mas que seu peso está alto porque elas 
têm os ossos largos e pesados. Sorrio quando ouço 
isso porquetenho a impressão de que as pessoas se 
veem como o Wolverine e seus ossos de adamântio. 
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 19
Acho que as pessoas imaginam que os ossos pesam 
muito mais do que verdadeiramente pesam. Você 
sabe qual é o peso real dos seus ossos? Na verdade, o 
peso médio dos ossos de um homem adulto de cerca 
de 80 Kg é cerca de 12 Kg. Assim, não é tanto quanto 
a maioria das pessoas julgam ser.
Por fim, gostaria de esclarecer que, além dos os-
sos convencionais conhecidos por nós desde a vida 
inteira, existem também alguns ossos especiais, por 
exemplo, os ossos suturais (que ficam entre as sutu-
ras do crânio) e os ossos heterotópicos que se for-
mam nos tecidos moles (como nas coxas de jóqueis 
em áreas onde a hemorragia se calcifica).
FUNÇÕES DO ESQUELETO
Se você acha que a função dos ossos se restringe 
a possibilitar movimentos, você está muito enga-
nado. Na verdade, o esqueleto desempenha várias 
funções, inclusive algumas consideradas vitais 
(MOORE et al., 2014).
De fato, os ossos se relacionam ao movimento 
embora não os produzam. Isto porque quem faz o 
movimento acontecer são os músculos e, por isso, 
estes são considerados os elementos ativos do movi-
mento (por outro lado, ossos são elementos passivos 
do movimento). Dessa forma, os ossos são tracio-
nados pelos músculos em um efeito de alavanca. É 
o que ocorre, por exemplo, quando o músculo qua-
dríceps femoral traciona a tíbia e gera movimento de 
extensão do joelho.
Outras duas funções dos ossos podem ser 
identificadas quando observamos atentamente o 
corpo humano na posição bípede (em pé). A ha-
bilidade dos ossos em suportar o peso corporal 
e dar forma aos diferentes segmentos do corpo é 
extraordinária. Tais funções são prontamente per-
cebidas quando imaginamos um osso fraturado (o 
fêmur, por exemplo) e temos a clara certeza de que 
é impossível descarregar peso naquele membro in-
ferior. Além disso, se você comparar a forma arre-
dondada do seu crânio à forma alongada de seus 
dedos terá clareza de que os ossos são os responsá-
veis diretos por tais diferenças.
Quando os ossos protegem os órgãos internos, 
armazenam íons essenciais, sintetizam células san-
guíneas e absorvem toxinas, certamente, concluímos 
que suas funções também são vitais. Ao observar-
mos, por exemplo, a importante ação das costelas e 
do osso esterno envolvendo o coração e os pulmões, 
e do crânio envolvendo o encéfalo, fica claro o quan-
to os ossos nos são relevantes. Além disso, eles atu-
am como reservatórios de cálcio, fosfato e magnésio 
os quais são essenciais à transmissão sináptica e à 
contração muscular.
A síntese de células sanguíneas ocorre por meio 
da medula óssea vermelha que se localiza no interior 
dos ossos (este assunto será esclarecido adiante). E, 
por fim, eles são hábeis em absorver toxinas e metais 
pesados da corrente sanguínea diminuindo os efei-
tos deletérios destes compostos em outros tecidos 
(principalmente no fígado e nos rins). 
DIVISÕES DO ESQUELETO 
O esquelético pode ser dividido em duas partes fun-
cionais, porém interligadas: o esqueleto axial e o 
esqueleto apendicular. O esqueleto axial é formado 
pelos ossos localizados na região central do corpo, 
como aqueles da cabeça (ossos do crânio), pescoço 
(osso hioide e vértebras cervicais) e no tronco (osso 
esterno, costelas, vértebras e sacro).
ANATOMIA 
20 
Já o esqueleto apendicular é formado pelos ossos 
localizados nas extremidades do corpo, ou seja, nos 
membros superiores e inferiores incluindo aqueles 
que formam os cíngulos (escápula, clavícula e ossos 
do quadril) (DANGELO; FATTINI, 2011).
TIPOS DE OSSOS QUANTO À FORMA 
Ao avaliar o comprimento, a largura e a espessu-
ra dos ossos, podemos agrupá-los em seis tipos 
principais: longos ou tubulares, curtos, laminares 
ou planos, irregulares, sesamoides e pneumáticos 
(WATANABE, 2000).
Os ossos longos ou tubulares têm predomínio 
do comprimento em relação à largura e à espessura. 
Apresentam uma cavidade central (chamada cavida-
de medular) que abriga a medula óssea. Além disso, 
sua parte central é chamada de diáfise e suas extre-
midades são as epífises. Enquanto, a epífise proximal 
fica mais próxima do cíngulo do membro, a epífise 
distal fica mais distante dele. A região de transição 
entre epífise e diáfise recebe o nome de metáfise. O 
fêmur é um exemplo deste tipo de osso. Alguns os-
sos têm características semelhantes, mas não apre-
sentam cavidade medular e, por isso, são chamados 
de alongados ao invés de longos.
Ossos curtos têm os três diâmetros (comprimen-
to, largura e espessura) equivalentes apresentando 
forma cuboide. É o que ocorre, por exemplo, com os 
ossos carpais e tarsais. Por outro lado, os ossos lami-
nares ou planos são largos e pouco espessos. Geral-
mente, esses ossos têm função protetora, como os os-
sos planos do crânio (o parietal é um bom exemplo).
Já os ossos irregulares (como o próprio nome já 
revela) têm formatos variados sem predomínio es-
pecífico do comprimento, da largura ou da espessu-
ra. São exemplos os ossos da face e as vértebras.
Os ossos sesamoides são também chamados de 
ossos intratendíneos ou periarticulares, pois se desen-
volvem em alguns tendões e são encontrados onde os 
tendões cruzam as extremidades dos ossos longos. As-
sim, eles protegem os tendões contra desgastes e po-
dem mudar seu ângulo de inserção. A patela é um de-Figura 4 - Esqueleto axial x Esqueleto apendicular
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 21
les. Todavia, algumas pessoas podem apresentar ossos 
sesamoides nas mãos e pés como variação anatômica.
Os ossos pneumáticos apresentam cavidades 
contendo ar em seu interior. Localizam-se no crânio, 
por exemplo, o osso frontal, a maxila, o esfenoide e o 
etmoide. Suas cavidades são revestidas por mucosa e 
são chamadas de seios. Devido ao fato de drenarem 
seu conteúdo mucoso para a cavidade nasal podem 
ser chamados, em conjunto, de seios paranasais.
CONSTITUIÇÃO E ARQUITETURA DOS 
OSSOS 
Quando você observa atentamente um osso, é co-
mum achar que se trata de um tecido inerte, seco e 
até sem vida. Todavia, muito pelo contrário, o tecido 
ósseo é vivo, dinâmico e se desenvolve e cresce por 
meio de um metabolismo muito ativo. Pra você ter 
uma ideia, os ossos são renováveis, em média, a cada 
dois anos. Isto significa que o fêmur ou o crânio que 
você tem hoje, não são os mesmos que você tinha 
há dois anos e nem serão os mesmos que você terá 
daqui a dois anos. Fantástico, não?
A constituição do tecido ósseo também é fabulosa, 
pois os ossos são constituídos a partir de três compo-
nentes principais: água, matriz óssea orgânica e matriz 
óssea inorgânica (DANGELO; FATTINI, 2011).
A água representa cerca de 25% da estrutura 
óssea. Todavia, é importante ressaltar que esta pro-
porção é maior em recém-nascidos e crianças, e vai 
diminuindo à medida que o envelhecimento ocorre. 
Por isso, o envelhecimento faz com que os ossos fi-
quem mais sujeitos a sofrerem faturas as quais, em 
idosos, são chamadas de “fratura em galho seco”. 
Crianças têm “fratura em galho verde”. Além disso, 
ossos de idosos normalmente apresentam maior di-
ficuldade para consolidação de fraturas uma vez que 
a quantidade de matriz orgânica diminui.
A matriz orgânica também representa cerca de 
25% da estrutura óssea e é constituída por prote-
oglicanas e colágeno. Assim, esta matriz é rica em 
proteínas que dão resistência à tensão e à tração às 
quais os ossos estão sujeitos diariamente. Por isso, 
a matriz orgânica está diretamente relacionada à 
maleabilidade óssea, ou seja, sua ausência pode 
causar doenças, por exemplo, a doença dos ossos 
de vidro. Nesse caso, os ossos não resistem à tensão 
Figura 5 – Comparação entre os tipos de ossos: a) exemplo de osso irregular, 
b) exemplo de osso sesamoide e c) exemplo de osso longo
ANATOMIA 
22 
e à tração que os músculos lhes impõem e se tor-
nam fragilizados e quebradiços, mesmo aos meno-
res esforços. Sobre a matriz orgânica se deposita a 
matriz inorgânica.
A matriz inorgânica representacerca de 50% 
da estrutura óssea. É constituída por sais minerais 
(principalmente, fosfato de cálcio e carbonato de 
cálcio) os quais formam a hidroxiapatita que dá ao 
osso resistência à compressão. Deficiência nos com-
ponentes dessa matriz também pode tornar os ossos 
fragilizados e quebradiços.
O tecido ósseo pode se organizar em dois tipos 
principais de ossos: os compactos ou corticais e os 
Figura 6 - Osso compacto e esponjoso
esponjosos ou trabeculares. No osso compacto, as 
trabéculas ósseas estão justapostas e formam uma 
estrutura pouco porosa e com alta capacidade de 
resistência para sustentação de peso. Assim, atuam 
como colunas que suportam a descarga de peso.
Em contrapartida, no osso esponjoso as tra-
béculas ósseas não estão justapostas, mas deixam 
espaços entre si os quais são preenchidos por ar. 
Essa disposição origina uma estrutura altamente 
porosa e adaptada à absorção de impacto uma vez 
que o ar presente em meio às trabéculas ósseas 
funciona como um coxim aerífero que amortece 
a descarga de peso.
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 23
É importante que você saiba que a distribuição de 
tecido ósseo compacto e esponjoso nos ossos não é 
uniforme, mas depende das solicitações biomecâni-
cas impostas aos ossos, ou seja, varia de acordo com 
a função exercida pelo osso, com a tração e com a 
pressão a que os ossos são submetidos. Assim, em-
bora todos os ossos tenham uma fi na camada su-
perfi cial de osso compacto ao redor de uma massa 
central de osso esponjoso, ossos longos adaptados à 
descarga de peso (como o fêmur, por exemplo) apre-
sentam maior quantidade de osso compacto próxi-
mo da parte média da diáfi se onde tendem a se cur-
var. O mesmo não acontece, por exemplo, nos ossos 
longos que não recebem grandes descargas de peso 
(por exemplo, úmero) ou nos ossos carpais e tarsais.
O efeito piezoelétrico explica parcialmente as 
diferenças na arquitetura dos ossos submetidos ou 
não à descarga de peso e à tração óssea. Embora 
a descarga e a tração ocorram constantemente em 
nosso dia a dia, normalmente elas são maiores ao 
realizarmos exercícios físicos (MIRANDA NETO; 
CHOPARD, 2014).
Segundo o efeito piezoelétrico, regiões ósseas onde 
ocorre compressão fi cam sujeitas a potenciais elétricos 
negativos, enquanto nas demais regiões do osso apare-
cem potenciais elétricos positivos. Onde há potencial 
elétrico negativo, células ósseas sintetizadoras de ossos 
são ativadas fazendo deposição óssea proporcional ao 
estímulo dado. Dessa forma, a tensão óssea estimula a 
síntese de matriz orgânica e a deposição de sais mine-
rais (MIRANDA NETO; CHOPARD, 2014).
Esse princípio é facilmente identifi cado em atle-
tas, os quais têm estrutura óssea diferenciada em re-
lação aos indivíduos sedentários e é aplicado à reabi-
litação física de pacientes tetraplégicos que perdem 
a capacidade de manter o ortostatismo. Para estes 
pacientes, a pedestação por meio de mesas ortostáti-
cas possibilita a manutenção da saúde óssea minimi-
zando o aparecimento de fraturas espontâneas.
A arquitetura dos ossos planos do crânio merece 
destaque, pois é adaptada à proteção do encéfalo alo-
jado em seu interior. Em tais ossos, uma camada de 
osso esponjoso, chamada díploe, fi ca interposta entre 
duas lâminas de osso compacto (uma lâmina externa 
e outra interna). Assim, quando uma força é imposta 
à lâmina externa de osso compacto, a díploe absorve 
parte desta força (uma vez que em seu interior existe ar 
interposto às trabéculas ósseas) minimizando as chan-
ces da lâmina interna de osso compacto se fragmentar 
e lesionar o tecido nervoso adjacente. Na díploe, há 
medula óssea vermelha e por ele passam as veias.
Figura 7 - Díploe
O tecido ósseo compacto está disposto em unidades 
chamadas ósteons ou sistema de Havers. Em volta 
destes canais existem lamelas concêntricas (anéis de 
matriz extracelular rígida e calcifi cada), entre as quais 
há pequenos canais (lacunas) contendo osteócitos que 
se comunicam entre si. Canalículos minúsculos com 
líquido extracelular irradiam-se pelos ossos fazen-
do difusão de oxigênio e nutrientes por todo o osso 
e drenando resíduos. Vasos sanguíneos, linfáticos e 
nervos provenientes do periósteo penetram no osso 
compacto por meio de canais perfurantes transversos 
ou canais de Volkmann. O tecido ósseo esponjoso, ao 
contrário, não contém ósteons. Ele é leve (o que reduz 
o peso total dos ossos) e tende a se localizar onde não 
há grandes forças ou onde as forças são aplicadas a 
partir de muitas direções (MOORE et. al, 2014).
medula óssea vermelha e por ele passam as veias.
O tecido ósseo compacto está disposto em unidades 
chamadas ósteons ou sistema de Havers. Em volta 
Figura 7 - Díploe
medula óssea vermelha e por ele passam as veias.
ANATOMIA 
24 
A manutenção da saúde dos ossos depende da atuação 
das células que os compõem: os osteoblastos, osteóci-
tos e osteoclastos (MIRANDA NETO; CHOPARD, 
2014). Os osteoblastos são células jovens, originadas 
de células osteoprogenitoras, com grande capacida-
de de divisão celular e, portanto, formadoras de osso. 
Elas sintetizam e secretam fibras colágenas e outros 
componentes orgânicos necessários à formação da 
matriz extracelular e iniciam a calcificação. À medida 
que são recobertos por matriz, tornam-se presos em 
suas secreções e se transformam em osteócitos.
Os osteócitos são considerados células ósseas 
maduras relacionadas à manutenção do tecido ós-
seo e, por isso, são as principais células desse tecido. 
Assim como os osteoblastos, não sofrem divisão ce-
lular (apenas células osteoprogenitoras se dividem).
Já os osteoclastos são células grandes que re-
sultam da fusão de até 50 monócitos. Por meio de 
sua margem pregueada (lacunas de Howship), elas 
liberam enzimas proteolíticas que englobam e so-
lubilizam cristais que contêm cálcio dissolvendo 
as matrizes ósseas. Assim, estão diretamente rela-
cionadas à renovação óssea, uma vez que o tecido 
ósseo sofre reabsorção e reelaboração durante toda 
a vida fazendo com que o esqueleto seja constante-
mente renovado (lembra que, em média, o esque-
leto se renova a cada dois anos?). No entanto, sua 
ação excessiva pode causar osteopenia que pode 
evoluir para osteoporose. 
Figura 8 - Ósteon
Figura 9 - Células ósseas
A ação das células ósseas depende de diversos fatores 
como idade, hereditariedade, nutrição, doença, trau-
ma, gravidez, esforço funcional e influência hormo-
nal. Em relação aos hormônios, os ossos sofrem forte 
influência do hormônio do crescimento (GH), dos 
hormônios sexuais (testosterona, estrógeno e proges-
terona), da calcitonina (hormônio tireoidiano) e do 
paratormônio (ou hormônio paratireoidiano). 
Enquanto o GH, os hormônios sexuais e a cal-
citonina atuam como hormônios osteogênicos 
ativando osteoblastos, o paratormônio estimula a 
degradação da estrutura óssea por estimular os os-
teoclastos. Isto explica o fato da osteoporose (do-
ença que torna os ossos progressivamente mais po-
rosos) ser mais comum na velhice e nas mulheres 
após a menopausa. Nelas, há redução do estrógeno 
e da renovação da matriz orgânica. 
ESTRUTURA DO OSSO LONGO
Ósteon
Cartilagem Osso Ósteon
Medula óssea amarela
Osso compacto
Periósteo
Osteoclasto
Osteócito
Célula
osteoprogenitora
Osteoblasto
Canal Osteonico
Células do tecido ósseo
Osteócito Osteoblasto Célula osteoprogenitora Osteoclasto
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 25
Além disso, no indivíduo com osteoporose, de-
vido à atuação excessiva dos osteoclastos causando 
osteólise, o nível de cálcio no sangue pode subir 
causando complicações como depósito do cálcio 
nas articulações e rins, e hipercoagulação sanguínea 
(causando embolia pulmonar, acidente vascular en-
cefálico isquêmico etc.).
Vale lembrar que deficiência na ingestão de de-
terminados nutrientes pode enfraquecer os ossos. 
É o caso, por exemplo, das proteínas (uma vez que 
aminoácidos são necessários para formar colágeno), 
vitamina C (que estimula a síntese do colágeno), vi-
tamina D (que é responsável pelaabsorção do cálcio 
e do fosfato do intestino; é ativada pela exposição 
ao sol) e vitamina A (que ajuda a fazer com que os 
ossos respondam adequadamente à tensão).
inferiores). Nos ossos longos, o osso esponjoso da 
diáfise é substituído pela cavidade medular a qual 
abriga a medula óssea. Essa medula pode ser verme-
lha ou amarela. A vermelha é um órgão hematopoi-
ético, ou seja, produz células sanguíneas. A amarela 
perde esta função em decorrência do próprio enve-
lhecimento e se torna altamente gordurosa. 
Uma medula óssea anormal ou cancerosa pode 
ser substituída por uma medula óssea vermelha sau-
dável a fim de reestabelecer as contagens normais de 
células sanguíneas por meio de um transplante de 
medula óssea. A medula óssea vermelha saudável 
pode ser fornecida por um doador do qual é retira-
da, sob anestesia, da crista ilíaca e injetada na veia 
do receptor em um processo muito semelhante a 
uma transfusão de sangue. Um procedimento mais 
moderno envolve o transplante de células do cordão 
umbilical (MIRANDA NETO; CHOPARD, 2014).
Embora as vitaminas A e D sejam importantes 
para os ossos, o excesso de vitamina A acelera 
a ossificação causando cessação precoce do 
crescimento corporal. Além disso, deficiência de 
vitamina D pode causar raquitismo na criança e 
osteomalácia no adulto. Ambas são doenças ca-
racterizadas pela baixa absorção de cálcio pelo 
intestino e má calcificação da matriz óssea cau-
sando amolecimento e deformação dos ossos.
Fonte: Guyton e Hall (2011).
SAIBA MAIS
Ainda em relação à constituição e arquitetura dos 
ossos, é importante estudarmos a medula óssea (alo-
jada no interior de alguns ossos), e as camadas de 
revestimento dos ossos (o pericôndrio, o periósteo 
e o endósteo). A medula óssea está presente em pra-
ticamente todos os ossos do feto e em alguns ossos 
dos adultos (como costelas, osso esterno, ossos do 
quadril, crânio e ossos dos membros superiores e 
Figura 10 - Tipos de medula óssea
Estrutura óssea
Linha epifisial Periósteo
Osso esponjoso
Vasos sanguíneos
Medula óssea amarela
Cartilagem articular
Pericôndrio, endósteo e periósteo são camadas de 
tecido conjuntivo fibroso que revestem os elemen-
tos do esqueleto. O pericôndrio faz o revestimen-
to das cartilagens nutrindo suas faces externas; o 
endósteo reveste internamente a cavidade medular 
e contém uma única camada de células formadora 
de osso; o periósteo faz o revestimento externo dos 
ossos, é capaz de depositar mais osso (sobretudo 
ANATOMIA 
26 
durante a consolidação de fraturas ou o crescimen-
to ósseo), formar uma interface para fixação dos 
tendões e dos ligamentos, proteger o osso e ajudar 
na nutrição do tecido ósseo. O periósteo se fixa ao 
osso subjacente pelas fibras perfurantes (de Shar-
pey) – feixes espessos de colágeno que se estende 
do periósteo até o interior da matriz óssea (MI-
RANDA NETO; CHOPARD, 2014).
lheres e 21 anos para homens, ela se fecha, ou seja, 
suas células param de se dividir e o osso substitui a 
cartilagem permanecendo apenas a linha epifisial. A 
clavícula é o último osso a parar de crescer.
Figura 11 - Pericôndrio, periósteo e endósteo
CRESCIMENTO ÓSSEO
As estruturas responsáveis pelo crescimento ósseo em 
comprimento e em espessura são diferentes. Enquan-
to, o crescimento em espessura dos ossos é possibili-
tado pelo periósteo, o crescimento em comprimento 
é feito pela lâmina epifisial (WATANABE, 2000).
O periósteo já foi mencionado anteriormente 
como sendo uma bainha de tecido conjuntivo que 
circunda a superfície externa dos ossos em partes não 
cobertas pela cartilagem articular. Já a lâmina epifisial 
é uma fina camada de cartilagem hialina localizada 
na metáfise. Por volta dos 18 anos de idade para mu-
Figura 12 - Periósteo e lâmina epifisial
NUTRIÇÃO E INERVAÇÃO ÓSSEA
Você já sofreu alguma fratura? Se já, sabe que dói 
muito e que pode ocorrer sangramento e hema-
toma na região. Mas você sabe por que tais coisas 
acontecem? A dor se deve ao fato dos ossos serem 
abundantemente inervados e o sangramento ocorre 
porque eles são muito vascularizados.
Vasos sanguíneos e nervos penetram a estrutura 
óssea a partir do periósteo. Assim, as artérias perios-
teais penetram a diáfise dos ossos longos passando 
por canais perfurantes e irrigam o periósteo e a par-
te externa do osso compacto. Além disso, próximo 
ao centro da diáfise uma grande artéria nutrícia pe-
netra o osso pelo forame nutrício, chega à cavidade 
medular, divide-se em ramos distal e proximal para 
irrigar o tecido ósseo compacto, esponjoso, medula 
óssea até as linhas epifisiais. É importante ressaltar 
que enquanto alguns ossos têm apenas uma artéria 
nutrícia (como a tíbia, por exemplo), outros têm 
várias (como o fêmur). As extremidades dos ossos 
são irrigadas por artérias metafisárias e epifisiárias 
(MORRE et al., 2014).
Epífise
Cartilagem articular
Osso esponjoso
Periósteo
Osso compacto
Cartilagem epifisial
Epífise Diáfise
PericôndrioEndósteoPeriósteo
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 27
A drenagem venosa dos ossos é feita por veias que 
seguem trajetos muito semelhantes aos das arté-
rias. Assim, as veias que drenam os ossos podem 
ser uma ou duas veias nutrícias (que acompanham 
as artérias na diáfise), veias metafisárias e epifisi-
árias (que acompanham as artérias metafisárias e 
epifisiárias) e veias periostais (que acompanham as 
artérias periostais).
De igual modo, os nervos dos ossos acompa-
nham os vasos sanguíneos que os suprem. Assim, o 
periósteo é rico em nervos periostais sensitivos (al-
guns responsáveis pela dor) e nervos vasomotores 
responsáveis pela vasoconstrição e vasodilatação 
dos vasos regulando o fluxo de sangue para a me-
dula óssea. Vale lembrar que no periósteo também 
tem vasos linfáticos. 
OSSIFICAÇÃO E FRATURA
Você já se perguntou se os fetos têm ossos prontos? 
Ou se todos os ossos dos fetos são de cartilagem? 
Que tipo de substância pode originar osso?
Bom, para responder estas e outras perguntas, 
primeiro é importante você saber que os ossos não 
nascem prontos. Eles são gradativamente formados 
por um processo contínuo chamado ossificação ou 
osteogênese que se inicia na sexta semana de desen-
volvimento. A ossificação ocorre a partir de células 
mesenquimais presentes no esqueleto do embrião, 
no local onde os futuros ossos serão formados (MI-
RANDA NETO; CHOPARD, 2014).
Embora alguns ossos (como o esfenoide e o tem-
poral) tenham uma ossificação mista, normalmente, 
ela ocorre de duas formas: a intramembranosa e a en-
docondral. Na ossificação intramembranosa o osso se 
forma diretamente dentro do mesênquima, em uma 
região chamada centro de ossificação. Ela ocorre nos 
ossos do crânio e na mandíbula, os quais são ditos 
ossos conjuntivos. Já na ossificação endocondral, pri-
meiro células mesenquimais se aglomeram na forma 
do futuro osso e se diferenciam formando um mode-
lo de cartilagem hialina envolto por pericôndrio. Esse 
tipo de ossificação ocorre principalmente nos ossos 
longos, os quais ditos ossos condrais.
Depois do osso formado pode haver, em casos 
de traumas ou doenças, a ruptura do osso caracteri-
zando algum tipo de fratura. Elas são denominadas 
conforme a gravidade, a forma ou a posição da linha 
de fratura. Assim, os tipos mais comuns são fratura 
exposta, fechada, cominutiva, em galho verde, im-
pactada ou por estresse (fissuras microscópicas, sem 
ruptura visível). O reparo de uma fratura é um pro-
cesso relativamente lento e sua recuperação deve ser 
sempre acompanhada por um profissional habilita-
Figura 13 – Artérias ósseas
Vasos sanguíneos e nervos responsáveis 
pela irrigação, drenagem e inervação óssea
ANATOMIA 
28 
do que acompanhe todas as etapas descritas porque 
se elas não forem respeitadas, pode haver formação 
de um osso defeituoso. 
ACIDENTES ANATÔMICOS
Os acidentes anatômicos constituem os elementos 
descritivos para o estudo dos ossos. Eles surgem 
onde há inserção de tendões, fixação de fáscias, liga-
mentos, onde artérias penetram os ossos etc. Podemser de vários tipos, por exemplo, saliências, depres-
sões e aberturas.
As saliências (como os processos, tubérculos, 
eminências, cristas, espinhas etc.) geralmente estão 
relacionadas a pontos de inserção de músculos e fás-
cias. As depressões (como as fossas, sulcos, incisuras 
etc.) geralmente servem para adaptação a estruturas 
vizinhas. Já as aberturas (como os forames, canais 
etc.) geralmente servem para a passagem de estrutu-
ras como vasos e nervos (WATANABE, 2000).
PRINCIPAIS OSSOS DO CORPO HUMANO
Ossos da Cabeça
Os ossos da cabeça são chamados em conjunto de 
crânio. Esta estrutura que se parece com um capace-
te ou com um estojo ósseo, tem por principal função 
proteger o encéfalo (parte do sistema nervoso central 
popularmente conhecida como “cérebro”) que fica 
alojado em seu interior. No entanto, o crânio apresen-
ta outras importantes funções, por exemplo, abrigar e 
proteger os órgãos dos sentidos (olhos, mucosa olfa-
tória, órgão auditivo, órgão gustativo e do equilíbrio) 
por meio de cavidades especiais (como a orbital, na-
sal, meato acústico interno e cavidade oral). Por fim, 
o crânio também possibilita a mastigação e a fonação 
por meio dos movimentos da Articulação Temporo-
-Mandibular (ATM). (DANGELO; FATTINI, 2011). 
O crânio tem um teto em forma de cúpula (cha-
mado de calvária) e um assoalho (chamado de base) 
e é formado por 22 ossos que se articulam sendo 
apenas um deles amplamente móvel, a mandíbula. 
Vale lembrar que no interior de dois destes ossos 
(os ossos temporais) estão presentes os ossículos da 
audição chamados de martelo, bigorna e estribo, os 
quais não entram nesta contagem (DI DIO, 2002).
Dos 22 ossos, 8 formam o crânio neural (osso 
frontal, occipital, esfenoide, etmoide, parietais e 
temporais) e 14 formam o crânio facial ou visceral 
(mandíbula, vômer, nasais, palatinos, maxilas, zigo-
máticos, lacrimais e conchas nasais inferiores). Lem-
bre-se de que a maxila e a mandíbula têm estruturas 
destinadas à sustentação dos dentes (processos alve-
olares) e por todo o crânio há muitos forames para a 
passagem de vasos e nervos.
Figura 14 - Crânio
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 29
Exceto a articulação da mandíbula com o osso 
temporal (que é chamada de Articulação Tempo-
ro-Mandibular ou ATM), as outras articulações do 
crânio ocorrem por meio de suturas (como a sagital, 
a coronal, a lambdoidea, a escamosa, a internasal e 
a intermaxilar).
Estas suturas não estão presentes desde o nasci-
mento, pois, inicialmente, entre os ossos do crânio 
existem espaços preenchidos com mesênquima não 
ossificado chamados de fontículos (popularmente 
chamados de “moleiras”). Os fontículos permitem 
relativa flexibilidade e possibilidade de crescimento 
ao crânio fetal. Os principais são o fontículo ante-
rior (entre o osso frontal e os parietais), o posterior 
(entre os parietais e o occipital), os ântero-laterais 
(entre frontal, parietal, esfenoide e temporal) e os 
póstero-laterais (entre parietal, occipital e tempo-
ral). Esses sofrem ossificação e desaparecem durante 
o crescimento do crânio.
minuir o peso da cabeça sobre as vértebras cervicais 
e a amplificar o som da voz como uma caixa acústi-
ca. A inflamação de tal mucosa é chamada de sinusi-
te (TORTORA et al., 2010).
Ossos do pescoço 
Fazem parte dos ossos do pescoço o hioide, as vérte-
bras cervicais, o manúbrio do esterno (que será des-
crito junto com o esqueleto do tórax) e as clavículas 
(que serão descritas junto ao esqueleto do membro 
superior) (MOORE et al., 2014).
Figura 15 – Fontículos
Alguns ossos do crânio (frontal, esfenoide, etmoide 
e maxilas) apresentam cavidades ocas contendo ar, 
as quais são revestidas por mucosa e chamadas de 
seios paranasais (em decorrência de drenarem seu 
conteúdo mucoso para a cavidade nasal). Tais ossos 
são classificados como pneumáticos e ajudam a di-
O osso hioide é móvel e fica situado na parte ante-
rior do pescoço. Ele é suspenso por músculos e liga-
mentos e não se articula com nenhum outro osso do 
corpo. Assim, além de fixar os músculos da região 
anterior do pescoço, ele ajuda a manter as vias aére-
as abertas. As vértebras cervicais são sete pequenos 
ossos irregulares chamados, respectivamente, de C1 
(ou atlas), C2 (ou áxis), C3, C4, C5 e C6 e C7 (ou vérte-
bra proeminente).
Figura 16 - Ossos do pescoço
Osso hioide
ANATOMIA 
30 
Ossos do tronco
Os ossos do tronco incluem o osso esterno, as costelas, 
as vértebras torácicas, as vértebras lombares, as vérte-
bras sacrais e as vértebras coccígeas (DI DIO, 2002).
Figura 17 – Ossos do tronco
O osso esterno é um osso ímpar, plano, localizado 
na região central e anterior do tórax. Ele é dividido 
em três partes até a meia idade quando ocorre sua 
ossificação. A parte mais larga e superior é chamada 
de manúbrio e nela se identificam as incisuras clavi-
culares e a incisura jugular. Ele se une ao corpo que 
é mais longo e estreito, e onde se identificam as in-
cisuras costais. O processo xifoide é a menor e mais 
variável parte do esterno. Ele se ossifica por volta 
dos 40 anos e nos idosos pode-se fundir ao corpo 
(antes é cartilagíneo).
As costelas são 12 pares de ossos planos, curvos, 
com alta resiliência e que contém medula óssea. Po-
dem ser verdadeiras, falsas ou flutuantes. As verda-
deiras (do 1° ao 7° par) fixam-se diretamente ao osso 
esterno por meio de suas próprias cartilagens cos-
tais. As falsas (do 8° ao 10° par) têm conexão indi-
reta com o osso esterno, pois suas cartilagens costais 
são unidas (formando a margem costal). As flutuan-
tes ou anesternais (11° e 12° par de costelas) não se 
conectam ao osso esterno.
As 12 vértebras torácicas são chamadas de T1, T2, 
T3, T4, T5, T6, T7, T8, T9,T10, T11 e T12, as 5 lombares são 
chamadas de L1, L2, L3, L4 e L5, as 5 sacrais são chama-
das de S1, S2, S3, S4 e S5 e as 3 ou 4 coccígeas são cha-
madas de Co1, Co2, Co3 e Co4 (variação anatômica). 
No entanto, as vértebras sacrais e as coccígeas, por 
ossificação de seus discos intervertebrais, originan-
do o sacro e o cóccix, respectivamente.
As lombares são as maiores e mais resistentes 
vértebras da coluna. Seus processos espinhosos são 
quadriláteros, largos, espessos e servem para fixação 
dos grandes músculos do dorso. O sacro é um osso 
triangular que se posiciona na parte posterior da ca-
vidade pélvica, medialmente aos ossos do quadril, 
servindo como forte fundação para o cíngulo do 
membro inferior. Na mulher ele é mais curto, largo 
e curvo a fim de favorecer a expulsão do bebê du-
rante o trabalho de parto normal. O sacro apresenta 
forames sacrais anteriores e posteriores pelos quais 
passam nervos e vasos sanguíneos.
Esqueleto axial
Esqueleto apendicular
Clavícula
EscápulaOssos dos 
membros 
superiores
Ossos do 
quadril
Ossos dos 
membros 
inferiores
Osso esterno
Cartilagens 
costais
Costelas
Vértebras 
torácicas
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 31
Para finalizarmos a apresentação do esqueleto do 
tronco, é importante apresentarmos as curvaturas 
da coluna vertebral (CV). Em vista anterior e pos-
terior a CV deve ser retilínea, mas em vista lateral 
ela apresenta curvaturas fisiológicas que permitem 
a adequada distribuição do peso corpóreo e, conse-
quentemente, o equilíbrio.
Tais curvaturas começam a se formar ainda na 
vida embrionária quando a CV do feto apresenta-se 
convexa (em vista posterior) devido à curvatura do 
próprio útero e é chamada de curvatura primária. 
Quando o bebê começa a sustentar a cabeça, uma 
curvatura cervical côncava surge e é chamada de lor-
dose cervical. Ao ficar em pé e sustentar o peso cor-
póreo (em torno de um ano de idade), aparece uma 
curvatura côncava nas vértebras lombares (lordose 
lombar). As regiões torácica e sacral são convexas, 
posteriormente, e, por isso, são chamadas de cifoses. 
Assim, no adulto normal existem quatro curva-
turas fisiológicas na CV: Lordose cervical, cifose to-
rácica, lordose lombar e cifose sacral. No entanto, o 
aumento destas curvaturas pode se tornar patológico 
passando a caracterizar umquadro de hipercifose ou 
hiperlordose. Além disso, o desvio látero-lateral da 
CV também é patológico e é chamado de escoliose 
(que pode ser “C” à direita ou à esquerda, e em “S”).Entre os corpos das vértebras ficam inter-
postos os discos intervertebrais. Esses discos 
são constituídos pelo anel fibroso de fibro-
cartilagem (externamente) e núcleo pulposo 
(internamente). Ele é altamente hidratado e 
por isso é capaz de absorver impactos impos-
tos à coluna vertebral e permitir movimentos.
Fonte: Kahle et al. (2006). 
SAIBA MAIS
Figura 18 – Curvaturas normais da CV
Ossos do membro superior
O membro superior é composto por vários ossos 
(32 no total) que se articulam entre si para permitir 
ampla mobilidade e realização dos movimentos das 
mãos, inclusive os de pinça fina. O cíngulo do mem-
bro superior é composto pela clavícula e pela escápu-
la e tem a função de unir a parte livre do membro ao 
esqueleto axial. A parte livre do membro apresenta 
um osso no braço (o úmero), dois ossos no antebra-
ço (o rádio e a ulna), treze ossos nas mãos (oito ossos 
ANATOMIA 
32 
carpais e cinco ossos metacarpais) e quatorze ossos 
nos dedos (cinco falanges proximais, cinco falanges 
distais e quatro falanges médias). Apenas os ossos 
carpais são classificados (quanto à forma) como cur-
tos sendo os demais classificados como longos (MI-
RANDA NETO; CHOPARD, 2014).
músculos que agem sobre o braço, antebraço e mão.
Enquanto a ulna (o maior osso do antebraço) 
tem localização medial, o rádio é o osso lateral do 
antebraço cuja extremidade distal se articula com 
três ossos do carpo (semilunar, escafoide e pirami-
dal) para formar a articulação radiocarpal. Rádio e a 
ulna se articulam entre si pela membrana interóssea 
do antebraço que serve como ponto de fixação de 
alguns músculos profundos do antebraço.
Os ossos da mão compreendem os ossos carpais 
e metacarpais. Os carpais são oito ossos curtos inter-
ligados por ligamentos nas articulações intercarpais. 
São dispostos em duas fileiras com quatro ossos cada. 
Na fileira proximal estão os ossos escafoide, semilu-
nar, piramidal e pisiforme; na fileira distal estão os 
ossos trapézio, trapezoide, capitato (maior) e hamato.
Os ossos metacarpais são cinco ossos longos nu-
merados de I a V, a partir da posição lateral. Consis-
tem de uma base (proximal), um corpo (intermédio) 
e uma cabeça (distal). Articulam-se proximalmente 
com os ossos do carpo e distalmente com as falan-
ges. Os ossos dos dedos são as falanges. São 14 ossos 
longos que apresentam base, corpo e cabeça e são 
chamadas de proximal, média e distal. O polegar 
tem apenas as falanges proximal e distal.
Ossos do membro inferior
O membro inferior é composto por vários os-
sos que se articulam entre si para permitir ampla 
mobilidade e o suporte de peso corporal durante 
a marcha, assim como o equilíbrio do corpo na 
postura estática. O cíngulo do membro inferior é 
composto pelos ossos do quadril e pelo osso sacro e 
tem por função unir a parte livre do membro ao es-
queleto axial. Já a parte livre do membro apresenta 
um osso longo na coxa (o fêmur), dois ossos longos 
na perna (a tíbia e a fíbula), um osso sesamoide na 
Figura 19 - Ossos do membro superior
A clavícula é um osso fino, em forma de “S”, que fica 
sobre a primeira costela. Sua posição lhe permite se 
articular com o esterno e com a escápula, além de 
servir como ponto de fixação para alguns ligamen-
tos. Em contrapartida, a escápula é um osso grande, 
plano, triangular e posterior que se articula com a 
clavícula e com o úmero. 
Além disso, ela permite a fixação de muitos mús-
culos. Já o úmero é o osso mais longo do membro su-
perior. Sua extremidade proximal se articula com a es-
cápula e sua extremidade distal se articula com o rádio 
e com a ulna. Ele também permite a fixação de vários 
Clavícula
Úmero
Escápula
Rádio
Ulna
Ossos carpais
Ossos metacarpais
Fa
la
ng
es
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 33
região do joelho (patela), doze ossos no pé (sendo 
sete ossos tarsais e cinco ossos metatarsais) e qua-
torze ossos nos dedos (cinco falanges proximais, 
cinco falanges distais e quatro falanges médias). Os 
ossos do quadril e o sacro são irregulares, os tarsais 
são curtos, os metatarsais e as falanges são longos 
(DANGELO; FATTINI, 2011).
quanto, o cíngulo do membro superior não se articu-
la diretamente à coluna vertebral, o do membro in-
ferior o faz pela articulação sacroilíaca. Além disso, 
o encaixe na escápula para o úmero é raso e o fêmur 
no osso do quadril é profundo. Assim, enquanto o 
membro superior é adaptado a amplos movimentos, 
o membro inferior é adaptado ao suporte de peso e 
à estabilidade articular (GRABINER, et al., 1991).
O fêmur é o maior, mais pesado e mais resisten-
te osso do corpo. Sua extremidade proximal articu-
la-se com o acetábulo do osso do quadril e a distal 
articula-se com a tíbia e patela. Já a patela é um 
osso triangular e sesamoide que se desenvolve no 
tendão do músculo quadríceps femoral aumentan-
do a força de alavanca deste músculo, mantendo a 
posição de seu tendão na flexão do joelho e prote-
gendo a articulação.
Enquanto, a tíbia é o osso medial e sustentador 
de peso do membro inferior, a fíbula é paralela e la-
teral à tíbia. Superiormente, a tíbia se articula com o 
fêmur e com a fíbula e inferiormente se articula com 
o osso tálus e com a fíbula (pela membrana interós-
sea da perna; sindesmose tibiofibular).
Os ossos do pé incluem os ossos tarsais e me-
tatarsais. Os tarsais (tálus, calcâneo, navicular, 
cuboide, cuneiforme lateral, cuneiforme medial e 
cuneiforme intermédio) unem-se pelas articulações 
intertarsais. Os metatarsais apresentam uma base 
(proximal), um corpo (intermédio) e uma cabeça 
(distal), e são numerados de I a V a partir da posição 
medial. Articulam-se proximalmente com os ossos 
tarsais e distalmente com as falanges.
As falanges (proximal, média e distal) apresen-
tam base, corpo e cabeça, e as articulações que for-
mam entre si são chamadas de interfalângicas. Vale 
lembrar que o hálux (popularmente chamado de 
“dedão”) apresenta apenas falanges proximal e distal.
Figura 20 - Ossos do membro inferior
O osso do quadril do recém-nascido é formado por 
três ossos separados por cartilagem: ílio, ísquio e pú-
bis. Eles se unem completamente por volta dos 23 
anos de idade e se articulam anteriormente na sínfi-
se púbica e, posteriormente, unem-se ao sacro. As-
sim, o anel ósseo completo formado pelos dois ossos 
do quadril e sacro fazem uma estrutura em forma de 
bacia, chamada pelve óssea, que dá suporte à coluna 
vertebral e aos órgãos pélvicos.
Como visto, existem importantes diferenças 
entre o cíngulo do membro superior e inferior. En-
Ossos do quadril
Fêmur
Patela
Tíbia
Fíbula
Ossos tarsais
Ossos 
metatarsais Falanges
ANATOMIA 
34 
DEFINIÇÃO DE ARTICULAÇÃO
Quem nunca ouviu a vó ou o vô reclamando que 
está com dor nas “juntas”? Quem nunca ouviu di-
zer que se estalar o dedo engrossa as “juntas” ou se 
ficar muito tempo sem movimentar uma articulação 
a “junta” seca? Será que essas suposições são fato ou 
boato? A fim de respondermos estas e tantas outras 
questões sobre este tema tão complexo, vamos fazer 
um estudo completo sobre as articulações.
Em primeiro lugar, você só pode chamar de 
articulações ou junturas. Junta não! Em segun-
do lugar, elas são definidas como o conjunto de 
estruturas anatômicas que promovem a conexão 
entre duas ou mais peças do esqueleto. Se a ar-
ticulação ocorrer entre apenas dois ossos ela é 
classificada como simples, mas se acontecer entre 
mais de dois ossos, ela é chamada de composta 
(WATANABE, 2000). O restante, abordaremos 
nos tópicos que seguem.
FUNÇÕES DAS ARTICULAÇÕES
A maioria das articulações relaciona-se à produção 
de movimentos uma vez que as peças ósseas são 
tracionadas pelos músculos (durante a contração) e 
se movem ao redor dos pontos de junturas entre os 
ossos. Todavia, algumas articulações não são muito 
móveis, mas dão estabilidade às zonas de união en-tre os vários segmentos do esqueleto, ou seja, estão 
mais relacionadas à postura e ao equilíbrio (MOO-
RE et al., 2014).
Quando as articulações perdem suas funções em 
decorrência de doenças articulares graves (por exem-
plo, artrite), um procedimento cirúrgico chamado de 
artroplastia pode ser feito. Nele a articulação lesada é 
substituída por uma articulação artificial.
CLASSIFICAÇÃO DAS ARTICULAÇÕES
As articulações podem ser classificadas segundo vá-
rios critérios, sendo os dois mais utilizados o critério 
funcional (com base nos tipos de movimentos que 
permitem) e o critério estrutural (baseado em carac-
terísticas anatômicas) (GRABINER, et al., 1991).
A classificação funcional está relacionada ao 
grau de movimento que a articulação permite. As-
sim, pode ser chamada de sinartrose (quando a arti-
culação é fixa, sem movimento), anfiartrose (quan-
do a articulação permite pouco movimento) ou 
diartrose (quando a articulação é muito móvel). Já 
a classificação estrutural é baseada na presença ou 
ausência de um espaço (a cavidade articular) entre 
os ossos da articulação, e no tipo de tecido que une 
os ossos. Assim, a articulação pode ser fibrosa, carti-
lagínea ou sinovial.
Sistema 
Articular
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 35
A articulação fibrosa tem ossos unidos por 
tecido conjuntivo fibroso rico em fibras coláge-
nas não tem cavidade articular entre os ossos e 
permitem apenas pequenos deslocamentos e mo-
vimentos vibratórios. A articulação cartilagínea 
tem ossos unidos por cartilagem hialina ou fibro-
cartilagem, não tem cavidade articular entre os 
ossos e também permite apenas pequenos deslo-
camentos e movimentos vibratórios. Em contra-
partida, a articulação sinovial tem ossos unidos 
por tecido conjuntivo denso não modelado em 
forma de cápsula articular, tem cavidade articular 
e apresenta alguns elementos articulares caracte-
rísticos e outros especiais.
As articulações fibrosas podem ser do tipo sutu-
ra, sindesmose ou gonfose. As suturas são funcional-
mente classificadas como sinartroses, são encontra-
das nos ossos do crânio e podem ser planas (quando 
os ossos se encaixam de forma retilínea, como no 
caso da sutura internasal), serrilhada (quando os os-
sos se interdigitalizam um no outro, como na sutura 
sagital) ou escamosa (quando os ossos se sobrepõem 
um ao outro como ocorre entre o parietal e tempo-
ral). A ossificação das suturas geralmente inicia na 
segunda década de vida e termina após 80 anos, re-
cebendo o nome de sinostose.
Na sindesmose há uma distância maior entre 
os ossos e, por isso, existe mais tecido conjuntivo 
fibroso entre eles o qual pode estar disposto como 
um feixe (ligamento) ou como lâmina (membra-
na interóssea). Exemplo: membrana interóssea da 
perna (sindesmose tibiofibular) e do antebraço 
(sindesmose radioulnar). É funcionalmente classi-
ficada como anfiartrose.
A gonfose ocorre quando uma estrutura cunei-
forme se ajusta a uma concavidade. É o que ocorre, 
por exemplo, na união das raízes dos dentes com os 
processos alveolares da maxila e mandíbula. Vale 
ressaltar que, embora discretos, os movimentos dos 
dentes existem e podem ser percebidos durante pe-
quenos rebaixamentos ao serem submetidos a for-
tes compreensões (servem para suavizar impactos e 
evitar que os dentes se partam). São funcionalmente 
classificadas como sinartroses.
As articulações cartilagíneas podem ser do tipo 
sincondrose ou sínfise. A sincondrose apresenta 
cartilagem hialina entre os ossos e é funcionalmen-
te classificada como sinartrose. Algumas podem ser 
temporárias sofrendo ossificação no decorrer da 
vida (como a sincondrose esfenocciptal e a lâmina 
epifisial) e outras podem ser permanentes (como as 
articulações entre o osso esterno e as dez primeiras 
cartilagens costais).
A sínfise é uma articulação onde os ossos são uni-
dos por um disco de fibrocartilagem (por exemplo, 
sínfise púbica, manubrioesternal e intervertebral). 
São classificadas como anfiartroses. As articulações 
sinoviais têm elementos característicos e especiais 
que podemos citar: a superfície articular, cartilagem 
articular, cápsula articular e líquido sinovial.
A superfície articular é a porção de cada osso da 
articulação. Não tem periósteo, mas é coberta por 
cartilagem articular que é avascular (é nutrida pelo 
líquido sinovial), é fina, lisa e escorregadia (a fim de 
reduzir o atrito entre os ossos e absorver impactos).
A cápsula articular é uma membrana de tecido 
conjuntivo que envolve a articulação vedando-a e 
unindo os ossos (fazendo coaptação articular). É 
amplamente vascularizada e inervada (tanto com 
inervação dolorosa quanto proprioceptiva). É 
composta pela camada fibrosa (externa) e sinovial 
(interna). Enquanto a fibrosa é resistente, permite 
coaptação, mobilidade e resistência à tração, a si-
novial sintetiza o líquido.
ANATOMIA 
36 
O líquido sinovial é viscoso, amarelo-claro, cons-
tituído principalmente por ácido hialurônico, prote-
oglinas e glicosaminoglicanas. Ele reduz atrito (pois 
lubrifica a articulação), absorve impactos (pois man-
tém os ossos levemente afastados) e elimina calor 
produzido nas articulações durante os movimentos.
Além disso, remove microrganismos e fragmen-
tos resultantes do desgaste articular (pois contém 
células fagocíticas), nutre e oxigena a cartilagem ar-
ticular, assim como dela remove o CO2 e os resíduos 
metabólicos. Como é produzido proporcionalmente 
ao movimento articular, quando uma articulação 
fica imobilizada por muito tempo (para consolidar 
uma fratura, por exemplo), o líquido torna-se me-
nos abundante e viscoso. Por isso, as pessoas dizem 
que a “junta secou”. Todavia, produzido em excesso 
(por um processo inflamatório, por exemplo, sino-
vite), deve ser aspirado a fim de diminuir a pressão 
intra-articular e a dor (FREITAS, 2004). 
Os elementos especiais das articulações sinoviais 
incluem os lábios, os discos articulares, os meniscos, 
os ligamentos acessórios, as bolsas e as bainhas ten-
díneas. Os lábios são estruturas de fibrocartilagem 
localizadas em extremidades articulares, geralmen-
te côncavas, a fim de ampliar a cavidade e conferir 
maior estabilidade à articulação.
Os discos articulares e os meniscos são estru-
turas de fibrocartilagem presentes em articulações 
muito usadas, como a temporomandibular e o jo-
elho. Eles melhoram a coaptação articular, aumen-
tam a estabilidade, reduzem o atrito e os danos 
causados por impactos, além de distribuírem me-
lhor o líquido sinovial.
Os ligamentos acessórios aumentam a coaptação 
articular e podem estar localizados por fora da cavi-
dade articular (extracapsulares - como os ligamentos 
colaterais do joelho) ou por dentro da cápsula, mas 
fora da cavidade articular (intracapsulares - como o 
ligamento cruzado anterior do joelho).
As bolsas são sacos de tecido conjuntivo revesti-
dos por membrana sinovial e preenchidos por uma 
pequena quantidade de líquido semelhante ao líqui-
do sinovial. Localizam-se entre pele/osso, tendões/
osso, músculo/osso ou ligamento/osso. Reduzem o 
atrito de articulações muito exigidas e sua inflama-
ção é chamada de bursite. Por fim, bainhas tendíneas 
são bolsas que envolvem tendões que sofrem atrito. 
TIPOS DE ARTICULAÇÕES SINOVIAIS
As articulações sinoviais são nomeadas de acordo 
com os movimentos que permitem, os quais são in-
fluenciados pela forma dos ossos. Assim, conforme a 
configuração das faces articulares, as articulações si-
noviais podem ser do tipo plana, gínglimo, trocoide, 
elipsoide, selar ou esferoide (TORTORA et al., 2010).
As articulações planas apresentam faces planas e 
permitem movimentos de deslizamento de uma super-
fície sobre a outra. Isso ocorre entre os ossos carpais 
e tarsais, na articulação sacroilíaca, acromioclavicular, 
esternoclavicular, esternocostais e vertebrocostais.
As articulações do tipo gínglimo têm superfícies 
ósseas cilíndricas apresentando depressão em carre-
tel em um osso e saliência correspondente no outro. 
As articulações interfalângicas, do cotoveloe do jo-
elho são alguns exemplos.
As articulações trocoides têm faces ósseas semi-
cilíndricas completadas por ligamentos que possibili-
tam movimento de rotação. As articulações rádio-ul-
nar proximal e distal, e a articulação atlantoaxial são 
exemplos. Já nas elipsoides, uma das superfícies ósseas 
é oval e convexa, e a outra é oval e côncava. As arti-
culações radiocarpal e metatarsofalângica são assim.
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 37
As selares têm superfície côncava em uma direção e 
convexa em outra, com encaixe recíproco em outra su-
perfície óssea. Ocorre, por exemplo, na articulação car-
pometacarpal do polegar. Por fim, as articulações esfe-
roides têm superfície esférica articulando-se em uma 
cavidade correspondente (como no quadril e ombro).
MOVIMENTOS DAS ARTICULAÇÕES SI-
NOVIAIS 
As articulações sinoviais podem apresentar movi-
mento do tipo deslizamento, angular, de rotação ou 
ainda movimentos especiais. No deslizamento, as 
faces planas dos ossos se movimentam sem alterar 
significativamente o ângulo entre eles. Assim, a am-
plitude de movimento é limitada. Diferentemente, 
nos movimentos angulares o ângulo entre os ossos 
da articulação é alterado. Incluem flexão, exten-
são, flexão lateral, abdução, adução e circundução 
(GRABINER, et al., 1991).
Flexão e extensão são movimentos opostos. 
Na flexão ocorre redução do ângulo entre os os-
sos e na extensão ocorre aumento desse ângulo 
(normalmente para voltar à posição anatômica). 
Ocorrem no plano sagital, por meio do eixo co-
ronal (exceto a do polegar). Alguns autores con-
sideram a continuação da extensão para além da 
posição anatômica como hiperextensão. Na flexão 
lateral, o segmento corpóreo é deslocado em dire-
ção ao plano lateral. Ocorre no plano coronal por 
meio do eixo sagital. Este movimento ocorre, por 
exemplo, no tronco.
Abdução e adução são movimentos opostos. Na 
abdução ocorre movimento do segmento corpóreo 
para longe da linha mediana do corpo. Na adução, 
o segmento corpóreo é deslocado em direção à li-
nha mediana do corpo (normalmente para voltar à 
posição anatômica). Ocorrem no plano coronal por 
meio do eixo sagital (exceto a do polegar). Para os 
dedos, considera-se como ponto de referência uma 
linha mediana que passa sobre o dedo médio da 
mão e sobre o 2° dedo do pé. Na articulação radio-
carpal, a abdução pode ser chamada de desvio radial 
e a adução pode ser chamada de desvio ulnar.Figura 21 - Tipos de articulações Sinoviais
ANATOMIA 
38 
Na circundução a extremidade distal do seg-
mento corpóreo descreve um círculo. Ocorre como 
resultado de uma sequência de movimento que en-
volve flexão, extensão, abdução e adução. Na rota-
ção o osso gira em torno do seu próprio eixo lon-
gitudinal. Nos membros, se a face anterior é girada 
em direção à linha mediana do corpo, a rotação é 
chamada de medial e se é girada para longe da linha 
mediana do corpo, é chamada de lateral.
Em algumas articulações podem ocorrer movi-
mentos especiais. É o caso, por exemplo, da elevação e 
abaixamento. Enquanto na elevação há movimento de 
uma parte do corpo para cima, no abaixamento esta 
mesma parte corpórea move-se para baixo. São pos-
síveis na mandíbula, costelas, ombros, osso hioide etc.
Outros movimentos especiais incluem a protração 
(ou protrusão), retração (ou retrusão), inversão, ever-
são, flexão dorsal (ou dorsiflexão), flexão plantar (ou 
plantiflexão), supinação, pronação, oposição e reposi-
ção. Na protração há movimento anterior de uma par-
te do corpo no plano transversal e na retração ocorre o 
movimento da parte protraída de volta à posição ana-
tômica (possível na mandíbula, clavícula etc.).
A inversão e a eversão ocorrem nas articulações 
intertarsais. Enquanto na inversão as plantas movi-
mentam-se medialmente, na eversão elas se movimen-
tam lateralmente. Na flexão dorsal, o dorso é movido 
em direção à face anterior da perna e na flexão plantar, 
a planta é movida em direção à face posterior da perna.
A supinação e a pronação ocorrem nas articula-
ções radioulnar proximal e distal. Enquanto na supi-
nação a palma é girada anteriormente, na pronação a 
palma é girada posteriormente. Por fim, oposição é o 
movimento do polegar para tocar as falanges distais 
dos demais dedos dando-lhe a capacidade de fazer 
movimentos de pinça (possível na articulação carpo-
metacarpal). Reposição é o movimento oposto.
VASCULARIZAÇÃO E INERVAÇÃO ARTICULAR
As articulações são extremamente inervadas e vas-
cularizadas (MIRANDA NETO; CHOPARD, 2014). 
Elas recebem sangue de ramos articulares das arté-
rias que passam ao redor da cápsula articular e são 
drenadas por veias que acompanham as artérias.
A maioria dos nervos articulares é derivada de 
nervos que suprem músculos ao redor das articula-
ções. Vale destacar que a inervação articular é mui-
to importante, pois está relacionada à sua proteção. 
Assim, principalmente, a cápsula e os ligamentos 
articulares apresentam vários tipos de sensibilidade, 
como a dolorosa e a proprioceptiva.
FATORES QUE AFETAM O CONTATO E A 
AMPLITUDE DE MOVIMENTO DAS ARTI-
CULAÇÕES SINOVIAIS 
Alguns fatores afetam o contato entre as superfí-
cies ósseas de uma articulação e, consequentemen-
te, limitam a amplitude de movimento articular. Os 
principais são a forma dos ossos que se articulam, a 
resistência das estruturas articulares, a tensão mus-
cular, o contato de partes moles próximas, ação de 
alguns hormônios e o desuso (GRABINER, 1991).
A forma dos ossos afeta, por exemplo, a exten-
são completa do cotovelo, pois, tal movimento de-
pende do encaixe da ulna no úmero. Extrapolar esta 
limitação óssea pode causar lesão. A resistência das 
estruturas articulares também afeta a amplitude de 
movimento articular. Isto pode ser visto, por exem-
plo, quando se faz a flexão e a extensão do punho em 
amplitude máxima. Tais movimentos são limitados 
pela tensão dos ligamentos e da cápsula articular os 
quais são bastante resistentes.
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 39
De igual modo, a tensão muscular pode influen-
ciar na realização do movimento. A flexão do qua-
dril associada à extensão do joelho, por exemplo, 
pode ser limitada por encurtamento dos músculos 
posteriores da coxa.
Quando a flexão do cotovelo é realizada por um 
indivíduo com hipertrofia do músculo bíceps bra-
quial, pode haver limitação da amplitude de movi-
mento devido o contato das partes moles próximas 
(músculos do braço e do antebraço).
Além disso, alguns hormônios podem inter-
ferir na mobilidade articular. É o caso da relaxina 
(produzida pelos ovários e placenta) que aumenta 
a mobilidade da sínfise púbica em gestantes a fim 
de facilitar o trabalho de parto. Em contrapartida, o 
desuso ou a imobilização articular podem reduzir a 
flexibilidade dos ligamentos e tendões.
ENVELHECIMENTO ARTICULAR 
Os efeitos do envelhecimento sobre as articulações 
variam individualmente segundo fatores hereditá-
rios e de uso. Incluem a diminuição na produção 
do líquido sinovial, a fragilidade da cartilagem arti-
cular, a perda da flexibilidade dos ligamentos, o au-
mento do peso corporal e a tendência a deformida-
des corpóreas (principalmente na coluna vertebral e 
nos joelhos). (GRABINER, et al., 2001).
Todavia, todos esses efeitos do envelhecimento 
podem ser minimizados pela prática de exercícios 
físicos frequentes e por cuidados alimentares (inges-
tão proteica e hídrica adequada, por exemplo).
PARTICULARIDADES DAS PRINCIPAIS 
ARTICULAÇÕES DO CORPO 
As diferentes articulações do corpo têm característi-
cas anatômicas próprias às quais variam, principal-
mente com as demandas funcionais. Assim, a pre-
sença de discos e meniscos na articulação do joelho 
e na articulação temporomandibular, por exemplo, 
deve-se ao fato destas articulações receberam des-
carga de peso e serem utilizadas abundantemente 
em toda a vida. Por outro lado, as articulações dos 
tórax estão adaptadas não à descarga de peso, mas 
aos movimentos respiratórios.
Outro aspecto importante é que as articulações 
se movem ao redor de eixosde movimento. Assim, 
quanto mais móvel é a articulação, mais eixos pas-
sam por ela. Por exemplo, as articulações do quadril 
e do ombro são muito móveis, pois são triaxiais, ou 
seja, por elas passam três eixos de movimento. Já a 
articulação do joelho e do cotovelo são monoaxiais 
e, por isso, desenvolvem menos tipos de movimen-
tos. O punho e o tornozelo são biaxiais e podem 
realizar mais movimentos do que as monoaxiais e 
menos do que as triaxiais.
Normalmente, os movimentos de flexão e ex-
tensão ocorrem por meio do eixo coronal e são 
realizados no plano sagital. Já os movimentos de 
abdução e adução ocorrem por meio do eixo sagi-
tal e são realizados no plano coronal. As rotações 
ocorrem pelo eixo longitudinal e no plano trans-
versal (GRABINER, 2001).
ANATOMIA 
40 
FUNÇÕES MUSCULARES
A função do músculo é realizar contração e a partir 
desta, vários outros eventos podem ser desencade-
ados, como manutenção da postura (sustentação 
estática), respiração, movimento cardíaco, movi-
mento peristáltico e manutenção do tônus muscu-
lar. Além disso, os músculos dão forma ao corpo, 
são fonte de calor e possibilitam movimentos vo-
luntários sendo considerados os órgãos ativos da 
locomoção (MOORE et al., 2014).
Quanto ao controle voluntário, o músculo pode 
ser voluntário (se sua contração ocorrer de acordo 
com a vontade do indivíduo) ou involuntário (se 
sua contração não depender do controle do indiví-
duo). Quanto à aparência estriada ou não de suas 
fibras ao microscópio, o músculo pode ser do tipo 
estriado (aquele que apresenta estrias transversais) 
ou liso (sem estrias transversais). Por fim, quanto à 
localização, o músculo pode ser somático (aquele 
localizado na parede do corpo ou nos membros) ou 
visceral (aquele localizado nos órgãos ocos ou nos 
vasos sanguíneos).
Assim, considerando estes três critérios, os 
músculos podem ser de três tipos: músculo estria-
do esquelético (movem ou estabilizam ossos e ou-
tras estruturas como os olhos; é somático e volun-
tário), músculo estriado cardíaco (forma a maior 
parte das paredes do coração e dos grandes vasos; 
é visceral e involuntário) ou músculo liso (forma a 
parede da maioria dos vasos sanguíneos e órgãos 
ocos; é visceral e involuntário).
Um caso especial ocorre com o músculo diafrag-
ma, pois embora seja involuntário, ele pode sofrer 
breve influência voluntária permitindo períodos de 
apneia (interrupção da respiração) ou hiperpneia 
(aumento da frequência da respiração) de acordo 
com a vontade do indivíduo.
SISTEMA MUSCULAR
Você acha que todas as pessoas têm o mesmo 
número de músculos?
Será que indivíduos hipertrofiados têm o mes-
mo número de músculos do que aqueles que 
sofreram atrofia muscular, após terem apre-
sentado uma lesão medular?
Até que ponto o sistema nervoso influencia 
no poder de contração muscular?
REFLITA
TIPOS DE MÚSCULOS 
Os músculos podem ser classificados consideran-
do diferenças relacionadas ao controle voluntário, à 
presença de estrias em suas fibras ao microscópio e à 
localização (FREITAS, 2004).
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 41
MÚSCULO ESTRIADO ESQUELÉTICO 
A maioria dos músculos estriados esqueléticos 
está fixada aos ossos, cartilagens, ligamentos ou 
fáscias. Todavia, alguns deles podem se fixar a ór-
gãos (como os olhos), pele (como os músculos da 
face) ou à mucosa (como os músculos intrínsecos 
da língua). Tais músculos têm porções carnosas, 
avermelhadas e contráteis (chamadas de cabeça 
ou ventre), e extremidades brancas não contráteis 
(chamadas de tendões). Os tendões são compos-
tos principalmente por feixes de colágenos e ser-
vem para fixação dos músculos. Em alguns mús-
culos aparecem como lâminas planas e passam a 
ser chamados de aponeurose (MIRANDA NETO; 
CHOPARD, 2014).
Figura 22 - Tipos de músculos
Figura 23 - Ventre muscular, tendão e aponeurose
Tipos de músculos
Músculo estriado cardíaco Músculo estriado esquelético Músculo liso
m. Peitoral maior
m. Trapézio m. Deltoide
m. Bíceps 
femoral
m. Latíssimo 
do dorso
m. Glúteo 
máximo
m. Gastrocnêmio
m. Serrátil anterior
m. Bíceps braquial
m. Reto do abdome
m. Oblíquo externo 
do abdome
m. Reto femoral
ANATOMIA 
42 
Uma membrana de tecido conjuntivo denso, cha-
mada epimísio, envolve todo o músculo. Dela par-
tem septos (o perimísio) para o interior do músculo 
os quais envolvem pequenos grupos de células ou 
fibras musculares (fascículos). Cada fibra muscular, 
por sua vez, é envolvida por uma membrana delica-
da de tecido conjuntivo, o endomísio. Externamente, 
os músculos são revestidos por mais uma camada 
de tecido conjuntivo - a fáscia muscular. Epimísio, 
perimísio e endomísio se prolongam além das fibras 
musculares para formar os tendões musculares.
A fáscia muscular garante a sustentação do mús-
culo bem como a preservação de sua anatomia funcio-
nal sustentando vasos e nervos, e permitindo o desli-
zamento entre músculos próximos. Além disso, forma 
septos intermusculares que compartimentalizam os 
músculos do corpo. Quando ocorre aderência entra as 
fáscias (devido a processos inflamatórios ou traumas), 
os músculos diminuem seu poder de contração.
As fixações dos músculos (seja por tendão ou apo-
neurose) costumam ser descritas como origem e in-
serção. De uma forma geral, origem é a extremidade 
proximal que permanece fixa durante a contração 
muscular e a inserção é a extremidade distal que se 
move durante a contração muscular. No entanto, em 
alguns movimentos específicos, os conceitos de ori-
gem e inserção podem ser modificados.
TIPOS DE CONTRAÇÃO DO MÚSCULO 
ESTRIADO ESQUELÉTICO 
Existem dois principais tipos de contração muscular 
fásica ou ativa: a isométrica e a isotônica (GRABI-
NER, 1991). Na contração isométrica, o compri-
mento do músculo permanece igual (ou seja, não 
há movimento), mas a força aumenta para resistir à 
gravidade ou à outra força antagônica. Este tipo de 
contração é importante para a manutenção da pos-
tura quando os músculos atuam como fixadores.
Em contrapartida, na contração isotônica o 
músculo altera seu comprimento enquanto o movi-
mento ocorre. Ela pode ser do tipo concêntrica (o 
movimento se dá junto ao encurtamento do múscu-
lo) ou excêntrica (quando o músculo é alongado ao 
se contrair, ou seja, sofre um relaxamento gradual 
e controlado enquanto exerce uma força contínua).
É importante destacar que a gravidade influencia 
no tipo de contração que o músculo exercerá. Assim, 
a flexão resistida do cotovelo com o indivíduo em pé 
é realizada por contração concêntrica dos músculos 
flexores do cotovelo, mas o lento retorno à extensão 
do cotovelo é feita pela contração excêntrica dos mes-
mos músculos. Muitas pessoas imaginam que o re-
torno seja feito pela contração concêntrica do tríceps 
braquial que é o agonista da extensão do cotovelo.Figura 24 - Peri, epi e endomísio + fáscia muscular
Cartilagem articular
Tendão
Fáscia muscular
Músculo 
estriado esquelético
Perimísio
Epimísio
Fibras
musculares
Endomísio
Fascículo Osso
Vasos
sanguíneos
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 43
Todavia, não é. Isto porque o fato do movimento 
ocorrer contra a ação da gravidade muda a partici-
pação do músculo no movimento. Assim, quando 
o profissional de educação física precisar analisar 
biomecanicamente os músculos envolvidos na reali-
zação de um determinado movimento, é necessário 
que ele faça antes uma avaliação da ação da gravida-
de sobre as fibras musculares.
VASCULARIZAÇÃO E INERVAÇÃO MUS-
CULAR 
A vascularização sanguínea é abundante nos mús-
culos, pois dela depende a adequada oxigenação 
e nutrição muscular, bem como a drenagem de 
gás carbônico e produtos residuais produzidos no 
próprio músculo. Sem vascularização eficiente, a 
contração muscular é inviável e, por isso, ela geral-
mente é múltipla, ou seja, o músculo é irrigado por 
varias artérias adjacentes.
De igual modo, a inervação do músculo é res-
ponsável pela contração e pelos estímulos sensiti-
vos dos mesmos (dolorosos e proprioceptivos). As-
sim, a coordenação motora dependeda interação 
entre sistema muscular e sistema nervoso (MOO-
RE et al., 2014).
CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL DO MÚS-
CULO ESTRIADO ESQUELÉTICO 
De acordo com o papel que o músculo desempenha 
durante o movimento, ele pode ser clasificado como 
agonista, antagonista, sinergista e fixador ou postu-
ral (GRABINER, et al., 1991).
O agonista (ou motor primário) é o principal 
músculo que produz o movimento (como o músculo 
braquial na flexão do cotovelo). Já o antagonista, é o 
músculo que se opõe à ação de outro músculo (como 
o músculo tríceps braquial na flexão do cotovelo). O 
músculo sinergista complementa a ação do agonista 
(como o músculo braquiorradial na flexão do coto-
velo) ou fixa uma articulação intermediária quando 
o agonista passa por mais de uma articulação (como 
o músculo extensor dos dedos que é sinergista do 
flexor profundo dos dedos ao fixar em extensão to-
das as outras articulações pelas quais ele passa). Por 
fim, o músculo fixador ou postural estabiliza partes 
proximais de um membro mediante contrações iso-
métricas, enquanto ocorrem movimentos nas partes 
distais. O músculo deltoide, por exemplo, mantém o 
ombro em abdução enquanto um movimento de pin-
ça fina é executado nas articulações interfalângicas. 
ÓRGÃO ANEXOS DO SISTEMA MUSCULAR 
São estruturas que facilitam a ação dos músculos ou 
os mantêm íntegros. Os principais órgãos anexos são 
as bolsas sinoviais, as bainhas fibrosas e sinoviais, e 
os retináculos (FREITAS, 2004).
As bolsas sinoviais são sacos fibrosos revestidos 
de membrana sinovial, contendo líquido sinovial 
em seu interior. Normalmente, ficam em regiões de 
maior atrito entre um músculo e um osso, entre dois 
músculos, entre o músculo e a pele suprajacente etc. 
Quando inflamadas ou lesadas por esforço repetiti-
vo ocorre edema e dor (bursite).
As bainhas fibrosas revestem tendões e fáscias de 
revestimento. São constituídas por tecido conjuntivo e 
se inserem nos ossos formando canais para manterem 
ANATOMIA 
44 
em posição os tendões de músculos longos que passam 
em seu interior. Já as bainhas sinoviais são encontradas 
no interior nas bainhas fibrosas. São constituídas por 
uma camada interna (intimamente aderida ao tendão) 
e uma camada externa (voltada à bainha fibrosa). 
Sua função é produzir um líquido semelhante ao 
líquido sinovial para facilitar o deslizamento dos ten-
dões durante a realização dos movimentos. São co-
muns na região dos ossos carpais e tarsais. Por fim, os 
retináculos são espessamentos das fáscias. São cons-
tituídos por tecido conjuntivo e servem para manter 
em posição os tendões que cruzam as articulações.
eretor da espinha e músculo extensor dos dedos), 
ação e forma (músculo pronador quadrado e mús-
culo adutor longo), ação e localização (músculo fle-
xor superior dos dedos e músculo flexor radial do 
carpo), origem e inserção (músculo esternocleido-
mastoideo), dentre outros.
Além disso, os músculos também podem ser 
classificados de acordo com outros critérios, por 
exemplo, direção das fibras musculares, sua aparên-
cia, localização, número de pontos de origem, nú-
mero de pontos inserção, número de ventres mus-
culares e função.
Quanto à direção das fibras musculares, eles po-
dem ser de fibras paralelas (como o sartório) ou de 
fibras oblíquas (como o glúteo máximo). Normal-
mente, músculos de fibras paralelas desenvolvem 
bastante amplitude de movimento articular, mas 
normalmente têm pouca força. Em contrapartida, 
músculos de fibras oblíquas têm bastante força mus-
cular, mas pouca amplitude de movimento. Com-
plementarmente, os músculos de fibras oblíquas 
podem ser do tipo unipenados (como o extensor 
longo dos dedos), bipenados (como o reto da coxa) 
ou multipenados (como o deltoide).
Vale ressaltar que em alguns músculos, as fibras 
convergem de uma larga origem para um estrei-
to e único tendão dando ao músculo uma arranjo 
em forma de leque ou um aspecto triangular (é o 
que ocorre, por exemplo, com o músculo peitoral 
maior). Quanto à aparência, os músculos podem ser 
curtos (como os da mão), longos (em forma de fita; 
como o sartório), plano ou chato (presentes no ab-
dome e no dorso; como o trapézio), fusiforme (com 
uma região central de maior diâmetro em relação às 
extremidades; como o bíceps braquial) ou circulares 
ou esfincterianos (que circudam aberturas ou orifí-
cios do corpo; como o orbicular do olho).
Figura 25 - Órgãos anexos do sistema muscular
GENERALIDADES DO SISTEMA MUSCULAR 
Segundo Moore et al. (2014), existem 656 músculos 
estriados esqueléticos nominados no corpo huma-
no. A nomenclatura é baseada em vários critérios, 
como forma (músculo deltóide e músculo trapézio), 
localização (músculos intercostais e músculo subes-
capular), forma e localização (músculo quadrado da 
coxa e músculo orbicular da boca), ação (músculo 
Retináculo
Retináculo
Tendões musculares
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 45
Quanto à localização, eles podem ser superficiais 
(aqueles que ficam logo abaixo da pele têm pelo 
menos uma de suas inserções na derme, sendo 
chamados de dérmicos; como os músculos da ex-
pressão facial) ou profundos (sem inserções na 
derme; como músculos profundos do antebraço). 
Figura 26 - Músculos de fibras paralelas e oblíquas, músculos longos, curtos, planos e fusiformes
A nomenclatura também pode considerar o núme-
ro de pontos de origem (bíceps, tríceps e quadrí-
ceps), o número de pontos de inserção (bicaudado 
e policaudado), de ventres musculares (digástrico 
e poligástrico) ou a função exercida pelo músculo 
(flexor, extensor, abdutor etc.)
Músculo fusiforme
Músculo de 
fibras oblíquas
Músculo plano
Músculo curto
Músculo de 
fibras paralelas
Músculo longo
Músculo de 
fibras paralelas
Músculo de 
fibras oblíquas
ANATOMIA 
46 
Figura 27 - Da esquerda para a direita: Músculos bíceps, tríceps, quadríceps, digástrico, poligástrico, bi e policaudado
Músculo bíceps
Músculo tríceps
Músculo quadríceps
Músculo 
digástrico ou biventre
Músculo
poligástrico ou poliventre
Músculo policaudado
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 47
PRINCIPAIS MÚSCULOS DO CORPO HUMANO 
• Levantador do lábio superior e da asa do na-
riz: levanta o lábio superior e a asa do nariz.
• Levantador do lábio superior: levanta o lá-
bio superior fazendo eversão ou “bico” do 
lábio superior.
• Levantador do ângulo da boca: traciona o ân-
gulo da boca obliquamente para cima na risada.
• Zigomático maior e zigomático menor: tra-
cionam o ângulo da boca obliquamente para 
cima na risada.
• Risório: traciona o ângulo da boca horizon-
talmente no sorriso.
• Orbicular da boca: fecha a rima bucal. 
• Abaixador do ângulo da boca: abaixa o ân-
gulo da boca fazendo a expressão de tristeza.
• Abaixador do lábio inferior: abaixa o lábio 
inferior fazendo a eversão ou “bico” do lá-
bio inferior.
• Mentual: protrai o lábio inferior e enruga a 
pele do mento. 
• Bucinador: contrai a bochecha no assopro, 
assovio, bocejo, e puxa o ângulo da boca la-
teralmente.
• Platisma: o mais superficial; abaixa a mandí-
bula, traciona o ângulo da boca para baixo e 
enruga a pele do pescoço.
Principais músculos da cabeça e do pescoço
Os músculos da cabeça e do pescoço incluem os da 
expressão facial, os mastigatórios, os relacionados 
ao osso hioide, os superficiais do pescoço (como 
o esternocleidomastoideo), aqueles relacionados à 
coluna vertebral (pré, para e pós-vertebrais), além 
daqueles que constituem a língua, o palato mole e 
a faringe (FREITAS, 2004). Esses últimos não serão 
estudados aqui, pois, neste momento, serão aborda-
dos apenas os músculos mais relevantes ao profissio-
nal de educação física.
Os músculos da expressão facial nos permitem 
expressar emoções por meio de suas contrações. 
Seus nomes estão diretamente relacionados às suas 
funções, são eles: 
• Occipitofrontal: com os ventres frontal e 
occipital unidos pela aponeurose epicrâ-
nica; ele eleva os supercílios enrugando a 
pele da fronte dando a expressão de aten-
ção.
• Prócero: enruga a pele entre os supercílios. 
• Corrugadordo supercílio: junta os supercí-
lios fazendo a expressão de bravo.
• Orbicular do olho: fecha a rima palpebral.
• Nasal: abre a asa do nariz para ampliar a cap-
tação do ar em esforço respiratório. 
ANATOMIA 
48 
Os músculos da mastigação incluem o temporal, 
o masseter, o pterigoide lateral e o pterigoide me-
dial. Todos eles movimentam a mandíbula durante 
a mastigação e a fala.
Os músculos relacionados ao osso hioide dividem-
-se em supra e infra-hioideos. Os supra-hioideos 
elevam o osso hioide durante a primeira fase da de-
glutição e abaixam a mandíbula contra resistência. 
São eles o digástrico, o estilo-hioideo, o milo-hioi-
deo e o gênio-hioideo. Os músculos infra-hioideos 
abaixam o osso hioide durante a segunda fase da de-
glutição. São eles: o omo-hioideo, esterno-hioideo, 
esternotireoideo e o tíreo-hioideo.
Figura 28 - Músculos da expressão facial
Figura 29 - Músculos da mastigação Figura 30 - Músculos supra e infra-hioideos
m. Occipitofrontal
m. Orbicular do olhom. Prócero
m. Temporal
m. Masseter
Músculos
infra-hioideos
Músculos
supra-hioideos
m. Nasal
m. Zigomático menor
m. Zigomático maior
m. Risório
m. Abaixador do 
lábio inferior
m. Mentual
m. Abaixador do 
ângulo da boca
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 49
Principais músculos do dorso
Os músculos do dorso são fortes, fixam-se às vérte-
bras e são essenciais para sustentar e mover a colu-
na vertebral. De uma forma geral, podem produzir 
movimentos nos membros superiores (como o tra-
pézio, o latíssimo do dorso, o levantador da escápu-
la e os romboides), relacionam-se aos movimentos 
respiratórios (como o serrátil posterior superior e 
o serrátil posterior inferior) ou agem sobre a colu-
na vertebral permitindo movimento e sustentando 
a postura (como o esplênio da cabeça, esplênio do 
pescoço, eretor da espinha, seminespinal, multífidos 
e rotadores) (DI DIO, 2002).
Figura 31 – Músculo Esternocleidomastoideo
O esternocleidomastoideo é um músculo superficial 
do pescoço. Ele flexiona a cabeça (em contração bi-
lateral) e, em contração unilateral, faz a flexão late-
ral da cabeça para o mesmo lado do músculo que 
se contraiu associada à rotação da face para o lado 
contrário do músculo que se contraiu.
Os músculos pré-vertebrais estão relacionados à fle-
xão da cabeça e do pescoço. Inclui o músculo longo 
da cabeça, o longo do pescoço, reto anterior da ca-
beça e reto lateral da cabeça. Os músculos para-ver-
tebrais realizam a flexão lateral da cabeça e do pes-
coço (este movimento também pode ser chamado 
de inclinação lateral). Inclui os músculos escalenos 
anterior, médio e posterior.
Os músculos pós-vertebrais estão relacionados à 
extensão da cabeça e do pescoço. São eles o esplê-
nio da cabeça, esplênio do pescoço, semiespinal da 
cabeça, semiespinal do pescoço, multífidos e suboc-
cipitais (incluindo o reto posterior maior da cabeça, 
reto posterior menor da cabeça, oblíquo superior da 
cabeça e oblíquo inferior da cabeça). Os multífidos 
são também rotadores da coluna vertebral.
Figura 32 - Músculos para (esquerda) e pós-vertebrais (direita) 
Figura 33 - Músculos do dorso
m. Esternocleidomastoideo
Músculos 
paravertebrais
Músculos 
pós-vertebrais
ANATOMIA 
50 
Principais músculos do tórax
Os músculos do tórax incluem músculos que 
unem o esqueleto axial ao apendicular, músculos 
da parede anterolateral do abdome, do pescoço, 
do dorso e alguns que agem como acessórios da 
respiração. No entanto, os verdadeiros músculos 
da parede torácica são os levantadores das costelas 
(agem na inspiração), o transverso do tórax (fun-
ção expiratória), os intercostais externos (atuam 
na inspiração), os intercostais internos (na expi-
ração), os intercostais íntimos (têm a mesma ação 
dos intercostais internos) e subcostais (com ação 
igual a dos intercostais internos).
O diafragma é um comum ao tórax e ao abdo-
me e atua como o principal músculo da inspiração. 
Apresenta uma parte central aponeurótica chama-
da de centro tendíneo, e uma parte muscular divi-
dida em parte esternal, costal e lombar (de acordo 
com suas fixações). Ele é perfurado pelo forame da 
veia cava, pelo hiato esofágico e pelo hiato aórtico 
os quais servem para permitir a passagem, respec-
tivamente, da veia cava inferior, esôfago e da artéria 
aorta (WATANABE, 2000).
Principais músculos do abdome
Os músculos do abdome podem estar localizados 
na parede anterolateral ou posterior do abdome. 
Na parede anterolateral existem cinco pares de 
músculos: reto do abdome, piramidal, oblíquo ex-
terno do abdome, oblíquo interno do abdome e 
transverso do abdome. Estes músculos têm dife-
rentes direções de fibras e formam uma sustenta-
ção forte para esta região. Juntos, eles sustentam 
e protegem as vísceras abdominais, comprimem 
o conteúdo abdominal para manter ou aumentar 
a pressão intra-abdominal, opõem-se ao diafrag-
ma, movem o tronco, ajudam a manter a postura, 
formam um cinturão muscular e atuam ao tossir, 
espirrar, vomitar, no parto normal, ao assoar o na-
riz, na defecação e outras atividades (MIRANDA 
NETO; CHOPARD, 2014).
Os músculos da parede abdominal posterior 
incluem o psoas maior, o psoas menor, o ilíaco e 
o quadrado do lombo. O psoas maior fica posi-
cionado lateralmente à coluna vertebral e parte de 
suas fibras unem-se ao tendão do músculo ilíaco 
formando o músculo iliopsoas, que é o principal 
flexor do quadril. Além disso, ele faz a flexão la-
teral do tronco e ajuda a manter a lordose lom-
bar. O psoas menor é considerado uma variação 
anatômica podendo não existir. Enquanto o ilíaco 
estabiliza a articulação do quadril, o quadrado do 
lombo é flexor lateral e extensor do tronco.
Figura 34: Músculos do tórax
Músculos 
intercostais externos
m. Peitoral maior
m. Peitoral menor
m. Serrátil anterior
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 51
Principais músculos do membro superior
Os músculos do membro superior são muito nu-
merosos, principalmente, porque possibilitam os 
precisos movimentos da mão. O trapézio e o latíssi-
mo do dorso atuam sobre o membro superior, mas 
não serão abordados novamente, pois, já foram 
descritos no dorso. Além deles, também estão in-
clusos o peitoral maior, peitoral menor, subclávio, 
serrátil anterior, levantador da escápula, romboide 
maior, romboide menor, deltoide, redondo maior, 
redondo menor, supraespinal, infraespinal, subes-
capular, os vários músculos do braço, do antebraço 
e da mão (DI DIO, 2002).
O peitoral maior tem forma de leque. Age para 
aduzir, rodar medialmente, flexionar ou estender o 
braço a partir da flexão. O peitoral menor é quase 
totalmente coberto pelo peitoral maior. Ele estabili-
za a escápula e ajuda a elevar as costelas na inspira-
ção profunda. Já o subclávio fica abaixo da clavícula 
e tem a função de estabilizar a clavícula durante os 
movimentos do membro superior.
O serrátil anterior faz a protrusão da escápula. O 
levantador da escápula eleva a escápula. Os romboi-
des (maior e menor), nem sempre separados um do 
outro, situam-se profundamente ao trapézio e fazem 
a retração e rotação inferior da escápula.
O deltoide é um músculo espesso e forte que re-
cobre o ombro dando-lhe um contorno arredonda-
do. Ele estabiliza a articulação do ombro e faz sua 
abdução, flexão e extensão quando suas partes clavi-
cular, acromial e espinal agem, respectivamente.
O redondo maior também é um importante es-
tabilizador do ombro e faz sua adução e rotação me-
dial. Já o redondo menor é completamente coberto 
pelo deltoide e faz rotação lateral do ombro.
Acima e abaixo da espinha da escápula ficam os 
músculos supraespinal e infraespinal, e abaixo dela 
o subescapular. O supraespinal inicia os primeiros 
15° de abdução do ombro (é considerado o abdutor 
“starter”, sendo auxiliado pelo deltoide). O infraes-
pinal, além de ser um poderoso rotador lateral do 
ombro, ajuda a estabilizar a articulação do ombro. O 
subescapular é o principal rotador medial do braço 
e também ajuda a estabilizar a articulação do ombro.
Vale ressaltar que os músculos supraespinal,in-
fraespinal, redondo menor e subescapular formam 
o chamado “manguito rotador”. Seus tendões fun-
dem-se e reforçam a capsula articular do ombro 
protegendo e estabilizando a articulação. O nome é 
dado porque, todos eles (menos o supraespinal) são 
rotadores do úmero.
Figura 35 - Músculos do abdome
m. Oblíquo externo do abdome
m. Reto do abdomem. Oblíquo externo 
do abdome
ANATOMIA 
52 
Os músculos do braço são divididos em grupo 
anterior e posterior, os quais são separados pelo 
úmero. O grupo anterior é flexor do cotovelo (bí-
ceps braquial, braquial e coracobraquial) e o gru-
po posterior é extensores (tríceps braquial e ancô-
neo). Os flexores são quase duas vezes mais fortes 
do que os extensores, o que justifica o fato de ser-
mos melhores para puxar do que para empurrar 
(MOORE et al., 2014).
O bíceps braquial geralmente tem duas cabeças 
(longa e curta), mas 10% das pessoas podem ter uma 
terceira cabeça. É triarticular, pois passa pela articu-
lação do ombro, do cotovelo e pela articulação ra-
dioulnar proximal. Assim, o bíceps braquial permite 
flexão do ombro, supinação da articulação radioul-
nar e flexão do antebraço em supinação. O braquial 
é profundo ao bíceps braquial e é o principal flexor 
do antebraço. Já o coracobraquial ajuda a flexionar, 
aduzir e estabilizar a articulação do ombro.
O tríceps braquial tem três cabeças (longa, cur-
ta e medial). A cabeça longa cruza a articulação do 
ombro e a medial é o carro chefe da extensão do 
cotovelo. A cabeça medial é a mais forte, porém é 
recrutada principalmente em atividades contra re-
sistidas. Assim, este músculo é o principal extensor 
do antebraço, mas ajuda a estabilizar a articulação 
do ombro. O ancôneo, por sua vez, situa-se na face 
posterolateral do cotovelo e ajuda o tríceps braquial 
a estender o antebraço.
Figura 36 - Músculos relacionados à escápula
Figura 37 - Músculos do braço
Os músculos do antebraço compreendem 17 
músculos que cruzam a articulação do cotovelo. 
Alguns atuam exclusivamente nessa articulação, 
enquanto outros atuam articulação do punho e/
ou dedos. Geralmente, os flexores ficam no com-
partimento anterior e têm cerca de o dobro do 
volume e da força dos extensores que ficam no 
compartimento posterior. 
Todavia, o músculo braquiorradial embora seja 
flexor do antebraço está no compartimento postero-
lateral; o músculo pronador redondo faz a pronação 
m. Levantador da escápula
m. Romboide menor
m. Romboide maior
m. Deltoide
m. Trapézio
m. Bíceps braquial
m. Latíssimo
do dorso
m. Tríceps
braquial
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 53
do antebraço; o fl exor radial do carpo faz a fl exão e 
abdução do punho; o palmar longo faz a fl exão do 
punho; o fl exor ulnar do carpo faz fl exão e adução 
do punho; o fl exor superfi cial dos dedos fl exiona as 
articulações interfalângicas proximais dos quatro 
dedos mediais; o fl exor profundo dos dedos é o úni-
co que pode fl exionar as articulações interfalângica 
distais dos dedos mediais; o fl exor longo do polegar 
faz a fl exão das articulações do polegar; o pronador 
quadrado é o agonista da pronação do antebraço (é 
auxiliado pelo pronador redondo) e ajuda a mem-
brana interóssea a unir o rádio e a ulna.
Os músculos extensores do antebraço podem 
estender e abduzir ou aduzir a articulação do pu-
nho (como o extensor radial longo do carpo, o ex-
tensor radial curto do carpo e o extensor ulnar do 
carpo) podem estender os quatro dedos mediais 
(como o extensor dos dedos, o extensor do indica-
dor e o extensor do dedo mínimo) e podem esten-
der ou abduzir o polegar (como o extensor longo 
do polegar, o extensor curto do polegar e o abdutor 
longo do polegar).
Principais músculos do membro inferior 
Os músculos do membro inferior, além de movi-
mentar as diversas articulações deste segmento cor-
póreo, permitem a sustentação do peso do corpo e a 
manutenção da postura bípede em equilíbrio, pos-
sibilitando a marcha. Seu estudo pode ser realizado 
agrupando-os em grupo anterior da coxa, posterior 
da coxa, medial da coxa, músculos da região glútea, 
da região anterior da perna, da região posterior da 
perna, da região lateral da perna e músculos do pé 
(FREITAS, 2004).
Na região anterior da coxa estão os fl exores do 
quadril e/ou extensores do joelho e incluem o mús-
culo pectíneo, sartório, iliopsoas, quadríceps femo-
ral e articular do joelho.
O pectíneo faz adução, fl exão e ajuda na ro-
tação medial do quadril. O sartório é o músculo 
mais longo do corpo, é superfi cial e parece uma 
fi ta. Age sobre a articulação do quadril e do joe-
lho fazendo a fl exão de ambas. O iliopsoas é um 
músculo fi xo à coluna vertebral, à pelve e ao fê-
mur. É o principal fl exor da coxa e, em contração 
bilateral, faz fl exão do tronco sobre o quadril e 
aumenta a lordose lombar sendo ativo também na 
caminhada em declive.
O quadríceps femoral dá o maior volume para 
a região anterior da coxa e é um dos músculos mais 
fortes do corpo. É constituído pelos músculos reto 
femoral, vasto lateral, vasto intermédio e vasto late-
ral. Tais músculos se unem na parte distal da coxa 
para formar um tendão único, o tendão do músculo 
quadríceps femoral, cuja continuação é o ligamento 
da patela que se fi xa à tuberosidade da tíbia. O mús-
culo vasto medial e vasto lateral também ajudam a 
manter o alinhamento da patela.
O reto femoral é biarticular e é mais efi ciente em 
movimentos que associam a fl exão do quadril e a ex-
 Figura 38 - Músculos do antebraço
Os músculos da mão têm nomes que identifi cam 
suas funções. Incluem o músculo abdutor curto do 
polegar, fl exor curto do polegar, oponente do pole-
gar, abdutor do dedo mínimo, fl exor curto do dedo 
mínimo, oponente do dedo mínimo, lumbricais, in-
terósseos e o adutor do polegar.
Músculos extensores 
do carpo e dos dedos
ANATOMIA 
54 
tensão do joelho a partir de uma posição de hiperex-
tensão do quadril e flexão do joelho (como na posi-
ção preparatória para chutar uma bola de futebol). 
Todos eles agem em conjunto fazendo a extensão do 
joelho. Por fim, o músculo articular do joelho é de-
rivado do músculo vasto intermédio. Ele é pequeno, 
plano e age tracionando a membrana sinovial na ex-
tensão da perna.
joelho e se une a outros dois músculos biarticula-
res (o sartório e o semitendíneo) para formar uma 
inserção tendínea chamada “pata de ganso”. Ele é si-
nergista na flexão do joelho e na rotação medial da 
perna quando o joelho está flexionado, e aumenta 
a estabilidade do joelho estendido. O obturador ex-
terno é pequeno e profundo e atua também como 
rotador lateral da coxa (DI DIO, 2002).
Os músculos da região glútea incluem o mús-
culo glúteo máximo, glúteo médio, glúteo mínimo, 
tensor da fáscia lata, piriforme, obturador interno, 
gêmeo superior, gêmeo inferior e quadrado femo-
ral. O glúteo máximo faz extensão e rotação lateral 
do quadril e sua paralisia, embora não afete a mar-
cha em superfície plana, afeta a marcha em aclive 
(principalmente ao subir escadas). Já o glúteo mé-
dio e o glúteo mínimo têm forma de leque e atuam 
estabilizando a pelve, aduzindo e fazendo rotação 
medial da coxa.
O tensor da fáscia lata tensiona a fáscia lata e é 
flexor do quadril. O piriforme, obturador interno, 
gêmeo superior, gêmeo inferior e quadrado femoral 
estabilizam a articulação do quadril e são rotadores 
laterais da coxa.
Figura 39 - Músculos anteriores e mediais da coxa
Na região medial da coxa estão os músculos adu-
tores (adutor longo, adutor curto, adutor magno, 
grácil e obturador externo). O adutor magno tem 
uma parte adutora (que também faz flexão da coxa) 
e uma parte do jarrete (que também faz extensão da 
coxa). O grácil cruza as articulações do quadril e do Figura 40 - Músculos da região glútea
m. Tensor da 
fáscia lata
m. Sartório
Músculos adutores 
do quadril
m. Reto femoral
m. Vasto medial
m. Glúteo máximo
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 55
Os músculos da região posterior da coxa são o 
semitendíneo, semimembranáceo e o bíceps femo-
ral. Todos, menos a cabeça curtado bíceps femoral, 
são extensores do quadril e flexores do joelho. A ca-
beça curta do bíceps femoral age apenas na flexão do 
joelho, pois é monoarticular (ou seja, só atravessa a 
articulação do joelho).
Já os músculos da região lateral da perna são ever-
sores do pé e podem contribuir para a flexão plantar 
do tornozelo. São eles o fibular longo e o fibular curto. 
Os músculos da região posterior da perna são o gas-
trocnêmio, sóleo, plantar, poplíteo, flexor longo dos 
dedos, flexor longo do hálux e tibial posterior. O gas-
trocnêmio forma a parte mais proeminente da pan-
turrilha. Tem duas cabeças (lateral e medial) as quais 
se unem por um tendão comum, o tendão do calcâ-
neo, que se fixa ao calcâneo (é o mais forte e espesso 
tendão do corpo humano). É biarticular (faz flexão 
do joelho e plantiflexão do tornozelo). Todavia, o 
músculo não pode exercer toda a sua força nas duas 
articulações ao mesmo tempo. Assim, é mais eficaz 
com o joelho estendido e é ativado ao máximo quan-
do a extensão do joelho é associada à dorsiflexão.
O sóleo é profundo ao gastrocnêmio e é conside-
rado o “burro de carga da flexão plantar”. Isso por-
que é monoarticular (não age sobre o joelho e por 
isso atua sozinho na flexão plantar quando o joelho 
está flexionado). Além disso, é antigravitacional atu-
ando na posição ortostática, na marcha e para man-
ter o equilíbrio. É forte, capaz de manter contração 
por bastante tempo, mas é lento. Une-se às cabeças 
do gastrocnêmio para formar o tríceps sural. Devido 
às diferenças entre o gastrocnêmio e o sóleo, pode-se 
afirmar que: “Se passeia com o sóleo, mas se ganha 
o salto à distância com o gastrocnêmio” (MOORE et 
al., 2014, p. 592).
O plantar é pequeno, de ventre curto, tendão 
longo e está ausente em torno de 10% das pessoas. 
Atua com o gastrocnêmio. Todavia, é considerado 
um órgão de propriocepção, pois tem muitos fusos 
neuromusculares. Além disso, seu tendão pode ser 
usado em enxertos (por exemplo, na reconstrução 
dos tendões da mão), sendo que sua retirada não 
causa incapacidade.
Figura 41 - Músculos da região posterior da coxa
Os músculos da região anterior da perna incluem o 
músculo tibial anterior, o extensor longo dos dedos, 
extensor longo do hálux e fibular terceiro. O tibial 
anterior é dorsiflexor da articulação talocrural e in-
versor do pé. O extensor longo dos dedos estende 
os quatro dedos laterais e faz dorsiflexão do torno-
zelo. O extensor longo do hálux estende o hálux e 
faz dorsiflexão do tornozelo. O fibular terceiro faz 
dorsiflexão do tornozelo e auxilia na eversão do pé.
m. Semitendíneo
m. Bíceps femoral
m. Semimembranáceo
ANATOMIA 
56 
O poplíteo é insignificante como flexor do jo-
elho, mas durante a flexão, ele ajuda a tracionar o 
menisco lateral posteriormente; quando em pé com 
o joelho parcialmente flexionado, ele se contrai para 
ajudar o ligamento cruzado posterior na prevenção 
do deslocamento anterior do fêmur; em pé com os 
joelhos estendidos, faz rotação lateral do fêmur libe-
rando o joelho para fazer flexão.
O flexor longo do hálux e o flexor longo dos de-
dos são potentes flexores das articulações do hálux 
e dos dedos. Já o tibial posterior é inversor do pé e 
plantiflexor do tornozelo.
Os músculos do pé localizam-se na face plantar (14 
deles), no dorso (2 deles) ou são intermediários 
(4 deles). Os músculos da planta estão organizados 
em camadas e atuam na fase de suporte da mar-
cha mantendo os arcos do pé e produzindo supina-
ção e pronação para permitir que o pé se ajuste ao 
solo irregular. São eles o abdutor do hálux, adutor 
do hálux, flexor curto do hálux, abdutor do dedo 
mínimo, flexor do dedo mínimo, flexor curto dos 
dedos, quadrado plantar, lumbricais, interósseos 
dorsais e plantares. No dorso estão os músculos ex-
tensor curto dos dedos e extensor curto do hálux.
Figura 42 - Músculos da perna (região anterior A, posterior B, lateral C)
Figura 43 - Músculos do pé (planta e dorso)
A C
B
m. Gastrocnêmio 
(cabeça medial)
m
. T
ib
ia
l a
nt
er
io
r
m
. E
xt
en
so
r l
on
go
 
do
s d
ed
os
Músculos fibulares 
(longo e curto)
Músculos dorsais do pé
m. Gastrocnêmio 
(cabeça lateral)
 57
considerações finais
O 
corpo humano é capaz de realizar movimentos graças ao sistema lo-
comotor formado por ossos, articulações e músculos. A atuação con-
junta destes sistemas, e em concordância com o comando do sistema 
nervoso, garante o movimento voluntário harmônico e coordenado.
O sistema muscular é importante, pois representa o elemento ativo do mo-
vimento tracionando ossos que, como alavancas, movem passivamente articula-
ções às quais se conectam. Se qualquer um destes sistemas ou o controle nervoso 
falhar, distúrbios motores podem surgir como hiper ou hipotonia muscular, pa-
ralisia, paresia, discinesia e outros.
Além disso, as funções destes sistemas também podem ser prejudicadas por 
fraturas, osteoporose, inflamação, alteração imunológica, trauma e outros. Como 
estas anormalidades podem comprometer uma atividade primordial do ser hu-
mano que é a deambulação, a saúde e integridade das estruturas anatômicas que 
o formam é essencial.
Para garantir que as funções destes sistemas permaneçam adequadas, cuida-
dos simples podem ser assumidos. Uma dieta adequada, por exemplo, com inges-
tão de alimentos ricos em colágeno e cálcio (leite e derivados, brócolis, repolho, 
camarão, salmão e ostras). Além disso, exercício físico regular e supervisionado, 
alternado com repouso articular e muscular, faz toda a diferença. De igual modo, 
reposição hormonal em mulheres pós-climatério, também é indicada.
Por fim, é essencial o pleno conhecimento anatômico e fisiológico das estru-
turas que compõem tais sistemas, pois por meio do conhecimento adequado, 
procedimentos preventivos e curativos (como o fortalecimento e o alongamento 
muscular, e até mesmo as intervenções cirúrgicas) poderão aperfeiçoar a atuação 
destes sistemas tão importantes.
Vale ressaltar que o profissional de educação física, como parte da área da 
saúde, deve conhecer profundamente estes sistemas, pois age diretamente mo-
dificando-os, seja ao predispor hipertrofia óssea ou muscular, ou ao manter a 
integridade articular. Assim, boa capacitação a você.
58 
LEITURA
COMPLEMENTAR
Leia o artigo indicado, a seguir, que trata sobre os planos 
que tangenciam e seccionam o corpo humano, os eixos 
que permitem seus movimento e a segmentação do corpo 
humano. Em seguida, faça a atividade prática proposta. 
PRÁTICA DE LABORATÓRIO: MODELO DIDÁTICO APLI-
CADO AO ESTUDO DE CONCEITOS INTRODUTÓRIOS À 
ANATOMIA HUMANA 
[...]
A partir da posição anatômica, as várias regiões do corpo 
são denominadas como cabeça, pescoço, tronco, mem-
bros superiores e membros inferiores. A cabeça é subdi-
vida em crânio facial ou viscerocrânio (anterior, menor, 
constituído por 14 ossos, cujas funções se relacionam a 
abrigar e proteger os órgãos dos sentidos e possibilitar 
a fonação e a mastigação) e crânio neural ou neurocrâ-
nio (posterior, maior, constituído por oito ossos os quais 
estão diretamente relacionados à proteção do sistema 
nervoso localizado em seu interior). A parte mais alta do 
neurocrânio é denominada calvária, abóbada ou calo-
ta craniana. O pescoço é dividido em pescoço anterior 
(visceral) e pescoço posterior (muscular), também deno-
minado nuca. Segundo Spence (1991) e Freitas (2004), o 
tronco também é subdividido em tórax (limitado supe-
riormente pela clavícula e inferiormente pelo músculo 
diafragma), abdome (limitado superiormente pelo mús-
culo diafragma e inferiormente pela abertura superior 
da pelve) e pelve (localizada entre os ossos do quadril).
Os membros superiores e inferiores também são subdi-
vididos em uma região conectada ao tronco, denomina-
da cíngulo (ou cintura), e uma parte livre. Para o membro 
superior tem-se a raiz ou cíngulo do membro superior 
(ou cintura escapular) e a parte livre que inclui o braço, 
antebraço e mão (sendo sua parte anterior denomina-da palma e a posterior, dorso); para o membro inferior 
tem-se a raiz ou cíngulo do membro inferior (ou cintu-
ra pélvica) e a parte livre que inclui a coxa, perna e pé 
(sendo sua parte superior denominada dorso e a infe-
rior, planta). Articulações conectam as várias partes dos 
membros, como por exemplo, as articulações do ombro, 
cotovelo, quadril e joelhos (SPENCE, 1991). 
A partir da posição anatômica de descrição, supõe-se a 
existência de planos imaginários que tangenciam a super-
fície externa do corpo a fi m de facilitar a localização das 
estruturas corpóreas. Tais planos são denominados como 
superior ou cranial, inferior ou podálico, lateral direito, la-
teral esquerdo, anterior ou ventral e posterior ou dorsal 
(MIRANDA NETO, 2006). Assim, pode-se afi rmar que os 
olhos são estruturas superiores à cicatriz umbilical já que 
se localizam mais próximos ao plano superior ou cra-
nial do que a cicatriz umbilical. De igual modo, pode-se 
afi rmar que as escápulas são estruturas posteriores em 
relação ao osso esterno uma vez que este está mais 
próximo do plano anterior do que aquela. 
Dessa forma, os planos convencionais tangentes à su-
perfície do corpo humano facilitam a compreensão 
dos termos relacionados com a posição e a direção 
das partes constituintes do corpo, porém no estudo da 
Anatomia é necessário a visualização do corpo cortado 
ou seccionado em vários planos de secção de referên-
cia como o plano sagital, transversal (ou horizontal) 
e coronal (ou frontal). O plano sagital é uma secção 
longitudinal que divide o corpo ou qualquer uma de 
suas partes em porções direita e esquerda. [...].
Fonte: Gomes, Perles e Lopes (2014, p. 5-6, on-line)1.
 59
atividades de estudo
1. Leia, atentamente, o texto que segue sobre o sistema esquelético e avalie 
as proposições a seguir e responda. 
“Além de dar sustentação ao corpo, o sistema esquelético protege os 
órgãos internos e fornece pontos de apoio para a fixação dos músculos. 
Ele é constituído de peças ósseas e cartilagíneas articuladas, que for-
mam um sistema de alavancas movimentadas pelos músculos” ( VILELA, 
2015, on-line)2. 
I. O esqueleto do tórax é composto pelas cartilagens costais, osso esterno, 
costelas e vértebras cervicais e torácicas. Sua mobilidade, apesar de não 
tão expressiva, é essencial à respiração.
II. Pode-se afirmar que, exceto os ossos carpais e tarsais que são alongados, 
os outros ossos que formam o esqueleto dos membros superiores e infe-
riores são classificados como longos.
III. A escápula e a clavícula, embora estejam posicionados no tronco, perten-
cem ao esqueleto apendicular.
IV. A coluna vertebral, em vista lateral, apresenta curvaturas características 
tais como a lordose cervical, a cifose torácica, a lordose lombar e a cifose 
sacral. Entretanto, embora tais curvaturas sejam consideradas fisiológicas 
(normais), o seu aumento é considerado patológico, pois pode ocasionar 
hiperlordoses e hipercifoses as quais são responsáveis por fortes dores na 
coluna vertebral.
V. O crânio é constituído por 24 ossos os quais apresentam pouca mobilida-
de. A maior parte deles constitui o crânio neural.
Estão corretas as alternativas:
a. I e II.
b. II e III.
c. III e IV.
d. VI e V.
e. III e V.
2. O estudo dos planos de secção e tangenciamento do corpo humano é 
essencial à Anatomia Humana uma vez que auxilia no corte anatômico 
e na nomenclatura das estruturas estudadas. Analise as proposições a 
seguir e responda.
I. Uma estrutura é dita mediana quando ela está próxima do plano sagital 
mediano, mas não sobre dele.
60 
atividades de estudo
II. Ao contrário do proposto, uma estrutura é dita mediana quando ela está 
próxima ao plano anterior.
III. Uma estrutura é classificada como média quando se posiciona entre uma 
estrutura lateral e outra estrutura medial.
IV. Uma estrutura é classificada como intermédia quando ela se posiciona en-
tre uma estrutura lateral e outra estrutura medial.
V. Ao contrário do proposto na afirmativa, uma estrutura é intermédia quan-
do ela se posiciona embaixo do plano sagital mediano.
Está correta a alternativa:
a. I.
b. II.
c. III.
d. VI.
e. V.
3. A Anatomia Humana estuda a constituição do corpo considerando que 
cada indivíduo pode apresentar diferenças devido a fatores que causam 
variações. Analise as proposições a seguir e responda.
I. A idade é um fator causador de variação anatômica. Bom exemplo disso é 
o fato de ocorrer sinostose nos ossos do crânio de indivíduos idosos.
II. O biótipo é outro fator causador de variação anatômica. Indivíduos do bi-
ótipo longilíneo apresentam tórax arredondado, membros curtos em re-
lação ao tronco e baixa estatura corpórea. Em contrapartida, indivíduos 
brevilíneos têm tórax alongado, membros longos em relação ao tronco e 
maior estatura corpórea. 
III. Outro diferente fator causador de variação anatômica é a etnia. No en-
tanto, diferentes grupos raciais apresentam diferenças anatômicas apenas 
externamente (cor de pele, cor de olhos, aspecto do cabelo, do nariz etc.). 
Não há diferenças anatômicas internas entre grupos raciais.
IV. O sexo também causa variação anatômica e, inclusive, pode ser usado na 
anatomia legal para identificação de cadáveres. O crânio masculino, por 
exemplo, apresenta a fronte mais inclinada (na mulher ela é verticalizada; 
apresenta ortometopismo). Além disso, o crânio masculino tem acidentes 
anatômicos mais salientes devido à maior força muscular que os homens 
apresentam tracionando os ossos ao ponto de marcá-los.
 61
atividades de estudo
V. De fato, o sexo é um fator causador de variação anatômica que pode ser 
usado na anatomia legal para identificação de cadáveres. Todavia, ao con-
trário do que foi proposto anteriormente, o crânio feminino apresenta a 
fronte mais inclinada (no homem ela é verticalizada, apresentando orto-
metopismo). Além disso, no crânio feminino os acidentes anatômicos são 
mais salientes devido à ação dos hormônios femininos (como o estrógeno 
e a progesterona).
Está correta a alternativa:
a. I e II.
b. I e III.
c. II e III.
d. I e IV.
e. III e V.
4. Relembre seus conhecimentos sobre miologia, analise as afirmações, a se-
guir, e identifique-as como verdadeiras ou falsas.
( ) Os músculos classificados como digástricos apresentam dois ventres 
musculares separados por um tendão intermediário. Um exemplo de tal mús-
culo é o estilo-hioideo (um dos músculos supra-hioídeos que atuam na primei-
ra fase da deglutição elevando o osso hioide).
( ) Os músculos classificados como bíceps, tríceps ou quadríceps apre-
sentam, respectivamente, dois, três ou quatro ventres musculares. Exemplos 
de tais músculos são, respectivamente, o bíceps braquial, o tríceps braquial e 
o quadríceps femoral.
( ) Os músculos mímicos são classificados como estriados esqueléticos, 
voluntários e dérmicos. A proximidade deles à pele faz com que suas contra-
ções repetitivas e contínuas sulquem a pele fazendo com que as rugas de ex-
pressão apareçam.
a. F - F - V
b. V - F - V
c. F - V - F
d. V - F - F
e. F - V - V
62 
atividades de estudo
5. A miologia estuda os músculos e seus órgãos anexos. Analise as proposi-
ções a seguir e responda:
I. O músculo estriado cardíaco apresenta estrias transversais e contração 
involuntária. Assim, ele é classificado como somático.
II. Ao contrário do músculo estriado cardíaco, o músculo estriado esquelético 
tem contração voluntária e não apresenta estrias transversais. Assim, ele 
é classificado como liso.
III. Um músculo classificado como tríceps (por exemplo, o tríceps braquial 
e o tríceps sural) apresenta três ventres musculares e apenas um ten-
dão de inserção.
IV. Um músculo classificado como policaudado (como alguns das mãos e dos 
pés) apresenta um ventre muscular e vários tendões de inserção.
V. É considerado o tendão de origem de um músculo seu ponto que perma-
nece mais fixo durante um determinadomovimento. Em contrapartida, é 
considerado o tendão de inserção de um músculo seu ponto que mais se 
move durante um determinado movimento.
Está correta a alternativa: 
a. I e III.
b. II e III.
c. III e IV.
d. IV e V.
e. II e V.
 63
Material Complementar
A Teoria de Tudo
Ano: 2014
Sinopse:a história de Stephen Hawking é contada pela luz da genialidade e do 
amor que não vê obstáculos. Quando Jane conhece Stephen, percebe que está 
entrando para uma família diferente. Com grande sede de conhecimento, os 
Hawking possuíam o hábito de levar material de leitura para o jantar, ir a óperas 
e concertos e estimular o brilhantismo em seus fi lhos – entre eles aquele que 
seria conhecido como um dos maiores gênios da humanidade, Stephen. Diag-
nosticado com Esclerose Lateral Amiotrófi ca (ELA) aos 21 anos, Hawking supe-
rou todas as expectativas dos médicos sobre suas chances de sobrevivência a 
partir da perseverança de sua mulher. Mesmo ao descobrir que a condição de 
Stephen apenas pioraria, Jane seguiu fi rme na decisão de compartilhar a vida 
com aquele que havia lhe encantado.
Indicação para Assistir
1 Em: <http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/ArqMudi/article/view/24739/pdf_49>. Acesso em: 09 
jun. 2016.
2 Em: <http://www.a� .bio.br/sustenta/sustenta1.asp>. Acesso em: 09 jun. 2016.
Referências On-Line
64 
referências
CFTA - COMISSÃO FEDERATIVA DA TERMINOLOGIA ANATÔMI-
CA. Terminologia Anatômica: terminologia anatômica internacional. São 
Paulo: Manole, 2001.
DANGELO, J. G.; FATTINI, C. A. Anatomia Humana sistêmica e seg-
mentar. 3. ed. São Paulo: Atheneu, 2011.
DI DIO, L. J. A. Tratado de Anatomia Sistêmica Aplicada: princípios bá-
sicos e sistêmicos, esquelético, articular e muscular. 2. ed. Atheneu: São 
Paulo, 2002.
FREITAS, V. Anatomia conceitos e fundamentos. Porto Alegre: Artmed, 2004.
GRABINER, M. D.; GREGOR, R. J.; VASCONCELOS, M. M. Cinesiolo-
gia e anatomia aplicada. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991.
GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de fisiologia médica. 12. ed. Rio de 
Janeiro: Elsevier, 2011.
KAHLE, W.; LEONHARDT. H.; Atlas de Anatomia Humana: com texto 
comentado e aplicações em Medicina, Reabilitação e Educaçã Física: Apa-
relo de Movimento. São Paulo: Editora Athene, 2006.
MIRANDA NETO, M. H.; CHOPARD, R. P. Anatomia humana: aprendi-
zagem dinâmica. Maringá: Gráfica Editora Clichetec, 2014.
MOORE, K .L.; DALLEY, A. F.; AGUR, A. M. R.; ARAÚJO, C. L. C. Anato-
mia orientada para a clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.
NARCISO, M. S. Sobotta: atlas de anatomia humana: anatomia geral e sis-
tema muscular. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.
ROHEN, J. W.; YOKOCHI, C.; LÜTJEN-DRECOLL, E. Anatomia humana: 
atlas fotográfico de anatomia sistêmica e regional. São Paulo: Manole, 2002.
TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B.; WERNECK, A. L. Princípios de 
anatomia e fisiologia. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.
WATANABE, L. Erhart: elementos de anatomia humana. 9. ed. São Paulo: 
Atheneu, 2000.
 65
gabarito
1. C
2. C
3. D
4. A
Falso. Embora a definição de músculo digástrico esteja correta, o músculo 
estilo-hioideo não é um exemplo. Exemplo correto seria o próprio múscu-
lo digástrico ou mesmo o músculo omo-hioideo.
Falso. Embora os exemplos dados estejam corretos, a classificação dos 
músculos como bíceps, tríceps ou quadríceps não considera o número de 
ventres musculares, mas sim o número de pontos de origem.
Verdadeira.
5. D
Professora Dr.ª Carmem Patrícia Barbosa
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Sistema circulatório
• Sistema linfático
• Sistema respiratório
Objetivos de Aprendizagem
• Estudar, em relação aos aspectos morfológicos e funcionais, os principais 
componentes deste sistema: sangue (defi nição, constituição e importância), 
coração (características gerais, localização, constituição, câmaras cardíacas, 
mecanismo valvular, tipos de circulação, ciclo cardíaco, bulhas e sopro 
cardíaco e inervação do coração), vasos sanguíneos (caracterização, 
diferenças entre eles e principais vasos do corpo humano). 
• Estudar, em relação aos aspectos morfológicos e funcionais, os principais 
componentes deste sistema: linfa, capilares, vasos e ductos linfáticos, 
linfonodos, baço, timo, tonsilas, sistema linfático e disseminação do câncer, 
linfangite, linfadenite e linfedema, sistema linfático e envelhecimento. 
• Estudar: função principal do sistema respiratório; divisões do sistema 
respiratório; órgãos do sistema respiratório e cavidade torácica e 
mediastino.
SISTEMAS CARDIOVASCULAR 
E RESPIRATÓRIO
II
unidade
INTRODUÇÃO
P
rezado(a) aluno(a), a vida depende de todos os sistemas do 
corpo humano. No entanto, os sistemas cardiovascular, respi-
ratório e nervoso têm papel de destaque uma vez que deles 
dependem a adequada oxigenação e nutrição das células, bem 
como sua manutenção em homeostasia a partir da retirada dos materiais 
residuais que elas produzem (como CO2 e resíduos metabólicos que po-
dem alterar o meio intracelular causando sua morte). Assim, cérebro, 
coração e pulmões trabalham juntos.
O sistema cardiovascular pode ser chamado de sistema circulatório e é 
composto pelo sistema cardiovascular sanguíneo (destinado à circulação do 
sangue) e pelo sistema vascular linfático (destinado à circulação da linfa).
O sistema respiratório supre as células com O2 e retira do corpo o CO2 
produzido pelo metabolismo celular. Por meio de órgãos condutores e do 
pulmão enquanto órgão respiratório por excelência, tais gases são cam-
biados entre as células e o meio externo. Assim, a respiração consiste na 
absorção de O2 do meio externo para utilização pelas células e na elimi-
nação do CO2 resultante de oxidações celulares para o meio externo. Esse 
mecanismo é uma das características básicas dos seres vivos e depende da 
eficácia do coração como bomba, do adequado retorno venoso e da quali-
dade do ar e do sangue como meio de transporte desses gases.
O texto a seguir será fundamentado em importantes autores como Dan-
gelo e Fattini (2011), Moore et al. (2014), Miranda Neto e Chopard (2014) e 
outros autores. A nomenclatura utilizada está de acordo com a nômica atua-
lizada (CFTA, 2001), mas é necessário que você utilize um atlas de anatomia 
como Narciso (2012), Rohen, Yokochi e Lütjen-Drecoll (2002) ou outros.
Nosso objetivo é descrever aspectos relevantes destes sistemas. Não 
esqueça que o profissional de educação física deve ter conhecimento so-
bre eles, pois se falharem, não há ação neuronal nem contração muscu-
lar. Aproveite para conhecer estes sistemas, pois servirão de base para 
seu estudo posterior em fisiologia.
ANATOMIA 
70 
FUNÇÕES DO SISTEMA CIRCULATÓRIO 
O sistema circulatório apresenta várias funções vi-
tais. Ele permite, por exemplo, a adequada nutrição 
e oxigenação das células, assim como a drenagem 
de suas substâncias tóxicas (como as excretas me-
tabólicas e o CO2). Isso é possível devido à atua-
ção das hemácias transportando gases aos pulmões 
(onde ocorre a hematose), e aos órgãos de filtragem 
(como fígado e rim). Tal função é de fato vital, pois 
se as células não forem nutridas, oxigenadas e pu-
rificadas haveria morte celular (MIRANDA NETO; 
CHOPARD, 2014).
Além disso, o sangue também contribui para 
o controle da temperatura corpórea, pois sua pre-
sença gera aquecimento (por isso, sentimos nossas 
bochechas “quentes” quando passamos por alguma 
situação embaraçosa ou constrangedora que gera 
vasodilatação nos vasos da bochecha). Além dis-
so, o sangue é imprescindível à defesa imunológica 
(por meio de suas células brancas), à coagulação 
sanguínea (por meio das plaquetas), à distribuição 
de hormônios pelo corpo e à administração de me-
dicamentos por via endovenosa (por isso, quando 
alguém chega em um pronto socorro necessitando 
de medicamentos de ação imediata, a via de esco-
lha para administração desse medicamento é quase 
sempre a endovenosa).
COMPONENTES DO SISTEMA CIRCULA-
TÓRIO
SangueSistema 
Circulatório
O sangue sempre foi considerado um po-
deroso símbolo da vida em qualquer civi-
lização. Por isso foi chamado de “fluido da 
vida” e a ele foram atribuídas as funções 
de dar e sustentar a vida sendo, inclusive, 
capaz de salvá-la. Entretanto, muitos sécu-
los de estudo e pesquisa foram necessá-
rios para que a ciência descobrisse sua real 
importância e fizesse adequado uso dele. 
Neste ínterim, muitos erros e atrocidades 
foram cometidos. Por exemplo, conta-se 
que na Grécia antiga os nobres bebiam o 
sangue dos gladiadores mortos na arena a 
fim de se curarem de diversos males (como 
a epilepsia). Outro fato interessante ocor-
reu em 1492 quando o papa Inocêncio VIII 
foi convencido a ingerir o sangue de três 
jovens para se curar de uma grave doença. 
O interessante é que tais jovens morreram 
anêmicos sem conseguir restabelecer a saú-
de do pontífice.
Fonte: Pró-sangue (on-line)1.
SAIBA MAIS
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 71
O sangue, seus elementos constituintes e suas 
funções só começaram ser desvendados pela ci-
ência a partir do século 17, sendo que atualmente 
a hematologia se encarrega de desvendar todos os 
seus “mistérios”. Sabemos hoje que o sangue apre-
senta uma parte líquida, chamada plasma sanguí-
neo, e uma parte celular, cujas principais células 
incluem as hemácias (eritrócitos ou, popular-
mente conhecidas como glóbulos vermelhos), os 
leucócitos (ou glóbulos brancos) e as plaquetas 
(ou trombócitos).
As hemácias, de coloração avermelhada, apre-
sentam como principal componente a hemoglobina 
em cuja região central existem átomos de ferro (gru-
po heme) habilitados ao transporte de gases (como 
O2 e CO2). Os leucócitos são células que possibilitam 
a defesa imunológica do indivíduo, pois permitem a 
fagocitose ou a produção de substâncias (como as ci-
tocinas) capazes de destruir células invasoras (como 
vírus, bactérias, células anômalas). Por sua vez, os 
trombócitos são células responsáveis pela coagula-
ção do sangue. Doenças que atrapalhem a adequada 
produção ao funcionamento de tais células podem 
levar o indivíduo a óbito. É o caso, por exemplo, da 
anemia, da leucemia, da hemofilia, dentre outras 
(FREITAS, 2004).
Coração 
Generalidades
Ah, o coração! Como as pessoas lhe atribuem fun-
ções que não são dele! O amor, o ódio, a amargu-
ra, o bem querer, e tantas outras. Na verdade isso 
sempre aconteceu, desde a antiguidade. Até mesmo 
os primeiros estudiosos em anatomia achavam que 
o coração era o responsável pelo controle geral do 
corpo e que os sentimentos de fato advinham dele 
(acreditavam na teoria cardiocêntrica). 
Aos poucos, esse equívoco foi sendo corrigi-
do e a função de controle geral do funcionamento 
do corpo foi atribuída ao cérebro. Mesmo assim, 
ainda hoje poetas, músicos e, principalmente, os 
apaixonados associam funções emocionais ao co-
ração. Não é à toa que dizemos que amamos “do 
fundo do coração” ou que não podemos ter o “co-
ração peludo”, ou seja lá o que mais. Acho tudo 
isso muito engraçado. Às vezes, até me pergunto 
se as pessoas realmente conhecem a verdadeira es-
trutura e função do coração.
Na verdade, esse órgão tão simbólico ainda é 
considerado central em relação ao Sistema Cardio-
vascular Sanguíneo (SCVS) é objeto de estudo da 
cardiologia. Ele é ímpar, muscular, oco, com aproxi-
madamente 12 cm de comprimento, 9 de largura e 6 
de espessura. Pesa cerca de 250 gramas nas mulheres 
e 300 gramas nos homens e ocupa o volume aproxi-
mado de uma mão com os dedos fechados.
Ele tem forma de pirâmide com o ápice (uma 
extremidade pontiaguda) apontando para baixo, e a 
base (uma parte larga oposta ao ápice) direcionada 
para cima e à direita. A base não tem uma localiza-
ção muito nítida, pois os principais vasos sanguíne-
os do coração, os vasos da base, entram e saem por 
ela. Ao contrário, o ápice fica voltado à esquerda de 
forma que cerca de 2/3 da massa do coração está à 
esquerda da linha mediana do corpo. Por isso e pelo 
fato de que no ápice as bulhas cardíacas são muito 
audíveis, a maioria das pessoas acha que o coração 
fica do lado “esquerdo do peito”, mas não fica. Ele 
fica no centro da cavidade torácica, mas com o ápi-
ce apontando para a esquerda. Assim, o coração fica 
inclinado, com a base voltada medialmente e o ápi-
ce voltado lateralmente. Além disso, seu maior eixo 
(que vai da base ao ápice) forma 40º com o plano 
horizontal (DI DIO, 2002).
ANATOMIA 
72 
Assim, o coração está localizado entre os dois pul-
mões (em uma região chamada mediastino), pos-
teriormente ao osso esterno e às cartilagens cos-
tais, anteriormente às vértebras torácica (da quinta 
à oitava vértebra) e, superiormente ao músculo 
diafragma (sobre o qual repousa). Portanto, apre-
senta face pulmonar (voltada ao pulmão esquer-
do), face esternocostal (em contato com o esterno 
e costelas) e face diafragmática (em contato com o 
músculo diafragma). 
Constituição 
O coração é constituído por três camadas chama-
das paredes ou túnicas: a interna (ou endocárdio), a 
média (ou miocárdio) e a externa (ou pericárdio). A 
interna é impermeável ao sangue e forra a superfície 
interna das cavidades do coração e as válvulas cardí-
acas (TORTORA et al., 2010).
A túnica média é a camada mais espessa, pois é 
formada de tecido muscular estriado cardíaco (por 
isso, muitas pessoas comem coração de boi ou de 
galinha – ele é altamente proteico, pois é muscu-
lar). A espessura da túnica média varia conforme a 
câmara cardíaca avaliada, por exemplo, nos átrios 
as paredes são mais fi nas, pois estes bombeiam san-
gue apenas para os ventrículos; já dentre os ven-
trículos, o esquerdo é o mais espesso devido sua 
força contrátil capaz de bombear sangue para todo 
o corpo. Essa túnica forma, no interior das cavi-
dades cardíacas, saliências irregulares denomina-
das trabéculas cárneas as quais dão um aspecto de 
“rede” à superfície interna do coração. Na parede 
anterior do átrio direito e da aurícula esquerda, tais 
trabéculas são chamadas músculos pectíneos; nos 
ventrículos, algumas têm formato de pequenos pi-
lares chamados músculos papilares (os quais fi cam 
presos às cordas tendíneas).
A túnica externa é constituída por lâminas ou 
folhetos chamados de pericárdio fi broso e peri-
cárdio seroso. O pericárdio fi broso é mais exter-
no, formado por tecido conjuntivo fi broso ineslá-
tico e rico em fi bras colágenas muito resistentes. 
Ele fi ca parcialmente fi xo ao músculo diafragma, 
ao osso esterno, à traqueia, aos brônquios prin-
cipais e aos grandes vasos do coração. Assim, ele 
auxilia na fi xação do coração à cavidade torácica 
ancorando-o no mediastino, evita seu estiramen-
to excessivo e o protege.
Já o pericárdio seroso é constituído por duas 
lâminas de tecido seroso, a lâmina parietal e a lâ-
mina visceral. A lâmina parietal é delgada e adere 
à superfície interna do pericárdio fi broso. A lâmina 
visceral (também chamada de epicárdio) reveste o 
coração externamente fi cando em contato com ele. 
Entre essas lâminas há um espaço estreito chamado 
Figura 1 - Posição e forma do coração
Grandes vasos da 
base do coração
Ápice do coração
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 73
cavidade do pericárdio, o qual é preenchido por lí-
quido pericárdico que facilita o deslizamento entre 
elas durante os movimentos do coração. Pode ter 
grande quantidade de gordura.
Câmaras cardíacas
A cavidade do coração é subdividida em quatro câ-
maras cardíacas: dois átrios e dois ventrículos. Os 
átrios são superiores, menores e chamados de câ-
maras de recepção. Em contrapartida, os ventrícu-
los são inferiores, maiores e chamados de câmaras 
de ejeção. Na face anterior de cada átrio existe uma 
estrutura enrugada, a aurícula, a qual aumenta ligei-
ramente a capacidade de armazenamento de sangue 
do átrio (DANGELO; FATTINI, 2011).
A divisão das câmaras cardíacas é feita por meio 
de projeções musculomembranosas do próprio mio-
cárdio, chamadas septos cardíacos. O septo atrioven-
tricular tem direção horizontal e divide o coração em 
parte superiore inferior. O septo interatrial é vertical 
e divide a porção superior do coração em átrio direi-
to e átrio esquerdo. O septo interventricular também 
é vertical, mas divide a porção inferior do coração 
em ventrículo direito e ventrículo esquerdo (ele tem 
uma parte muscular e outra membranácea).
A face externa do coração apresenta, além de 
uma quantidade variável de gordura, sulcos que 
marcam o limite externo entre essas câmaras car-
díacas. O sulco coronário marca os limites entre 
os átrios e ventrículos e é ocupado pelas artérias 
coronárias e seus ramos, e pelas veias do coração. 
O sulco interventricular anterior e interventricu-
lar posterior marcam a separação entre ventrículos 
direito e esquerdo e são ocupados pelos ramos in-
terventriculares das artérias coronárias e das veias 
cardíacas. Por outro lado, o limite externo intera-
trial é pouco nítido.
É importante destacar que no septo interatrial 
existe uma depressão chamada fossa oval. Ela é do 
tamanho de uma impressão digital e é contornada 
por um relevo chamado limbo da fossa oval. Nela, 
a parede interatrial é muito delgada e transparente, 
pois, representa o resquício do forame oval o qual 
permitia, no feto quando os pulmões ainda não 
eram funcionantes, ampla comunicação entre o 
átrio direito e o esquerdo. Normalmente esse forame 
se fecha logo após o nascimento.
Também é interessante salientar que o treina-
mento físico modifica a espessura do miocárdio 
enquanto doenças podem modificar sua estrutura 
exigindo, inclusive, transplante cardíaco.
Figura 2 - Câmaras e septos cardíacos
Mecanismo Valvular do coração
Entre os átrios e os ventrículos existem orifícios cha-
mados óstios atrioventriculares, os quais apresentam 
dispositivos orientadores da corrente sanguínea, as 
ANATOMIA 
74 
valvas cardíacas. As principais são as valvas atrio-
ventricular direita, atrioventricular esquerda, valva 
do tronco pulmonar e valva da aorta. Tais estruturas, 
por sua vez, são constituídas por lâminas de tecido 
conjuntivo chamadas válvulas, folhetos ou cúspides 
(WATANABE, 2000).
Na valva atrioventricular esquerda existem duas 
válvulas (a anterior e a posterior) e na atrioventricu-
lar direita existem três (a válvula anterior, a poste-
rior e a septal). Por isso, elas eram antigamente cha-
madas de bicúspide e tricúspide, respectivamente. Já 
no tronco pulmonar e na artéria aorta as três vál-
vulas são do tipo semilunares (no tronco pulmonar: 
direita, esquerda e anterior; na artéria aorta: direita, 
esquerda e posterior).
Você pode estar se perguntando como as val-
vas e as válvulas funcionam. Pois bem, vamos 
entender. As valvas atrioventriculares se abrem 
quando a pressão dos átrios é maior do que a dos 
ventrículos. Nesse momento, os músculos papila-
res estão relaxados e as cordas tendíneas frouxas. 
Quando os ventrículos se contraem, a pressão do 
sangue empurra as válvulas para cima até o óstio 
fechar. Ao mesmo tempo, os músculos papilares 
se contraem e as cordas tendíneas são puxadas 
para impedir que as válvulas se invertam em di-
reção aos átrios. Além disso, neste momento, as 
válvulas do tronco pulmonar e da artéria aorta se 
abrem, pois o aumento da pressão nos ventrícu-
los e nas artérias faz com que o sangue empur-
re as válvulas contra à parede destes vasos. Em 
contrapartida, à medida que os ventrículos vão 
relaxando, o sangue reflui de volta ao coração 
preenchendo tais válvulas fazendo-as se fecharem 
fortemente. Esse mecanismo é muito importante, 
pois assegura que o fluxo do sangue seja unidire-
cional (sem refluxo).
Todas as valvas do coração ficam inseridas no 
esqueleto fibroso ou esqueleto cardíaco o qual é for-
mado por quatro anéis de tecido conjuntivo, fun-
didos uns aos outros (anel fibroso atrioventricular 
direito, anel fibroso atrioventricular esquerdo, anel 
pulmonar e anel aórtico).
Figura 3 - Valvas e válvulas cardíacas, músculos papilares e cordas tendíneas
Durante uma cirurgia para substituir uma ou 
mais válvulas cardíacas não funcionantes ocorre 
a remoção da válvula cardíaca doente e a colo-
cação de uma ou mais válvulas prostéticas ou 
artificiais as quais funcionam de maneira seme-
lhante à válvula normal. Tais válvulas podem ser 
mecânicas ou de tecido. As mecânicas são feitas 
de material resistente (como titânio ou carbono) 
e as de tecido são obtidas de doadores huma-
nos ou de tecido animal. Normalmente, após a 
cirurgia o indivíduo apresenta boa recuperação 
podendo retomar seu estilo de vida normal.
Fonte: Perin et al. (2009, on-line)2.
SAIBA MAIS
Valva átrioventricular 
esquerda
Valva átrioventricular 
direita
Cordas tendíneas
Septo interventricular
Músculos papilares
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 75
Tipos de circulação
A passagem do sangue por meio do coração e dos 
vasos é chamada de circulação. Esta se faz por meio 
de duas correntes que partem ao mesmo tempo do 
coração. A primeira sai do ventrículo direito (por 
meio do tronco pulmonar) e se dirige aos capila-
res pulmonares onde ocorre a hematose. O sangue 
oxigenado é levado ao átrio esquerdo (pelas veias 
pulmonares direitas e esquerdas) e é lançado no 
ventrículo esquerdo. Ela é chamada de pequena 
circulação ou circulação pulmonar e tem por obje-
tivo oxigenar o sangue. 
A segunda corrente sai do ventrículo esquerdo 
(por meio da artéria aorta) e se dirige a todos os te-
cidos do corpo permitindo a troca entre sangue e 
células. Após tais trocas, o sangue cheio de CO2 e re-
síduos retorna ao coração por meio das veias cavas 
superior e inferior. Estas desembocam no átrio di-
reito do coração de onde o sangue é dirigido ao ven-
trículo direito. Esta é chamada de grande circulação 
ou circulação sistêmica e tem por objetivo distribuir 
o sangue oxigenado e rico em nutrientes ao corpo e 
dele remover o CO2 e os produtos residuais (TOR-
TORA et al., 2010). 
Além da circulação pulmonar e da sistêmica, 
também existe a circulação colateral e a circulação 
portal. A colateral ocorre por meio de anastomo-
ses (comunicações) entre artérias ou veias quando 
há uma obstrução em um vaso mais calibroso que 
participa desta anastomose. Esse tipo de circulação 
representa um mecanismo de defesa para tentar ir-
rigar ou drenar um território específico.
Já a circulação portal é uma subdivisão da circu-
lação sistêmica que ocorre quando uma veia se in-
terpõe entre duas redes de capilares sem passar por 
um órgão intermediário. A Circulação Portal He-
pática é um importante exemplo, pois permite que 
o sangue rico em substâncias absorvidas pelo trato 
gastrintestinal, após as refeições passe pelo fígado 
que armazena parte delas e modifica outra parte 
antes de mandar o sangue para a circulação geral. 
Também há um sistema portal na hipófise.
Figura 4 - Tipos de circulação
Ciclo cardíaco
Ciclo cardíaco são todos os eventos associados a um 
batimento cardíaco. Em um ciclo normal, os dois 
átrios se contraem enquanto os dois ventrículos re-
laxam e, em seguida, os dois ventrículos se contraem 
enquanto os dois átrios relaxam. No final dele, ocor-
re um período de relaxamento caracterizado pelo 
momento em que os ventrículos começam a relaxar 
e todas as câmaras estão em diástole (MIRANDA 
NETO; CHOPARD, 2014).
Vale lembrar que sístole é um termo que se refe-
re à fase de contração do coração enquanto diástole 
é um termo que se refere à sua fase de relaxamento. 
Em azul notar a circulação de sangue 
venoso na pequena circulação ou 
circulação pulmonar
Em rosa notar a circulação de sangue 
arterial na grande circulação ou 
circulação sistêmica
ANATOMIA 
76 
Bulhas cardíacas e sopro 
O famoso “tum-tá, tum-tá, tum-tá” que o coração 
faz, fascina-nos desde o período embrionário quan-
do a mãe ansiosa deseja ouvir os batimentos cardía-
cos de seu bebê. E de onde vem esse barulho? Como 
ele é produzido? Por que será que fatores como o 
exercício físico, o susto ou o estresse podem modifi-
cá-lo? Vamos entender como tudo funciona.
Durante a sístole, os ventrículos se contraem 
comprimindo o sangue que, devido àpressão no 
ventrículo, tende a refluir do ventrículo para o 
átrio. Assim, o sangue turbilhona-se contra as val-
vas atrioventriculares as quais se fecham fortemen-
te para impedir tal refluxo. O fechamento destas 
valvas gera uma vibração que é convertida em som 
pela caixa torácica. Este som, o famoso “tum” é 
chamado de primeira bulha cardíaca (DANGELO; 
FATTINI, 2011).
No entanto, os ventrículos continuam a se con-
trair até que a pressão em seu interior seja maior 
do que a pressão dentro do tronco pulmonar e da 
artéria aorta. Isto faz com que as valvas semiluna-
res pulmonares e aórticas se abram. À medida que 
o sangue vai saindo dos ventrículos para as artérias, 
elas se distendem para acomodar o sangue, mas isso 
aumenta a pressão dentro delas ao mesmo tempo 
em que diminui a pressão no ventrículo. Então, para 
impedir que o sangue reflui das artérias para o ven-
trículo, ocorre o forte fechamento das valvas semilu-
nares. Esse fechamento gera outro som, a segunda 
bulha cardíaca ou o famoso “tá”. Viu que interessan-
te! De forma bem simplificada pode-se dizer que o 
“tum-tá” que o coração faz nada mais é do que os 
fechamentos consecutivos de suas valvas.
Todavia, quando elas não se abrem comple-
tamente tem-se uma estenose (estreitamento) e 
quando não se fecham por completo tem-se uma 
insuficiência. Tais distúrbios podem permitir fluxo 
retrógrado de sangue o que causa um som anormal 
percebido com o auxílio de um estetoscópio. Este 
som é conhecido como sopro cardíaco.
O sopro também pode ser causado por altera-
ções congênitas ou pode surgir após febre reumática, 
faringite, amigdalite ou contato com estreptococo. 
Essa bactéria, além de desenvolver infecção, produz 
uma toxina chamada estreptolisina que é lançada na 
corrente sanguínea e exerce reações inflamatórias 
locais nas articulações, pele e coração. Então, o siste-
ma imune produz anticorpos antiestreptolisina que 
age sobre o próprio tecido cardíaco causando lesões 
irreversíveis. O tratamento é antibioticoterapia e, 
por vezes, até cirurgia.
É importante mencionar que em crianças de até 
quatro anos, o sopro é chamado de inocente ou fun-
cional, pois, frequentemente diminui ou desapare-
ce. Se for sistólico e de baixa intensidade, não afeta 
o desempenho cardíaco e muitas vezes só aparece 
após exercício físico intenso ou hipertermia. Tam-
bém existe o sopro diastólico que ocorre por insu-
ficiência de fechamento das valvas semilunares. No 
entanto, as valvas podem ser substituídas cirurgica-
mente por valvas de doadores humanos, suínos ou 
próteses mecânicas. 
Inervação do coração
Talvez você já tenha participado de uma aula prá-
tica de ciências onde o professor tenha removido 
o coração de um animal (como rato ou rã) e tenha 
ficado intrigado com o fato de que o coração, mes-
mo fora da cavidade torácica, é capaz de se contrair 
por um determinado período de tempo (eu mesma, 
sempre que posso, mostro isso em aula prática e os 
alunos gostam muito de ver como isso é possível). 
No entanto, se você nunca participou deste tipo de 
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 77
aula ou nunca tinha ouvido falar nisso, pode acre-
ditar porque é verdade.
Agora é possível que você esteja se perguntando: 
como isso é possível se aprendemos que o sistema 
nervoso é quem controla todo o funcionamento do 
corpo e quando retiramos o coração do tórax, cor-
tamos sua comunicação com esse sistema? Para en-
tendermos como isso é possível, em primeiro lugar 
você precisa saber que a inervação do coração é dife-
rente de outras regiões do corpo. Isto porque a iner-
vação do músculo cardíaco ocorre de duas formas, a 
extrínseca e a intrínseca.
A inervação extrínseca é feita pelo Sistema Ner-
voso Autônomo (SNA) por meio de seus compo-
nentes simpáticos (nervos cardíacos simpáticos) e 
parassimpáticos (nervo vago). Enquanto as fibras 
simpáticas causam taquicardia, as parassimpáticas 
causam bradicardia. Ambas formam o plexo nervo-
so cardíaco, o qual é útil para as demandas do dia 
a dia, pois as constantes modificações do ambiente 
são prontamente percebidas pelo SNA fazendo com 
que o coração se adapte e capacite o corpo a reagir 
(WATANABE, 2000).
Já a inervação intrínseca, chamada de sistema de 
condução do coração ou complexo estimulante do 
coração, não é feita por elementos nervosos e sim 
por fibras musculares estriadas cardíacas especiais, 
com poucas estrias transversais, poucas miofibrilas, 
de menor diâmetro e que formam o tecido nodal. 
Esse tecido por si só é capaz de gerar impulsos ele-
troquímicos que se propagam pelo coração causan-
do a contração do miocárdio de forma rítmica e 
repetitiva. Ele só é encontrado no coração no qual 
cerca de 1% das fibras musculares são células autor-
rítmicas capazes de gerar potencial de ação.
O sistema de condução do coração compreende 
o nodo sinoatrial, o nodo atrioventricular, o fascí-
culo atrioventricular e os ramos direito e esquerdo. 
O nodo sinoatrial localiza-se no átrio direito. Ele 
envia finas ramificações aos átrios sendo conside-
rado o “marca-passo” do coração, pois, a excitação 
cardíaca começa nele e é ele que determina o ritmo 
e o automatismo cardíaco. Seu mau funcionamento 
causa arritmia cardíaca. Várias substâncias (como a 
noradrenalina) e algumas condições (como hipóxia, 
drogas, cafeína e nicotina) atuam neste nodo e inter-
ferem no ritmo do coração. Assim, pode ser neces-
sário que outra área cardíaca possa funcionar como 
o marca-passo.
O nodo atrioventricular fica acima da valva 
atrioventricular direita. Ele pode vir a ser o “marca-
-passo” do coração se o nodo sinoatrial for lesado, 
mas a frequência cardíaca passa a ser de 40 a 60 ba-
timentos por minuto (bpm). Sua continuação até o 
septo interventricular é o fascículo atrioventricular 
(feixe de His). Ele pode vir a ser o “marca-passo” do 
coração se os nodos sinoatrial e atrioventricular fo-
rem lesados. Todavia, a frequência cardíaca cai para 
20 a 35 bpm, o que pode causar lesão neurológica 
necessitando implantar um marca-passo artificial 
(um dispositivo que emite pequenas correntes elé-
tricas que estimulam as contrações ventriculares).
O fascículo atrioventricular se bifurca em ramo 
direito e ramo esquerdo, um para cada ventrícu-
lo. Tais ramos penetram as paredes ventriculares, 
ramificam-se ainda mais e constituem os ramos 
subendocárdios (que ficam abaixo do endocárdio). 
Suas fibras são conhecidas como Fibras de Purkinje 
e permitem a propagação das contrações dos átrios 
para os ventrículos.
Entendeu agora como é possível que o coração 
continue batendo mesmo fora do corpo? De forma 
bem simplificada, pode-se afirmar que, quando o co-
ração é retirado da caixa torácica, de fato ele perde a 
ANATOMIA 
78 
inervação extrínseca (aquela que vem do sistema ner-
voso), mas a inervação intrínseca (aquela que existe no 
próprio tecido cardíaco) ainda continua a funcionar.
Na placenta, o sangue fetal capta O2 e nutrientes e 
elimina CO2 e resíduos. O sangue oxigenado retorna 
da placenta pela veia umbilical que vai até o fígado 
do feto. A placenta comunica-se com o sistema cir-
culatório materno por pequenos vasos sanguíneos 
que emergem da parede do útero. Após o nascimen-
to, muitas mudanças vasculares fazem o sistema cir-
culatório fetal ficar como no adulto.
Vale lembrar que o envelhecimento causa alte-
rações no sistema circulatório tais como diminuição 
da complacência arterial, redução no tamanho das 
fibras musculares cardíacas, perda progressiva da 
força muscular cardíaca, diminuição da frequência 
cardíaca máxima e aumento da pressão sistólica. 
Tais alterações podem ocasionar maior incidência 
de doenças neste sistema. Todavia, o exercício físico 
é capaz de minimizar todas elas. Por isso, a sua prá-
tica é aceita mundialmente como uma das melhoras 
formas de prevenir as doenças cardiocirculatórias. 
Vasos sanguíneos
Como já vimos, os vasos sanguíneos são habili-
tados ao transporte do sangue, seja ele arterial 
ou venoso. Os principais são as artérias e veias, 
mas também incluemas arteríolas, os capilares 
e as vênulas (FREITAS, 2004). Tanto as artérias 
quanto as veias possuem paredes formadas por 
três camadas sobrepostas: a túnica adventícia ou 
externa (que dá resistência à parede do vaso), a 
túnica média (mais espessa devido o músculo liso 
que permite vasoconstrição e vasodilatação sob o 
controle do SNA), e a túnica íntima ou endotélio 
(formada por uma camada de células de revesti-
mento que permitem o deslizamento do sangue). 
As paredes das artérias e das veias recebem nutri-
ção e inervação por meio dos vasos e nervos dos 
vasos (vasa vasorum e nervi vasorum).
Figura 5 - Inervação intrínseca do coração
Um detalhe interessante é que a atividade elétrica 
do coração gera uma corrente elétrica que pode ser 
detectada na superfície do corpo e registrada por 
um exame chamado Eletrocardiograma (ECG). 
Alterações no ECG são úteis para diagnosticar e 
tratar doenças do coração que também podem ser 
identificadas ao avaliar a resposta do coração ao es-
tresse causado pelo exercício físico por meio de um 
teste de esforço.
Circulação fetal e envelhecimento
Os pulmões, rins e órgãos gastrintestinais só come-
çam a funcionar após o nascimento. O feto obtém O2 
e nutrientes do sangue materno, onde também eli-
mina CO2 e resíduos. Normalmente não há mistura 
direta entre o sangue materno e o fetal, pois as trocas 
ocorrem de maneira indireta por difusão por meio 
dos capilares da mãe e do feto (MOORE et al., 2014).
O sangue passa do feto para a placenta pelas 
duas artérias umbilicais que ficam dentro do cordão 
umbilical (são ramos das artérias ilíacas internas). 
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 79
Todavia, artérias e veias não são iguais. Você 
acha que os vasos “esverdeados” que percebemos 
em nosso antebraço ou mesmo nos membros infe-
riores são artérias ou veias? Quando vamos retirar 
sangue para fazermos um exame ou mesmo para 
doá-lo, a coleta é feita em artérias ou veias? Estas 
e outras perguntas poderão ser respondidas assim 
que concluirmos o estudo.
Em primeiro lugar é importante que você sai-
ba que as particularidades estruturais das artérias 
e das veias estão correlacionadas às funções que 
estes vasos desempenham na dinâmica circulató-
ria. Por exemplo, de um modo geral, as veias têm 
paredes menos espessas, mas luz vascular mais 
ampla do que as artérias (luz vascular é o espaço 
que existe para o sangue circular dentro do vaso). 
Isto porque o mesmo volume de sangue que saiu 
do coração pelas artérias, deve retomar ao coração 
pelas veias, quase sem pressão e passivamente (ou 
seja, sem um órgão como o coração para mandá-
-lo de volta). Além do que, o sangue do sistema 
arterial circula com maior pressão do que o san-
gue que circula no sistema venoso. Abordaremos 
as principais diferenças entre os diversos vasos 
sanguíneos a seguir.
Artérias 
Todas as artérias originam-se direita ou indire-
tamente da artéria aorta ou do tronco pulmonar 
(ambas são vasos de grande calibre que se rami-
ficam extensivamente). Elas são tubos cilíndricos, 
elásticos, de direção centrífuga (porque saem do 
coração), responsáveis pela irrigação sanguínea, 
pois transportam sangue rico em O2 e nutrientes 
para as células, tecidos ou órgãos (exceto as artérias 
pulmonares que conduzem sangue venoso aos pul-
mões) (DI DIO, 2002).
Na maioria das vezes, as artérias são menos nu-
merosas, têm paredes mais espessas e com menor 
luz do que as veias. Como já visto, tais diferenças 
se devem à pressão com que o sangue circula por 
elas (assim, artérias têm que ter maior espessura 
de parede para que resistam à pressão do sangue e 
não colabem).
Outro ponto importante é que as artérias têm 
pulsação, pois, a força de contração do ventrículo 
gera uma onda de grande pressão, conhecida como 
pulso, que se propaga ao longo delas. Normalmente, 
a frequência do pulso é a mesma da frequência car-
díaca (de 70 a 80 vezes por minuto; no sono cai para 
60; no exercício, febre, distúrbios emocionais, hi-
pertireoidismo e outras condições específicas, pode 
ultrapassar 100; no recém-nascido gira em torno de 
120 a 140 pulsações por minuto).
Normalmente, elas são mais profundas do 
que as veias para ficarem protegidas e evitarem 
que uma ruptura cause um fluxo ininterrupto de 
sangue ou uma hemorragia. Também podem ser 
acompanhadas por uma ou duas veias satélites, as 
quais chegam a fazer sulcos nos ossos. No entanto, 
mesmo artérias profundas podem desenvolver par-
te do trajeto superficialmente. É o caso da artéria 
radial, por exemplo.
Em geral, artérias comunicam-se entre si por 
intermédio de anastomoses, fornecendo rotas al-
ternativas para que o sangue chegue a um deter-
minado tecido. Todavia, também podem se rami-
ficar emitindo ramos terminais (quando a artéria 
deixa de existir; a artéria braquial emite a artéria 
radial e a ulnar como ramos terminais) ou ramos 
colaterais (quando a artéria continua a existir, 
mas emite um ramo com direção oblíqua ou a 90º; 
quando o ramo forma um ângulo obtuso, é cha-
mado de ramo recorrente).
ANATOMIA 
80 
As artérias geralmente começam de grande cali-
bre e vão diminuindo de diâmetro à medida que se 
ramificam. Artérias de grande calibre têm diâmetro 
interno de cerca de 7 mm e são chamadas de elásti-
cas ou condutoras. Suas paredes acomodam o volu-
me de sangue e ajudam a impulsioná-lo enquanto os 
ventrículos relaxam. A aorta, o tronco pulmonar, a 
carótida comum, a subclávia, a vertebral, a pulmonar 
e a ilíaca comum são exemplos desse tipo de artéria.
Elas se ramificam em artérias de médio cali-
bre as quais têm diâmetro interno de 2,5 a 7 mm 
e são chamadas de distribuidoras ou musculares. 
Estas têm paredes espessas e adaptadas à vaso-
constrição e vasodilatação. A artéria braquial e a 
radial são exemplos deste tipo de artéria. Delas se 
originam as artérias superficiais que se destinam à 
pele. Posteriormente, artérias de médio calibre se 
ramificam em artérias de pequeno calibre cujo di-
âmetro interno é de 0,5 a 2,5 mm das quais surgem 
as arteríolas, com diâmetro interno menor do que 
0,5 mm e cuja função é levar sangue aos capilares 
arteriais. Assim, as arteríolas têm papel chave na 
regulação do fluxo sanguíneo e, por isso, são co-
nhecidas como vasos de resistência. Alterações em 
seu diâmetro podem causar mudanças na pressão 
arterial (por nicotina, por exemplo). 
 Capilares sanguíneos 
Os capilares sanguíneos têm paredes muito delga-
das, constituídas na maioria das vezes, por uma úni-
ca camada de células endoteliais e uma membrana 
basal de tecido conjuntivo (não têm camada média e 
adventícia). Por isso, permitem a passagem de subs-
tâncias através de suas paredes, ou seja, as trocas en-
tre sangue e tecidos por meio do líquido intersticial, 
e vice-versa. Assim, são conhecidos como vasos de 
troca (TORTORA et al., 2010).
Os capilares têm diâmetro microscópico e ligam 
as arteríolas às vênulas permitindo a microcircula-
ção. Na maioria das vezes, surgem das ramificações 
das arteríolas, mas em alguns casos (como no fígado 
e na glândula hipófise), originam-se da ramificação 
de vênulas. Apresentam vasomotricidade (ou seja, 
fazem vasodilatação e vasoconstrição) a qual é in-
fluenciada por substâncias químicas liberadas pelas 
células endoteliais (por exemplo, o óxido nítrico).
São considerados os vasos mais numerosos do 
corpo e formam redes ramificadas que aumentam a 
área de superfície para a troca de materiais. Todavia, 
embora sejam encontrados próximos a quase todas 
as células, seu número varia com a atividade me-
tabólica do tecido. Por exemplo, músculos, fígado, 
rins e SNC que têm alto metabolismo, têm muitos 
capilares; tendões e ligamentos têm menos.
Além disso, podem apresentar poros em sua 
parede (como os capilares fenestrados do rim, in-
testino delgado e glândulas endócrinas), podem ter 
interrupções na parede (como os capilares sinusoi-
des do fígado, baço, adenohipófise e glândulas para-
tireoides) ou podem ter parede sem poros ou inter-
rupções (como os capilares contínuos dos músculos, 
encéfalo,pulmões e tecido conjuntivo).
Veias
As veias são tubos nos quais o sangue circula com 
direção centrípeta (ou seja, chegam ao coração). 
São responsáveis pela drenagem sanguínea ou re-
torno venoso, pois, coletam o sangue rico em CO2 
e metabólitos dos tecidos para o coração (exceto 
as veias pulmonares que conduzem sangue arterial 
para o coração). Elas se formam pelas sucessivas 
confluências de vênulas e capilares venosos e vão 
aumentando gradativamente de calibre (ao con-
trário das artérias, lembra?). Assim, podem ser de 
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 81
pequeno, médio ou grande calibre (MIRANDA 
NETO; CHOPARD, 2014).
Elas não têm pulsação e normalmente são menos 
espessas do que as artérias e, por isso, podem cola-
bar (suas paredes podem ficar aderidas). Embora, à 
semelhança das artérias, possam se dilatar no sen-
tido transversal (para conter maior volume de san-
gue) e longitudinal (para atender aos deslocamentos 
dos segmentos corporais), não resistem a pressões 
muito altas. Em contrapartida, têm maior luz e são 
mais numerosas do que as artérias (o leito venoso é 
praticamente o dobro do leito arterial; entretanto, o 
pênis e o cordão umbilical são exceções, pois neles 
há duas artérias acompanhando uma única veia).
As veias geralmente começam de pequeno ca-
libre e vão aumentando de diâmetro à medida que 
se dirigem ao coração. Além disso, podem ser su-
perficiais ou profundas. As superficiais não acom-
panham as artérias e são chamadas de solitárias. As 
profundas podem ou não acompanhar as artérias. 
As que acompanham são chamadas de satélites e as 
que não acompanham, são chamadas de solitárias. 
A comunicação entre veias superficiais e profundas 
é feita por veias comunicantes ou perfurantes. Vale 
lembrar que veias, artérias e nervos se unem for-
mando um feixe vásculo-nervoso.
Além disso, veias podem apresentar válvulas 
para impedir o refluxo do sangue. Todavia, se es-
tas não funcionam, adequadamente, podem apa-
recer varizes (principalmente nos membros). Tais 
válvulas podem não existir em algumas veias da 
cabeça e do pescoço.
Agora chegou a hora de você responder, com 
certeza, as perguntas do início do texto. Então, os 
vasos “esverdeados” que percebemos em nosso an-
tebraço ou mesmo nos membros inferiores são 
artérias ou veias? Certamente são veias, pois estas 
apresentam trajeto mais superficial do que as arté-
rias. E qual vaso é puncionado na coleta de sangue? 
Novamente a resposta é a veia, pois o sangue circula 
com maior pressão nas artérias e perfurá-las rotinei-
ramente não seria o melhor a fazer. Além do que, 
artérias têm trajeto mais profundo, lembra? Como é 
bom adquirir conhecimento, não acha?
Figura 6 - Diferenças entre artérias e veias
Distribuição do sangue
A distribuição do sangue pelo corpo não é simétrica 
entre os órgãos, e depende da demanda funcional 
a qual o indivíduo está submetido. Assim, a maior 
parte do volume de sangue em repouso (64%) está 
nas veias e vênulas sistêmicas. As artérias sistêmi-
cas têm cerda de 13%, os capilares sanguíneos 7%, 
os vasos pulmonares 9% e o coração 7%. Todavia 
este estado pode ser totalmente alterado em con-
dições específicas como exercício físico e estresse 
(MOORE et al., 2014).
Assim, pode-se dizer que as veias e vênulas sis-
têmicas atuam como reservatório de sangue a partir 
do qual o sangue pode ser rapidamente removido 
se houver necessidade. Esse é o caso, por exemplo, 
de um quadro de hemorragia ou atividade muscular 
intensa onde a venoconstrição poderá ajuda a con-
ANATOMIA 
82 
trabalancear a queda na pressão arterial. As veias 
e vênulas do fígado, baço e da pele representam os 
principais reservatórios de sangue do corpo. 
Vascularização sistêmica 
Vascularização do coração
O pericárdio e o miocárdio são irrigados pelas arté-
rias coronárias, que são ramos da parte ascendente 
da artéria aorta. Elas correm no sulco coronário e 
recebem o nome de coronárias porque circundam 
o coração como uma coroa. O endocárdio é nutrido 
por microvascularização diretamente das câmaras 
do coração (WATANABE, 2000).
Geralmente, a artéria coronária esquerda é mais 
calibrosa e tem maior área de distribuição. Ela passa 
inferiormente à aurícula esquerda, fornece o ramo 
interventricular anterior e o ramo circunflexo. O 
ramo interventricular anterior percorre o sulco in-
terventricular anterior, desce até o ápice do coração, 
irriga os ventrículos e emite ramos interventricu-
lares septais para o septo interventricular. O ramo 
circunflexo fica no sulco coronário, irriga o átrio e o 
ventrículo esquerdos, dirige-se, posteriormente, e se 
anastomosa com a artéria coronária direita.
A artéria coronária direita dirige-se para à di-
reita do sulco coronário, emite ramos atriais e se 
divide em ramo marginal (que irriga o ventrículo 
direito) e ramo interventricular posterior que per-
corre o sulco interventricular posterior e irriga os 
dois ventrículos. Também emite ramos interventri-
culares septais.
O coração é drenado, principalmente, por peque-
nas veias cardíacas mínimas e por veias que se abrem 
no seio coronário (seio coronário é a principal veia 
do coração). Esse seio situa-se no sulco coronário e 
desemboca no átrio direito. Antes, todavia, ele rece-
be como principais tributárias a veia cardíaca magna 
(que drena áreas supridas pela artéria coronária es-
querda e fica localizada no sulco interventricular an-
terior), a veia cardíaca média (que drena os ventrícu-
los e fica no sulco interventricular posterior) e a veia 
cardíaca parva (que drena átrio e ventrículo direitos e 
se posiciona no sulco coronário).
Se as artérias coronárias estiverem compro-
metidas ao ponto de não conseguirem suprir 
as necessidades de oxigenação e nutrição do 
miocárdio, pode ser necessária a realização de 
um procedimento cirúrgico para revasculari-
zação do miocárdio, popularmente conhecida 
como “ponte de safena”. Essa cirurgia consiste 
na retirada de uma parte da veia safena lo-
calizada no membro inferior, para criar uma 
ponte por cima das artérias coronárias com-
prometidas para tornar possível a passagem 
sanguínea novamente. Tais artérias podem 
ser afetadas, principalmente, por acúmulo 
de gordura (aterosclerose) ou cálcio em suas 
paredes. Leia mais sobre o tema, pois grande 
parte das causas de obstrução das artérias 
coronárias pode ser prevenida por meio da 
prática regular do exercício físico. 
Fonte: Tua Saúde (2013, on-line)3.
SAIBA MAIS
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 83
Vascularização da cabeça e pescoço
A vascularização da cabeça e pescoço depende das 
artérias carótidas comuns e subclávias as quais se 
originam a partir do arco da aorta. À direita desse 
arco surge o tronco braquiocefálico o qual emite a 
artéria carótida comum direita e a artéria subclá-
via direita. As artérias carótida comum esquerda e 
subclávia esquerda surgem do próprio arco da aorta 
(DANGELO; FATTINI, 2011).
As artérias carótidas comuns (direita e esquer-
da) têm pulsação lateralmente à laringe e, na altura 
da cartilagem tireoide, ramificam-se em artéria ca-
rótida interna (direita e esquerda) e externa (direi-
ta e esquerda). A interna passa o canal carótico na 
base do crânio, emite a artéria oftálmica (que irriga 
a retina), a artéria cerebral anterior (que irriga a face 
medial do encéfalo), a artéria cerebral média (que 
irriga a face superolateral do hemisfério cerebral) e a 
artéria comunicante posterior.
A região posterior do encéfalo é irrigada pelas 
artérias vertebrais (que são ramos das artérias sub-
clávias). As vertebrais sobem pelos forames trans-
versos das vértebras cervicais, entram no crânio pelo 
forame magno, unem-se e formam a artéria basilar. 
A basilar emite as artérias cerebelares e a artéria ce-
rebral posterior. Assim, na face inferior do encéfalo 
se forma o círculo arterial do encéfalo por meio do 
qual o sistema carotídeo interno se une ao sistema 
vértebro-basilar como uma anastomose arterial que 
pode, em situações específicas (como obstruções e 
aneurismas), prevenir quadros de isquemiacerebral.
A artéria carótida externa irriga, através de mui-
tos ramos, todas as estruturas externas da face e 
couro cabeludo. Seus principais ramos incluem as 
artérias tireoidea superior, lingual, facial, occipital, 
auricular posterior, faríngea ascendente, maxilar e 
temporal superficial.
A drenagem venosa da cabeça e do pescoço é feita 
pelos seios venosos da dura-máter e por veias super-
ficiais que, após várias confluências, desembocam na 
veia jugular interna. Essa veia se une à veia subclávia 
formando a veia braquiocefálica. As veias braquio-
cefálicas direita e esquerda se unem e formam a veia 
cava superior a qual desemboca no átrio direito do 
coração levando o sangue venoso da cabeça e do pes-
coço, além do sangue do membro superior e do tórax.
ANATOMIA 
84 
Diagrama das principais artérias da cabeça
Vascularização do tórax
É feita pela parte torácica da artéria aorta a qual, antes de atravessar o 
músculo diafragma pelo hiato aórtico, emite uma série de ramos visce-
rais e parietais, como as artérias esofágicas (que irrigam o esôfago), as 
pericárdicas (que irrigam o pericárdio), as mediastinais (que irrigam as 
estruturas do mediastino), as brônquiais (que irrigam os brônquios), as 
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 85
frênicas superiores (que irrigam o músculo diafragma), as subcostais e 
as intercostais posteriores (que irrigam os músculos intercostais e torá-
cicos). Além da artéria aorta, também participam da irrigação da parede 
torácica a artéria subclávia e a artéria axilar (MOORE et al., 2014). O 
tórax é drenado por várias veias que drenam para a veia ázigo. Por sua 
vez, a veia ázigo conduz o sangue venoso até a veia cava superior.
Diagrama das principais veias da cabeça
Figura 7 - Vascularização da cabeça e do pescoço e drenagem da cabeça e do pescoço
Fonte: Colicigno et al. (2009, p. 166, on-line)4.
ANATOMIA 
86 
Vascularização do abdome
É feita pela parte abdominal da artéria aorta, em seu 
trajeto após o hiato aórtico. Ela emite ramos visce-
rais e parietais. Os principais ramos parietais são a 
artéria epigástrica superficial, a epigástrica inferior, 
a musculofrênica, a 10ª e a 11ª artérias intercostais, 
posteriores, a subcostal, a circunflexa ilíaca profun-
da e a circunflexa ilíaca superficial (DI DIO, 2002).
Os principais ramos viscerais incluem as artérias 
frênicas inferiores (irrigam o músculo diafragma), 
o tronco celíaco (irriga esôfago, estômago, baço, 
pâncreas, fígado e duodeno), a mesentérica supe-
rior (irriga intestino delgado, ceco, colo ascendente 
e transverso, e pâncreas), a mesentérica inferior (ir-
riga colo transverso, descendente e sigmoide), as su-
prarrenais médias (irrigam glândulas suprarrenais), 
as renais (irrigam rins), as gonadais (as testiculares 
irrigam testículos e as ováricas irrigam os ovários) 
e as ilíacas comuns. Essas últimas se ramificam em 
artérias ilíacas externas (irrigam os membros infe-
riores) e ilíacas internas (irrigam bexiga urinária, 
útero e próstata). A drenagem venosa das vísceras 
abdominais é feita, principalmente, pela veia porta e 
pela veia cava inferior.
Vascularização da pelve
Como vimos, a artéria ilíaca comum se bifurca ori-
ginando a artéria ilíaca interna e a externa. A inter-
na envia ramos para a parede e vísceras da pelve; 
a externa envia ramos para a parede abdominal e 
continua no membro inferior como artéria femoral 
(FREITAS, 2004).
Dentre as principais artérias da pelve estão a 
umbilical, obturatória, sacral mediana, retal supe-
rior, gonadal (ovárica e testicular), artéria do ducto 
deferente, ramos prostáticos, vesical superior e infe-
rior (na mulher, é artéria vaginal) e artéria uterina.
Os plexos venosos pélvicos são formados por 
veias que circundam as vísceras pélvicas (plexo re-
tal, vesical, prostático, uterino e vaginal). Também 
são importantes as veias iliolombares, sacral media-
na e sacrais laterais. Na pelve, a veia ilíaca interna 
se une à veia ilíaca externa para formar a veia ilíaca 
comum. As veias ilíacas comuns (direita e esquerda) 
se unem para formar a veia cava inferior a qual se-
gue na cavidade abdominal, paralelamente à aorta, 
recebendo várias tributárias. Ela passa pelo forame 
da veia cava (no músculo diafragma) e desemboca 
no átrio direito do coração.
Vascularização do membro superior
Os membros superiores são irrigados pelas artérias 
subclávias que passam inferiormente à clavícula. Na 
região axilar, passam a ser chamadas de artérias axi-
lares e no braço passam a ser artérias braquiais. Na 
altura da fossa cubital, elas se ramificam em artéria 
ulnar e artéria radial as quais irrigam a mão e os de-
dos (TORTORA et al., 2010).
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 87
A artéria radial é a continuação direta da arté-
ria braquial. Ela é superficial na parte distal do an-
tebraço onde pode ser palpada para verificar suas 
pulsações. As veias profundas do membro superior 
têm os mesmos nomes das artérias e seguem, em 
última instância, até a veia subclávia. As duas prin-
cipais veias superficiais do membro superior são a 
veia cefálica e a basílica as quais desembocam na 
veia braquial.
Vascularização do membro inferior
Recapitulando, a parte abdominal da artéria aorta 
bifurca-se em artérias ilíacas comuns (direita e es-
querda) que se bifurcam em artéria ilíaca interna 
(que se dirige à pelve) e artéria ilíaca externa. A ex-
terna atravessa o ligamento inguinal e passa a ser 
chamada de artéria femoral. Esta passa, posterior-
mente, à região do joelho e recebe o nome de arté-
ria poplítea. A poplítea se bifurca em artéria tibial 
anterior, tibial posterior e fibular (DI DIO, 2002).
As veias profundas do membro inferior acom-
panham as artérias, têm os mesmos nomes delas e 
seguem, em última instância, até a veia femoral. As 
duas principais veias superficiais do membro infe-
rior são a safena magna e a safena parva. A veia 
safena parva drena para a veia poplítea e a safena 
magna drena para a veia femoral. Outras veias im-
portantes do membro inferior são a safena acessó-
ria, a veia cutânea lateral, a veia cutânea anterior e 
as veias perfurantes.
É importante ressaltar que as veias dos mem-
bros inferiores drenam o sangue desfavoravelmen-
te em relação à gravidade e, por isso, suas paredes 
são ricas em fibras musculares lisas e em fibras 
colágenas. Além disso, possuem numerosas valvas 
que ajudam no direcionamento do sangue (as pro-
fundas têm mais). Outros fatores que ajudam no 
retorno venoso são a ação de “esponja venosa” das 
plantas dos pés, a ação massageadora dos múscu-
los do membro inferior sobre os vasos, a pulsação 
das artérias adjacentes transmitindo o pulso para 
a parede da veia acompanhante (veia satélite) e o 
gradiente de pressão entre a cavidade torácica e a 
abdominal durante a respiração. 
Todavia, em pessoas que permanecem em pé por 
períodos prolongados, o sangue pode se acumular 
no interior das veias dos membros inferiores, resul-
tando em elevação da pressão, dilatação, insuficiên-
cia valvular e varizes. Isto gera um fluxo retrógrado 
do sangue, estase sanguínea e migração de líquido 
para o espaço intersticial causando edema.
ANATOMIA 
88 
Ilustração esquemática das principais veias
Curiosidades
Como o coração se situa entre duas estruturas rígidas (a coluna vertebral e o osso esterno), sua compressão 
pode ser útil para bombear o sangue dele para a circulação sistêmica. Assim, se ele parar subitamente de ba-
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 89
Ilustração esquemática das principais artérias
Figura 8 - Vascularização do corpo humano
Fonte: Colicigno et al. ( 2009, p. 164-165, on-line)5.
ter, a ressuscitação cardiopulmonar (compressão cardíaca associada à ventilação artificial dos pulmões) é útil 
para manter o sangue oxigenado até que o coração volte a bater (FREITAS, 2004).
ANATOMIA 
90 
DEFINIÇÃO DO SISTEMA LINFÁTICO 
O sistema linfático é considerado um sistema de dre-
nagem que auxilia o sistema venoso a drenar a linfa 
dos tecidos para a circulação sanguínea. Para tanto, é 
constituído por uma vasta redede vasos semelhantes 
às veias (os vasos linfáticos), que se distribuem por 
todo o corpo captando líquido tecidual que não re-
tornou aos capilares sanguíneos. Neste contexto, ele 
dispõe de estruturas que filtram e reconduzem a linfa 
à circulação sanguínea (MOORE et al., 2014).
Ele é constituído pela linfa, vasos que a drenam 
(capilares linfáticos, vasos linfáticos, ductos linfáti-
cos), tecidos e órgãos linfoides (baço, timo, linfono-
dos e tonsilas).
FUNÇÕES DO SISTEMA LINFÁTICO 
A mais notável função do sistema linfático é sua ha-
bilidade de drenar o excesso de líquido intersticial 
para os vasos linfáticos mantendo o equilíbrio dos 
fluidos do corpo. Se ele não atuasse desta forma, o 
volume sanguíneo poderia ser afetado, já que o san-
gue é a fonte principal deste líquido. Além disso, 
ele também drena para os vasos linfáticos parte das 
proteínas que saem dos vasos sanguíneos. Tal fato é 
de extrema importância, pois evita que ocorra os-
mose reversa e, consequentemente, edema tecidual 
(DANGELO; FATTINI, 2011).
Sistema Linfático
Figura 9 - Visão geral do sistema linfático
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 91
No entanto, o sistema linfático desempenha outras 
funções como participar ativamente da imunidade 
corpórea. Por sua ação, bactérias, partículas estra-
nhas e células anômalas podem ser destruídas uma 
vez que ele está diretamente relacionado à produção 
e à maturação de células imunológicas como macró-
fagos e linfócitos (tais células participam ativamente 
da resposta imunológica específica produzindo anti-
corpos para destruir substâncias invasoras).
Além disso, o sistema linfático está relacionado à 
absorção e ao transporte das gorduras dos alimentos 
por meio dos capilares lácteos, os quais recebem to-
dos os lipídios e vitaminas lipossolúveis absorvidos 
pelo intestino. Após esta absorção, o quilo (linfa dre-
nada do intestino delgado com aparência leitosa) é 
conduzido pelos vasos linfáticos viscerais para o duc-
to torácico e daí para o sistema venoso. Em outros te-
cidos, a linfa é um líquido amarelo-claro translúcido. 
COMPONENTES DO SISTEMA LINFÁTICO 
A linfa, os vasos linfáticos, os tecidos e os órgãos 
linfoides estão distribuídos por praticamente todo 
o corpo (MIRANDA NETO; CHOPARD, 2014). Os 
órgãos linfoides são classificados como primários ou 
secundários. Os primários são locais nos quais célu-
las tronco se dividem e se tornam aptas a executar a 
resposta imune (por exemplo, a medula óssea ver-
melha e o timo).
Já os órgãos linfoides secundários são locais nos 
quais a resposta imune ocorre (por exemplo, os lin-
fonodos, o baço e os folículos linfáticos). Enquanto, 
o baço, o timo e os linfonodos são considerados ór-
gãos, pois são revestidos por uma cápsula de tecido 
conjuntivo, os nódulos linfáticos não são, pois não 
apresentam tal cápsula.
Linfa
A linfa é um líquido incolor presente no espaço 
intersticial, resultante das trocas entre o sangue 
dos capilares e o tecido. Pode-se dizer que repre-
senta o excesso de líquido que saiu do capilar, mas 
não retornou à circulação sanguínea (TORTORA 
et al., 2010).
Sua composição é parecida com a do plasma 
sanguíneo uma vez que apresenta água, eletrólitos e 
proteínas. Todavia, a linfa é mais rica em água, tem 
menos proteínas do que o plasma, e não tem hemá-
cias ou plaquetas. Diferentemente do que ocorre no 
sistema cardiovascular sanguíneo onde o coração 
bombeia o sangue, no sistema linfático não existe 
um órgão central bombeador de linfa. 
Assim, a circulação da linfa é possibilitada pe-
los mesmos mecanismos que auxiliam o retorno 
venoso (vistos anteriormente, lembra?). Por isso, 
o fluxo da linfa é lento nos períodos de inativi-
dade física, mas aumenta com o exercício, peris-
taltismo e com os movimentos respiratórios. Isso 
explica o fato de que algumas pessoas precisam, 
inclusive, realizar artificialmente manobras de 
drenagem linfática.
Capilares, vasos e ductos linfáticos
A linfa intersticial é recolhida pelas capilares lin-
fáticos os quais são os de menor calibre do sistema 
linfático. Tais vasos são importantes porque reco-
lhem, além da linfa, moléculas diversas do líquido 
intersticial que não retornam aos capilares sanguí-
neos (como moléculas grandes ou proteínas). Tal 
habilidade é possível porque os capilares linfáticos 
apresentam diferenças em relação aos capilares 
sanguíneos, por exemplo, são mais calibrosos e têm 
maior permeabilidade. 
ANATOMIA 
92 
A maior permeabilidade deve-se ao maior espa-
ço que existe entre suas células (são fenestrados), à 
ausência de membrana basal e à posição das bordas 
de suas células endoteliais. Estas estão frouxamente 
unidas e podem ser empurradas pela pressão do lí-
quido intersticial de fora para dentro fazendo com 
que o líquido penetre nos capilares linfáticos e uma 
vez dentro, não retorne ao meio intersticial devido 
à pressão que força as bordas das células endoteliais 
a se juntarem (como uma porta vaivém unidirecio-
nal). Além disso, existem filamentos de ancoragem 
nos capilares linfáticos que fixam suas células endo-
teliais aos tecidos adjacentes. Quando ocorre ede-
ma, estes filamentos são tracionados aumentando as 
aberturas entre as células para que mais líquido flua 
para o capilar linfático (FREITAS, 2004).
Adicionalmente, esses pequenos vasos terminam 
em fundo cego para permitir fluxo unidirecional da 
linfa em direção ao capilar sanguíneo, e apresentam 
válvulas que ajudam a conduzir a linfa em direção ao 
coração. Todavia, as mesmas os estreita dando-lhes 
aspecto irregular de “rosário” ou “colar de conta”.
Os capilares linfáticos estão presentes em quase 
todos os locais do corpo sendo abundantes na pele 
e nas mucosas, mas ausentes nos dentes, ossos, me-
dula óssea vermelha, sistema nervoso central, nos 
tecidos avasculares (como cartilagem, epiderme e 
córnea do bulbo) e nos músculos estriados esquelé-
ticos (embora estejam presentes no tecido conjun-
tivo que os envolve).
Os capilares se unem para formar os vasos linfá-
ticos os quais podem ser superficiais ou profundos. 
Os superficiais anastomosam-se livremente e são 
mais numerosos do que as veias no tecido subcutâ-
neo. Eles drenam para os vasos linfáticos profun-
dos que também recebem a drenagem dos órgãos 
internos. Assim, os vasos linfáticos tornam-se pro-
gressivamente maiores (sendo chamados de vasos 
coletores) e atravessam vários linfonodos antes de 
desembocarem nos troncos linfáticos e permitirem 
que a linfa retorne à corrente sanguínea.
Os cinco principais troncos linfáticos são o 
intestinal (que recebe a linfa dos órgãos abdomi-
nais), o lombar (que drena o membro inferior e 
alguns órgãos pélvicos), o subclávio (que drena 
o membro superior, parte do tórax e do dorso), 
o jugular (que drena cabeça e pescoço) e o bron-
comediastinal (que drenam o tórax). Os troncos 
linfáticos drenam para o ducto linfático direito ou 
para o ducto torácico. Posteriormente, a linfa é 
direcionada às veias e passam a circular junto com 
o plasma sanguíneo.
O ducto linfático direito é um pequeno vaso 
(cerca de 1,0 cm de comprimento) formado pela 
união dos troncos subclávio, jugular e broncome-
diastinal direito. Ele desemboca na junção da veias 
subclávia direita e jugular interna direita.
Já o ducto torácico mede aproximadamente 45 
cm de comprimento. Ele recebe linfa dos troncos 
lombares e intestinal, atravessa o músculo diafrag-
ma junto com a artéria aorta e recebe vasos linfáticos 
que drenam a metade esquerda do tórax. Posterior-
mente, recebe o tronco subclávio esquerdo e jugular 
esquerdo e desemboca na veia subclávia esquerda. 
Assim, recolhe a linfa de todo o corpo menos do 
membro superior direito e da metade direita da ca-
beça, pescoço e tórax (esta é recolhida pelo ducto 
linfático direito).
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 93
Linfonodos
Os linfonodos são pequenas massas de tecido 
linfoide dispostas ao longo do trajeto dos vasos 
linfáticos. Os cerca de 600 linfonodos dispersos 
pelo corpo reúnem-se em grupo superficial e pro-
fundo e atuam como órgãosfiltrantes da linfa an-
tes que ela adentre o sistema venoso. Para tanto, 
eles destroem microrganismos, toxinas, células 
anômalas e partículas estranhas, por meio dos 
macrófagos e linfócitos existentes em seu interior 
(WATANABE, 2000).
A linfa penetra a face convexa do linfonodo por 
meio de vasos linfáticos aferentes, os quais têm vál-
vulas que se abrem para o centro do linfonodo e não 
permitem que a linfa reflua. Então, ela é lentamen-
te filtrada por meio de canais irregulares, denomi-
nados seios, onde existem macrófagos, linfócitos e 
plasmócitos. Dos seios, a linfa sai pelos vasos linfá-
ticos eferentes que deixam o linfonodo pela região 
do hilo. Ah...é válido mencionar que existem menos 
vasos linfáticos eferentes do que aferentes a fim de 
reduzir a velocidade do fluxo da linfa.
Cada linfonodo é envolto por uma cápsula fibro-
sa da qual partem projeções de tecido conjuntivo (as 
trabéculas) para o interior do linfonodo dividindo-o 
em vários compartimentos os quais são posterior-
mente subdivididos por fibras reticulares. Cápsula, 
trabéculas, fibras reticulares e fibroblastos formam o 
estroma ou o arcabouço do linfonodo. O parênqui-
ma do linfonodo é dividido em uma região externa 
chamada córtex, e uma região interna chamada me-
dula. No córtex os linfócitos são sintetizados e na 
medula as células estão arranjadas em forma de cor-
dões denominados cordões medulares.
Baço
O baço é um órgão que, provavelmente, já te inco-
modou um dia na vida, principalmente se você re-
solveu fazer um exercício físico um pouco mais ex-
tenuante sem preparo físico adequado (falo sempre 
que isso acontece com quem quer “virar atleta” de 
um dia para o outro). Você deve estar se perguntan-
do por que o baço já o incomodou. É simples. Sabe 
aquela dorzinha na região lateral do abdome, à es-
querda? Pois é ele. Mas por que será que ele dói ao se 
exercitar com um pouco mais de intensidade? Será 
que é possível que esta dor pare de incomodar com 
o treinamento sistematizado? Como deve proceder? 
Vamos primeiro entender quem é o baço e quais 
funções desempenha para depois respondermos tais 
perguntas (DI DIO, 2002).
 Figura 10 - Capilares, ductos linfáticos e linfonodos
Ductos linfáticos
Linfonodos
Válvulas dos capilares 
linfáticos
Capilares linfáticos
ANATOMIA 
94 
O baço é o maior órgão linfoide (com cerca de 
10 cm), localizado à esquerda da cavidade abdomi-
nal, logo, abaixo do músculo diafragma, sendo qua-
se completamente recoberto pelo estômago. Com 
forma elíptica e cor vermelho-escura, ele apresenta 
a face diafragmática (superior, em contato com o 
músculo diafragma) e a face visceral (inferior, em 
contato com as vísceras abdominais). Enquanto, a 
face diafragmática é convexa e lisa, a visceral apre-
senta o hilo por onde passam vasos e nervos.
O baço é envolto pelo peritônio visceral e por 
uma cápsula resistente de tecido conjuntivo fibro-
so que contém fibras musculares e envia septos (as 
trabéculas) para seu interior dividindo-o e dando-
-lhe sustentação. Cápsula, trabéculas, fibras reticu-
lares e fibroblastos constituem o estroma do baço. 
Seu parênquima é constituído por polpa vermelha e 
branca. A vermelha é mais abundante e consiste de 
seios venosos ramificados que armazenam sangue; a 
branca fica dentro da vermelha e apresenta grande 
quantidade de linfócitos e macrófagos.
Inúmeras funções são desempenhadas pelo baço. 
Ele produz linfócitos e plasmócitos, atua na matu-
ração dos linfócitos B, armazena plaquetas, destrói 
células sanguíneas velhas (hemocaterese) e produz 
células sanguíneas (hemopoiese). Além disso, atua 
como reservatório de sangue sendo capaz de liberar 
cerca de 200 ml para a corrente sanguínea em situ-
ações de emergência (como uma hemorragia). Nor-
malmente este sangue fica contido nos seios venosos 
da polpa vermelha e é liberado pela contração das 
células musculares lisas de sua cápsula.
Algumas doenças infecciosas podem aumentar seu 
tamanho causando esplenomegalia. Além disso, 
trauma abdominal pode rompê-lo e causar san-
gramento intraperitoneal obrigando sua remoção 
cirúrgica (esplenectomia) para evitar morte por he-
morragia. Neste caso, outras estruturas (como fíga-
do, medula óssea vermelha, linfonodos e tonsilas) 
podem assumir suas funções, embora as funções 
imunes possam permanecer debilitadas.
Agora, você certamente entende porque ele dói 
quando se faz exercícios mais intensos sem um bom 
preparo físico. Isso ocorre porque no exercício ele 
faz várias funções ao mesmo tempo. Assim, realiza 
a hemocatérese, a hemopoiese e a liberação de san-
Figura 11 - Baço
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 95
gue extra para a circulação periférica a fim de suprir 
as necessidades dos músculos. Para liberar o sangue 
contido nos seios venosos da polpa vermelha, os 
músculos lisos de sua cápsula se contraem gerando 
um incômodo percebido no local onde ele se localiza.
Para ele parar de incomodar, o ideal é prosseguir 
com o treinamento, pois, a continuidade do exercício 
gera mudanças na constituição do próprio sangue 
(aumentando, por exemplo, a quantidade de eritró-
citos e otimizando o transporte de O2 para os mús-
culos). Ou seja, o jeito é continuar a treinar. Todavia, 
enquanto seu corpo ainda está sendo condicionado, 
a melhor opção é respirar mais intensamente e, se 
a dor for muito intensa, diminuir a intensidade do 
exercício. Sabendo de tudo isso, bom treino.
Timo
A maioria das pessoas não sabe onde se localiza o 
timo, o que ele faz, e para piorar, algumas inclusive 
não sabem nem se têm de fato um timo em seus cor-
pos. Falo sempre que o timo é um órgão injustiçado 
porque ninguém se lembra dele. Mas por que será 
que isso ocorre? Será que suas funções não são de 
fato importantes? 
O timo é formado por uma massa linfoide bi-
lobulada mantida justaposta por uma lâmina de te-
cido conjuntivo. Uma cápsula de tecido conjuntivo 
envolve cada lobo separadamente e as extensões 
desta cápsula (as trabéculas) penetram os lobos di-
vidindo-os em lóbulos. Cada lóbulo tem uma ca-
mada externa e outra interna. A externa é chamada 
de córtex e é constituída por linfócitos T, células 
dendríticas, células epiteliais e macrófagos. A in-
terna é chamada de medula e apresenta linfócitos 
T maduros, células dendríticas, macrófagos e célu-
las organizadas chamadas de corpúsculos tímicos 
(FREITAS, 2004).
Linfócitos T necessitam do timo para amadure-
cer e, quando maduros, deixam o timo por meio do 
sangue e são transportados até os linfonodos, baço e 
outros tecidos linfáticos. O timo também atua como 
glândula endócrina produzindo o hormônio timosi-
na que estimula o crescimento de linfócitos em to-
dos os tecidos linfáticos do corpo.
Ele está situado em parte na região inferior do 
pescoço (anterior e lateralmente à traqueia) e em 
parte na cavidade torácica (posteriormente, ao osso 
esterno, no mediastino). Esse órgão é maior na infân-
cia, pois é gradativamente substituído por tecido con-
juntivo e gordura. Contudo, algumas de suas células 
continuam a se proliferarem durante toda a vida.
Esse fato justifica o pouco conhecimento que a 
maioria das pessoas tem a respeito do timo. Como 
ele vai sendo gradativamente substituído por tecido 
conjuntivo e gordura, suas funções vão sendo assu-
midas por outros órgãos, por isso, você, provavel-
mente, nunca ouviu falar de alguém que morreu de 
problema no timo. Todavia, não podemos desprezar 
suas funções porque elas são importantes e essen-
ciais às diversas fases do desenvolvimento humano. 
Figura 12 - Timo
Laringe
Glândula tireóide
Traqueia
Timo
Pulmão
Coração
Pericárdio
ANATOMIA 
96 
Nódulos linfáticos
Nódulos linfáticos são massas ovais de tecido linfá-
tico não envoltas por uma cápsula de tecido conjun-
tivo. Eles estão espalhados por toda a mucosa que 
reveste os sistemas genital masculino e feminino, 
digestório, urinário e respiratório e, por isso, são 
chamados de tecido linfático associado à mucosa 
(MALT) (TORTORA et al., 2010).
Enquanto alguns nódulos linfáticos são peque-nos e solitários, outros formam grandes agregações 
(como as tonsilas, os nódulos linfáticos do íleo e do 
apêndice vermiforme). Nos segmentos gastrointesti-
nais são conhecidos como placas de Peyer.
Tonsilas
Tonsilas são pequenas massas de tecido linfoide 
relacionadas à imunidade, representando a pri-
meira defesa do organismo. Elas ficam localizadas 
em várias regiões do corpo, por exemplo, na parte 
nasal da faringe (tonsila faríngea), próximo ao ós-
tio faríngeo da tuba auditiva (tonsila tubária), na 
raiz da língua (tonsila lingual), na fossa tonsilar 
(tonsila palatina) e na laringe (tonsila laríngea). 
O conjunto delas é conhecido como anel linfático 
(WATANABE, 2000).
Na infância, é normal que as tonsilas fiquem 
mais volumosas uma vez que a criança tende a pôr 
na boca quase tudo o que manipula. Como normal-
mente os objetos são contaminados, as tonsilas são 
ativadas a fim de produzir anticorpos e ficam hiper-
trofiadas e dolorosas.
Outro detalhe interessante que merece ser desta-
cado, é que a hipertrofia da tonsila tubária e faríngea 
recebe o nome de adenoide e pode dificultar o fun-
cionamento da tuba auditiva, da qualidade da voz 
e a respiração nasal. Assim, o indivíduo desenvolve 
respiração bucal e, por isso, os roncos são comuns. 
De igual modo, a hipertrofia da tonsila palatina (po-
pularmente chamada de amidalite) também dificul-
ta a deglutição.
Figura 13 - Tonsilas
PRINCIPAIS LINFONODOS DO CORPO
Cabeça
Incluem os linfonodos occipital (drena a parte oc-
cipital do escalpo e a parte superior do pescoço), os 
mastoideos (drena a pele da orelha), os pré-auricu-
lares (drena a orelha externa e a região temporal do 
escalpo), os parotídeos (drena o nariz, a parte pos-
terior da cavidade nasal e a parte nasal da faringe) 
e os da face que incluem os infraorbitais (drena as 
pálpebras), os mandibulares (drenas as bochechas), 
os bucinatórios (drena o ângulo da boca e as boche-
chas) (MOORE et al., 2014).
Tonsila
faríngea
Tonsila
palatina
Tonsila
lingual
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 97
Pescoço
Incluem os linfonodos submandibulares (drena o 
mento, ápice da língua e parte do palato), os submen-
tuais (drena mento, ápice da língua, lábio inferior, 
assoalho da boca e bochechas), os cervicais superfi-
ciais (drena orelha e região parotídea), os cervicais 
profundos superiores (que ficam abaixo do músculo 
esternocleidomastoideo), os cervicais inferiores (que 
ficam próximos à veia subclávia; drenam parte poste-
rior do escalpo e pescoço, região peitoral e parte do 
braço) e os cervicais superiores (drenam parte poste-
rior da cabeça e do pescoço, orelha, faringe, esôfago, 
glândula tireoide, palato e tonsilas) (FREITAS, 2004).
Tórax
Os linfonodos do tórax podem ser parietais ou vis-
cerais. Os parietais incluem os linfonodos paraester-
nais (que drenam parte da parede torácica, glândula 
mamária e face diafragmática do fígado), entercos-
tais (que drenam parte da parede torácica) e frênicos 
(que drenam fígado, diafragma e parede abdominal 
anterior) (MOORE et al., 2014).
Os linfonodos viscerais incluem os mediasti-
nais anteriores (que drenam timo e pericárdio), os 
mediastinais posteriores (que drenam esôfago, pe-
ricárdio, diafragma e face convexa do fígado) e os 
traqueobronquiais (que drenam traqueia, esôfago, 
brônquios e pulmões).
Abdome e pelve
Os linfonodos do abdome e da pelve também po-
dem ser parietais ou viscerais. Os parietais incluem 
os linfonodos: a) ilíacos externos que drenam vasos 
linfáticos profundos da parede abdominal inferior 
até o umbigo, região adutora da coxa, bexiga uriná-
ria, próstata, ducto deferente, vesícula seminal, parte 
prostática e membranácea da uretra, tubas uterinas, 
útero e vagina; b) os ilíacos comuns que drenam vís-
ceras pélvicas; c) os ilíacos internos que drenam vís-
ceras pélvicas, períneo, região glútea e face posterior 
da coxa; d) os sacrais que drenam reto, próstata e 
parede posterior da pelve; e) os lombares que dre-
nam testículos, ovários, glândula suprarrenal e pare-
de abdominal lateral (FREITAS, 2004).
Os linfonodos viscerais incluem: a) os celíacos 
que drenam estômago, esôfago, duodeno, fígado, 
vesícula biliar, pâncreas e baço; b) os mesentéricos 
superiores que drenam jejuno, íleo, apêndice, ceco, 
colo ascendente, descendente e sigmoide; c) os me-
sentéricos inferiores que drenam colo descendente, 
sigmoide, reto e canal anal.
Membros superiores
Os principais linfonodos dos membros superiores 
são: a) os supratrocleares que drenam antebraço, pal-
ma e dedos mediais; b) os deltopeitorais que drenam 
o lado radial do membro superior; c) os axilares que 
drenam a maior parte do membro superior, glândulas 
mamárias, parede torácica e pescoço (DI DIO, 2002).
Membros inferiores
Os principais linfonodos dos membros inferiores 
são: a) os poplíteos que drenam a região calcanear e 
o joelho; b) os inguinais superficiais que drenam a 
parede abdominal, a região glútea, os órgãos genitais 
externos e todos os vasos superficiais do membro 
inferior; c) os inguinais profundos que drenam os 
vasos profundos do membro inferior, pênis e clitóris 
(DANGELO; FATTINI, 2011).
ANATOMIA 
98 
DISSEMINAÇÃO DO CÂNCER
Células cancerígenas podem se disseminar pelo cor-
po por contiguidade (por proximidade) ou por me-
tástase. A propagação por meio de metástase ocorre 
por disseminação hematogênica (por meio do san-
gue) ou linfática (por meio da circulação linfática) 
(MOORE et al., 2014).
A disseminação hematogênica do câncer é a via 
mais comum de propagação de sarcomas (tumores 
menos comuns, porém mais malignos). Um fato in-
teressante é que as veias disseminam mais do que 
as artérias (pois têm paredes mais finas, oferecem 
menos resistência e são mais abundantes) e os locais 
mais comuns de sarcomas secundários são o fígado 
e os pulmões.
A disseminação linfática do câncer é a via mais 
comum de disseminação de carcinomas (tipo mais 
comum de câncer, porém, menos maligno). Quando 
a metástase ocorre por via linfática, pode-se prever 
o novo local de instalação do câncer analisando a 
drenagem linfática do tumor primário. Essa via faz 
com que linfonodos cancerosos fiquem aumenta-
dos, mais firmes, insensíveis e fixos às estruturas 
subjacentes. Essa caracterização é importante e deve 
ser avaliada de maneira comparativa em relação às 
alterações causadas nos linfonodos em decorrência 
de quadros infecciosos. Nesse caso, a infecção faz 
com que os linfonodos ficam aumentados, no en-
tanto, moles, móveis e muito dolorosos.
Como algumas células cancerígenas podem so-
breviver e se multiplicar no interior dos linfonodos 
e a partir dele se disseminar pelo corpo, linfonodos 
intumescidos próximos a regiões cancerosas devem 
ser removidos cirurgicamente. Além disso, a técnica 
de terapia manual denominada drenagem linfática 
não é aconselhável a portadores de tumores, pois, fa-
cilita a disseminação de células cancerígenas de um 
tumor primário para outras regiões do corpo.
Figura 14 - Principais linfonodos do corpo
Notar os linfonodos 
dispersos em todo 
o corpo
Timo Medula ósseo 
vermelha
Baço
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 99
LINFANGITE, LINFADENITE E LINFEDEMA
Algumas estruturas do sistema linfático podem 
sofrer alterações e modificar o funcionamento 
deste sistema. São exemplos: a linfangite, a linfa-
denite e o linfedema (MIRANDA NETO; CHO-
PARD, 2014).
A linfangite é a inflamação secundária dos vasos 
linfáticos. Já a linfadenite é a inflamação secundária 
dos linfonodos. É popularmente conhecido como 
íngua e ocorre em casos de infecção ou inflamação. 
Seu aparecimento pode fazer com que grupos de 
linfonodos fiquem sobrecarregados e aumentem de 
tamanho, tornando-se dolorosos e facilmente palpá-
veis na superfície do corpo.
Por fim, linfedema é um tipo localizado de ede-
ma que ocorre quando a linfa não está sendo ade-
quadamente drenada. Pode ser causada por um lin-
fonodo infectado ou um vaso linfático bloqueado. 
Se não for minimizado, pode aumentar a pressão 
sanguínea capilar local e agravar ainda mais oqua-
dro clínico.
ENVELHECIMENTO E O SISTEMA LINFÁTICO
O envelhecimento muda a fisiologia do sistema 
linfático fazendo com que algumas alterações 
apareçam. É comum, por exemplo, que com o 
aumento da idade haja diminuição da produção 
de células imunológicas e maior produção de 
anticorpos contra o próprio organismo. Tal fato 
está diretamente relacionado à maior debilidade 
imunológica que os idosos apresentam e ao au-
mento da incidência de doenças autoimunes nas 
fases mais tardias da vida (MIRANDA NETO; 
CHOPARD, 2014).
Sabia que pessoas com o sistema imunológi-
co comprometido têm maior probabilidade 
de terem a Doença de Hodgkin? O melhor é 
prevenir evitando fatores de risco evitáveis 
(como fumo e debilidade imunológica).
REFLITA
Por fim, é importante caracterizar o linfoma. Esse 
é considerado o câncer dos órgãos linfoides, espe-
cialmente dos linfonodos. A maioria não tem causa 
conhecida. Seu tratamento inclui radioterapia, qui-
mioterapia e transplante de medula óssea. Os dois 
principais tipos de linfomas são a doença de Hodgkin 
que acomete pessoas entre 15 e 35 anos ou acima de 60 
anos de idade. Ocorre o aumento dos linfonodos que é 
comum no pescoço, tórax e axila. É mais comum em 
homens e curam em 90 a 95% dos casos e o não Ho-
dgkin tipo mais comum ocorre em qualquer idade e 
pode estar associado à esplenomegalia, anemia e mal 
estar geral. Curam em cerca de 50% dos casos.
ANATOMIA 
100 
DEFINIÇÃO E FUNÇÃO DO SISTEMA RES-
PIRATÓRIO
O sistema respiratório é constituído por um conjun-
to de estruturas anatômicas as quais, em conjunto, 
são responsáveis pela captação do ar do meio am-
biente e transporte do mesmo até o órgão respirató-
rio para que a hematose seja possível (DANGELO; 
FATTINI, 2011).
A hematose é um processo que implica em tro-
cas gasosas entre o ar atmosférico e o meio interno. 
Nesse processo, o CO2 resultante do metabolismo 
celular é trazido pelo sangue aos pulmões e se di-
funde dos capilares teciduais para os alvéolos para 
ser eliminado juntamente com o ar expirado. Ao 
mesmo tempo, o O2 do ar inspirado difunde-se dos 
alvéolos para os capilares alveolares onde se combi-
na com a hemoglobina originando o sangue arterial. 
Posteriormente, o O2 difunde-se dos capilares 
teciduais para o líquido intersticial e deste para o in-
terior das células. Dessa forma, o O2 vindo dos pul-
mões é distribuído a todas as células do corpo e o 
CO2 por elas produzido é eliminado evitando morte 
celular. Lindo, não é? 
DIVISÃO DO SISTEMA RESPIRATÓRIO
Como você pôde perceber, o sistema respiratório é 
essencial à vida e executa funções complexas que de-
pendem das estruturas anatômicas que o compõem. 
Assim, tais estruturas podem ser divididas, conforme 
a função que desempenham, em porção de condução 
e porção de respiração. A porção de condução é for-
mada por órgãos tubulares cuja função é levar o ar 
inspirado até a porção respiratória e destes conduzi-lo 
de volta para ser expirado a fim de eliminar o CO2. 
Ela é composta pelo nariz, faringe, laringe, tra-
queia, brônquios e todas as suas ramificações. Já a 
porção de respiração é representada exclusivamente 
pelos pulmões, pois, representam o local onde efe-
tivamente as trocas gasosas ocorrem (hematose que 
descrevemos anteriormente, lembra?).
Além disso, as estruturas anatômicas do siste-
ma respiratório também podem ser agrupadas em 
via aérea superior e via aérea inferior. Enquanto a 
via aérea superior compreende o nariz, a faringe e a 
laringe, a via aérea inferior compreende a traqueia, 
os brônquios e suas ramificações, e os pulmões 
(FREITAS, 2004). 
Sistema 
RespiratórioEducação
Física
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 101
ÓRGÃO DO SISTEMA RESPIRATÓRIO
Nariz 
É a primeira estrutura do sistema respiratório cuja 
principal função é captar o ar do meio ambiente. 
Todavia, ele também filtra, aquece e umidifica o ar 
inspirado, recebe e elimina as secreções dos seios 
paranasais e do ducto lacrimonasal e permite o 
olfato (pois, contém o órgão periférico do olfato) 
(DI DIO, 2002).
O nariz se localiza acima do palato duro e é com-
posto por uma parte externa e pela cavidade nasal. 
No entanto, devido à proximidade e as relações fun-
cionais, os seios paranasais são estudados junto ao 
estudo do nariz.
Externamente, o nariz está localizado no plano 
mediano da face, como uma pirâmide de base infe-
rior e ápice superior. Sua estrutura é ósteo-cartilagí-
nea apresentando também o músculo epitelial. Sua 
parte óssea externa é composta pelos ossos nasais 
e pelas maxilas. A parte óssea interna é composta 
pelos ossos etmoide (superiormente) e vômer (infe-
riormente). Em sua composição cartilagínea partici-
pam as cartilagens laterais, a cartilagem do septo e as 
cartilagens alares maiores e menores.
O nariz é subdividido em raiz (superiormente 
onde ele inicia, como se fosse o vértice da “pirâmi-
de”), base (parte inferior da “pirâmide”), ápice (pon-
to projetado mais anteriormente), dorso (entre a raiz 
e o ápice), asa (a parte “gordinha” onde as pessoas 
colocam piercing) e narinas (aberturas em forma de 
fenda que fazem a comunicação da cavidade nasal 
com o meio externo, são separadas por um septo).
Vale enfatizar que conforme a morfologia do dorso, 
o nariz pode ser classificado em retilíneo, côncavo ou 
convexo. De igual modo, conforme a morfologia das 
narinas e de acordo com os grupos raciais, o nariz pode 
ser do tipo leptorrino (quando as narinas são estreitas 
e anteriorizadas), camerrino (com narinas largas e late-
ralizadas) ou mesorrino (com narinas medianas).
A cavidade nasal fica superior à cavidade oral e 
se comunica com o meio externo e com a parte nasal 
da faringe. Dessa forma, seu limite superior é o seio 
frontal e a fossa anterior do crânio, o posterior é o 
seio esfenoidal, o lateral é o seio etmoidal e o seio 
maxilar, e o limite inferior é representado pelo pala-
to. Assim, pode-se dizer que o palato é o assoalho da 
cavidade nasal e o teto da cavidade oral.
ANATOMIA 
102 
A cavidade nasal pode ser dividida em vestíbu-
lo, região respiratória e região olfatória. O vestíbulo 
é anterior e apresenta pelos chamados de vibrissas. 
As regiões respiratória e olfatória são posteriores e 
ficam recobertas, respectivamente, por mucosa res-
piratória e olfatória. Enquanto a região respiratória é 
maior e inferior, a região olfatória fica restrita à con-
cha nasal superior e ao terço superior do septo nasal.
O septo nasal divide a cavidade nasal em por-
ções direita e esquerda. Esse septo é constituído por 
uma parte cartilagínea (a cartilagem do septo nasal) 
e uma parte óssea (lâmina perpendicular do osso et-
moide e osso vômer). Assim, o termo cavidade nasal 
pode ser usado para toda a cavidade ou para cada 
parte (direita e esquerda).
O osso etmoide, além da lâmina perpendicular, 
apresenta duas massas laterais constituídas de célu-
las pneumáticas denominadas seios etmoidais, dos 
quais se projetam duas conchas nasais, a superior e 
a média (a concha nasal inferior é um osso separa-
do). Além disso, o etmoide também apresenta a lâ-
mina crivosa que apresenta uma projeção chamada 
crista etmoidal e que é perfurada pelos neurônios 
bipolares que saem da porção olfatória da cavida-
de nasal, formam o nervo olfatório e se dirigem ao 
giro reto do encéfalo.
As conchas nasais delimitam espaços denominados 
meatos os quais aumentam a superfície mucosa da ca-
vidade nasal umedecendo e aquecendo o ar inspirado. 
Essa região é muito vascularizada e a ruptura de vasos 
nessa região pode causar sangramento nasal (epistaxe). 
Os seios paranasais desembocam nesses meatos.
Os seios paranasais ou da face são cavidades 
existentes em alguns ossos do crânio (frontal, ma-
xila, esfenoide e etmoide) contendo ar e recobertas 
por mucosa respiratória. Tais ossos são chamados 
de pneumáticos e cada um deles apresenta seu pró-
prio seio (seio frontal, seio maxilar, seio esfenoidal 
e seio ou células etmoidais). Eles tornam a cabeça 
mais leve, ajudam a aquecer e umidificar o ar, e estão 
relacionadosà ampliação da voz.
Toda esta constituição interna do nariz é mui-
to importante porque permite que o ar inspirado 
seja adequadamente purificado, aquecido e umi-
dificado. Assim, quando o ar percorre a cavidade 
nasal, ele é turbilhonado contra as saliências e re-
entrâncias de suas paredes (devido às conchas na-
sais e meatos) o que aumenta o contato do ar com a 
mucosa respiratória a qual contém glândulas nasais 
(produtoras de secreção serosa) e células calicifor-
mes (produtoras de muco). 
Essas secreções permitem que partículas de im-
purezas e microrganismos fiquem presos e, na mu-
cosa olfatória, permitem a limpeza dos receptores 
olfativos habilitando-os a captar estímulos químicos 
que causam sensações olfativas. Além disso, a muco-
sa respiratória possui células ciliadas que, por meio 
dos batimentos dos cílios, conduzem as impurezas e 
os microrganismos aprisionados até o meio externo.
Vale lembrar que em caso de gripe ou resfriado, 
o excesso de muco prejudica a limpeza dos recep-
tores olfativos e, juntamente, com a inflamação da 
mucosa nasal, dificulta a chegada do ar até a área 
olfativa reduzindo o olfato.
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 103
Figura 15 - Cavidade nasal 
Fonte: Colicigno et al. (2009, p. 172,on-line)6
Vista da parede lateral da cavidade do nariz e da faringe
ANATOMIA 
104 
Na porção nasal da faringe existe um importante 
acidente anatômico chamado óstio faríngeo da tuba 
auditiva, o qual é protegido pelo toro tubário. Esse 
óstio é uma abertura em forma de fenda que marca 
a desembocadura da tuba auditiva, ou seja, a tuba 
auditiva comunica a parte nasal da faringe com a 
cavidade timpânica da orelha média. Essa comuni-
cação serve para igualar a pressão do ar externo à 
pressão daquele contido na própria cavidade timpâ-
nica (percebemos claramente isso quando descemos 
a serra do mar e sentimos a pressão externa como 
um incômodo). Todavia, devido essa comunicação, 
uma infecção da faringe pode se propagar à orelha 
média (isso é muito comum em criança onde um 
quadro de tonsilite acaba evoluindo para um quadro 
de otite). Além disso, o óstio também drena muco e 
perilinfa que existem nos canais semicirculares.
Nas bordas do óstio faríngeo da tuba auditiva 
existem aglomerações linfáticas chamadas, em con-
junto, de tonsila tubária. Além da tonsila tubária, 
nesta parte da faringe existe ainda a tonsila faríngea 
a qual se aumentada passa a ser chamada de adenoi-
de (como já visto no capítulo anterior).
Faringe
É uma estrutura músculo-membranácea localizada 
posteriormente à cavidade nasal, à cavidade oral e 
à laringe de forma que apresenta três porções sem 
limites precisos entre elas: a porção nasal (superior, 
em comunicação com a cavidade nasal e com função 
respiratória), a oral (em comunicação com a cavida-
de oral e com função digestória) e a laríngea (inferior, 
em comunicação com a laringe e com função respi-
ratória). Assim, a faringe está associada ao sistema 
respiratório e digestório, pois é um canal comum à 
passagem do ar e alimento (TORTORA et al., 2010).
Em relação aos limites e correlações anatômicas 
da faringe, é importante salientar que ela tem início 
na base do crânio e término ao nível da 6ª vértebra 
cervical onde continua como o esôfago e mantém 
contato com a coluna vertebral. Ela é constituída 
por três camadas sobrepostas. A interna tem cons-
tituição mucosa, a externa ou adventícia é rica em 
fibras conjuntivas, e a média é constituída por mús-
culo estriado esquelético. Esses músculos realizam 
os movimentos peristálticos da faringe e podem ser 
externos ou internos. Os externos são chamados de 
constritor superior, médio e inferior da faringe. Os 
internos incluem o músculo palatofaríngeo, o estilo-
faríngeo e o salpingofaríngeo.
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 105
Laringe
A laringe é um órgão tubular que se localiza no pla-
no mediano e anterior do pescoço, entre a terceira e 
a sexta vértebras cervicais. Ela se posiciona anterior-
mente à faringe e dá continuidade à traqueia. Assim, 
serve como via aerífera (pois, permite a passagem 
do ar da faringe para a traqueia) e como órgão da 
fonação (pois, dentro dela estão as pregas vocais) 
(WATANABE, 2000).
Ela é constituída por um esqueleto cartilagíneo, 
ligamentos, membranas e músculos estriados es-
queléticos que atuam sobre as pregas vocais ou na 
movimentação da laringe durante a deglutição. Seu 
esqueleto cartilagíneo é formado por nove cartila-
gens, sendo três ímpares e três pares, como descritas 
a seguir:
1. As impares são: a cartilagem tireoidea é a 
maior delas. Ela é constituída por duas lâmi-
nas que se unem anteriormente formando a 
proeminência laríngea (popularmente co-
nhecida como “gogó” ou “pomo-de-Adão”). 
Ela se fixa ao osso hioide (superiormente) e à 
Figura 16 - Faringe
ANATOMIA 
106 
cartilagem cricoide (inferiormente). A carti-
lagem cricoidea é espessa e forte, e tem forma 
de anel. Fica abaixo da cartilagem tireoidea e 
acima do primeiro anel de cartilagem da tra-
queia. A cartilagem epiglótica é fina, lembra 
uma folha e fica em posição mediana.
• As pares são: cartilagem corniculada, a cunei-
forme e a aritenoidea ficam na parte poste-
rior da laringe. A corniculada e a cuneiforme 
são pequenos nódulos e a aritenoidea é seme-
lhante a uma pirâmide.
Dentro da laringe existe uma fenda que forma uma 
pequena invaginação, o ventrículo da laringe, em 
cuja mucosa se localiza a tonsila da laringe. Essa 
fenda está delimitada por duas pregas, a prega ves-
tibular (superior) e prega vocal (inferior). A prega 
vocal é constituída pelo ligamento e pelo músculo 
vocal os quais são revestidos por mucosa. Para que 
o som seja produzido, os músculos da laringe movi-
mentam as pregas vocais cuja tensão ou relaxamento 
interfere na tonalidade do som. Em condições nor-
mais, as pregas vestibulares não participam da fona-
ção, mas protegem as pregas vocais.
A laringe apresenta muitos outros acidentes ana-
tômicos, mas estes não são relevantes ao profissional 
de educação física. De igual modo, os músculos da 
laringe não serão abordados aqui, pois interessam 
mais aos profissionais da voz (os fonoaudiólogos) e 
aos profissionais da medicina que poderão vir a ser 
otorrinolaringologistas.
Traqueia
A traqueia é a continuação direta da laringe. Sua 
função é servir como via aerífera conduzindo ar da 
laringe até os brônquios principais. Ela tem início na 
região cervical e passa anteriormente ao esôfago em 
direção ao tórax. Por isso, apresenta porção cervical 
e torácica. Em adultos, ela tem aproximadamente 
2,5 cm de diâmetro (DANGELO; FATTINI, 2011).
Tem estrutura cilíndrica fibrocartilagínea cons-
tituída por 16 a 20 anéis incompletos de cartilagem 
em forma de “C” sobrepostos e ligados entre si pe-
los ligamentos anulares. Sua parede posterior cons-
titui a parede membranácea da traqueia a qual é 
formada por tecido conjuntivo e músculo liso cha-
Figura 17 - Laringe
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 107
mado músculo traqueal que completa sua estrutu-
ra. Suas cartilagens dão rigidez para impedir o co-
labamento de suas paredes, mas ao mesmo tempo, 
por estarem unidas por tecido elástico, a traqueia 
apresenta mobilidade e flexibilidade durante a res-
piração e a deglutição.
Apesar de ser uma estrutura mediana, antes de 
dividir-se nos dois brônquios principais (direito e 
esquerdo), a traqueia sofre um leve desvio à direi-
ta. Assim, o brônquio principal esquerdo tem maior 
comprimento do que o direito. Tal divisão é marca-
da internamente por uma crista chamada carina, a 
qual é um importante ponto de referência durante o 
exame chamado broncoscopia.
Internamente, a traqueia é revestida por muco-
sa e tem células ciliadas que auxiliam na limpeza 
das vias aéreas. É importante ressaltar que o hábito 
do tabagismo faz com que as glândulas traqueais 
se tornem hipessecretivas ao mesmo tempo em que 
paralisam seus cílios. Isso faz com que o fumante 
crônico tenha sempre secreção em abundância, 
mas não consiga fazer uma boa higiene traqueo-
brônquica. Assim, pareceque ele está sempre car-
regado de secreção. Lateralmente à traqueia estão 
as artérias carótidas comuns e a glândula tireoide.
Brônquios
Tem estrutura semelhante à da traqueia, porém, os 
anéis cartilagíneos são substituídos por placas irre-
gulares de cartilagem (não em forma de anel como 
é na traqueia). Sua função é atuar como via aerífera 
transportando ar (MOORE et al., 2014).
Logo, após sua origem, os brônquios são cha-
mados de principais (de primeira ordem ou pri-
mários). Estes iniciam um processo de ramifica-
ção, de forma que os brônquios dão origem aos 
brônquios lobares (de segunda ordem ou secun-
dários) os quais ventilam os lobos pulmonares. 
Por sua vez, os brônquios lobares se dividem em 
brônquios segmentares (de terceira ordem ou ter-
ciários) os quais vão até os segmentos broncopul-
monares, sofrem sucessivas divisões e terminam 
nos alvéolos pulmonares em ramificações conhe-
cidas como árvore brônquica.
Como já visto, o brônquio direito é quase a 
continuação da traqueia. Ele é mais vertical, mais 
calibroso e mais curto do que o esquerdo. Por isso, 
corpos estranhos que passam pela traqueia em ge-
ral obstruem esse brônquio. Ele se divide em três 
brônquios lobares e dez brônquios segmentares. Já 
o brônquio principal esquerdo se divide em dois 
brônquios lobares e oito brônquios segmentares. 
Os brônquios segmentares continuam como bron-
quíolos terminais, bronquíolos respiratórios e sa-
cos alveolares (onde aparecem pequenas expansões 
chamadas alvéolos). É importante ressaltar que os 
alvéolos se desenvolvem, principalmente, até os 
oito anos de idade onde existem aproximadamente 
300 milhões deles.
Figura 18 - Traqueia e brônquios
Pulmão esquerdo
(notar a subdivisão 
em 2 lobos)
Laringe
Traqueia
Ramificação dos brônquios 
principais direito e esquerdo
Pulmão direito
(notar a subdivisão 
em 3 lobos)
ANATOMIA 
108 
Pulmão
In vivo, os pulmões são leves, esponjosos, macios e 
elásticos. São considerados os principais órgãos da 
respiração uma vez que é em seu interior que a he-
matose ocorre. Por isso, ao nascimento ele é rosa, 
mas vai se tornado acinzentado e com manchas du-
rante a vida devido à inalação de várias partículas 
(DI DIO, 2002).
Os pulmões estão contidos na cavidade torá-
cica ocupando-a quase totalmente. Entre eles há 
uma região mediana, chamada mediastino, a qual 
vai desde a abertura superior do tórax até o mús-
culo diafragma. No mediastino estão importantes 
estruturas anatômicas como o coração e seus gran-
des vasos, a traqueia, o esôfago, o timo, os brôn-
quios principais etc.
O pulmão tem forma cônica, apresentando uma 
região superior chamada ápice e uma região infe-
rior chamada base. A base é côncava e fica sobre o 
músculo diafragma podendo, por isso, também ser 
chamada de face diafragmática. Além desta face, o 
pulmão apresenta outras duas, a costal e a medial 
ou mediastinal. A costal é lisa, convexa e fica em 
contato com as costelas; a medial é côncava, volta-
da ao mediastino e tem uma abertura chamada hilo 
pulmonar por onde entram e saem estruturas como 
brônquios, artérias, veias e vasos linfáticos.
Existem diferenças entre os pulmões direito e es-
querdo. O direito é maior, mais pesado, mais curto 
e mais largo devido à posição do coração (o volume 
do pulmão esquerdo chega a ser 10% menor do que 
o do pulmão direito). Além disso, o pulmão direito 
subdivide-se em três lobos, enquanto, o esquerdo 
apresenta apenas dois (no entanto, pode ter variação 
individual). Os lobos do pulmão direito são chama-
dos de superior, médio e inferior, e são separados en-
tre si por fendas profundas chamadas de fissuras. No 
direito existe a fissura oblíqua e a fissura horizontal. 
Já o pulmão esquerdo apresenta o lobo superior e o 
inferior os quais são separados apenas pela fissura 
oblíqua. Vale destacar que no pulmão esquerdo exis-
te uma projeção inferior do lobo superior chamada 
língula do pulmão.
Figura 19 - Pulmão direito e esquerdo
Pleuras e cavidade pleural
Cada pulmão é envolto por um saco seroso com-
pletamente fechado, chamado pleura, que apre-
senta dois folhetos: a pleura pulmonar ou visceral, 
e a pleura parietal. A pleura pulmonar reveste a 
superfície do pulmão penetrando suas fissuras en-
quanto a pleura parietal, mais espessa, recobre a 
face interna do tórax e o músculo diafragma (MO-
ORE et al., 2014).
Lobo inferior
Pulmão direito Pulmão esquerdo
Lobo superior
Lobo superior
Lobo médio
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 109
Ambas as pleuras são contínuas entre si por 
meio de um espaço, chamado cavidade pleural, 
onde existe um líquido que permite o deslizamen-
to entre elas durante os movimentos respiratórios. 
Todavia, em alguns lugares, a pleura pulmonar 
se afasta da pleura parietal formando os recessos 
pleurais (como o recesso costodiafragmático e o 
costomediastinal). Vale salientar que na cavidade 
pleural a pressão é subatmosférica a fim de favore-
cer a mecânica respiratória.
Figura 20 - Pleuras e cavidade pleural
MECÂNICA RESPIRATÓRIA
O músculo diafragma é o principal músculo da 
respiração. Isso pode ser dito porque, em condi-
ções de repouso, ele é o único músculo a se con-
trair para gerar a respiração. Quando se contrai, 
ele desce em direção ao abdome comprimindo as 
vísceras abdominais e aumentando a pressão nesta 
cavidade. Em contrapartida, a pressão no tórax é 
diminuída fazendo com que o ar flua, a favor do 
gradiente de pressão, de onde está em maior pres-
são (o meio externo) para onde a pressão é menor 
(a cavidade torácica). Isso caracteriza a inspiração 
(TORTORA et al., 2010).
Para que a expiração ocorra não é necessário 
que nenhum músculo respiratório se contraia, pois, 
a própria elasticidade do tecido pulmonar faz com 
que o ar saia dele assim que a pressão interna e a 
externa se igualarem. Todavia se a inspiração ou a 
expiração forem forçadas outros músculos respira-
tórios passam a agir (é o que ocorre, por exemplo, 
durante o exercício físico ou em caso doença respi-
ratória). Assim, os músculos intercostais externos e 
alguns músculos do pescoço (como o esternocleido-
mastoideo e os escalenos) passam a atuar na inspi-
ração forçada, assim como os músculos intercostais 
internos e os músculos abdominais passam a atuar 
na expiração forçada.
ANATOMIA 
110 
Toda a mecânica respiratória é cuidadosamente 
controlada pelo sistema nervoso (controle nervoso) 
e por estímulos químicos (controle químico). En-
quanto o controle nervoso depende da medula espi-
nal e do tronco encefálico, o controle químico se dá 
pela concentração dos gases O2 e CO2 os quais agem 
sobre receptores periféricos e, consequentemente, 
sobre o centro respiratório. Assim, tanto por meio 
do controle nervoso quanto do controle químico é 
possível modificar importantes fatores da respira-
ção, por exemplo, a frequência e o volume respirató-
rio. Vale salientar que todo este controle da mecâni-
ca respiratória está sempre relacionado às condições 
as quais o indivíduo está sujeito (como temperatura 
ambiental, esforço físico, doenças etc.).
CAVIDADE TORÁCICA E MEDIASTINO
Em corte transversal, a cavidade torácica tem forma 
de rim (é reniforme) e é dividida em três compar-
timentos: cavidade pulmonar direita, cavidade pul-
monar esquerda e mediastino. Nas cavidades pul-
monares ficam os pulmões revestidos pelas pleuras. 
Figura 21 - Principais músculos da respiração
Você sabia que pessoas com problemas respi-
ratórios podem melhorar com exercício físico?
Já ouviu falar que as capacidades pulmonares 
de atletas são bem diferentes daquelas de in-
divíduos sedentários?
REFLITA
Figura 22 - Cavidade torácica e mediastino
No mediastino (região central localizada entre as 
duas cavidades pulmonares) fica o coração, a parte 
torácica dos grandes vasos, a traqueia, o esôfago, o 
timo, alguns linfonodos etc. (MOORE et al., 2014).
In vivo, o mediastino é uma região com alta mo-
bilidade devido suas estruturas viscerais ocas unidas 
por tecido conjuntivo frouxo e gordura. Isso permite 
acomodar os diferentesvolumes e pressões durante 
a respiração, batimentos cardíacos ou mesmo du-
rante a deglutição. No entanto, esta mobilidade ten-
te diminuir com a idade porque o tecido conjuntivo 
frouxo que o constitui tente a se tornar mais rígido.
 111
considerações finais
E 
imprescindível para vida o adequado funcionamento do sistema circu-
latório sanguíneo e linfático em atuação conjunta com o sistema respi-
ratório e o nervoso. Isso porque deles depende a adequada oxigenação e 
nutrição tecidual, bem como a drenagem das células a fim de manter a 
homeostasia celular e corpórea.
Doenças podem acometê-los como as doenças cardíacas, vasculares, linfáti-
cas, respiratórias, traumas, tumores ou acidentes vasculares no sistema nervoso. 
Por isso, pesquisas científicas têm sido desenvolvidas, principalmente por profis-
sionais da saúde, a fim de encontrar soluções que previnam doenças ou garantam 
a sobrevida dos portadores.
Para que tais pesquisas tenham sucesso e possam mudar prognósticos, o pré-
-requisito básico é o pleno conhecimento histológico, fisiológico e anatômico 
desses sistemas. Assim, este estudo é imprescindível aos estudantes da área da 
saúde, uma vez que sua adequada compreensão pode representar a real possibili-
dade de prevenção e tratamento adequado.
Além disso, o sistema cardiorrespiratório é imensamente modificado pelo 
exercício físico. O coração, por exemplo, torna-se mais forte em bombear o san-
gue aumentando a quantidade de sangue ejetado por batimento cardíaco. Assim, 
pode bater menos vezes por minuto e bombear a mesma quantidade de sangue. 
As câmaras cardíacas de um atleta são modificadas (tornam-se mais espessas e 
com maior capacidade contrátil). Ao contrário, sedentários têm maior frequên-
cia cardíaca para manter o volume de ejeção e têm miocárdio menos forte. O 
exercício modifica o funcionamento do sistema vascular linfático (fluxo da linfa 
é estimulado pelo movimento).
O sistema respiratório é melhorado pelo exercício. Isso pode ser percebido 
ao analisar volumes e capacidades pulmonares (pela espirometria) do atleta em 
comparação ao sedentário. Além disso, é sabido que o exercício fortalece os mús-
culos respiratórios em geral. Espero que tenha se convencido de que o bom pro-
fissional de educação física deve conhecer estes sistemas.
112 
LEITURA
COMPLEMENTAR
Leia o artigo indicado, a seguir, que trata sobre a infl uên-
cia do exercício físico sobre os parâmetros respiratórios 
e os principais fatores que infl uenciam o desenvolvimen-
to deste sistema a partir da realização do exercício. 
PADRÃO RESPIRATÓRIO DURANTE O EXERCÍCIO 
- REVISÃO LITERÁRIA
O padrão respiratório, com todas as suas variáveis, tem 
sido investigado, ao longo dos anos, no repouso e du-
rante as diferentes fases do exercício, principalmente 
em sujeitos saudáveis. Este tema é de grande relevância 
clínica na área de fi siologia do exercício, principalmente 
porque, se for bem compreendido em sujeitos normais, 
podemos considerar suas variáveis em sujeitos portado-
res de pneumopatias crônicas, atentando para suas limi-
tações ventilatórias. 
Este estudo teve o objetivo de apresentar uma revisão 
da literatura sobre o padrão respiratório durante o exer-
cício, focando primariamente o controle respiratório, as 
alterações das variáveis componentes do padrão e do 
fator sexo durante as diferentes fases do exercício, em 
sujeitos saudáveis Controle do padrão respiratório no 
início do exercício [...]. 
Nos últimos anos, avanços consideráveis têm sido feitos 
para elucidar os mecanismos envolvidos no controle do 
padrão respiratório. A análise de variáveis como volume 
corrente (VC), tempo inspiratório (Ti), tempo expiratório 
(Te), tempo total do ciclo respiratório (Ttot), permitem 
dizer quem infl uencia o volume minuto (VM) ou ven-
tilação minuto e a frequência respiratória (FR) do padrão 
respiratório. Milic-Emili e col27 introduziram o conceito de 
que o VM é o produto do fl uxo inspiratório médio (VC/ Ti) 
pelo Ti de todo o ciclo respiratório (Ti /Ttot): VM = 60 (VC 
/ Ti) x (Ti/ Ttot), VM = 60 (VC / Ti) x (Ti/ Ttot), VM = 60 (VC / 
Ti) x (Ti/ Ttot), VM = 60 (VC / Ti) x (Ti/ Ttot):
VM = 60 (VC / Ti) x (Ti/ Ttot). 
Em que VC/ Ti e Ti / Ttot refl etem o drive e o timing res-
piratórios, respectivamente. Drive respiratório pode ser 
defi nido como o estímulo neuromuscular inspiratório ca-
paz de produzir movimentos respiratórios, ou seja, o co-
mando respiratório. Timing respiratório é expresso pelo 
Ti, Te e Ttot, representando os tempos respiratórios. VC /
Ti é a transformação mecânica do drive inspiratório neu-
romuscular, que não é afetado pelo refl exo vagal, mas 
é alterado pelas alterações das propriedades mecânicas 
dos pulmões e da parede torácica, independente de mu-
danças na atividade respiratória. [...].
Fonte: Lopes, Britto e Parreira (2005).
 113
atividades de estudo
1. Em relação ao sistema circulatório, leia as afir-
mações a seguir, e assinale apenas a alternati-
va que contém proposições corretas:
I. A irrigação do membro superior depende das 
artérias subclávias (direita e esquerda). Embo-
ra, tais artérias se originem da artéria aorta, à 
direita sua origem é indireta porque ocorre a 
partir do tronco braquiocefálico. Já à esquer-
da sua origem é direta, pois ocorre a partir do 
arco da aorta.
II. A irrigação do membro inferior depende da 
artéria aorta (parte descendente abdominal) 
a qual se bifurca na altura dos ossos do qua-
dril originando a artéria ilíaca comum (direita 
e esquerda). A artéria ilíaca comum se ramifica 
originando a artéria ilíaca externa e a artéria 
ilíaca interna. A ilíaca interna passa o ligamen-
to inguinal e, na coxa, passa a ser chamada de 
femoral. Na altura da fossa poplítea, recebe 
o nome de artéria poplítea a qual se bifurca 
em tibial anterior, tibial posterior e fibular. Tais 
artérias irrigam todo o membro inferior (inclu-
sive os pés).
III. Na grande circulação, o sangue sai do ven-
trículo esquerdo pela artéria aorta, transita 
pelo corpo oxigenando todas as células (uma 
vez que esta artéria se ramifica intensamente 
atingindo todas as partes do corpo). Ao nível 
celular, capilares teciduais captam o CO2 pro-
duzido pelo metabolismo das células. Esses 
capilares se anastomosam e originam vênulas 
e veias de calibre cada vez maior que retor-
nam ao átrio esquerdo do coração pelas veias 
pulmonares.
IV. Os vasos que mantêm relação com o átrio di-
reito do coração são a veia cava superior e a 
veia inferior. Já os vasos que mantêm relação 
com o átrio esquerdo do coração são as veias 
pulmonares (superiores e inferiores).
V. Ao contrário do proposto anteriormente, os 
vasos que mantêm relação com o átrio direito 
do coração são veias pulmonares (superiores 
e inferiores). Já os vasos que mantêm relação 
com o átrio esquerdo do coração são as a veia 
cava superior e a veia cava inferior.
Está correta a alternativa:
1. I e II.
2. I e IV.
3. II e III.
4. II e V.
5. III e IV. 
2. Leia as afirmações a seguir, e assinale a alter-
nativa que contém proposições corretas:
I. O trajeto que o ar percorre desde sua cap-
tação até os alvéolos pulmonares inclui, em 
ordem, as seguintes estruturas anatômicas: 
vestíbulo do nariz, cavidade nasal, laringe, 
faringe, traqueia, brônquios principais, brôn-
quios segmentares, brônquios lobares, bron-
quíolos e alvéolos.
II. Se um indivíduo apresentar choque anafiláti-
co devido à administração de um anestésico, 
por exemplo, poderá ocorrer edema de glo-
te impedindo a passagem de ar da laringe à 
traqueia. Tal edema pode ser fatal se aten-
dimento adequado não for prestado. Assim, 
pode ser necessário manter uma ventilação 
assistida ou, em nível hospitalar, pode ser 
necessário realizar uma traqueostomia. Esse 
procedimento cirúrgico secciona os primeiros 
anéis de cartilagem da traqueia a fim de que 
a respiração passe a ocorrer da traqueia em 
direção aos brônquios. Sua realização implica 
em impossibilidade de fonação umavez que 
114 
atividades de estudo
fala depende da vibração das pregas vocais e 
das pregas vestibulares as quais participam 
ativamente da fonação.
III. Uma das causas de respiração bucal é a hi-
pertrofia das tonsilas linguais. Tais tonsilas 
podem aumentar de tamanho e, então, pas-
sam a ser chamadas de adenoide. Tal fato 
impede que o ar passe da parte oral da fa-
ringe para a parte laríngea da faringe. Assim, 
uma cirurgia corretiva é indicada, pois tal 
obstrução obriga o indivíduo a desenvolver a 
respiração bucal.
IV. Devido à possibilidade do ar inspirado ter al-
gum nível de contaminação, algumas regiões 
do sistema respiratório dispõem de estruturas 
linfáticas produtoras de anticorpos. Dentre elas 
podem-se citar as tonsilas palatinas, a tonsila 
faríngea e as tonsilas linguais as quais, em con-
junto, podem ser chamadas de anel linfático.
V. Os pulmões são revestidos por uma dupla 
membrana de tecido conjuntivo chamada 
pleura. Essa membrana é análoga, em ter-
mos funcionais, à fáscia muscular e ao peri-
cárdio, uma vez que uma de suas funções é 
proteger os pulmões assim como as estru-
turas citadas acima protegem os músculos 
e o coração. No entanto, as pleuras desem-
penham um papel importante na mecânica 
respiratória devido à pressão negativa que 
existe no espaço pleural. Essa pressão é im-
portante, pois serve para atrair a pleura pul-
monar em direção à parietal de forma que 
esta força de sucção permita a expansão 
pulmonar. 
Está correta a alternativa:
a. I e II.
b. I e IV.
c. II e III.
d. II e V.
e. IV e V. 
3. Leia as afirmações a seguir, e assinale a alter-
nativa que contém proposições corretas:
I. A grande circulação tem por objetivo oxigenar 
o sangue nos pulmões.
II. As principais artérias que irrigam o coração 
são as coronárias (direita e esquerda).
III. A principal veia que drena a cabeça e o pesco-
ço é a veia jugular interna.
IV. A pequena circulação tem por objetivo oxige-
nar e nutrir as células do corpo e delas remo-
ver todo o gás carbônico e as impurezas. 
V. Os átrios são as câmaras cardíacas inferiores 
e maiores das quais o sangue é ejetado do 
coração. Por isso, os átrios são chamados de 
câmaras de ejeção. 
Está correta a alternativa:
a. I e II.
b. I e IV.
c. II e III.
d. II e V.
e. III e IV. 
 115
atividades de estudo
4. Leia as afirmações a seguir, e assinale a alter-
nativa que contém proposições corretas:
I. O pulmão direito é maior do que o esquerdo 
e apresenta mais lobos e fissuras.
II. Ao contrário do proposto acima, o pulmão es-
querdo é maior do que o direito. O esquerdo 
apresenta três lobos (superior, médio e infe-
rior) e duas fissuras (oblíqua e horizontal).
III. As principais estruturas de filtragem da linfa 
são os linfonodos, pois apresentam muitas 
células imunológicas (como os linfócitos) as 
quais são capazes de destruir microrganis-
mos, células anômalas ou mesmo moléculas 
grandes e inúteis.
IV. A drenagem linfática depende, em última ins-
tância, do ducto linfático direito e do ducto 
torácico. Tais estruturas lançam a linfa nas ar-
térias e, por isso, pode-se dizer que o sistema 
linfático é auxiliar do sistema arterial.
V. A linfa localizada no meio intercelular é cha-
mada de linfa intersticial enquanto a linfa lo-
calizada nos capilares linfáticos é chamada de 
linfa circulante.
Está correta a alternativa:
a. I e II.
b. I e IV.
c. II e III.
d. II e V.
e. III e V.
5. Observe a imagem, leia as afirmações a seguir, 
e assinale a alternativa que contém proposi-
ções corretas:
a. O número 1 representa a laringe.
b. O número 3 representa a laringe.
c. O número 6 representa o pulmão.
d. O número 3 representa a faringe.
e. O número 4 representa o brônquio.
116 
Material Complementar
Referências On-line
1 Em: <http://www.prosangue.sp.gov.br/artigos/estudantes>. Acesso em: 09 jun. 2016.
2 EM: <HTTP://WWW.ARQUIVOSONLINE.COM.BR/2009/9303/PDF/9303015.PDF>. ACESSO EM: 10 JUN. 2016.
3 Em: <http://www.tuasaude.com/ponte-de-safena/>. Acesso em: 10 jun. 2016.
4 Em: < http://cesumar.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788576050940/pages/167>. 
Acesso em: 13 jun. 2016.
5 Em: <http://cesumar.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788576050940/pages/165>. 
Acesso em: 13 jun. 2016.
6 Em: <http://cesumar.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788576050940/pages/173>. 
Acesso em: 13 jun. 2016.
Um ato de coragem
Denzel Washington, Robert Duvall, James Woods
Ano: 2002
Sinopse: John Q. Archibald (Denzel Washington) é um homem comum, que 
trabalha em uma fábrica e vive feliz com sua esposa Denise (Kimberly Elise) e 
seu fi lho Michael (Daniel E. Smith). Até que Michael fi ca gravemente doente, ne-
cessitando com urgência de um transplante de coração para sobreviver. Sem 
ter condições de pagar pela operação e com o plano de saúde de sua família 
não cobrindo tais gastos, John se vê então numa luta contra o tempo pela so-
brevivência de seu fi lho. Em uma atitude desesperada, ele então decide tomar 
como refém todo o setor de emergência de um hospital, passando a discutir 
uma solução para o caso com um negociador da polícia (Robert Duvall) e com 
um impaciente chefe de polícia (Ray Liotta), que deseja encerrar o caso o mais 
rapidamente possível.
Comentário: É um fi lme emocionante que mostra como a sobrevivência do ser 
humano depende totalmente do adequado funcionamento do sistema circula-
tório. Muito bom!
Indicação para Assistir
 117
referências
CFTA - COMISSÃO FEDERATIVA DA TERMINOLOGIA ANATÔMICA. Ter-
minologia Anatômica: terminologia anatômica internacional. São Paulo: Mano-
le, 2001.
DANGELO, J. G.; FATTINI, C. A. Anatomia Humana sistêmica e segmentar. 3. 
ed. São Paulo: Atheneu, 2011.
DI DIO, L. J. A. Tratado de Anatomia Sistêmica Aplicada: princípios básicos e 
sistêmicos, esquelético, articular e muscular. 2. ed. Atheneu: São Paulo, 2002.
FREITAS, V. Anatomia conceitos e fundamentos. Porto Alegre: Artmed, 2004.
LOPES, R. B.; BRITTO, R. R.; PARREIRA, V. F. Padrão Respiratório durante exer-
cício: revisão literária. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. Universidade 
Federal de Minas Gerais (UFMG) 2005. Disponível em: <http://www.luzimar-
teixeira.com.br/wp-content/uploads/2010/07/padrao-respiratorio-no-exercicio.
pdf>. Acesso em: 13 jun. 2016.
MIRANDA NETO, M. H.; CHOPARD, R. P. Anatomia humana: aprendizagem 
dinâmica. Maringá: Gráfica Editora Clichetec, 2014.
MOORE, K. L.; DALLEY, A. F.; AGUR, A. M. R,; ARAÚJO, C. L. C. Anatomia 
orientada para a clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.
NARCISO, M. S. Sobotta: atlas de anatomia humana: anatomia geral e sistema 
muscular. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.
ROHEN, J. W.; YOKOCHI, C.; LÜTJEN-DRECOLL, E. Anatomia humana: atlas 
fotográfico de anatomia sistêmica e regional. São Paulo: Manole, 2002.
TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B.; WERNECK, A. L. Princípios de anatomia 
e fisiologia. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.
WATANABE, L. Erhart: elementos de anatomia humana. 9. ed. São Paulo: Athe-
neu, 2000.
118 
gabarito
1. B
2. D
3. C
4. E
5. B
UNIDADEUNIDADEIII
Professora Dr.ª Carmem Patrícia Barbosa
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta 
unidade:
• Função geral e divisão do sistema digestório
• Órgãos do sistema digestório
• Órgãos anexos
Objetivos de Aprendizagem
• Apresentar os principais aspectos funcionais do sistema 
digestório bem como suas subdivisões.
• Estudar, do ponto de vista morfológico e funcional, as 
estruturas anatômicas que formam o tubo digestório e os 
órgãos anexos.
SISTEMA DIGESTÓRIO
III
unidade
INTRODUÇÃO
Prezado(a) aluno(a), você há de concordar comigo que comer é muito bom! 
Quem não aprecia aquele sanduíche com batatas fritas? Ou quem sabe, você pre-
fere aquela salada ou mesmo aquele churrasco? De qualquer forma e indepen-
dente de suas preferências, comer é essencial à vida.
O que acontece com os alimentos que ingerimos? Por que a saciedade que 
sentimos quando comemos macarrão é diferentedaquela quando comemos fei-
joada? Por que alguns alimentos engordam e outros são tão adequados à saúde? 
Além disso, qual o trajeto dos alimentos ao adentrar nosso sistema digestório e 
como cada estrutura que o forma age?
A fim de responder essas e outras perguntas, estudaremos esse sistema. 
Isto é importante, pois, enquanto, profissional de educação física, você res-
ponderá questionamentos sobre o corpo e seu funcionamento. Além disso, no 
contexto escolar, você precisa estar atento porque muitos distúrbios alimen-
tares (anorexia e bulimia) podem aparecer na infância e adolescência enfren-
tarão as crises desta idade. Todavia, a informação adequada dependerá de seu 
conhecimento acerca do tema.
Para o alimento ser útil, deve percorrer o sistema digestório, permanecer 
tempo suficiente em cada estrutura e ser submetido a secreções. Assim, os ór-
gãos deste sistema são adaptados à preensão do alimento, mastigação, degluti-
ção, digestão, absorção dos nutrientes e expulsão de resíduos.
O texto, a seguir, será fundamentado em autores como Dangelo e Fattini 
(2011), Moore et al. (2014), Miranda Neto e Chopard (2014) e outros. A no-
menclatura está atualizada (CFTA, 2001), mas é necessário que você utilize 
um atlas de anatomia como Narciso (2012), Rohen, Yokochi e Lütjen-Dre-
coll (2002) e outros.
Nosso objetivo é descrever aspectos relevantes deste sistema e suas re-
lações com os outros. Não se esqueça de que o profissional de educação 
física precisa conhecê-lo, pois, ele garante o fornecimento de energia para 
os músculos. 
Bom estudo!
ANATOMIA 
124 
FUNÇÃO DO SISTEMA DIGESTÓRIO
Como o próprio nome já diz, o sistema digestório tem 
como principal função realizar a digestão suprindo os 
seres vivos de nutrientes e realizando a eliminação de 
substâncias não úteis ao organismo (como os restos do 
metabolismo celular) (DANGELO; FATTINI, 2011).
Não se esqueça de que, para isso, suas estruturas 
devem ser capazes de realizar apreensão do alimento 
(ou seja, colocar o alimento em contato com a primei-
ra porção desse sistema - a boca), a mastigação (total-
mente dependente dos dentes superiores e inferiores), 
a deglutição (da qual participam várias estruturas 
como a língua que impulsiona o alimento e a faringe 
que inicia os movimentos peristálticos), a digestão pro-
priamente dita (que ocorre principalmente na boca, no 
estômago e duodeno), a absorção dos nutrientes e da 
água dos alimentos (da qual participa o intestino del-
gado e grosso), e a expulsão dos resíduos eliminados 
sob a forma de fezes (função do intestino grosso). 
DIVISÃO DO SISTEMA DIGESTÓRIO
O sistema digestório divide-se em duas porções 
principais: o canal alimentar e os órgãos anexos. O 
canal alimentar é constituído por órgãos situados na 
cabeça, no pescoço, no tórax, no abdome e na pel-
ve. Por ele o alimento transita e sofre o processo de 
digestão propriamente dito. Inicia na cavidade oral, 
inclui a faringe, o esôfago, o estômago, o intestino 
delgado e o intestino grosso (o qual se abre para o 
meio externo por meio do ânus). Por isso, alguns au-
tores como Dangelo e Fattini (2011) salientam que o 
canal alimentar é aberto em suas duas extremidades 
(boca e ânus) de forma que a luz pela qual o alimento 
transita pode ser considerada parte do meio externo.
Já os órgãos anexos são estruturas nas quais o ali-
mento não transita, mas que são essenciais ao proces-
so de digestão uma vez que produzem secreções com 
caráter digestivo. Eles incluem as glândulas salivares 
(que produzem saliva rica em amilase salivar, uma 
enzima que degrada amido), o fígado (que produz 
bile para degradação da gordura) e o pâncreas (que 
produz o suco pancreático para degradar gordura).
Função Geral e Divisão do 
Sistema Digestório
Figura 1 - Órgãos do sistema digestório
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 125
BOCA
A boca é a primeira porção do canal alimentar. Suas 
funções incluem apreensão do alimento, a mastiga-
ção, a deglutição, a percepção dos sabores dos ali-
mentos, a digestão e a fonação. Apreensão é de fato 
responsabilidade da boca por meio dos lábios supe-
riores e inferiores. Já as outras funções, são exercidas 
indiretamente por ela. Por exemplo, a mastigação, 
embora ocorra na boca, depende da atuação dos 
dentes os quais, a partir de ação mecânica, modi-
ficam fisicamente os alimentos para diminuir seu 
tamanho e aumentar sua superfície para que os 
alimentos fiquem expostos aos agentes da digestão 
química (as enzimas). 
De igual modo, embora a deglutição ocorra a 
partir da boca, ela depende da ação da língua; a 
percepção dos sabores dos alimentos também de-
pende das papilas da língua e a digestão só ocorre 
a partir da atuação da amilase salivar. Além disso, 
a boca é essencial à emissão da voz uma vez que 
faz parte do aparelho fonador (MIRANDA NETO; 
CHOPARD, 2014).
A boca comunica-se com o meio externo por 
meio da rima da boca (uma fenda anterior formada 
pela junção dos lábios superior e inferior). Posterior-
mente, ela se comunica com a parte oral da faringe 
por meio de istmo da garganta. Assim, enquanto, os 
lábios representam seu limite anterior, o istmo da 
garganta representa seu limite posterior. Além disso, 
as bochechas representam seu limite lateral, o palato 
duro e mole seu limite superior e os músculos do 
assoalho da boca seu limite inferior.
Ela é dividida em duas porções, o vestíbulo da 
boca e a cavidade própria da boca ou cavidade oral. 
O vestíbulo da boca é o espaço anterior da boca 
no qual você pode passar sua língua. Ele fica en-
tre lábios e bochechas (anteriormente), e gengiva 
e dentes (posteriormente). Nessa região é possível 
visualizar a face externa da gengiva e dos dentes 
e, se você puxar os lábios, também dá para ver o 
freio do lábio superior, o freio do lábio inferior e os 
freios laterais (estes freios servem para restringir 
a mobilidade dos lábios; algumas pessoas colocam 
piercing neles).
Já a cavidade oral é constituída pelo restante da 
cavidade da boca, ou seja, é o espaço interno ocupa-
do pela língua. Nesta região, além da língua, é possí-
vel visualizar a face interna da gengiva e dos dentes. 
Nela as glândulas salivares lançam a saliva.
Órgãos do Sistema 
Digestório
ANATOMIA 
126 
Lábios
Os lábios são duas pregas musculofi brosas compos-
tas pelo músculo orbicular da boca e cobertas por 
uma pele fi na e sensível. Embora, apresentem os 
freios (como vimos a pouco), eles têm mobilidade. 
Apresentam glândulas salivares labiais e são muito 
irrigados (por isso, qualquer corte, por menor que 
seja, pode sangrar) (WATANABE, 2000).
Como visto anteriormente, os lábios superior e 
inferior se unem formando uma fenda anterior cha-
mada rima da boca e nos lados direito e esquerdo 
(nos “cantinhos” da boca) estão as comissuras labiais 
ou ângulos da boca.
Bochechas
As bochechas têm estrutura quase igual à dos lá-
bios. Na verdade, são contínuas a eles e represen-
tam a parede móvel da cavidade oral (FREITAS, 
2004). Sua composição é cutâneo-músculo-mu-
cosa, ou seja, de fora para dentro apresenta pele, 
músculo e mucosa. Seu principal músculo é o bu-
cinador e entre este músculo e a mucosa, existem 
várias pequenas glândulas bucais.
Acima do músculo bucinador existe um tecido 
gorduroso chamado corpo adiposo da bochecha. 
Esse corpo é maior em crianças (isso explica o fato 
da maioria das crianças serem “bochechudas” e, 
por isso, sentimos uma vontade quase incontrolá-
vel de apertá-las).
Figura 2 - Boca
Figura 3 - Bochecha
Palato
O palato é uma região composta, principalmente 
de osso, músculo e mucosa que fi ca interposta entre 
a cavidade nasal e a cavidade oral. Assim, pode-se 
afi rmar que o palato representa o assoalho da cavi-
dade nasal e o teto da cavidade oral. Por isso, sua 
face superior (voltada ao nariz) é recoberta por mu-
cosa respiratória e sua face inferior (voltada à boca) 
é recoberta por mucosa oral repleta de glândulas pa-
latinas (MADEIRA, 2001).
Sua região anterior é predominantemente óssea 
e imóvel sendo por isso chamada depalato duro. Ao 
Lábio superior
Palato mole
Lábio inferior
O m. Bucinador é o principal 
músculo na constituição da 
bochecha
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 127
contrário, sua região posterior é predominantemen-
te muscular e com relativo movimento sendo assim 
chamada de palato mole. O palato duro é formado 
pela junção das maxilas (direita e esquerda) com os 
ossos palatinos (direito e esquerdo). Esses quatro os-
sos se unem por meio de suturas (a sutura palatina 
mediana une as maxilas e a sutura palatina transver-
sa une as maxilas aos ossos palatinos).
Essa região tem coloração rósea devido à vascu-
larização menos intensa do que a do palato mole (o 
qual é mais avermelhado). Além disso, a mucosa que 
reveste o palato duro fica intimamente em contato 
com o periósteo que reveste seus ossos, podendo in-
clusive ser chamada de mucoperiósteo.
No palato duro, além dos processos alveolares 
que alojam os dentes da maxila, localizam-se im-
portantes forames pelos quais artérias, veias e ner-
vos passam. O forame incisivo, por exemplo, fica 
atrás dos incisivos centrais e permite a passagem 
do nervo nasopalatino que inerva a região anterior 
do palato. Esse forame ímpar é recoberto pela papi-
la incisiva (uma saliência bem perceptível ao passar 
a língua sobre ele). 
Outros forames do palato duro incluem o fora-
me palatino maior (por onde passa o nervo pala-
tino maior que inerva a região posterior do palato 
duro) e os forames palatinos menores (por onde 
passam os nervos palatinos menores que inervam 
o palato mole). Além disso, a região anterior do pa-
lato duro apresenta as pregas palatinas transversas 
que servem como ponto de apoio à língua e para a 
fixação do alimento durante a mastigação em indi-
víduos desdentados.
Já o palato mole é constituído por cinco múscu-
los principais (músculo da úvula, músculo palato-
glosso, músculo palatofaríngeo, músculo tensor do 
véu palatino e músculo levantador do véu palatino). 
Não se preocupe em memorizar esses músculos por-
que eles atuam na deglutição (elevando o palato para 
que o alimento não reflua em direção à cavidade na-
sal) e, por isso, são estudados, principalmente, pelos 
fonoaudiólogos e otorrinolaringologistas.
Vale ressaltar que na região mediana do palato 
mole projeta-se uma saliência chamada úvula pala-
tina (popularmente conhecida como “campainha” 
ou “sininho”) lateralmente à qual saem duas pregas 
(o arco palatoglosso e o arco palatofaríngeo). Entre 
esses arcos há um espaço chamado fossa tonsilar o 
qual é ocupado pela tonsila palatina (popularmente 
conhecida como “amídala” ou “amígdala”).
Figura 4 - Palato duro e mole
Istmo das fauces
Representa o limite posterior da boca, ou seja, onde 
acaba a boca e começa a faringe (MADEIRA, 2001). 
O istmo das fauces é um espaço compreendido entre 
a úvula palatina (superiormente), os arcos palato-
glossos (lateralmente) e o dorso da língua e a cartila-
gem epiglótica da laringe (inferiormente).
Palato duro
Palato mole
ANATOMIA 
128 
Língua
A língua é um órgão muscular, móvel, revestido por 
mucosa, com importante função na mastigação, na 
deglutição, como órgão gustativo e fonador. Sua ex-
tremidade mais afilada e anterior é chamada de ápi-
ce, suas regiões laterais são as margens laterais e sua 
região inferior é a face inferior (MADEIRA, 2001).
Ela se situa parcialmente na cavidade oral e par-
cialmente na faringe (na porção oral da faringe). 
Assim, a língua estende-se até a epiglote e com ela 
apresenta três pregas mucosas: prega glossoepigló-
tica mediana, prega glossoepiglótica lateral direita e 
prega glossoepiglótica esquerda. Tais pregas formam 
entre si espaços chamados de valéculas epiglóticas.
Sua face superior é chamada de dorso da lín-
gua, o qual é sulcado em sua região mediana pelo 
sulco mediano da língua. Esse sulco divide a língua 
em metade direita e esquerda, mas embora seja bem 
identificável no vivo, não é facilmente visível no 
cadáver. Além do sulco mediano, a língua também 
apresenta o sulco terminal, o qual se posiciona na 
junção dos dois terços anteriores com o terço poste-
rior da língua. Este sulco a divide em duas porções, 
o corpo (anterior ao sulco) e a raiz (posterior ao sul-
co). Na raiz da língua existem importantes estrutu-
ras do sistema linfático chamadas tonsilas linguais.
A mucosa que reveste o dorso apresenta recep-
tores gustativos, as papilas linguais as quais dão um 
aspecto rugoso à língua. As papilas circunvaladas 
são maiores, facilmente identificáveis em forma de 
“V” ou “Y” adiante do sulco terminal e estão rela-
cionadas à percepção do azedo (motivo pela qual 
alimentos ou líquidos que não parecem amargos 
inicialmente, tornam-se durante a deglutição). As 
papilas folhadas, localizadas no terço médio da mar-
gem lateral da língua, relacionam-se à percepção do 
sabor ácido (azedo). Em contrapartida, as filiformes 
permitem a percepção do doce e do salgado e são 
sensíveis ao toque. Elas estão em grande número no 
dorso da língua e são alongadas. Já as papilas fun-
giformes, mais numerosas no ápice e nas margens, 
tem formato arredondo e são sensíveis á percepção 
de doce e salgado.
Figura 5 - Istmo das fauces
 Figura 6 - Língua
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 129
Em corte transversal é possível identificar o 
septo da língua (que divide sua estrutura em parte 
direita e esquerda, e onde normalmente as pessoas 
furam piercing ou cortam a língua para que ela fi-
que septada). Os músculos que a formam podem 
ser intrínsecos ou extrínsecos. Os intrínsecos dão 
sua forma e os extrínsecos seus movimentos. São 
eles o longitudinal superior, o longitudinal inferior, 
o transverso e o vertical (como intrínsecos), e o 
hioglosso, o estiloglosso, o palatoglosso e o genio-
glosso (como extrínsecos).
Abaixo da língua estão importantes aciden-
tes anatômicos como o freio da língua (que limi-
ta sua mobilidade), a carúncula sublingual (onde 
a glândula submandibular desemboca), a prega 
sublingual (que protege o ducto da glândula sub-
mandibular), a prega franjada (que recobre a veia 
profunda da língua) e vasos sublinguais os quais 
possibilitam a rápida absorção de medicamentos 
(isso ocorre porque o sangue que é drenado pela 
veia sublingual é transportado para a veia jugular 
interna e não passa pelo fígado, ou seja, não é me-
tabolizado neste órgão; se o medicamento for ad-
ministrado por via oral, ele é absorvido pelo intes-
tino, é metabolizado pelo fígado e isto poderá fazer 
com que os efeitos demorem a se manifestar).
Por fim, é importante mencionar que a língua 
é bastante inervada (tanto em relação ao tato, dor, 
temperatura, pressão, propriocepção e gustação, 
quanto em relação à sua capacidade contrátil). As-
sim, de forma geral, o nervo hipoglosso (XII par de 
nervos cranianos) possibilita sua inervação motora, 
e os nervos vago (X par), glossofaríngeo (IX par), 
trigêmeo (V par) e facial (VII par) permitem sua 
inervação sensitiva. 
GENGIVA
A gengiva é formada por tecido fibroso coberto por 
mucosa. Enquanto a gengiva alveolar (ou gengiva 
livre) é vermelha, a gengiva propriamente dita (ou 
gengiva aderida) é fixa aos processos alveolares da 
mandíbula e da maxila e tem coloração rósea. Pode 
ser chamada de gengiva lingual superior, gengiva 
lingual inferior, gengiva labial maxilar e labial man-
dibular (MADEIRA, 2001).
Figura 7 - Gengiva
Dentes
Os dentes são estruturas rígidas, esbranquiçadas, 
implantadas em cavidades da maxila e da man-
díbula (denominadas alvéolos dentais). Em cada 
dente distinguem-se três partes: Raiz (implanta-
da no alvéolo), coroa (parte mais evidente) e colo 
(região entre a raiz e a coroa circundada pela gen-
giva). Eles são abundantemente vascularizados e 
inervados (por isso, as anestesias são necessárias 
para os procedimentos odontológicos) (MADEI-
RA et. al., 2014).
No homem há duas dentições, a primária (ou 
decídua) e a permanente. A primária (que o povo 
chama de “dentes de leite”) apresenta 20 dentes 
(sendo 8 incisivos, 4 caninos e 8 molares). A per-
ANATOMIA 
130 
manentetem 32 dentes (sendo 8 incisivos, 4 cani-
nos, 8 pré-molares e 12 molares). A substituição 
da primária pela permanente começa a partir dos 
6 ou 7 anos e pode durar até os 25 anos de ida-
de. Esse fato é interessante, pois faz com que os 
mamíferos sejam os únicos com heterodontia (ou 
seja, apresentam dentes morfologicamente dife-
rentes entre si).
Em relação às funções, enquanto, os incisivos 
cortam o alimento e os caninos o rasgam, os pré-
-molares e os molares fazem sua trituração. Tal fato 
é importante, pois a ação mecânica dos dentes é res-
ponsável pela exposição do alimento à ação enzimá-
tica facilitando a digestão.
Assoalho da boca
O assoalho da boca representa o limite inferior da 
boca. Ele é constituído, principalmente, pelo mús-
culo platisma e pelos músculos supra-hióideos 
(como o ventre anterior do digástrico, o músculo 
milo-hióideo, o gênio-hióideo e o estilo-hióideo) 
(MADEIRA, 2001). 
Anel linfático
Embora já tenhamos mencionado o anel linfático na 
unidade 2 quando estudamos o sistema vascular lin-
fático, é importante lembrar que na parte posterior 
da cavidade oral e na porção oral da faringe existem 
as tonsilas palatinas, as tonsilas linguais, as tonsilas 
faríngeas e as tonsilas tubárias as quais, enquanto, 
estruturas linfáticas, minimizam a contaminação 
dos alimentos ingeridos a partir da produção de cé-
lulas imunológicas (MADEIRA, 2001).
FARINGE
A faringe já foi estudada na unidade 2 quando apren-
demos sobre o sistema respiratório. No entanto, va-
mos rever seus principais aspectos. Ela é uma estrutu-
ra músculo-membranosa localizada posteriormente 
à cavidade nasal, à cavidade oral e à laringe. Por isso, 
apresenta três porções sem limites precisos entre elas, 
chamadas de porção nasal da faringe, porção oral da 
faringe e porção laríngea da faringe. A porção nasal 
é superior e tem função respiratória. A porção oral é 
média e tem função digestória. A porção laríngea é 
inferior, tem função respiratória e dá continuidade 
ao esôfago. Assim, a faringe é uma estrutura associa-
da tanto ao sistema respiratório quanto ao digestório, 
atuando como um canal comum à passagem do ar e 
do alimento (DI DIO, 2002).
Ela inicia na base do crânio e termina ao nível 
da sexta vértebra cervical relacionando-se poste-
riormente à coluna vertebral. É constituída por três 
camadas sendo a mais externa chamada adventícia, 
Figura 8 - Anel linfático
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 131
a média formada por músculos estriados esqueléti-
cos e a interna mucosa. Seus músculos estriados po-
dem ser externos ou internos e estão relacionados 
aos movimentos peristálticos da faringe. Os exter-
nos são os constritores (superior, médio e inferior) 
e os internos são o palatofaríngeo, estilofaríngeo e 
salpingofaríngeo.
é muito comum em criança onde um quadro de 
tonsilite acaba evoluindo para um quadro de otite). 
Além disso, o óstio também drena muco e perilinfa 
que existem nos canais semicirculares.
Nas bordas do óstio faríngeo da tuba auditiva 
existem aglomerações linfáticas chamadas, em con-
junto, de tonsila tubária. Além da tonsila tubária, 
nesta parte da faringe existe ainda a tonsila faríngea 
a qual se aumentada passa a ser chamada de adenoi-
de (como já visto no capítulo anterior).
ESÔFAGO
É um tubo fibromuscular de aproximadamente 25 
cm de comprimento e 2 cm de diâmetro. Superior-
mente, ele é constituído por músculo estriado es-
quelético (com controle voluntário), inferiormente 
por músculo liso (com controle involuntário) e em 
sua região média há os dois tipos de músculos (MO-
ORE et al., 2014).
Esse tubo é a continuação da faringe e dá conti-
nuidade ao estômago. Assim, no tórax está situado 
anteriormente à coluna vertebral e passa posterior-
mente à traqueia. Para atingir o abdome, ele atra-
vessa o músculo diafragma (pelo hiato esofágico) e 
desemboca no estômago. Portanto, apresenta três 
porções: cervical, torácica (maior) e abdominal.
É formado por lâminas musculares circulares 
(internamente) e lâminas musculares longitudinais 
(externamente). As contrações destes músculos alte-
ra sua luz vascular a fim de permitir a passagem do 
bolo alimentar, impulsionando-o durante o peristal-
tismo (também chamado de movimento peristáltico 
ou peristalse; esse movimento é próprio de todo o 
canal alimentar e não depende da gravidade, pois 
ocorre inclusive de cabeça para baixo).
Figura 9 - Faringe
Na porção nasal da faringe existe um importante 
acidente anatômico chamado óstio faríngeo da tuba 
auditiva, o qual é protegido pelo toro tubário. Este 
óstio é uma abertura em forma de fenda que marca 
a desembocadura da tuba auditiva, ou seja, a tuba 
auditiva comunica a parte nasal da faringe com a 
cavidade timpânica da orelha média. Esta comuni-
cação serve para igualar a pressão do ar externo à 
pressão daquele contido na própria cavidade timpâ-
nica (percebemos claramente isso quando descemos 
a serra do mar e sentimos a pressão externa como 
um incômodo). 
Todavia, devido esta comunicação, uma infec-
ção da faringe pode se propagar à orelha média (isso 
Parte nasal da 
faringe
Parte oral da 
faringe
Parte laríngea da 
faringe
ANATOMIA 
132 
PERITÔNIO E CAVIDADE PERITONEAL
Você já ouviu falar em peritônio ou cavidade perito-
neal? Talvez nunca. Todavia, você já pode ter ouvido 
falar em pessoas que tiveram “barriga d’água” e acu-
mularam líquido na cavidade peritoneal. Então, o 
que é peritônio, o que é cavidade peritoneal e como 
é possível ter “água na barriga”? Vamos entender 
como tudo funciona.
Figura 10 - Esôfago
Você sabia que o esôfago apresenta estreita-
mentos em sua parede que são essenciais ao 
funcionamento? Se o estreitamento cardíaco 
não funcionar, pode ter refluxo gastroesofá-
gico, irritação do esôfago e azia.
REFLITA
O peritônio é uma membrana serosa transpa-
rente e brilhante que reveste a cavidade abdominal, 
a cavidade pélvica e as vísceras destas cavidades. Ele 
é formado por duas lâminas contínuas, o peritô-
nio visceral (que envolve as vísceras) e o peritônio 
parietal (que reveste as paredes destas cavidades). 
Enquanto, o peritônio parietal é sensível à pressão, 
calor, frio, laceração e dor, o peritônio visceral é in-
sensível ao toque, calor, frio e laceração, mas é es-
timulado por distensão e irritação química. Existe 
uma cavidade entre estas duas lâminas (a cavidade 
peritoneal) a qual contém uma fina película de líqui-
do peritoneal (TORTORA et al., 2010).
Alguns órgãos abdominais ficam aderidos à 
parede posterior do abdome e o peritônio passa a 
frente deles. Por isso, são chamados de órgãos retro-
peritoneais. Tais órgãos (como os rins e o pâncreas) 
são fixos. Outros se destacam da parede abdominal 
sendo acompanhados pelo peritônio que os reveste 
e se salientam na cavidade abdominal de modo que 
entre eles e a parede do abdome forma-se uma lâmi-
na peritoneal dupla chamada de mesentério, meso 
ou ligamento (por meio dela, vasos e nervos chegam 
aos órgãos peritonizados). Às vezes, estas pregas se 
estendem entre dois órgãos por uma lâmina do pe-
ritônio chamada omento (o omento maior sai como 
um avental do estômago, recobre os intestinos e se 
fixa ao colo transverso do intestino grosso; o omento 
menor vai do estômago ao fígado). Por fim, alguns 
órgãos são intraperitoneais.
Voltando à “barriga d’água”, o peritônio pode ser 
acometido por um processo inflamatório chamado 
peritonite o qual pode ser localizado ou generalizado. 
Nesse caso é comum ocorrer ascite, ou seja, pode ha-
ver acúmulo de enormes quantidades de líquido se-
roso na cavidade peritoneal fazendo com que o indi-
víduo sinta dor e, muitas vezes, precise até drená-lo.
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 133
ESTÔMAGO
Enquanto, a faringe e o esôfago apresentam estru-
tura tubular, o estômago é considerado uma dila-
tação do canal alimentar. Ele segue o esôfago, dá 
continuidade ao intestino e está situado, logo, abai-
xo do músculo diafragma com sua maior porção 
à esquerda do plano mediano. Assim, o estômago 
está unido ao músculo diafragma, ao baço eao colo 
transverso e é quase totalmente coberto pelo peri-
tônio (DI DIO, 2002).
Sua principal função é realizar a digestão quími-
ca (por meio das enzimas do suco gástrico secretado 
por suas glândulas) e mecânica dos alimentos (já que 
apresenta movimentos circulares e peristálticos). No 
entanto, ele pode conter até três litros de alimento 
(funcionando como um reservatório) e é capaz de 
absorver algumas substâncias (como álcool e alguns 
medicamentos). Suas funções dependem, principal-
mente, dos neurônios do plexo entérico e de neurô-
nios extrínsecos do sistema nervoso autônomo.
Na superfície mucosa interna do estômago exis-
tem muitas pregas gástricas as quais se distendem ao 
receber o alimento e desaparecem com a distensão 
do órgão. Além disso, embora sua forma e posição 
possam variar com a idade, o tipo constitucional do 
indivíduo, a alimentação, a posição do indivíduo e o 
estado fisiológico do órgão, seu estudo é feito consi-
derando quatro partes principais: parte cárdica, fun-
do, corpo e parte pilórica.
A parte cárdica é sua porção proximal que se co-
munica com o esôfago. O fundo é uma região supe-
rior, acima da sua junção com o esôfago. O corpo, a 
maior parte do órgão, apresenta face anterior e pos-
terior unidas por duas margens, a curvatura gástrica 
maior (à esquerda) e a curvatura gástrica menor (à 
direita). A parte pilórica é sua porção terminal que 
se comunica com o duodeno. Ela apresenta uma re-
gião mais alargada chamada de antro pilórico o qual 
se estreita originando o canal pilórico que termina 
no piloro (região esfincteriana distal).
Tanto na parte cárdica quanto no piloro locali-
zam-se orifícios chamados óstio cárdico e óstio piló-
rico onde há uma condensação de feixes musculares 
que constituem um mecanismo de abertura e fecha-
mento para regular o trânsito do bolo alimentar. 
Normalmente, o piloro fica em contração tônica e só 
se abre para dar passagem ao quimo (bolo alimentar 
misturado às secreções gástricas) quando o duode-
no está vazio e pronto para digerir mais conteúdo 
gástrico. Assim, estômago e duodeno agem coorde-
nadamente de forma que, quando o duodeno está 
cheio, o músculo esfíncter do piloro se contrai para 
impedir que mais quimo seja lançado no duodeno.
Figura 11 - Peritônio e cavidade peritoneal
ANATOMIA 
134 
INTESTINOS
Os intestinos seguem o estômago e se dividem pelo 
calibre em intestino delgado e intestino grosso.
Figura 12 – Estômago
O estômago pode apresentar algumas dis-
funções, por exemplo, gastrite e úlcera pép-
tica. Na úlcera, surgem lesões na camada 
mais superficial da mucosa que reveste o 
estômago. Todavia, ela pode se manifestar 
também no duodeno (a porção do intestino 
delgado). Quando a úlcera surge no estô-
mago, ela é denominada úlcera gástrica; 
quando surge no duodeno, ela é chamada 
úlcera duodenal.
Fonte: Pinheiro (2016, on-line)1.
SAIBA MAIS
Figura 13 - Intestino delgado e grosso
Intestino delgado
O intestino delgado tem de 4 a 6 metros de com-
primento uma vez que se estende do piloro até o 
ceco (primeira porção do intestino grosso). É sub-
dividido em 3 segmentos: duodeno, jejuno, e íleo. 
Embora, represente o principal local de absorção 
dos alimentos, ele também participa da digestão 
(DANGELO; FATTINI, 2011).
Reto
Colo transverso
Intestino delgado
Colo ascendente.
Observe como o intestino 
grosso “emoldura” o 
intestino delgado
Ceco
Colo
descendente
Colo sigmoide
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 135
Desta forma, à semelhança do estômago, o 
intestino delgado exerce dois tipos de atividades 
sobre o alimento: mecânica (pois mistura e pro-
pulsiona o quimo por meio de movimentos esti-
mulados pelos plexos nervosos do sistema ner-
voso entérico) e química (por meio das enzimas 
entéricas, pancreáticas e da bile). Assim, vale res-
saltar que a ação das secreções do próprio intesti-
no (suco entérico), do pâncreas (suco pancreáti-
co) e do fígado (bile) sobre o quimo forma o quilo 
na fase final da digestão quando já existem subs-
tâncias prontas para serem absorvidas. O ducto 
do fígado (ducto colédoco) e o ducto pancreático 
desembocam na mucosa do duodeno pela papila 
maior do duodeno; o ducto pancreático acessório 
desemboca na mucosa do duodeno pela papila 
menor do duodeno.
O duodeno é a primeira porção do intestino 
delgado com aproximadamente 25 cm de com-
primento sendo por isso considerado sua menor 
parte. É um órgão em forma de “U” aberto para a 
esquerda que começa no óstio pilórico e termina 
na flexura duodeno-jejunal. Ele “abraça” a cabeça 
do pâncreas e é aderido à parede posterior do ab-
dome sendo quase todo retroperitoneal (portanto, 
bastante fixo).
A segunda porção do intestino delgado é o jeju-
no (com aproximadamente 2,5 metros) e a terceira é 
o íleo (com aproximadamente 3,5 metros). Tais por-
ções são contínuas entre si, pois não há uma divisão 
anatômica nítida entre elas. Assim, o termo jejuno-
-íleo é comum. Ao contrário do duodeno que é fixo, 
o jejuno-íleo representa a parte móvel do intestino 
delgado (pois apesar de estarem presos à parte pos-
terior do abdome pelo mesentério, esta prega perito-
neal é longa e permite ampla movimentação). O íleo 
termina no ceco (como já foi mencionado).
Intestino grosso
O intestino grosso representa a porção terminal do 
canal alimentar que “emoldura” o intestino delgado. 
Ele absorve água e eletrólitos do quilo, determinan-
do a consistência do bolo fecal. Além disso, atua na 
formação, transporte e expulsão das fezes (as quais 
são resíduos sólidos da alimentação cuja eliminação 
ocorre por meio da defecação) (MIRANDA NETO; 
CHOPARD, 2014).
Ele é mais calibroso e curto do que o intestino 
delgado (mede aproximadamente 1,5 metros de 
comprimento) e se difere do delgado por apresen-
tar faixas espessas de músculo liso longitudinal (as 
tênias do colo), gordura na serosa (os apêndices 
omentais do colo), e dilatações limitadas por sulcos 
transversais (as saculações do colo).
É subdividido em ceco, colo ascendente, colo 
transverso, colo descendente, colo sigmoide e reto. 
O ceco é o segmento inicial, em fundo cego, que se 
continua como colo ascendente. Tem aproximada-
mente 7,5 cm de comprimento e largura, e se localiza 
na fossa ilíaca esquerda. Dele destaca-se o apêndice 
vermiforme - um prolongamento cilindroide alon-
gado (de 6 a 10 cm de comprimento) que se forma 
no ponto de encontro das tênias. O apêndice é rico 
em folículos linfáticos.
ANATOMIA 
136 
O colo ascendente segue em direção cranial, à direita 
da cavidade abdominal. Ele alcança o fígado e se curva 
para continuar como colo transverso. É retroperitoneal.
O colo transverso é a parte mais longa e móvel do 
intestino grosso, pois atravessa da direita para a es-
querda toda a parte superior da cavidade abdominal.
O colo descendente inicia à esquerda da cavi-
dade abdominal e termina na altura da crista ilíaca 
esquerda onde dá continuidade ao colo sigmoide. 
Está fixo à parede posterior do abdome (é retrope-
ritoneal, portanto, fixo).
O colo sigmoide tem trajeto sinuoso (em forma 
de “S”), dirige-se para o plano mediano da pelve e 
termina na altura da terceira vértebra sacral onde dá 
continuação ao reto.
O reto e o canal anal representam a parte ter-
minal e fixa do intestino grosso. O reto tem aproxi-
madamente 15 cm de comprimento e possui uma 
parte dilatada (a ampola do reto) que armazena 
temporariamente as fezes. O canal anal é uma par-
te estreita, com cerca de três cm de comprimento, 
que atravessa o períneo e se abre no exterior por 
meio do ânus. No canal anal se notam as colunas 
anais em cuja base há uma densa rede venosa que 
forma a zona hemorroidária. É drenado por três 
conjuntos principais de veias (veia retal superior, 
média e inferior). 
Você sabia que a inflamação do apêndice 
vermiforme é conhecida como apendicite?
Embora as causas da apendicite não sejam 
totalmente conhecidas, existe relação com a 
obstrução por gordura ou por fezes e infecção 
por vírus. É comum o aparecimento de fortes 
dores abdominais e atéfebre.
Se a apendicite não for prontamente tratada, 
pode ocorrer o rompimento do apêndice ver-
miforme levando o indivíduo à morte.
Fonte: Minha Vida (on-line)2.
SAIBA MAIS
Você sabia que a defecação depende de re-
ceptores nervosos da parede do reto, que a 
constipação intestinal pode ser desencadeada 
pela falta de peristaltismo e a diarreia é um 
mecanismo de defesa?
REFLITA
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 137
FÍGADO
Fígado está localizado imediatamente abaixo do 
diafragma e apresenta certa mobilidade durante os 
movimentos diafragmáticos e, em posição ereta fica 
mais baixo devido à gravidade (WATANABE, 2000).
É considerado a maior glândula do corpo e, de-
pois da pele, o maior órgão (pesando aproximada-
mente 1,5 kg). Ele está unido à parede abdominal 
anterior, ao estômago e ao duodeno. É considerado 
plástico, pois se adapta aos órgãos vizinhos os quais 
lhe causam impressões.
Esse órgão desempenha importante papel nas 
atividades vitais uma vez que interfere no meta-
bolismo de carboidrato, gordura e proteína, ar-
mazena glicogênio, sintetiza vários compostos 
orgânicos, metaboliza e excreta substâncias tóxi-
cas endógenas ou exógenas (como medicamentos 
e alimentos), participa dos mecanismos de defesa 
do corpo e secreta a bile (atuando como glân-
dula exócrina).
A bile é um líquido esverdeado, de gos-
to amargo, que vomitamos quando não 
temos nada no estômago (ela é popular-
mente conhecida como fel). É produzida 
de forma contínua pelo fígado e arma-
zenada na vesícula biliar (um órgão em 
forma de saco que fica embaixo do fíga-
do). Tem ação detergente (emulsificante) 
sobre gorduras e favorece a absorção de áci-
dos e vitaminas lipossolúveis (sem bile, cerca 
de 40% da gordura seriam excretadas pelas 
fezes assim como as vitaminas A, D, E e K). 
A bile é drenada pelos ductos hepáticos (direito e 
esquerdo) os quais se unem para formar o ducto 
hepático comum. Esse ducto se une ao ducto císti-
co (que vem da vesícula biliar) formando o ducto 
colédoco o qual se abre no duodeno.
O fígado apresenta duas faces, a diafragmática 
e a visceral. A diafragmática é convexa, lisa e fica 
em contato com o músculo diagrama. A visceral 
fica em contato com as vísceras abdominais (es-
tômago, duodeno, omento menor, vesícula biliar, 
flexura direita do colo, colo transverso, rim direi-
to e glândula suprarrenal direita). Nessa face está 
a vesícula biliar, o sulco da veia cava inferior e a 
porta do fígado. Além disso, nessa face estão dois 
lobos anatômicos (o direito e o esquerdo) e dois 
lobos acessórios (o quadrado e o caudado).
Órgãos Anexos
Figura 14 - Fígado
ANATOMIA 
138 
PÂNCREAS
O pâncreas está situado profundamente na cavidade 
abdominal, atrás do estômago e é fixo à parede poste-
rior do abdome (ou seja, é retroperitoneal e com peque-
na mobilidade). É considerado a segunda maior glân-
dula anexa do sistema digestório (depois do fígado) e é 
classificado como glândula mista uma vez que secreta 
insulina e glucagon (de maneira endócrina) e suco pan-
creático (de maneira exócrina) (FREITAS, 2004).
É dividido em cabeça (extremidade dilatada à 
direita emoldurada pelo duodeno), colo (entre a ca-
beça e o corpo, com cerca de 2 cm), corpo (em po-
sição transversal sobre as duas primeiras vértebras 
lombares) e cauda (extremidade afilada à esquerda 
situada perto do baço).
O suco pancreático é recolhido por dúctulos que 
formam o ducto pancreático principal e o ducto pan-
creático acessório (inconstante). O ducto pancreático 
principal começa na cauda e termina na cabeça do 
pâncreas, Na maioria das vezes, esse ducto se une ao 
ducto colédoco e se abre no duodeno (como já visto).
GLÂNDULAS SALIVARES
Como o próprio nome sugere, as glândulas saliva-
res são responsáveis por produzir a saliva. Esta, por 
sua vez, é um líquido viscoso, transparente, insípi-
do e inodoro que previne contra as cáries, lubrifica 
o bolo alimentar, facilita seu transporte sem irritar 
as paredes do tubo digestório e inicia a digestão do 
amido. Além disso, a saliva mantém a cavidade oral 
limpa, permite que se possa sentir o sabor da maior 
parte dos alimentos, excreta algumas substâncias 
como metais pesados e medicamentos, mantém 
o pH da cavidade própria da boca, dentre outras 
(MADEIRA, 2001).
Não sei se você já usou a expressão “dá água 
na boca só de ouvir falar” quando se pensa em um 
alimento que você aprecia? Pois é! Este termo é 
correto, pois considera que a salivação é antecipa-
da à ingestão do alimento e começa a ser produzida 
antes da digestão (chamamos de fase cefálica da sa-
livação, o mesmo se aplica quando se sente o cheiro 
ou vê o tal alimento).
Existem dois subgrupos de glândulas salivares, 
as maiores e as menores. As glândulas salivares me-
nores estão localizadas nas bochechas, lábios, palato 
e mucosa da língua. As glândulas salivares maiores 
são três pares: as glândulas parótidas, submandibu-
lares e sublinguais.
• A glândula parótida fica lateralmente na 
face, anterior à orelha externa. Ela apresenta 
um canal excretor, chamado ducto parotídeo, 
o qual perfura o músculo bucinador e se abre 
na cavidade oral, ao nível do segundo molar 
superior. Ela pode ser infectada por vírus 
causando parotidite (popularmente conheci-
da como caxumba).
Figura 15 - Pâncreas
Fígado
Vesícula biliar
PâncreasDuodeno
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 139
• A glândula submandibular localiza-se abaixo da mandíbula. Seu ducto 
(o ducto submandibular) se abre na cavidade oral abaixo da língua, na 
carúncula sublingual (umas “bolinhas” que temos embaixo da língua).
• A glândula sublingual é a menor e a mais profunda delas. Situa-se lateral 
e inferiormente à língua. Apresenta muitos pequenos ductos sublinguais 
que se abrem no assoalho da boca.
Figura 16 - Glândulas salivares
140 
considerações finais
A obtenção de energia para o metabolismo celular depende do funcionamento 
do sistema digestório. De igual modo, a contração muscular, o pensamento, o 
aprendizado e tantas outras funções, não ocorreriam sem o suprimento energéti-
co essencial. Por isso, o sistema digestório é vital.
Certamente, você consegue, agora, responder algumas perguntas feitas ante-
riormente. Assim, creio que você já conhece os princípios fundamentais da diges-
tão e a atuação de cada estrutura anatômica que forma o sistema digestório. To-
davia, é importante destacar que muitas doenças são comuns a este sistema, por 
exemplo, gastrite, esofagite, acalasia, doença de Crohn, colite ulcerativa e muitas 
outras. Tais doenças comprometem seu funcionamento debilitando o indivíduo 
e causando diversas deficiências físicas e mentais.
No entanto, algumas delas podem ser evitadas por meio do desenvolvimento 
de hábitos alimentares saudáveis (como a ingestão adequada diária de líquidos, 
bem como de alimentos prebióticos e probióticos). Tais condutas garantem o fun-
cionamento ideal das estruturas anatômicas que compõe o sistema em questão.
Além disso, vale ressaltar que o pleno conhecimento anatômico e fisiológico 
de tais estruturas é relevante ao aspecto preventivo de tais doenças. Por isso, o 
estudo pormenorizado desse sistema é essencial a profissionais da saúde, como 
você. Lembre-se de que o profissional de educação física comumente responde a 
questionamentos referentes ao corpo humano e seu funcionamento. Além disso, 
lembre-se de que, no contexto escolar e enquanto educador, você poderá contri-
buir para minimizar muitos distúrbios alimentares (como anorexia ou bulimia). 
Assim, boa capacitação para você!
 141
LEITURA
COMPLEMENTAR
Leia o artigo indicado, a seguir, que trata sobre uma doença relativamente comum do 
sistema digestório: o refl uxo gastroesofágico. 
Elevado número de consultas é originado a partir de 
sintomas de DRGE. Na Inglaterra, em 1994, 8% das con-
sultas médicas em atenção primária à saúde e 11% da 
demanda espontânea foram ocasionadas por sintomas 
do sistema digestório (3). Em Autumn, na Alemanha, 
em estudo realizado no ano de 2000, 81,7% dos indiví-
duos com sintomas de DRGEjá haviam realizado pelo 
menos uma gastroscopia para investigação de seus 
sintomas (14). Estudo realizado entre trabalhadores na 
Itália, em 1999, mostrou que pelo menos 2,6% dos in-
divíduos sintomáticos têm seu trabalho afetado pelos 
sintomas (13).
Estudos de base populacional com baixos índices de per-
das ou recusas ainda são minoria entre as publicações 
sobre este tema. Os estudos para investigar fatores de-
terminantes de DRGE são, em sua maioria, realizados em 
serviços de saúde, podendo indicar fatores agravantes e 
não necessariamente fatores de risco para os indivíduos 
da população que não procura ajuda médica para seus 
sintomas.
Fonte: Oliveira et al. (2005).
PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS À 
DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO
A doença do refl uxo gastroesofágico (DRGE), bem como 
os demais sintomas oriundos do sistema digestório su-
perior são de alta frequência na prática clínica diária. Ain-
da que suas complicações não sejam frequentes, cons-
tituem-se, pela elevada prevalência, tema de relevância 
nas questões de saúde pública. As taxas de prevalência de 
DRGE, caracterizada por presença de sintomas de pirose 
e regurgitação ácida, são bastante variáveis mas, princi-
palmente em países ocidentais, quase sempre elevadas. 
Na Espanha, estudo transversal publicado em 2004, iden-
tifi cou prevalência de 31,6% de DRGE ao ano (2).
Na Bélgica também é elevada, tendo sido de 28% em 
2002 (7). Em estudo realizado na Austrália em 1996, 56% 
dos indivíduos relataram ter tido sintomas de DRGE pelo 
menos alguma vez em suas vidas, sendo que 37% os têm 
pelo menos uma vez a cada 4 meses (1). Na Dinamar-
ca, em 1994, a prevalência foi de 38% entre os homens 
e 30% entre as mulheres (5). No Brasil, em 2001 foi de 
48,2% (10). Em estudo de revisão publicado em 1997, a 
variação da prevalência fi ca na faixa de 10% a 48% para 
pirose, 9% a 45% para regurgitação ácida e 21% a 59% 
para ambos os sintomas (4). 
142 
atividades de estudo
1. Em relação ao sistema digestório, é correto afirmar:
a. O fígado produz a bile e a vesícula biliar a armazena.
b. A bile é produzida pela vesícula biliar e armazenada no fígado.
c. O duodeno produz a bile e a vesícula biliar a armazena.
d. A bile é produzida pela vesícula biliar e armazenada no duodeno.
e. Quem produz e armazena a bile são, respectivamente, o fígado e o duo-
deno.
2. Os órgãos do sistema digestório considerados supradiafragmáticos 
são:
a. Boca, faringe, laringe, esôfago e glândulas salivares.
b. Boca, faringe, esôfago (porção cervical e torácica) e glândulas salivares.
c. Boca, faringe, esôfago (porção cervical, torácica e abdominal) e glândulas 
salivares.
d. Boca, faringe, laringe, esôfago (porção cervical, torácica e abdominal) e 
glândulas salivares.
e. Boca, faringe, estômago e glândulas salivares.
3. Os órgãos do sistema digestório considerados infradiafragmáticos 
são:
a. Esôfago (porção cervical, torácica e abdominal), estômago, intestino delga-
do, intestino grosso, fígado e pâncreas. 
b. Esôfago (porção torácica e abdominal), estômago, intestino delgado, intes-
tino grosso, fígado e pâncreas.
c. Esôfago (porção abdominal), estômago, intestino delgado, intestino gros-
so, fígado e pâncreas.
d. Esôfago (porção abdominal), estômago, intestino delgado, intestino gros-
so, fígado, pâncreas e glândulas salivares.
e. Nenhuma das alternativas acima estão corretas.
 143
atividades de estudo
4. Considere que um aluno ingeriu, na hora do lanche, um sanduíche de 
pão, carne e bacon. Assinale dentre as alternativas abaixo aquela que 
contém o local correto onde tais alimentos serão digeridos:
a. O pão no duodeno (pois é composto principalmente por proteína), a carne 
no estômago (pois é composta principalmente por carboidrato) e o bacon 
no duodeno (pois é composto principalmente de gordura).
b. O pão na faringe e no esôfago (pois é composto principalmente por carboi-
drato), a carne no estômago (pois é composta principalmente por proteí-
na) e o bacon no duodeno (pois é composto principalmente de gordura).
c. O pão na boca e no esôfago (pois é composto principalmente por carboi-
drato), a carne no duodeno e no colo transverso (pois é composta princi-
palmente por proteína) e o bacon no colo ascendente e transverso (pois é 
composto principalmente de gordura).
d. O pão na boca e no duodeno (pois é composto principalmente por carboi-
drato), a carne no estômago e no duodeno (pois é composta principalmen-
te por proteína) e o bacon no duodeno (pois é composto principalmente 
de gordura).
e. O pão na boca e no estômago (pois é composto principalmente por carboi-
drato), a carne no estômago e no fígado (pois é composta principalmente 
por gordura) e o bacon no duodeno e no pâncreas (pois é composto prin-
cipalmente de gordura).
5. O sistema digestório apresenta como principais órgãos anexos:
a. Baço, fígado e glândulas salivares
b. Pâncreas, timo e glândulas salivares.
c. Pâncreas, fígado e reto.
d. Ceco, fígado e glândulas salivares.
e. Pâncreas, fígado e glândulas salivares.
144 
Material Complementar
Referências On-Line
1 Em: <http://www.mdsaude.com/category/gastroenterologia-2/doencas-do-estomag>. Acesso em: 14 
jun. 2016.
2 Em: <http://www.minhavida.com.br/saude/temas/apendicite>. Acesso em: 14 jun. 2016.
Apresentação: Este filme da “Super Interessante Coleções” apresenta os princi-
pais eventos associados à digestão e ao sistema digestório. Ele retrata, por meio 
de exemplos práticos, todo o trajeto que o alimento percorre desde sua ingestão 
até sua eliminação, bem como as estruturas anatômicas pelas quais ele passa. 
Demonstra a ação das secreções digestivas e correlaciona à vida diária.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=6JfDX94htbU>.
Apresentação: Conheça um pouco mais sobre a doença do refluxo gastroeso-
fágico em: 
Disponível em: <https://www.abcdasaude.com.br/gastroenterologia/doenca-
-do-refluxo-gastro-esofagico>.
Descubra o que é, quais os principais sintomas e o que causa esta doença.
Apresentação: Aprenda um pouco mais sobre a fisiologia da defecação e evite 
problemas relacionados à defecação.
Disponível em: <http://www.medicinageriatrica.com.br/2008/08/11/incontinen-
cia-anal-parte-2-anatomia-e-fisiologia-do-assoalho-pelvico>.
Indicação para Assistir
 145
referências
CFTA - COMISSÃO FEDERATIVA DA TERMINOLOGIA ANATÔMICA. 
Terminologia Anatômica: terminologia anatômica internacional. São Paulo: 
Manole, 2001.
DANGELO, J. G.; FATTINI, C. A. Anatomia Humana sistêmica e segmentar. 3. 
ed. São Paulo: Atheneu, 2011.
DI DIO, L. J. A. Tratado de Anatomia Sistêmica Aplicada: princípios básicos e 
sistêmicos, esquelético, articular e muscular. 2. ed. Atheneu: São Paulo, 2002.
FREITAS, V. Anatomia conceitos e fundamentos. Porto Alegre: Artmed, 2004.
GRABINER, M. D.; GREGOR, R. J.; VASCONCELOS, M. M. Cinesiologia e 
anatomia aplicada. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991.
GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de fisiologia médica. 12. ed. Rio de Janei-
ro: Elsevier, 2011.
MADEIRA, M. C. Anatomia da face: bases anátomo-funcionais para a prática 
odontológica. 3. ed. São Paulo: Sarvier, 2001.
MADEIRA, M. C.; RIZZOLO, R. J. C.; CARIA, P. H. F.; CRUZ, R. S. M.; LEITE, 
H. F.; OLIVEIRA, J. A. Anatomia do dente. 7. ed. São Paulo: Sarvier, 2014.
MIRANDA NETO, M. H.; CHOPARD, R. P. Anatomia humana: aprendizagem 
dinâmica. Maringá: Gráfica Editora Clichetec, 2014.
MOORE, K .L.; DALLEY, A. F.; AGUR, A. M. R.; ARAÚJO, C. L. C. Anatomia 
orientada para a clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.
NARCISO, M. S. Sobotta: atlas de anatomia humana: anatomia geral e sistema 
muscular. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.
OLIVEIRA, S. S. de; SANTOS, I. da S. dos; SILVA, J. F. P. da; MACHADO, E. C. 
Prevalência e fatores associados à doença do refluxo gastroesofágico. Scielo. Arq. 
Gastroenterol. vol.42 no.2 São Paulo Apr./June, 2005.
ROHEN, J. W.; YOKOCHI, C.; LÜTJEN-DRECOLL, E. Anatomia humana: atlas 
fotográfico de anatomia sistêmicae regional. São Paulo: Manole, 2002.
TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B.; WERNECK, A. L. Princípios de anatomia 
e fisiologia. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.
WATANABE, L. Erhart: elementos de anatomia humana. 9. ed. São Paulo: 
Atheneu, 2000.
146 
gabarito
1. A
2. B
3. C
4. D
5. E
UNIDADEUNIDADEIV
Professora Dr.ª Carmem Patrícia Barbosa
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Sistema urinário
• Sistema genital masculino
• Sistema genital feminino
Objetivos de Aprendizagem
• Estudar a função geral do sistema urinário, bem como as funções do rim; Apresentar a 
morfologia externa e interna, localização, função, irrigação, drenagem venosa, drenagem 
linfática, inervação e principais acidentes anatômicos dos órgãos do sistema urinário: Rim, 
ureter, bexiga urinária e uretra masculina e feminina. 
• Estudar a função geral do sistema genital masculino; Subdividir os órgãos do sistema genital 
masculino em órgãos internos e externos; Apresentar a morfologia externa e interna, localização, 
função, irrigação, drenagem venosa, drenagem linfática, inervação e principais acidentes 
anatômicos dos órgãos do sistema genital masculino: Testículo, epidídimo, ducto deferente, 
próstata, ducto ejaculatório, glândulas bulbouretrais, glândulas seminais, uretra, pênis e bolsa 
escrotal; Diferenciar os mecanismos que possibilitam a ereção e a ejaculação.
• Estudar a função geral do sistema genital feminino; Subdividir os órgãos do sistema genital feminino 
em órgãos internos e externos; Apresentar a morfologia externa e interna, localização, função, 
irrigação, drenagem venosa, drenagem linfática, inervação e principais acidentes anatômicos dos 
órgãos do sistema genital feminino: Ovário, tuba uterina, útero, vagina e estruturas do pudendo 
feminino (monte do púbis, lábio maior do pudendo, lábio menor do pudendo, vestíbulo da vagina, 
bulbo do vestíbulo, óstio da vagina, glândula vestibular maior e glândulas vestibulares menores). 
Elucidar os principais aspectos anatômicos do peritônio na cavidade pélvica, do períneo e das mamas.
SISTEMA UROGENITAL
IV
unidade
INTRODUÇÃO
Prezado(a) aluno(a), o sistema urogenital é constituído pelo sistema urinário, 
genital masculino e genital feminino. Embora, desempenhem funções diferen-
tes, têm inter-relações e proximidades anatômicas. As atividades orgânicas de-
pendem da decomposição de carboidratos, lipídios e proteínas para liberação de 
energia. Tais decomposições formam produtos que devem ser eliminados para 
não ter danos celulares. 
A digestão de proteínas, por exemplo, origina aminoácidos que liberam gru-
po amina (NH2) o qual reage com o hidrogênio dos líquidos corporais formando 
amônia (NH3). Essa é tóxica deve ser eliminada ou convertida em algo menos 
tóxico como ureia ou acido úrico por meio da urina. O sistema urinário é forma-
do por estruturas anatômicas que produzem (órgãos uropoiéticos) e condução a 
urina (órgãos urocondutores). A bexiga urinária a armazena.
Os sistemas genitais masculino e o feminino atuam em conjunto para permi-
tir a continuidade da vida. Eles têm os órgãos gametógenos ou gônadas, os game-
tóforos ou vias espermáticas, os de cópula, as estruturas eréteis, glândulas anexas 
e órgãos externos. No feminino há o útero para abrigar o embrião.
Órgãos gametógenos produzem gametas e hormônios (testículos e ovários). 
Órgãos gametóforos permitem a passagem dos gametas. Órgãos de cópula rela-
cionam-se ao ato sexual (pênis e vagina). Estruturas eréteis permitem o acopla-
mento durante a cópula. Glândulas anexas produzem secreções que facilitam 
o coito ou a progressão dos gametas. Os genitais externos são visíveis à super-
fície do corpo.
O texto, a seguir, será fundamentado em autores como Dangelo e Fattini 
(2011), Moore et al. (2014), Miranda Neto e Chopard (2014) e outros. A 
nomenclatura é atualizada (CFTA, 2001), mas é necessário que você use um 
atlas de anatomia como Sobotta (2012), Rohen, Yokochi e Lütjen-Drecoll 
(2002) e outros. Não se esqueça que o profissional de educação física pre-
cisa ter conhecer estes sistemas, pois no contexto educacional, você é um 
solicitado a responder sobre o corpo humano.
ANATOMIA 
152 
FUNÇÕES DO SISTEMA UROGENITAL
Creio que se não todas, pelo menos a maioria das 
pessoas sabe a principal função do sistema genital 
masculino e feminino. Todavia, às vezes fico triste e 
preocupada com a visão que a maioria das pessoas 
tem a respeito do sistema urinário. Para muitos esse 
sistema tem apenas a função de “fabricar” urina. No 
entanto, a verdade é bem diferente. O sistema uri-
nário é essencial à homeostasia corpórea e, portan-
to, vital. Tal fato justifica o número de pessoas que 
fazem hemodiálise no Brasil e no mundo, além do 
número expressivo de doentes renais que aguardam 
nas filas de transplante de rim. Vamos entender me-
lhor este tão importante sistema.
O sistema urinário é considerado um sistema 
osmorregulador que livra o organismo do excesso 
de água, sais minerais, toxinas, excretas nitrogena-
das (como ureia e acido úrico), produtos finais da 
degradação da hemoglobina, ácido carbônico, me-
tabólitos de vários hormônios e outros. Assim, ele 
atua na homeostase corpórea controlando o volume 
e a composição do líquido intracelular, extracelu-
lar e do sangue por meio da excreção de algumas 
substâncias e reabsorção de outras por meio de um 
intenso processo de filtragem. Assim, se você con-
siderar o fato de que ele atua indiretamente sobre o 
volume de sangue, é fácil entender que ele também 
responde pelo controle indireto da pressão arterial 
(TORTORA et al., 2010).
Já os sistemas genitais têm funções muito seme-
lhantes entre si. Ambos formam gametas, possibili-
tam a passagem dos mesmos pelos genitais, permi-
Sistema Urinário
tem o encontro desses gametas (por meio da cópula) 
e produzem hormônios que garantem as caracterís-
ticas sexuais secundárias (testosterona no masculi-
no; estrógeno e progesterona no feminino). Adicio-
nalmente, o genital feminino permite que o período 
gestacional seja cumprido, possibilita o trabalho de 
parto e, se a fecundação não ocorrer, permite a dre-
nagem dos produtos menstruais.
DIVISÕES DOS SISTEMAS GENITAIS
Às vezes, quando vou iniciar uma aula sobre o siste-
ma urogenital, peço que alunos façam uma lista das 
estruturas anatômicas que formam cada um destes 
sistemas, e percebo muitas pessoas não conhecem 
seu próprio corpo. Por exemplo, quase sempre afir-
mam que pênis e vagina fazem parte do sistema uri-
nário (o que não é verdade, pois estes órgãos perten-
cem aos sistemas genitais). 
Para muitos, estruturas anatômicas como glân-
dula bulbouretral e o bulbo do vestíbulo são com-
pletamente desconhecidas. Além disso, há aqueles 
que ao visualizar a vulva pensam estar vendo a vagi-
na, a qual é um órgão interno.
Tanto o sistema genital masculino quanto o femi-
nino podem ser divididos em órgãos genitais internos 
e externos. Os internos ficam alojados na cavidade 
pélvica e incluem o testículo, epidídimo, ducto defe-
rente, glândula seminal, ducto ejaculatório, próstata, 
uretra e glândula bulbouretral (no sistema genital 
masculino) e ovário, tuba uterina, útero e vagina (no 
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 153
sistema genital feminino). Os externos são visíveis 
à superfície do corpo e incluem pênis e escroto (no 
sistema genital masculino) e as estruturas da vulva 
ou pudendo feminino (no sistema genital feminino) 
(MIRANDA NETO; CHOPARD, 2014).
Só para reforçar, nunca mais se esqueça de que 
vagina é um órgão interno e não é visível na face 
externa do corpo em condições normais ou em po-
sição anatômica. O que se vê externamente é a vulva. 
ÓRGÃOS DO SISTEMA URINÁRIO
Rim 
O rim é o órgão central do sistema urinário. Ele é par, 
de cor avermelhada, em forma de feijão, situado na 
cavidade abdominal (à direita e à esquerda da coluna 
vertebral), um pouco acima da linha da cintura. No 
homem adulto pesa de 125 a 170 gramas e tem cer-
ca de 10 cm de comprimento,2 de espessura e 5 de 
largura. O esquerdo tende a ser um pouco mais com-
prido e estreito do que o rim direito, mas em contra-
partida, o direito fica levemente mais baixo devido 
à posição do fígado (DANGELO; FATTINI, 2011).
Externamente, o rim é revestido por uma fina 
bainha de tecido conjuntivo fibroso (a cápsula fi-
brosa), sobre a qual existe uma grande quantidade 
de tecido adiposo formando a cápsula adiposa ou 
gordura perirrenal. Tanto a cápsula fibrosa quanto 
a cápsula adiposa auxiliam na proteção e na fixação 
do rim à cavidade abdominal.
Sobre eles está a glândula suprarrenal que per-
tence ao sistema endócrino atuando como importan-
te produtora de hormônios. Assim, rins, glândulas 
suprarrenais e ureteres são retroperitoneais (portan-
to, pouco móveis). Todavia, tais estruturas podem se 
movimentar cerca de 3 cm verticalmente durante os 
movimentos respiratórios e ao ficar em pé ou deitar.
Suas principais funções são filtrar o plasma san-
guíneo e formar a urina (uropoiese), sintetizar a 
forma ativa da vitamina D, glicose em casos de je-
jum prolongado e eritropoetina (uma glicoproteína 
que atua na medula óssea estimulando a produção 
de hemácias). Além disso, o rim também sintetiza 
renina que é uma enzima produzida por fibras mus-
culares lisas das paredes das artérias aferentes, cuja 
liberação para a corrente sanguínea ocorre quando a 
pressão arterial cai.
Externamente, os rins apresentam duas faces (an-
terior e posterior), duas bordas ou margens (medial 
e lateral) e duas extremidades ou polos (superior e 
inferior). O polo superior é espesso, arredondado e 
mais próximo da linha mediana. A margem lateral 
é convexa e voltada à esquerda, a margem medial é 
côncava no centro e convexa nas extremidades. Em 
sua parte central existe um fissura chamada hilo renal 
que dá passagem às artérias e veias renais, nervos, va-
sos linfáticos e pelve renal formando o pedículo renal.
Um corte coronal no interior do rim permite 
identificar, macroscopicamente, uma porção central 
mais escura denominada medula renal e outra peri-
férica mais pálida chamada córtex renal que se pro-
jeta em direção à medula formando colunas renais, 
as quais separam porções cônicas da medula deno-
minadas pirâmides renais. A pirâmide e o córtex que 
a circunda são chamados de lobo renal.
As pirâmides têm aspecto estriado (raios medu-
lares) e têm as bases voltadas para a superfície do 
órgão e os ápices voltados para a pelve renal (uma 
porção dilatada que origina o ureter). Assim, elas se 
estreitam originando em seu ápice as papilas renais 
as quais apresentam os forames papilares que rece-
bem a urina para lançá-la nos cálices renais meno-
res (estes se encaixam nas papilas renais como uma 
taça, por isso, o nome de cálices). Os cálices renais 
ANATOMIA 
154 
menores se unem e formam o cálice renal maior e 
estes se abrem na pelve renal. Dessa forma, cálices 
renais menores e maiores, pelve renal, vasos e ner-
vos renais ficam alojados em um espaço chamado 
seio renal onde existe o tecido adiposo do seio renal.
(sem proteínas) o qual cai no interior da cápsula glo-
merular. A cápsula é um tecido conjuntivo que reco-
bre o glomérulo renal e que se prolonga originando o 
túbulo contorcido proximal, reto e contorcido distal 
por onde este filtrado circula. Por fim, o ducto coletor 
recebe a urina formada nos túbulos e a encaminha 
ao interior dos cálices renais menores, de onde segue 
aos cálices renais maiores, à pelve e ao ureter. Assim, 
os cerca de 1500 ml de urina produzidos por dia por 
uma pessoa saudável chegam até a bexiga urinária.
Figura 1 - Rim
Como mencionamos a pouco, uma das principais 
funções do rim é filtrar o sangue e formar urina (esse 
sangue é trazido aos rins pela porção abdominal da 
artéria aorta que origina as artérias renais). Para de-
sempenhar tal função, o rim é constituído por uni-
dades anatomo-funcionais chamadas néfrons que 
atuam como filtros separando o que deve ser eli-
minado e o que deve ser reaproveitado pelo corpo. 
Existe aproximadamente um milhão de néfron em 
cada rim, mas, infelizmente, eles vão sendo grada-
tivamente destruídos e não se regeneram (a perda 
dos néfrons está relacionada, dentre outros fatores, 
à alimentação rica em conservantes, corantes, agro-
tóxicos, condimentos, à ingestão de fármacos etc.).
O néfron tem a estrutura de um tubo sinuoso, 
fechado em sua extremidade inicial e aberto em sua 
extremidade final. Ele é formado pelo glomérulo 
renal, cápsula glomerular, túbulo contorcido pro-
ximal, túbulo reto, túbulo contorcido distal e ducto 
coletor (TORTORA et al., 2010).
O glomérulo renal é um conjunto de capilares fe-
nestrados que deixam passar um filtrado de plasma 
No entanto, esse processo não é tão simples como 
parece, pois, os rins realizam várias filtragens para 
que apenas o essencial seja eliminado sem prejuízos 
ao corpo. Para tanto, esse processo ocorre em três 
etapas principais: filtragem, reabsorção e secreção. A 
filtragem de todos os componentes do sangue (exce-
to células e proteínas) ocorre no glomérulo renal e, 
posteriormente, na cápsula glomerular. 
Figura 2 - Néfron
Túbulos renais (néfrons)
Artéria renal
Veia renal
Artéria interlobar
Veia interlobar
Veia
arqueada
Artéria 
arqueada
Rim
Medula
Córtex
Néfron
Glomérulo Túbulo distal
Artéria
arqueada
Veia
arqueada
Túbulo
proximal
Duto coletor
Direção do
�uxo sanguíneo
Arteríola eferente
Arteríola aferente
Cápsula glomerular
Capilares peritubulares
Vista externa do rim
Ureter
Vista interna do rim
Pirâmides renais
Córtex renal
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 155
Assim, são produzidos cerca de 180 litros de 
ultrafiltrado por dia. Na sequência, ocorre a reab-
sorção de substâncias essenciais que não estão em 
excesso (como aminoácidos, vitaminas e glicose) e 
99% da água filtrada. Por último, durante a secreção, 
substâncias em excesso do líquido intersticial são 
removidas (como drogas, catabólitos ou excretas e 
toxinas) formando a urina.
Como curiosidade, vale esclarecer sobre os cál-
culos renais (popularmente conhecidos como “pe-
dras nos rins”). Eles podem ser encontrados nos 
cálices renais menores e maiores, na pelve renal, 
no ureter e na bexiga urinária obstruindo o fluxo 
da urina e provocando a contração da musculatura 
do ureter (o que desencadeia uma forte dor aguda). 
Além disso, sua presença pode causar lesões geran-
do hematúria (sangue na urina). Os principais fato-
res que predispõem sua formação incluem baixa in-
gestão de água, excesso de ingestão de carnes, leites, 
queijos, vitamina C e D, alterações na reabsorção de 
cálcio, hiperparatireoidismo, repouso prolongado, 
utilização excessiva de antiácidos que contenham 
cálcio e predisposição genética.
Ureter
O ureter é um tubo músculo-membranoso estreito e 
longo (no adulto tem de 25 a 30 cm de comprimen-
to). Ele inicia no hilo renal e desemboca na bexiga 
urinária. Assim, sua função é conduzir a urina pro-
duzida no rim até à bexiga urinária onde a mesma 
fica armazenada até a micção. Devido sua consti-
tuição muscular, ele é capaz de se contrair e realizar 
movimentos peristálticos (WATANABE, 2000).
Em seu trajeto do rim até a bexiga, o ureter desce 
justaposto à parede abdominal e à parede pélvica, 
passando posteriormente ao peritônio (ou seja, é re-
troperitoneal e imóvel). Dessa forma, ele apresenta 
três porções: a abdominal, a pélvica e a intramural 
(quando atravessa a parede da bexiga).
Quando os ureteres atravessam a parede muscu-
lar da bexiga urinária, eles o fazem de maneira oblíqua 
formando uma válvula unidirecional que, junto com a 
pressão interna da bexiga ocasionada pelo seu enchi-
mento, impede o refluxo da urina em direção ao ureter. 
Além disso, as contrações musculares da bexiga tam-
bém atuam como um esfíncter impedindo tal refluxo.
Figura 3 - Órgãos do sistema urinário Figura 4 - Ureter
Rim esquerdoRim direito
Ureter direito Ureter esquerdo
Bexiga urinária
ANATOMIA 
156 
Bexiga Urinária
A bexiga urinária é um órgão ímpar que ficalocali-
zado, após a puberdade, na cavidade pélvica (no feto 
e no recém-nascido ela se localiza na cavidade abdo-
minal). Embora seja oca, ela é constituída por fortes 
paredes musculares que se distendem para permi-
tir que sua função de armazenamento de urina seja 
possível (normalmente, ela pode armazenar de 350 
ml a 1,5 litros de urina).
Sua forma, tamanho, relação com órgãos vizi-
nhos e situação variam de acordo com suas fases 
de vacuidade, com a idade e o sexo do indivíduo. 
No adulto, por exemplo, quando ela está vazia, fica 
achatada contra a sínfise púbica, mas quando está 
cheia, ela assume uma forma ovoide que se salienta 
na cavidade abdominal. De igual modo, sua posi-
ção anatômica é diferente no homem e na mulher. 
Enquanto, no homem ela fica localizada à frente do 
reto, na mulher o útero fica interposto entre ela e o 
reto (FREITAS, 2004).
A bexiga apresenta uma face superior, duas faces 
ínfero-laterais e uma face posterior (também cha-
mada de fundo ou base da bexiga). Seu ápice aponta 
para a sínfise púbica; seu fundo é convexo e oposto 
ao ápice; seu corpo é considerado sua parte principal 
localizada entre o ápice e o fundo; seu colo é inferior 
(MOORE et al, 2001). Além disso, a superfície inter-
na da bexiga apresenta vários acidentes anatômicos 
(como o óstio do ureter, o óstio interno da uretra, o 
trígono vesical e a úvula da bexiga). Todavia, estes 
acidentes não serão detalhados nesta unidade, pois 
não fazem parte da vida diária do profissional de 
educação física.
Como vimos anteriormente, a bexiga urinária é 
constituída por músculos fortes que apresentam fi-
bras lisas dispostas em espiral, cuja contração pro-
voca o esvaziamento da bexiga. Vale destacar que a 
micção é um mecanismo reflexo desencadeado pela 
distensão da bexiga. Esse mecanismo depende da 
atividade do sistema nervoso autônomo, mas pode 
ser influenciado voluntariamente por meio da ação 
de músculos do abdome e do períneo (que veremos 
ao fim desta unidade). 
Uretra
A uretra é considerada o segmento terminal do 
sistema urinário. Ela é um tubo mediano cuja fun-
ção é conduzir a urina até o meio externo. Parti-
cipam de sua constituição tecido conjuntivo, mús-
culo liso e mucosa (elástica e rica em glândulas) 
(DI DIO, 2002).
Figura 5 - Bexiga urinária
Cérvix
Ovário
Reto
ÂnusVagina
Uretra
Bexiga urinária
Útero
Tuba uterina
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 157
Há diferenças entre a uretra masculina e femini-
na. A feminina é muito curta (aproximadamente 4 
cm) e se destina apenas à passagem de urina. Ela se 
abre para o meio externo por meio do óstio externo 
da uretra, um pequeno orifício localizado entre os 
lábios menores do pudendo, próximo ao clitóris e ao 
óstio da vagina.
Em contrapartida, a uretra masculina é longa 
(aproximadamente 20 cm), sinuosa e se destina à 
passagem de urina e de sêmen durante a ejacula-
ção (assim, ela pertence tanto ao sistema urinário 
quanto ao sistema genital masculino). Por isso, ela é 
dividida em quatro partes: uretra pré-prostática ou 
intramural, uretra prostática, uretra membranácea e 
uretra esponjosa.
Enquanto a uretra intramural tem diâmetro e 
comprimento variáveis de acordo com o enchimen-
to da bexiga, a uretra prostática é completamente 
circundada pela próstata e dela recebe secreção (pe-
los dúctulos prostáticos), além de receber o sêmen 
(pelos ductos ejaculatórios). A uretra membranácea 
penetra a membrana do períneo e termina ao en-
trar no pênis. Próximo a esta parte da uretra estão 
as glândulas bulbouretrais (que serão estudadas em 
breve ainda nesta unidade). 
Por fim, a uretra esponjosa começa na extremi-
dade distal da uretra membranácea e termina no 
óstio externo da uretra (um pequeno orifício loca-
lizado na região central da glande do pênis). Essa 
porção da uretra é longa e está envolvida pelo cor-
po esponjoso do pênis (por isso, recebe este nome). 
Nela se abrem as glândulas bulbouretrais.
Figura 6 - Comparação entre a uretra masculina e feminina
A uretra pode ser acometida por processo 
inflamatório caracterizando o quadro clínico 
de uretrite. Se a inflamação progredir em di-
reção à bexiga urinária, ocorrerá cistite (que é 
mais comum em mulheres devido à pequena 
dimensão da uretra). Se o ureter for acometi-
do ocorrerá ureterite e se a inflamação atingir 
os rins ocorrerá nefrite. Além disso, nos ho-
mens pode ter propagação para a próstata 
causando prostatite.
 Fonte: Copacabana Runners (on-line)1.
SAIBA MAIS
ANATOMIA 
158 
ÓRGÃOS DO SISTEMA GENITAL 
MASCULINO 
Testículo
Os testículos são duas glândulas ovais, achatadas no 
sentido látero-lateral, que produzem continuamen-
te, a partir da maturidade sexual, os gametas mascu-
linos (os espermatozoides) e o hormônio testostero-
na (MOORE et al., 2014).
Na vida intrauterina, ele se desenvolve no inte-
rior do abdome (próximo aos rins), mas à medida 
que a gestação avança, o testículo desce e se posi-
ciona no interior do escroto onde é palpável ao 
nascimento. É fundamental que esse processo de 
migração se complete antes da puberdade para que 
os testículos fiquem alojados externamente à parede 
da pelve, pois, a temperatura intra-abdominal (36 a 
37°C) poderia comprometer a produção dos esper-
matozoides tornando o indivíduo estéril (pois para 
a espermatogênese o ideal é 35°C). Por isso, a não 
descida do testículo (chamada criptorquidia) pode 
ser corrigida cirurgicamente.
Em geral, o testículo esquerdo é inferior ao di-
reito e eles são separados por um septo de tecido 
conjuntivo (chamado septo do escroto) que é per-
cebido externamente como a rafe do escroto (uma 
espécie de “costura” mais escura visível na superfície 
externa do escroto).
Adicionalmente, a superfície do testículo é re-
vestida por tecido conjuntivo muito resistente cha-
mado túnica albugínea, e por um saco seroso duplo 
chamado túnica vaginal que emite septos para o in-
terior do testículo dividindo-o em lóbulos onde se 
encontra o parênquima do testículo. Os ápices dos 
lóbulos convergem e formam o mediastino do testí-
culo que é uma massa de tecido fibroso.
Nos lóbulos existem muitos ductos finos, longos, 
sinuosos e de calibre quase capilar que são chama-
dos de túbulos seminíferos contorcidos que formam 
os espermatozoides. Esses túbulos convergem para o 
mediastino do testículo e se anastomosam para for-
mar os túbulos seminíferos retos, os quais se entre-
cruzam formando uma rede que desemboca em 15 
a 20 dúctulos eferentes que se destinam à cabeça do 
epidídimo. Assim, o espermatozoide produzido no 
testículo é encaminhado ao epidídimo.
Sistema Genital 
Masculino
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 159
Como o testículo se posiciona externamente à pa-
rede da pelve e os outros órgãos do sistema genital 
masculino estão no interior dela, várias estruturas 
entram e saem do testículo formando o funículo 
espermático que é envolto pela fáscia espermática 
interna, fáscia espermática externa e pela fáscia cre-
mastérica. O funículo espermático percorre uma es-
pécie de túnel através da parede do abdome, o canal 
inguinal, o qual pode apresentar hérnias inguinais. 
Dentre as estruturas que o percorrem destacam-se 
as veias testiculares cujo aparecimento de varizes 
caracteriza uma condição patológica chamada va-
ricocele que leva ao acúmulo de sangue venoso no 
testículo reduzindo a espermatogênese e podendo 
causar infertilidade.
Assim, é importante salientar que na bolsa es-
crotal não fica apenas o testículo, mas também o 
epidídimo, parte do ducto deferente e do funículo 
espermático. É uma região extremamente inervada 
e, portanto, muito sensível porque representa o local 
onde a espermatogênese ocorre. Dessa forma, a sen-
sibilidade faz com que os homens protejam todo o 
conteúdo da bolsa escrotal a fim de que os esperma-
tozoides sejam bem formados e hábeis à fecundação 
e geração de novos indivíduos saudáveis. 
Epidídimo
O epidídimo (que muitas pessoas desconhecem 
onde fica e para que serve) é um órgão par, em for-
ma de tubo enovelado com aspecto de meia lua, 
cuja funçãoé o armazenamento temporário e a ma-
turação dos espermatozoides (MIRANDA NETO; 
CHOPARD, 2014).
Ele se entende da borda posterior do testículo 
até o ducto deferente e apresenta cabeça, corpo e 
cauda. A cabeça é uma região mais dilatada que 
fica na extremidade superior do testículo; o corpo 
é afilado e formado pelo ducto contorcido do epi-
dídimo; a cauda é sua parte inferior, contínua com 
o ducto deferente.
Figura 7 - Testículo
Figura 8 - Epidídimo
Anatomia do testículo
Plexo pampiniforme
Ducto deferente
Testículo
Epidídimo
Artéria testícular
ANATOMIA 
160 
Ducto deferente
O ducto deferente é órgão par, com cerca de 30 cm 
de comprimento, cuja função é permitir a passagem 
dos espermatozoides da cauda do epidídimo até a 
próstata, à medida que eles amadurecem. Por isso, é 
considerado o canal excretor do testículo (DANGE-
LO; FATTINI, 2011).
Para tanto, o ducto deferente deixa o escroto, 
sobe pelo funículo espermático, comunica-se com 
as glândulas seminais (por meio dos ductos das 
glândulas seminais) e penetra a próstata onde ori-
ginam o ducto ejaculatório. Por isso, ele apresenta 
uma parte escrotal, funicular, inguinal, pélvica e a 
ampola do ducto deferente (parte alargada que se 
une ao ducto da glândula seminal para formar o 
ducto ejaculatório).
Como apresenta músculo liso em sua parede, no 
momento que precede a ejaculação, o ducto defe-
rente se encurta e ao mesmo tempo amplia sua luz, 
funcionando como uma câmera de pressão negativa 
que atrai os espermatozoides para o seu interior. A 
seguir, ele se contrai expulsando-os em direção ao 
ducto ejaculatório.
Glândula seminal
A glândula seminal também é um órgão par, forma-
do por estruturas tubulares enoveladas em fundo 
cego, com cerca de 5 cm de comprimento. Situa-se 
posteriormente à bexiga urinária e acima da prósta-
ta e é constituída de músculo liso e tecido conjuntivo 
fibroso (WATANABE, 2000).
Figura 9 - Ducto deferente
Quando um homem deseja ser esterilizado, a 
vasectomia é uma excelente opção. Nesse pro-
cedimento cirúrgico, o ducto deferente é sec-
cionado de forma que, durante a ejaculação 
ocorre apenas a eliminação de líquido seminal 
sendo os espermatozoides reabsorvidos.
REFLITA
Figura 10 - Glândula seminal
Sua função é secretar um líquido seminal alcalino, 
espesso, rico em frutose, que ativa o movimento dos 
espermatozoides e contribui para a nutrição dos 
mesmos. Esse líquido representa cerca de 60% do 
conteúdo eliminado durante a ejaculação. Inferior-
Ducto deferente 
direito
Ducto deferente 
esquerdo
Glândula seminal
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 161
mente, a extremidade da glândula seminal torna-se 
estreita e ereta formando o ducto da glândula semi-
nal, que como mencionado anteriormente, une-se 
ao ducto deferente formando o ducto ejaculatório 
dentro da próstata. Lembra?
Próstata
A próstata é considerada a maior glândula acessória 
do sistema genital masculino, pois tem cerca de 3 cm 
de comprimento, 4 de largura e 2 de profundidade 
ântero-posterior. Embora seja pouco desenvolvida 
ao nascimento, ela cresce da puberdade até em tor-
no dos 30 anos de idade, e depois diminui após os 40 
anos (DI DIO, 2002).
Ela tem dois lobos laterais (direito e esquerdo) 
e um lobo mediano (o istmo da próstata). Localiza-
-se na pelve, em posição mediana, logo, abaixo da 
bexiga urinária. Assim, apresenta uma base (voltada 
à bexiga urinária), um ápice (voltada aos músculos 
do períneo), uma face anterior muscular (separada 
da sínfise púbica por gordura), duas faces ínferolate-
rais (voltadas ao músculo levantador do ânus) e uma 
face posterior (voltada ao reto). Sua proximidade 
com o reto explica o fato dela poder ser palpada por 
meio do toque retal para auxiliar no diagnóstico de 
hiperplasia de próstata.
Externamente, a próstata é envolta por uma cáp-
sula fibrosa densa neurovascular e pela fáscia visceral 
da pelve. Em sua constituição estão presentes múscu-
lo liso, tecido conjuntivo fibroso e glândulas (um ter-
ço de sua composição é fibromuscular e dois terços é 
glandular, pois, ela apresenta de 30 a 50 glândulas).
Tais glândulas secretam o líquido prostático 
que, além de ativar a movimentação dos esper-
matozoides, é alcalino e neutraliza a acidez do lí-
quido proveniente do ducto deferente e da vagina. 
Esse líquido representa cerca de 30% do volume 
ejaculado e é fundamental para dar o odor carac-
terístico do sêmen.
Como a próstata é atravessada em toda a sua 
extensão pela uretra, a secreção de suas glândulas é 
lançada diretamente na porção prostática da uretra 
por meio de vários dúctulos prostáticos. Sua cápsula 
e fibras musculares se contraem forçando o líquido 
prostático em direção à parte prostática da uretra.
Não confunda espermatozoide (gameta mascu-
lino), líquido seminal ( produzido pelas glându-
las seminais e próstata, não tem gameta) e es-
perma ou sêmen (gameta mais líquido seminal). 
REFLITA
Figura 11 - Próstata
Ducto ejaculatório
O ducto ejaculatório é o último e menor segmento 
das vias espermáticas (tem cerca de 2 cm de com-
primento). Ele é ímpar e, como já vimos, resulta da 
união do ducto da glândula seminal com o ducto de-
ferente. Assim, atravessa a próstata e desemboca na 
parte prostática da uretra (FREITAS, 2004). 
ANATOMIA 
162 
Glândula bulbouretral
A glândula bulbouretral é uma pequena estrutura 
anatômica (do tamanho de uma ervilha), localizada 
à direita e à esquerda da parte inicial da uretra mem-
branosa, junto ao bulbo do pênis (TORTORA et al., 
2010). Sua função é produzir, durante o período de 
excitação sexual que antecede a ejaculação, uma se-
creção mucosa e alcalina que, além da função lubri-
fi cante, contribui para neutralizar o pH da uretra e 
eliminar resíduos de urina. Essa secreção é lançada 
na parte esponjosa da uretra pelos ductos das glân-
dulas bulbouretrais (como já vimos).
Figura 12 - Ducto ejaculatório e glândula bulbouretral
Uretra
A uretra já foi estudada por ocasião do sistema uri-
nário, mas você deve lembrar que, para o homem, ela 
é comum tanto ao sistema urinário (pois se destina à 
passagem da urina) quanto ao sistema genital mas-
culino (pois se destina à passagem do sêmen durante 
a ejaculação). Além disso, também vale lembrar que 
há inúmeras diferenças entre a uretra masculina e a 
feminina. Assim, neste tópico, revisaremos apenas a 
uretra masculina, enquanto, pertencente ao sistema 
genital masculino.
A uretra é um tubo mediano sinuoso e longo 
(com aproximadamente 20 cm de comprimento), 
constituído por tecido conjuntivo, músculo liso e 
mucosa (elástica e rica em glândulas). Além disso, 
é dividida em uretra pré-prostática ou intramural, 
uretra prostática, uretra membranácea e uretra es-
ponjosa (MOORE et al., 2014).
Enquanto, a uretra intramural tem diâmetro 
e comprimento variáveis de acordo com o enchi-
mento da bexiga (pois a atravessa), a uretra pros-
tática é completamente circundada pela próstata 
e dela recebe secreção prostática (pelos dúctulos 
prostáticos), além de receber o sêmen (pelos duc-
tos ejaculatórios).
A uretra membranácea penetra a membrana do 
períneo e termina ao entrar no pênis. Próximo a esta 
parte da uretra estão as glândulas bulbouretrais. Por 
fi m, a uretra esponjosa começa na extremidade dis-
tal da uretra membranácea e termina no óstio ex-
terno da uretra (um pequeno orifício localizado na 
região central da glande do pênis). Esta porção da 
uretra é longa e está envolvida pelo corpo esponjoso 
do pênis (por isso, recebe este nome). Nela se abrem 
as glândulas bulbouretrais.
O ducto ejaculatório se 
forma dentro da próstata
As glândulas bulbouretrais
se localizam na raiz do pênis
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 163
Pênis
O pênis é um órgão ímpar localizado na região pu-
denda. Sua principal função é possibilitar o coito 
por meio da penetração na estrutura de cópula do 
sistema genital feminino (a vagina) a fi m de nela 
lançar os espermatozoides (WATANABE, 2000).
Em sua constituição existem três longas massas 
cilíndricas de tecido lacunar erétil quesão os dois 
corpos cavernosos e o corpo esponjoso. Os corpos 
cavernosos são constituídos por muitas trabéculas 
de tecido conjuntivo fi broso, fi bras elásticas e mús-
culo liso revestido por células endoteliais que dei-
xam entre si espaços por onde passam as artérias 
profunda e dorsal do pênis. 
No plano mediano eles são fundidos um ao ou-
tro, mas, posteriormente, separam-se para formar 
os ramos do pênis os quais fazem a fi xação do pênis 
aos ossos do quadril (ísquio e púbis). Esses corpos 
formam o maior volume do pênis e abrigam o cor-
po esponjoso. Por sua vez, o corpo esponjoso con-
tém a parte esponjosa da uretra e apresenta uma 
dilatação anterior chamada glande, e outra poste-
rior, chamada bulbo, que se prende às estruturas do 
assoalho da pelve.
Todavia, é importante ressaltar que além dos 
corpos cavernosos e do corpo esponjoso, o pênis 
também é formado por vasos sanguíneos, vasos 
linfáticos e é revestido por uma pele fi na, sensível, 
elástica, lisa, de cor escura e frouxamente presa à 
tela subcutânea. Além disso, tanto os corpos caver-
nosos quanto o corpo esponjoso são revestidos por 
fáscias e túnicas fi brosas (como a túnica albugínea, 
e a fáscia superfi cial e profunda do pênis) as quais 
favorecem o ingurgitamento de sangue e predis-
põem a ereção.
No pênis distinguem-se três regiões: raiz, corpo 
e glande. A raiz é onde ele se origina, ou seja, sua 
porção fi xa formada pelos ramos e bulbo do pênis, 
e pelos músculos isquiocavernoso e bulboesponjo-
so. O corpo é sua parte pendular livre e móvel onde 
estão os corpos cavernosos e o corpo esponjoso. Já a 
glande é sua extremidade distal dilatada onde o ós-
tio externo da uretra se abre.
A glande fi ca superfi cialmente separada do res-
to do corpo do pênis por uma constrição, o colo da 
glande e apresenta uma borda proeminente chama-
da coroa da glande onde existem glândulas prepu-
ciais produtoras de uma secreção de odor caracte-
rístico (o esmegma). Além disso, a glande é coberta 
por uma pele fi na que forma uma prega retrátil cha-
mada prepúcio, o qual apresenta inferiormente um 
freio que limita sua mobilidade.
Figura 13 - Pênis
Corpo do pênis.
Observe como a uretra 
esponjosa percorre todo o 
corpo esponjoso do pênis
ANATOMIA 
164 
Se a abertura do prepúcio for estreitada impe-
dindo a exposição da glande, ocorre uma condição 
patológica chamada fimose. Tal condição, além de 
dificultar o coito, atrapalha a higienização do pênis 
o que é extremamente preocupante haja vista a glan-
de apresentar inúmeras glândulas sebáceas e prepu-
ciais produtoras de sebo e esmegma. Além disso, o 
acúmulo de esmegma pode fazer com que micro-or-
ganismos de proliferarem e invadam a uretra cau-
sando infecção. Muitas vezes, podem não aparecer 
sintomas graves, mas surge odor desagradável e pru-
rido (coceira). Assim, quando a fimose é diagnostica 
uma correção cirúrgica pode ser indicada.
Por fim, vale destacar que dois ligamentos 
prendem-se ao pênis (o ligamento fundiforme e 
o ligamento suspensor do pênis) e que, interna-
mente, os corpos cavernosos são separados pelo 
septo do pênis. 
Escroto ou bolsa escrotal
O escroto é uma bolsa fibromuscular cutânea que 
fica situada inferiormente à sínfise púbica e, pos-
teriormente, ao pênis, permanecendo pendente na 
região urogenital. Sua principal função é conter o 
testículo fora da cavidade pélvica cuja temperatu-
ra (37ºC) é superior à temperatura ideal para a es-
permatogênese (35ºC) (MIRANDA NETO; CHO-
PARD, 2014).
Ele é dividido pelo septo do escroto em dois 
compartimentos, os quais contêm um testículo, um 
epidídimo, a parte inferior do funículo espermáti-
co e seus envoltórios. Vale destacar que, embora o 
testículo fique contido em seu interior, ele apresenta 
relativa mobilidade dentro do escroto.
A bolsa escrotal possui várias camadas, sendo as prin-
cipais a pele, a túnica dartos e a túnica vaginal. A pele 
é relativamente fina, muito pigmentada, com poucos 
pelos e muitas glândulas sebáceas e sudoríferas cuja 
sudorese ajuda a eliminar o calor. Ela é marcada ex-
ternamente por uma crista mediana chamada rafe do 
escroto a qual continua anteriormente com a rafe do 
pênis e posteriormente com a rafe do períneo.
A túnica dartos é aderida à pele e formada por 
fibras musculares lisas fundamentais para a termor-
regulacão. Por exemplo, a contração das fibras deter-
mina o aspecto enrugado da pele por influência do 
frio, exercício ou estímulo do músculo oblíquo inter-
no do abdome. Além disso, sua contração ajuda os 
músculos cremasteres a manterem os testículos mais 
próximos do corpo para reduzir a perda de calor.
Figura 14 - Bolsa escrotal
Bolsa escrotal.
Observe como a bolsa 
escrotal abriga e protege 
não só o testículo, mas 
também o epidídimo e o 
ducto deferente
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 165
Por fim, a túnica vaginal é uma serosa deri-
vada do peritônio que acompanha os testículos 
durante sua migração do abdome para o escroto. 
Embora o escroto também possa ser chamado de 
bolsa escrotal, ele não deve ser chamado de saco 
escrotal, está bem? 
EREÇÃO
Estímulos físicos (como o toque) e psíquicos 
(como um pensamento relacionado à sexualida-
de) desencadeiam uma resposta do sistema nervo-
so autônomo parassimpático a partir do segmento 
sacral da medula espinal de onde partem fibras 
nervosas até o pênis. Essas fibras, em contraste 
com a maioria das fibras parassimpáticas, secre-
tam óxido nítrico (NO) que causa relaxamento 
dos músculos lisos das artérias do pênis (vasodila-
tação) e da rede de trabéculas do tecido erétil dos 
corpos cavernosos e esponjoso fazendo o sangue 
fluir rapidamente para enchê-lo.
Concomitantemente, a túnica albugínea do pê-
nis entra em tensão, comprime os espaços caverno-
sos e bloqueia a saída do sangue pelas vênulas e veias 
causando o completo enchimento dos lagos venosos 
e o enrijecimento peniano. Além disso, a contração 
reflexa do músculo isquiocavernoso ajuda a aumen-
tar a pressão nos espaços cavernosos.
Posteriormente, o sistema nervoso autônomo 
simpático age desencadeando a ejaculação e causan-
do vasoconstrição arterial a fim de reduzir o fluxo 
de sangue para os corpos cavernosos. Assim, a saída 
de sangue pelas veias faz com que o pênis volte a seu 
estado de flacidez (MOORE et al., 2014).
Vale destacar que problemas psicológicos, ten-
sões emocionais e insuficiências vasculares (co-
muns em idosos, diabéticos, hipertensos, sedentá-
rios e fumantes) podem causar impotência sexual. 
Além disso, o fumo afeta diretamente a função 
erétil devido seu efeito vasoconstritor e à predis-
posição que causa às doenças degenerativas da pa-
rede arterial.
EJACULAÇÃO
A ejaculação é caracterizada como a eliminação do 
sêmen pelo óstio externo da uretra. Normalmente, 
ela ocorre no momento do orgasmo ou durante o 
sono (sendo chamada de polução noturna) e é de-
sencadeada por impulsos do sistema nervoso autô-
nomo simpático provenientes dos segmentos lom-
bares da medula espinal.
Assim, estímulos são enviados pelo nervo pu-
dendo até à medula espinal a qual, em resposta, esti-
mula os músculos estriados esqueléticos localizados 
em torno do tecido erétil da raiz do pênis causando 
sua contração, compressão da uretra e possibilitan-
do a ejaculação. Por isso, em casos de secção da me-
dula espinal o indivíduo perde o controle da ejacu-
lação (MOORE et al., 2014).
ANATOMIA 
166 
ÓRGÃOS INTERNOS DO SISTEMA GENI-
TAL FEMININO
Ovário
De acordo com Dangelo e Fattini (2011), o ovário é 
um órgão par, de forma oval, que repousa na fossa 
ovárica. Ele tem cerca de 3 a 4 cm (embora, diminua 
de tamanho com o envelhecimento) e apresenta con-
sistência firme (que aumenta com a idade). Sua função 
é produzir, ao final da puberdade, gametas femininos 
(os ovócitos) e hormônios (estrógeno e progesterona).
É interessante ressaltar que, embora o ovário fi-
que suspenso na cavidade peritoneal pélvica, sua su-
perfície não é coberta pelo peritônio. Tal fato faz com 
que o ovócito expelido durante a ovulação passe para 
a cavidadeperitoneal até ser aprisionado pelas fím-
brias do infundíbulo da tuba uterina e conduzido até 
a ampola da tuba uterina onde poderá ser fertilizado.
Nas mulheres pré-púberes, a cápsula de tecido 
conjuntivo (túnica albugínea do ovário) que forma 
sua superfície é coberta por uma lâmina lisa de me-
sotélio ovariano. Depois da puberdade, ocorrem fi-
brose e distorção progressiva do epitélio superficial 
ovariano em razão das cicatrizes deixadas pelas su-
cessivas ovulações. Assim, o ovário se torna branco/
acinzentado e rugoso (antes da primeira ovulação 
ele é liso e rosado). 
O ovário passa por trás do ligamento largo do 
útero que se prende. Na realidade, cada ovário é 
suspenso por uma curta prega peritoneal, chamada 
mesovário que é uma subdivisão do ligamento lar-
go do útero. Todavia, outros ligamentos o mantém 
em posição prendendo-o a formações vizinhas, com 
o ligamento útero-ovárico, ligamento suspensor do 
ovário e ligamento próprio do ovário.
Sistema Genital 
Feminino
Figura 15 - Ovário
Vista externa do 
ovário
Vista interna do 
ovário
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 167
Tuba Uterina
A tuba uterina é uma estrutura anatômica tubular 
cuja principal função é transportar os ovócitos e os 
espermatozoides. Esse processo é facilitado pelo fato 
de sua superfície interna apresentar pregas longitu-
dinais (as pregas tubárias), que lhe conferem um as-
pecto labiríntico útil para a captação e transporte do 
ovócito e do espermatozoide por meio de seu com-
primento (FREITAS, 2004).
A tuba uterina é dividida em infundíbulo, am-
pola, istmo e parte uterina. O infundíbulo é sua 
extremidade distal. É alongado em forma de funil, 
justaposto ao ovário, móvel e com franjas (fím-
brias). Como já mencionado, ele se abre na cavi-
dade peritoneal por meio do óstio abdominal da 
tuba. A ampola é sua parte mais longa e larga, é 
móvel e representa o local onde a fecundação nor-
malmente ocorre. Enquanto o istmo é uma porção 
estreitada com parede espessa que adentra o útero, 
a parte uterina ou intramural atravessa a parede 
do útero abrindo-se na cavidade uterina através do 
óstio uterino da tuba.
Figura 16 - Tuba uterina
À semelhança do ovário, a tuba uterina também 
está situada em uma prega peritoneal, a mesos-
salpinge, incluída na borda superior do ligamento 
largo do útero. Por isso, durante a gestação, ela e o 
ovário são deslocados junto com o útero. Embora 
a tuba tenha cerca de 10 cm de comprimento, sua 
luz é estreita. Ela apresenta uma extremidade me-
dial (que se comunica com útero pelo óstio uterino 
da tuba) e uma extremidade lateral (que se comu-
nica com a cavidade peritoneal por meio do óstio 
abdominal da tuba). Assim, na mulher o peritônio 
se comunica com o meio externo por meio do ós-
tio da vagina. Tal comunicação não ocorre no sexo 
masculino uma vez que a cavidade peritoneal é 
completamente fechada no homem. 
Gravidez ectópica é a gestação que ocorre 
fora da cavidade uterina. Ela pode se dar, por 
exemplo, na tuba uterina (conhecida como 
gravidez tubária). As causas incluem diversos 
fatores que retardam ou impedem a passa-
gem do ovo ou zigoto para a cavidade uterina 
os quais podem ser mecânicos, funcionais, 
decorrentes do próprio processo de envelhe-
cimento ou de drogas hormonais.
Fonte: Minha Vida (on-line)2.
SAIBA MAIS
Útero
O útero é um órgão cavitário, eminentemente mus-
cular, situado na pequena pelve entre a bexiga uri-
nária e o reto. Ele é envolto pelo ligamento largo do 
útero, tem cerca de 7 cm de comprimento, 5 de lar-
gura e pesa aproximadamente 90 gramas, mas pode 
se dilatar ao ponto de abrigar gêmeos, trigêmeos, 
quadrigêmeos em seu interior. Tem a forma de uma 
pera invertida, mas não é totalmente mediano, pois 
Tuba uterina 
direita
Tuba uterina 
esquerda
ANATOMIA 
168 
quase sempre está deslocado à direita. Todavia, sua 
forma, tamanho, posição e estrutura podem variar 
dependendo da idade, do estado gestacional e da va-
cuidade da bexiga e do reto (DI DIO, 2002).
Sua função principal é alojar o embrião para 
que se desenvolva durante todo o período em-
brionário. Todavia, ele também atua por meio de 
contrações musculares facilitando o parto por via 
vaginal (parto normal).
O útero apresenta duas partes essenciais, o cor-
po e o colo. O corpo é sua porção principal situa-
da entre as lâminas do ligamento largo através de 
suas bordas direita e esquerda. Apresenta uma face 
anterior ou vesical (separada da bexiga pela escava-
ção vésico-uterina) e uma face posterior ou intesti-
nal (separada do reto pela escavação retouterina). 
É móvel e se comunica lateralmente com as tubas 
uterinas. A porção arredondada do corpo que fica 
acima do ponto onde esta comunicação ocorre é 
chamada de fundo do útero. No interior do corpo 
do útero existe a cavidade uterina a qual é estreita 
no período não grávido.
O colo do útero é dividido em porção vaginal 
(que se projeta para a vagina e circunda o óstio do 
útero) e porção supravaginal (acima da vagina). No 
colo, a cavidade uterina é estreita e passa a ser cha-
mada de canal do colo do útero. Corpo e colo se 
separam por meio do istmo do útero (uma região 
inferior, curta e estreitada).
A parede do corpo do útero apresenta três ca-
madas: o perimétrio, o miométrio e o endométrio. 
O perimétrio é externo e representado pelo peri-
tônio. O miométrio fica interposto entre as outras 
duas camadas e forma a maior parte da parede do 
útero. Ele é constituído por músculo liso o qual 
permite o aumento do volume do útero durante 
a gravidez e a contração que inicia o trabalho de 
parto forçando o concepto em direção ao canal do 
colo do útero. Após o parto, ele continua a se con-
trair para rearranjar seus componentes e voltar ao 
tamanho aproximado do que tinha antes da gravi-
dez. Tais contrações são importantes também para 
promover um pinçamento dos vasos sanguíneos 
que se rompem durante o deslocamento da placen-
ta impedindo quadros hemorrágicos.
O endométrio é a camada mucosa interna que 
participa do ciclo menstrual. Mensalmente, ele se 
prepara para receber o zigoto tornando-se espesso e 
rico em capilares. Todavia, não ocorrendo a fecun-
dação, este espessamento do endométrio se descama 
eliminando sangue por meio do óstio da vagina (fe-
nômeno conhecido como menstruação). Além dis-
so, sob a influência do estrógeno e da progesterona, 
o endométrio sofre modificações com as fases do 
período menstrual, uterino ou gravídico.
Normalmente, o útero forma um ângulo de 90º 
com a vagina (é antevertido) e se flete anteriormen-
te em relação ao colo (é antefletido). Seu posicio-
namento é mantido por importantes ligamentos os 
quais, com o envelhecimento e em decorrência da 
menopausa, podem se tornar menos resistentes e 
flácidos. Tal fato é explicado em função da menor 
produção de estrógeno e, consequentemente, redu-
ção na síntese de colágeno que os compõe. Com isso, 
o útero pode migrar em direção a vagina (prolapso 
uterino) e alterar a posição da bexiga e a angulação 
da uretra podendo causar, dentre outros sinais, in-
continência urinaria. 
Vagina
O nome vagina significa bainha e lhe foi atribuído 
em decorrência do fato dela envolver o pênis duran-
te a penetração. Assim, sua principal função está re-
lacionada à cópula, mas também participa como um 
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 169
canal para passagem da menstruação e representa a 
parte inferior do canal de parto (MIRANDA NETO; 
CHOPARD, 2014).
A vagina é um tubo musculomembranáceo ím-
par, mediano, com cerca de 8 cm de comprimento, 
cujas paredes normalmente estão colabadas forman-
do uma fenda ântero-posterior. Ela se situa poste-
riormente à bexiga urinária e à uretra e, anterior-
mente, ao reto. Tem direção oblíqua para baixo e 
para frente de forma que sua parede anterior é mais 
curta do que a posterior. Além disso, sua extremi-
dade superior circunda o colo do útero permitindo 
sua comunicação com a cavidade uterina (através do 
óstio do útero). Inferiormente, ela se comunica com 
o meio externo por meio do óstio da vagina.
O óstio davagina é parcialmente fechado nas 
virgens. Esse fechamento é realizado pelo hímen - 
uma membrana delgada de tecido conjuntivo pouco 
vascularizada. A forma e o tamanho do hímen são 
variáveis podendo apresentar uma única abertura 
ou ser cribriforme (todo perfurado). Todavia, im-
perfurações ou agenesia no hímen são raras. Após 
sua ruptura (que não é dolorosa e nem provoca he-
morragia), permanecem pequenos fragmentos cha-
mados de carúnculas himenais. 
A vagina é constituída por três túnicas, a exter-
na ou adventícia (formada por tecido conjuntivo), a 
média (formada por músculo liso) e a mucosa (re-
sistente e elástica, com rugas vaginais que tendem 
a desaparecer). Na mucosa, além de glândulas pro-
dutoras de muco, existem células que, sob a ação 
do estrógeno, sintetizam glicogênio e partículas de 
gorduras que são utilizados por lactobacilos da flora 
vaginal resultando na produção de ácido lático. Esse 
ácido abaixa o pH da vagina protegendo-a contra 
microrganismos patogênicos (que poderiam causar 
vaginite) e paralisa os espermatozoides. 
ÓRGÃOS EXTERNOS
O conjunto das estruturas anatômicas externas do 
sistema genital feminino é chamado de vulva ou 
pudendo feminino. Incluem o monte do púbis, os 
lábios maiores e menores do pudendo, o clitóris, o 
bulbo do vestíbulo e as glândulas vestibulares maio-
res e menores. De maneira geral, tais estruturas ser-
vem para orientar o fluxo da urina, evitar a entra-
da de material estranho no trato urogenital e como 
tecido sensitivo e erétil para a excitação e a relação 
sexual (TORTORA et al., 2010).
Figura 17 - Útero e vagina
Figura 18 - Vulva
Cérvix
Ovário
Reto
ÂnusVagina
Uretra
Bexiga urinária
Útero
Tuba uterina
Anatomia da Vulva
Monte do púbis
Clitóris
Lábio menor do pudendo
Óstio da uretra
Lábio maior do pudendo
Vagina
Ânus
Anatomia da vulva
ANATOMIA 
170 
Monte do púbis
O monte do púbis é uma elevação mediana, anterior 
à sínfise púbica e contínua com a parede abdominal 
anterior. Ele é limitado lateralmente pelas pregas 
inguinais. Sua constituição inclui, principalmente, 
tecido adiposo (cuja quantidade é maior na puber-
dade e menor após a menopausa) e pelos espessos 
(após a puberdade).
Lábio maior do pudendo
O lábio maior do pudendo é um prega cutânea 
alongada, constituída de tecido conjuntivo frouxo 
e músculo liso. Sua principal função é dar proteção 
indireta ao clitóris, ao óstio da uretra e ao óstio da 
vagina. Após a puberdade, apresenta-se hiperpig-
mentado, com muitas glândulas sebáceas e pelos, 
embora sua face interna permaneça sempre lisa e 
rosada. O lábio direito e o esquerdo delimitam en-
tre si uma fenda chamada rima do pudendo e suas 
extremidades anteriores e posteriores se unem for-
mado, respectivamente, a comissura labial anterior 
e a comissura labial posterior (esta última segue em 
direção ao ânus). 
Lábio menor do pudendo
O lábio menor do pudendo é uma prega cutânea lo-
calizada medialmente ao lábio maior. Na criança e 
na idosa, ele é mais volumoso do que o lábio maior 
devido à maior quantidade de tecido adiposo que 
apresenta. No vivente, a pele que o recobre é lisa, 
úmida e vermelha. Ele apresenta tecido conjuntivo 
esponjoso contendo tecido erétil, muitos pequenos 
vasos sanguíneos, glândulas sebáceas e terminações 
nervosas sensitivas.
O espaço entre o lábio menor direito e esquerdo 
é chamado de vestíbulo da vagina. Nele se apresen-
tam o óstio externo da uretra, o óstio da vagina e 
os orifícios dos ductos das glândulas vestibulares. O 
vestíbulo da vagina é determinado por uma fenda 
chamada rima do vestíbulo.
Anteriormente, cada lábio menor divide-se em 
uma lâmina medial e uma lâmina lateral. A lâmina 
medial direita se une à lâmina medial esquerda for-
mando o frênulo do clitóris. A lâmina lateral direita 
e a lâmina lateral esquerda circundam superiormen-
te o clitóris formando o prepúcio do clitóris. As ex-
tremidades posteriores dos lábios menores se unem 
e formam o freio dos lábios do pudendo (o qual é 
mais evidente nas virgens). 
Clitóris e Bulbo do vestíbulo
O clitóris e o bulbo do vestíbulo são estruturas 
eréteis, formadas por tecido especial capaz de se 
dilatar como resultado do ingurgitamento de san-
gue (este aporte sanguíneo confere à mulher uma 
sensação de edema e peso na região pudenda). Por 
isso, tais estruturas são consideradas análogas aos 
corpos cavernosos do pênis.
O clitóris possui duas extremidades chamadas 
de ramos do clitóris (uma fixada ao ísquio e outra 
fixada ao púbis). Ambas se unem e formam o corpo 
do clitóris o qual termina em uma dilatação, a glan-
de do clitóris, que é visível anteriormente aos lábios 
menores. O clitóris é uma estrutura extremamente 
sensível e ligada à excitabilidade sexual.
O bulbo do vestíbulo é formado por duas mas-
sas de tecido erétil, alongadas e dispostas como 
uma ferradura ao redor do óstio da vagina. Não é 
visível, pois se situa profundamente e é recoberto 
pelo músculo bulboesponjoso. Quando cheio de 
sangue, dilata-se e proporciona maior contado en-
tre pênis e vagina.
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 171
Glândulas vestibulares maiores e menores
As glândulas vestibulares menores existem em 
número variável e têm seus minúsculos ductos se 
abrindo no vestíbulo da vagina, entre o óstio da 
uretra e o óstio da vagina. Já as glândulas vestibula-
res maiores são duas glândulas profundas situadas 
nas proximidades do vestíbulo da vagina onde seus 
ductos se abrem. Elas produzem uma secreção mu-
cosa que serve para lubrificar o próprio vestíbulo 
e a porção inferior da vagina sob a influência do 
sistema nervoso autônomo nos momentos prepa-
ratórios que antecedem a relação sexual (durante o 
período de excitação) e durante o coito (por com-
pressão) visando tornar as estruturas úmidas e pro-
pícias à penetração. 
PERITÔNIO NA CAVIDADE PÉLVICA
O peritônio parietal que reveste a cavidade abdo-
minal continua inferiormente até a cavidade pélvi-
ca, mas não chega ao assoalho pélvico. Ao contrá-
rio, ele se curva sobre as vísceras pélvicas ficando 
separado do assoalho da pelve pelas próprias vísce-
ras e pela fáscia da pelve. Assim, as vísceras pélvi-
cas não são completamente revestidas pelo peritô-
nio, estando na maior parte situadas inferiormente 
a ele (exceto ovário e tuba uterina). Além disso, o 
peritônio se comporta de maneira diferenciada no 
homem e na mulher devido à diferença de organi-
zação dos órgãos pélvicos.
Na mulher, após o peritônio recobrir a bexi-
ga urinária, ele se invagina sobre o útero forman-
do uma prega chamada escavação vésico-uterina, 
e posteriormente se direciona ao reto formando 
outra prega chamada escavação reto-uterina. So-
bre o útero, a escavação vésico-uterina origina o 
ligamento largo do útero o qual divide a cavida-
de pélvica em compartimento anterior e posterior. 
Esse ligamento envolve o útero, a tuba uterina e o 
ovário e se prende à borda posterior dele por uma 
prega denominada mesovário. 
Como já mencionado, esse ligamento é muito 
distensível e acompanha o útero quando este au-
menta de tamanho na gestação (a tuba uterina e o 
ovário também o acompanham). Assim, no liga-
mento largo do útero existem três partes importan-
tes: o mesovário, a mesosalpinge e o mesométrio. 
No homem, o peritônio recobre a bexiga urinária, se 
invagina entre ela e o reto formando uma única pre-
ga chamada escavação reto-vesical e posteriormente 
recobre o reto (DANGELO; FATTINI, 2011).
Figura 19 - Peritônio na cavidade pélvica
PERÍNEO
É muito comum ouvir falar que tem que contrair o 
períneo ao caminhar ou fazer exercícios físicos, que 
alguém terá que fazer cirurgia de períneo para le-
vantá-lo, ou coisas desse tipo. No entanto, será que 
as pessoas realmente sabem o que é o períneo?
Cérvix
Ovário
Reto
ÂnusVagina
Uretra
Bexiga urinária
Útero
Tuba uterina
ANATOMIA 
172 
Na verdade, o períneo é caracterizado como um 
conjunto de partes moles que fecham inferiormente 
a pelve óssea. É uma região losângica delimitada pela 
margem anterior da arcada púbica,tuberosidade es-
quiática e ápice do cóccix. No sexo feminino, ele dá 
passagem à uretra, à vagina e ao reto, e no sexo mas-
culino ele dá passagem à uretra e ao reto (DI DIO, 
2002). Pelo fato do períneo permitir parte da sus-
tentação das vísceras pélvicas, é de grande relevân-
cia que ele seja fortalecido a fi m de que tais vísceras 
permaneçam sempre adequadamente posicionadas.
Em ambos os sexos, ele é dividido em períneo 
posterior ou região anal (ocupado por um grupo de 
músculos perineais denominados diafragma pélvico) 
e períneo anterior ou região urogenital (ocupado por 
um grupo de músculos denominados diafragma uro-
genital). Entre ambos, em uma posição central, há uma 
área fi brosa chamada centro tendíneo do períneo onde 
se fi xam músculos e fáscias importantes na sustentação 
das vísceras pélvicas os quais agem na defecação, mic-
ção, ereção, ejaculação, no trabalho de parto e outros.
MAMAS
Muitas pessoas acham que as mamas pertencem ao 
sistema genital feminino, mas isso não é verdade. As 
mamas pertencem ao sistema tegumentar (ou tegu-
mento comum) o qual também estuda estruturas 
como pele e unha. Para não se esquecer disso, você 
deve considerar que uma mulher mastectomizada 
bilateralmente (sem as duas mamas) pode perfeita-
mente gestar e dar à luz um fi lho.
Na verdade, a confusão está parcialmente asso-
ciada ao fato de que as mamas têm relação com os 
hormônios produzidos pelo sistema genital femini-
no e ao fato de que elas se desenvolvem concomitan-
temente aos órgãos da reprodução, ou seja, iniciam 
seu desenvolvimento durante a puberdade.
Outro erro comum ao se referir às mamas é cha-
má-las de seios. Em anatomia, seio normalmente se 
refere a uma depressão ou cavidade e não a uma sali-
ência como é o caso das mamas. Assim, o nome que 
deve ser usado é mama por mais estranho que este 
termo possa parecer.
Assim, após tais esclarecimentos, vamos defi nir 
mamas como anexos de pele situados anteriormente 
aos músculos da região peitoral, entre as camadas 
superfi cial e profunda da tela subcutânea desta re-
gião. Elas são constituídas por parênquima de tecido 
glandular, estroma de tecido conjuntivo e pele.
O parênquima de tecido glandular apresenta 
glândulas cutâneas modifi cadas especializadas na 
produção de leite após a gestação, o corpo da mama. 
O estroma de tecido conjuntivo envolve o corpo da 
mama e nele predomina tecido adiposo o qual é sus-
tentado por tecido conjuntivo denso (a quantidade 
de tecido adiposo do estroma está diretamente rela-
cionada ao tamanho e a forma da mama). Sua pele 
apresenta muitas glândulas sebáceas e sudoríparas, e Figura 20 - Períneo
Observe a constituição 
predominantemente 
muscular do períneo
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 173
é consideravelmente fi na de forma que, em pessoas 
de pele clara, é possível inclusive notar algumas de 
suas veias superfi ciais (TORTORA et al., 2010).
Anatomicamente, as mamas apresentam dois aci-
dentes anatômicos principais que merecem ser men-
cionados, a papila mamária e a aréola da mama. A 
papila mamária é uma projeção composta principal-
mente de fi bras musculares lisas onde desembocam de 
15 a 20 ductos lactíferos. Ela é muito inerva e, devido 
a seus músculos, ela pode se tornar rija. A aréola da 
mama fi ca ao redor da papila e nela existem pequenos 
tubérculos (umas saliências visíveis e palpáveis) que 
marcam o ponto de desembocadura dos ductos lac-
tíferos. Ela é bastante pigmentada e apresenta grande 
número de glândulas sudoríparas e sebáceas.
Várias alterações ocorrem com as mamas du-
rante a gravidez. Por exemplo, a aréola da mama 
se torna mais escura e esta cor tente a permanecer 
posteriormente à gestação e à amamentação. Além 
disso, o volume da mama pode até triplicar em ra-
zão dos hormônios femininos liberados durante este 
período (principalmente prolactina e ocitocina). No 
entanto, sucessivas gestações e o avançar da idade 
(associado à diminuição do colágeno), podem fazer 
com que elas se tornem progressivamente peduncu-
ladas devido à perda da elasticidade das estruturas 
de sustentação do estroma causando ptose mamária 
(MOORE et al., 2014).
No homem, a mama é pouco desenvolvida em 
condições normais. Todavia, existe uma condição 
patológica chamada ginecomastia onde as mamas 
se desenvolvem e muitas vezes precisam ser remo-
vidas cirurgicamente, pois causam constrangimento 
e desconforto.
Figura 21 - Mama
Músculo peitoral
Tecido adiposo
Lóbulos
Ductos
Aréola
Mamilo 
Caixa torácica
174 
considerações finais
O 
controle da composição dos fluidos corporais é um processo comple-
xo, pois seres humanos enfrentam problemas com a perda de subs-
tâncias para o meio que os cercam e com o acúmulo de substâncias 
em seus corpos. Se eletrólitos se acumulam no sangue, a osmolarida-
de do sangue é aumentada causando difusão da água do líquido intersticial para 
o sangue (o que pode aumentar a pressão sanguínea). Por outro lado, a intensa 
eliminação de eletrólitos diminui a osmolaridade do sangue e, por difusão, a água 
flui para o espaço intersticial acumulando-se nos tecidos e causando edema.
 Assim, é fundamental que seja mantido o equilíbrio entre ingestão ou pro-
dução de sustâncias e eliminação da mesma a fim de que a homeostase seja 
preservada. Este equilíbrio é possibilitado pelo sistema urinário e anormali-
dade ou disfunção dele podem causar morte. O sistema genital masculino e 
o feminino agem em conjunto a fim de manter o número de indivíduos da 
espécie. Todavia, apresentam considerável diferença entre si. O feminino, por 
exemplo, é mais complexo do que o masculino, pois apresenta o órgão que 
abriga o novo ser vivo em gestação. Em contrapartida, a função gametogênica 
na mulher cessa precocemente.
Outro detalhe que não se pode esquecer é que a viabilidade da reprodução 
depende da integridade das estruturas anatômicas que compõem tais sistemas. 
Por isso, a má formação dos testículos, alterações hormonais, doenças vasculares 
e outras disfunções podem prejudicar ou impedi-la. Além disso, micro-organis-
mos se desenvolvem nos genitais e podem ser disseminados por contato sexual. 
A prevenção depende do conhecimento anatômico e fisiológico das estruturas 
anatômicas destes sistemas.
Assim, o profissional de saúde deve aprofundar seu conhecimento a fim de ga-
rantir informação necessária para a prevenção de tais males. O profissional de edu-
cação física se destaca uma vez que no contexto escolar ele pode esclarecer sobre 
doenças, gravidez indesejada e dar orientação quanto à viabilidade da reprodução.
 175
LEITURA
COMPLEMENTAR
Leia o artigo indicado, a seguir, que trata de um assunto muito conhecido: Litíase renal 
(popularmente conhecida como pedras no rim). Este artigo narra a defi nição e a fre-
quente incidência desta doença.
DADOS EPIDEMIOLÓGICOS DA LITÍASE RENAL, EM HOSPITAL DE 
REFERÊNCIA, EM BELO HORIZONTE, MINAS GERAIS
A litíase renal é uma afecção muito comum na prática clínica e múltiplos fatores estão 
relacionados com sua etiopatogenia, embora não tenhamos encontrado estudo algum 
sobre a epidemiologia da litíase no Brasil. O objetivo deste estudo foi avaliar a infl uên-
cia da idade, do sexo, da cor da pele e da lateralidade como fatores de risco para cálculo 
renal. Para tanto, foram estudados 400 prontuários de pacientes com diagnóstico de 
litíase urinária, nos Serviços de Nefrologia e Urologia do Hospital das Clínicas da Uni-
versidade Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte. Todos os diagnósticos foram 
confi rmados pela história clínica associada a métodos de imagem. Houve predomínio 
de pacientes do sexo feminino (54,5 %) sobre o masculino com litíase renal. Os doentes 
brancos constituíram a maioria (75%), seguidos pelos mulatos (23,3%) e, em uma muito 
pequena proporção, pelos negros (1,8%). A idade média foi de 39,81, +- 15,61 anos. 
Não houve diferenças quanto à lateralidade dos cálculos, mas os homens tiveram mais 
cálculos bilaterais do que as mulheres. Na população estudada no presente trabalho,o cálculo renal foi mais freqüente em adultos jovens, brancos e do sexo feminino, sem 
diferenças quanto à lateralidade. Os resultados sugerem uma possível relação entre 
nefrolitíase e cor da pele.
A análise de nossos dados mostra não existir diferença quanto à lateralidade no geral, 
apesar de se constar um número pouco maior de cálculos à esquerda, nos homens, e à 
direita, nas mulheres, porém sem signifi cância estatística. Destaca-se, no entanto, que 
os homens tiveram uma frequência de cálculos bilaterais signifi cativamente maior do 
que as mulheres. Apesar de não encontrarmos subsídios na literatura, consideramos 
ser essa constatação importante sob aspecto de propedêutica. Talvez seja prudente 
176 
LEITURA
COMPLEMENTAR
uma investigação mais cuidadosa da possibilidade de litíase bilateral, quando essa 
afecção estiver presente no sexo masculino. A distribuição de casos por cor da pele 
mostrou o predomínio dos indivíduos brancos (75%) e uma frequência muito baixa de 
negros, apenas 1,8%. Não se registrou qualquer caso em paciente de origem oriental, 
porém a sua frequência em nossa população é muito reduzida. 
Ao se compararem esses dados com os da população de Minas Gerais (brancos 57%, 
mulatos 34%, e negros 8%), verifi ca-se a possibilidade de existirem fatores relacionados 
à cor da pele que são responsáveis pela maior presença de nefrolitíase em brancos. 
As diferenças entre as cores não podem ser atribuídas à amostragem do hospital em 
estudo, já que se trata de uma instituição de referência para todas as classes sociais e 
seu atendimento se faz na mesma proporção de cor da encontrada na população do 
Estado de Minas Gerais, conforme resultado de pesquisa anterior. Esses dados estão 
de acordo com a literatura, que, de fato, refere menor frequência de nefrolitíase em ne-
gros e orientais(6,7).O presente trabalho mostra que a distribuição da nefrolitíase com 
relação à idade é muito ampla. Futuras investigações serão realizadas com o intuito de 
compreender melhor nossos achados, principalmente os referentes à cor da pele. O 
cálculo renal, como demonstrado no presente trabalho, foi mais frequente em brancos 
e sem diferença quanto à lateralidade.
Boa leitura!
 Fonte: Petroianu et al. (2001).
 177
atividades de estudo
1. Assinale a alternativa correta quanto ao sistema urinário:
a. A uretra é considerada um órgão gametogênico.
b. A próstata é considerada um órgão gametóforo.
c. A uretra é considerada uma estrutura urocondutora.
d. O pênis e a vagina pertencem ao sistema genital masculino e feminino, 
respectivamente.
2. Assinale a alternativa correta quanto ao sistema genital masculino:
a. O pênis é constituído por dois corpos esponjosos e um corpo cavernoso. 
Tais corpos estão diretamente relacionados à ereção uma vez que se in-
gurgitam de sangue fazendo com que o pênis fique túrgido (ereto).
b. A uretra masculina é mais longa e sinuosa do que a feminina e pertence 
tanto ao sistema urinário quanto ao sistema genital masculino, pois con-
duz urina e sêmen ao meio externo.
c. As glândulas bulbouretrais são consideradas as principais glândulas do 
sistema genital masculino, pois produzem a maior quantidade de líquido 
seminal eliminado durante a ejaculação.
d. A vasectomía secciona cirurgicamente o ducto deferente a fim de que o 
homem se torne infértil. Nesse caso, o indivíduo perde a capacidade de 
ejaculação, embora a sensação de orgasmo seja mantida.
e. Nenhuma das anteriores está correta.
3. Assinale a alternativa correta quanto ao sistema genital feminino:
a. A uretra feminina, embora seja mais curta do que a masculina, pertence 
tanto ao sistema urinário quanto ao sistema genital feminino, pois permite 
a passagem da urina e das secreções das glándulas vestibulares maiores e 
menores ao meio externo.
b. Na vulva, o clitóris, o óstio externo da uretra e o óstio da vagina se posicio-
nam sequenciamente no sentido ântero-posterior.
c. Ao contrário da afirmação acima, o posicionamento do clitóris, do óstio 
externo da uretra e do óstio da vagina é sequencial, mas no sentido pos-
terior-anterior.
d. A tuba uterina é responsável pela produção dos hormônios sexuais e dos 
gametas femininos.
e. O útero é responsável pela produção dos hormônios sexuais e dos game-
tas femininos.
178 
atividades de estudo
4. Observe a imagem, a seguir, e assinale a alternativa correta:
a. A estrutura 1 é a uretra (porção prostática).
b. A estrutura 2 é o ducto deferente.
c. A estrutura 3 é a uretra (porção esponjosa).
d. A estrutura 4 é glândula seminal.
e. A estrutura 5 é a glândula bulbouretral.
5. Identifique a alternativa incorreta:
a. As glândulas prepuciais produzem esmegma.
b. O monte do púbis é constituído, principalmente, por tecido adiposo.
c. O pH da vagina deve ser mantido alcalino.
d. O colo da glande se posiciona abaixo da coroa da glande.
e. O freio do prepúcio é análogo ao freio do clitóris, pois ambos restringem a 
mobilidade de tais estruturas (respectivamente, do prepúcio e do clitóris).
1
5
4
3
2
 179
Material Complementar
1 Em: <http://www.copacabanarunners.net/uretrite.html>. Acesso em: 14 jun. 2016.
2 Em: <http://www.minhavida.com.br/saude/temas/gravidez-ectopica>. Acesso em: 15 jun. 
2016.
Referências On-Line
Apresentação: Com certeza, você já ouviu sobre métodos de esterilização para 
homens e mulheres. A vasectomia e a laqueadura são bastante parecidas Dispo-
nível em: <http://vasectomia-e-reversao.com.br/duvidas>.
Indicação para Assistir
180 
referências
CFTA - COMISSÃO FEDERATIVA DA TERMINOLOGIA ANATÔMICA. Ter-
minologia Anatômica: terminologia anatômica internacional. São Paulo: Mano-
le, 2001.
DANGELO, J. G.; FATTINI, C. A. Anatomia Humana sistêmica e segmentar. 3. 
ed. São Paulo: Atheneu, 2011.
DI DIO, L. J. A. Tratado de Anatomia Sistêmica Aplicada: princípios básicos e 
sistêmicos, esquelético, articular e muscular. 2. ed. Atheneu: São Paulo, 2002.
FREITAS, V. Anatomia conceitos e fundamentos. Porto Alegre: Artmed, 2004.
MIRANDA NETO, M. H.; CHOPARD, R. P. Anatomia humana: aprendizagem 
dinâmica. Maringá: Gráfica Editora Clichetec, 2014.
MOORE, K .L.; DALLEY, A. F.; AGUR, A. M. R.; ARAÚJO, C. L. C. Anatomia 
orientada para a clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.
NARCISO, M. S. Sobotta: atlas de anatomia humana: anatomia geral e sistema 
muscular. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.
OLIVEIRA, S. S. de; SANTOS, I. da S. dos; SILVA, J. F. P. da; MACHADO, E. C. 
Prevalência e fatores associados à doença do refluxo gastroesofágico. Scielo. Arq. 
Gastroenterol. vol.42 no.2 São Paulo Apr./June, 2005.
 PETROIANU, A.; OLIVEIRA NETO, J. E. de; ALBERTI, L. R. Dados epidemio-
lógicos da litíase renal, em hospital de referência, em Belo Horizonte, Minas 
Gerais. Medicina, Ribeirão Preto, 34: 85-88, jan./mar. 2001.[DFdS1] 
ROHEN, J. W.; YOKOCHI, C.; LÜTJEN-DRECOLL, E. Anatomia humana: atlas 
fotográfico de anatomia sistêmica e regional. São Paulo: Manole, 2002.
TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B.; WERNECK, A. L. Princípios de anatomia 
e fisiologia. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.
WATANABE, L. Erhart: elementos de anatomia humana. 9. ed. São Paulo: Athe-
neu, 2000.
 181
gabarito
1. C
2. B
3. B
4. C
5. C
Professora Dr.ª Carmem Patrícia Barbosa
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Sistema Nervoso Central (SNC)
• Sistema Nervoso Periférico (SNP)
• Sistema Nervoso Autônomo (SNA)
• Sistema Endócrino
Objetivos de Aprendizagem
• Apresentar a função geral do SNC; Estudar, do ponto de vista morfológico e 
funcional, as estruturas anatômicas que formam a medula espinal, tronco 
encefálico (bulbo, ponte e mesencéfalo), cerebelo, diencéfalo, telencéfalo, 
meninges, ventrículos encefálicos, líquido cerebrospinal e vascularização.
• Apresentar a função geral do SNP. Estudar, do ponto de vista morfológico 
e funcional, as estruturas anatômicas que o formam os nervos espinais, 
nervos cranianos, plexos nervosos, terminaçõesnervosas, gânglios 
nervosos e lesões nervosas.
• Apresentar a função geral do SNA. Estudar, do ponto de vista morfológico e 
funcional, o SNA simpático e o SNA parassimpático.
• Apresentar a função geral do sistema endócrino. Estudar, do ponto de 
vista morfológico e funcional, as principais glãndulas (hipófi se, tireoide, 
paratireoide, pineal, suprarrenal, pâncreas, testículo e ovário).
SISTEMA NEUROENDÓCRINO
V
unidade
INTRODUÇÃO
P
rezado(a) aluno(a), o controle das funções orgânicas e a integração do 
organismo ao ambiente depende da atuação do Sistema Nervoso (SN) 
e do sistema endócrino que controlam todas as funções dos demais sis-
temas permitindo modificações a fim de manter a homeostasia.
O sistema endócrino age sob influência do SN cujas funções são voluntárias 
ou involuntárias. A complexidade desses sistemas é maior com a complexidade 
do organismo e atinge seu desenvolvimento máximo no homem uma vez que 
respondem por fenômenos psíquicos altamente complexos (raciocínio, aprendi-
zado, memória e sono).
O endócrino age por meio de glândulas cuja secreção (hormônios) é lançada 
no sangue. A hipófise é a “glândula-mestre”, pois produz hormônios que estimu-
lam o funcionamento de outras como tireoide, suprarrenais, ovários e testículos.
As funções do SN estão diretamente relacionadas às células que constituem o 
próprio tecido nervoso: neurônios (células nervosas) e neuroglia (células gliais, 
neurogliais ou neurogliócitos). Neurônios são unidades estruturais e funcionais 
do SN, pois são especializados na rápida comunicação intercelular (sinapse). A 
neuróglia, embora, cinco vezes mais abundante do que os neurônios, não é exci-
tável, mas sustenta, isola e nutre os neurônios.
Didaticamente, o SN pode ser dividido segundo critério anatômico, em-
briológico, segmentar e funcional. O critério embriológico considera seu de-
senvolvimento intrauterino, o segmentar considera a presença ou não de ner-
vos, o anatômico considera o local onde o sistema nervoso está localizado e o 
funcional considera sua forma de atuação.
O texto será fundamentado em autores como Machado e Haertel (2014), 
Afifi e Bergman (2008), Miranda Neto e Chopard (2014). A nomenclatura 
está atualizada (CFTA, 2001) e é necessário que utilize atlas como Narciso 
(2012), Rohen, Yokochi e Lütjen-Drecoll (2002) e outros. O objetivo é 
descrever aspectos relevantes do SN e do endócrino, suas inter-relações e 
a influência que exercem sobre os outros sistemas do corpo. 
ANATOMIA 
186 
FUNÇÃO DO SNC
De maneira geral, o sistema nervoso é responsável 
por receber, analisar e integrar informações prove-
nientes do meio interno e externo. Representa o lo-
cal onde ocorrem as tomadas de decisão e de onde 
são enviadas as ordens para o funcionamento de 
todo o corpo. Ele age em conjunto, e de maneira de-
pendente, ao sistema nervoso periférico (MOORE 
et al., 2014). 
ESTRUTURAS DO SNC
O sistema nervoso central é organizado em encéfalo 
e medula espinal. Enquanto, o encéfalo é protegido 
pela cavidade craniana, a medula espinal é protegi-
da pela coluna vertebral. Tanto o encéfalo quanto 
a medula apresentam em sua constituição corpos 
celulares e fibras nervosas. A substância cinzenta é 
formada predominantemente por corpos neuronais 
e a branca por fibras nervosas que se aglomeram for-
mando tratos. 
Todavia, segundo Miranda Neto e Chopard 
(2014), enquanto, o encéfalo tem substância cinzen-
ta por fora da branca constituindo o córtex cerebral, 
a substância cinzenta da medula espinal (que tem a 
forma de uma borboleta ou da letra “H”) localiza-se 
internamente à branca (que é formada por fibras que 
sobem e descem na medula).
Medula Espinal (ME)
Com certeza você já ouviu falar de alguém que teve 
uma lesão na medula e ficou paraplégico ou tetra-
plégico. Nesses casos, muitas perguntas surgem, por 
exemplo, será que estas pessoas conseguirão sentir 
seu corpo normalmente? Será que a paralisia pode-
rá ser revertida? Como ficam as funções sexuais? E 
tantas outras dúvidas que para serem respondidas é 
preciso entender melhor como a medula funciona. 
Então, lá vamos nós.
Conforme Machado e Haertel (2014), a medu-
la espinal é uma massa cilíndrica de tecido nervoso, 
ligeiramente achatada no sentido anteroposterior, 
que fica dentro do canal vertebral. Seu nome (me-
dula) significa miolo justamente pelo fato de sua lo-
calização protegida no interior deste canal.
Sistema Nervoso 
Central (SNC)
Figura 1 - Sistema nervoso central e Sistema nervoso periférico
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 187
Seu calibre não é uniforme, pois apresenta duas dilatações (chamadas in-
tumescência cervical e intumescência lombossacral) onde as raízes nervosas 
que formam o plexo braquial e o plexo lombossacral fazem conexão. 
Esses plexos inervam os membros superiores e inferiores. Assim, 
nas intumescências há maior quantidade de neurônios que en-
tram ou saem da medula espinal.
Esse fato tem apoio na anatomia comparada uma vez que 
dinossauros com membros superiores pequenos não têm in-
tumescência cervical, mas a intumescência lombar tem o ta-
manho aproximado do encéfalo. Em contrapartida, a baleia que 
não apresenta membros expressivos, tem a medula larga, mas 
sem dilatações.
Superiormente, a medula espinal limita-se com o bulbo 
(ao nível do forame magno do osso occipital) e, inferiormente, 
termina afilando-se para formar o cone medular que continua 
com um delgado filamento meníngeo, o filamento terminal, 
ao nível da segunda vértebra lombar. Assim, no adulto a me-
dula não ocupa todo o canal vertebral tendo aproximadamen-
te 45 cm no homem e 42 cm na mulher.
Tal fato tem importância clínica, pois, abaixo da segun-
da vértebra lombar o canal vertebral não tem medula, mas 
contém apenas as meninges e as raízes nervosas dos últimos 
nervos espinais que constituem a cauda equina. Isto decorre de ritmos 
diferentes de crescimento entre medula e coluna vertebral. Por exemplo, 
até o quarto mês de vida intrauterina ambas crescem no mesmo ritmo, 
mas a partir de então, a coluna cresce mais do que a medula causando 
como consequência o afastamento dos segmentos medulares das vérte-
bras correspondentes.
Além disso, caro aluno, a superfície da medula apresenta sulcos lon-
gitudinais (como o sulco lateral anterior e o sulco lateral posterior) onde 
se conectam os pequenos filamentos radiculares que se unirão para for-
mar as raízes ventral e dorsal dos nervos espinais. Considerando que estes 
nervos trazem à medula informações sensitivas da periferia do corpo que 
deverão ser conduzidas ao encéfalo, e que levam as ordens do encéfalo à 
periferia do corpo, é possível entender porque uma lesão medular causa 
perda sensitiva e motora as quais não serão revertidas se a lesão medu-
lar for completa.Figura 2 - Medula espinal e limites
ANATOMIA 
188 
Por isso, para maior proteção da medula, mem-
branas fibrosas chamadas meninges fazem seu re-
vestimento externo. A dura-máter é a mais externa, 
espessa e resistente. Superiormente, a dura-máter es-
pinal continua com a dura-máter craniana e caudal-
mente termina ao nível da segunda vértebra sacral. 
Por sua vez, a pia-máter é a mais delicada e interna, 
e adere intimamente ao tecido nervoso. Já a aracnoi-
de-máter se dispõe entre as outras duas formando 
um emaranhado de trabéculas aracnóideas.
a pressão do líquido, para introdução de substân-
cias que aumentam o contraste nas radiografias 
(mielografia) ou para introdução de anestésicos 
nas anestesias raquidianas.
Por isso, para cirurgia das extremidades in-
feriores, períneo, cavidade pélvica e em algumas 
cirurgias abdominais podem ser feitas anestesias 
raquidianas ou epidurais (também chamadas de 
peridurais). Na raquidiana, o anestésico é intro-
duzido no espaço subaracnóideo entre as vértebras 
L2-L3, L3-L4 ou L4-L5 certificando-se de que a agu-
lha atingiu o espaço subaracnoideo pela presença 
do líquido que goteja na extremidade da agulha. 
Na peridural, o anestésico é introduzido no espa-
ço epidural onde se difundee atinge as raízes dos 
nervos espinais. 
Certifica-se de que a agulha atingiu o espaço 
epidural após a perfuração do ligamento amarelo. 
Embora, exija uma habilidade técnica muito maior, 
não causa cefaleia em decorrência de vazamento do 
líquido cerebrospinal. 
Encéfalo
Tronco Encefálico (TE)
O tronco encefálico interpõe-se entre a medula espi-
nal e o diencéfalo, ventralmente ao cerebelo. É cons-
tituído por corpos de neurônios que se agrupam em 
núcleos e fibras que se agrupam em tratos, fascículos 
ou lemniscos os quais formam relevos ou depressões 
em sua superfície.
Divide-se em bulbo (inferiormente), mesen-
céfalo (superiormente) e ponte (entre ambos), e 
apresenta 10 dos 12 pares de nervos cranianos, sen-
do por isso uma região extremamente importante. 
Todo o texto que segue será escrito a partir das con-
siderações de Afifi e Bergman (2007) e Machado e 
Haertel (2014).
Figura 3 - Sulcos da medula Espinal e meninges
Assim, entre a medula e as meninges se formam três 
espaços. O epidural ou extradural fica entre o pe-
riósteo das vértebras e a dura-máter, contém tecido 
adiposo e um grande número de veias. O espaço 
subdural fica entre a dura-máter e a aracnóide-má-
ter e contém pequena quantidade de líquido para 
evitar a aderência das paredes. 
Já o espaço subaracnóideo é o mais importan-
te, pois contém maior quantidade de líquido ce-
rebrospinal. Vale ressaltar que abaixo da segunda 
vértebra lombar não há perigo de lesão medular 
sendo esta área ideal para a introdução de agulhas 
com a finalidade de coletar o líquido cerebrospinal 
para fins terapêuticos ou diagnósticos, para medir 
Medula espinal
Substância cinzenta
Substância branca
Pia-máter
Aracnoide-máter
Dura-máter
Meninges
espinais
Canal central da medula espinal
Medula Espinal
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 189
Bulbo
O bulbo relaciona-se superiormente com a pon-
te (por meio do sulco bulbo-pontino) e, inferior-
mente, com a medula espinal. Embora não haja 
uma demarcação nítida entre bulbo e medula, 
considera-se que o limite entre eles é um plano 
horizontal que passa acima do filamento radicular 
mais cranial do primeiro nervo cervical ao nível 
do forame magno.
Sua superfície é percorrida por sulcos contínuos 
aos sulcos da medula. Assim, de cada lado da fissura 
mediana anterior existe uma eminência alongada, a 
pirâmide, que é formada por um feixe de fibras ner-
vosas descendentes que ligam as áreas motoras do 
cérebro aos neurônios motores da medula espinal. 
Fibras desse trato cruzam obliquamente o plano me-
diano e formam a decussação das pirâmides. Lesões 
neste trato causam déficit motor contralateral à le-
são. Em contrapartida, na área posterior do bulbo 
estão os fascículos grácil e cuneiforme os quais são 
constituídos por fibras nervosas ascendentes.
Em relação às funções, o bulbo é um importante 
centro nervoso, pois se relaciona à função respira-
tória, cardiovascular, à tosse, ao vômito, ao espir-
ro, à deglutição e ao bocejo. Complementarmente, 
dele emergem os filamentos dos nervos hipoglosso, 
glossofaríngeo, vago e a raiz craniana do nervo aces-
sório, além de ajudar a formar o IV ventrículo. Por 
isso, várias síndromes podem acometê-lo desenca-
deando vasta sintomatologia.
Ponte
A ponte se localiza anteriormente ao cerebelo, en-
tre o mesencéfalo e o bulbo. Lembra que a ponte e 
o bulbo são separados pelo sulco bulbo-pontino? 
Pois é! Desse sulco emergem, de cada lado a par-
tir da linha mediana, os nervos abducente, facial e 
vestíbulococlear (por isso, tumores nesta área cau-
sam a síndrome do ângulo ponto-cerebelar com 
muitos sintomas). Além disso, a ponte ajuda a for-
mar o IV ventrículo.
Sua base (na região ventral) apresenta estrias 
transversais em virtude de feixes de fibras transver-
sais que a percorrem as quais convergem, de cada 
lado, para formar o pedúnculo cerebelar médio ou 
braço da ponte. Esse pedúnculo penetra o cerebelo 
e é limitado em relação à ponte pela emergência do 
nervo trigêmeo.
Mesencéfalo
O mesencéfalo fica entre a ponte e o cérebro e é 
atravessado em toda a sua extensão por um canal 
estreito chamado aqueduto do mesencéfalo que 
une o III ao IV ventrículo. Nele existe uma área 
escura (chamada substância negra) que é formada 
por neurônios que contém melanina e se relacio-
nam ao movimento. Além disso, dele emerge os 
nervos oculomotor e troclear, e está relacionado às 
vias auditivas e visuais.
Figura 4 - Visão Geral do Troco Encefálico
Mesencéfalo
Mesencéfalo
Ponte
ANATOMIA 
190 
Cerebelo
O cerebelo situa-se posteriormente ao bulbo e à 
ponte, repousa sobre a fossa cerebelar do osso oc-
cipital e está separado do lobo occipital por uma 
prega da dura-máter chamada tentório do cerebelo. 
Ele se relaciona à medula espinal e ao bulbo pelo 
pedúnculo cerebelar inferior, à ponte pelo pedún-
culo cerebelar médio e ao mesencéfalo pelo pedún-
culo cerebelar superior.
Sua porção mediana e ímpar é chamada de ver-
me, e suas massas laterais são os hemisférios cerebe-
lares. Tanto o verme quanto os hemisférios apresen-
tam sulcos transversais que delimitam lâminas finas 
chamadas de folhas. Os sulcos mais profundos são 
as fissuras e estas delimitam os lóbulos do cerebelo.
Em corte, é possível identificar que o cerebelo é 
constituído por um centro de substância branca, o 
corpo medular do cerebelo, e é revestido por uma 
fina camada de substância cinzenta, o córtex cere-
belar. No interior do corpo medular existem quatro 
pares de núcleos de substância cinzenta, os núcleos 
centrais do cerebelo: denteado, emboliforme, glo-
boso e fastigial.
Figura 5 - Bulbo, Ponte e Mesencéfalo
Figura 6 - Cerebelo Inteiro
Todo profissional de educação física deve conhecer 
bem o cerebelo devido seus aspectos funcionais. Isso 
porque o cerebelo está bastante relacionado ao equi-
líbrio, à coordenação dos movimentos e à aprendiza-
gem motora. No entanto, estudos têm sugerido que 
o cerebelo também apresenta funções não motoras, 
por exemplo, função autônoma, de comportamento 
e de cognição, além de ajudar a formar o IV ventrí-
culo. Além disso, é descrito que autistas apresentam 
hipoplasia cerebelar e que lesões cerebelares podem 
causar síndromes com diferentes sintomas (GAR-
CIA; MOSQUERA, 2011).
Diencéfalo
O diencéfalo e o telencéfalo juntos formam o cére-
bro, que é a porção mais desenvolvida e importan-
te do encéfalo ocupando cerca de 80% da cavidade 
Mesencéfalo
Ponte
Bulbo
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 191
craniana. Todavia, o telencéfalo se desenvolveu 
em sentido lateral e posterior formando os hemis-
férios cerebrais e encobrindo quase completamen-
te o diencéfalo que permaneceu em situação im-
par e mediana, podendo ser visto apenas na face 
inferior do cérebro.
O hipotálamo é uma área relativamente pe-
quena situada abaixo do tálamo, mas com im-
portantes funções relacionadas principalmente 
ao controle da atividade visceral. Assim, é consi-
derado um grande centro autônomo e endócrino 
atuando em processos como alimentação, inges-
tão de líquidos, comportamento sexual, compor-
tamento emocional, regulação da temperatura, 
memória e crescimento. Suas disfunções podem 
causar diabetes insípido, distúrbios da termorre-
gulação (hipo, hiper ou pecilotermia – alterações 
da temperatura corporal em decorrência de va-
riação na temperatura ambiental), distúrbios do 
equilíbrio calórico, do comportamento emocio-
nal (raiva, medo e apatia) e da memória.
O epitálamo se localiza acima do sulco hipotalâ-
mico limitando, posteriormente, o III ventrículo. Seu 
elemento mais evidente é a glândula pineal que atua 
no controle do ritmo circadiano e na função gonadal. 
Por isso, lesão pode retardar a puberdade ou fazê-la 
surgir precocemente ou alterar o ritmo circadiano.
O subtálamo localiza-se abaixo do tálamo e seu 
elemento mais evidente é o núcleo subtalâmico que 
atua no controle e modulação do movimento vo-
luntário. Sua lesão pode provocar o hemibalismo 
(doença na qual ocorrem movimentos violentos e 
involuntários da metade do corpo contralateral ao 
subtálamolesado).
Telencéfalo
O telencéfalo ocupa toda a cavidade supratentorial 
do crânio e compreende os dois hemisférios cere-
brais e uma pequena parte mediana situada na por-
ção anterior do III ventrículo. Tais hemisférios são 
parcialmente separados pela fissura longitudinal do 
cérebro, cujo assoalho é formado pelo corpo caloso 
(o principal meio de união entre eles).
Figura 7 - Diencéfalo e Cérebro
O diencéfalo, embora seja um região pequena em 
termos de tamanho, é extremamente importante em 
termos funcionais. Ele compreende quatro regiões 
principais: tálamo, hipotálamo, epitálamo e subtála-
mo, os quais se relacionam ao III ventrículo.
O tálamo é uma massa volumosa e ovoide de 
sustância cinzenta, disposta uma de cada lado do 
diencéfalo (essas massas são unidas pela aderên-
cia intertalâmica). Ele recebe e reencaminha ao 
córtex motor e sensitivo os impulsos motores e 
sensitivos vindos da periferia do corpo (exceto o 
olfato). Devido sua íntima relação com a dor, uma 
lesão talâmica pode causar a síndrome talâmica 
dolorosa, além de déficit de memória, de lingua-
gem e vários outros sintomas.
ANATOMIA 
192 
Ele possui cavidades chamadas de ventrículos late-
rais, tem três pontos mais projetados (polo frontal, 
polo occipital e polo temporal), cinco lobos (gran-
des regiões dentro de um polo) e três faces (súpe-
rolateral, medial e inferior ou base do cérebro). Es-
tudaremos cada uma dessas regiões. 
A superfície do cérebro humano apresenta de-
pressões denominadas sulcos que delimitam os gi-
ros. Esses giros permitem aumentar a superfície do 
cérebro sem aumentar o volume cerebral (dois terços 
da área ocupada pelo córtex cerebral estão “escondi-
dos” nos sulcos) fazendo com que seja chamado de 
girencéfalo (ao contrário de encéfalos sem giros que 
são chamados de lisencéfalos). 
Muitos sulcos são inconstantes e não recebem 
qualquer denominação, mas outros são constantes 
e recebem denominações especiais ajudando a de-
limitar os lobos e as áreas cerebrais. Além disso, é 
importante salientar que o padrão dos sulcos e dos 
giros pode ser diferente nos dois hemisférios de 
um mesmo indivíduo, e não existe nenhum sulco 
ou giro que seja característico de uma determinada 
raça humana, sendo assim impossível a identificação 
da raça pelo estudo de um único cérebro.
Os dois sulcos mais importantes são o lateral e 
o central. O lateral é uma fenda profunda que se-
para os lobos frontal e parietal do lobo temporal. 
Ele dirige-se para a face súperolateral do cérebro 
onde termina dividindo-se. Já o sulco central é 
profundo e percorre obliquamente a face súpero-
-lateral do hemisfério separando os lobos frontal e 
parietal. Inicia na face medial do hemisfério e se-
gue em direção ao sulco lateral. É ladeado por dois 
giros paralelos, o pré-central (anterior ao sulco) e 
o pós-central (posterior a ele). Esses giros relacio-
nam-se, respectivamente, à motricidade e à sensi-
bilidade do corpo.
Figura 8 - Telencéfalo. Note os Hemisférios e a Fissura Longitudinal do Cérebro
Figura 9 - Polos, Lobos e Faces
Lobo parietal Lobo frontal
Lobo
temporal
Ponte 
Bulbo
Medula espinal
Cerebelo
Lobo
occipital
Hemisfério cerebral 
esquerdo
Hemisfério cerebral 
direito
Fissura longitudinal do encéfalo
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 193
Dos cinco lobos cerebrais, quatro recebem sua de-
nominação de acordo com os ossos do crânio com 
os quais se relacionam. Assim, são chamados de 
lobo frontal, temporal, parietal e occipital. Todavia, 
o quinto lobo situa-se profundamente e não se re-
laciona diretamente com os ossos do crânio sendo 
chamado de lobo da ínsula. Esse lobo, que se rela-
ciona a funções autônomas, é o que menos cresce e, 
por isso, é recoberto pelos lobos vizinhos. Tem for-
ma cônica e também apresenta sulcos e giros (como 
o sulco circular da ínsula, o sulco central da ínsula, 
os giros curtos e o giro longo da ínsula).
Você também precisa saber que o peso do en-
céfalo depende do peso corporal do indivíduo e da 
complexidade do encéfalo que é expressa pelo co-
eficiente de encefalização (K). O K aumenta à me-
dida que se sobe na escala zoológica, sendo qua-
tro vezes maior no homem do que no chimpanzé. 
No homem adulto brasileiro normal, ele pesa em 
torno de 1300 gramas (1200 gramas na mulher). 
Além disso, saiba que o peso do encéfalo não tem 
relação com o estado cultural ou com a inteligência 
do indivíduo (o encéfalo do Einstein, por exemplo, 
pesava 1230 gramas).
Por fim, o maior encéfalo humano registrado 
pesava 2850 gramas e o seu dono tinha um nível 
normal de inteligência (tem bebês que não nascem 
com este peso, já pensou?) e se admite que o menor 
encéfalo compatível com a inteligência normal deve 
pesar cerca de 900 gramas.
Figura 10 - Telencéfalo (vista lateral). Note os sulco lateral e central, e os giros pré-central e pós-central
Giro pré-central
Giro pós-central
Sulco central
Sulco lateral
ANATOMIA 
194 
Especificidades das diversas regiões do encéfalo
De agora em diante, estudaremos algumas das par-
ticularidades mais interessantes do encéfalo. Vamos 
começar com aquilo que pode ser estudado na face 
súpero-lateral dele.
O lobo frontal apresenta o sulco pré-central, o 
sulco frontal superior e sulco frontal inferior. En-
tre o sulco central e o sulco pré-central está o giro 
pré-central onde se localiza a área motora primá-
ria do cérebro. Acima do sulco frontal superior e 
continuando na face medial do cérebro localiza-se 
o giro frontal superior. Entre o sulco frontal supe-
rior e o inferior está o giro frontal médio e, abaixo, 
do sulco frontal inferior está o giro frontal inferior 
(este, do lado esquerdo do cérebro, é chamado de 
giro de Broca e é onde se localiza o centro cortical 
da palavra falada, na maioria dos indivíduos). Já o 
giro frontal superior e o médio estão relacionados 
à cognição, ao raciocínio lógico e matemático, e à 
memória recente.
O lobo temporal apresenta dois sulcos princi-
pais: o temporal superior e o sulco temporal infe-
rior. Entre o sulco lateral e o temporal superior está 
o giro temporal superior onde está a área de Werni-
cke envolvida na compreensão da linguagem falada. 
Entre o sulco temporal superior e o inferior está o 
giro temporal médio. Abaixo do sulco temporal in-
ferior localiza-se o giro temporal inferior (este está 
envolvido na percepção visual de cor e forma). Além 
disso, afastando-se os lábios do sulco lateral, apare-
cem pequenos giros transversais dos quais o mais 
evidente e importante é o giro temporal transverso 
anterior, pois nele se localiza o centro cortical da au-
dição ou área acústica primária.
O lobo parietal apresenta dois sulcos principais, 
o sulco pós-central e o sulco intraparietal (este sepa-
ra o lóbulo parietal superior do inferior). O lóbulo 
parietal superior está envolvido na interação do in-
divíduo ao meio ambiente e, por isso, lesões, prin-
cipalmente, no hemisfério não dominante, causam 
negligência de partes do corpo. Nele existem dois gi-
ros, o supramarginal e o angular (ambos envolvidos 
na integração de diversas informações sensoriais 
quanto à fala e percepção e, por isso, lesões, princi-
palmente, no hemisfério dominante, causa distúrbio 
de compreensão da linguagem e reconhecimento de 
objetos). Já o lobo occipital apresenta pequenos sul-
cos e giros inconstantes e irregulares.
Agora, estudaremos os principais aspectos ana-
tômicos e funcionais da face medial do encéfalo. 
Essa face é visível a partir de secção pelo plano sagi-
tal mediano e expõe o diencéfalo, o corpo caloso, o 
fórnice e o septo pelúcido. O corpo caloso é a maior 
comissura inter-hemisférica e aparece como uma lâ-
mina branca arqueada. Ele é formado por um gran-
de número de fibras mielínicas que cruzam o plano 
mediano e penetram de cada lado no centro branco 
medular do cérebro unindo áreas simétricas do cór-
tex cerebral de cada hemisfério. O fórnice emerge 
abaixo do corpo caloso e entre ele e o corpo caloso 
estende-se o septo pelúcido que separa os dois ven-
trículos laterais. Esse

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