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SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 19 CAPÍTULO I - VISÃO GERAL & FUNDAMENTOS BÁSICOS .................................................... 23 A origem da agricultura ........................................................................................................... 24 A disseminação das lavouras cornerciais ................................................................................ 25 A importância da agricultura .................................................................................................. 26 As crises de alimentos .............................................................................................................. 26 As guerras mundiais e seus efeitos na agricultura ............................................................... 27 Os acordos internacionais ........................................................................................................ 28 O comércio de grãos ................................................................................................................. 29 Mercado Interno ........................................................................................................................ 32 Mercado Diferido ...................................................................................................................... 32 Mercado Tributado ................................................................................................................... 33 Mercado Sobre Rodas ............................................................................................................... 33 Mercado Externo ....................................................................................................................... 33 Agronegócio ............................................................................................................................... 35 Logística ..................................................................................................................................... 36 Incoterms ..................................................... .............................................................................. 38 REVISÃO ..................................................................................................................................... 42 CAPÍTULO II - FORMAÇÃO DO PREÇO DO GRÃO .................................................................. 45 Cálculo do Preço de Paridade de Exportação - PPE ............................................................... 51 Soja: Cálculo do Preço de Paridade de Exportação - PPE ..................................................... 52 Milho: Cálculo do Preço de Paridade de Exportação - PPE .................................................. 52 Crush margin .............................................................................................................................. 53 ================::;========~ OSEGREºO ::::: DO GRA Crush margin da soja na exportação ...................................................................................... 55 Crush margin da soja no mercado doméstico ....................................................................... 57 Crush margin da soja na Bolsa de Chicago - CBOT ....................... ....................................... 58 Etanol Crush ............................................................................................................................... 62 Simulação do Etanol Crush no Brasil ...................................................................................... 65 Ponto de Equilíbrio da Soja na Bolsa de Chicago .................................................................. 66 Ponto de Equilíbrio do Milho na Bolsa de Chicago ............................................................... 68 REVISÃO ..................................................................................................................................... 72 CAPÍTULO m - l\1ER.CADO DE DERIVATIVOS ......................................................................... 77 A Termo ...................................................................................................................................... 79 Contrato Futuro ......................................................................................................................... 80 Margem de Garantia ................................................................................................................ 82 Ajuste Diário ............................................................................................................................. 82 Day Trade ................................................................................................................................... 83 Operação Normal ..................................................................................................................... 83 Spread ........................................................................................................................................ 83 Spread de Alta (Bull Spread) ..................................................................................................... 83 Spread de Baixa (Bear Spread) .................................................................................................. 83 Tipos de Spread ......................................................................................................................... 83 Funcionamento do contrato futuro ........................................................................................ 88 Exemplo: Venda de Contrato Futuro de Milho em Bolsa de Mercadorias .......................... 90 REVISÃO ..................................... ...................................................................... ....................... ... 94 Opção Sobre Contrato Futuro .................................................................................................. 97 Opção de compra - CALL ......................................................................................................... 97 Opção de venda - PUT ............................................................................................................. 98 Prêmio das Opções .................................................................................................................... 98 Valor Intrínseco ........................................................................... •··············· ............................. 98 Valor Extrínseco ..................................................................................................................... 100 Exemplo: Opção de Venda - PUT ........................................................................................... 101 Exemplo: Opção de Compra - CALL ....................................................................................... 103 Principais fatores que interferem no prêmio de uma opção ............................................. 103 Preço da commodity ou do ativo objeto (S) .......................................................................... 103 Preço da commodity ou do ativo objeto na data de vencimento (S*) ................................ 103 Preço de exercício (K) ............................................................................................................. 103 Tempo (T) ................................................................................................................................. 103 Volatilidade (o) ....................................................................................................................... 103 Taxa de juros (r) ......................................................................................................................103 As letras gregas das opções .................................................................................................. 104 Delta (.tl.) ............................................................................................... ······ ............................. 104 MARCOS ARAUJO Gama (y) .................................................................................................................................. 104 Teta (0) ..................................................................................................................................... 104 Vega (A) ................................................................................................................................... 104 Rô {p) ........................................................................................................................................ 104 Funcionamento das opções sobre contrato futuro ............................................................. 105 Spread de Opções .................................................................................................................... 107 Call Spread ............................................................................................................................... 107 Put Spread ................................................................................................................................ 107 Preço-Alvo ............................................................................................................................... 110 REVISÃO .................................................................................................................................. 112 CAPÍTULO IV - FORMAS DE COMERCIALIZAÇÃO DE GRÃOS UTIIJZADAS PELO PRODUTOR RURAL .............................................................. 119 Venda Disponível. ................................................................................................................... 123 Exemplo: Venda do milho disponível.. ................................................................................. 124 Venda Balcão ........................................................................................................................... 125 Exemplo: Venda de soja a balcão .......................................................................................... 125 Exemplo: Venda de milho a balcão ....................................................................................... 126 Barter ....................................................................................................................................... 126 Exemplo: Barter de soja ......................................................................................................... 127 A Termo ................................................................................................................................... 128 Exemplo: Venda do milho a termo ....................................................................................... 130 Contrato Futuro ...................................................................................................................... 131 Exemplo: Venda de contrato futuro ..................................................................................... 131 Opção Sobre Contrato Futuro ............................................................................................... 134 Exemplo: Compra Opção de Venda - PUT ............................................................................ 134 Exemplo: Compra Opção de Venda - PUT, e Venda Opção de Compra - CALL ................ 134 Exemplo: Venda o Grão Físico e Compra Opção de Compra - CALL ................................. 135 REVISÃO .................................................................................................................................. 138 CAPÍTULO V - FORMAS DE COMERCIALIZAÇÃO DE GRÃOS. UTIIJZADAS PELO COMPRADOR ........................................................................ 141 Back-to-back ............................................................................................................................ 142 Preço de venda do grão pelo método Mark-Up ................................................................... 143 Exemplo - Compra de Soja 1iibutada .................................................................................. 143 Exemplo - Operação de Milho Tributado ............................................................................ 144 Juros Simples .......................................................................................................................... 149 Juros Compostos ..................................................................................................................... 149 Desconto Simples ................................................................................................................... 150 Desconto Composto ............................................................................................................... 151 ::::::::::::::==============~~ o SEGRE90 :::::: ooGRA REVISÃO .................................................................................................................................. 152 Especulação ............................................................................................................................ 154 Arbitragem .............................................................................................................................. 156 Cash and Carry ........................................................................................................................ 158 Basis ............................................................................................................................. ............ 158 Como obter ganho financeiro no basis ................................................................................ 160 Estratégias do comerciante de grãos na negociação do basis .......................................... 160 Período de tempo na negociação do basis ........................................................................... 162 Hedging .................................................................................................................................... 164 Long & Short ............................................................................................................................ 165 REVISÃO .................................................................................................................................. 166 CAPÍTULO VI - TRÊS MECANISMOS NA NEGOCIAÇÃO DO BASIS ...................................... 171 1. Comprar Basis ..................................................................................................................... 172 2. Vender Basis ........................................................................................................................ 172 3. Rolagem dos Contratos Futuros ....................................................................................... 172 REVISÃO .................................................................................................................................. 178 CAPínn.O VIl - MÉTODOS DE COMERCIAIJZAÇÃO DO BASIS ........................................... 183 Compra do Basis (Long-the-Basis) .......................................................................................... 184 Exemplo - Compra do Basis no Mercado Externo FOB ...................................................... 185 Exemplo - Compra do Basis com Grãos em Estoque ......................................................... 185 Exemplo - Compra do Basis com Contrato a Termo .......................................................... 187 Venda do Basis (Short-the-Basis) ............................................................................................189 Exemplo - Venda do Basis no Mercado Externo FOB ......................................................... 190 Exemplo - Venda do Basis com Grãos em Estoque ............................................................ 190 Exemplo - Venda do Basis com Contrato a Termo ............................................................. 193 REVISÃO ....................................................... , ........ , ....... · ............. ······----·· ................................ 196 CAPÍTin.O VIlI - NEGOCIAÇÃO DO BASIS NO MERCADO EXTERNO ................................. 199 Versus Cash .............................................................................................................................. 206 Trading Company .................................................................................................................... 209 Risco de Contraparte ............................................................................................................. 210 , Risco de Mercado .................................................................................................................... 210 Risco de Liquidez .................................................................................................................... 210 Risco Operacional ................................................................................................................... 210 Exportação Direta .................................................................................................................. 212 Operação de Washout ............................................................................................................ 213 Operação de String ...................................................................................... 213 ........... ···············. Operação de Circle .................................................................................................................. 215 MARCOS ARAUJO Riscos envolvidos na negociação do basis ........................................................................... 216 Arbitragem GAFrA e FOSFA ................................................................................................... 220 REVISÃO .................................................................................................................................. 224 CAPÍTULO IX - COMO CONSTRtnR O HISTÓRICO DO BASIS .............................................. 229 Construção do histórico do basis da soja ............................................................................ 232 Construção do histórico do basis do milho ......................................................................... 233 Forças que influenciam a movimentação do basis ............................................................. 234 Curva de preço dos contratos futuros ................................................................................. 235 Oferta & demanda local ......................................................................................................... 236 Taxa de câmbio ....................................................................................................................... 237 REVISÃO .................................................................................................................................. 241 CAPÍTULO X - CUSTO DE REPOSIÇÃO (REPLACEMENT COST) ............................................ 245 Cálculo do replacement do milho a partir da oferta do produtor rural.. .......................... 248 Cálculo do replacement do milho a partir do bid do importador ...................................... 249 Cálculo do replacement da soja a partir da oferta do produtor rural ............................... 251 Cálculo do replacement da soja a partir do bid do importador ......................................... 253 REVISÃO .................................................................................................................................. 255 CAPÍTULO XI - GRÃOS EM CONTÊINER ............................................................................... 261 Observações a serem consideradas nas operações de contêineres .................................. 264 Simulação da exportação de soja em contêiner ................................................................. 266 Modalidades de recebimento no comércio internacional... ............................................... 267 Pagamento Antecipado .......................................................................................................... 267 Contra Apresentação dos Documentos - CAD .................................................................... 267 Carta de Crédito ..................................................................................................................... 267 Adiantamento de Contratos de Câmbio - ACC ................................................................... 267 REVISÃO .................................................................................................................................. 269 CONCLUSÃO ............................................................................................................................ 273 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................ 275 ANEXOS ................................................................................................................................... 277 ANEXO I - CONFIRMAÇÃO DE NEGÓCIO .............................................................................. 278 ANEXO II - BUSINESS CONFIRMATION "SOYBEAN MEAL - FRAME" ................................... 279 ANEXO III - BUSINESS CONFIRMATION "CORN CARGO" ....................................................... 281 ANEXO IV - CONTRATO DE COMPRA E VENDA - MILHO EM GRÃOS A GRANEL ............ 283 RESPOSTAS .............................................................................................................................. 287 SIGLAS E ABREVIATURAS ANEC: Associação Nacional dos Exportadores de Cereais. BASIS: base ou diferencial de base. É a diferença entre o preço local e o preço praticado na Bolsa de Mercadorias. BID: é o preço de compra dado pelo comprador. B/L: Bill of Lading ou conhecimento de embarque. BM&F: Bolsa de Mercadorias & Futuros. BU (bu): Bushel. BPA (bpa): Bushels por Acre. CAD: Cash Against Documents ou pagamento contra apresentação de documentos. CASH ou SPOT: Refere-se ao mercado físico. CBOT: Chicago Board ofTrade ou Bolsa de Chicago. CENTS: Centavos. CFR: Cost and Freight. Custo e Frete no porto de destino designado. CIF: Cost, Insurance and Freight. Custo, Seguro e Frete no porto de destino designado. CIP: Carriage and Insurance Paid To. Transporte e Seguros pagos até o local de destino designado. a.M: Councll of Logistic Management. Conselho de Gestão da Logística. CPT: Carriage Paid To. Transporte pago até o local de destino designado. DAP: Delivered at Place. Entregue no Local de destino designado. DAT: Dellvered at Terminal. Entregue no Terminal de destino designado. DDG: Distillers' DTied Grains. Grãos Secos de Destilaria. DDGS: Distillers' DTied Grains with Solubles. Grãos Secos de Destilaria contendo Solúveis. DDP: Delivered Duty Paid. Entregue, direitos pagos no local de destino designado. EFP: Exchangefor Physical. Troca de Contratos Futuros por Físico. EXW: Ex Works. Na origem com o local de entrega nomeado. FAS: Free Carrier. Livre no costado do navio no porto de embarque designado pelo comprador. FCA: Free Alongside Ship. Transportador livre e no local designado. FCPA: Foreign Corrupt Practices Act. Lei Americana Anti-Corrupção no Exterior. FOB: Free on Board. Livre a bordo do navio no porto de embarque designado pelo comprador. FOSFA: Federation ofOils, Seeds and Fats AssociationsLtd ou Federação de Óleos, Sementes e Gorduras. FUTURES: Refere-se aos contratos futuros em Bolsa de Mercadorias. GAFfA: Grain and Feed Trade Association ou Associação de Comércio de Cereais e Rações. GMP: Good Manufacturing Practices ou Boas Práticas de Fabricação (BPF). JCC: Intemational Chamber of Commerce ou Câmara de Comércio Internacional (CO). LC: Letter ofCredit ou Carta de Crédito. LPI: Logistics Perfomance Index ou Índice de Performance Logística. MTM: Market to Market ou Marcação a Mercado. NDF: Non-Deliverable Forward ou Contrato a Termo. NGFA: National Grain and Feed Association ou Associação Nacional de Grãos e Rações. OFAC: Office ofForeign Assets Contrai ou Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros. OFFER: é o preço de venda dado pelo vendedor. SPC: Soybean Protein Concentrate ou Proteína Concentrada de Soja. USDA: United States Department of Agriculture ou Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. INTRODUÇÃO A cada dia mais pessoas vivem nas cidades ao redor do mundo, e tal tendência deve aumentar nas próximas décadas assim como a população mundial. o pro-cesso de urbanização está associado a outras transformações econômicas e so- ciais. A maior expectativa de vida e o aumento de renda da população requerem mais alimentos; a mudança do hábito alimentar nas cidades influencia a produção agrícola, 0 transporte e o comércio dos grãos. Podemos afirmar que no século XXI ocorre uma depen- dência mútua entre a população urbana e a produção agrícola. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), a população mundial até 0 ano de 2050 deverá alcançar 9,55 bilhões de habitantes; destes 66% constituirão a popula- ção urbana e 34%, a população rural. O crescimento da população mundial e a urbanização adicionarão 2,50 bilhões de pessoas nos centros urbanos ao redor do mundo até o ano de 2050, sendo que aproximadamente 90% deste aumento ocorrerão na Ásia e África. Estima- tivas do Banco Mundial em 2015, apontaram que 702 milhões de pessoas ou 9,6% da po- pulação mundial, estavam abaixo da linha de pobreza e com renda inferior a $1,90 por dia. Para alimentar adequadamente toda essa população até o ano de 2050, sem des- nutrição ou escassez de alimento, a produção agrícola destinada à alimentação humana e dos animais domésticos terá mais do que dobrar no mundo inteiro. No século XXI, o consumo mundial da soja vem crescendo em média 5, 1 % ao ano, o milho 4,3% e o trigo 1,6%. o crescimento da demanda mundial e a alta do preço das commodities agrícolas, têm garantido uma boa receita financeira para o produtor rural. A forte demanda por grãos, efeitos climáticos, preço do petróleo e a taxa de câmbio têm direcionado o mercado nos últimos anos, criando mais volatilidade nos preços das commodities agrícolas. Uma alta de preço pode ocorrer a qualquer momento e não apenas 20 OSEGREºO ooGRA quando os estoques estiverem baixos. Os consumidores e os produtores de grãos apren- deram há muito tempo que não podem ficar expostos ao risco de preço. A agricultura se tomou globalizada e, como tal, está sujeita às oportunidades e aos riscos globais. A agricultura, o transporte e o processamento dos grãos se tomaram dependentes dos combustíveis fósseis. O aumento da produção de carnes ao redor do mundo, tem exigido o plantio, em grandes extensões de terras, de algumas culturas como a soja e o milho que são os princi- pais componentes da ração alimentar de bovinos, aves, suínos, peixes e outros animais. A produção de biocombustíveis também tem contribuído significativamente para o aumen- to da demanda mundial por grãos e óleos vegetais. Os Estados Unidos consomem mais de 132 milhões de toneladas de milho por ano para a produção de etanol, e o Brasil consome mais de 2,70 milhões de toneladas de óleo de soja por ano para a produção do biodiesel. A estrutura de negócios de várias indústrias consumidoras de commoditíes agrícolas ao redor do mundo, exige um suprimento just in time, o que os coloca em risco sob o ponto de vista do suprimento de grãos e óleos vegetais numa eventual quebra de safra nos paí- ses produtores e exportadores. A produção agrícola vive sob uma significativa pressão e com grande vulnerabili- dade às instabilidades econômicas. Algumas commodities agrícolas como é o caso da soja e do milho, possuem estoques de reserva apenas para alguns meses de consumo, e a ex- portação mundial destas commodities está concentrada em poucos países e distantes dos maiores importadores mundiais. No caso da soja, mais de 90% das exportações mundiais se concentram em quatro (04) países: Estados Unidos, Brasil, Argentina e Paraguai, e para o milho, em torno de 85% das exportações mundiais se concentram em quatro (04) paí- ses: Estados Unidos, Brasil, Argentina e Ucrânia. o aumento da produção agrícola ocorre principalmente via ganhos de produtivi- dade através da mecanização, uso de fertilizantes, melhoramento genético, variedades geneticamente modificadas e o uso de novas tecnologias. O uso em conjunto destas prá- ticas possibilita o aumento da produção agrícola e com menor risco de quebra da safra. O grande desafio será interligar a produção agrícola e os alimentos processados com o consumidor final nos grandes centros urbanos ao redor do mundo, portanto, o en- tendimento dos mecanismos de comercialização, logística e análise de mercado, fará uma grande diferença para os profissionais e empresas que atuam no agronegócio. "'11 VISAO GERAL E FUNDAMENTOS , BASICOS 24 OSEGREºO -=====================~~~ DOGRA A ORIGEM DA AGRICULTURA º início da agricultura se deu por volta de 10.000 A.C., durante o período neolítico ou idade da pedra polida. No último período pré-histórico foi que as alterações do clima deram maior espaço para o desenvolvimento da agricultura, e o homem começou a domesticar as plantas e os animais; surgiram as primeiras aldeias e iniciou-se o processo de sedentarização, o homem deixou de ser nômade. Com o aumento da produ- ção agrícola, surge a necessidade de armazenar os alimentos e as sementes para o cultivo, isso levou à criação das peças de cerâmica. As regiões do mundo onde os grupos de seres humanos transformaram-se em so- ciedades que viviam da produção agrícola e desenvolveram a domesticação dos cereais selvagens, são os locais designados de centros de origem da revolução agrícola neolítica. De acordo com MAZOYER, M. e ROUDART, L e outros historiadores, tivemos seis centros de maior importância - sendo eles: ► O centro do Oriente-Próximo na região entre Síria - Palestina entre 10.000 a 9.000 A.C. As principais espécies vegetais domesticadas foram o trigo, cevada, linho, ervi- lha, lentilha, grão-de-bico e outras leguminosas; ► O centro neo-guineense muito provável nas montanhas da Papua-Nova Guiné, em 10.000 A.C. A principal espécie vegetal domesticada foi o taro e outras plantas do sudeste asiático e da Oceania; ► o centro centro-americano na região sul do México entre 9.000 a 4.000 A.C. As prin- cipais espécies vegetais domesticadas foram a pimenta, abacate, abóbora, abobri- nha, milho, feijão e algodão; ► o centro chlnês na região norte da China em 8.500 A.C. e depois nas regiões nordes- te e sudeste do país entre 8.000 a 6.000 A.C. As principais espécies vegetais domes- ticadas foram a soja, arroz, milheto e a amoreira para a criação do bicho da seda; ► o centro sul-americano deve ter se estabelecido na região dos Andes peruanos ou equatorianos ao redor de 6.000 A.C. As principais espécies vegetais domesticadas foram a batata, oca, quinoa, tremoço; e ► o centro norte-americano estabelecido na região da bacia do médio Mississipi em torno de 4.000 a 3.000 A.C. As principais espécies vegetais domesticadas foram 0 sabugueiro dos pântanos, girassol, abóbora, anserina e outras espécies vegetais utilizadas na ração animal como a cevadilha e um tipo de milheto. Houve três áreas secundárias de domesticaçãovegetal que contribuíram com novas espé- cies selvagens e outras regiões menos importante como a Europa, a qual contribui com a domes- ticação do centeio e aveia. As três principais áreas secundárias de domesticação vegetal foram: MARCOS ARAUJO 25 ► Norte, oeste e centro-oeste do continente sul-americano. As principais espécies ve- getais domesticadas foram o amendoim, mandioca, algodão de fibra longa, pimen- tão, feijão de Lima, batata-doce, abacaxi e outras; ► África tropical na região do Sahel ao norte da linha do equador. As principais espé- cies vegetais domesticadas foram o sorgo, milheto, arroz africano, quiabo, inhame africano, dendê (palma) e outras; e ► Sudeste da Ásia onde as principais espécies vegetais domesticadas foram a fava, o taro, inhame chinês, rami, lichia, bananeira, cana-de-açúcar, cítricas e outras. ► Centros de origem da revolução agrícola neolítica e áreas secundárias de domes- ticação Fonte: MAZOYER, M. e ROUDART, L. A DISSEMINAÇÃO DAS LAVOURAS COMERCIAIS Além da disseminação natural das espécies vegetais, temos a influência do vento, dos animais e do próprio ser humano. Dois acontecimentos históricos contribuíram para a disseminação das lavouras comerciais, sendo eles: As conquistas árabes a partir da Península Arábica durante século VII fizeram com que o império muçulmano cobrisse uma grande extensão de terras da Espanha até a Índia disseminando algumas espécies vegetais e de animais vindo do sul e sudeste da Ásia e da África para serem cultivados e criados na Europa, o que também contribuiu com a ampliação do comércio dos grãos, e o descobrimento das Américas a partir do século XV pelos espanhóis, portugueses e outros exploradores europeus que dissemi- naram as lavouras comerciais da região para outros continentes e com grande impacto na agricultura e no comércio mundial. 26 OSEGREpO --:================~~----~ DOGRA A IMPORTÂNCIA DA AGRICULTURA O desenvolvimento da agricultura transformou o modo de vida do ser humano. Criou-se uma organização social, política e econômica. A revolução agrícola proporcionou o desenvolvimento de outras atividades tais como o comércio, a logística e a indústria; e estes, por sua vez, forneceram à agricultura novos meios de produção, mais eficientes. A maior disponibilidade de grãos permitiu um forte crescimento da população humana. Os grãos se tornaram uma importante fonte de alimentos, e os cereais (trigo, milho, arroz e outros) desde então, são a principal fonte de alimento para o ser humano, seguido pelas leguminosas (feijão, soja, canola e outras). o grão é destinado ao consumo humano corno alimento ou como matéria-prima para a indústria. Os cereais são fontes de amido (milho, trigo, sorgo e outros) considerado fonte de ener- gia, muito utilizado nas rações animais e na alimentação humana. São a matéria-prima de farinhas usadas na panificação, indústria de massas, bebidas, etanol e outros alimentos. As leguminosas são uma importante fonte de proteína porque têm predominância de aminoácidos em sua composição; na ração animal os farelos (soja, canola, girassol e outros) são importantes fontes de proteína, e os óleos vegetais além do consumo animal e humano também estão sendo utilizados para a produção de biodiesel. AS CRISES DE ALIMENTOS Entre os anos de 1315 -1322, o clima adverso na parte oeste do continente europeu causou grandes perdas na produção de grãos provocando penúria, doenças e mortes. Du- rante a crise de alimentos o preço dos grãos subiu até dez (10) vezes acima do preço normal. O clima só voltou ao normal após o rigoroso inverno de 1322. Na Europa este período ficou conhecido corno a "Grande Fome". O clima frio e chuvoso, além da quebra de safra, trou- xe surtos de peste nos anos de 1356, 1361 e 1374, causando a morte de milhares de seres humanos. Os historiadores estimam que a peste negra (peste bubônica) causou a morte de 50% da população europeia na época - algo em torno de 75 milhões de seres humanos. Durante os séculos XV ao XVIII, a agricultura viveu sob condições climáticas adversas devido ao frio intenso e chuvoso, principalmente no hemisfério norte; este período ficou conhecido como A Pequena Idade do Gelo. Em 1590, o clima frio na Inglaterra e na Europa quebrou a safra de grãos gerando escassez de alimentos, alta de preço do grão e revolta social. Durante o século XVII a China, Japão, Índia e outros países do leste asiático sofreram com secas severas, e a falta de alimentos causou rebeliões e crises políticas. Entre os séculos XVI e XVIII o Império Otomano praticamente dobrou de tamanho a sua população enquanto que a produção agrícola cresceu apenas 20% neste período. Como a produção agrícola não acompanhou o ritmo de crescimento da população, houve escassez de alimentos e guerras. MARCOS ARAUJO 27 No século XIX entre os anos de 1845 - 1846 a requeima (Phytophthora infestans), uma doença fúngica vinda dos Estados Unidos e até então não conhecida no norte da Europa, foi disseminada devido às condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento do fungo o que devastou as lavouras e causou rebeliões em 1848. Na Irlanda ocorreram milhares de mortes, o que forçou a emigração para os Estados Unidos. Entre 1870 a 1900 o clima seco afetou drasticamente a produção agrícola na China, Índia, em partes do leste da África e norte do Brasil, causando milhares de mortes na China e Índia. Outras adversidades climáticas neste período, afetaram a produção de grãos na Rússia e nos Estados Unidos limitando o comércio de grãos na época. A Revolução Francesa em 1789, aboliu o feudalismo e os governos da Europa começaram a emancipar os camponeses num processo que durou até o ano de 1884. No século XX tivemos a primeira guerra mundial (1914- 1918) e a segunda guerra mundial (1939 - 1945) que causaram penúria e mortes em vários países ao redor do mun- do. Durante a segunda guerra mundial a Europa e União Soviética ficaram devastadas; a Alemanha produzia 85% da demanda interna de alimentos e saqueava alimentos de ou- tros países. A crise de alimentos na época, persuadiu várias pessoas a votarem no partido comunista no período pós-guerra. Ainda no século XX a China, Índia, México, a região do Sahel na África e outras regiões do mundo sofreram com guerras, revoltas e várias quebras de safra. Entre os anos de 1971 a 1975 a União Soviética sofreu quebras de safra, o país havia aumentado o rebanho de animais para atender ao consumo interno de carnes e houve a necessidade de suprimento externo para atender à demanda local. No verão de 1972 os soviéticos fizeram um acordo secreto com as cinco (05) maíores empresas comerciantes de grãos, tradings companies, dos Estados Unidos para a compra de 24,20 milhões de toneladas de grãos a preços baixos. Logo depois do ocorrido, quando o mercado ficou sabendo, houve uma disparada dos preços gerando crises internas com a escassez de grãos para a produção de carnes nos Estados Unidos e graves crises externas devido à alta do preço dos grãos no mercado internacional. No século XXI, o risco do desabastecimento de alimentos poderá ocorrer mesmo nos países exportadores de grãos, a exemplo do que ocorreu com os Estados Unidos em 1972. o livre-comércio e o câmbio flutuante possibilitam o escoamento de grandes quan- tidades de soja e milho num curto período de tempo para atender à demanda externa, consequentemente desabastecendo o mercado interno e gerando graves crises na indús- tria produtora de carnes; no Brasil, no ano de 2016 ocorreu um elevado desabastecimento do milho devido à forte exportação do cereal no ano anterior e a quebra de safra. AS GUERRAS MUNDIAIS E SEUS EFEITOS NA AGRICULTURA Durante a primeira guerra mundial (1914 - 1918), a Inglaterra e a Alemanha blo- quearam o fluxo do comércio de grãos, e em 1916, estes países estabeleceram o raciona- 28 OSEGREpO '.:::::::::::====================~ DOGRA menta e o controleda produção agrícola; os Estados Unidos e o Canadá aumentaram a produção agrícola devido ao aumento da demanda externa e se beneficiaram com essa primeira guerra mundial. Alguns países, como o Egito e Argélia, foram invadidos e força- dos a vender os grãos respectivamente para a Inglaterra e França. As colônias na África e Ásia foram forçadas a aumentar a produção de grãos para atender à demanda dos euro- peus. Nestas colônias, o comércio dos grãos estavam sob a influência das tradings euro- peias, as quais monopolizavam a exportação e o processamento da produção agrícola; os comerciantes de grãos lucraram bastante neste período. Outros regimes de governo ao redor do mundo, criaram fazendas estatais e forçaram o aumento da produção agricola para atender aos objetivos do Estado. Nestas regiões, durante este período de tempo, os produtores rurais ficaram economicamente, socialmente e politicamente subordinados. Durante a segunda guerra mundial (1939 - 1945) e nas décadas seguintes, os Estados Unidos vieram a dominar a agricultura mundial e foram o principal fornecedor de alimentos pós-guerra para a Europa e outras regiões prejudicadas. O sistema de produção agrícola dos Estados Unidos serviu de modelo para vários outros países. Eles criaram programas e leis voltados ao desenvolvimento da agricultura. Em 1941 criou-se o Steagall Amendment e o Lend -Lease; em junho de 1947 o Secretário de Estado dos Estados Unidos, George Marshall, propôs o programa de ajuda econômica, conhecido como European Recovery Program -ERP ou Marshall Plan; em 1954 os Estados Unidos criaram o Agricultura! Trade Development and Assistance Act que em 1960, foi renomeado para Foodfor Peace. Estes programas e leis tiveram como objeti- vos subsidiar a agricultura e beneficiar o produtor rural norte-americano, aumentar o preço mínimo e a produção agrícola, atender à forte demanda internacional, fornecer ajuda huma- nitária aos países e nações aliadas e barrar o crescimento do comunismo. OS ACORDOS INTERNACIONAIS Após a segunda guerra mundial, surgiu a necessidade de regular as relações econômicas internacionais, e vários países somaram esforços neste sentido. Em julho de 1944 durante as conferências de Bretton Woods, representantes de todas as quarenta e quatro (44) nações aliadas, definiram o Sistema Bretton Woods de gerenciamento econômico internacional, estabeleceram regras para as relações comerciais e financeiras entre os países mais industrializados do mundo. O acordo de Bretton Woods criou o Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento - BIRD, maís tarde dividido entre o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional - FMI; o acordo de Bretton Woods dispunha, entre outras medidas, a obrigação de cada país adotar uma política monetária que mantivesse a taxa de câmbio de suas moedas dentro de um determinado valor indexado ao dólar, cujo valor, por sua vez, estaria ligado ao ouro. O acordo de Bretton Woods durou até o dia 15 de agosto de 1971 quando o então Presi- dente dos Estados Unidos Richard Nixon eliminou o padrão-ouro; o dólar ficou flutuante e houve MARCOS ARAUJO 29 urna desvalorização da moeda. Outras mudanças na política de comercialização e exportação de grãos dos Estados Unidos favoreceram o aumento das exportações norte-americanas. A Organização das Nações Unidas - ONU, substituiu a Liga das Nações e foi estabelecida oficialmente em outubro de 1945 assim como a criação da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura- FAO. No âmbito comercial em 1947 foi estabelecido o Acordo Geral Sobre Tarifas e Comércio - GATT, o qual visava impulsionar o livre-comércio entre os Estados signatários e combater as práticas protecionistas adotadas desde a década de 30. Em substituição ao GATT, criou-se em 01/01/1995, a Organização Mundial do Comércio - OMC; em 1964 foi criada a Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e Desenvolvimento - Unctad, e o Centro de Comércio Internacional- ITC; a Rodada Uruguai (1986 - 1994) definiu "O Acordo Sobre Agricultura", e a Rodada Doha (2001} deu nova dinâmica para o comércio in- ternacional de grãos. Todos esses acordos multilaterais impactaram positivamente a agricul- tura, o produtor rural e o comércio de grãos com a redução dos subsídios e uma concorrência comercial mais justa entre os países-membros da OMC. O COMÉRCIO DE GRÃOS A agricultura, o comércio e o dinheiro surgiram durante o período neolítico 10.000 A.C. Inicialmente o dinheiro era representado por sementes, e havia as operações de es- cambo com o excedente da produção agrícola; o comércio crescia conforme aumentavam os excedentes da produção agrícola, o que gerou grandes lucros para os mercadores. Na Bíblia, no livro dos Provérbios, no capítulo 11, versículo 26, temos um provérbio ares- peito da comercialização de grãos, que diz: "Ao que retém o trigo o povo amaldiçoa, mas bênção haverá sobre a cabeça do que o vende". Durante a Idade Média, a penúria foi amenizada em algumas regiões da Europa devi- do ao desenvolvimento do comércio de grãos. Mais bem alimentada, a população ficou mais resistente às doenças, e a mortalidade infantil diminuiu significativamente. As conquistas árabes, a partir do século VII, contribuíram para a ampliação do comércio dos grãos. Du- rante o feudalismo, a partir do século IX, tanto a produção agrícola quanto o comércio dos grãos ficaram limitados; no século x:rv, o leste da Europa se tornou uma importante área de produção de grãos, e o comércio com o oeste da Europa ganhou força; o comércio marítimo se articulava em tomo de duas regiões: o mar do Norte e Báltico e o mar do Mediterrâneo. Os traders italianos dominavam a comercialização de grãos no Mediterrâneo e ex- pandiram seus negócios para a região do Mar Negro comprando grãos na Ucrânia, Cri- meia, Balcãs, Creta e Sicília, para revendê-los na Itália e França. Na região do mar do Norte e Báltico a comercialização de grãos estava com os comerciantes, traders, da Liga Hanseática, uma associação de cidades mercantis no Báltico, os quais compravam grãos na Polônia e Prússia para revendê-los na Escandinávia, Inglaterra e Holanda. 30 ::::::=======================~:!!!S oSEGRE90 ooGRA Durante o século XV ao XVIII, predominou a subordinação dos agricultores; com o descobrimento das Américas no século XV pelos colonizadores europeus estendeu-se o co- mércio entre os continentes. O comércio vindo das Américas atendia à demanda dos euro- peus, mas com um altíssimo custo para a sociedade humana graças ao trabalho escravo. Durante o século XIX a agricultura revelou a sua importância para a economia glo- bal. Com a produção agrícola orientada ao mercado e em grande escala, houve a expansão do comércio de grãos, surgiram os contratos futuros e a Bolsa de Chicago; as grandes empresas comerciantes de grãos, Tradings Companies, e os processadores de alimentos. No sérulo XX a modernização da agrirultura foi o objetivo principal de vários gover- nos e sociedades ao redor do mundo. Durante a primeira metade do sérulo XX, a agrirultura mundial viveu um momento de prosperidade no período pré-guerra e posteriormente, viveu uma série de crises: guerra, superprodução agrícola, queda do preço dos grãos, secas severas, penúria, êxodo rural e recessão econômica: ''A Grande Depressão". Os governos democráticos da época intervieram com programas para gerir a crise de alimentos, tais como: compra de grãos, garantia do preço mínimo, política de crédito, reforma agrária, tarifas de importação, subsídios para a exportação, regulamentação da produção agrícola e o comércio dos grãos. Os subsídios na agricultura acabaram criando uma dependência dos produtores ru- rais e distorções no comércio dos grãos; isso durou até a rodada do Uruguai (1986 -1994) em que definiu-se o acordo sobre a agricultura e a redução dos subsídios para uma con- corrência comercial mais justa entre os países-membros.A maior oferta de grãos e uma demanda limitada propiciavam a curva positiva de preço dos contratos futuros, ou seja, in carry, o preço futuro era maior do que o valor presente. Estratégias comerciais do tipo custo & carrego, cash and carry, garantiam o lucro dos traders da época. No século XXI o aumento da população, a urbanização e o aumento de renda reque- rem mais alimentos e num curto espaço de tempo. A produção de carnes e a produção dos alimentos industrializados não possibilitam o armazenamento dos grãos nos silos por um longo período de tempo. Os consumidores finais os utilizam e produzem todo tipo de alimento necessário ao consumo alimentar dos humanos e dos animais. O forte cresci- mento da demanda mudou a dinâmica do comércio dos grãos, trazendo mais volatilidade e alterando a curva de preço dos contratos futuros. A comercialização dos grãos ultrapassa os limites da propriedade rural e alcança o consumidor final a milhares de quilômetros de distância do local de produção. A atividade comercial dos grãos requer conhecimentos técnicos na área agronômica, engenharia de alimentos, logística, administração, finanças, jurídica, contábil, comércio exterior, entre outras. A atuação dos compradores de grãos pode limitar-se à cidade em que eles estão sediados e pode abranger até mesmo outros países, a depender do conhecimento técnico e da capacidade financeira da empresa. MARCOS ARAUJO 31 As commodities agrícolas são mercadorias padronizadas; muitas delas possuem o preço definido em Bolsa de Mercadorias; a indústria da comercialização agrícola é ca- racterizada por ser fragmentada, isto é, ausente de líderes de mercado que influenciam o setor como um todo. Devido ao grande número de concorrentes no mercado e à forte competição, os comerciantes de grãos possuem uma posição fraca em termos de poder de negociações com os vendedores. O ganho financeiro é marginal, e é crucial um controle rigoroso dos custos operacionais e o alto grau de profissionalismo para obter ganho de competitividade. A decisão do comprador final baseia-se principalmente no menor preço do grão, e a ausência de lealdade ao fornecedor é prática comum no mercado. Para o produtor rural a comercialização é tão importante quanto a produção do grão; conhecer o funcionamento e os mecanismos da comercialização agricola permitem ao pro- dutor rural melhorar a eficiência e ter segurança nas tomadas de decisões. O resultado fi- nanceiro obtido com a comercialização do grão pode determinar a permanência do produtor rural na atividade, e o resultado financeiro na produção agricola depende da produtividade, custos de produção e o preço de venda do grão. Por isso é muito importante o produtor rural conhecer o custo de produção e a produtividade; desta forma ele saberá a que nível de preço deve vender o grão para obter um resultado financeiro satisfatório. A indústria de grãos é composta por uma variedade de diferentes empresas, e o processo de comercialização dos grãos é uma atividade excitante, pois passa por todos os setores do agronegócio: fornecedores dos insumos e bens de produção, produção agrícola, processamento e transformação, distribuição e consumo e serviços de apoio. ► Fluxo da comercialização de grãos FLUXO DA COMERCIALIZAÇÃO DE GRÃOS PRODUTOR CONSUMIDOR Rações ~ Blo~!L., Industrias 32 - -::::::::=========== ========~s QSEGREPO ooGRA As negociações com grãos podem ocorrer tanto no mercado interno quanto no mercado externo. A forma mais usual para o produtor rural é comercializar sua produ- ção Ex Works - EXW, no mercado diferido. o produtor rural disponibiliza o grão em sua propriedade e a partir deste momento o comprador assume todos os custos e riscos até o destino final do grão. Para uma trading company suas operações estão mais direcionadas para o mercado externo Free on Board - FOB, ou Cost, Insurance and Freight - CIF, são ope- rações mais complexas, uma vez que o transporte do grão pode ocorrer desde a fazenda do produtor rural até o consumidor final em outro país. MERCADO INTERNO '~ MERCADO DIFERIDO -,~\i MERCADO TRIBUTADO fM dt MERCADO EXTERNO ~~BRERODASP ---........_ _....___ ....-.._ __....___ WC FOB ►7.,W.J'..WJCW.Y◄ CIF ,<i[••················································································ ..... ➔ ,<i[••·······················································► ► Mercado Interno As operações de grão no mercado interno são realizadas dentro do país de produção, e o destino final do grão pode ser o mercado doméstico ou a retaguarda portuária para o mer- cado externo. Normalmente, o produtor rural vende o grão com retirada nos armazéns na região produtora e o comprador efetua a retirada e o transporte do grão até o destino fi- nal. Nos Estados Unidos a comercialização agrícola no mercado interno possui regras que foram estabelecidas pela Natíonal Grain and Feed Association - NGFA, fundada em 1896, e regulam as operações comerciais envolvendo o grão no mercado tisico norte-americano. Em vários outros países não existe uma associação nacional para estabelecer as regras co- merciais envolvendo o grão no mercado interno e, muitas vezes, o comerciante de grãos, produtor rural e o consumidor final são penalizados injustamente. No Brasil as principais condições de negócios de grãos no mercado interno, ocorrem no: ► Mercado Diferido Este termo refere-se às operações internas dentro do próprio estado em que o grão foi produzido, negociação isenta do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e MARCOS ARAUJO 33 Prestação de Serviços - ICMS. Na comercialização de grãos para exportação ou com o fim específico de exportação, não ocorre a incidência do ICMS. ► Mercado Tributado Este termo refere-se às operações interestaduais e, no caso, ocorre a incidência do ICMS. Normalmente os vendedores são os comerciantes de grãos (cerealistas e coo- perativas), e os compradores são os consumidores finais (indústrias de soja, biodie- sel, fábricas de ração e moinhos). ► Mercado Sobre Rodas Esta expressão refere-se às operações destinadas à exportação do grão. O vendedor se compromete a entregar o grão na retaguarda portuária e, a partir deste momento, o comprador assume os demais custos e fornece os documentos que compravam a expor- tação do grão. Os vendedores são as cerealistas, cooperativas e grandes produtores ru- rais, e os compradores são os exportadores (comercial exportadora e trading company). ► Mercado Externo As operações no mercado externo caracterizam-se por serem praticadas para fora do pais de produção do grão, voltada ao mercado internacional. Estima-se que 80% das negociações com cereais (milho, trigo, arroz e outros) no mercado internacio- nal, obedecem aos parâmetros contratuais estabelecidos pela Grain and Feed n-ade Assocíation - GAFrA, e para as sementes oleaginosas (soja, girassol, canola e outras) estima-se que 85% do comércio internacional obedecem aos parâmetros contra- tuais estabelecidos pela Federation of Oils, Seeds and Fats Assocíations Ltd - FOSFA. Além do GAFrA e FOSFA, existem associações dos exportadores de grãos nos princi- pais países produtores; no Brasil temos a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais - ANEC. Estas associações têm por objetivo desenvolver o melhor cenário para a comercialização de commodities agrícolas no mercado internacional e forne- cer auxílio para os seus associados. Cada commodity possui um contrato específico e, a depender do Incoterms da negociação, torna-se importante conhecer os termos contratuais e manter-se atualizado acerca das alterações dos contratos, quando houver. Eventual conflito comercial entre as partes de um contrato GAFrA e FOSFA será levado à câmara arbitral da instituição onde ocorre o julgamento do fato con- forme as regras de arbitragem. As grandes empresas atuantes na comercialização dos grãos são conhecidas como n-adings Companies e possuemescritórios em várias localidades ao redor do mundo. As operações comerciais entre as filiais da própria companhia são chamadas In-House. Nor- malmente, numa Trading Company, o processo de originação do grão é feito pelo Grain Merchandiser. Consiste na compra do grão na região produtora e em levá-lo até o termi- nal portuário. A partir deste momento, o Trader é o responsável pela comercialização e 34 . -::==== ============~!!!'!!.'l o sEGREº O -:: ooGRA transporte do grão no mercado externo desde o porto de origem até o porto de destino. O contrato de afretamento marítimo, Charter Party, ocorre entre a companhia marítima e o exportador; são definidos os deveres e as obrigações das partes shipowner & shipper. No mercado internacional existem profissionais especializados na intermediação de ne- gócios com commodities agrícolas; são os corretores, Brokers. ► Definição de Merchandising Merchandising é o processo pelo qual as empresas do agronegócio passam a gerir a compra e a venda ou o uso dos grãos no seu curso normal das operações. A palavra em inglês Merchandiser tem origem na palavra francesa Merchand, que significa comerciante e, mais antigo ainda, na língua hebraica, a raiz da palavra significava viajar, portanto, um viajante; antigamente os comerciantes viajavam levando suas mercadorias e as vendiam nos lugares por onde passavam. ► Definição de Grain Merchandiser O comerciante de grãos, em inglês Grain Merchandiser, é o responsável pela compra e venda de grãos no mercado fisico; coordena o transporte do produto e gerencia o risco de preço. Grain Merchandiser normalmente trabalha no escritório, e o seu dia de trabalho é bem agitado. Utiliza bastante o telefone mantendo contato com várias pessoas e acompanha atentamente os fundamentos do mercado. Dentre as habilidades requeridas na atividade do profissional, vale destacar: gestão do risco de preço, finanças, boa comunicação oral e escrita, relação com cliente, transporte, logística e análise do mercado. A maioria dos profissionais que atuam como Grain Merchandiser tem formação aca- dêmica vinculada ao agronegócio e possuem conhecimentos na área de agronomia, economia, finanças, administração, contabilidade, matemática e informática. As oportunidades de trabalho estão localizadas nas empresas que atuam no agronegó- cio, tais como: tradings, cerealistas, cooperativas, revendas, bancos de investimen- to, corretoras de mercadorias e agroindústria. ► Definição de Trader Trader é o profissional que atua na compra e venda de commodities no mercado in- ternacional, responsável por administrar e gerenciar toda a operação. Trabalha nas empresas Trading Company, em multinacionais como: Cargill, Bunge, ADM, Louis Dreyfus e outras. Ao contrário do Grain Merchandiser, o Trader não atua na compra do grão diretamente do produtor rural. Normalmente, a originação do grão se dá pelo Grain Merchandiser, e a venda do grão no mercado externo é feita pelo Trader. ► Definição de Commodity Commodity é uma palavra da língua inglesa e quer dizer mercadoria, padronizada, tais como: soja, milho, trigo, petróleo, alumínio, entre outros. O plural de commo- díty na língua inglesa, é commodities. MARCOS ARAUJO F.t=~::>•-:-~':"'!~~=======::::=:::---::---:~===============----::~-- 35 AGRONEGÓCIO O termo agronegócio foi criado em 1957 por dois professores economistas Oohn Davis e Ray Goldberg) da Universidade de Harvard nos Estados Unidos, definindo-o como: "O con- junto de todas as operações e transações envolvidas desde a fabricação dos insumos agro- pecuários, das operações de produção nas unidades agropecuárias, até o processamento e distribuição e consumo dos produtos agropecuários in natura ou industrializados." De acordo com João Batista Padilha Júnior, pelo conceito de agronegócios deve-se entender a soma total das operações de produção e distribuição de suprimentos agrícolas, das operações de produção nas unidades agrícolas, do armazenamento, do processamento e distribuição dos produtos agrícolas e itens produzidos a partir deles. Estão, consequente- mente, nesse conjunto todos os serviços financeiros, de transporte, classificação, marketing, seguros, bolsas de mercadorias, entre outros. Todas essas operações são elos de cadeias que se tomaram cada vez mais complexos à medida que a agricultura se modernizou, e o produto agrícola passou a agregar mais serviços que estão fora da fazenda. Dessa forma, o conceito de agronegócio engloba os fornecedores de bens e serviços para a agricultura, os produtores rurais, os processadores, os transformadores e distribuidores e todos os envolvi- dos na geração e fluxo dos produtos de origem agrícola até chegarem ao consumidor final. Participam também desse complexo os agentes que afetam e coordenam o fluxo dos produ- tos, tais como o governo, os mercados, as entidades comerciais, financeiras e de serviços. O agronegócio envolve uma série de atividades com grande impacto na economia de diversos países. Um ponto interessante a ser observado é o fato de que o maior valor finan- ceiro gerado ao longo da cadeia do agronegócio não ocorre dentro das propriedades rurais, mas sim, fora delas, com destaque durante as etapas de processamento e distribuição. O agronegócio pode ser mais bem entendido em cinco principais setores: fornece- dores de insumos e bens de produção, produção agropecuária propriamente dita, proces- samento e transformação, distribuição e consumo e serviços de apoio. Fornecedores de Insumos e Bens de · Produção t Semente .Fertiliza mte ' Calcário ! Defensivos Í Rações ! Produt0s 1 Veterinários l - • E:Qmbustrveis 1 Máquinas lliTlpler,mentos 1 M0tol'íés Prroc:tuç·ão A.grrop,ecuáfia i!LaVG>l!Jlía'S lrnlJil..fJl'árlas Processamento e lir.ansformação limemtos êxteis 05 01 ele Pr~pelã0 ,0 leos Essenc7ais SeNiços de Apoio Agronômicos 1etíiná11i0s · a o efi\agem spor.te os as e.e cadamas rr0s Fonte: ABAG - Associação Brasileira de Agronegócio 36 O agronegócio ultrapassa as fronteiras da propriedade rural envolvendo empresas e profissionais que atuam antes, durante e posteriormente ao processo de produção agro- pecuária. O termo "antes da porteira" refere-se aos fornecedores de insumos e bens de produção; o termo "dentro da porteira" refere-se à produção agropecuária propriamente dita, e por último, o termo "fora da porteira" envolve o processamento e transformação, distribuição e consumo e os serviços de apoio. O termo agroindústria refere-se a uma unidade produtora integrante dos segmen- tos ligado à produção, transformação e acondicionamento, e que processa o produto agrí- cola, em primeira ou segunda transformação, para sua utilização intermediária ou final. A compreensão do agronegócio é de grande importância para o planejamento es- tratégico das empresas e dos produtores que nele atuam. Para as empresas o ideal é obter a maximização dos lucros através do aumento das receitas e da diminuição dos custos de produção; e para os produtores o ideal é a minimização dos custos de produção atra- vés dos cortes de despesas supérfluas e da melhor eficiência no processo de produção. A manutenção no mercado visa garantir a existência do produtor rural ou da empresa na atividade econômica, mesmo com pequenas margens de lucro. Isso ocorre normalmente em períodos de crise; torna-se importante a gestão de custos e o baixo custo de produção. LOGÍSTICA De acordo com a Coundl of Logistic Management - CLM, logística é o processo de planejamento, implantação e controle do fluxo eficiente e eficaz de mercadorias, serviços e das informações relativas, desde o ponto de origem até o ponto de consumo com o pro- pósito de atender às exigências dos clientes. No agronegócio, a logística ocorre durante a movimentação dos insumos, produção agropecuária, armazenagem e distribuição. Custos de transporte elevados podem limitaro porte de uma fábrica eficiente ou de uma área de produção, apesar da ocorrência de eco- nomias de escala. Na comercialização de grãos, a logística está envolvida no escoamento da produção, na armazenagem e no transporte dos grãos até o consumidor final. Existem diferentes modalidades de transportes dos grãos: rodoviário, ferroviário, hidroviário (fluvial e marítimo) e intermodal. O transporte intermodal é uma combinação de diferentes modalidades de transporte para levar o grão de um lugar para outro, com o objetivo de diminuir o custo do transporte. Observando a modalidade e os custos de transporte, também devemos estar ciente dos equipamentos de transporte e da capacida- de de carga, tais como: caminhões graneleiros, vagões, contêineres, barcaças e navios; se são adequados a cada tipo de produto e para a quantidade negociada. Devemos também observar a infraestrutura de apoio, tais como: qualidade e capacidade do armazém, capa- cidade de embarque e desembarque do porto, profundidade e comprimento do berço no MARCOS ARAUJO 37 porto, entre outros fatores. Além disso, a pontualidade durante o processo de movimen- tação do grão é crucial e afeta diretamente o resultado financeiro da operação. Alterações nos custos de transporte, custo do capital e na taxa de câmbio afetam diretamente o custo final do grão, prejudicando, assim a demanda, e podem modificar os limites geográficos de atuação no mercado. O grande desafio logístico é conciliar as opções de transporte do grão no prazo estabelecido e ao menor custo possível, obtendo desse modo vantagem competitiva frente aos demais concorrentes do mercado. Por isso é importante conhecer os canais e as alternativas de escoamento do grão tanto no mercado doméstico quanto no internacional. O Banco Mundial desenvolveu uma ferramenta para identificar o desempenho lo- gístico de um país, chamado de Índice de Performance Logística (Logistics Performance Index - LPI} e que permite comparar o desempenho de um país com outros países. Para construir o perfil logístico de um país, o Índice de Performance Logística leva em conside- ração medidas qualitativas e quantitativas; ele mede o desempenho logístico da cadeia de suprimentos do país sob duas perspectivas: internacional e nacional. O Índice de Performance Logística Internacional consiste na avaliação qualitativa de seis áreas do país e é analisado pelos parceiros comerciais que trabalham fora daquele país. Tal avaliação consiste na: 1 ► Eficiência e clareza do processo praticado (velocidade, simplicidade e previsibi- lidade das formalidades) pelos agentes de fronteira, incluindo al!andega; 2 ► Qualidade do comércio e transporte relacionado à infraestrutura (portos, ferro- vias, rodovias, tecnología da informação); 3 ► Facilidade de arranjar embarques a preços competitivos; 4 ► Competência e qualidade dos serviços logísticos (operadores de transporte, agentes de cargas e outros); 5 ► Capacidade de controlar e rastrear remessas; e 6 ► Frequência dos embarques que são capazes de chegar no destino conforme pra- zo combinado. o Índice de Performance Logística Nacional consiste também na avaliação qualita- tiva e quantitativa em quatro áreas do país e é feita pelos profissionaís que trabalham dentro daquele país, sendo elas: 1 ► A Infraestrutura; 2 ► Serviços; 3 ► Os procedimentos alfandegário e de tempo; e 4 ► Confiabilidade da Cadeia de Suprimentos. 38 OSEGREpO ~ ================~-:-=~ DOGRA INCOTERMS Os Termos de Comércio Internacional ou Jncoterms, são um conjunto de regras para a interpretação de contratos internacionais de compra e venda de mercadorias. Esse con- junto de regras foi criado pela CCI - Câmara de Comércio Internacional - (International Chamber ofCommerce - ICC) em 1936 e vem sofrendo alterações ao longo do tempo, ade- quando-se a novas realidades do mercado. Atualmente são onze diferentes termos, cujas siglas são sempre formadas por três letras; estão agrupados em quatro categorias: A primeira categoria é formada por um único termo ("E" - Ex Works} em que o vendedor disponibiliza a mercadoria para o comprador em seu próprio estabelecimento de origem. Na segunda categoria ("F" - FCA, FAS e FOB}, o vendedor é responsável pela entrega da mercadoria a um transportador designado pelo comprador. Na terceira categoria ("C" - CFR, CIF, CPT e CIP}, o vendedor é responsável pela con- tratação do transporte, porém sem assumir os riscos por perda ou danos às mercadorias, ou custos adicionais decorrentes de eventos que ocorram após o embarque e despacho. Na quarta categoria ("D" - DAT, DAP e DDP}, o vendedor tem que assumir todos os custos e riscos necessários em levar as mercadorias até o país de destino. i 1 ·,_--~ ] M~~;-d; Tra~s--;rt;Ã ikáv-;i;- ~; f Grupo :r SigJa l'. Denominação j~~~""""".,.;.;.;.a...,,...~-....,....,.......~==-=..:i fxpa~ r-oov '.. ' :=~·=~:;;;;::;;:; ;:;::;;::;;:~;:::::;::;;;;:=: ;.;::;.:==.;~~~ "Ir" F6A Tr,anspefté !Pri · Nã MARCOS ARAUJO 39 CFR/CIF EXW FAS FOB CPT/CIP DAT DDP ! i ! ! i ! al .... a~~~~~~-.. FCA Portod• 1 Portod• DAP Comprador ~ Embatqu• O.stlno ~ '~ 1 ... 1 _______ ,º;::J_---o_ ~ _ _,.~ Vendedor ► EXW - Ex Works Na origem com o local de entrega nomeado. A partir do local da retirada da mer- cadoria o comprador assume todos os custos e riscos envolvidos no transporte da mercadoria do local de origem até o destino. Nesse termo, o vendedor, em seu domicilio, limita-se a colocar a mercadoria à dis- posição do comprador para o transporte e no prazo estabelecido; o vendedor não é responsável pelo desembaraço da mercadoria. O comprador deve providenciar a retirada da mercadoria no estabelecimento do vendedor, transporte interno, em- barque para o exterior, licenciamentos, contratações de frete, seguro internacional, entre outros ítens. ► FOB - Free on Board Livre a bordo do navio no porto de embarque designado pelo comprador. Nesse ter- mo, a responsabilidade e a obrigação do vendedor sobre a mercadoria ocorrem até a colocação da mercadoria desembaraçada para a exportação a bordo do navio no porto de embarque designado pelo comprador. Esse termo só pode ser utilizado no transporte aquaviário (marítimo, fluvial ou lacustre). ► FAS - Free Alongside Ship Livre no costado do navio no porto de embarque designado pelo comprador. Nesse termo, a responsabilidade do vendedor se encerra quando a mercadoria, desembaraçada para a exportação, é colocada ao longo do costado do navio transportador, no porto de embar- que. A contratação do frete e do seguro internacional fica por conta do comprador. Esse termo só pode ser utilizado no transporte aquaviário (marítimo, fluvial ou lacustre). ► FCA - Free Carrier Transportador livre e no local designado. O vendedor completa suas obrigações e encerra sua responsabilidade quando entrega a mercadoria, com fim específico 40 --------:::::======================~~ oSEGREºO -= DOGRA para a exportação, ao transportador ou a outra pessoa indicada pelo comprador, no local nomeado no país de origem. Esse termo pode ser utilizado em qualquer modalidade de transporte, inclusive multimodal. ► CFR - Cost and Freight Custo e Frete no porto de destino designado. Nesse termo, o vendedor assume todos os custos anteriores ao embarque internacional, bem como a contratação do frete internacional, para transportar a mercadoria até o porto de destino indicado pelo comprador. Destaque-se que os riscos por perdas e danos na mercadoria são trans- feridos do vendedor para o comprador ainda no porto de carga. Esse termo só pode ser usado no transporte aquaviário (marítimo, fluvial ou lacustre). ► OF - Cost, Insurance and Freight Custo, Seguro e Frete no porto de destino designado. Nesse termo, o vendedor tem as mesmas obrigações que no CFR e, adicionalmente, deve contratar o seguro ma- rítimo contra riscos de perdas e danos durante o transporte da mercadoriaaté o porto de destino designado pelo comprador. Esse termo só pode ser usado no trans- porte aquaviário (marítimo, fluvial ou lacustre). ► CPT - Carriage Paid To Transporte pago até o local de destino designado. Nesse termo, o vendedor contrata o frete pelo transporte da mercadoria até o local de destino designado. Os riscos de perdas e danos na mercadoria, bem como quaisquer custos adicionais devidos a eventos ocorridos após a entrega da mercadoria ao transportador, são transferi- dos pelo vendedor ao comprador, quando a mercadoria é entregue à custódia do transportador. Esse termo pode ser usado em qualquer modalidade de transporte, inclusive multimodal. ► CIP - Carriage and Insurance Paid To Transporte e Seguros pagos até o local de destino designado. Nesse termo, o ven- dedor tem as mesmas obrigações definidas no CPT e, adicionalmente, arca com o seguro contra riscos de perdas e danos da mercadoria durante o transporte interna- cional. O comprador deve observar que no termo CIP, o vendedor é obrigado apenas a contrat&r seguro com cobertura mínima, posto que a venda (transferência de responsabilidade sobre a mercadoria) se processa no país do vendedor. Esse termo pode ser usado em qualquer modalidade de transporte, indusive multimodal. ► DAT - Delivered at Terminal Entregue no Terminal de destino designado. O vendedor completa suas obrigações e encerra sua responsabilidade quando a mercadoria é colocada à disposição do comprador, num terminal de destino designado (cais, terminal de contêineres ou armazém), descarregada do veículo transportador, mas não desembaraçada para MARCOS ARAUJO 41 a importação. Esse termo pode ser usado em qualquer modalidade de transporte, inclusive multimodal. ► DAP - Delivered at Place Entregue no Local de destino designado. O vendedor completa suas obrigações e encerra sua responsabilidade quando coloca a mercadoria à disposição do compra- dor no local de destino designado; o desembaraço da mercadoria ocorre por conta do importador. Esse termo pode ser usado em qualquer modalidade de transporte, inclusive multimodal. ► DDP - Delivered Duty Paid Entregue, direitos pagos no local de destino designado. Nesse termo, o vendedor so- mente cumpre sua obrigação de entrega quando a mercadoria tiver sido posta em dis- ponibilidade no local designado no país de destino final. O vendedor assume todos os riscos e custos, inclusive impostos, taxas e outros encargos incidentes na importação. Ao contrário do termo EXW, que representa o minimo de obrigações para o vende- dor, o DDP acarreta o máximo de obrigações para o vendedor. Esse termo pode ser utilizado em qualquer modalidade de transporte, inclusive multimodal. 42 REVISÃO OSEGREPO ooGRA 1. A domesticação do trigo e da cevada se deu no centro do Oriente-Próximo na região entre Síria - Palestina. Qcerto Qerrado 2. A domesticação da soja e do arroz se deu no centro chinês na região norte da China. Qcerto Qerrado 3. A domesticação do milho e do algodão se deu no centro-americano na região sul do México. Qcerto Qerrado 4. Os Termos de Comércio Internacional ou Incoterms, são um conjunto de regras para a interpretação de contratos internacionais de compra e venda de mercadorias. Esse conjunto de regras foi criado pela ca - Câmara de Comércio Internacional - (International Chamber of Commerce - ICC} em 1936. Qcerto Qerrado s. o produtor rural efetuou uma venda de soja com retirada do grão no armazém loca- lizado em sua propriedade. Foi uma venda do tipo Ex - Worlcs (EXW). Qcerto Qerrado 6. A trading company efetuou a venda de um navio de soja Cost, Insurance and Freight - CIF, no porto de Dalian na chi.na. É obrigação da trading company a contratação do seguro da mercadoria até o porto de destino. Qcerto Qerrado o ......-4 ::::i ..µ , ..... o.. co u ~ -◄e:t»e-?'i,.-. FORMAÇÃO '?0 PREÇO DO GRAO 46 -~===================~= OSEGREPO -:: ooGRA P ara uma boa comercialização é crucial ter o entendimento de como se forma o preço do grão, que, às vezes, ocorre em Bolsa de Mercadorias de outros países. A princi- pal Bolsa de Mercadorias para a referência de preço da soja e do milho é a Bolsa de Chicago {CBOT) nos Estados Unidos e por isso, toma-se necessário fazermos a conversão de preço, uma vez que os Estados Unidos não adotam o sistema internacional de unidades. As cotações de preço praticadas na CBOT referem-se ao grão negociado na cidade de Chicago - EUA, e em localidades próximas. A partir das cotações praticadas nos contratos futuros da CBOT, definem-se os preços praticados nos contratos a termo, assim como nos portos ex- portadores e importadores de grãos. Os negócios à vista de grãos (disponível, spot ou cash) utilizam como referência de preço, o primeiro mês de vencimento da CBOT. O preço do grão (soja e milho) FOB nos portos de exportação e CIF nos portos de importação, assim como o preço do grão nas regiões produtoras, é estabelecido a partir de um sistema de ágio ou deságio sobre a cotação de determinado mês de vencimento na CBOT. No mercado brasileiro o ágio e o deságio sobre a cotação do preço do grão na CBOT são conhecidos como prêmio, e no mercado internacional são conhecidos como basis (em português, base); a diferença entre o preço praticado no mercado físico e o preço do con- trato futuro na Bolsa de Mercadorias é definido como basis. O preço do grão praticado no mercado físico regional, pode ser maior, menor ou igual ao preço do contrato futuro na Bolsa de Mercadorias a depender das forças do mercado local. Por outro lado, o preço do contrato futuro na Bolsa de Mercadorias envolve todas as forças econômicas e reflete as expectativas futuras do quadro de oferta e demanda globais. o preço da soja e do milho FOB nos portos brasileiros reflete: ► preços OF nos principais destinos ► preços FOB nos principais paises concorrentes ► custo do frete marítimo ► line up (tempo de espera dos navios para atracação nos portos) ► loading rate (capacidade de embarque no porto) ► oferta & demanda local ► taxa de câmbio BUSHEL Bushel é uma unidade de volume; a definição está de acordo com o sistema inglês (US customary units) utilizado para medir commodities secas, normalmente na agricultura; abreviatura de bushel é "bu". O US ou Winchester bushel era originalmente definido como um recipiente cilíndrico, medindo 18,50 polegadas de diâmetro por 8,00 polegadas de MARCOS ARAUJO 47 profundidade; atualmente o bushel é definido em 2.150,42 polegadas cúbicas exatamente. De acordo com a densidade de cada commodity, teremos um peso diferente neste recipien- te cilíndrico. 01 bushel de soja possui 60 libras 01 bushel de milho possui 56 libras As cotações da soja e do milho na Bolsa de Chicago - CBOT, são em centavos de dólar por bushel; por exemplo: Soja a $1387,00 centavos por bushel Milho a $746,25 centavos por bushel LIBRA-PESO A palavra libra vem do latim e quer dizer "balança", "objeto que serve para pesar". Apesar de ser uma unidade de massa, é muito utilizada como uma unidade de peso. A libra, cuja abreviatura é "lb", possui 453,592338 gramas ou 0,453592338 quilogramas. É necessário multiplicarmos o bushel de determinado produto por 0,453592338 quilogra- mas e saberemos quantos quilos tem um bushel de determinada commodity especifica- mente. Na conversão de bushel para tonelada é utilizado o fator de conversão com quatro (04) casas decimais após a vírgula. 453,592338 g = 453,5923 g 453,5923 g / 1.000 = 0,4535923 Kg DESCOBRINDO O FATOR DE CONVERSÃO: ► Bushel de Soja 60 libras-peso x 0,4535923 Kg= 27,2155 Kg 1.000 Kg/ 27,2155 Kg= 36,7437 - - - ' ~ .. -~ - - ... - ~ . / 1 t.\1 ~, 1 ... , 1 •,(.•. ,.r: ·lr 1:r11 !,i.1 ,J,_ :cqJ,1 l~)-f·.1Í1l11d::J\ r1l:,1_ .:'('"\;-; :...',··· ► Bushel de Milho 56 libras-peso x 0,4535923 Kg = 25,4012 Kg 1.000 Kg/ 25,4012 Kg= 39,3683 - -· -•• - - - r ,
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