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Cadeia produtiva de Culturas Anuais

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Prévia do material em texto

2018
Cadeia Produtiva de 
Culturas anuais
Prof.ª Maria Flávia de Figueiredo Tavares
Copyright © UNIASSELVI 2018
Elaboração:
Prof.ª Maria Flávia de Figueiredo Tavares
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
 
630
T231c Tavares, Maria Flávia de Figueiredo
Cadeia produtiva de culturas anuais / Tavares, Maria Flávia de 
Figueiredo. Indaial: UNIASSELVI, 2018.
 186 p. : il.
 ISBN 978-85-515-0146-7
1. Agricultura – Engenharia Agricola - Agronomia.
I. Centro Universitário Leonardo da Vinci
 
Impresso por:
III
aPresentação
Caro acadêmico, estamos iniciando o estudo da disciplina Cadeia 
Produtiva de Culturas Anuais. 
Na Unidade 1 serão discutidas as principais cadeias produtivas do 
agronegócio brasileiro, destacando a sua importância nacional e mundial. 
Também discutiremos sobre agregação de valor e sua aplicação nas cadeias 
produtivas. Dentro deste contexto, você conhecerá as escolas e filiações 
teóricas que tratam do estudo do agronegócio: escola francesa das Cadeias 
de Produção Agroindustrial (CPA) a escola norte-americana dos Sistemas 
Agroindustriais (SAG). 
O desenvolvimento sustentável será discutido na Unidade 2, bem 
como o conceito e as aplicações de agricultura sustentável. Abordaremos 
a questão do agronegócio sustentável: do pequeno agricultor que tem uma 
produção em menor escala e pode agregar valor a sua produção ao produzir 
orgânicos ou produtos com o selo fair trade (comércio justo). Quando se fala 
de produção, também não podemos esquecer o mercado consumidor, pois 
atualmente está ocorrendo um aumento do consumo saudável, em que o 
consumidor se preocupa com a origem e a qualidade dos alimentos e dos 
produtos, além de se preocupar em conhecer a postura das empresas em 
relação à responsabilidade social e ambiental. 
Na Unidade 3, você estudará os desafios do agronegócio. Para conhecê-
los serão apresentados os direcionadores do agronegócio mundial, pois o 
mundo está em constante evolução e o agronegócio precisa acompanhá-lo. 
Não podemos apenas pensar em nossa região ou no Brasil e não acompanhar 
o que acontece mundialmente. 
A internet nos permite acessar lugares, empresas e pessoas, o que 
antes era quase impossível. Assim, abrem-se mercados no mundo inteiro, e 
o agronegócio brasileiro pode ser um importante participante do mercado 
internacional. Para que isso aconteça é preciso ter qualificação profissional, 
buscar novas tecnologias e estar aberto a novas oportunidades. 
Esperamos que você utilize este material para conhecer com mais 
detalhes as cadeias produtivas do agronegócio, e ao terminar, consiga 
discutir sobre o tema com seus colegas. É importante que você analise de 
maneira crítica estas cadeias produtivas, observando os seus pontos fortes e 
propondo melhorias para que elas se tornem cada vez mais eficientes. 
Desejamos uma ótima leitura e bons momentos de reflexão!
Prof.ª Maria Flávia de Figueiredo Tavares
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos 
materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais 
os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais 
que possuem o código QR Code, que é um código 
que permite que você acesse um conteúdo interativo 
relacionado ao tema que você está estudando. Para 
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos 
e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar 
mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!
UNI
V
VI
VII
UNIDADE 1 - CADEIAS PRODUTIVAS DO AGRONEGÓCIO ................................................1
TÓPICO 1 - RELEVÂNCIA DO AGRONEGÓCIO ........................................................................3
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................3
2 A IMPORTÂNCIA DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO ..........................................................3
3 DEFINIÇÕES DE AGRONEGÓCIO ...............................................................................................6
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................9
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................10
TÓPICO 2 - CENÁRIO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE PRODUTOS DE
ORIGEM VEGETAL .......................................................................................................13
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................13
2 CADEIA PRODUTIVA DO ALGODÃO .......................................................................................13
3 CADEIA PRODUTIVA DO ARROZ ...............................................................................................15
3.1 AGREGAÇÃO DE VALOR NO ARROZ ....................................................................................17
4 CADEIA PRODUTIVA DO CAFÉ ..................................................................................................18
4.1 PERSPECTIVAS FUTURAS PARA O CONSUMO DE CAFÉ .................................................21
5 CADEIA PRODUTIVA DO MILHO ...............................................................................................23
6 CADEIA PRODUTIVA DA SOJA ..................................................................................................25
6.1 TENDÊNCIAS FUTURAS ............................................................................................................29
6.2 AGREGAÇÃO DE VALOR NA SOJA.........................................................................................30
6.3 PRODUTOS INOVADORES QUE UTILIZAM SOJA NA SUA COMPOSIÇÃO ................31
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................34
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................40
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................41
TÓPICO 3 - CENÁRIO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE PRODUTOS DE
ORIGEM ANIMAL .........................................................................................................431 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................43
2 CADEIA PRODUTIVA DA CARNE BOVINA ............................................................................43
2.1 PERSPECTIVAS DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA BRASILEIRA .......................46
3 CADEIA PRODUTIVA DA CARNE SUÍNA ................................................................................47
3.1 MERCADO INTERNO DAS CARNES SUÍNA E DE FRANGO ............................................49
4 CADEIA PRODUTIVA DA CARNE DE FRANGO .....................................................................51
5 PROJEÇÕES FUTURAS DAS CARNES BOVINA, SUÍNA E DE FRANGO .........................54
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................58
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................59
UNIDADE 2 - SUSTENTABILIDADE NO AGRONEGÓCIO .....................................................61
TÓPICO 1 - MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ............................63
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................63
2 DEFINIÇÕES DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL .....................................................63
3 AGRICULTURA SUSTENTÁVEL ...................................................................................................65
sumário
VIII
3.1 SEQUESTRO DE CARBONO ......................................................................................................66
3.1.1 Mudanças Climáticas ...........................................................................................................67
3.2 SISTEMA DE PLANTIO DIRETO (SPD) ....................................................................................69
3.2.1 Definição do Sistema Plantio Direto (SPD) .......................................................................69
3.2.2 Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) ...................................................................70
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................75
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................76
TÓPICO 2 - AGRONEGÓCIO SUSTENTÁVEL .............................................................................77
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................77
2 COMMODITIES OU AGREGAÇÃO DE VALOR? ......................................................................77
2.1 CERTIFICAÇÃO COMO AGREGAÇÃO DE VALOR .............................................................78
2.2 O MERCADO DE ORGÂNICOS .................................................................................................79
2.2.1 Organic 3.0 .............................................................................................................................80
2.3 O CONSUMIDOR DE PRODUTOS SAUDÁVEIS ...................................................................81
2.3.1 Assimetria de informações ..................................................................................................83
2.3.2 Perfil do consumidor de produtos orgânicos ...................................................................84
2.3.3 Sistema de distribuição dos alimentos orgânicos ...........................................................85
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................86
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................92
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................93
TÓPICO 3 - CERTIFICAÇÃO COMO AGREGAÇÃO DE VALOR ............................................95
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................95
2 CERTIFICAÇÃO FLORESTAL FSC ...............................................................................................95
3 CERTIFICAÇÃO FAIR TRADE ........................................................................................................97
3.1 MEL FAIR TRADE .........................................................................................................................98
3.2 PERFIL DO CONSUMIDOR DO COMÉRCIO JUSTO ............................................................103
LEITURA COMPLEMENTAR 1 ..........................................................................................................104
LEITURA COMPLEMENTAR 2 ..........................................................................................................108
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................114
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................115
UNIDADE 3 - DESAFIOS DO AGRONEGÓCIO ...........................................................................117
TÓPICO 1 - DIRECIONADORES DO AGRONEGÓCIO: FATORES
SOCIAIS E ECONÔMICOS ..........................................................................................119
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................119
2 CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO ...............................................................................................119
3 DESLOCAMENTO DO PODER ECONÔMICO GLOBAL .......................................................122
4 URBANIZAÇÃO ACELERADA .....................................................................................................124
4.1 DESINTERESSE DO JOVEM EM FICAR NO CAMPO ...........................................................125
5 VOLATILIDADE DOS PREÇOS .....................................................................................................126
5.1 FATORES QUE AFETAM OS PREÇOS DAS COMMODITIES AGRÍCOLAS ......................127
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................129
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................130
TÓPICO 2 - DIRECIONADORES DO AGRONEGÓCIO MUNDIAL: FATORES 
RELACIONADOS À INOVAÇÃO E TECNOLOGIA .............................................133
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................133
2 BIOTECNOLOGIA .............................................................................................................................133
2.1 SEMENTES GENETICAMENTE MODIFICADAS (GM) ........................................................133
IX
3 URBAN FARM .....................................................................................................................................134
4 TECNOLOGIA BLOCKCHAIN ........................................................................................................138
4.1 ACOMPANHAMENTO E RASTREAMENTO EM CADEIAS DE VALOR ..........................139
5 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO ......................................................................................140
6 BIOENERGIA ......................................................................................................................................1436.1 ETANOL E AÇÚCAR DE BETERRABA ....................................................................................144
6.2 ETANOL DE MILHO ....................................................................................................................146
7 SUSTENTABILIDADE E SEGURANÇA DOS ALIMENTOS ...................................................148
7.1 TRIPLE BOTTOM LINE (TBL) ......................................................................................................148
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................149
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................150
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................151
TÓPICO 3 - PERDAS E DESPERDÍCIO NO SISTEMA AGROINDUSTRIAL ........................153
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................153
2 OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ........................................................153
LEITURA COMPLEMENTAR 1 ..........................................................................................................162
LEITURA COMPLEMENTAR 2 ..........................................................................................................167
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................172
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................173
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................175
X
1
UNIDADE 1
CADEIAS PRODUTIVAS DO 
AGRONEGÓCIO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• compreender as definições de agronegócio;
• conhecer o cenário do agronegócio no Brasil e suas interfaces;
• refletir sobre a cadeia de valor do agronegócio e seus desdobramentos 
sociais, econômicos e políticos do ponto de vista nacional e internacional;
• entender o agronegócio brasileiro e suas perspectivas futuras.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, 
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo 
apresentado.
TÓPICO 1 – RELEVÂNCIA E DEFINIÇÕES NO AGRONEGÓCIO
TÓPICO 2 – CENÁRIO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE PRODUTOS DE 
ORIGEM VEGETAL
TÓPICO 3 – CENÁRIO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE PRODUTOS DE 
ORIGEM ANIMAL
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
RELEVÂNCIA DO AGRONEGÓCIO
1 INTRODUÇÃO
O conteúdo abordado será sobre a relevância do agronegócio brasileiro, 
pois o país é um grande produtor e exportador de commodities agrícolas, como 
soja, suco de laranja, milho etc. O agronegócio gera empregos diretos e indiretos, 
gera renda para muitas famílias, melhorando a sua qualidade de vida.
Há 50 anos, o Brasil era importador de comida e hoje somos o 2º maior 
supridor do mercado internacional de exportação do agronegócio. Nos próximos 
anos, a tendência é ultrapassarmos os EUA, que não têm território para ampliar a 
sua área plantada (TAVARES, 2012).
De acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação 
e Agricultura (FAO, 2015), até 2050 a população crescerá de 7 bilhões para 9 
bilhões de habitantes, e o volume produzido de alimentos, ração e fibras deverá 
dobrar. Estima-se que a produção global de grãos precisará crescer cerca de 70% 
nesse período, e ao mesmo tempo as lavouras serão utilizadas para produzirem 
bioenergia e para fins industriais.
Dentre os desafios da agricultura para este futuro próximo, podemos 
destacar os seguintes:
• competirá com área e água, pois as cidades estão crescendo;
• deverá contribuir para reduzir os danos ao meio ambiente;
• ajudará a preservar habitats naturais e a manter a biodiversidade;
• será preciso o desenvolvimento de inovações tecnológicas que consigam 
otimizar o uso do solo, utilizando máquinas agrícolas modernas, aplicativos 
e internet digital. Desse modo, a mão de obra poderá ser usada em outras 
funções que não sejam tão desgastantes. 
2 A IMPORTÂNCIA DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
 
Muito se tem falado sobre a importância do agronegócio brasileiro e 
principalmente do aumento das exportações brasileiras de grãos, em especial a 
exportação de soja para a China (ADAMI, 2017). Na safra 2016/2017, as exportações 
do agronegócio totalizaram US$ 61 bilhões, sendo que para a safra 2017/2018, a 
estimativa é de US$ 64 bilhões, com um aumento de 4,9%.
O consumo mundial de soja na safra 2016/2017 foi de 329,2 milhões de 
toneladas, e é esperado na safra 2017/2018 um aumento de 4,3%, com um consumo 
de cerca de 343 milhões de toneladas. É esperado também um aumento de 6,5% 
UNIDADE 1 | CADEIAS PRODUTIVAS DO AGRONEGÓCIO
4
do consumo chinês, passando de 101,5 milhões de toneladas na safra 2016/2017, 
para 108,1 milhões de toneladas no período 2017/2018 (USDA, 2018). 
Na Figura 1 podemos observar que a participação do Agronegócio no PIB 
do Brasil teve seus picos em 1996 (28,3%), em 2003 (27%) e se recuperou em 2016 
(20%). Os setores que têm uma participação maior no PIB do Agronegócio são 
os de serviços e da indústria, que são os responsáveis pelos maiores lucros no 
sistema agroindustrial. 
FIGURA 1 – PARTICIPAÇÂO (%) DO AGRONEGÓCIO NO PIB DO BRASIL
FONTE: Disponível em: <https://www.cepea.esalq.usp.br/br/pib-do-agronegocio-brasileiro.
aspx>. Acesso em: 21 fev. 2018.
FONTE: Disponível em: <https://www.cepea.esalq.usp.br/br/pib-do-agronegocio-brasileiro.
aspx>. Acesso em: 21 fev. 2018.
A Figura 2 ilustra o PIB total do Brasil no período de 1996 a 2016:
FIGURA 2 – PIB TOTAL BRASIL (1996 A 2016)
TÓPICO 1 | RELEVÂNCIA DO AGRONEGÓCIO
5
FONTE: Disponível em: <http://eesp.fgv.br/noticias/agroneg%C3%B3cio-%C3%A9-voca%C3%A7%C3%A3o-
brasileira>. Acesso em: 21 fev. 2017
FONTE: Disponível em: <http://www2.espm.br/sites/default/files/marini.pdf>. Acesso em: 21 fev. 2018.
O Brasil é um grande produtor e exportador de commodities, que são 
produzidas em grandes áreas de produção, com alta tecnologia, baixo custo de 
produção e a maioria destes produtos que são exportados possuem uma gestão 
eficiente da sua produção. Atualmente, o Brasil é um grande produtor e exportador 
de soja, de suco de laranja, açúcar etc. A Figura 3 mostra a posição brasileira na 
produção e exportação mundial de alguns produtos agrícolas em 2015/2016.
FIGURA 3 – POSIÇÃO BRASILEIRA NA PRODUÇÃO E EXPORTAÇÃO MUNDIAL DE PRODUTOS 
AGRÍCOLAS (2015/16)
Produtos Produção Exportação % da produção exportada
Açucar lº lº 66,6
Café lº lº 58,9
Suco de laranja lº lº 85
Soja em grão 2º lº 52,7
Carne bovina 2º 2º 14,9
Carne de frango 3º 1º 25,5
Óleo de soja 4º 2º 23,5
Farelo de soja 4º 2º 52,1
Milho 4º 4º 13,9
O perfil da produção agrícola difere de uma região para outra. Em 
algumas regiões, como o Centro-Oeste, predominam algumas culturas como soja 
e algodão, que são produzidas como commodities em grande escala de produção 
e direcionadas para exportação. Na região Sul, predominam culturas como trigo, 
soja e as raças de gado na pecuária de corte Angus, Hereford e as produzidas 
no Centro-Oeste, como Nelore, Guzerá etc. A figura a seguir mostra a produção 
agropecuária nas diversas regiões do Brasil:
FIGURA 4 – PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA NAS DIVERSAS REGIÕES DO BRASIL
Região Número de produtores Culturas Perfil
Uso da 
tecnologia
Centro-
Oeste e 
MATOPIBA
25.000
Algodão, 
soja e cana-
de-açúcar
Grandes 
produtores e 
tradings
Alta 
tecnologia
Sudeste 250.000
Cana, cafe, 
milho, 
horticulturas 
e vegetais
Pequenos e mêdios 
produtores, grandes 
usinas de açúcar e 
álcool e indústria 
processadora de 
suco de larania
Tradicional e 
empresarialSul 600.000 Soja, milho, arroz e trigo Pequenos e mêdios
Tradicionais 
e 
profissionais
UNIDADE 1 | CADEIAS PRODUTIVAS DO AGRONEGÓCIO
6
3 DEFINIÇÕES DE AGRONEGÓCIO
Entre as escolas e filiações teóricas que tratam do estudo do agronegócio 
destacam-se as duas mais difundidas: a escola francesa das Cadeias de Produção 
Agroindustrial (CPA) e a escola norte-americana dos Sistemas Agroindustriais 
(SAG). O conceito das duas escolas teve origem no final dos anos 1950, início dos 
anos 1960, e entre os principais teóricos estão Davis e Goldberg, Montigaud e 
Labonne (ZYLBERSZTAJN; NEVES, 2000; BATALHA, 1997).
O termo agronegócio foi proposto por Davis e Goldberg em 1957 por 
meio da abordagem dos Sistemas Agroindustriais. Juntos elaboraram uma 
ferramenta para analisar e avaliar a importância de cada setor do agronegócio e 
a interdependência entre esses setores. Davis e Goldberg (1957, p. 12) definiram 
agribusiness como “a soma total das operações de produção, distribuição de 
suprimentos agrícolas, das operações de produção nas unidades agrícolas, do 
armazenamento, processamento e distribuição dos produtos agrícolas e itens 
produzidos a partir deles”.
 
O conceito de agribusiness passou a ser difundido no Brasil somente a partir 
da década de 1980. Foi a partir da década de 1990 que a tradução do termo para o 
português (agronegócio) passou a ser aceita e utilizada no país (ARAÚJO, 2005). 
No conceito de agronegócio também são consideradas as exigências do 
consumidor final, que muitas vezes é responsável por decisões dentro da cadeia 
produtiva, ao contrário da abordagem dentro de um segmento, na indústria ou na 
agricultura, pois gera uma visão sistêmica que é a somatória de ações desempenhadas 
pelos agentes, monitorados pelo governo e sob a pressão exercida pelos consumidores, 
que vai garantir o pleno atendimento das necessidades do consumidor.
Fornecedores de insumos agropecuários, ideais para uma propriedade 
rural, fornecem fertilizantes, crédito, defensivos químicos, alimento para criação 
animal e sementes. São distribuidores, ou seja, todos aqueles que estão envolvidos 
na produção e no fluxo dos produtos agrícolas até chegar ao consumidor. 
“Também fazem parte desse complexo os agentes que afetam e coordenam 
o fluxo dos produtos: o governo, os mercados, as entidades comerciais, 
financeiras e de serviços” (MENDES; PADILHA JR., 2007, p. 48). É preciso haver 
uma coordenação da cadeia, pois todos os elos precisam estar relacionados, caso 
ocorra algum problema, toda a cadeia será afetada. 
A figura a seguir apresenta uma visão sistêmica do agronegócio, partindo 
do princípio de que existem vários elos que são interdependentes:
TÓPICO 1 | RELEVÂNCIA DO AGRONEGÓCIO
7
FIGURA 5 – SISTEMA AGROINDUSTRIAL
FONTE: Shelman (1991 apud ZYLBERSZTAJN; NEVES, 2000, p. 6)
Os sistemas agroindustriais assemelham-se às redes de relacionamento, 
sendo que nessas redes cada agente tem contato com um ou mais agentes. As 
relações estabelecidas entre diferentes redes definirão a arquitetura dos sistemas 
e torná-los, ou não, eficientes. 
Os agentes que fazem parte e compõem essas redes de relacionamento 
são: o consumidor; o atacado; o varejo de alimentos; e a agroindústria. Atuam 
na transformação de beneficiamento e/ou processamento de produtos agrícolas. 
A produção primária é formada por agentes que atuam na geração da matéria-
prima para a agroindústria (ZYLBERSZTAJN; NEVES, 2000).
A escola das Cadeias de Produção Agroindustrial (CPA) propõe que sejam 
estudados os processos de integração dentro do sistema agroalimentar, também 
pretende analisar qual será o caminho que o produto fará e quais serão os agentes 
envolvidos no processo, que tem início na produção e termina no consumo final 
do produto. 
Essa teoria avança na definição de Davis e Goldberg (1957) quando 
mostra que os sistemas agroalimentares são heterogêneos devido à diversidade 
de funções, como a produção, industrialização e comercialização. Para a CPA, 
UNIDADE 1 | CADEIAS PRODUTIVAS DO AGRONEGÓCIO
8
existem diferenças na localização da produção, nas técnicas produtivas e no 
consumo de diversas culturas que possuem as suas especificidades e precisam 
ser analisadas separadamente, sempre tendo uma visão sistêmica da cadeia 
(MONTIGAUD, 1991; BATALHA, 1997). 
 
Outra escola que analisa o agronegócio é a Gestão de Cadeias de 
Suprimento (GCS). Voltando-se a uma abordagem gerencial, ela estuda como 
ocorrem os processos e as várias funções dentro de uma empresa que faz parte 
de uma determinada cadeia de suprimento. Essa abordagem passou a ser 
estudada nos anos 1980 e possui a sua origem associada à logística e ao marketing 
(BATALHA, 1997).
9
Neste tópico, você aprendeu que:
• O Brasil tem uma grande extensão de terras, logo, o perfil de produção muda 
de uma região para outra. 
• De acordo com a FAO (2015), até 2050 a população crescerá de 7 bilhões para 9 
bilhões de habitantes e o volume produzido de alimentos, ração e fibras deverá 
dobrar. 
• Enquanto a população mundial e suas demandas continuarem crescendo, os 
recursos do planeta serão finitos, não podem ser renovados, como a água, o 
petróleo e seus derivados. 
• O crescimento populacional está associado a enormes desafios globais, 
portanto todos os habitantes do planeta deverão se preocupar. Não podemos 
deixar para os nossos descendentes um mundo pior do que nos foi deixado 
pelos nossos antepassados. 
• Entre as escolas e filiações teóricas que tratam do estudo do agronegócio 
destacam-se as duas mais difundidas: a escola francesa das Cadeias de 
Produção Agroindustrial (CPA) e a escola norte-americana dos Sistemas 
Agroindustriais (SAG). 
• O conceito das duas escolas teve origem no final dos anos 1950 e início dos 
anos 1960.
• Entre os principais teóricos estão Davis e Goldberg, Montigaud e Labonne. 
Estes consideram que é preciso ter uma visão sistêmica do agronegócio e 
devem ser analisados os sucessivos estágios de produção, a industrialização e 
suas interações.
RESUMO DO TÓPICO 1
10
1 De acordo com a FAO (2015), até 2050 a população mundial crescerá de 7 
bilhões para 9 bilhões de habitantes e o volume produzido de alimentos, 
ração e fibras deverá dobrar. Sobre a necessidade de aumentar esta 
produção, é correto afirmar que:
a) ( ) Para que isso ocorra, deveremos somente utilizar robôs na lavoura, 
pois eles fazem o trabalho mais rápido e não precisam comer.
b) ( ) Será necessário o uso de novas tecnologias para produzir mais em 
uma porção menor de área, utilizando menos mão de obra.
c) ( ) O Brasil precisará aumentar a produtividade, produzindo de maneira 
sustentável em áreas menores, utilizando tecnologias como drones, 
aplicativos de celular, máquinas modernas, modernas técnicas de 
produção etc.
d) ( ) Não devemos fazer nada e continuar produzindo da mesma maneira 
e na mesma quantidade.
e) ( ) Passaremos a aumentar a área de produção para lugares que ainda 
não foram explorados.
f) ( ) Tudo o que for produzido deverá ser consumido no mercado interno.
2 Ao conceito de agronegócio devem ser consideradas as exigências do 
consumidor final, que muitas vezes é responsável por decisões dentro da 
cadeia produtiva. À definição do termo agronegócio deve-se considerar o 
conceito de visão sistêmica, sendo assim, é correto afirmar:
a) ( ) Em uma cadeia produtiva, cada elo não deve se preocupar com o outro, 
só deve se preocupar com que acontece na sua cultura produzida e 
esquecer as demais.
b) ( ) A demanda do consumidor não interfere em nada no produto que for 
produzido da cadeia produtiva.
c) ( ) Os sistemas agroindustriais não precisam ter redes de relacionamento, 
cada agente é independente em suas decisões, não influenciam em 
nada o mercado.
d) ( ) Uma visão sistêmica é a somatória de ações desempenhadas pelos 
agentes, monitorados pelo governo e sob a pressão exercida pelos 
consumidores, que vai garantir o pleno atendimento das suas 
necessidades.
e) ( ) A indústria produtora de insumos agrícolasnão precisa se preocupar 
com que o produtor rural necessita, as suas decisões são independentes.
AUTOATIVIDADE
11
3 Com relação às escolas e filiações teóricas que tratam do estudo do 
agronegócio destacam-se as duas mais difundidas: a escola francesa das 
Cadeias de Produção Agroindustrial (CPA) e a escola norte-americana dos 
Sistemas Agroindustriais (SAG). É correto afirmar que:
a) ( ) Não são considerados importantes o papel do estado, das instituições 
e das organizações.
b) ( ) Consideram que devem ser analisados apenas os sucessivos estágios 
de produção, pois a industrialização faz parte do agribusiness.
c) ( ) Cada elo deve se preocupar com os seus relacionamentos, não precisa 
ter visão sistêmica.
d) ( ) Davis e Goldberg (1957) definiram agribusiness como “a soma total 
das operações de produção, distribuição de suprimentos agrícolas, das 
operações de produção nas unidades agrícolas, do armazenamento, 
processamento e distribuição dos produtos agrícolas e itens 
produzidos a partir deles”.
e) ( ) As exigências do consumidor final não precisam ser consideradas 
quanto ao conceito de agronegócio.
12
13
TÓPICO 2
CENÁRIO DAS CADEIAS 
PRODUTIVAS DE PRODUTOS DE 
ORIGEM VEGETAL
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, o agronegócio será analisado com um aprofundamento 
maior. Aprenderemos sobre as principais cadeias produtivas brasileiras e suas 
perspectivas futuras. Será apresentado um panorama geral do agronegócio no 
Brasil com base nas principais cadeias produtivas de algodão, de arroz, de café, 
de milho e de soja, bem como o diagnóstico, as perspectivas futuras e a agregação 
de valor.
Para que seja feita essa análise, definiremos alguns pontos, como a 
delimitação geográfica, buscando identificar a existência de diferenças re gionais 
ou nacionais; a importância nacional e mundial; e a agregação de valor.
2 CADEIA PRODUTIVA DO ALGODÃO 
O algodão pode ser considerado uma das mais importantes culturas de 
fibras do mundo, e anualmente são cultivados cerca de 35 milhões de hectares 
de algodão. A produção mundial de algodão na safra 2016/2017, apresentada na 
Figura 6, está estimada em cerca de 22 milhões de toneladas, no qual a produção 
brasileira está estimada em 1,3 milhões de toneladas (FIESP, 2017).
De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão 
(ABRAPA, 2017), o comércio mundial do algodão movimenta anualmente cerca 
de US$ 12 bilhões, gerando empregos diretos e indiretos de aproximadamente 
350 milhões de pessoas em sua produção. São consideradas todas as fases da 
cadeia produtiva, desde os insumos relacionados à produção até a logística, 
descaroçamento, processamento e embalagem.
UNIDADE 1 | CADEIAS PRODUTIVAS DO AGRONEGÓCIO
14
FIGURA 6 – PRODUÇÃO MUNDIAL DE ALGODÃO
FONTE: Adaptado de: <http://www.abrapa.com.br/Paginas/dados/producao-
mundial-algodao_backup2017.aspx>. Acesso em: 21 fev. 2018.
FONTE: Adaptado de ABRAPA (2017)
Segundo a ABRAPA (2017), nas últimas três safras, com volume médio 
próximo de 1,7 milhão de toneladas de pluma, o país se coloca entre os cinco 
maiores produtores mundiais, ao lado de países como China, Índia, EUA e 
Paquistão. Na tentativa de melhor explicar, observe a representação que segue:
FIGURA 7 – PRODUÇÃO MUNDIAL DE ALGODÃO
A cultura do algodão utiliza tecnologia moderna e recebe grandes 
investimentos em insumos e máquinas por hectare, superando os investimentos 
realizados nas culturas de soja e milho (ABRAPA, 2017). No Brasil, a produção 
está localizada nos estados do Nordeste e Centro-Oeste, destacando a Bahia e o 
Mato Grosso, conforme ilustra a figura:
TÓPICO 2 | CENÁRIO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE PRODUTOS DE ORIGEM VEGETAL
15
FIGURA 8 – PRODUÇÃO DE ALGODÃO POR REGIÃO
FIGURA 9 – PRINCIPAIS PAÍSES PRODUTORES DE ARROZ: 2016
FONTE: Adaptado de FIESP (2017)
FONTE: Adaptado de USDA (2018)
3 CADEIA PRODUTIVA DO ARROZ
O arroz é o terceiro cereal mais consumido mundialmente, ficando atrás 
apenas do milho e do trigo, sendo cultivado em todos os continentes do mundo 
(exceto na Antártida). Cada país desenvolveu suas próprias receitas utilizando 
este grão: paellas, na Espanha, risotos, na Itália, o ardente cajun e os pratos 
rústicos dos EUA, e as iguarias preparadas com precisão no Japão.
Muitos países começam o dia com um café da manhã de arroz, como congee, 
na China, e mingau de arroz, no Japão. Uma das formas mais populares de arroz 
é consumida como cereais matinais, que combinados com leite proporcionam 
um início nutritivo no dia – proteína, fibra e carboidratos são enriquecidos com 
vitaminas e minerais (THE RICE ASSOCIATION, 2017).
 
A produção mundial de arroz concentra-se na Ásia e representa cerca 
de 68% dos 465 milhões de toneladas produzidas atualmente no mundo. Os 
principais países produtores são: China, Índia, Indonésia e Bangladesh. A figura 
a seguir apresenta os principais países produtores de arroz:
UNIDADE 1 | CADEIAS PRODUTIVAS DO AGRONEGÓCIO
16
No Brasil, a produção de arroz é tradicionalmente concentrada na região 
Sul, nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, representando cerca de 80% 
da produção nacional. Na safra 2015/2016, a produção brasileira foi de 10,5 milhões 
de toneladas. Observe a participação de cada estado na produção brasileira:
FIGURA 10 – PARTICIPAÇÃO DE CADA REGIÃO DO BRASIL NA PRODUÇÃO DE ARROZ
FONTE: Adaptado de Outlook FIESP (2017)
Na região Sul, o cultivo do arroz ocorre em várzeas inundáveis, e nas 
outras regiões como o Norte, Nordeste e Centro-Oeste, a produção do arroz de 
sequeiro é pequena e ocorre em áreas de formação de pastagens. O Brasil é o 
terceiro país exportador e o primeiro em produtividade em sequeiro. A cultura 
do arroz de sequeiro é caracterizada por não exigir muito em insumos e por ser 
tolerante a solos ácidos; é considerada importante por ser uma cultura pioneira 
durante o processo de ocupação agrícola dos cerrados, que teve início na década 
de 1960 (BRASIL, 2017a). 
Este processo de abertura de área alcançou o seu ponto máximo no período 
1975-1985, em que a cultura chegou a ocupar uma área superior a 4,5 milhões de 
hectares. Nesta época, o sistema de exploração era caracterizado pelo baixo custo 
de produção, os agricultores não adotavam as práticas recomendadas, como os 
plantios tardios. 
Observa-se, na metade da década de 1980, uma redução progressiva das 
áreas de abertura, e a área cultivada com arroz sob o sistema de cultivo de sequeiro 
foi gradativamente reduzida, ao mesmo tempo em que a fronteira agrícola se 
deslocou no sentido Sudeste-Noroeste (BRASIL, 2017a). 
TÓPICO 2 | CENÁRIO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE PRODUTOS DE ORIGEM VEGETAL
17
3.1 AGREGAÇÃO DE VALOR NO ARROZ
A agregação de valor ocorre quando uma matéria-prima ou commoditiy 
é transformada em um produto mais elaborado, sendo que estes produtos são 
reposicionados em nichos diferenciados de mercado, tendo como consequência 
o aumento em seu preço. Existem várias formas de agregar valor a um produto, 
como por exemplo, por meio das certificações de origem, onde um produto é 
certificado que foi produzido em um local específico.
 VARIEDADES DE ARROZ
Existem mais de 40 mil variedades de arroz cultivado, mas o número exato é incerto. 
Cerca de 90.000 amostras de arroz cultivado e espécies selvagens são armazenadas 
no International Rice Gene Bank e são usadas por pesquisadores de todo o mundo. As 
variedades de arroz podem ser divididas em 2 grupos básicos: grãos longos e especialidades.
Grãos longos: os grãos longos de uso geral são importados principalmente dos EUA, 
Itália, Espanha, Suriname, Guiana e Tailândia, e podem ser usados para todos os estilos de 
culinária. O arroz de grão longo é um grão fino que é 4-5 vezes maior que o largo. Quando 
é colhido, é conhecido como arroz "áspero" e sofre diferentes técnicas de moagem para 
dar diferentes tipos de arroz.
Parboilizado: esta variedade tem um sabor ligeiramente mais completo. Ao contrário do 
arroz branco regular, que émoído diretamente do campo, este é vaporizado sob pressão 
antes da moagem. Este processo endurece o grão, reduzindo a possibilidade de excesso 
de cozimento. Também ajuda a reter grande parte do conteúdo natural de vitaminas e 
minerais presentes nas camadas moídas. Pode ser usado nos mesmos pratos de grãos 
longos regulares, mas é particularmente usado para saladas de arroz.
Grão de arroz longo e marrom (grão inteiro): o arroz integral sofre apenas uma moagem 
mínima que remove a casca, mas mantém a camada de farelo. Devido a isso, o arroz retém 
mais teor de vitaminas, minerais e fibra do que o arroz branco regular ou fácil. Os grãos 
permanecem separados quando cozidos, como o branco de grão longo, mas demoram 
mais para suavizar.
ESPECIALIDADE
Estes incluem o arroz aromático, risoto, glutinoso e pudim, que são particularmente 
adequados para cozinhas étnicas. São geralmente cultivados, cozidos e comidos no 
mesmo local. Muitas variedades de arroz têm sido fundamentais para a sobrevivência da 
região geográfica.
Aromático: a primeira classe de arroz que é classificada como especialidade é o arroz 
aromático. Este contém um ingrediente natural, 2-acetil 1-pirolina, que é responsável pelo 
seu sabor perfumado e aroma. A qualidade da fragrância do arroz aromático pode diferir 
da safra de um ano para o próximo, como o vinho. Os melhores arrozes aromáticos são 
envelhecidos para produzir um aroma mais forte.
Arroz basmati: um arroz aromático granulado, muito longo e extenso, cresceu 
principalmente no sopé dos Himalaias, na Índia e no Paquistão. Tem um sabor e aroma 
perfumado e é o arroz usado em pratos indianos. Os grãos são separados e esponjosos 
NOTA
UNIDADE 1 | CADEIAS PRODUTIVAS DO AGRONEGÓCIO
18
quando cozidos. Nas receitas indianas, muitas vezes é cozido com especiarias para 
melhorar as propriedades aromáticas do grão. O arroz basmati castanho tem um teor de 
fibras mais elevado e um aroma ainda mais forte que o branco basmati.
Arroz jasmine: é outro arroz aromático, embora seu sabor seja um pouco menos 
pronunciado do que o basmati. Ele é originário da Tailândia e difere de outros grãos de 
grãos longos, na medida em que tem uma textura macia e ligeiramente pegajosa quando 
cozida. É usado em receitas da cozinha asiática.
Aromático americano: a indústria americana de arroz desenvolveu variedades de arroz 
aromático que imitam o arroz basmati e jasmim. 
Arroz japônica: grão curto e médio, cultivado principalmente na Califórnia. Ele possui 
uma variedade de cores, incluindo vermelho, marrom e preto, sendo usado em cozinhas 
japonesas e caribenhas devido a sua característica úmida e firme quando cozida.
FONTE: Disponível em: <http://www.riceassociation.org.uk/content/1/10/varieties.html>. 
Acesso em: 22 fev. 2018.
4 CADEIA PRODUTIVA DO CAFÉ 
A produção de café mundial, no período 2017-2018 é estimada em 159.312 
milhões de sacas de 60 kg, sendo o Brasil o maior produtor e exportador da commodity; 
possui atualmente cerca de 30% do mercado mundial cafeeiro (USDA, 2018). 
Os principais países importadores de café brasileiro são: Alemanha, 
Estados Unidos, Itália, Japão e Bélgica. A produção cafeeira está espalhada em 
1,9 milhão de hectares no território brasileiro e o país possui a vantagem de 
desenvolver diversos tipos e qualidades de cafés, o que possibilita atender às 
diferentes demandas. As duas figuras a seguir ilustram esses dados: 
FIGURA 11 – PRODUÇÃO MUNDIAL DE CAFÉ (ARÁBICA E CONILON)
FONTE: Adaptado de USDA (2018)
TÓPICO 2 | CENÁRIO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE PRODUTOS DE ORIGEM VEGETAL
19
 FIGURA 12 – PRINCIPAIS PAÍSES PRODUTORES DE CAFÉ
FONTE: Adaptado de USDA (2018)
O Brasil produz café do tipo arábica e robusta. A variedade de café mais 
apreciada no mundo é a arábica, que representa 59% da produção mundial da 
cultura deste grão. Esta variedade é caracterizada por possuir um grão bastante 
achatado e alongado, que gera um café fino e com um alto valor comercial. A 
qualidade deste grão está relacionada à altitude onde este é plantado, sendo 
cultivado, em altitudes superiores a 900 metros (ABIC, 2017). 
O maior produtor de café arábica no Brasil é o estado de Minas Gerais, mas 
outros estados, como São Paulo (Regiões Mogiana), Paraná, Bahia, Espírito Santo 
e Rondônia também produzem esta variedade. O cultivo de café arábica totaliza 
74,9% da quantidade de café nacional, sendo que em 2015 foram produzidas 
32.048 milhões de sacas de 60 kg (ABIC, 2017). 
O café robusta conilon tem a sua origem na África Central e pode ser 
produzido em altitudes que variam entre o nível do mar e 600 metros, sendo 
utilizado na fabricação de café solúvel. Esta variedade tem uma grande aceitação 
na Europa e nos Estados Unidos, pois é utilizado para fazer o blend (mistura) com 
a variedade arábica. 
Os principais estados brasileiros produtores desta variedade são o Espírito 
Santo (maior produtor de conilon), Rondônia, Bahia, Minas Gerais e Mato Grosso. 
A produção nacional de robusta, estimada em 2015 pela Conab, foi de 11.187 
milhões de sacas. 
No período 2016-17, a produção brasileira de café arábica e robusta foi de 
49,6 milhões de sacas. A figura a seguir mostra a produção de café por regiões do 
Brasil. Neste mesmo período, as exportações brasileiras de café totalizaram 35 
milhões de sacas de 60 kg.
UNIDADE 1 | CADEIAS PRODUTIVAS DO AGRONEGÓCIO
20
FIGURA 13 – BRASIL: PRODUÇÃO TOTAL DE CAFÉ
FONTE: Adaptado de FIESP (2017)
Segundo Zilbersztajn e Neves (2000), a cadeia agroindustrial do café é 
estruturada pelas operações agrícolas, como a industrialização de grão verde, 
torrefação, além da comercialização. Paralelamente a este conceito, em 2002 surge 
o estudo realizado por Saes e Nakazone (2002, p. 14), indicando que a cadeia de 
café brasileira é constituída pelos seguintes segmentos: 
• Fornecedores de insumos, máquinas e equipamentos.
• Produção primária.
• Primeiro processamento (maquinistas e cooperativas).
• Segundo processamento (empresas de torrefação e moagem). 
• Vendedores nacionais (exportadores, cooperativas e atacadistas).
• Compradores internacionais (empresas de solúvel, empresas de 
torrefação e dealers).
• Varejo nacional e internacional (supermercados, pequeno varejo, 
mercado institucional, lojas de café e bares e restaurantes).
 
No Brasil, a maioria dos produtores de café são membros de alguma 
associação de interesse privado, e os insumos, em grande parte, são obtidos por 
meio das cooperativas que os disponibilizam com menor preço, por operarem em 
grande escala (ZILBERSZTAJN; NEVES, 2000). 
Segundo o mesmo autor, apenas grandes cafeicultores vendem os grãos para 
compradores diretos, pois a maioria dos produtores se relaciona com a cooperativa 
para entregar seus produtos. O autor acredita que “em geral, os produtores trabalham 
com um nível de incerteza e insegurança muito alto em relação às informações 
disponíveis no mercado” (ZILBERSZTAJN; NEVES, 2000, p. 193). 
TÓPICO 2 | CENÁRIO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE PRODUTOS DE ORIGEM VEGETAL
21
Esta situação é causada devido a diversos fatores, como distância física 
entre produtor e cooperativa, desinteresse em participar das transações e 
dificuldade de comunicação com as fontes. Neste sentido, o produtor mantém 
uma relação instável com a cooperativa, pois possui a possibilidade de vender 
a sua produção para outros atores da cadeia (ZILBERSZTAJN; NEVES, 2000). 
Por sua vez, as cooperativas vendem o café para a indústria de torrefação, 
exportadores e dealers. 
É importante destacar que algumas cooperativas atuam também no processo 
de torrefação e moagem. A comercialização e a distribuição de café no Brasil são 
realizadas “por meio dos exportadores, maquinistas, corretores, atacadistas e 
varejistas em geral, como bares, restaurantes, padarias, supermercados e as próprias 
torrefadoras” (ZYLBERSZTAJN; NEVES, 2000, p. 17). 
4.1 PERSPECTIVAS FUTURAS PARA O CONSUMO DE CAFÉ
A figura a seguir apresenta o consumo interno de café no Brasil, e segundo 
a ABIC (2017),o consumo no Brasil tem crescido a uma taxa média anual de 4,8%:
FIGURA 14 – CONSUMO PER CAPITA DE CAFÉ NO BRASIL
FONTE: Adaptado de ABIC (2017)
A projeção feita pelo MAPA (2013) para o café (Figura 15), nos revela que 
deverá ocorrer um aumento da produção em 2023, que elevará 10,9% em relação 
ao ano 2013. Estima-se que serão exportadas em 2023, cerca de 27 milhões de 
sacas de 60 kg. Sendo esse um acréscimo de 28,6% em relação às exportações 
de 2013. A previsão do MAPA é que o país continue como o maior produtor 
mundial e principal exportador, e também mantenha os compradores habituais e 
os parceiros, estimados em mais de 100 mercados (MAPA, 2013). 
UNIDADE 1 | CADEIAS PRODUTIVAS DO AGRONEGÓCIO
22
O consumo está estimado para crescer 28,6% até 2023, mas de acordo com 
a ABIC (2017), este cenário começou a mudar, tendo uma pequena diminuição 
de 1,2% em 2013, em comparação com 2012, pois a bebida passou a disputar a 
preferência com os produtos prontos, como sucos e achocolatados. 
No país, esta foi a primeira queda no consumo desde 2003, e o segundo 
recuo da série histórica, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria do 
Café (ABIC, 2017) contabilizados desde 1990. De acordo com a ABIC (2017), as 
inúmeras novas opções prontas para o consumo no café da manhã, que incluem 
bebidas à base de soja, cuja penetração no mercado ainda é pequena comparada 
ao tradicional cafezinho, têm apresentado um crescimento bastante elevado. 
A partir de 2014, a expansão do consumo de café para países como a 
China tem levado a um aumento da demanda, aliado à sofisticação do consumo 
e à diversificação das formas de preparo.
FIGURA 15 – BRASIL: PROJEÇÃO DA PRODUÇÃO, CONSUMO E EXPORTAÇÃO DE CAFÉ
FONTE: Adaptado de MAPA (2013)
De acordo com a ABIC (2017), essas categorias com um valor agregado 
desafiam a indústria de café para que busquem a inovação e também que 
procurem voltar a ter altos índices de crescimento, o que pode ocorrer com a 
oferta de cafés de melhor qualidade, diferenciados e certificados. A ABIC estima 
a retomada do crescimento do consumo interno de café ao nível de 3% a 4%, com 
maior procura por cafés de melhor qualidade, desde os tradicionais até os cafés 
gourmets (ABIC, 2017).
TÓPICO 2 | CENÁRIO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE PRODUTOS DE ORIGEM VEGETAL
23
5 CADEIA PRODUTIVA DO MILHO
O milho é o principal cereal produzido no mundo, é consumido em 
diversos países de forma in natura ou em produtos industrializados, como rações, 
xaropes, farinhas etc. O Brasil possui um mercado regido pela oferta e demanda 
doméstica, desse modo não possui posição de competitividade no âmbito 
mundial, seja por meio do próprio grão ou por seus derivados (ração e produtos 
destinados à indústria de alimentos) (ABPA, 2017). 
Aproximadamente 75% da demanda de milho no Brasil tem como destino 
a alimentação animal. Nesse caso, as cadeias produtivas de aves e suínos têm 
uma posição de alta competitividade no mercado mundial. A seguir, a figura 
apresenta a demanda de milho pelos vários setores:
FIGURA 16 – DEMANDA DE MILHO NO BRASIL
FONTE: Adaptado de FIESP (2017)
A safra mundial 2017/2018 desta commodity foi estimada em 1.033,5 milhão 
de toneladas, mas na safra anterior a produção mundial foi um pouco maior, 
cerca de 1.070,15 milhão. Ao analisarmos a figura seguinte, observamos que no 
período 2015/2016 houve uma diminuição da produção brasileira que ocorreu 
devido à redução da área plantada de milho e aumento da área de produção de 
soja, que na época do plantio estava com os preços melhores do que o milho:
UNIDADE 1 | CADEIAS PRODUTIVAS DO AGRONEGÓCIO
24
FIGURA 17 – PRODUÇÃO MUNDIAL DE MILHO (MILHÕES DE TONELADAS)
FIGURA 18 – EXPORTAÇÕES MUNDIAIS DE MILHO
FONTE: Adaptado de USDA (2018)
FONTE: Adaptado de USDA (2018)
Na safra 2017/2018, as exportações mundiais do milho foram estimadas 
pelo USDA (2018) em 152 milhões de toneladas, e terão uma redução se 
comparadas com o volume exportado no ano anterior, que foi de 162,4 milhões 
de toneladas. Observe a estimativa:
A produção nacional está concentrada em duas regiões: Centro-Oeste (43%) 
e Sul (33%). A região Sudeste é responsável por cerca de 16% da produção total. A 
seguir, observe a participação de cada região na produção de milho no Brasil:
TÓPICO 2 | CENÁRIO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE PRODUTOS DE ORIGEM VEGETAL
25
FIGURA 19 – PARTICIPAÇÃO DE CADA REGIÃO DO BRASIL NA PRODUÇÃO DE MILHO
FIGURA 20 – OFERTA E DEMANDA MUNDIAL DE SOJA 2016/2017
FONTE: Adaptado de USDA (2018)
FONTE: Adaptado de FIESP (2017)
6 CADEIA PRODUTIVA DA SOJA 
A soja é a principal oleaginosa produzida no mundo, é utilizada como 
commodity na produção de óleo, na formulação de rações, sendo muito importante 
na produção de carnes. Na safra 2016/2017, a produção mundial foi de 351,7 
milhões de toneladas de soja, e apenas quatro países: Brasil, Estados Unidos, 
Argentina e China, respondem por 85% do total produzido.
Observamos na figura a seguir, que a produção e o consumo mundial 
(329,2 milhões t.) estão bem próximos e acaba refletindo nos preços da soja na 
Bolsa de Chicago, que se elevam devido a um aumento da demanda:
UNIDADE 1 | CADEIAS PRODUTIVAS DO AGRONEGÓCIO
26
De acordo com a ABIOVE (2017), no Brasil a soja é produzida em 216 mil 
propriedades espalhadas por 15 estados e são gerados cerca de 1,5 milhão de 
empregos diretos e indiretos, representando 1,5% do PIB do Brasil. A Figura 21 
a seguir apresenta a produção brasileira no período de 1999 a 2014, e a Figura 22 
mostra a produção no período de 2010 a 2017:
FIGURA 21 – PRODUÇÃO BRASILEIRA DO COMPLEXO SOJA
FIGURA 22 – BRASIL: OFERTA E DEMANDA DE SOJA
FONTE: Adaptado de ABIOVE (2017)
FONTE: Adaptado de ABIOVE (2017)
Observamos a seguir, que a produção brasileira de soja está aumentando, 
assim como as suas exportações, que em 2016 foram de 51,58 milhões de toneladas 
(ABIOVE, 2017): 
TÓPICO 2 | CENÁRIO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE PRODUTOS DE ORIGEM VEGETAL
27
FIGURA 23 – SOJA: PARTICIPAÇÃO POR REGIÃO DO BRASIL
FIGURA 24 – PRODUÇÃO BRASILEIRA DO COMPLEXO SOJA
FONTE: Adaptado de FIESP (2017)
FONTE: Adaptado de ABIOVE (2017) 
No Brasil, a produção de soja concentra-se na região Centro-Oeste e no 
Sul, nos estados de Mato Grosso, com 29,0% da produção nacional. Paraná com 
19,5%, Rio Grande do Sul com 15,4% e Goiás 10,5%. As regiões Norte e Nordeste 
também estão aumentando a sua área de plantio e áreas no Maranhão, Tocantins, 
Piauí e Bahia. Em 2012/2013 responderam por 8,4% da produção brasileira. A 
figura a seguir mostra a participação da soja por região: 
O processamento em 2016 foi de cerca de 39 milhões de toneladas, sendo 
que para a produção de farelo foram direcionadas 30,2 milhões de toneladas e para 
óleo de soja o montante foi de 7,8 milhões de toneladas, conforme mostra a figura:
O complexo soja (soja, grão, farelo e óleo) aparece em destaque no agronegócio 
brasileiro em 2012, cerca de 26,1 bilhões de dólares foram gerados como divisa pelo 
setor da soja, que representou 10,8% do total exportado pelo Brasil. 
UNIDADE 1 | CADEIAS PRODUTIVAS DO AGRONEGÓCIO
28
Em 2016, a participação do complexo soja nas exportações do Brasil 
representou 13,7% em um total de US$ 25,4 bilhões; até julho de 2017 foram 
exportados US$ 23 bilhões, correspondendo a 18,2% das exportações. Acompanhe 
na figura seguinte a participação do complexo soja nas exportações brasileiras:
FIGURA 25 – PARTICIPAÇÃO DO COMPLEXO SOJA NAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS (%)
FIGURA 26 – EXPORTAÇÕES DO COMPLEXO SOJA 2016 E 2017
FONTE: Adaptado de ABIOVE (2017)
FONTE: Adaptado de ABIOVE (2017)
Os principais mercados para a soja em grão e farelo de soja são a União 
Europeia e a Ásia (China). A Figura 26 apresenta os dados das exportações do 
complexo soja no período 2016 e 2017. A China é o segundo maior produtor e 
consumidor de grãos do mundo (530 milhões de t /ano) e busca a autossuficiência. 
Setores do agribusiness enxergam a China como o mais promissor país no 
consumo de alimentose fibras, tendo uma grande responsabilidade no aumento 
do comércio de produtos agroindustriais e aumento dos preços das commodities.
TÓPICO 2 | CENÁRIO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE PRODUTOS DE ORIGEM VEGETAL
29
FIGURA 27 – PARTICIPAÇÃO (%) DE MERCADO NAS EXPORTAÇÕES DE SOJA 
(BRASIL X EUA)
FONTE: Adaptado de USDA (2018)
No Brasil, a soja é escoada em diversos portos, sendo os principais: o 
porto de Santos (SP), Paranaguá (PR) e Rio Grande (RS), que ficam próximos das 
maiores regiões produtoras do grão. 
A figura a seguir mostra que o Brasil vem aumentando a sua participação 
nas exportações mundiais de soja. Podemos observar que no período 1981-82 a 
sua participação era de 3%, e no período 2017-18 a expectativa é que este número 
seja de 43%, ultrapassando os Estados Unidos: 
6.1 TENDÊNCIAS FUTURAS
De acordo com o MAPA (2013), a produção de soja em grão em 2013 foi de 
cerca de 81,3 milhões de toneladas, sendo que a produtividade média projetada 
para os próximos anos é de 3,3 toneladas por hectare, mas existe uma forte 
tendência da produtividade aumentar devido ao aumento da tecnificação das 
lavouras, em especial as que se encontram na região Centro-Oeste. Estima-se que 
em 2023 a produção de soja seja de 99,2 milhões de toneladas, o que representa 
um acréscimo de 21,8% em relação à produção de 2013. 
As projeções de consumo indicam que a demanda de soja no mercado 
internacional e no mercado interno deve continuar aumentando, pois além da 
demanda de rações animais, também estima-se que deve ocorrer um grande 
aumento do consumo de soja para a produção de Biodiesel, estimada em cerca de 
10 milhões de toneladas (MAPA, 2013).
Estima-se que o consumo interno de soja em grão chegue a 50,6 milhões 
de toneladas no final da projeção, sendo que se espera um aumento de 19,4% no 
consumo até 2023. De acordo com o MAPA, deve haver um consumo adicional 
de soja em relação a 2012/2013, cerca de 8,2 milhões de toneladas (MAPA, 2013). 
UNIDADE 1 | CADEIAS PRODUTIVAS DO AGRONEGÓCIO
30
Espera-se que além da utilização da soja na fabricação de rações animais, 
ela também seja utilizada de maneira crescente na alimentação humana, sendo 
utilizada em bebidas à base de soja, queijos etc. Para 2014, a produção de soja 
foi de 86,3 milhões de toneladas e para 2020 estima-se um número entre 93,5 e 
113,4 milhões de toneladas em 2020. A figura a seguir apresenta a projeção de 
produção, consumo e exportação de soja em grão: 
FIGURA 28 – BRASIL: PROJEÇÃO DA PRODUÇÃO, CONSUMO E EXPORTAÇÃO DE 
SOJA EM GRÃO
FONTE: Adaptado de MAPA (2013) 
6.2 AGREGAÇÃO DE VALOR NA SOJA
A cadeia apresenta alto potencial de crescimento, mas ainda tem grandes 
gargalos (logísticos, impostos, barreiras tarifárias e não tarifárias) e necessita de 
maiores investimentos em marketing e incentivos governamentais para agregação 
de valor. Agregação de valor representa mais renda para a região produtora, e 
para o país mais empregos, tecnologia e impostos.
Um exemplo de como é possível agregar valor foi dado por Henry Ford, 
em 1933, ao desenvolver nos Estados Unidos o primeiro produto construído à base 
de soja: um painel de carro feito de plástico. Desde essa época, novas tecnologias 
que incluem o grão foram descobertas. 
Entre os produtos à base de soja, desenvolvidos pelos produtores e 
patrocinados pelo governo americano, estão xampus para pets, lubrificantes, 
isolante térmico para casas, velas feitas à base de cera de soja, produtos de 
limpeza, bola de paintball à base de soja etc. (UNITED SOYBEAN BOARD, s.d.).
TÓPICO 2 | CENÁRIO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE PRODUTOS DE ORIGEM VEGETAL
31
Nos Estados Unidos, assim como os produtores de outras commodities, como 
carne bovina, leite e ovos, os produtores de soja investem coletivamente uma parte da 
receita de seus produtos para financiar esforços de pesquisa e promoção. Esse investimento 
coletivo é chamado de checkoff.
O checkoff de soja é totalmente suportado pelos agricultores de soja com contribuições 
individuais de 0,5% do preço de mercado por bushel vendido a cada temporada. Os esforços 
da seleção são direcionados pelo Conselho de Soja Unido, composto por 73 líderes de 
agricultores voluntários, muitas vezes nomeados por suas organizações de check-out de 
nível estadual, denominadas placas de soja estatais qualificadas (QSSBs). Os indicados são 
nomeados para o conselho pelo Secretário de Agricultura dos EUA.
O sucesso para os agricultores de soja no mercado de hoje leva mais do que apenas 
uma boa colheita. O aumento da demanda por soja é uma parte essencial da equação. 
O check-out da soja ajuda a facilitar o crescimento e a criação do mercado mediante o 
financiamento e a direção de programas de marketing, pesquisa e comercialização. Ao 
conquistar demanda em casa e no exterior, o checkoff da soja ajuda a garantir um futuro 
forte e lucrativo para os produtores de soja dos EUA.
O Conselho de Soja Unido (USB) é exigido pela legislação federal para fornecer aos 
produtores de soja um relatório de retorno sobre investimento (ROI) a cada cinco anos. O 
relatório avalia o ROI para os produtores de soja que contribuem para promoção, pesquisa 
e informação através do programa de seleção de soja. 
FONTE: Adaptado de: <https://unitedsoybean.org/?s=soy-checkoff>. Acesso em: 23 fev. 
2018.
NOTA
6.3 PRODUTOS INOVADORES QUE UTILIZAM SOJA NA SUA 
COMPOSIÇÃO 
 A seguir, apresentamos alguns usos originais para a soja desenvolvidos 
pela United Soybean Board (s.d.): 
• Produtos para pavimentação
Uma solução baseada em soja de 77% restaura as moleiras de pavimentação 
de asfalto recuperadas para asfalto novo. Os materiais de reparo de asfalto à base 
de soja revertem a oxidação e ajudam a selar as rachaduras do cabelo, aumentando 
a vida útil das superfícies rodoviárias.
UNIDADE 1 | CADEIAS PRODUTIVAS DO AGRONEGÓCIO
32
FIGURA 29 – PRODUTO PARA REPARO DE ASFALTO
FONTE: Disponível em: <http://soynewuses.org/opportunities/>. Acesso em: 2 mar. 2018.
• Produtos para construção civil à base de soja
FIGURA 30 – TINTA PARA PINTURA DE PAREDES 
FONTE: Disponível em: <http://soynewuses.org/coatings/>. Acesso 
em: 2 mar. 2018.
• Plásticos
As iniciativas de sustentabilidade corporativa e a demanda dos 
consumidores por produtos seguros estão impulsionando o desenvolvimento 
de tecnologias de soja para substituir petroquímicos e aditivos utilizados em 
plásticos com derivados da soja. A tecnologia desenvolvida está sendo usada 
para combinar soja com resinas de polietileno (PE) e polipropileno (PP).
TÓPICO 2 | CENÁRIO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE PRODUTOS DE ORIGEM VEGETAL
33
FIGURA 31 – BRINQUEDO FEITO COM PLÁSTICO À BASE DE SOJA
FIGURA 32 – DA AGRICULTURA À COZINHA COMERCIAL
FONTE: Disponível em: <http://soynewuses.org/plastics/>. Acesso em: 
2 mar. 2018
FONTE: Disponível em: <https://unitedsoybean.org/article/high-oleic-innovative-solution-high-
volume-bakers-fryers>. Acesso em: 23 fev. 2018.
• Indústria de alimentos
Outro uso da soja vem sendo testado nos Estados Unidos: High oleic (uma 
solução inovadora para padeiros e fritadeiras de grande volume).
Os agricultores americanos recebem um prêmio para o cultivo de soja alta 
em oleico e isso acontece porque os usuários finais colocam valor agregado neste 
produto, pois ele é utilizado para diferentes usos.
Os padeiros e restaurantes, que usam grandes fritadeiras, utilizam a soja 
alta em oleico porque é um óleo estável, com um sabor neutro e que funciona 
bem em condições de calor elevado. Existe um decreto da US Food and Drug 
UNIDADE 1 | CADEIAS PRODUTIVAS DO AGRONEGÓCIO
34
Administration (FDA) para eliminar os óleos parcialmente hidrogenados até 
junho de 2018. Muitos usuários finais estão procurando substituições de óleo sem 
gorduras trans adicionadas.
O alto oleico nunca pode entrar nas cozinhas domésticas, ele está presente 
na indústria de panificação, restaurantes e empresas de alimentos, que estão 
descobrindo que é a solução que eles precisavam.
Os encurtamentos de soja de alto teorde oleico se comportam da mesma 
forma que os óleos parcialmente hidrogenados (PHOs), criando uma transição 
suave para padeiros; vida útil mais longa, eliminando a necessidade de aditivos; 
desempenho consistente; e sem gorduras trans.
Antes que muitos façam a mudança, no entanto, eles querem ter certeza 
de que haverá um suprimento para satisfazer a sua demanda. A indústria da soja 
precisa provar seu compromisso com seus usuários finais e continuar aumentando 
a produção de soja com alto teor de oleicos.
O Brasil precisa incentivar a agregação de valor no agronegócio, 
produzindo produtos diferenciados, pois a agregação de valor trará benefícios 
aos produtores rurais e, em especial, ao pequeno e médio produtor, que não tem 
condições de concorrer com uma grande empresa (TAVARES, 2012). 
LEITURA COMPLEMENTAR
AGREGAÇÃO DE VALOR NO CACAU: O CASO DA CACAU SHOW
Maria Flávia de Figueiredo Tavares
1 INTRODUÇÃO
O cacau é considerado uma bebida sagrada para os povos indígenas da 
América e passou a ter importância comercial no Brasil nos fins do século XVII. 
Embora tenha sido cultivado inicialmente no Norte do país, o cacau só ganhou 
força depois de ser introduzido no Sul da Bahia, onde encontrou as condições 
naturais favoráveis para se expandir. Até hoje, a região responsável por 91% da 
produção brasileira é o principal polo de produção da cacauicultura, setor cuja 
trajetória teve importante participação na economia e na política brasileira das 
últimas décadas. 
Atualmente, os oito maiores produtores de cacau são: Costa do Marfim 
(mais de 40%), Gana (cerca de 15%), Indonésia (14%), Nigéria (5%), Brasil (4%), 
Camarões (4%), Equador (3%) e Malásia (2%), outros países produzem os 9% 
restantes. O cacau produzido em Gana tem sido por muito tempo usado como 
padrão para a classificação básica do cacau.
TÓPICO 2 | CENÁRIO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE PRODUTOS DE ORIGEM VEGETAL
35
O Brasil foi líder na produção de cacau até o ano de 1900, e a partir de 
1910 passou a ser o 2º produtor, sendo que a liderança passou para Gana. No final 
da década de 1980, a doença vassoura-de-bruxa passou a atacar as plantações 
de cacau na Bahia e a partir de 1994 a produção brasileira começou a diminuir 
rapidamente, até atingir o seu nível mais baixo na safra 1999/2000, com 123.000 
toneladas, sendo que este valor representa 36% da sua média de produção nos 15 
anos anteriores ao surgimento da doença. 
Durante este período, a Costa do Marfim e a Indonésia foram aumentando 
a sua participação no mercado. O Brasil, nos últimos anos, está recuperando-se 
de maneira lenta, sendo que as safras da Bahia não são constantes, alternando-se 
entre altas e baixas. Os outros estados produtores, como o Pará, Espírito Santo, 
Rondônia e Amazonas, mantiveram os seus níveis de produção constantes.
A crise na cacauicultura baiana foi causada por vários fatores: o surgimento 
da doença vassoura-de-bruxa, que diminuiu a produtividade dos pomares; a 
ocorrência de três secas seguidas; e o aumento da produção mundial de cacau, 
que derrubou os preços no mercado internacional. Aliado a esses fatos, neste 
período o governo brasileiro instituiu novas regras na economia, enxugando o 
crédito financeiro e cortou o crédito dos produtores, que atualmente encontram-
se endividados e sem condições de investirem na sua produção. 
2 CONSUMO
O consumo mundial, medido pelos dados das moagens (pelo processamento 
industrial do cacau) está crescendo, cerca de 38% da produção mundial de cacau 
produzido no mundo é processado na União Europeia, Estados Unidos e Costa 
do Marfim. Os países produtores estão processando aproximadamente 37% da 
produção mundial, mas o consumo nesses países ainda é baixo, não chegando a 
9% da produção mundial (ABICAB, 2010). 
O Brasil consumia, na década de 1970, aproximadamente 25.000 a 30.000 
toneladas por ano, e em 2006 foram consumidas cerca de 120.000 toneladas anuais, 
representando 80 a 85% da produção interna. Cerca de 95% do cacau produzido 
mundialmente é utilizado para a produção de chocolates e outros alimentos 
contendo cacau, como bebidas achocolatadas, sorvetes, pudins etc. (ABICAB, 2010). 
O restante da produção é direcionado para a indústria de cosméticos e 
para a indústria farmacêutica, que passou a utilizar recentemente as substâncias 
químicas presentes no chocolate para fabricar medicamentos, indicados para 
tratamentos relacionados ao sistema cardiovascular. 
3 COMERCIALIZAÇÃO
Como o cacau é negociado no Brasil?
A cadeia produtiva do cacau está organizada, de maneira geral, da seguinte 
forma: fornecedores de insumos, produção agrícola, comercialização relacionada 
UNIDADE 1 | CADEIAS PRODUTIVAS DO AGRONEGÓCIO
36
com a compra e venda de amêndoas secas, transporte até as indústrias de 
transformação, processamento e industrialização, comercialização e distribuição 
dos produtos resultantes da industrialização das amêndoas do cacau.
A maioria das indústrias de transformação do cacau está localizada na 
Bahia e se caracteriza pela produção em grande escala, com a padronização 
do processo produtivo e consequentemente do produto final. O capital inicial 
é elevado, constituindo em uma barreira à entrada de novas indústrias no 
mercado. O parque industrial de transformação de amêndoas de cacau na Bahia 
é dominado por grandes empresas. 
Atualmente, atuam na região grandes empresas, como a Cargill Cacau Ltda, 
Archer Daniels Midland Company, Barry Callebaut Brasil S/A, caracterizando um 
mercado oligopsônico. Porém, o capital nacional não está presente no processo de 
transformação do cacau na região. Em São Paulo está localizada a Indeca, que é 
a única empresa localizada fora da região produtora que possui capital nacional.
 
4 ESTRATÉGIA DE NEGÓCIO DA CACAU SHOW
 
A empresa Cacau Show trabalha com a estratégia integrada de liderança e 
diferenciação em custos. Isto significa uma busca contínua para melhor explorar 
as vantagens competitivas, compostas tanto pelo ambiente externo à empresa 
como suas ameaças e oportunidades, identificando as habilidades e competências 
internas da empresa. 
Ao iniciar a produção de uma linha de produtos de origem, teria como 
interlocutores as classes sociais A-B, validando a busca da empresa pela produção 
de bens aos quais estejam atreladas pelas importantes qualidades e diferenciais, 
na perspectiva do público-alvo. Neste sentido, a Cacau Show caminha para a 
estratégia de negócio de diferenciação. 
5 PRODUÇÃO DE CACAU DIFERENCIADO
A estrutura de mercado do cacau historicamente o tornou um produto 
commodity. A produção de cacau sempre foi dominada por grandes produtores 
e é feita em grande escala, mas a produção de cacau de origem é uma forma de 
diversificação da produção, pois o cacau deixou de ser homogêneo e passou a ser 
diferenciado, como por exemplo, o cacau orgânico e o produzido em locais especiais.
Os preços do cacau são formados em New York e Londres, mas estes 
preços são cíclicos e voláteis e o mercado torna os produtores extremamente 
vulneráveis. No segmento de cacau especial o mercado tem se tornado próspero, 
os consumidores estão demandando produtos feitos à base deste tipo de cacau. 
A estratégia de diferenciação de cacau foi adotada de maneira independente por 
grupo de produtores, exemplo: Cabruca, no Pará, que se aliam ou não às firmas 
processadoras, mas se houver este tipo de relacionamento é preciso observar se 
os contratos com produtores possuem a intenção de garantir a sustentabilidade 
socioambiental. 
TÓPICO 2 | CENÁRIO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE PRODUTOS DE ORIGEM VEGETAL
37
Os cacaus especiais respondem por menos de 1% da produção mundial, são 
mais caros que o cacau commodity e, como não existe um selo DOC (Denominação 
de Origem Controlada), as empresas de chocolate criaram as suas próprias 
denominações. Em 1990, a Barry Callebaut lançou o selo Origine, sendo o cacau 
da Tanzânia o mais procurado, e a empresa Valrhona criou o nome Grand Cru de 
Terroir para uma desuas linhas, sendo o Manjari (feito com cacau de Madasgacar 
64%) famoso pela acidez acentuada. 
6 HISTÓRICO DA EMPRESA CACAU SHOW
Alexandre Tadeu da Costa, fundador da Cacau Show, deu início em 1988 
aos negócios da empresa revendendo chocolates de uma indústria fornecedora. 
Na primeira Páscoa da Cacau Show foram vendidos, dentre outros produtos da 
pequena empresa que nascia, dois mil ovos de 50 gramas. Esta venda gerou o 
primeiro capital inicial da empresa, avaliado então em US$ 500,00, e com este 
investimento a empresa deu início as suas atividades no bairro da Casa Verde, 
em São Paulo. 
O mercado de chocolates artesanais foi julgado por Alexandre como pouco 
explorado na época, desse modo, a empresa preencheu um espaço de mercado 
carente de ofertas com forças competitivas diferenciadas. 
O primeiro produto da Cacau Show, vendido ao longo do ano, contava 
com um recheio mais barato do que a massa de chocolate. Desta forma, o produto 
era oferecido ao mercado consumidor com um valor acessível. 
A distribuição do produto foi realizada em padarias e mercadinhos 
do próprio bairro onde era instalada a sede da empresa: na casa verde. Era o 
próprio Alexandre quem levava os potes com os bombons em cima dos balcões 
dos estabelecimentos e aguardava na fila para ser atendido. Uma etiqueta com 
letras em vermelho indicava o preço tentador dos bombons Cerejão. Era o tempo 
de ser atendido pelo dono do estabelecimento para que diversas unidades fossem 
vendidas aos fregueses. 
A compra por impulso era quase inevitável, sendo assim, Alexandre começou 
a criar seus primeiros canais de distribuição. Para a manutenção e expansão de sua 
clientela na venda direta, ele buscou alternativas como amostras deixadas nas casas, 
acompanhadas de catálogos e uma cartinha apresentando seu produto. 
7 ANÁLISE DA EMPRESA
Público-alvo
O objetivo da empresa hoje é de transcender o perfil de consumidores, 
buscando ampliar os pontos de contato entre diversos públicos. Atualmente pode 
ser considerado como heavy users dos produtos Cacau Show, um grupo formado 
em sua maior parte pela classe B, classe C e menor parcela formada pela classe A. 
UNIDADE 1 | CADEIAS PRODUTIVAS DO AGRONEGÓCIO
38
Porém, o lançamento de novas linhas com produtos mais sofisticados pode vir a 
gerar apelos mais direcionados para a classe A e B. Nesta concepção de público-
alvo, temos hoje o consumo distribuído por hábitos de compra nas seguintes 
categorias: 
• Dia a Dia: sendo este o consumo mais frequente dos produtos Cacau Show, 
diários ou, ao menos, rotineiros.
• Presentes: são as compras realizadas com o propósito de presentear alguém 
ou a si mesmo, em função de situações especiais quando comparadas ao 
cotidiano. 
8 IDENTIDADE DA MARCA
A empresa Cacau Show busca um posicionamento tradicional junto aos 
seus consumidores, expondo sempre características inovadoras em seus produtos, 
conservando assim, sua essência artesanal tradicional.
9 POSICIONAMENTO DE MARCA
Pontos de Paridade:
• Consumo de chocolate baseado em apelos emocionais.
• Qualidade necessária percebida pelos heavy users. 
Pontos de Diferença:
• Preço acessível e diferentes classes de consumidores.
• Distribuição intensa dos produtos e expostos nas diversas lojas da rede no 
país.
• Qualidade quando comparado às outras marcas posicionadas com a mesma 
faixa de preço.
• Inovação na linha de produtos mantendo caráter artesanal e único. 
10 IMAGEM
Pode-se dizer que o público recebe a Cacau Show como ofertas acessíveis 
de chocolates que conservam qualidade e ainda assim apresentam novidades de 
produtos. Esta percepção pode ser confirmada pela grande expansão que a rede 
teve de suas lojas franqueadas nos últimos anos. 
11 RELACIONAMENTO COM FORNECEDORES
Os fornecedores da Cacau Show concentram-se no estado do Pará, Bahia e 
no interior do estado de São Paulo. Para os chocolates certificados, a empresa faz o 
controle para que os fornecedores utilizados sempre sejam previamente certificados, 
garantindo a origem do produto adquirido. Equipes da empresa realizam visitas 
constantes às plantações para que seja mantido o controle da produção. 
TÓPICO 2 | CENÁRIO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE PRODUTOS DE ORIGEM VEGETAL
39
12 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Desbravadora de um nicho de mercado com crescente potencial de 
demanda, a empresa Cacau Show apresenta um posicionamento estratégico 
diferenciado no seu segmento de mercado, o que proporciona à marca elevado 
diferencial competitivo. 
Hoje a empresa busca inovações em sua linha de produtos visando atender 
às emergentes tendências de mercado, que têm como base o consumo ético e 
responsável. A denominação de origem seria assim não somente uma estratégia para 
diferenciar uma nova linha de produtos, como também uma alternativa para agregar 
valor a esta, acompanhando as mudanças culturais dos consumidores atuais. 
É notório o processo evolutivo da Cacau Show, uma empresa que teve sua 
origem com uma fábrica familiar no bairro da Casa Verde, em São Paulo, e hoje é 
distribuída intensamente pelo Brasil inteiro. 
Podemos observar neste estudo a importância da agregação de valor, 
pois geralmente o cacau é vendido como commodity e negociado em bolsa de 
mercadoria. A partir do momento que o produtor começa a produzir um cacau de 
qualidade, com denominação de origem, ele pode cobrar mais pelo seu chocolate. 
Com a agregação de valor é possível gerar renda para o pequeno produtor e, 
consequentemente, isso também refletirá na melhoria da sua qualidade de vida e 
da comunidade onde reside. 
FONTE: Tavares (2014). Disponível em: <http://www2.espm.br/sites/default/files/31.07.2014._cacau_
show_diagramado_pdf.pdf>. Acesso em: 23 fev. 2018.
40
RESUMO DO TÓPICO 2
 Neste tópico, você aprendeu que:
• Foram analisadas as principais cadeias produtivas do agronegócio brasileiro, 
destacando a sua importância nacional e mundial.
• A agregação de valor foi outro assunto estudado, pois o Brasil é um grande 
exportador de commodity, como soja e milho, mas se agregarmos valor poderemos 
ter uma receita maior. Isso acontece porque em vez de produzirmos café commodity, 
um produto padronizado, poderemos produzir cafés especiais, produtos gourmet 
que custam mais caro e trazem mais renda para o produtor rural. 
• A agregação de valor pode ser feita em todas as commodities, como milho, soja, 
carnes e algodão, mas para isso são necessárias pesquisas, recursos financeiros 
e parcerias público-privadas focadas nesse objetivo.
41
1 Com relação à cadeia produtiva do arroz, é correto afirmar que:
a) ( ) A produção mundial de arroz concentra-se na Ásia e representa cerca 
de 68% das 465 milhões de toneladas produzidas atualmente no 
mundo. 
b) ( ) Os principais países produtores são: Estados Unidos, México, 
Bangladesh e Brasil.
c) ( ) No Brasil, a produção de arroz é tradicionalmente concentrada na 
região sudeste, nos estados de Minas Gerais e São Paulo.
d) ( ) Na região Sul, o cultivo do arroz ocorre em áreas de formação de 
pastagens, sendo produzido o arroz de sequeiro.
e) ( ) O arroz é o cereal mais consumido do mundo.
2 Com relação às cadeias produtivas do milho e do café, é correto afirmar que: 
a) ( ) Todo o milho produzido no Brasil é exportado.
b) ( ) O milho é o principal cereal produzido no mundo e é consumido em 
diversos países de forma in natura ou em produtos industrializados, 
como rações, xaropes, farinhas etc. 
c) ( ) Aproximadamente 5% da demanda de milho no Brasil tem como 
destino a alimentação animal.
d) ( ) O Brasil é um pequeno produtor e exportador de café, ficando em 
oitavo no ranking mundial.
e) ( ) O Brasil produz apenas café do tipo arábica, sendo cultivado na Bahia 
e Ceará.
AUTOATIVIDADE
42
43
TÓPICO 3
CENÁRIO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE 
PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, o agronegócio será analisado com um aprofundamento 
maior na área de produtos animais. Analisaremos as principais cadeias produtivas 
brasileiras e suas perspectivas

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