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APG - SOI III Bianca Cardoso - Medicina 3 o Período PRINCIPAIS PARASITAS PROTOZOÁRIOS HUMANOS • Os protozoários são eucariontes e unicelulares • São separados em 4 grupos: flagelados, amebas, esporozoários e ciliados • Sua classificação é de acordo com a forma de locomoção I. Zoomastigophora - possui flagelos (um ou mais em chicote) - possui membrana ondulante (tripanossoma) em alguns casos II. Rizópodes - pseudópodes (falsos pés) - normalmente as amebas são ameboides e usam pseudópodes ou fluxo protoplasmático para se locomover III. Apicomplexa/Esporozoários - não possui estrutura de locomoção - ciclo de vida que altera as fases reprodutivas entre assexuada e sexuada IV. Ciliophora - possui cílios Reprodução: • Assexuada: não possui variabilidade genética, é como se os indivíduos fossem clones deles mesmo • Sexuada: ocorre por conjugação e possui variabilidade genética CONDIÇÕES DE SAÚDE DA POPULAÇÃO INDÍGENA • A principal missão é relacionada ao exercício da gestão da saúde indígena, no sentido de proteger, promover e recuperar a saúde dos povos indígenas, bem como orientar o desenvolvimento das ações de atenção integral à saúde indígena e de educação em saúde segundo as peculiaridades, o perfil epidemiológico e a condição sanitária de cada Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) • A estrutura de atendimentos dos DSEI conta com postos de saúde, com polos-base e as casas de saúde indígenas (Casais) • A rede de serviços tem como base de organização serviços de saúde nas aldeias que contam com a atuação do Agente Indígena de Saúde (AIS) com atividades vinculação a um posto de saúde • Os médicos presentes nos DSEIS fazem trabalho itinerante em várias aldeias, e a maioria deles é vinculado ao Programa Mais Médicos • O trabalho da atenção básica fica sob responsabilidade na maior parte do tempo do AIS ETIOLOGIA E EPIDEMIOLOGIA DA DC • A doença de Chagas é uma das consequências da infecção humana produzida protozoário flagelado Trypanosoma cruzi • A doença se divide em duas fases clínicas: uma aguda, pode ou não ser identificada, podendo evoluir para a fase crônica • No Brasil, os casos predominantes são os crônicos, decorrentes de infecção por via vetorial (+/-3 milhões de pessoas infectadas) Etiologia • Doença causada pelo protozoário T. cruzi, caracterizado pela presença de flagelo • O T. cruzi se apresenta na forma de tripomastigota (extremamente móvel) no sangue dos vertebrados e, nos tecidos, como amastigota • No tubo digestivo dos insetos vetores, ocorre um ciclo com a transformação do parasito, dando origem as formas infectante presentes nas fezes do inseto FISIOPATOLOGIA E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA DOENÇA DE CHAGAS Características Gerais • De acordo com a OMS, a doença de Chagas está entre as 20 doenças mais negligenciadas • Doença mais grave em crianças Ciclo biológico heteroxênico • Hospedeiro vertebrado: homem e outros animais • Hospedeiro invertebrado: barbeiro Principais formas evolutivas do T. cruzi: • Amastigota - possui flagelo, mas ele não é aparente - arredondados - presente na fase crônica da doença - possui núcleo único - reprodução por divisão binária • Epimastigota - flagelo alongado - forma fusiforme - justanuclear (cinetoplasto junto do núcleo) - reprodução por divisão binária • Tripomastigota - flagelo e membrana ondulante - núcleo centralizado - presente na fase aguda da doença - não se reproduz no sangue - altamente infectante Transmissão • A transmissão do T. cruzi para o homem ocorre por meio de um vetor - os triatomíneos (apenas transmitem o parasito se estiverem infectados e isso acontece quando eles se alimentam em um dos numerosos hospedeiros) • Normalmente a infecção em humanos se dá quando o vetor triatomíneo defeca durante sua refeição de sangue e o material fecal contendo o parasita é inoculado por meio da ferida da mordida • A transmissão também pode ocorrer de forma congênita (da mãe para o bebê); transfusão sanguínea; transplante de um órgão de um doador infectado e por meio do consumo de alimentos ou bebidas contaminados • As formas mais comuns e transmissão da doença de Chagas para o homem são: vetorial, transfusional, transplacentária e via oral a) Vetorial - Transmissão se dá pelo contato do homem com as excretas contaminadas dos barbeiros, que defecam após a picada, fazendo com que formas infectantes de tripomastigotas penetrem o orifício da picada ou por solução de continuidade deixada pelo ato de coçar - Período de incubação de 4-15 dias, porém suas manifestações se apresentam em anos ou décadas depois b) Transfusional - Segunda via de propagação mais importante nos centros urbanos APG - SOI III Bianca Cardoso - Medicina 3 o Período - Principal forma de transmissão em países não endêmicos e em países latino-americanos que estejam erradicando o vetor - Representa hoje, no Brasil, 0,6% na rede pública e 0,7% na rede privada - Período de incubação de 30-40 dias c) Vertical - Principal é a placentária, pode ocorrer em qualquer fase (aguda, intermediária ou crônica). Pode se dar em qualquer pedido da gestação, mas é mais comum no último trimestre ou na passagem no canal do parto, devido ao contato das mucosas do feto com o sangue da mãe infectada d) Via oral - Ocorre quando alimentos são contaminados com o parasito - Pode ocorrer também por meio da ingestão de carne crua ou mal cozida de caça ou al imentos contaminados por urina ou secreção anal de marsupiais infectados, por acidentes em laboratórios, ou por meio de hábitos primitivos de ingestão de triatomíneos • MITO: o congelamento dos alimentos não elimina o parasita - Período de incubação de 3-22 dias - Obs: no caso de doença de Chagas aguda por transmissão oral, relata-se que a morbimortalidade é mais elevada que na transmissão vetorial e) Leite materno - Gestante ou lactante com diagnóstico de DCA não é recomendado oferecer amamentação no peito, devido a possibilidade de transmissão por meio do leite ou fissura mamilar f) Acidentes laboratoriais g) Transplante de órgãos A infecção pelo T. cruzi se subdivide em: 1. Fase aguda (inicial) - dura 8-10 semanas - predomina o parasito circulante na corrente sanguínea em quantidades expressivas - raramente detectada nessa fase, exceto em programas de triagem específica ou surtos - maioria dos pacientes tem sintomas inespecíficos (mal-estar, febre e anorexia) ou é assintomática - os sinais e sintomas podem desaparecer espontaneamente evoluindo para a fase crônica ou progredir para formas agudas graves que podem levar ao óbito - IgM alta (infecção inicial) - IgG baixa - assintomático: 90-98% - sintomático: 2-10% • O período de incubação é de 1-2 semanas, após a exposição transigida por vetores e após o começo da fase aguda da doença - em casos de transplante e transfusão, o período de incubação pode ser de até 4 meses • A doença aguda grave ocorre em menos de 1% dos pacientes - as manifestações podem ser miocardite aguda, derrame pericárdico e/ou meningoencefalite • A doença de chagas aguda grave acarreta risco substancial de mortalidade Caso suspeito de doenças de Chagas aguda: • Indivíduo que apresente sinal de Romana ou chagoma de inoculação e tenha tido contato direto com triatomíneo ou suas excretas • Indivíduo que teve contato com culturas de T. cruzi, exposição às fezes de tritomíneos ou sangue contendo formas infectante do parasito, em acidente laboratorial • Indivíduo que apresente febrepersistente (por mais de 7 dias) • Indivíduo assintomático que: tenha ingerido alimento suspeito contaminado por T. cruzi em surto recente; tenha tido contato direto com triatomíneo ou suas excretas em até 4 meses anteriores à investigação • Recém-nascido de mãe infectada em qualquer fase da doença • Indivíduos que residiram ou residem em área rural correlato de presença de vetor • Indivíduos que realizaram transfusão sanguínea antes de 1992 2. Fase crônica - raros parasitas circulantes na corrente sanguínea - inicialmente, é assintomática e sem sinais de comprometimento cardíaco e/ou digestivo - na ausência de tratamento dura o resto da vida - características: exames sorológicos/parasitológicos positivos, ausência de sintomas, ECG normal - pode causar morte súbita - IgM baixa - IgG alta Pode se apresentar como: a) Forma indeterminada • 50-69% • pac ien te ass i n tomát i co e sem s i na i s de comprometimento do aparelho circulatório e do aparelho digestivo • pode perdurar toda a vida da pessoa infectada ou evoluir tardiamente para a forma cardíaca, digestiva ou associada (cardiodigestiva) b) Forma cardíaca • evidências de acometimento cardíaco que muito provavelmente irá evoluir para uma miocardiopatia dilatada e insuficiência cardíaca congestiva (ICC) • ocorre em 30% dos casos crônicos e é a maior responsável pela mortalidade na doença de Chagas crônica • fibrose difusa ocupa áreas inflamadas e necrosadas • substituição dos elementos musculares por tecido conjuntivo, acarretando em redução da força do coração (aumento do diâmetro das fibras musculares, aumento do volume cardíaco, taquicardia e arritmias) • insuficiência circulatória, edema e morte • vertigens, palpitações, dispneia de esforço, insônia, edema, tromboses e embolias (os trombos podem causar infartos do coração, pulmões, rins, baço, encéfalo e até morte • Principal causa de miocardiopatia não-isquêmica na América Latina j c) Forma digestiva • evidências de acometimento do aparelho digestivo que, frequentemente, evolui para megacólon ou megaesôfago • em cerca de 10% dos casos • dificuldade de deglutir alimentos sólidos, tendência a regurgitação, sensação de plenitude intratorácica, APG - SOI III Bianca Cardoso - Medicina 3 o Período dor epigástrico, soluços, intensa salivação, emagrecimento • Exames de imagem podem mostrar essas alterações como esofagopatia d) Forma associada (cardiodigestiva) • lesões compatíveis com as formas cardíacas e digestivas • 8% Obs: casos crônicos não são confirmados por critério clínico epidemiológico, apenas laboratorial, com exceção de óbitos investigados pela vigilância sem oportunidade de coleta laboratorial Manifestações clínicas • Aproximadamente 1-10% dos bebês de mães infectadas nascem com infecção aguda por T. cruzi - caracterizado por baixo peso ao nascer, anemia, hepatoesplenomegalia • A manifestação mais característica é a febre, sempre presente, usualmente prolongada, constante e não muito elevada (de 37,5o a 38,5o C), podendo apresentar picos vespertinos ocasionais Sintomatologia inespecífica – na maioria dos casos aparentes, ocorrem: • prostração, diarreia, vômitos, inapetência, cefaleia, mialgias, aumento de gânglios linfáticos; • manchas vermelhas na pele, de localização variável, com ou sem prurido; • irritação em crianças menores, que apresentam frequentemente choro fácil e copioso. Sintomatologia específica – é caracterizada pela ocorrência, com incidência variável, de uma ou mais das seguintes manifestações: • miocardite difusa com vários graus de severidade; • pericardite, derrame pericárdico, tamponamento cardíaco; • cardiomegalia, insuficiência cardíaca, derrame pleural. São comumente observados: • edema de face, membros inferiores ou generalizado; • tosse, dispneia, dor torácica, palpitações, arritmias; • hepatomegalia e/ou esplenomegalia, de leve a moderada; PRINCIPAIS EXAMES PARA DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO Exames I. Micrométodo ou método do micro-hematócrito - centrifugação de cordão fresco ou sangue neonatal selado em 4-6 tubos de micro-hematócrito heparinizado, seguido de exame microscópico leve da camada de revestimento buffy II. J • Para bebês não diagnosticados ao nascimento, a sorologia IgG convencional é indicada após os níveis meses de idades, quando anticorpo materno transferido desapareceu Diagnóstico • Pode ser sorológico (consegue diagnosticar cerca de 98% dos indivíduos infectados) ou parasitológico • Recomendação OMS: dois testes de princípios diferentes, sendo um deles teste convencional, com antígeno bruto, para obter maior sensibilidade • A infecção aguda de chagas deve ser suspeitava em indivíduos que viveram ou passaram um período significante de tempo em áreas da América Latina, com transmissão por vetores, especialmente pessoas que viveram em casas com paredes de Adobe e/ou telhados de palha Diagnóstico fase aguda • Por ter uma alta parasitemia, o exame parasitológico de sangue é o mais recomendado • Exames parasitológicos convencionais - pesquisa a fresco - métodos de concentração - lâmina corada de gosta espessa ou esfregaço • Exames sorológicos - Reações de imunofluorescência indireta (RIFI), detecta anticorpos IgM Diagnóstico fase crônica • exames sorológicos convencionais para detecção dos anticorpos IgG - ELISA - IFI - HAI - quimioluminescencia • Exame molecular: PCR • Xenodiagnóstico positivo para T. cruzi • Hemocultura positiva para T. cruzi em amostras de sangue e líquor • Raio-X de tórax: as fases avançadas da doença são marcadas por cardiomegalia • A infecção por T. cruzi raramente é detectada durante a breve fase aguda Diagnóstico diferencial a) Celulite pré-septal • normalmente se apresenta como dor ocular, inchaço pálpebra e eritema • o sinal de Romana pode parecer semelhante à celulite pré-septal , mas geralmente não é doloroso ou sensível • diagnóstico baseado na história clínica e no exame físico b) Monucleose infecciosa c) Infecção aguda pelo HIV Tratamento • Reduz a gravidade dos sintomas • Encurta o curso clínico • Reduz a duração da parasitemia detectável • Estudos indicam que a cura parasitológica (assim como a clínica) ocorra em 60 a 85% dos pacientes tratados durante a fase aguda • Acredita-se que a cura parasitológica ocorra em + de 90% dos bebês infectados congênitos tratados no primeiro ano de vida APG - SOI III Bianca Cardoso - Medicina 3 o Período • Para crianças pequenas, é recomendado que os comprimidos de benzonidazol ou nifurtimox sejam esmagados e preparados como xarope ou pasta em uma farmácia para fornecer a dose apropriada - foi desenvolvida e registrada no Brasil, uma formulação pediátrica de benzonidazol, composta por comprimidos facilmente divididos e dispersáveis em água Acompanhamento: • Indicações de internação: doença cardíaca ou tromoembólica grave, megaesôfago, megacólon, megaureter • Indicações de alta: estabilidade clínica, hemodinâmica e laboratorial REFERÊNCIAS: • Guia de Vigilância em Saúde • Doença de Chagas, Guia de Vigilância Epidemiológica. Secretaria de Vigilância em Saúde/MS • Sociedade Brasileira de Medicina da Família e Comunidade - Como funciona a organização dos serviços de saúde indígena no Brasil • Microbiologia Médica
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