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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE- (UFF) CURSO DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DISCIPLINA: Filosofia e ética NOME: Vanessa Viturino De Farias Lutterbach POLO: Itaocara MATRICULA: 22113110174 Questões da Atividade a Distancia 1) Quais as críticas de Marx à filosofia de Hegel? R: Por causa da visão teocêntrica (centrada em Deus) de Hegel, Feuerbach se afasta dele e realiza uma crítica das religiões e da teologia, apontando que não foi Deus que criou o homem, mas justamente o contrário: foi o homem que criou Deus, mas, ao se esquecer desse ato de criação, o homem passou a acreditar que Deus é o criador de tudo e, assim, perdeu-se a si mesmo. Marx buscou aplicar e expandir o conceito filosófico de alienação para além do âmbito da filosofia da religião, partindo inicialmente para o estudo da filosofia política de Hegel. Assim, ele descobre que todos os jovens hegelianos caem no mesmo equívoco que a teologia e a filosofia hegeliana da religião cometeram, invertendo a essência e a aparência. Na sociedade moderna, o homem não é alienado somente na relação que as religiões estabelecem entre ele e Deus, mas, também, no primado do Estado ante a sociedade civil. O Estado não seria para Marx uma esfera independente e superior, que ao se tornar racional resolveria todos os problemas da sociedade, mas, sim, dependente e subordinada com relação à sociedade civil, isto é, das relações sociais capitalistas. O equívoco dos jovens hegelianos seria apostar que o interesse universal pode ser efetivado no Estado, independentemente dos conflitos próprios e inerentes à sociedade civil. A filosofia hegeliana do Estado racional não é capaz de compreender a verdade dos processos sociais da sociedade moderna: são os interesses e os antagonismos de classe que definem, no interior do capitalismo, a natureza do Estado; nenhuma mudança reformista da forma política (absolutismo, monarquia constitucional ou república) pode superar por si só os problemas sociais, apenas a transformação revolucionária do conteúdo social (a abolição da sociedade de classes). Para Marx, o absolutismo alemão só será superado por meio de uma revolução social, não por uma revolução política (muito menos uma mera reforma); em outras palavras: não será o liberalismo o responsável pela abolição desse regime, e sim o socialismo. Essa conclusão leva Marx a romper com os jovens hegelianos (inclusive Feuerbach) e a se afastar da filosofia alemã, passando a estudar economistas ingleses e franceses. No seu entender, a filosofia política e a doutrina do Estado racional devem ser substituídas pela economia política, pois somente essa ciência é capaz de compreender a dinâmica e o funcionamento do núcleo do capitalismo, que consiste na produção de mercadorias e nas relações entre as classes sociais fundadas na questão da propriedade privada. 2) Quais eram as ideias dos socialistas utópicos? Qual a diferença entre o socialismo utópico e o socialismo proposto por Marx? E a crítica de Marx ao socialismo utópico? R: Owen passou grande parte de sua vida buscando inspirar a criação de comunidades utópicas isoladas e realizando ações filantrópicas com trabalhadores e empresários e ingleses influentes para convencer os mais ricos e os mais pobres da necessidade de uma sociedade industrial mais racional e humana. Ele criou o partido político chamado cartismo, por conta da apresentação de cartas e abaixo-assinados listando a reivindicação da classe operária por direitos políticos a luta pela democratização da monarquia constitucional inglesa ou até mesmo pela proclamação da república e sociais a luta por melhores salários e pela limitação legal da jornada de trabalho. O cartismo se dividia em duas alas: a mais moderada era chamada de Força Moral, pois apostava que por meio de reuniões públicas, jornais, panfletos e petições parlamentares a sociedade poderia ser convencida da necessidade de uma reforma social que privilegiasse a educação moral dos cidadãos. Já a ala mais radical era conhecida por Força Física, já que defendia o uso da violência caso a classe burguesa e a elite política da Inglaterra resistissem às suas demandas. Os discípulos de Owen buscaram dialogar com o setor mais moderado do cartismo para enfraquecer o mais radical, pois se posicionavam totalmente contrários a qualquer uso de violência, advogando um caminho pacifista e gradualista. O desenvolvimento da concepção socialista de Marx, conhecida como comunismo, dar-se-á tanto tendo o cartismo como paradigma como em confronto com duas correntes que se encontram bem representadas nos movimentos políticos na França: os grupos conspiratórios inspirados no jacobinismo (a ala mais radical da Revolução de 1789) e as seitas utopistas. O comunismo defendido por Marx busca se opor tanto às seitas conspiratórias e ditatoriais de caráter jacobino quanto às seitas utópicas e pacifistas. Como já apontamos, os dois conceitos teóricos e práticos por meio dos quais ele propõe uma superação do falso dilema entre esses dois socialismos são: a luta de classes e a práxis revolucionária. Já os socialistas utópicos erram ao não reconhecer que a sociedade capitalista é marcada pelo antagonismo violento e opressor entre burguesia e proletariado, ou seja, pela luta de classes. Nesse contexto social, a aposta em um programa político marcado por reformas graduais e pacíficas acaba se configurando como uma ideologia, uma vez que apela ou para a filantropia e a harmonia entre classes irreconciliáveis (os dominantes e os dominados) ou desiste de disputar a sociedade a partir de dentro para construir comunidades isoladas. No entender de Marx, a Revolução europeia só poderia ter dois resultados possíveis: de um lado, revolução social liderada pelo cartismo na Inglaterra, proclamação de repúblicas sociais na França e na Alemanha e de independência nacional na Polônia, Itália e Hungria; de outro, derrota de todos esses movimentos sociais progressistas e fortalecimento contrarrevolucionário dos regimes absolutistas da Prússia, Áustria e Rússia. Emancipação ou opressão, libertação ou escravidão, enfim: revolução ou reação. 3) O que propunham os anarquistas? R: Os anarquistas acreditava que a propriedade privada poderia ser transformada em mera posse, e os trabalhadores deveriam se associar livremente em cooperativas de produção para trocar mercadorias por preços justos, instaurando relações de igualdade. Essa utopia econômica seria completada na esfera política pela substituição do Estado-nação por uma federação formada pelas comunidades de trabalhadores. Todas essas mudanças se dariam com uma reforma gradual, por meio de cooperativas e reformas monetárias. Bakunin enxergava o núcleo de toda a exploração na história da humanidade não na economia, mas na política, ou seja, no Estado. Para ele, todo Estado é opressor, independentemente da sua forma política (por mais democrática que seja), já que a existência de uma instância estatal superior à sociedade já significaria a escravidão de uma maioria em proveito de uma minoria. A teoria anarquista do Estado é inaceitável para Marx, porque para ele o fundamento da exploração moderna é de caráter econômico. REFERÊNCIAS Ramos, Flamarion Caldeira et alii. Manual de Filosofia Política. SP: Saraiva, 2015, cap. 7, págs. 173 a 199