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Fenômenos de Transporte Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Profa. Ms. Luciana Borin de Oliveira Revisão Textual: Profa. Ms. Selma Aparecida Cesarin Hidroestática I 5 • História • Definição de empuxo • Princípio de arquimedes • Determinação matemática do empuxo • Força exercida por líquidos sobre superfícies planas submersas · O principal objetivo desta Unidade é mostrar que a força de empuxo em um objeto depende do volume submerso do objeto e das forças de pressão nele atuantes. Leia atentamente o conteúdo desta Unidade, que possibilitará conhecer os conceitos básicos de hidrostática. Você também encontrará uma atividade composta por questões de múltipla escolha, relacionada ao conteúdo estudado. Além disso, terá a oportunidade de reforçar seus conhecimentos por meio de uma atividade reflexiva. É extremante importante que você consulte os materiais complementares, pois são ricos em informações, possibilitando o aprofundamento de seus estudos sobre este assunto. Bons estudos! Hidroestática I 6 Unidade: Hidroestática I Contextualização Para iniciar esta Unidade, leia a reportagem disponível no link: Explore: Primeiro submarino nuclear brasileiro será usado em 2023 http://goo.gl/Pi5j9M Reflita sobre a questão das aplicações variadas dos conceitos fundamentais de fluidos, do conceito de Arquimedes nos dias de hoje. Oriente sua reflexão a partir do seguinte questionamento: É possível aplicar os conceitos não somente para a “arte da guerra”? Quais seriam algumas possíveis aplicações desse conceito em prol da humanidade? 7 História Historiadores contam que Arquimedes somente descobriu o Empuxo a pedido de um rei chamado Hierão, que gostaria de se certificar que sua coroa não era falsa. Ambos viviam em Siracusa, cidade-Estado da Grécia Antiga (cerca de 250 a.C.). Ainda segundo historiadores, Arquimedes já era um conhecido filósofo na época, muito popular por suas descobertas na Matemática e na Física e por diversas invenções, contribuindo muito para o surgimento das Ciências. Batalha e Bento afirma que a história mais conhecida de Arquimedes é, porém, uma lenda e justamente essa do empuxo, mas o que importa é que é muito utilizada e provou ser muito útil para diversas aplicações na Engenharia. O rei ordenou a Arquimedes que resolvesse a sua desconfiança da confecção da coroa. Dizem que quando Arquimedes tomava banho numa banheira visualizou a solução da questão quando percebeu que a quantidade de água que transbordava era igual em volume ao seu próprio corpo. O que de fato ele descobriu foi denominado “Princípio de Arquimedes” (que se baseia no empuxo ou impulsão) e é utilizado até hoje. O princípio afirma que: “um corpo imerso em um líquido irá flutuar, afundar ou ficar neutro de acordo com o peso do líquido deslocado por este corpo”. Ou seja, se o peso do líquido deslocado por um objeto for maior que o peso do corpo, ele irá flutuar. Mas se o peso do objeto for superior ao peso do líquido deslocado, o corpo irá afundar. Se for igual, ficará no meio do caminho, não afunda nem flutua (BATALHA; BENTO). Foi assim que ele percebeu como poderia provar a fraude do ourives. Observando blocos feitos de prata e de ouro com a mesma massa, fazia transbordar diferentes volumes de água. Como são materiais de diferentes densidades, os blocos não tinham o mesmo tamanho (volume). Por fim, Arquimedes mergulhou em uma bacia de água blocos feitos de ouro e prata, mas com massa igual à da coroa e pode observar, pelo deslocamento do líquido, que a coroa era falsa. 8 Unidade: Hidroestática I Defi nição de empuxo Por definição e segundo Brunetti (2008), quando se mergulha um corpo em um líquido, seu peso aparente diminui, chegando, às vezes, a parecer totalmente anulado (quando o corpo flutua). Esse fato se deve à existência de uma força vertical ascendente, exercida no corpo pelo líquido, a qual recebe o nome de empuxo. O empuxo é definido pela diferença das pressões ascendentes e descendentes exercidas pelo fluido no corpo ou objeto analisado. Se a força ascendente for maior que a força descendente aplicada pelo fluido, essa força vertical de baixo para cima é denominada empuxo. Princípio de arquimedes O Princípio de Arquimedes e a teoria de força do empuxo estão intimamente relacionados: em equilíbrio num fluido dentro de um campo gravitacional, todo objeto que está submerso ou parcialmente imerso apresenta uma força vertical ascendente, aplicada por ele. Esta força é definida como sendo o empuxo (E), cuja intensidade é igual ao peso do líquido deslocado pelo corpo. 9 Determinação matemática do empuxo Como citado, o Princípio de Arquimedes diz que o empuxo é igual ao peso do líquido deslocado. Portanto, pode-se escrever que: E = WL (1) Onde, WL = mL × g (2) Substituindo em (1), tem-se: E = mL × g (3) Sendo que E representa o empuxo e mL a massa do líquido deslocado Essa mesma equação pode ser reescrita utilizando-se considerações de massa específica, pois, como visto anteriormente, m Vρ = (4) Portanto, mL = ρL × VL (5) Assim, podemos reescrever a equação E = ρL × VL × g (6) Nesta equação: • ρL representa a massa específica do líquido; e • VL o volume de líquido deslocado. Pela análise realizada, é possível perceber que o empuxo será maior quanto maior for o volume de líquido deslocado e também quanto maior for a densidade deste líquido. E = ρL × VC × g (7) Deve-se fazer algumas considerações a respeito do empuxo: 1. O objeto ficará submerso no fluido se a massa específica do líquido for menor que a do objeto (ρL<ρc), portanto: E < P; 2. O objeto ficará em equilíbrio se as massas específicas do fluido e do objeto forem iguais (ρL = ρc), portanto: E = P; e 3. O objeto flutuará na superfície do fluido se a massa específica do fluido for maior que a massa específica do objeto (ρL>ρc), portanto E > P. Tornando mais fácil determinar quando o objeto ou o corpo estudado poderá afundar ou boiar, utilizando apenas o valor das massas específicas. 10 Unidade: Hidroestática I Exemplos 1) Submerso em um tanque de água está um objeto com massa de 15 kg e um volume que corresponde a 2 × 10-3m³. Sabendo que ρH2O = 1.000kg/m³ e g = 10 m/s², calcule: a) O peso do objeto; b) O empuxo exercido pela água no objeto; c) O peso aparente do objeto. Figura 1. Fonte: ICA/UFRA Resolução Observe a figura acima: a) Peso do corpo Pc = m × g Pc = 15 × 10 Pc = 150N b) Empuxo E = ρ × g × Vc E = 1000 × 10 × (2 × 10-3) E = 20N c) Peso aparente Pesoaparente = Pesocorpo = Empuxo PA = PC - E PA = 150N - 20N PA = 130N 11 2) Em um reservatório preenchido com mercúrio, está flutuando um cilindro. Este cilindro possui uma base com área de 10 cm² e altura total de 0,08 m. Já a parte que está imersa no mercúrio corresponde a 0,06 m, conforme representado na figura. Dados: g = 9,81m/s2 e ρ = 13.600 kg/m3. Calcule a) O empuxo sobre o cilindro; b) O peso do cilindro; c) A densidade do cilindro. Figura 2 Fonte: ICA/UFRA Observe a figura acima: Resolução a) F = m × g Cálculo do volume V = A × h V = 10 × 6 V = 60 cm3 ou V = 6 × 10-5 m3 Cálculo da massa de fluido deslocada m V ρ = 513.600 6 10 m x − = m = 13.600 × 6x10-5 m = 0,816 kg Cálculo da força F = m × g F = 0,816 × 9,81 F = 8,00496 N F ≅ 8 Ν 12 Unidade: Hidroestática I b) Como o objeto está em equilíbrio com o fluido, a força do peso deve ser a mesma do empuxo, ou seja, a força descendente é igual à força ascendente, portanto 8N. c) mVρ = Cálculo da massa Peso = m × g 8 = m × 9,81 8 9,81 m = m = 0,81549 kg Cálculo do volume V = A × H V = 10 × 8 V = 80 cm3 V = 8 × 10-5m3 Cálculo da densidade m V ρ = 5 0,81549 8 10 ρ −= × 310.193,625 kg mρ = 310.200 kg m ρ ≅ 13 3) Determine o valor do empuxo quando um objeto está submerso no ar, no álcool e na água. Sabendo que o volume do objeto é de 20 cm3. Dados:g = 10 m/s2; dar = 1,3 Kg/m 3; dálcool = 800 kg/m 3; e dágua= 1.000 kg/m 3. Resolução a. Dados do ar 31,3l kgd m= Vl = 20 cm3 = 2 × 10-5m-3 10 mg s= E = d1 × Vl × g E = 1,3 × (2 × 10-5) × 10 E = 0,00026N b. Dados do álcool: 3800l kgd m= Vl = 20cm3 = 2 × 10-5m3 10mg s= E = dl × Vl × g E = 800 × (2 × 10-5) × 10 E = 0,16N c. Dados da água: 31000l kgd m= Vl = 20cm3 = 2× 10-5m3 10mg s= E = dl × Vl × g E = 1000 × (2 × 10-5) × 10 E = 0,2N 4) Sabendo que a densidade da água corresponde a 1.000 kg/m3 e que em um reservatório se tem uma esfera de plástico que flutua com 40% de seu volume fora do fluido, pede-se para demonstrar, por meio de cálculos, o valor da densidade do material da esfera. Resolução Como o líquido é a água e 60% da esfera está fora dele, Vl = 0,60 × Vc 3 0,60 1 10 c c c d V V = × 3600c kgd m= 14 Unidade: Hidroestática I Força exercida por líquidos sobre superfícies planas submersas Deve-se estudar as forças aplicadas em superfícies planas submersas, pois são de primordial importância no dimensionamento de comportas e tanques, entre outros. Ainda se deve diferenciar e ressaltar duas condições diferentes de superfícies planas: a submersa num plano horizontal e a submersa num plano inclinado. Superfície Plana Horizontal Por definição e como está representado na Figura 3, observa-se que a pressão exercida na superfície é uniformemente igual em todos os pontos planos agindo perpendicular à ela. Força Resultante = Pressão × Área (9) Figura 3. Representação da força exercida em uma superfície plana submersa em um líquido em equilíbrio Fonte: ICA/UFRA A força resultante vertical será aplicada no centro de pressão da superfície que, nesta situação, corresponde ao centro de gravidade. 15 Exemplo Qual é força sobre uma comporta quadrada (1 × 1m) instalada no fundo de um reservatório de água de 2 m de profundidade (ρágua= 1.000 kg/m 3). Figura 4 Fonte: ICA/UFRA Resolução Observe a figura acima: Cálculo do Peso P = ρ × g × h P = 1.000 × 9,81 × 2 P = 19.620 Pa Cálculo da Força F = P × A F = 19.620 × 1 F = 19.620 N 16 Unidade: Hidroestática I Superfícies Planas Inclinadas Por definição e como está representado na Figura 5, observa-se que a pressão exercida na superfície é diferente da determinada na superfície plana, pois devemos considerar que o centro de gravidade não coincide com o centro de aplicação de força. Figura 5. Representação da força exercida em uma superfície inclinada submersa em um líquido em equilíbrio. Fonte: ICA/UFRA. Força Resultante = P × A (10) F = ρ × g × hcg × A (11) Onde: hcg – profundidade do centro de gravidade da superfície imersa A Figura 6 representa os centros de gravidade e de pressão em superfícies submersas. Figura 6. Representação do centro de gravidade e pressão. Fonte: ICA/UFRA 17 Ponto de Atuação da Força Resultante Pode-se definir matematicamente o ponto de atuação da força resultante por meio de: 0 cp cg cg IY Y Y A = + × Onde: cp cp hY senθ= cg cg hY senθ= A representação de como os cálculos da área, inércia e do centro de gravidade de algumas formas geométricas já foram ordenadas em tabela, como apresentada na Tabela 1. Tabela 1. Área, momento de inércia da área e posição do centro de gravidade das principais formas geométricas. Figura A(m2) I0(m 4) Dcg(m) a.b a.b3/12 b/2 a.b/2 a.b3/36 2.b/3 π .r2 π .r4/4 R Fonte: ICA/UFRA. 18 Unidade: Hidroestática I Exemplo Uma barragem com 20 m de comprimento retém uma lâmina de água de 7 m. Determine a força resultante sobre a barragem e seu centro de aplicação. Figura 7 Fonte: ICA/UFRA. Resolução Observe a figura acima: F = ρ × g × hcg × A Da Tabela 1 7 2cgh = 3,5 cgh m= Cálculo da área ( )720 60A sen= × ° A = 161,66m2 19 Cálculo da força F = ρ × g × hcg × A F = 1.000 × 9,81 × 3,5 × 161,66 F ≅ 5,55 × 106 N Cálculo do ponto de atuação do centro de gravidade cg cg hY senθ= 3,5 60cgY sen= ° 4,04 cgY m= Cálculo da inércia (da tabela) ( )3 0 720 60 12 senI × °= I0 = 880,14m4 Cálculo do ponto de atuação da força resultante 0 cp cg cg IY Y Y A = + × 880,144,04 4,04 161,66cp Y = + × 5,39 cpY m= Cálculo do centro de aplicação da força 60cp cph Y sen= × ° 5,39 60cph sen= × ° 4,67 cph m= 20 Unidade: Hidroestática I Material Complementar Vídeos: Pressão em líquidos princípio de Stevin Mecânica hidrostática Física https://www.youtube.com/watch?v=bTRPis0m2ew Princípio de Pascal Mecânica hidrostática Física https://www.youtube.com/watch?v=3LXccK86Ztg 21 Referências BATALHA, E.; BENTO, S. Fundação Oswaldo Cruz. Disponível em: <www.invivo.fiocruz. br>. Acesso em: abr. 2015. BRUNETTI, F. Mecânica dos Fluidos. 2.ed.rev. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008. FOX, R. W.; MC DONALDS, A. T.; PRITCHARD, P. J. Introdução à Mecânica dos Fluidos. 8.ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2014. GASPAR, A. Física. São Paulo: Ática, 2009. INSTITUTO de Ciências Agrárias – Universidade Federal Rural da Amazônia. Disponível em: <www.portal.ufra.edu.br>.Acesso em: jan. 2015. INSTITUTO de Física Gleb Wataghin (IFGW) – Universidade Estadual de Campinas. Disponível em: <www.ifi.unicamp.br> Acesso em: jan. 2015. INSTITUTO Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo. Disponível em: <http://spo.ifsp.edu.br/> Acesso em: jan. 2015. POTTER, M. C.; WIGGERT, D. C. Mecânica dos Fluidos. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2004. SIMÕES, J. G. F. Mecânica dos Fluidos. Universidade Santa Cecília. <http://cursos. unisanta.br/mecanica/ciclo4/Mecanica_dos_Fluidos.pdf>. Acesso em: jan. 2015. WHITE, F. M. Mecânica dos Fluidos. 6.ed. Nova Iorque: McGraw-Hill, 2007. WIGGERT, D. C.; POTTER, M. C. Mecânica dos Fluidos. São Paulo: Pioneira Thomson, 2004 22 Unidade: Hidroestática I Anotações