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0 0 0 UNINASSAU MEDICINA VETERINÁRIA RODOLFO EMANUEL LEITE DE ALMEIDA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RUMENOTOMIA A CAMPO EM BOVINO COM TIMPANISMO ESPUMOSO: RELATO DE CASO CAMPINA GRANDE 2022 RODOLFO EMANUEL LEITE DE ALMEIDA RUMENOTOMIA A CAMPO EM BOVINO COM TIMPANISMO ESPUMOSO: RELATO DE CASO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para conclusão do curso de Medicina Veterinária da UNINASSAU- CG. CAMPINA GRANDE 2022 RUMENOTOMIA A CAMPO EM BOVINO COM TIMPANISMO ESPUMOSO: RELATO DE CASO FIELD RUMENOTOMY IN A BOVINE WITH FOAMY TYMPANIC DISEASE: CASE REPORT Rodolfo Emanuel Leite de Almeida[footnoteRef:1] [1: Graduando do curso de Medicina Veterinária pela UNINASSAU- CG. ] Juscelino Kubitschek Bevenuto da Silva[footnoteRef:2] [2: Professor Orientador do Curso de Medicina Veterinária da UNINASSAU-CG. ] RESUMO O timpanismo espumoso é uma das principais causas de morte em bovinos confinados, onde estes têm maiores chances de desenvolver essa doença devido a acentuada ingestão de leguminosas frescas de alta digestibilidade sem nenhuma adaptação, ingestão de dietas ricas em grãos ou até mesmo de algumas forragens, ocasionando assim, menor produção de saliva e consequentemente maior produção de espuma. Este trabalho tem como objetivo mostrar a importância do conhecimento da técnica da rumenotomia, o seu uso e sua contribuição na melhora e recuperação de um animal com timpanismo espumoso em tratamento. O bovino fêmea da raça Nelore estava prenha e passou pela rumenotomia com a finalidade de agilizar o processo de descompactação. Após o procedimento cirúrgico realizado de forma bemsucedida, o bovino teve total recuperação, não apresentando nenhuma complicação no pós-operatório e parindo um bezerro saudável. Assim, é de suma importância que o profissional veterinário esteja preparado para a realização do procedimento cirúrgico, de forma a agir o mais rápido possível evitando complicações e piora no quadro do animal. Palavras-chave: Doença metabólica. Ruminantes. Distensão abdominal. Gás no rúmen. ABSTRACT Foamy tympanic disease is one of the main causes of death in confined cattle, where these have a greater chance of developing this disease due to the strong ingestion of highly digestible fresh legumes without any adaptation, ingestion of diets rich in grains or even some forages, thus causing lower saliva production and consequently higher foam production. This work aims to show the importance of knowledge of the rumenotomy technique, its use and its contribution to the improvement and recovery of an animal with foamy tympanic disease under treatment. The Nelore female bovine was pregnant and underwent rumenotomy with the purpose of speeding up the decompression process. After the successful surgical procedure, the bovine had a full recovery, presenting no postoperative complications and giving birth to a healthy calf. Thus, it is of utmost importance that the veterinary professional be prepared to perform the surgical procedure, in order to act as soon as possible avoiding complications and worsening in the animal's condition. Keywords: Metabolic disease. Ruminants. Abdominal distension. Gas in the rumen. 1 INTRODUÇÃO O timpanismo é um distúrbio caracterizado pela dilatação anormal do rúmen por retenção excessiva de gases de fermentação na forma de espuma persistentemente dispersa no conteúdo ruminal ou gás livre. Pode ser classificado em primário (ou espumoso) e secundário (ou gasoso); o primeiro tem como característica a formação de bolhas gasosas na indigesta que interferem na eliminação de gases pela eructação enquanto o timpanismo gasoso pode ser ocasionada por uma obstrução esofágica causada por corpos estranhos ou por questões física ou funcional do esôfago (OLIVEIRA et al, 2019). A ocorrência de timpanismo espumoso está associada ao pastoreio de plantas que causam fermentação excessiva ou a uma dieta com excesso de grãos finamente moídos. Esse tipo de timpanismo desenvolve-se de forma mais lenta do que o gasoso, e pode se tornar crônico e recorrente (PANZIERA et al, 2016). Embora controverso, o mecanismo de formação da espuma está associado ao estágio de desenvolvimento das leguminosas e ao tipo de proteínas citoplasmáticas solúveis presentes nas folhas dessas plantas. Essas substâncias seriam digeridas mais rapidamente do que o normal pela microbiota ruminal e as bolhas de gás resultantes da fermentação permaneceriam presas entre as partículas dispersas do conteúdo ruminal (JUNIOR, 2013). O principal fator de risco para o timpanismo é o consumo de gramíneas compostas por mais de 50% de leguminosas. A doença tem sido associada principalmente à ingestão de espécies de Trifolium (T. repens, T. pratense e T. subterraneum) e Medicago (M. sativa e M. hispida), que são pobres em fibras e tem alto teor de carboidratos solúveis e proteínas ruminais altamente degradáveis (PANZIERA et al, 2016). A vulnerabilidade a essa patologia pode variar de acordo com algumas características hereditárias, como composição de proteínas salivares, taxa de salivação, motilidade ruminal e capacidade rumina. Os sinais clínicos podem aparecer 20 minutos após os animais serem colocados no pasto e incluem aumento abdominal (inicialmente esquerdo), dispneia, dificuldade para arrotar, decúbito e morte (RIZZO et al, 2015). Na maioria dos casos, são relatados episódios de "morte súbita" devido à exposição de curto prazo a sinais clínicos. Os achados de autópsia mais importantes são fígado e baço pálidos, pulmão pálido e enfisematoso, vesícula biliar cheia e rins densos e amolecidos. O tratamento depende das circunstâncias, mas os animais devem ser retirados imediatamente do pasto onde ocorreu o problema. Em casos graves, a rumenotomia aguda é necessária. Para o controle, recomenda-se o uso de pastagens mescladas (leguminosas e gramíneas) e a administração de antiespumantes aos animais (PANZIERA et al, 2016). No Brasil, distúrbios digestivos como o timpanismo espumoso, representa uma estimativa negativa importante com diversos casos em todo o país, trazendo consigo uma perda financeira significativa (MARQUES et al., 2018). Em regiões como o Nordeste, um fator que contribui para o acontecimento dessa enfermidade é a ocorrência cíclica de estiagem onde se há uma necessidade de fornecer uma alimentação alternativa como subprodutos da agroindústria local, muitas vezes de baixa qualidade (VIEIRA et al, 2016). O gado leiteiro adulto é mais acometido de modo geral, pois estes não selecionam os alimentos e são menos resistentes que os bezerros com idade de até um ano (MELO et al, 2020). Diante dessa realidade, para se obter um resultado eficaz no atendimento e orientação aos produtores e no processo saúde/doença dos bovinos, com o diagnóstico/tratamento, afim de prevenir e diminuir os prejuízos que o timpanismo espumoso acarreta, é de extrema importância o conhecimento da técnica da rumenotomia, o seu uso e sua contribuição na melhora e recuperação dos animais. O presente estudo será desenvolvido a fim de entender melhor como funciona os principais aspectos clínicos e as respostas terapêuticas em bovinos com a utilização da rumenotomia no tratamento do timpanismo espumoso. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Timpanismo Espumoso O timpanismo é, segundo Ferrão et al (2015), uma condição clínica associada às práticas modernas de criação e manejo de animais, que são submetidos a um sistema de produção intensivo em que recebem dietas à base de leguminosas ou ricas em grãos. Dentre os distúrbios digestivos que surgiram, pode-se destacar na rotina clínica de maior impacto econômico o timpanismo ruminal, que pode ser classificado como timpanismo primário ou espumoso – resultante da alimentação do gado com pastagens ricas em leguminosas, dietas com alto teor de concentrados ou grãos – e inchamento secundário ou gasoso, que geralmente se deve à incapacidade de expelir gás livre devido àinterferência física desse processo (GELBERG,2013). A intensificação dos sistemas de produção no setor agropecuário tem gerado uma evolução constante na qualidade das fazendas, na nutrição e nas práticas higiênico-sanitárias que, trabalhando de forma interativa, geram benefícios para o produtor. No entanto, por razões econômicas, esse processo complexo tem sido levado a extremos, principalmente do ponto de vista nutricional, fornecendo alimentos de alta qualidade em grandes quantidades. Como resultado, o manejo desse componente tem gerado distúrbios digestivos com certa frequência e gravidade, causando prejuízos ao setor e ao produtor (OLIVEIRA et al, 2019). Dos bovinos que sofrem de doenças que comprometem o aparelho digestivo na região rural do estado de Pernambuco, 8,5% são diagnosticados com tumefação espumosa (ou tumefação primária) (COUTINHO et al, 2012). Ferrão et al, (2015), relatam que em estudo realizado no oeste do Canadá em bovinos confinados, o timpanismo é responsável por uma mortalidade que varia entre 1% e 2%; além disso, um recente estudo realizado no oeste do Canadá, que teve como objetivo determinar as causas de morte em bovinos, revelou que o timpanismo é a quarta principal causa de morte. Os impactos econômicos causados por esta doença não se limitam à mortalidade animal, elas estão relacionadas também à perda de produção - redução do ganho de peso e produção de leite - e aos gastos com medicamentos e mão de obra veterinária, que também são caros para o produtor (FERRÃO et al, 2015). Observações recentes indicam que leguminosas que causam timpanismo são digeridas mais rapidamente pelos microrganismos do rúmen do que outras forrageiras e que a ruptura das células do mesofilo foliar leva à liberação de partículas de cloroplasto. Essas partículas são rapidamente colonizadas por microrganismos do rúmen e bolhas de gás ficam presas entre as partículas, impedindo que elas grudem umas nas outras e que ocorra a drenagem do fluido ruminal que se mistura entre as bolhas (GELBERG,2013). A bovinocultura e o impacto do timpanismo espumoso A produção de leite é uma atividade de grande importância econômica para o estado de Pernambuco, em especial para a Mesorregião do Agraste, que nos últimos anos tem ocupado lugar de destaque em um cenário nacional bastante favorável, em termos de crescimento da produção e aumento das exportações. Assim, por razões econômicas e para satisfazer esta procura crescente, o setor teve que melhorar intensiva e continuamente os seus sistemas de produção (VIEIRA et al, 2016). No entanto, esses avanços, que incluem o aprimoramento do modelo genético dos animais, a qualidade das instalações, o aprimoramento das práticas sanitárias e, sobretudo, o modelo nutricional dos rebanhos, também contribuíram para o surgimento da indigestão, com frequência e gravidade causando danos preocupantes aos produtores e empresas (COUTINHO et al, 2012). Dentre esses distúrbios digestivos, destaca-se o inchaço espumoso, que ocorre em bovinos em duas condições epidemiológicas distintas: a primeira é caracterizada pelo consumo de ração composta por trevo e alfafa, sendo essas plantas as principais responsáveis pela formação e espumação; a segunda condição estaria ligada ao consumo de alimentos ricos em cereais, ocorrendo principalmente nos bovinos que vivem confinados (LIRA et al, 2013). Distensão abdominal causada pelo timpanismo do rúmen/Atonia Ruminal O inchamento da espuma ocorre devido à alta produção de espuma estável que retém os gases de fermentação no topo, condição na qual a agregação de pequenas bolhas de gás é inibida. No entanto, se houver conteúdo ruminal espumoso, o animal não conseguirá inchar e a pressão intraruminal irá aumentar, se desenvolvendo mais lentamente o inchaço da espuma no gado do que o inchaço do gás, tornando-se sempre crônico e recorrente (GELBERG,2013). O inchaço da espuma pode se desenvolver em animais em pastejo onde os componentes da ração são claramente a principal causa da formação de espuma (por exemplo, trevo, alfafa), bem como em animais alimentados com dietas ricas em cereais (> 50% da dieta); esta última forma é a mais comum e interessante, representando 6,8% dos distúrbios digestivos atendidos na região rural de Pernambuco (PANZIERA et al, 2016). A formação de espuma associada ao consumo de cereais deve-se provavelmente à interação de fatores, que podem ser divididos em três categorias: a primeira é a fisiologia e anatomia do animal (posição do coração, hipomotilidade ruminal, salivação); a segunda refere-se a fatores nutricionais como a forma física da dieta, o tipo de cereal, o tipo e a quantidade de alimentos da dieta; terceiro, em fatores microbianos como mudanças no número, forma e composição das populações de bactérias e protozoários e os produtos de fermentação envolvidos (RETT, 2021). Este último fator é considerado o mais importante, pois o excesso de concentrado permite que bactérias tolerantes a ácidos, como Streptococcus bivis, se multipliquem e produzam quantidades excessivas de mucopolissacarídeos, que aumentam a viscosidade do líquido ruminal e, portanto, estabilizam a espuma (SOUSA, 2019). Os sinais clínicos mais frequentes observados estão relacionados a distúrbios causados por distensão abdominal causada por inchaço do rúmen, incluindo diminuição do apetite, dispneia, diminuição da produção de leite, entre outros. Na análise do líquido ruminal, a consistência é espumosa e a atividade fermentativa da microbiota fica comprometida na maioria dos casos (SANTOS et al, 2020). Outro sinal clínico bastante comum em casos de timpanismo é a atonia ruminal, que pode ser detectada quando as contrações ruminais estão mais fracas que o normal ou ausentes. Geralmente está associada a consumo de grandes quantidades de ervas verdes e molhadas, além de silagem de má qualidade ou estragada (LIRA et al, 2013). RELATO DE CASO Foi atendido, na Fazenda Maracanã, zona rural de Campina Grande- Paraíba, um bovino, fêmea, da raça Nelore, pesando 350kg e prenha. O animal apresentava desconforto a 2 dias, rúmen bastante distendido, mucosas congestas, parâmetros cardíacos e respiratórios aumentados. Como o animal já apresentava este desconforto a dias, o veterinário fez a auscultação do rúmen por 6 minutos e nesse tempo, foi constatado que não havia movimentos ruminais, ou seja, o rúmen estava em atonia. Após isso, foi realizado a passagem da sonda para identificar de que tipo era o conteúdo ruminal, sendo confirmado que era de origem espumosa, foi decidido pelo profissional responsável que seria feito a rumenotomia de emergência, afim de agilizar o processo de descompactação do animal. Após a escolha do tratamento a ser seguido, o animal foi preparado para o procedimento cirúrgico. O bovino foi contido em um tronco com auxílio de cordas para assegurar a segurança do animal e do cirurgião. Com o animal contido, foi realizado a tricotomia da região do flanco esquerdo, com posterior assepsia com clorexidina a 2%, iodo a 2% e álcool 70. Logo em seguida, foi realizado o bloqueio anestésico no flanco do animal, utilizando cloridrato de lidocaína, o bloqueio utilizado foi de L invertido. O profissional deu início a cirurgia assim que o efeito anestésico local foi confirmado. Realizou-se uma incisão de 20 cm, sendo uma incisão na pele, músculo oblíquo externo, oblíquo interno e músculo oblíquo transverso do abdômen. Ao acessar a cavidade abdominal, foi identificado o rúmen e exposto da cavidade, prendendo-o na musculatura, fazendo o uso das pinças de backahus para não deixar cair conteúdo na cavidade abdominal. Foi retirado todo o conteúdo espumoso e colocado partículas de capim verde para ajudar na estimulação da microbiota ruminal, além de 10 ml de enrofloxacino para evitar peritonite e outras infecções de pós-operatório, causadas por bactérias gram-negativas e gram-positivas sensíveis ao enrofloxacino, que é um antibiótico de amplo espectro. Imagem 1: Conteúdo ruminal retirado Após toda a remoção do conteúdoespumoso e medicação foi realizada sutura em duplo cunshig no rúmen, sutura na musculatura em pontos de x de forma que abrangesse os músculos oblíquos externo, interno e transverso do abdômen; e na pele a sutura Wolff. Após a cirurgia, foi administrado a antibioticoterapia (Enrofloxacino – 10 ml) e anti-inflamatórios (flunixin meglumine – 15 ml) durante 7 dias, além da aplicação do spray de prata como repelente. Por fim, foi feita a transfaunação, ou seja, transferido um certo volume de suco ruminal de uma vaca sadia para o animal em tratamento com o objetivo de restabelecer a população microbiana. Imagem 2: Incisão cirúrgica após síntese da pele No pós-operatório foi administrado ao animal 1 litro de cálcio, por via intravenosa. Durante esse período, o animal teve uma boa recuperação, voltando a se alimentar normalmente. A retirada dos pontos foi realizada com 12 dias, sendo retirada apenas os 5 pontos que haviam sido feitos na pele. O animal não apresentou complicações pós-operatórias e após 3 meses do atendimento entrou em trabalho de parto, parindo um bezerro saudável. RESULTADOS E DISCUSSÃO O timpanismo espumoso é o desequilíbrio entre a produção e a remoção de gás, resultando em espuma excessiva dos constituintes desse gás misturados com o conteúdo ruminal, porém alguma forma livre de FE pode estar presente. Este tipo de distúrbio de fermentação é uma condição frequente em bovinos e ovinos, especialmente com alta incidência em fazendas onde o sistema de produção intensivo é adotado (NETO et al, 2014). Em casos de timpanismo, pode ser observado um acentuado aumento na pressão intra-abdominal e por consequência disso, acontecem alterações nos movimentos ruminais, dificuldade respiratória, circulatória, possíveis asfixia e morte; o seu diagnóstico é básico, mesmo assim, o animal pode entrar em morte súbita devido à insuficiência respiratória que é causada por timpanismo ruminal hiperagudo (RETT, 2021). O timpanismo espumoso pode surgir em áreas de pastagens compostas por leguminosas (alfafa e trevo), onde os componentes presentes nas plantas são os principais responsáveis pela formação de espuma; neste caso, para a formação de espuma no líquido ruminal, alguns fatores do conteúdo líquido, como saponinas, pectinas, hemiceluloses e proteínas citoplasmáticas solúveis das folhas, foram considerados no passado como causas predisponentes (RETT, 2021). Relatos primários de casos de inchaço espumoso em bovinos da região do Agreste, Pernambuco, mostram que o aparecimento desse distúrbio tem sido associado ao consumo de alimentos ricos em grãos em bovinos submetidos a um sistema de produção semi-intensivo a intensivo (COUTINHO et al, 2012). Levando em consideração os distúrbios da cavidade rumenorreticular, incluindo casos de indigestão simples e timpanismo, é possível perceber que na maioria das vezes estão relacionados a erros alimentares em razão da escassez de forragem em épocas de estiagem. Os alimentos dispostos nesses estágios geralmente são de qualidade inferior e de pouca digestibilidade, ocasionando o aumento do oferecimento de alimento concentrado. Dietas com altos teores de concentrado é o motivo principal das indigestões de origem alimentar em ruminantes (RIZZO et al, 2015). A retirada cirúrgica do corpo estranho através de rumenotomia é um tratamento primário bastante usado, proporcionando benefícios por ser um procedimento diagnóstico de tratamento satisfatório (SANTOS et al, 2020). As abordagens para o tratamento do timpanismo varia de acordo com o tipo (espumoso ou gasoso), além da observação da fatalidade em que o animal se encontra, já que em condições avançadas faz-se necessário o uso de medidas de emergência. Dessa forma, em casos extremos ocorre a necessidade de se fazer uma rumenotomia de emergência (NETO et al 2014). De acordo com Rett (2021), o timpanismo espumoso também pode ser tratado fazendo uso de óleos vegetais ou minerais, 300 a 500 mL para 450 kg de peso vivo animal, administrado em uma única dose, de forma a diminuir a estabilidade da espuma, facilitando assim, a eliminação da ingesta. Algumas estratégias podem ser aplicadas para evitar e/ou minimizar ocorrência de timpanismo, como manejo de adaptação nutricional mais adequado, frequência superior da distribuição da ração, monitoramento da qualidade dos ingredientes e utilização de aditivos alimentares (RETT, 2021). CONSIDERAÇÕES FINAIS O timpanismo espumoso é um distúrbio digestivo muito comum em bovinos alimentados com dietas ricas em concentrados que resultam no acumulo excessivo de gases e aumentam a pressão no rúmen. Esse distúrbio pode gerar a morte repentina do animal, gerando perdas econômicas consideráveis. Dessa forma, é imprescindível que se faça uma adaptação gradual à dieta, de forma a prevenir o desenvolvimento do problema. Também é de suma importância que os médicos veterinários estejam sempre preparados para realizar o tratamento, medicamentoso ou cirúrgico, a fim de obter sucesso no atendimento. Foi possível observar no caso relatado que o procedimento cirúrgico mostrou ser a melhor opção no tratamento, pois além de aliviar o incômodo que o animal sente nesses casos, proporcionou uma melhora rápida e sem nenhuma complicação. REFERÊNCIAS COUTINHO, L.T. AFONSO, J.A.B. COSTA, N.A. SOARES, P.C. MENDONÇA, C.L.de. 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