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1 GESTÃO DE PESSOAS EM ORGANIZAÇÕES HOSPITALARES 1 Sumário INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 3 CONTEXTO HISTÓRICO ....................................................................................... 5 A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DE PESSOAS EM ORGANIZAÇÕES HOSPITALARES .................................................................................................... 7 RECURSOS HUMANOS NOS SERVIÇOS HOSPITALARES.............................. 10 A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E A SAÚDE ......................................... 14 O IMPACTO DA GESTÃO DE PESSOAS NOS RESULTADOS DAS INSTITUIÇÕES HOSPITALARES ........................................................................ 16 OS DESAFIOS DA GESTÃO DE PESSOAS NO AMBIENTE HOSPITALAR ...... 18 A DIMENSÃO HUMANA NA ORGANIZAÇÃO HOSPITALAR .............................. 19 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 22 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós- Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 INTRODUÇÃO Assim como qualquer outro tipo de administração, a Administração Hospitalar visa, sobretudo, coordenar e normalizar seu meio laboral e institucional, segundo Fontinele, (2002). A diversidade encontrada na literatura sobre novas formas organizacionais para valorização dos funcionários é muito vasta e de grande amplitude. Atuais pesquisas despertam para um consenso entre os autores sobre as formas, os processos e o papel das organizações que mudaram de maneira significativa no final do século XX (Fenton & Pettigrew, 2000). A existência de novas formas organizacionais justifica-se pela presença, em mercados altamente competitivos e dos recursos que geram valor dentro da firma. A Gestão de Pessoas é elemento fundamental no planejamento estratégico da Instituição, na consecução de suas finalidades e missão institucional. A valorização pessoal, qualificação profissional, motivação para o trabalho e a melhoria da qualidade de vida são diretrizes básicas da gestão. Além da segurança e a preservação da saúde no ambiente de trabalho. Conforme a visão de Martins, (2000) a finalidade da Administração é atingir objetivos por meio dos esforços das pessoas, com as funções administrativas de planejamento, organização e controle. Processo de provisão consiste em abastecer a empresa com mão de obra qualificada. Refere- se ao recrutamento e seleção de pessoal. A gestão estratégica de pessoas destaca-se como requisito para alinhar as pessoas à estratégia da organização. Todavia, às vezes essa importância não é devidamente observada pelos profissionais que nela atuam. [Bosqueti & Alburqueque, 2005 (apud Brand, Tolfo, Pereira & Almeida, 2008] Planejamento de recursos humanos é o processo de decisão a respeito dos recursos humanos necessários para atingir os objetivos organizacionais, dentro de determinado período de tempo. Trata-se de antecipar qual a força de trabalho e talentos humanos necessários para a realização a ação organizacional futura. O planejamento estratégico de RH deve ser parte integrante do planejamento estratégico da organização e deve contribuir para o alcance dos objetivos da organização, incentivando o alcance dos objetivos individuais de cada pessoa. 4 Chiavenato (2008, p. 18), afirma que a partir da década de 70, é que então surgiu o conceito de Administração de Recursos Humanos, embora ainda havendo problemas por não conseguirem mudar completamente a ideia da importância das pessoas dentro da organização e ainda continuar vendo os trabalhadores como apenas recursos produtivos. Com efeito, é sempre necessário resgatar a inserção histórica para entender seu papel "operacional" nas ações organizacionais e o que isso representa em termos de impacto. Voltada à administração de pessoal e a mecanismos assistenciais de suporte ao empregado, esta perspectiva, conforme observa Albuquerque (1987), permite observar a evolução do departamento de pessoal com as dificuldades inerentes à "importação" de um modelo gerencial norte-americano, notadamente na forma como foram estabelecidas as relações de trabalho no Brasil. A administração de recursos humanos nas organizações brasileiras, segundo Albuquerque (1987:11), "tem sua evolução marcada pelas limitações da legislação trabalhista, pela importação de técnicas de administração de pessoal de países desenvolvidos, pela ausência e manipulação no movimento sindical durante muitos anos e pela influência de variáveis ambientais, externas à organização". 5 CONTEXTO HISTÓRICO Historicamente a gestão de pessoas passou por significativas mudanças no decorrer dos anos. Suas atividades, que até então se baseavam em rotinas burocrático- administrativas, começaram a ser vistas com “outro olhar”, passando a serem considerados outros fatores humanísticos, que vão muito além do cumprimento eficaz e eficiente das tarefas, como por exemplo, o ambiente e condições de trabalho, o relacionamento entre as pessoas, a qualidade de vida dos colaboradores, a qualidade da produção, a liderança e a comunicação, entre vários outros fatores. Devido a isto, observou-se que as atividades da gestão de pessoas passaram por um processo de reformulação, para poder atender àquela nova demanda em ascensão. Com isso, os processos precisaram ser integrados, estando as ações de recrutamento, seleção, treinamento, desenvolvimento, remuneração e benefícios, entre outras, intrinsecamente relacionadas. Os processos deixaram de ser executados por meio de ações isoladas e passaram a buscar atender as necessidades dos negócios, em alinhamento com a missão, visão e valores das organizações. Mesmo assim, as organizações muitas vezes deixam a desejar em questões importantes para o fortalecimento dos resultados individuais das pessoas e consequentemente organizacionais. Nas organizações de saúde esta realidade não é nada diferente. A inabilidade dos gestores e a falta de competências conceituais, técnicas e humanas, corroboram para este processo retardatário no qual a gestão de pessoas ainda se encontra, na maioria das organizações, principalmente nas do setor saúde. É comum observar na literatura sobre recursos humanos a tipologização em fases ou momentos marcados por características inerentes a um dado momento, conforme apregoa Sarsur (1999), ao definir fases nesta evolução: pré-jurídico-trabalhista (pré- 1930), marcada pela inexistência da legislação trabalhista e de departamento pessoal; burocrática (1930 a 1950), com o surgimento do departamento pessoal para atender as exigências da legislação trabalhista elaborada nesse período; tecnicista (décadas de 1950 e 1960), preocupada com eficiência eprodutividade em função da 6 implantação da indústria automobilística; sistêmica (décadas de 1960 a 1970), com o surgimento da área de recursos humanos na estrutura organizacional; a década de 80, marcada pelo contexto de novas relações de trabalho, e a década de 90, caracterizada pelo acentuado avanço tecnológico e o aumento da competitividade, trazendo um grande desafio à função de recursos humanos no que se refere a repensar sua posição e adotar novas práticas. As instituições hospitalares não se diferem das outras organizações no que diz respeito à administração de recursos humanos. Pôde-se afirmar, sem sombra de dúvida, que esta é a área mais importante entre as que compõem a sua estrutura organizacional, principalmente por se tratar de um prestador de serviço que depende de pessoas qualificadas, as quais tratam diretamente do paciente e os cuidados não permitem margem de erro (Bittar apud Santos; Teixeira, 2002). As estruturas hospitalares conceituadas como um instrumento terapêutico se dão a partir do final do século XVIII onde, de um morredouro passou a ser, ao longo dos anos, um ambiente de terapia, de prevenção de patologias, enfim, um ambiente de cuidados para a sociedade. (Foucault, 1979). No Brasil, os hospitais também sofreram muitas mudanças ao longo dos tempos, desde o seu papel social até seu modelo de gestão. Estas transformações são consideráveis a partir de 1930, quando a intervenção do Estado tornou-se mais efetiva e depois, a partir de 1960 o sistema público começou a se mostrar deficiente no atendimento à população devido à crise do mesmo e, diante desta crise, houve um alavancamento de investimento privado o que iniciou o que se tem como “complexo médico hospitalar”. (Monteiro, 2009). Para Druker (1999), o hospital é uma das organizações mais complexas para administração, pois nele há vários serviços envolvidos, como por exemplo o de hotelaria, o de lavanderia, o de serviços médicos e de relacionamento com o consumidor. 7 A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DE PESSOAS EM ORGANIZAÇÕES HOSPITALARES As evidências científicas sobre o assunto são extremamente claras e incisivas: a gestão de pessoas precisa ser estratégica, tendo suas ações organizadas de maneira que possam satisfazer as necessidades dos negócios e propiciar o equilíbrio necessário para um ciclo contínuo e renovável de melhoria do desempenho individual dos colaboradores e consequentemente das organizações. Os gestores de pessoas têm papel fundamental neste processo, pois são eles os responsáveis pela missão de disseminar a cultura e a prática estratégica da gestão de pessoas, deixando para trás as rotinas operacionais das quais a área está atualmente habituada, impulsionando-a para o patamar desejado: a gestão estratégica de pessoas. Assim, algumas atitudes passam a ser imprescindíveis para estes profissionais, tais como estar aberto para novas tecnologias administrativas; agir como agente de mudanças; reconhecer as pessoas como parceiras das organizações; e basear-se em comportamentos éticos e socialmente responsáveis. Além disso, precisam atuar em caráter multidisciplinar, com flexibilidade e sensibilidade às mudanças que estão ocorrendo no mercado de trabalho, principalmente as relacionadas ao comportamento humano. Por isto, torna-se importante o estreitamento do diálogo com outros profissionais, buscando interações que possibilitem o aprendizado interdisciplinar, dando consequentemente um importante salto qualitativo em suas práticas profissionais. Todavia, mais do que serem bons gestores de pessoas, está o desafio de capacitar as demais lideranças dos estabelecimentos de saúde para também atuarem como gestores de pessoas, para que sejam capazes de lidar com o manejo eficiente e eficaz de seus subordinados, amenizando os entraves cotidianos e colaborando, desta maneira, para a formação de equipes de elevado desempenho, com o objetivo de gerar resultados favoráveis à organização. 8 Entretanto, não tem valia alguma uma gestão de pessoas extremamente articulada e com diferenciado potencial de inovação, se o principal gestor do estabelecimento de saúde, aquele que está no topo da hierarquia, também não possuir perfil e competência para o comando em primeira linha dessas organizações. O gestor principal tem obrigação de ser suficientemente capacitado e ter nível de formação e experiência adequada ao cargo que ocupa e responsabilidades que possui. Vale ressaltar que a formação não precisa ser obrigatoriamente em medicina. É preciso quebrar este paradigma de que estabelecimentos de saúde têm que ser comandados por médicos, pois existem inúmeros outros profissionais da área administrativa, entre outras, que estão extremamente preparados para tal. A atuação conjunta da gestão de pessoas e da direção geral das organizações de saúde deve visar incorporar bons profissionais ao quadro pessoal da empresa, alocando cada um deles em setores específicos no qual tenham capacitação e competência para atuar. Políticas bem estruturadas de remuneração, benefícios e carreira, entre outras, são estratégias essenciais para atração e retenção destes profissionais que lidam com a manutenção da vida de terceiros diuturnamente. A gestão do conhecimento, por meio de ações de treinamento, desenvolvimento e educação corporativa também é uma forte estratégia, que gera diferencial competitivo e resultados positivos. A gestão de pessoas em organizações de saúde é extremamente importante, precisando ela trabalhar em conjunto com a direção geral deste tipo de estabelecimento, caminhando lado a lado. Somente assim ocorrerá a gestão estratégica de pessoas em saúde e a transformação dos conceitos teóricos existentes em práticas cotidianas satisfatórias. Abaixo segue ilustrado alguns profissionais que fazem parte das organizações hospitalares 9 (Fonte: https://www.ipessp.edu.br/site/artigos/importancia-administrador-na-gestao-hospitalar/) 10 RECURSOS HUMANOS NOS SERVIÇOS HOSPITALARES O debate sobre recursos humanos em saúde necessariamente exige entender como é tratado esse tema tanto na acepção usual quanto na lógica do SUS. Com efeito, é sempre necessário resgatar a inserção histórica para entender seu papel "operacional" nas ações organizacionais e o que isso representa em termos de impacto. Voltada à administração de pessoal e a mecanismos assistenciais de suporte ao empregado, esta perspectiva, conforme observa Albuquerque (1987), permite observar a evolução do departamento de pessoal com as dificuldades inerentes à "importação" de um modelo gerencial norte-americano, notadamente na forma como foram estabelecidas as relações de trabalho no Brasil. A administração de recursos humanos nas organizações brasileiras, segundo Albuquerque (1987:11), "tem sua evolução marcada pelas limitações da legislação trabalhista, pela importação de técnicas de administração de pessoal de países desenvolvidos, pela ausência e manipulação no movimento sindical durante muitos anos e pela influência de variáveis ambientais, externas à organização". É comum observar na literatura sobre recursos humanos a tipologização em fases ou momentos marcados por características inerentes a um dado momento, conforme apregoa Sarsur (1999), ao definir fases nesta evolução: pré-jurídico-trabalhista (pré- 1930), marcada pela inexistência da legislação trabalhista e de departamento pessoal; burocrática (1930 a 1950), com o surgimento do departamento pessoal para atender as exigências da legislação trabalhista elaborada nesse período; tecnicista (décadas de 1950 e 1960), preocupada com eficiência e produtividade em função da implantação da indústria automobilística; sistêmica (décadas de 1960 a 1970), com o surgimento da área de recursos humanos na estrutura organizacional; a década de 80, marcadapelo contexto de novas relações de trabalho, e a década de 90, caracterizada pelo acentuado avanço tecnológico e o aumento da competitividade, trazendo um grande desafio à função de recursos humanos no que se refere a repensar sua posição e adotar novas práticas. 11 Considerando os processos de recursos humanos e seu reforço ao componente histórico, uma visão considerada tradicional baseia-se na subdivisão de atividades afins correlacionadas a um mesmo objetivo. Ou seja, classicamente são consideradas cinco subáreas de caráter técnico: suprimento/provisão (recrutamento e seleção), aplicação (análise e descrições de cargos, plano de carreiras e avaliação de desempenho), manutenção (remuneração e benefícios, medicina e segurança do trabalho), desenvolvimento (treinamento e desenvolvimento) e controle (auditoria, banco de dados e sistema de informações) (Albuquerque, 1987). Essa tipologia não sugere imobilismo ou independência, o que permite entender um dos grandes desafios à necessária integração dos processos, de forma que contribuam efetivamente para o alcance das estratégias organizacionais e consequente realização dos objetivos pessoais. Nesta perspectiva, Boxall e Purcell (2007) observam ser a gestão de recursos humanos um processo inevitável nas organizações, dedicado ao gerenciamento de pessoas e do trabalho executado, em diferentes níveis de gestão, e que tende à incorporação de diferentes estilos de gestão e matizes ideológicos. O que, em última instância, se observa é que estes processos se desenvolvem pouco articulados às estratégias organizacionais, reforçando a observação de Fischer (1998:119) de que "o papel da gestão de RH é manter a competência instalada, evitando a depreciação deste ativo intelectual da organização". Mais recentemente, as transformações do éthos produtivo, com um discurso pautado pela lógica dos resultados e cumprimento de metas, tornaram evidente a dificuldade de ajuste da atividade de recursos humanos. À luz desse debate, a lógica da gestão de recursos humanos no contexto organizacional apresenta contradições quando confrontada com a realidade brasileira. Caldas e colaboradores (2003), por exemplo, demonstraram o expressivo crescimento na produção científica, mas indicaram uma preocupação fortemente centrada em estudos que não ampliam o horizonte analítico, restringindo-se, em sua imensa maioria, a uma análise de empresas ou situações com suas dadas especificidades. Essa situação evidencia a ênfase comportamental dos artigos publicados, com provável ligação a um ambiente organizativo que remonta ao período de maior estabilidade, típico da chamada era de ouro do fordismo (pós-Segunda Guerra 12 Mundial até a década de 1970) e uma abordagem metodológica que não permite generalizações confiáveis. Este quadro evidencia um debate ainda secundário e com pouco destaque e voz diante das decisões de natureza estratégica das organizações. No caráter contemporâneo do debate, Kamoche (2001) observa que a discussão sobre recursos humanos teve algumas marcas significativas durante as décadas de 1980 e 1990, notadamente no que concerne aos temas em voga naquele período. Boxall, Purcell e Wright (2007), por sua vez, identificam três principais campos na gestão de recursos humanos: a microgestão, que abrange as subfunções de recursos humanos (recrutamento, seleção, formação etc.) e o debate sobre as relações de trabalho em sentido mais amplo. A gestão estratégica de recursos humanos abrange as estratégias globais adotadas por unidade de negócio e empresas e procura mensurar o impacto sobre o desempenho. E, por fim, a gestão internacional de recursos humanos, que examina como as empresas operam além de suas fronteiras nacionais. Lengnick-Hall e colaboradores (2009) identificaram sete grandes temas na perspectiva temporal que alimentaram a trajetória do debate sobre estratégia de recursos humanos: contingência e ajuste; foco na gestão de pessoas para criação de contribuições estratégicas; elaboração de componentes do sistema de recursos humanos e da estrutura; ampliação do escopo do debate; a realização de implementação e execução; medição de resultados; e, por fim, avaliação das questões metodológicas. Cada um desses temas desempenhou um papel significativo na evolução do campo e proporcionou diferentes approaches ao debate. Deadrick e Gibson (2007) sugerem que há inúmeras lacunas que dissociam as duas dimensões, variando, em função da área, quanto à magnitude e profundidade. Existem argumentações de que o campo de recursos humanos, em grande medida, não apresenta uma teoria para orientar a pesquisa sobre as principais questões (Campbell, 1990), sendo parte da pesquisa realizada nesta área de baixa qualidade e normalmente descrevendo fenômenos organizacionais, em detrimento da eficácia das práticas de recursos humanos (Dunnette, 1990). À luz destas diferentes e múltiplas argumentações, existe um relativo entendimento de que a área de recursos humanos tem se caracterizado por uma postura mais passiva e adaptativa diante das transformações, fato observado por autores em estudos conduzidos na década de 1990 e reforçado com a entrada no século XXI. 13 Isso demonstra a relevância do debate e sua relevância no espaço da saúde, que exige inicialmente a compreensão de sua lógica histórica em termos de constituição do SUS no Brasil. 14 A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E A SAÚDE Para Fonseca e Seixas (2002), as políticas de recursos humanos são destacadas como prioritárias para a consecução de um SUS democrático, equitativo e eficiente. As dimensões do ideário do SUS influenciam fortemente a formulação de políticas de recursos humanos para a saúde no Brasil, levando-se em conta as questões conceituais (definição de saúde na Constituição Federal), as diretrizes (universalidade, integralidade e equidade) e a organização do sistema (pluralista, regionalizado, hierarquizado e descentralizado, com direção única em cada esfera de governo). Os desafios de recursos humanos encontrados no sistema de saúde refletem-se nas instituições que compõem a rede. Cada instituição, no entanto, responde a esses desafios de maneira própria, de acordo com sua organização interna e a capacidade de estruturação. A superação dos desafios relativos às questões de recursos humanos na área da saúde internacional é abordada por diversos autores. Podem ser resumidas, segundo Pierantoni, Varella e França (2004), em quatro grandes objetivos: aumentar a cobertura e a fixação das equipes de profissionais, objetivando assegurar a prestação de serviços de saúde de forma adequada e equitativa; garantir competências e habilidades-chave para a força de trabalho em saúde; aumentar o desempenho da equipe de profissionais diante de objetivos definidos; e fortalecer a capacidade de planejamento e gerenciamento de RH no setor saúde. Os mesmos objetivos podem ser encontrados no relatório da Organização Mundial de Saúde. São apontadas estratégias de recursos humanos para lidar com os problemas mundiais de saúde. Institucionalmente, as estratégias relativas à força de trabalho devem focar três desafios principais: melhorar o recrutamento, ajudar a força de trabalho a melhorar seu desempenho e diminuir a rotatividade dos trabalhadores. A otimização do desempenho dos atuais trabalhadores adquire ênfase porque: a) provavelmente apresenta resultados mais rápidos do que o aumento do número de trabalhadores; b) as possibilidades de aumento do número de trabalhadores são 15 limitadas na maioria dos casos; c) a força de trabalho com bom desempenho auxilia o recrutamento de novos trabalhadores, bem como a conservação dos existentes; e d) os governos devem assegurar a justiça e a eficiência da utilização dos recursos financeiros disponíveis (OMS, 2007). Seria função de recursoshumanos nas organizações hospitalares a gestão do emprego, de sistemas de apoio necessários para a realização do trabalho e a criação de um ambiente de trabalho positivo, considerando as três etapas apontadas pela OMS (2007): a entrada de funcionários, a implementação das alavancas para melhoria do desempenho dos trabalhadores e a gestão da saída de profissionais. 16 O IMPACTO DA GESTÃO DE PESSOAS NOS RESULTADOS DAS INSTITUIÇÕES HOSPITALARES A gestão de pessoas tem impacto direto nos resultados das instituições hospitalares, uma vez que, assim como em organizações de outros setores, o sucesso só é alcançado por meio do trabalho em equipe. Com funcionários qualificados e engajados, do assistencial ao backoffice, o hospital alcança a excelência no atendimento ao paciente e conquista o equilíbrio financeiro necessário para manter e desenvolver a operação. Para a consultora de carreira da Produtive Vaneça Mouraria, o papel do gestor é decisivo na implantação e execução da gestão de pessoas em instituições hospitalares. “O gestor precisa aliar conhecimento técnico-assistencial à visão estratégica, de forma a conseguir enxergar o hospital como um todo e incentivar as equipes a buscar os resultados planejados”, destaca. É preciso, portanto, elevar continuamente a maturidade de gestão hospitalar para desenvolver e motivar os funcionários de todos os departamentos e colocá-los lado a lado, alinhados e com os mesmos objetivos. As estratégias de gestão de pessoas em hospitais precisam ser aplicadas desde a seleção dos funcionários, passando pelo acompanhamento da rotina até a avaliação periódica, com geração e execução dos planos de desenvolvimento individual, de forma integrada e com visão estratégica. Isso porque a excelência no atendimento envolve todos os profissionais, especialmente, mas não somente, aqueles que lidam diretamente com o paciente. Apesar desta necessidade ser mais evidente com a equipe médico-assistencial, as demais áreas, incluindo especialmente as recepções, não podem ficar de lado, de acordo com a consultora. “Trata-se muitas vezes do primeiro contato que a pessoa terá ao procurar o atendimento. Na maioria das situações, ela está fragilizada. O acolhimento fará a diferença na forma como ela enxerga a organização”, afirma Vaneça. A especialista explica que é essencial capacitar os funcionários para que 17 saibam lidar com esse tipo de nuance e compreender as necessidades de cada indivíduo, mesmo que ele esteja irritado ou impaciente. Outro setor no qual a gestão de pessoas é essencial é a hotelaria. Em hospitais de ponta, a área ganhou grande destaque porque faz parte da experiência que o paciente tem com a instituição. “As pessoas não querem se sentir em um hospital, que em geral, transmite impressão de frieza. Por isso, grandes organizações estão investindo pesado na área de hotelaria, inclusive com a criação de cargos como o concierge, que cuida de todas as necessidades do paciente enquanto ele permanece internado”, comenta. Esses profissionais devem ser capacitados constantemente para que estejam alinhados com os processos de trabalho e com as metas a serem alcançadas pela organização. Apesar dos profissionais da farmácia não lidarem diretamente com o paciente, é uma área onde as pessoas do setor são essenciais para garantir resultados positivos nas instituições hospitalares. Afinal, a medicação e demais insumos são parte crucial do tratamento. “Os profissionais da farmácia precisam ter conhecimento do impacto causado por possíveis erros de medicação, de dosagem ou simplesmente de falha no horário de aplicação. Para tanto, necessitam de capacitação contínua e engajamento com o setor assistencial, algo que deve ser incentivado pelo gestor, juntamente com a equipe de recursos humanos”, diz a especialista. No caso de médicos, enfermeiros e equipes multidisciplinar, os cuidados são ainda maiores no que diz respeito à gestão de pessoas, conforme Vaneça. “Além dos conhecimentos técnicos para desempenhar suas funções, esses profissionais precisam desenvolver habilidades de relacionamento para lidar diretamente com o paciente e seus familiares, portanto, a capacitação para essas situações é essencial em um hospital que quer garantir a excelência de atendimento.” Alcançar resultados depende da integração de todos os times que compõem um hospital, do assistencial ao backoffice. Nesse processo, desenvolver a maturidade da gestão hospitalar é fator decisivo porque proporciona a capacidade de enxergar o todo – e, mais que isso, fazê-lo funcionar. 18 OS DESAFIOS DA GESTÃO DE PESSOAS NO AMBIENTE HOSPITALAR Análise e desafios da gestão de pessoas no ambiente hospitalar abordam tópicos sobre questões que envolvem conceitos, administração, gestão. Ressalta determinados aspectos e problemas que influenciam o desempenho eficiente da gestão e os seus mecanismos. Mussak, (2010) define o Gestor de Pessoas como o responsável pela função gerencial que visa a cooperação das pessoas que atuam nas organizações para o alcance dos objetivos tanto organizacionais quanto individuais, buscando assim um melhor desenvolvimento e aproveitamento do potencial humano e com isso conseguir captar esse potencial pensante e empreendedor a favor da empresa. Para Mussak, (2010) liderança deve basear-se na confiança mútua: o líder precisa confiar e apostar no talento de seus liderados e, em contrapartida, os liderados devem ter total convicção da fidelidade das palavras de seu líder. Desenvolver uma cultura organizacional na qual as pessoas, vistas como responsáveis pela imagem da empresa precisam ser motivadas e não controladas, e entendam que mudança é uma constante, pode ser facilitada com a correta visão de liderança, ou seja, o que caracteriza a liderança é a capacidade efetiva de gerar resultados por intermédio das pessoas, ou de influenciá-las. De acordo com Mussak (2010, p. 54): Os líderes desempenham o papel de grandes homens que estimulam as pessoas a aprender, a ampliar suas capacidades, definir seus objetivos e aperfeiçoas seus modelos. O líder deve saber integrar o aprendizado, fazer com que as pessoas possam enfrentar os problemas que surgirem, de forma produtiva, desenvolvendo novos conhecimentos. O líder tem a obrigação de despertar nos colaboradores a vontade de querer aprender e sempre se aperfeiçoar a fim de atingir e ultrapassar metas e alcançar novos patamares de desenvolvimento. A gestão de pessoas se divide em provisão de recursos humanos; aplicação de recursos humanos; recompensar pessoas; manutenção de recursos humanos; desenvolvimento de recursos humanos; monitoração de recursos humanos. 19 A DIMENSÃO HUMANA NA ORGANIZAÇÃO HOSPITALAR A organização hospitalar evoluiu de um caráter religioso de cuidado caridoso para assumir um caráter, ainda social, mas laico, com a finalidade de “dispensar à comunidade completa assistência preventiva e curativa, incluindo serviços extensivos à família, em seu domicílio, e ainda um centro de formação para os que trabalham no campo da saúde e para as pesquisas biossociais” (BLUMEN, 2004; COSTA, 2001; MEZOMO, 1991; CHERUBIN, 1997). No pensamento de Foucault (1999), nesse processo evolutivo, com a introdução de disciplinas, substituiu-se um padrão artesanal fundado na proteção, na repressão, na segregação, na detenção e no aprisionamento, por um padrão moderno de atendimento, fundado na racionalidade, na produtividade, na eficiência administrativa, e na responsabilidade de todo o corpo de funcionários. Essas disciplinas, às quais Foucault (1999) atribui a modernização das organizações hospitalares e das organizações em geral, são técnicas de administração ou gestão que foram criadas e aplicadas nos hospitais não exatamente por administradores especialmente qualificados para desempenharessa função. Segundo Magalhães e Rodrigues Júnior (2004), os hospitais foram administrados por religiosos, médicos, membros da comunidade, dentre outros, e, particularmente no Brasil, a administração ainda é exercida, em alguns casos, por pessoas sem a preparação específica, o que tem mudado, dentre outros fatores, com a implantação dos cursos de administração hospitalar. Em uma visão mais econômica e empresarial dos hospitais, Magalhães e Rodrigues Júnior (2004) atribuem a qualificação da administração hospitalar também à globalização, à abertura do mercado, à entrada de estrangeiros no mercado, e à exigência dos consumidores. Para Zanon (2001), nesse cenário de busca de adaptação da organização hospitalar aos novos paradigmas de gestão e competitividade, não há mais lugar para executivos amadores, sendo necessário “entender e reconhecer a atividade hospitalar como um negócio e compatibilizar esse 20 conceito com a função social do hospital, que exige uma gestão empresarial ética e competente”. A tendência de qualificação da administração ou da gestão hospitalar e, em correlato, dos serviços médico-hospitalares, contemplada pelos programas de qualidade e, particularmente, pela acreditação hospitalar, esbarra em pelo menos três problemas associados à dimensão humana: a estrutura, que reúne diversas áreas e também diversos profissionais, o poder, que se evidencia nas relações conflituosas entre esses profissionais, e ainda, a cultura, pouco afeita a sistemas de gestão da qualidade. No que se refere à estrutura organizacional, Bittar (2004) observa que a multiplicidade de áreas e subáreas, incluindo a diversidade de profissões, cria, nas organizações hospitalares, estruturas horizontalmente e verticalmente superdimensionadas, aumentando as dificuldades para se obter assistência conforme determinados padrões de qualidade. As organizações hospitalares possuem frequentemente estrutura funcional; caracterizada por: uma exagerada departamentalização, uma alta especialização, uma elevada fragmentação das tarefas, regras rígidas e impessoais, com baixo envolvimento dos diferentes setores e pessoas da organização, e comunicações e decisões formais, e muitas vezes com excesso de volume de papéis e assinaturas (BLUMEN, 2004; GONÇALVES, 1998). Essa estrutura funcional da organização hospitalar é centralizada nas figuras do provedor, do diretor geral e do superintendente, que atuam de modo normalmente autoritário, coexistindo um sistema hierarquizado de mando, dirigido àquelas tarefas repetitivas e aos funcionários menos qualificados, ao lado de um sistema horizontalizado, participativo e informal relativo à atividade médica e envolvendo estes profissionais (BLUMEN, 2004; GONÇALVES, 1998). No que se refere ao poder, registram-se tensões de natureza profissional, envolvendo, por exemplo, o corpo clínico, os médicos que possuem dificuldade em repartir seu poder, em aceitar normas de disciplina coletiva, em ouvir sugestões e recomendações (GONÇALVES, 1998). Para Braga Neto (1991), o problema central do hospital deriva justamente do confronto da autoridade administrativa, de natureza 21 burocrática, com a dos profissionais médicos, que detém o conhecimento técnico e os poderes de cura que lhes são atribuídos. Ainda sobre a relação autoridade médica e autoridade administrativa, Braga Neto (1991) afirma que a tensão ganha conotação ainda mais grave no momento em que os médicos se preocupam com a prestação de serviços de acordo com as necessidades de cada caso, independente dos custos dos procedimentos e a autoridade administrativa preocupa-se com o equilíbrio orçamentário. Quanto ao equilíbrio orçamentário buscado pela autoridade administrativa, esse é dificilmente atingindo considerando-se, por um lado, o alto nível de investimento tecnológico, a capacidade de atender várias especialidades médicas, com equipes de ampla aptidão técnico profissional e, por outro lado, os clientes exigindo padrão de qualidade, custo e rapidez no atendimento (BLUMEN, 2004). Um dos principais fatores de crescimento de gastos nas organizações hospitalares, como no setor de saúde em geral, é a inovação, com investimentos em pesquisa científica e tecnológica, a quantidade e a qualidade dos tratamentos oferecidos, os métodos de diagnóstico, e os equipamentos, que exigem profissionais capacitados e o processo de aprendizado contínuo (CAMPOS; ALBUQUERQUE, 1999). Segundo Campos e Albuquerque (1999), há vários aspectos que caracterizam um setor de saúde. Primeiro, a incapacidade de o usuário ou consumidor escolher o seu produto, ficando essa responsabilidade a cargo do médico. Outro aspecto é que uma organização de saúde precisa ter disponível, para atendimento de emergência, profissionais capacitados a atender aos pacientes que possuem qualquer patologia. Dessa forma, não há limites para racionalizar a produção. Além disso, a questão da dificuldade de padronização em determinados processos, uma vez que o produto final está relacionado ao bem-estar do paciente, ou seja, à vida humana, que contempla imprevisibilidades. No que se refere à cultura, ressalta-se a pouca tradição na adoção de sistemas de gestão da qualidade, o que se deve em parte à falta de formação administrativa de parcela dos dirigentes do setor, que desconhecem o potencial das ferramentas de gestão da qualidade, e em parte à ausência, até recentemente, de instrumentos específicos para a saúde (PEDROSA, 2004). 22 REFERÊNCIAS https://administradores.com.br/artigos/a-importancia-da-gestao-de-pessoas-em- organizacoes-de-saude http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-76122013000100009 https://www.gessaude.com.br/blog/o-impacto-da-gestao-de-pessoas-nos-resultados- das-instituicoes-hospitalares/ http://www.bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/MES/MES18/JESUS-cristiane-silva- de.pdf http://www.anpad.org.br/admin/pdf/ENGPR244.pdf
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