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III-027

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VIII Simpósio Ítalo Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 
 
ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 1
III-027 - AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO E QUANTIDADE DOS RESÍDUOS 
SÓLIDOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL DE ARACAJU-SERGIPE-BRASIL 
 
José Daltro Filho(1)
Engº Civil(UFBA, 1975); Doutor em Engenharia (Hidráulica/Saneamento EESC-USP,1988); Professor 
Adjunto Doutor do Departamento de Engenharia Civil e do Curso de Mestrado em Desenvolvimento e Meio 
Ambiente, da Universidade Federal de Sergipe 
Arilmara Abade Bandeira(2)
Engª Civil. Mestre em Desenvolvimento e meio Ambiente.Engenheira da SENAI/CETICC. 
Ismeralda Mª Castelo Branco do Nascimento Barreto(3)
Economista. Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente.Assessoria Técnica da SEMA-SE. 
Leonilde Gomes da Silva Agra (4) 
Engª de Materiais. Mestre em Engenharia. Assessoria Técnica da EMSURB-SE. 
E os bolsistas: Gustavo Henrique; Ariclenes Bruno; Cleber Marinh; Thiago Carlindo e Michella Graziela. 
 
Endereço(1): Rua AD, 91. Jardim Japiaçú-Bairro Luzia. 49045-510 Aracaju-Sergipe-Brasil. Fone: (79) 3231-
4322 E-mail: jdaltro@ufs.br
 
RESUMO 
No presente trabalho, faz-se uma abordagem sobre a caracterização dos resíduos da construção civil na cidade 
de Aracaju, à luz da atual resolução 307/2002 do CONAMA.Identifica-se os principais resíduos gerados 
como também a sua quantidade e densidade específica aparente. Pelos resultados obtidos vê-se que a 
composição dos resíduos gerados estão condizentes com o que ocorre em outras localidades brasileiras. 
 
PALAVRAS-CHAVE: Resíduos, Construção Civil,Entulhos, Restos de Concreto, Argamassa. 
 
 
INTRODUÇÃO 
A indústria da construção civil demanda uma grande quantidade de recursos naturais e em todo o processo vai 
gerando resíduos, seja na demolição, seja na construção e reforma. O modo cartesiano industrial tem gerado 
toneladas de resíduos descartados sem mecanismos de comando e controle de processos, causando impactos 
de ordem estética, ambiental, econômica e social. 
 
Segundo (LIMA & TAMAI, 1998), a maior parte do resíduo oriundo da construção civil é gerada pelo setor 
informal (pequenas reformas, autoconstrução, “construtor formiguinha”, ampliações, etc.). Estima-se que 
apenas 1/3 do entulho seja gerado pelo setor formal. 
 
Os resíduos da construção civil, também chamados de entulho, são depositados em parte, em pontos 
clandestinos, acumulando-se nas área urbanas e peri-urbanas, gerando, além dos impactos, custos extras às 
administrações municipais, que pela sua dimensão não tem conseguido dar respostas eficientes a essa 
problemática. Diante da magnitude dos impactos da construção civil, tanto os países da Europa, quanto os 
Estados Unidos, visando atender as novas exigências e demandas, vêm adotando políticas ambientais 
específicas, visando modernizar o setor. 
 
O incremento da geração de resíduos sólidos da construção civil, somado com a falta de políticas municipais 
específicas, agravam os problemas com a coleta, transporte e disposição. Frequentemente, tem-se observado a 
prática de disposição ilegal destes resíduos em locais não adequados, tais como ruas, calçadas, terrenos 
baldios, encostas e leitos de córregos e rios (NUNES, 2004). Essas formas de disposição geram uma série de 
problemas ambientais e sociais, dentre os quais se destacam: poluição dos mananciais (inclusive do lençol 
freático), contaminação do solo, poluição visual, proliferação de vetores de doenças, obstrução dos sistemas 
de drenagem (provocando enchentes), entre outros problemas relevantes (CASSA et al., 2001). 
 
Neste sentido, o Ministério do Meio Ambiente, através do Conselho Nacional do Meio Ambiente, estabelece 
na Resolução nº 307, de 5 de julho de 2002, diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da 
mailto:jdaltro@ufs.br
 
 
 
 
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construção civil, tendo sido janeiro de 2005, o prazo limite de adequação dos Estados. Em Sergipe, o 
Anteprojeto de Lei da Política de Resíduos Sólidos encontra-se em fase de tramitação na Secretaria de 
Governo. A mesma prevê a gestão integrada dos resíduos sólidos especiais, dos quais os resíduos de 
construção e demolição fazem parte. 
 
Portanto, a realização de estudo, para identificar os principais resíduos gerados pela indústria da construção 
civil no Município de Aracaju, incluindo a quantificação e o conhecimento dos principais envolvidos sobre o 
assunto é uma atividade fundamental para o desenvolvimento de ações de gestão a serem implementadas pela 
Prefeitura Municipal de Aracaju. 
 
 
METODOLOGIA 
O número de amostras foi definido em função das áreas de coleta dos resíduos sólidos urbanos (onde haja 
grande incidência de focos de entulhos e/ou depósitos irregulares) e em função do número de geradores 
oficiais (construtoras). 
 
Para o caso das áreas de coleta, foram amostradas segundo os segmentos sociais (alta, média, baixa). Para as 
construtoras considerou-se as de grande, médio e pequeno porte, segundo a escala de classificação do 
SEBRAE (grande porte, mais de 500 empregados; médio porte, de 100 a 499 empregados; pequeno porte, de 
20 a 99 empregados; micro porte com até 19 empregados). 
 
Em qualquer situação, o número mínimo de amostras foi de 6 (seis), assim discriminadas (Daltro et al.,2005): 
1ª amostra: Amostra de foco de entulho de área de coleta de Classe Alta, aqui designada de Área 1; 
2ª amostra: Amostra de foco de entulho de área de coleta de Classe Média, sendo denominada de área 2; 
3ª Amostra: Amostra de foco de entulho de área de coleta de Classe Baixa, como sendo área 3; 
4ª Amostra: Amostra resultante de gerador (de duas construtoras), de Grande Porte; 
5ª Amostra: Amostra resultante de gerador (de duas construtoras), de Médio Porte; 
6ª Amostra: Amostra resultante de gerador (de duas construtoras), de Pequeno Porte; 
 (Daltro et al.,2005). 
 
O universo de escolha das construtoras foi o correspondente ao cadastro dessas empresas no Conselho 
Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Sergipe - CREA/SE e as que são filiadas ao Sindicato 
da Indústria da Construção Civil - SINDUSCON-SE e com atividades em Aracaju. 
 
A quantidade de entulho por amostra foi de pelo menos, 10% da quantidade gerada diariamente na área de 
estudo, conforme CARNEIRO et al (2001), ou segundo critério estatístico específico, para a quantidade 
gerada. Para o caso do estudo, utilizou-se amostra com 7m3. 
 
A amostra foi quarteada até que se chegasse a quantidade mínima de 1m3. Com este valor, partiu-se para o 
conhecimento dos componentes da amostra, em peso, através de sua caracterização conforme recomendação 
da Norma ABNT NBR 10.007, da Resolução CONAMA n.º 307/2002 e de Cassa et al (2001). 
 
Para a estimativa da quantidade de resíduos da construção pode-se adotar dois caminhos. Um levando-se em 
consideração a coleta atual de resíduos gerados em obras e a coleta realizada por transportadoras, mais a 
coleta de resíduos em deposições irregulares, realizada pela EMSURB. O outro caminho, foi a determinação 
da quantidade, levando-se em consideração a área construída no ano, de acordo com as obras licenciadas pela 
EMURB, mais a quantidade decorrente de deposições irregulares. Para este caso, fez-se uso do modelo de 
Pinto (2005). 
 
Na estimativa da quantidade, considerou-se que a geração de resíduos em um mês correspondia a de 26 (vinte 
e seis) dias e a produção de resíduos por metro quadrado, como sendo de 150 Kg ou 0,15 ton, conforme 
recomendado por Pinto(op. cit.). 
 
 
 
 
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Para determinação da massa específica aparente dos resíduos da construção civil (RCC), levou-se em 
consideração o volume de cada amostra e a massa da mesma. Com a massa específica de cada amostra 
determinou-se o valor médio deste parâmetro.RESULTADOS E SUA DISCUSSÃO 
Os geradores potenciais dos resíduos da construção civil (RCC) são os executores de obras, reformas ou 
demolições. Entre esses geradores estão empreiteiras, órgãos públicos e as obras de particulares. Em estudo 
realizado sobre o fluxo de cimento no país, datado de 1993 (D’Almeida e Vilhena,2000), verificou-se que 
50,3% desses consumidores eram de obras particulares e de pequeno porte, e por conseguinte, um potencial 
gerador de resíduo da construção. 
 
Em Aracaju, ficou evidenciada esta situação com o predomínio de pequenas obras de reparos/ reformas 
identificadas em toda a cidade, conforme o trabalho de campo. 
 
Os oficiais da Empresa Municipal de Serviços Urbanos (EMURB), órgão licenciador de obras na cidade de 
Aracaju, têm-se, para os anos de 2003 e 2004, um total de 999 obras licenciadas, conforme discriminado na 
tabela 01. 
 
Tabela 01- Obras licenciadas em 2003 e 2004 
 ANO QUANTIDADE ÁREA(m2) 
2003 507 560.084,87 
2004 492 649.794,90 
TOTAL 999 1.209.879,77 
 
 
 
 
 
 
 Fonte:(Emurb,2005) 
 
Desses dados, verifica-se que o potencial gerador médio anual de R.C.C é de 500 obras ou de 604.940m2 de 
áreas a serem construídas. 
 
A quantidade média aparente de resíduos da construção civil em Aracaju, possivelmente gerada de obras e 
depósitos irregulares chegou ao total diário de 505 toneladas, conforme levantamento junto às transportadoras 
e a empresa Municipal de Serviços Urbanos, que é responsável pela limpeza pública de Aracaju, conforme 
dados apresentados na tabela 02. 
 
Tabela 02 - Quantidade média originária de obras e depósitos irregulares, no período de janeiro de 
2004 a abril de 2005 
Quantidade (ton/dia) Instituição responsável pelo 
transporte Obras Depósitos 
Total (ton/dia) 
EMSURB - 315 315 
Transportadoras 27 163 190 
Total 27 478 505 
 
 
Quando foi levado em consideração a quantidades de obras licenciadas e os próprios depósitos irregulares, a 
quantidade diária passou para as 796 toneladas. Para esta situação, é possível estimar-se que cada aracajuano 
seja responsável pela geração anual de 0,5 toneladas de RCC, como mostram os dados da tabela 03. 
 
3
 
 
 
 
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Tabela 03 - Estimativa da quantidade geral de R.C.C. 
Área 
média 
anual de 
obras 
licenciadas 
(m2) 
 
(1) 
Quantidad
e relativa à 
área 
(ton/dia) 
 
 
 
(2) 
Quantidade 
relativa aos 
depósitos 
irregulares 
(ton/dia) 
 
 
(3) 
Quantidad
e total 
(ton/dia) 
 
 
 
 
(4) 
Total 
anual 
(ton) 
 
 
 
 
(5) 
População 
 
(hab) 
 
 
 
 
(6) 
Per 
capta 
(ton/ano
hab) 
 
 
 
(7) 
 
604.940 
 
318 
 
478 
 
796 
 
248.352
 
491.898 
 
0.50 
 
 
(1) Área média anual de obras licenciadas pela EMURB 2003 e 2004 (novas e reformas) 
(2) Quantidade obtida multiplicando-se 0.15 ton/m2 ao item (1) dividido pelo número de dias de produção de 
R.C.C em um ano (12 x 26) mais a quantidade referente aos R.C.C de obras coletadas pelas 
transportadoras(tabela 02). 
(3) Referente aos depósitos irregulares(tabela 02) 
(4) =(2)+(3) 
(5) =(4) x número de dias no ano (12x26) de produção de R.C.C 
(6) População estimada para 2004, dado fornecido pelo IBGE. 
(7) =(5)/(6) 
 
Considerando-se que o per capita em 10 municípios brasileiros variou de 0,38 a 0,76ton/ano.hab (Pinto, 
2005), o valor encontrado em Aracaju parece estar condizente para a realidade local. 
 
Comparando-se a quantidade de RCC com o total de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), nos últimos 48 
meses,verificou-se que a mesma equivale a 65% dos RSU coletados e 38% em relação aos resíduos 
depositados no aterro do Santa Maria(referem-se a dados dos últimos 16 meses) . Na tabela 04 têm-se estas 
informações. 
 
Tabela 04_Percentual de RCC em relação aos RSU 
Referência das 
Atividades 
RCC(ton/mês) RSU(ton/mês) RCC/RSU(%) 
Coletado 13.135 20.293 65 
Destinado a aterro 9.541 25.138 38 
 
O índice mais próximo da realidade de geração de RCC é maior ou igual a 65%.Este valor está condizente 
com a nossa realidade e de outras comunidades, como demonstram os dados da tabela 05. 
 
Tabela 05_Valores de RCC em relação aos RSU 
Cidade Relação 
(%) 
Aracaju 65 
Ribeirão Preto (SP) * 67 
Belo Horizonte (MG) * 51 
São José dos Campos (SP) * 68 
São José do Rio Preto (SP) * 60 
 (*) Fonte: D’Almeida e Vilhena, 2000. 
 
 
Quando foi levado em consideração a estimativa de RCC gerada pela obras licenciadas o valor da relação 
entre RCC e RSU passou para 82%. 
 
A massa específica dos RCC é um parâmetro de grande importância para o manejo desses resíduos. No 
trabalho em discussão, foi determinada a massa específica das amostras analisadas, levando-se em 
 
 
 
 
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consideração o seu tamanho e as próprias condições climáticas predominantes no período de execução da 
amostragem. Portanto, em função dessas limitações, a massa específica aqui designada é aparente, como já 
estabelecido e detalhado na metodologia. Na Tabela 06, apresenta-se a massa específica aparente nas seis 
amostras. O seu valor médio para a cidade de Aracaju chegou a 1,235 ton/m3. Este valor está próximo ao 
citado por Pinto (2005), com relação aos resíduos de São Paulo , que é 1,2 ton/m3. 
 
Tabela 06 – Massa específica aparente dos RCC de Aracaju 
Amostra Massa Específica aparente (Kg/m3) 
Área 1 1377 
Área 2 1505 
Área 3 1200 
Construtora de Grande Porte 1090 
Construtora de Médio Porte 843 
Construtora de Pequeno Porte 1395 
Massa Específica Média 1235 
 
Com os dados e valores até agora apresentados, pode-se estimar o volume diário de RCC coletado e/ou 
produzido na cidade, assim como o seu per capita. Assim, para a produção média diária de 796 ton, que 
corresponde ao volume diário de 645m3 de RCC a ser destinado, significa uma produção anual de 0,41m3 de 
RCC por cada aracajuano. 
 
Para a definição dos componentes dos RCC de pontos clandestinos existentes em Aracaju, foram analisadas 
amostras de três áreas distintas, aqui designadas de área 1, área 2 e área 3, como já explicitado na 
metodologia. 
 
Com os dados das três áreas, chegou-se à composição média dos RCC, devido aos depósitos irregulares 
existentes na cidade de Aracaju, a partir dos resultados obtidos nas três áreas investigadas. A tabela 07 e 
figura 01, apresentam os valores obtidos. 
 
Para os 19 (dezenove) componentes identificados, os RCC apresentaram 40,68% de torrões de argamassa; 
10,37% de cerâmica vermelha; 5,20% de cerâmica branca; 22,86% de solo/areia e 18,84% de restos, como os 
elementos mais representativos de toda aquela variedade. 
 
Tabela 07- Composição média dos RCC, referente aos depósitos irregulares. 
Componente Peso (Kg) % 
Papelão 0.10 0.01 
Papel 0.57 0.04 
Plástico Mole 1.07 0.08 
Plásico Duro 0.03 0.01 
PVC 1.23 0.09 
Vidro 0.73 0.05 
Argamassa 552.83 40.62 
Brita 3.03 0.22 
Pedra 5.90 0.43 
Cerâmica Vermelha 140.97 10.36 
Cerâmica Branca 70.63 5.20 
Mármore 4.97 0.36 
Gesso 2.93 0.22 
Metal 0.40 0.03 
Madeira 4.93 0.36 
Solo/Areia 310.67 22.83 
Concreto 2.10 0.15 
Restos 257.84 18.94 
Total 1360.93 100 
 
 
 
 
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40,632%
22,834%
0,054%
0,090%
0,002% 0,079%
0,042%
0,007%
0,362%
0,003%
0,215%0,365%
5,191%
0,434%
0,223%
10,361%
0,154%
18,951%
Papelão
Papel
Plástico Mole
Plástico Duro
PVC
Vidro
Argamassa
Brita
Pedra
Cerâmica Vermelha
Cerâmica Branca
Mármore
Gesso
Metal
Madeira
Solo/Areia
Concreto
Restos
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 01 – Representação gráfica da composição média dos RCC, referente aos depósitos irregulares. 
 
Para efeito da Resolução 307/2002, do CONAMA, os RCC decorrentes dos depósitos irregulares da cidade de 
Aracaju,podem ser assim agrupados: Classe A (80,17%); Classe B (0,67%) e Classe C (19,16%), como se 
apresentam na tabela 08. 
 
Estes resultados asseguram que 80,84% desses resíduos têm um forte potencial para a reciclagem e/ou 
reutilização; os 18,94% de restos podem ser destinados a aterros de RCC ou para recuperação de áreas baixas. 
 
Tabela 08 – Classificação dos Componentes dos RCC, referentes aos depósitos irregulares 
Classificação Componente (%) % da Classe 
Argamassa 40,62 
Solo/Areia 22,83 
Concreto 0,15 
Cerâmicos 15,56 
Pedra 0,43 
Brita 0,22 
A 
Mármore 0,36 
80,17 
Papelão 0,01 
Papel 0,04 
Plástico 0,18 
Vidro 0,05 
Madeira 0,36 
B 
Metal 0,03 
0,67 
Gesso 0,22 C 
Restos 18,94 
19,16 
TOTAL 100 100 
 
 
No estudo de caracterização dos RCC originários dos canteiros de obras, considerou-se três amostras, 
definidas em função do porte da construtora. Como apresentado na metodologia, trabalhou-se com amostras 
de empresas de grande, médio e pequeno porte. 
6
 
 
 
 
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Os dados de composição dos RCC dos três segmentos empresariais da construção civil em Aracaju, 
apresentaram valores que variaram em função do período em que estavam as obras. Na primeira situação, 
apresentou-se uma amostra que expressava a realidade de uma obra em pleno andamento; no segundo 
exemplo, observou-se a composição de uma obra em sua fase final e na terceira amostra, os resultados 
caracterizaram resíduos de obra em sua fase inicial, contendo inclusive, alguns componentes característicos de 
demolição. 
 
Chegou-se a composição representante dos RCC gerados em canteiros de obras considerando-se a média dos 
três segmentos estudados, cujos valores finais estão reunidos na tabela 09 e na figura 02. 
 
Tabela 09 – Composição média dos RCC, referente à geração em canteiro de obra 
Componente Peso( Kg) % 
Papelão 6,23 0,67 
Papel 9,90 1,07 
Plastico mole 2,53 0,27 
Plastico duro 0,03 0,01 
PVC 2,77 0,30 
Vidro 0,30 0,03 
Argamassa 269,67 29,20 
Brita 2,23 0,24 
Pedra 40,63 4,40 
Cerâmica vermelha 65,90 7,14 
Cerâmica branca 52,00 5,63 
Màrmore 5,13 0,56 
Gêsso 74,57 8,07 
Metal 0,97 0,10 
Madeira 24,33 2,63 
Lata de Tinta e Derivados 0,80 0,09 
Concreto 5,90 0,64 
Solo/Areia 145,33 15,74 
Restos de Telhas de cimento amianto 18,77 2,03 
Restos 195,60 21,18 
Total 923,59 100,00 
 
 
 
 
 
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29,20%
0,24%
4,40%
7,14%
5,63%0,56%8,07%
15,74%
2,03%
21,18%
0,10%2,63%
0,09%
0,64%
0,27%
0,01%
0,30%
0,03%1,07%
0,67%
Papelão
Papel 
Plastico mole
Plastico duro
PVC
Vidro
Argamassa
Brita
Pedra
Cerâmica vermelha
Cerâmica branca
Màrmore
Gêsso
Metal
Madeira
Lata de Tinta e Derivados
Concreto
Solo/Areia
Restos de Telhas de cimento amianto
Restos
 
Figura 02 – Representação gráfica da composição média dos RCC, referente à geração em canteiro de obra. 
A composição média dos RCC gerados nos canteiros de obras, segundo a classificação da Resolução 
307/2002 do CONAMA, em Classe A, Classe B, Classe C e Classe D, assumem os percentuais, conforme os 
dados reunidos na tabela 10. 
 
Tabela 10 – Classificação dos componentes dos RCC gerados em canteiros de obras. 
Classificação Componente (%) % da classe 
Argamassa 29,20 
Concreto 0,64 
Cerâmicos 12,77 
Pedra 4,40 
Brita 0,24 
Solo/Areia 15,74 
A 
Mármore 0,56 
63,55 
Papelão 0,67 
Papel 1,07 
Plástico 0,58 
Vidro 0,03 
Madeira 2,63 
B 
Metal 0,10 
5,08 
Gesso 8,07 C 
Restos 21,18 
29,25 
Latas de tinta e derivados 0,09 D 
Restos de telhas de cimento amianto 2,03 
2,12 
TOTAL 100,00 100 
8
 
 
 
 
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Conhecida a composição dos RCC nos diversos setores de sua geração na cidade de Aracaju, determinou-se a 
composição média desses resíduos, para que a mesma seja a representação geral dos componentes dos RCC da 
cidade. 
 
Na tabela 11 estão reunidos os resultados correspondentes à composição média dos RCC de Aracaju. Dos 20 
componentes desses resíduos, verifica-se que 36% são de argamassa (torrões); 14,42% de cerâmicos; 19,85% 
de restos; 19,96% de solo/areia, entre outros. 
 
Tabela – 11 - Composição Média dos RCC de Aracaju. 
Componente Peso (Kg) % 
Argamassa 411,25 36,00 
Brita 2,63 0,23 
Concreto 4,00 0,35 
Cerâmica Vermelha 103,43 9,05 
Cerâmica Branca 61,32 5,37 
Gesso 38,75 3,39 
Lata de Tinta e Derivados 0,40 0,04 
Madeira 14,63 1,28 
Mármore 5,05 0,44 
Metal 0,68 0,06 
Papel 5,23 0,46 
Papelão 3,17 0,28 
Pedra 23,27 2,04 
Plástico Mole 1,80 0,16 
Plástico Duro 0,03 0,01 
PVC 2,00 0,17 
Restos de telhas e amianto 9,38 0,82 
Restos 226,72 19,85 
Solo/Areia 228,00 19,96 
Vidro 0,52 0,04 
Total 1142,26 100,00 
 
Esses resultados podem ser comparados com a realidade de outros locais, como se apresenta na Tabela 12. 
 
 Tabela 12 – Comparação da composição dos RCC (em %) de Aracaju com outras localidades 
COMPONENTE LOCALIDADE 
 Aracaju São Carlos / SP(*) São Paulo (*) 
Argamassa 36 64 24 
Cerâmico 14,42 29 30 
Concreto 0,35 4 8 
Matéria Orgânica - - 1 
Pedra 2,04 1 - 
Solo 19,96 - 33 
Outros 27,23 2 4 
(*) (D'Almeida e Vilhena, 2000) 
 
Muito embora haja diferenças entre os resultados, principalmente no item “outros”, verifica-se no todo que os 
dois grandes grupos mais significativos dos materiais, tais como a argamassa e cerâmicos, estão dentro da 
realidade dos processos construtivos hoje implementados nos canteiros de obras, visando principalmente a 
redução do desperdício de materiais. 
 
 
 
 
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A representação da composição média dos RCC de Aracaju, segundo a Resolução 307 do CONAMA, 
assegura que 73,44% dos mesmos são da Classe A; 2,46% da classe B; 23,24% da Classe C e 0,86% de Classe 
D, conforme os dados da tabela 13 e a figura 03. 
 
Esses dados asseguram que 75,9% dos componentes dos RCC têm potencial para reciclagem/reutilização, 
enquanto os remanescentes (24.1%) devem ser encaminhados para o aterramento, em conformidade com 
normas técnicas específicas. 
 
Tabela 13- Composição média dos RCC de Aracaju, segundo a Resolução 307 
Classificação Componente (%) % da classe 
Argamassa 36 
Brita 0,23 
Concreto 0,35 
Cerâmicos 14,42 
Mármore 0,44 
Pedra 2,04 
A 
Solo/Areia 19,96 
73,44 
Madeira 1,28 
Metal 0,06 
Papel 0,46 
Papelão 0,28 
Plásticos 0,34 
B 
Vidro 0,04 
2,46 
Gesso 3,39 C 
Restos 19,85 
23,24 
Latas de tinta e derivados 0,04 D 
Restos de telhas de cimento amianto 0,82 
0,86 
TOTAL 100 100 
 
 
 
CLASSES
23,24%
2,46%
73,44%
0,86%
A B
C D
Classe
 
Figura 03 – Representação gráfica da composição média dos RCC de Aracaju, segundo a classificação 
da resolução No. 307/CONAMA. 
 
 
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CONCLUSÃO 
Do presente trabalho pode-se concluir que: 
A composição dos RCC de Aracaju não difere muito da correspondente de outras cidades, tendo, portanto, 
havido predominância dos componentes : argamassa, cerâmicos e solo. 
Segundo a classificação da Resolução 307/2002, do CONAMA, os RCC de Aracaju, apresentaram 73,44% 
dos seus componentes como classe ´´A´´, 2,46% sendo classe ´´B´´, 23,24% compreendendo a classe ´´C´´ e 
0,86% como classe ´´D´´.Esses dados reforçam a idéia do potencial de reciclagem/reutilização dos mesmos; 
A massa específica aparente dos RCC da cidade é de 1,235ton/m3; 
A quantidade per capita de RCC, referente às coletas dos depósitos irregulares, realizada pela EMSURB, e da 
coleta por intermédio de algumas transportadoras, alcançou o valor correspondentea 0,34ton/ano.hab. o que 
equivale a 530ton/dia; 
A relação entre a quantidade de RCC e resíduos sólidos urbanos foi de 55%, dentro portanto, das expectativas 
de outras comunidades; 
Ao se avaliar a estimativa de RCC, levando-se em consideração a quantidade de RCC de áreas construídas e a 
quantidade devida aos depósitos irregulares, a sua produção per capita passou dos 0,34 para 0,52ton/ano.hab.; 
Os resultados expostos neste trabalho podem refletir uma imagem dos componentes, da quantidade e da massa 
específica aparente dos RCC gerados na cidade de Aracaju, como um dos elementos básicos, para a formação 
do plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil do município. 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
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construção. Salvador: EDUFBA; Caixa Econômica Federal, 2001. 312p. 
2. CARNEIRO, A. P. Características do entulho e do agregado reciclado. In: Reciclagem de entulho para 
a produção de materiais de construção. Salvador: EDUFBA; Caixa Econômica Federal, 2001. p. 142-186. 
3. DALTRO FILHO, José et al. A Problemática das Resíduos da Construção Civil em Aracaju: 
Diagnóstico.ARACAJU: SINDUSCON-SE/SENAI/SEBRAE/SEMA/EMSURB/UFS, 2005. 
4. D´ALMEIDA, M. Luiza Otero e VILHENA, André. Lixo municipal: manual de gerenciamento 
integrado. 2ª Ed. São Paulo: IPT/CEMPRE, 2000. 
5. EMPRESA MUNICIPAL DE URBANIZAÇÃO. Informe sobre obras licenciadas em 2003-2004. 
6. Aracaju: EMURB, 2005. 
7. LIMA, G. L. ;TAMAI, M. T. Programa de gestão diferenciada de resíduos sólidos inertes em Santo 
André: Estação entulho. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE QUALIDADE AMBIENTAL – 
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS E CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL, 2., 1998, Porto alegre. Anais... 
Porto Alegre, 1998. p. 413-418. 
8. PINTO, Tarcísio de Paula. Resíduos da Construção Civil: Soluções Sustentáveis para um grave 
problema urbano – Novas Normas, Legislação e soluções. São Paulo: Informações e Técnicas, 2005. 
 
 
	III-027 - AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO E QUANTIDADE DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL DE ARACAJU-SERGIPE-BRASIL 
	RESUMO 
	PALAVRAS-CHAVE: Resíduos, Construção Civil,Entulhos, Restos de Concreto, Argamassa. 
	INTRODUÇÃO 
	REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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