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Ano XV ed. 72 [agosto de 2021] Informativo da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp de Assis RESISTÊNCIA - PÁGINAS 8 e 9 E mais: Seção 'Debate' publica artigo sobre "a bagunça da cidade" e ensaio acerca dos termos Par-olimpíadas e Par-olímpico; Alunos da UNESP/Assis começam a imunização contra a Covid-19; Comemorada em agosto, Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual ou Múltipla deste ano visa transformar conhecimento sobre o tema em ações reais; Considerada um marco contra a violência doméstica no Brasil, Lei 'Maria da Penha' completa 15 anos; Evento apresenta novas mídias e plataformas didáticas; Após ser reformado, Museu da Língua Portuguesa reabre suas portas ao público; Professor da UNICAMP reflete sobre a situação dos patrimônios neste momento de revisão histórica; Docente da FCL comenta episódio do incêndio da estátua de Borba Gato, em São Paulo; Seção Cultural traz análise sobre as obras de J.R.R. Tolkien. Faculdade de Ciências e Letras de Assis completa 63 anos de fundação 2 Jornal Nosso Câmpus Ficha Técnica Reitor: Pasqual Barretti Vice-reitora: Maysa Furlan Diretor da FCL - Assis: Darío Abel Palmieri Vice-Diretor da FCL - Assis: Francisco Cláudio Alves Marques Editoração, Revisão e Coordenação: Cláudia Valéria Penavel Binato Textos e Fotos: Equipe JNC Revisão: Samara Beatriz de Oliveira Paradello Diagramação: Mayara Crispim Marino Colaboração Técnica: STAEPE Esta é uma publicação da Faculdade de Ciências e Letras de Assis, Núcleo Integrado de Comunicação. Comentários, dúvidas ou sugestões, entre em contato pelo e-mail: jnossocampus@gmail.com. 3 EDITORIAL Excelência e Resistência Conhecida por sua excelência na formação de profissionais em Letras, História, Psicologia, Ciências Biológicas, Engenharia Biotecnológi- ca e inúmeros projetos de extensão desen- volvidos para atender a comunidade, a Facul- dade de Ciências e Letras de Assis teve uma longa trajetória para consolidar esse status. Sua história começa como Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Assis, FAFIA, um Instituto Isolado de Pesquisa, inaugurada em agosto de 1958, na gestão do então go- vernador Jânio Quadros. Posteriormente, em 1976, passou a fazer parte da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, se tornando em 1989, Faculdade de Ciências e Letras de Assis, FCL. Ao longo desses 63 anos, a Faculdade de Ciências e Letras de Assis obteve, a cada pas- so dessa trajetória, várias conquistas, como os cursos de mestrado e doutorado nas áre- as que oferta, e se tornou ponto de referência no ensino, extensão e pesquisa para a comu- nidade. Os projetos, desenvolvidos em vá- rias cidades da região e também no exterior, abrangem várias áreas, como ensino de idio- mas, atendimentos psicológicos e ensinos di- DEBATE A bagunça da cidade É muito comum a primeira frase dire- cionada à visita, antes de entrar em uma casa, ser “não repare a bagunça”. Esse pe- dido revela as diferentes manifestações da comunicação social, pois as palavras proferidas ou a própria maneira de como os objetos estão dispostos no ambiente criam uma simbologia, crucial para a inter- pretação dos fatos. “Não repare a bagunça” significa “não interprete os objetos nem o modo como eles estão distribuídos em minha casa”. Os vestígios no cenário podem indicar que o morador gosta de tomar sorvete ou que alguém toca um instrumento musical ou que há, na casa, uma criança aprendendo a ler. Quando ainda aconteciam encontros presenciais, percebi que, em uma das reu- niões de trabalho, tinha sido a última a chegar mesmo sem ter visto ainda todas as pessoas na sala. Isso porque a bolsa de cada uma das participantes estava em Cíntia Verza Amarante é mestranda em História pelo Programa de Pós-Graduação em História da UNESP, bolsista CNPq e colaboradora no Projeto de Extensão O museu é irmão da escola: arte e cidade. E-mail cintia.amarante@unesp.br. cima mesa, ou seja, apenas por notar os objetos naquele ambiente e a forma como eles estavam expostos, assimilei a infor- mação de que todas as outras pessoas já estavam ali. Se, ao contrário, alguém deci- disse colocar o material em uma parte da sala onde minha visão não alcançasse, eu já não notaria meu atraso. Decidindo o que mostrar e como mos- trar, estamos decidindo também o que queremos mostrar e a quem, o que terá visibilidade, quem será visto ou ouvido e, consequentemente, o que ou quem não o será. Quando observamos lugares e ob- jetos, nos deparamos com valores, com construções sociais, com indícios de vida e de morte. Do mesmo modo, as datas comemo- rativas também atravessam nosso coti- diano carregadas de narrativas. Elas nos permitem refletir nossa constituição en- quanto indivíduos e sociedade. Em 17 de agosto, comemoramos o Dia Nacional do Patrimônio Cultural. Por que não entender essa data como um convite para observar e reparar, muito bem, a organização ou a bagunça que as cidades nos apresentam e, assim, poder ouvir o que elas têm a nos dizer. versos para a terceira idade, por exemplo. Para Assis, de maneira especial, a Fa- culdade de Ciências e Letras trouxe desen- volvimento econômico, social, educacional, cultural e tecnológico, tornando-se uma das maiores e mais importantes conquistas para a cidade. Com milhares de alunos formados e em formação, centenas de professores qualifica- dos e diversos servidores dedicados, a Unesp Assis segue firme em seu objetivo primário: proporcionar uma educação de qualidade e transformar a sociedade em que vivemos por meio do ensino, pesquisa e extensão. Nesses 63 anos, muitos desafios foram enfrentados para manter essa meta e, se hoje a FCL continua cumprindo seu propósito, é porque muitos deles foram vencidos. Não é difícil prever que os próximos anos também serão potencialmente desafiadores. Na atual situação em que se encontra o país, diante de crises econômicas, políticas e sanitárias que afetam diretamente a univer- sidade e o ensino, continuar oferecendo uma educação de qualidade, projetos de extensão de excelência e formando profissionais capa- citados é resistir, e a resistência é uma tinta que o tempo não apaga. Fo to : A rq ui vo Fo to : G oo gl e 54 NOTÍCIADEBATE Par-olimpíadas/Par-olímpico ou Para-limpíadas/Para-límpico Os gregos faziam largo uso de compos- tos. A língua se presta a isso, não só recor- rendo a prevérbios, aos pronomes polýs e pân e a outros prevérbios, mas também unindo raízes. Muito comumumente usa- vam palavras compostas, como nome de pessoas, para caracterizá-las. Por exem- plo: Só-crates (sôs=sadio + krátos = força, Nico-lau níke = vitória + láos = povo, Antío- co anti = contra + ókhos = carro etc.). Ainda hoje se recorre a compostos gregos para criação de conceitos novos. Para o nosso caso, interessam-nos os prevérbios (prefixos): aná, diá, katá, metá, pará. A última vogal desses prevérbios se mantém, 1) quando a palavra, a que se unem es- ses prevérbios, começa por consoante; 2) quando começa pela vogal, fundem- se os ás, faz-se a crase; 3) quando se encontra com as letras e ou o, ela se elide. A elisão do a, quando a este segue e ou o, é o procedimento correto porquê: 1) é assim que os gregos procediam e sabiam por quê; 2) quando duas vogais se encontram, na formação de compostos, a segunda vo- gal é pronunciada com mais intensidade e a tendência é a supressão da primeira; 3) é comum, na poesia, em muitos ca- sos, a elisão quando a primeira palavra termina em vogal e a segunda começa também por vogal; ocorre na poética e na linguagem cotidiana – os românticos a ela recorriam para evitar a sinérese; 4) nos compostos, a primeira vogal da segunda palavra faz parte da raiz; se se elide essa vogal, desfaz-se a raiz e o resul- tado é outro sentido ou nenhum. Esta é a razão principal para a manutenção da se- gunda vogal, porque faz parte imprescin- dível da raiz. Sirvam de exemplo as palavras: ânodo, catequese,cátedra, meteoro, parolímpico. Quem dissesse âna-do em vez de ân-o- do, cuja raiz é od- (de odós = caminho), es- taria ligando o prevérbio ao tema do- (do verbo dídomi = dar) e dizendo palavra sem sentido, inexistente. Diria algo sem sentido quem dissesse cáta-dra, em vez de cát-edra, cuja raiz é hedr-(de hédra = cadeira, banco...), esta- ria unindo o prevérbio à raiz dr- (do verbo dráo = fazer - do qual deriva a palavra dra- ma). Cátadra não existe. Sê, em vez de cat-equese, cuja raiz é ekhéo, que significa ressoar (êkhé, ékhos, ekhó, ékhema = som, ruído), se dissesse cata-quese, se estaria recorrendo à raiz kh- (do verbo khéo, que significa derramar, dissipar, deixar cair...) e usando palavra inexistente. Se alguém digitasse meta-oro em vez de met-eoro estaria unindo o prevérbio à raiz do verbo horáo = ver ou do substan- tivo hora = divisão do tempo, mas não à raiz do verbo aéiro = levantar, içar. E, dessa forma, não estaria se referindo, de modo algum, aos corpos celestes. Sê, em vez de par-óquia, cuja raiz é oik- (de oikía = casa), se dissesse pará-quia, se estaria dizendo palavra sem sentido, ine- xistente. Nestes dias se ouve a toda hora, refe- rente aos jogos par-olímpicos, a pronún- cia para-límpicos. Pelo que ficou exposto, a palavra sem a letra inicial perde o senti- do. Limpico não existe; -ico é sufixo - resta limp- que nos remete ao adjetivo limpo ou límpido, mas, de modo algum, à cidade da Grécia Olímpia - na Élida (costas ocidentais do Peloponeso) -, onde se realizavam, de 4 em 4 anos, os Jogos Olímpicos, iniciados no sec. VIII a.C. (776) e encerrados no séc. IV p.C. (394) por ordem do imperador Teo- dósio. Conclui-se, portanto que o correto é pronunciar e escrever par-olimpíadas e par-olímpico e, jamais, para-limpíadas e para-límpico. A primeira letra, qualquer que seja, faz parte essencial da raiz da palavra. Suprimida essa letra, desfaz-se a raiz e a palavra ou não existe ou tem outro significado. Mas, no Brasil - em que a lín- gua portuguesa é tão maltratada, em que há pouco ou quase nenhum esforço para aprendê-la, em que se criam tantos neo- logismos absurdos e compostos esdrúxu- los, p.ex., quali-quantitativo, morbi-morta- lidade etc., em que se empregam palavras imprecisas, que baralham o sentido do pe- ríodo, em que se usa, desmesuradamente e, às mais das vezes, inapropriadamente, a locução prepositiva por conta de, que desbancou de vez a por causa de e outras de sentido similar, fato que ocorreu até no Supremo – falar e escrever para-límpico, indo de encontro aos princípios da linguís- tica, não faz a mínima diferença, ninguém se importa. E viva o apregoado português brasileiro! – não o do povo – o que se quer ensinar nas escolas, porque dá muito tra- balho ensinar e aprender o português-pa- drão da literatura. Discentes da UNESP/Assis recebem a 1ª dose da vacina contra a COVID-19 Com a antecipação do plano estadual de vacinação, a faixa etária de 18 a 24 anos, fai- xa de idade média da comunidade unespia- na, entrou no cronograma de vacinação do mês de agosto. A Prefeitura do Município de Assis emitiu a nota de vacinação da população de 18 anos ou mais, divulgando que a primeira dose do imunizante seria aplicada no dia 10 de agos- to. A comunidade unespiana residente em Assis deveria apresentar apenas um docu- mento com foto e CPF, além do comprovante de residência. O JNC entrou em contato com alguns dis- centes imunizados com a 1ª dose para en- tender o sentimento de alegria pela chegada desse dia, que concretizava a esperança de um possível retorno presencial às atividades. “Após tantos meses de angústia e perple- xidade devido à má gestão do governo no enfrentamento da pandemia, ao negacio- nismo e à descrença na ciência, a chegada do tão esperado dia da vacinação foi um dos melhores dias do ano. De minha parte, penso que este dia marcou o início de um novo capí- tulo na história da quarentena, e espero que Mateus Abreu em breve possamos retornar às atividades presenciais, reencontrar colegas distantes e construir juntos um futuro no qual tragédias assim não se repitam", comentou Lucas Ber- tolucci, aluno de História. “Fui toda produzida para o grande evento, sim, e juro que não tenho palavras pra des- crever a sensação dessa agulhada no meu bracinho; juro também que não existe sen- sação melhor que sentir a picada, neste mo- mento tão caótico, como sinal de esperança. Após tantos e tão longos meses esperando por este momento, nossa vez finalmente chegou. Parecia até um sonho, e cada minu- to naquela fila, que parecia não acabar, valia ouro. Enfim a agulhada - foi até suave (para mim que morro de medo) – e, então, caí na realidade, depois de um longo suspiro de alí- vio e muita alegria e esperança de um futuro melhor.Hoje só consigo agradecer e pensar: Como não pude tentar acabar com isso an- tes? Agradeço imensamente ao SUS a minha vida, porque se ainda estou aqui deve ser por alguma razão, além de ser maravilhoso ver a expressão de cada um ao tomar a vacina. Mas também quero lembrar e lamentar tan- tas vidas que poderiam ter sido salvas graças a essa “simples” agulhada. Viva o SUS! Viva a universidade pública! viva a ciência!”, come- morou Júlia Mariah, do curso de Letras. “A pandemia tem sido um momento sin- gular na história, ainda mais para os estudan- tes das ciências biológicas. Nunca tivemos vacinas de laboratórios diferentes contra o mesmo vírus, e elaboradas com técnicas to- talmente diferentes, sendo produzidas e tes- tadas em uma velocidade nunca antes vista. Não tenho dúvida de que o que testemunha- mos aqui é muito especial. Para que pudés- semos tomar uma vacina produzida em ter- ritório brasileiro muitos foram insistentes e perseverantes, reunindo os esforços de mui- tas pessoas envolvidas e muitos laboratórios.. É triste o país ter chegado a esta situação com tantos e tantos mortos e contaminados. Fico feliz por ter feito minha parte, tornando-me um número positivo nas estatísticas. Afinal, desde o momento em que recebi a vacina passei a ser mais um número entre os vaci- nados. Queria deixar um recado: a pandemia não acaba depois das duas doses da vacina. Como na vacina da gripe, é comum aconte- cer de alguém ficar doente mesmo depois de vacinado e continuar transmitindo a doença! Então espero que todos continuem usando máscaras e respeitando suas "bolhas sociais" quando ocorrer a retomada das atividades presenciais e o controle da disseminação da doença", alertou Jefferson Lima, estudante de Ciências Biológicas. PASSAPORTE PARA A VIDA Cumprindo aquilo que já se tornou um ritual nesta pandemia, estudantes fotografaram o momento da vacinação; esta nova etapa vem acompanhada da esperança de um retorno seguro às aulas presenciais. Fo to s: Ar qu iv o pe ss oa l Aluysio Fávaro é professor aposentado da Universidade Estadual de Londrina (UEL); latinista e tradutor do Centro de Estudos Plinianos (CPEP) da Faculdade Ciências e Letras de Assis/UNESP. Fo to : G oo gl e 6 7 NOTÍCIA Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla 2021 cobra real aplicação das leis de inclusão Em 22 de agosto comemora-se, no Brasil, o dia da Pessoa com Deficiência Intelectual. A APAE Brasil, Federação Nacional das APA- Es, a maior rede de apoio às pessoas com Deficiência Intelectual ou Deficiência Múlti- pla, organiza, desde 1963, a Semana Nacio- nal da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla, introduzida, posteriormente, no ca- lendário nacional pela Lei de Nº 13.585, san- cionada em 26 de dezembro de 2017. Diz, em seu Art. 1, que fica instituída a Se- mana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla, a ser comemorada de 21 a 28 de agosto de cada ano. Essas co- memorações visam o desenvolvimento de conteúdos de conscientização da sociedade sobre as necessidades específicas de orga- nização social e de políticas públicas para promover a inclusão social desse segmentopopulacional, combatendo o preconceito e a discriminação, como consta no Art. 2º. A Lei Vitória de Oliveira encontra-se no site oficial do Planalto. Obje- tiva-se igualmente, nessa semana, divulgar conhecimento sobre as condições sociais das pessoas em situação de deficiência in- telectual e múltipla, como uma maneira de transformar a realidade, superando as bar- reiras que as impedem de participar coleti- vamente em igualdade de condições com as demais pessoas. O Portal Instituto NeuroSa- ber ainda revela que um tema é escolhido a cada ano. De acordo com a publicação do Portal Ins- tituto NeuroSaber, em 2020, a deficiência intelectual se caracteriza como transtorno do desenvolvimento, atinge de 3 a 4% das crianças com nível cognitivo muito abaixo do esperado e dificuldades de adaptação em diversos espaços como, por exemplo, na escola, em seu processo de alfabetização, aprendizagem dos conteúdos diários den- tro da sala de aula e resolução de problemas (funcionamento intelectual). As tarefas da vida diária das crianças com Deficiência Intelectual (DI) podem ser complexas, pois elas não compreendem de maneira adequada os sinais e os códigos sociais, apresentando dificuldades de rela- cionamento ou interação, de comunicação e de se manterem independentes (funciona- mento adaptativo). É justamente pela comprovação de pro- blemas em seu funcionamento intelectual e adaptativo que a criança é diagnosticada com DI, sobretudo através de uma avaliação médica por meio de testes padronizados, em que a pontuação de QI entre 70 e 75 in- dica uma limitação considerada significativa. A interpretação dos resultados pode, entre- tanto, variar de acordo com cada caso, consi- derando-se não apenas as dificuldades das crianças, mas também suas habilidades. Esses resultados podem diferenciar-se em outros testes, os quais demonstram que a pontuação do QI não reflete, de maneira precisa, no funcionamento intelectual geral da criança. No diagnostico disponibilizado por um profissional da saúde, existem três áreas que contemplam o seu funciona- mento adaptativo: a Conceitual, a Social e a Prática. A NeuroSaber explica, por exemplo, que o funcionamento adaptativo é avaliado por meio de conversas com a criança, com os pais, professores e cuidadores. Os três graus que caracterizam a deficiência inte- lectual são o leve, o moderado e o grave. Os sintomas mais graves aparecem na infância, como atraso nas habilidades motoras ou de linguagem. Já, os níveis mais leves de DI, na maioria dos casos, podem ser identificados até em idade escolar. A deficiência intelectual não tem cura, mas possui tratamento. Conforme as infor- mações do Instituto, a intervenção precoce e continua pode ajudar a melhorar a quali- dade de vida das crianças, bem como per- mitir-lhes que desenvolvam habilidades essências. Portanto, uma vez confirmado o diagnóstico, o tratamento consiste em entender os pontos fortes e as necessida- des da criança para que sejam adotadas estratégias em casa, na escola e na clínica com acompanhamento profissional. No ar- tigo do Portal, enfatiza-se que, com o apoio adequado, as crianças com DI podem não só desenvolver suas habilidades, mas tam- bém suas competências a serem apro- veitadas em sua aprendizagem e na vida diária, cotidiana. A deficiência múltipla, segundo a APAE de Cruzília, Minas Gerais, consis- te na ocorrência simultânea de duas ou mais deficiências, que podem ser intelec- tuais, físicas, emocionais, de distúrbios neurológicos, de linguagem e desenvol- vimento educacional, vocacional e social. Ela dificulta a autossuficiência do porta- dor e pode ser separada da seguinte ma- neira: deficiência física e psíquica; sen- sorial e psíquica; sensorial e física; física, psíquica e sensorial. Suas características dependem do desenvolvimento e altera- ção de cada ordem e a necessidade de cada pessoa, verificada pela dificuldade na abstração de sua rotina diária, gestos ou comunicação. As crianças tendem a esquecer o que não praticam, bem como apresentam dificuldades no reconheci- mento de pessoas do seu dia a dia, nos movimentos corporais involuntários e nas respostas mínimas a estímulos cau- sados por barulhos e toques. O site tam- bém informa que, dependendo do nível de deficiência múltipla, a criança poderá frequentar escola de ensino regular, des- de que suas necessidades sejam res- peitadas. Para obter mais informações acesse todo o documento. Fo to : R ep ro du çã o Em conformidade com o Portal, as defici- ências múltiplas atrasam o desenvolvimento global da criança, o que dificulta sua aprendi- zagem e, consequentemente, sua autonomia. Com níveis que podem variar de leves a seve- ros, as deficiências acompanham as pessoas desde o nascimento ou podem ser adquiridas mais tarde, tais como baixa visão, cegueira, surdez, deficiência física ou intelectual e distúr- bios neurológicos. No entanto, explica o site, a deficiência múltipla não é a soma dessas ca- racterísticas. Em 2021, o tema escolhido para a Semana foi “É tempo de transformar conhecimento em ação”, pensada pelo fato de que, hoje, o Brasil possui uma das legislações mais avançadas do mundo quanto à garantia dos direitos da pessoa com deficiência. Na prática, contudo, a maior parte do que está assegurado por lei não é acessível a todos os deficientes. A APAE, ao pensar na efetivação desses direitos, diz em seu site que, com a temática de 2021, bus- ca-se fomentar o debate nacional, levando, às pessoas em situação de deficiência inte- lectual e múltipla, o conhecimento sobre seus direitos a transporte, moradia, acesso à edu- cação, saúde e assistência social,. Todas as informações sobre a campanha e a Semana Nacional da Deficiência Intelectual e Múltipla estão disponíveis no site da APAE. Os interes- sados também podem acessar os eventos di- retamente no canal do Youtube da Instituição. Embora conte com uma legislação avançada sobre este assunto, o Brasil ainda não consegue assegurar direitos aos deficientes Evento on-line abordou os prejuízos que a pandemia trouxe ao desenvolvimento dos deficientes Fo to : G oo gl e Fo to : R ep ro du çã o http://http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/L13585.htm http://https://institutoneurosaber.com.br/o-que-e-deficiencia-intelectual-2/?gclid=Cj0KCQjw1dGJBhD4ARIsANb6Odl6yP2k5PLIqZwk7RGB10inHCONVzodC2_ZITek4b_LEQSG-hokzboaArfhEALw_wcB http://https://institutoneurosaber.com.br/o-que-e-deficiencia-intelectual-2/?gclid=Cj0KCQjw1dGJBhD4ARIsANb6Odl6yP2k5PLIqZwk7RGB10inHCONVzodC2_ZITek4b_LEQSG-hokzboaArfhEALw_wcB http://http://www.apaecruzilia.org.br/site/index.php/noticias/item/101-o-que-%C3%A9-defici%C3%AAncia-m%C3%BAltipla.html http://https://www.youtube.com/c/InstitutoApaeBrasil/videos 8 9 ESPECIAL A Faculdade de Ciências e Letras de As- sis/UNESP, que oferece Licenciatura em Letras, em História, em Ciências Biológicas e Bacharelado em Engenharia, em Biotec- nologia, Ciências Biológicas e em Psicologia, além de cursos de pós- graduação, mestra- do, doutorado e programas de extensão, completou, em agosto, 63 anos de história. Para conhecer um pouco melhor a trajetória da faculdade, o JNC contou com a participa- ção do vice-diretor, Prof. Francisco Cláudio Alves Marques. JNC: Professor, o Sr. poderia falar um pou- co sobre a trajetória da faculdade? Francisco C. A. Marques: Criada pela Lei Estadual nº 3.826, promulgada em feverei- ro de 1957 pelo governador Jânio Quadros, a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Assis (FAFIA), Instituto Isolado de Ensino Su- perior, foi inaugurada oficialmente no dia 16 de agosto de 1968, tendo as atividades de ensino do curso de Licenciatura em Letras início no mês de março de 1959. Com a promulgação da Lei nº 952, de 30 de janeiro de 1976, que criou a Universidade Faculdade de Ciências de Letras de Assis completa 63 anos Natália Silva Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, os Institutos Isolados de EnsinoSuperior do estado de São Paulo foram incorpora- dos à UNESP, mas somente em fevereiro de 1989, após a aprovação do novo Estatuto da UNESP, foi estabelecida a atual denomina- ção: Faculdade de Ciências e Letras, Câmpus de Assis. O curso de Letras da FCL-Assis, que con- ta com um Programa de Pós-Graduação em Letras da Faculdade de Ciências e Letras da UNESP-Assis, foi criado em 1979, com o curso de mestrado; o doutorado só foi ins- talado em 1984. Consolidado ao longo dos anos, o Programa sofreu várias reformula- ções (1984, 1985, 1999 e 2003). A partir de 2003, adequando-se às exigências da legis- lação federal, às normas da Universidade e à conformação do corpo docente, o Programa passou a ter apenas uma área de concentra- ção: Literatura e Vida Social. Além do curso de licenciatura em Letras, a FCL/UNESP-Assis oferece mais quatro cursos de graduação: em História, criado em 1963; em Psicologia, instalado em 1966; em Ciências Biológicas, criado em 1990 - ini- cialmente oferecia apenas a modalidade li- cenciatura e a partir de 1998 a modalidade bacharelado - e em Engenharia e Biotecno- lógica, autorizado em 22 de maio de 2003, depois de a comunidade acadêmica e a so- ciedade civil das cidades de Assis e circun- vizinhas se envolverem em todo o processo de criação do curso, por meio de manifes- tações públicas e gestões políticas junto às autoridades locais e estaduais. Além de atuarem na graduação, os do- centes do curso de História atuam também no Programa de Pós-Graduação em Histó- ria, que compreende os níveis de mestrado e doutorado regularmente credenciados e avaliados pela CAPES. O referido Programa está estruturado em torno da área de con- centração: História e Sociedade e inclui duas linhas de pesquisa: Política: Ações e Repre- sentações e Cultura, Historiografia e Patri- mônio. O curso de Psicologia também oferece cursos de mestrado e doutorado reconheci- dos pelo MEC através da portaria ministerial nº. 1077, de 03/09/2012, publicada no D.O.U. de 03/09/2012, republicada em 13/09/2012. O Programa de Pós-graduação em Psicolo- gia tem como objetivo principal desenvolver um conjunto de ações formativas relacio- nadas à pesquisa em Psicologia, elegendo como lócus de preocupações das investiga- ções os processos psicológicos e de subjeti- vação envolvidos no espaço social habitado pelo sujeito, seu cotidiano e as instituições que o cercam. A FCL-Assis conta também com o Pro- Em entrevista, vice-diretor do câmpus relembra os principais momentos desta trajetória e comenta sobre a relevância da Faculdade para toda a comunidade grama de Pós-Graduação em Biociências - Interunidades, Área de Conhecimento ”Caracterização e Aplicação da Diversidade Biológica”, nível de mestrado e doutorado, da Faculdade de Ciências e Letras, UNESP – Câmpus de Assis e Faculdade de Ciências UNESP - Câmpus de Bauru, cuja finalidade é formar recursos humanos altamente capaci- tados. A FCL-Assis oferece ainda o Programa de Mestrado Profissional em Letras (Pro- fletras), oferecido em rede nacional, o qual conta com a participação de instituições de ensino superior públicas no âmbito do Sis- tema Universidade Aberta do Brasil (UAB) e é coordenado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). O programa tem como objetivo, a médio prazo, a formação de professores do ensino fundamental dedicados ao de língua portu- guesa em todo o território nacional. A Unidade de Assis conta também com dois importantes centros de pesquisa, o CE- DAP e o CPPA. O Centro de Documentação e de Apoio à Pesquisa (CEDAP), perdeu, la- mentavelmente, o status de Unidade Auxi- liar após a publicação da Resolução 50 de 2 de julho de 2019, mas continua exercen- do todas as suas atividades e atendendo alunos de graduação e de pós-graduação interessados na consulta a determinada ti- pologia de fontes para a pesquisa, como jor- nais, documentos públicos e particulares, fo- tografias, microfilmes e depoimentos orais gravados. Já o CPPA – Unidade Auxiliar Complexa Centro de Pesquisa de Psicologia Aplicada "Dra. Betti Katzenstein" (CPPA), Serviço-Es- cola vinculado ao curso de graduação em Psicologia, da FCL-Assis, manteve o status de Unidade Auxiliar e continua desenvol- vendo atividades de ensino, pesquisa e ex- tensão. Suas ações extensionistas abran- gem, aproximadamente, dezoito municípios e tem-se consolidado como uma instituição de referência no atendimento à população e ações extensionistas junto ao Poder Judiciá- rio, Secretarias Municipais, Escolas Públicas e Privadas, Hospital Regional, Ambulatório de Saúde Mental, Programa Saúde da Famí- lia, Unidades Básicas de Saúde e Empresas Públicas e Privadas. JNC: Qual a importância da Faculdade para a cidade de Assis? Francisco C. A. Marques: Em linhas ge- rais, nestes 63 anos a FCL-Assis prosperou e se consolidou como uma instituição de ensino superior de qualidade, atraindo não somente alunos da cidade e da região, mas também de todo o estado de São Paulo e, inclusive, do exterior, oferecendo formação pública e gratuita de excelente qualidade, tanto na graduação como na pós-gradua- ção. Sua vocação é alicerçada na defesa e aprimoramento contínuos dos três pilares que indissociavelmente a sustentam: ensi- no, pesquisa e extensão. JNC: Acha que o fato da Faculdade conti- nuar a funcionar representa resistência e re- siliência? Em sua atuação ela leva em conta o contexto político e social de nosso país? Francisco C. A. Marques: Diante do cená- rio atual – pandemia do novo coronavírus, crise política e econômica –, assim como vêm fazendo outras instituições públicas de ensino, a FCL-Assis, apoiada por sua comu- nidade acadêmica, formada por docentes, servidores técnico-administrativos e alunos, vem enfrentando bravamente este desafio com competência, seriedade e responsabi- lidade, reorganizando o modelo de ensino, ajustando protocolos, estabelecendo proce- dimentos e adequando os espaços para um iminente retorno ao trabalho. Constituem estes uma parte dos motivos que atestam a resiliência de nossa comunidade acadêmica. O Jornal Nosso Câmpus dá os parabéns à FCL e agradece aos docentes e discentes que fizeram e fazem parte desta instituição tão importante para a formação de profissio- nais competentes e indivíduos pensantes. No início, a instituição tinha o nome de FAFIA, e abrigava o curso de Filosofia Encampada pela UNESP na década de 70, a Faculdade mudou de nome em 1989 Atualmente o câmpus da UNESP conta com cinco cursos de graduação Fo to s: Ar qu iv o FC L 10 11 EVENTONOTÍCIA Em vigor há 15 anos, lei "Maria da Penha" foi um marco na proteção às mulheres Letícia Prado No dia sete de agosto de 2021, com- pletaram-se quinze anos desde que a Lei Maria da Penha foi aprovada (Lei 11.340/06). É uma lei que foi motivada por violências e extrema gravidade co- metidas pelo ex-companheiro da far- macêutica cearense, Maria da Penha. Sua finalidade é proteger mulheres contra maus tratos praticados por (ex-) maridos ou outros com quem convivem ou conviveram. Mas quem é Maria da Penha? Maria da Penha é uma farmacêutica brasileira, natural do Ceará, que sofreu constantes agressões por parte do ma- rido, com quem estava casada desde 1976. Em 1983, seu esposo tentou ma- tá-la com um tiro de espingarda. Ape- sar de ter escapado da morte, ela ficou paraplégica. Quando, após tratamento, voltou para casa, sofreu nova tentativa de assassinato; o marido tentou ele- trocutá-la. Enfim criou coragem e de- nunciou o agressor, deparando-se com uma situação que muitas mulheres en- frentavam em casos semelhantes: a in- credulidade por parte da Justiça. Em defesa do agressor, o advogado sempre alegava irregularidades no pro- cesso e o denunciado aguardava o jul- gamento em liberdade. Em 1994, Ma- ria da Penha lança o livro “Sobrevivi... Posso contar”, onde narra as violências sofridas por ela e pelas três filhas. Da mesma forma, resolveu acionar o Cen- tro pela Justiça e o Direito Internacio-nal (CEJIL) e o Comitê Latino Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher (CLADEM). Estes organismos encaminharam seu caso para a Comis- são Interamericana de Direitos Huma- nos da Organização dos Estados Ame- ricanos (OEA), em 1998. A importância da lei vai muito além da defesa de mulheres vítimas de vio- lência doméstica, ela visa proteger- lhes a vida, levando, em muitos casos, o agressor à cadeia. Após sua aprova- ção, algumas mudanças no sistema de justiça antes inexistentes foram: • Prisão do suspeito de agressão; • A violência doméstica passa a ser um agravante para aumentar a pena; • Não é possível mais substituir a pena por doação de cesta básica ou multas; • Ordem de afastamento do agres- sor à vítima e seus parentes; • Assistência econômica no caso da vítima ser dependente do agressor. Entretanto, apesar da sua extraor- dinária importância para a proteção de tantas mulheres os casos continu- am, mormente pelo medo que muitas mulheres têm de fazer uma denúncia formal. Segundo a Agência Câmara de Notícias, no Brasil, uma em cada cinco mulheres é vítima de violência domés- tica. Dados da Secretaria de Políticas para Mulheres apontam que cerca de 80% dos casos de violência são cometi- dos por parceiros ou ex-parceiros, que, por causa da pandemia, ficaram ou ain- da ficam em casa, e uma convivência mais constante agrava a situação A revista Isto é relata que, em abril, quando o isolamento social imposto pela pandemia já durava mais de um mês, a quantidade de denúncias de violência contra a mulher recebidas no canal 180 deu um salto: cresceu qua- se 40% em relação ao mesmo mês de 2019, segundo dados do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Hu- manos (MMDH). Em março, começando a quarentena a partir da última sema- na do mês, o número de denúncias ti- nha avançado quase 18% em relação a fevereiro, quando foi de 13,5%. Algu- mas medidas alternativas foram sendo tomadas, e, com a internet disponível para quase todos, tornou-se viável/co- mum mulheres vítimas fazerem um X com batom vermelho na palma da mão, e, indo à farmácia ou ao mercado ou ao banco, pudessem, mostrando o sinal, receber alguma ajuda emergencial. A violência contra mulher, seja ela física, psicológica ou emocional, não deve ser tolerada em pleno século XXI; caso alguma conhecida ou vizinha es- teja sendo vítima de violência domésti- ca, denuncie recorrendo ao 180. Justiça passou a punir com mais rigor os crimes de violência, garantindo proteção às vítimas e prisão aos agressores Fo to : G oo gl e A farmacêutica Maria da Penha, que dá nome à lei contra a violência doméstica. Evento apresenta plataformas, aplicativos e mídias no contexto da Educação O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) de Inglês e Espanhol da UNESP de Assis convidou, no evento realizado pelo canal do Youtu- be: Encontro de Literatura e Língua Ingle- sa, os professores Daniel Vieira Sant’Anna e Daniele Sant’Anna para discutir o tema “Plataformas, aplicativos e mídias: Possi- bilidades para o ensino e aprendizagem”. Daniel é graduado em Pedagogia, Tecno- logia e Matemática, especialista em Mídia e Educação e doutorando em Educação pela UNESP de Marília, e Daniele é gradu- ada em Pedagogia, especialista em Mídia para Educação, Gestão e Informática na Educação e mestranda em Docência para Educação Básica pela UNESP de Bauru. Os professores Daniel e Daniela ver- saram sobre as configurações educacio- nais da contemporaneidade, discutindo as estratégias e os caminhos para a me- diação de aulas por meio das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC´S) que, adaptadas aos recursos tec- nológicos digitais aplicáveis à educação, contribuíram para as aulas remotas. Os professores revelaram que a oficina, pen- sada incialmente para atividades presen- ciais, foi adaptada para o contexto remoto, adequando-se ao momento pandêmico. Os docentes também apresentaram “As etapas da educação”, organizadas em três grandes grupos: Tecnologia Di- gital, Pensamento Computacional e Cul- tura Digital, os dois últimos com foco na educação. De acordo com Vieira Sant’An- na, quando se trabalha com Pensamento Computacional e a depender da proposta, o uso de computadores ou smartphones, ao contrário do que parece, nem sempre é exigido, como é o caso do desenvolvimen- to de algoritmos. Os professores disseram que, para a construção do Pensamento Computacional, é necessário conhecer to- das as habilidades que englobam essas etapas e, para exemplificar o processo, é como pedir para o aluno descrever o tra- jeto de sua casa até a escola ou escrever uma receita de bolo. Daniele destacou que as atividades lidam com matérias como a Matemática, principalmente ao se fazer referência a algoritmos, o que possibilita relacioná-las com outras áreas do conhe- cimento. No que diz respeito às relações en- tre Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação, Educação e Cidadania, encontram-se para elas diretrizes legais Vitória de Oliveira e políticas. Segundo o professor Vieira Sant’Anna, deve-se ter o domínio dessas orientações essenciais, principalmente para o uso de tecnologias, como a leitu- ra do ECA, Marco Civil da Internet, Base Nacional Comum Curricular e Lei Geral de Produção de Dados. Um exemplo de restrição que segue rigorosamente es- ses documentos citados é o da criação de e-mails que exige idade mínima para se obter uma conta. Em vista disso, muitas instituições se veicularam ao G-Suits, pla- taforma voltada para fins educacionais, que não permite que o e-mail criado seja utilizado na criação de contas em redes sociais. Em seguida, Viera Sant’Anna chamou a atenção para a diferença entre compu- tador e Smartphone, especialmente para os recursos que ambos oferecem. Ao se pensar em Google Meet, no computador, o navegador já é nativo, mas no caso do smartphone pode ser exigida a instalação de um aplicativo auxiliar. Por isso, para adequação do trabalho, deve-se saber qual recurso será utilizado pelo aluno. Ao precisar trabalhar com videoconferências e o professor não tiver um desktop com webcam à disposição, é possível vincular os dois aparelhos com o aplicativo Droid- cam que, instalado no computador e no celular, permitirá que ele disponha de uma webcam sempre que necessário. Os pesquisadores indicaram também os recursos do Britannica Escola, site di- vidido por conteúdos curriculares volta- dos também para educação infantil e que possui um banco de imagens de ótima qualidade e isentas de direitos autorais, o que é ideal para fins não-comerciais. Para interações em sala de aula, foram indicadas algumas ferramentas como o Menti, site que apresenta uma nuvem de palavras. O professor faz uma pergunta e, assim que respondida, é possível visuali- zar todas as palavras escritas e também a mais recorrente. Já, o aplicativo Plickers pede o uso do smarthphone para realizar a leitura de cards. O professor aponta o celular para o card levantado pelo aluno em uma atividade e consegue fazer a lei- tura do QR Code e da posição escolhida pelo estudante. Esse aplicativo também identifica erros e acertos, resultados a que apenas os professores têm acesso. De acordo com os palestrantes, é uma ótima oportunidade para que pessoas tímidas interajam. Os professores apresentaram ainda um aplicativo de realidade aumentada, voltado para a educação e que permite a interação entre o mundo real e o virtual . O AR Animal tem foco na alfabetização e faz relação com a língua inglesa, além de permitir visualizar as ilustrações dos cards em 3D. O Quiver, aplicativo para co- lorir , disponibiliza alguns desenhos para impressão. O aluno pode pintar e depois fazer a leitura do card personalizado. Com a interação e a realidade aumentada, as cores escolhidas pelos estudantes perma- necem e há, inclusive, efeitos sonoros. O último aplicativo sugerido pelos professo- res foi o Merge Cube; parautilizá-lo, é ne- cessário um cubo ativador, que pode ser impresso; em seguida, é possível utilizar uns óculos de realidade aumentada, pas- sível de ser confeccionado. O cubo pos- sui oito páginas. Nele, o aluno poderá ver diversas esculturas que, acompanhadas de uma descrição, podem ser observadas de todos os ângulos, como, por exemplo, a de Marcus Aurelius, imperador romano. Caso os alunos não tenham smarthpho- nes para a leitura do cubo, o próprio pro- fessor pode sincronizar com uma televi- são, proporcionando o acesso a todos. Para assistir ao evento completo e tam- bém ao tutorial que indica como acessar e explorar esses aplicativos, entre no canal oficial no Youtube: Encontro de Litetarura e Língua Inglesa. Fo to : G oo gl e http://https://www.youtube.com/watch?v=1AKOJ0fq9ks http://https://www.youtube.com/watch?v=1AKOJ0fq9ks 13 NOTÍCIA Após incêndio, em 2015, Museu da Língua Portuguesa é reaberto em SP Natália Silva Aconteceu, no dia 31 de julho de 2021, a reinauguração do Museu da Língua Por- tuguesa, uma instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Esta- do de São Paulo. Localizado na histórica Estação da Luz, em São Paulo, o museu estava fechado desde dezembro de 2015, quando foi atingido por um incêndio. O JNC conversou com a professora Si- lene Felix da Silva, que leciona na rede estadual (diretoria de Carapicuíba), e, atu- almente, faz parte da docência de Língua Portuguesa no Centro de Mídias do Estado de São Paulo (CMSP), ministrando aulas para o oitavo ano do ensino fundamental. A professora visitou o museu no dia 11 de agosto de 2021, acompanhada de seu amigo, o professor Ruan Teixeira. Ela diz que estava ansiosa por esse momento e que suas expectativas foram superadas. Sobre sua experiência “ A visita inicia no terceiro andar; após a recepção, assis- timos a um vídeo "Falares" que conta o contexto e pesquisa sobre a comunicação e a fala. Fiquei emocionada.” Silene fala também um pouco sobre a importância que acredita que o museu te- nha, e sobre o que representa a recupera- ção desse patrimônio, especialmente no contexto enfrentado pelo país atualmente: “Os museus, por si sós, são importantes para preservação da cultura e memória. A reabertura do Museu da Língua Portu- guesa tem o papel de mostrar a importân- cia desse patrimônio que vai além de um prédio, por carregar histórias de povos, de pessoas e da nossa ancestralidade. Aca- bamos percebendo que ele conta muito sobre nós, principalmente no contexto em que vivemos. (A reabertura) mostra preocupação com a história do outro que certamente contribui para a constru- ção da minha história. A restauração do museu mostra, acima de tudo, o quanto apreciamos e valorizamos nossa língua.” A professora termina deixando um convi- te: que todos aqueles que têm oportuni- dade agendem uma visita ao museu, pois terão grandes oportunidades de interagir com obras clássicas e contemporâneas por meio da tecnologia acessível aos di- versos públicos. Conforme relatou Marília Bonas, direto- ra técnica do Museu para o Jornal da Uni- versidade de São Paulo (Jornal da USP – 27/7/2021), o estabelecimento reabriu “com um novo projeto de segurança, que dispõe de toda uma série de equipamen- tos em caso de emergência, com sistemas automatizados de alerta que detectam qualquer anomalia, além de uma brigada treinada para impedir tragédias”. Das inúmeras atrações que o espaço oferece ao público, noticiadas na mídia, a exposição “Falares”, conduz os visitantes através de um “bosque” composto por te- las que mostram a diversidade dos fala- res regionais e sociais do Brasil. Falando ainda para o Jornal da USP, Marília Bo- nas destacou que a referida atração tem 12 como objetivo combater o preconceito lin- guístico e celebrar a diversidade. O Museu é parte do patrimônio histó- rico e cultural brasileiro, celebra a língua portuguesa como parte da cultura dos povos que falam esta língua e é relevan- te para o país como um todo, não apenas para os que fazem parte das profissões voltadas às letras. Sua reabertura nos lembra a importância da preservação de nossa memória, memória de um povo, e é um acontecimento que deve ser celebra- do. MEMÓRIAS DO MUSEU Professor do curso de Letras, Marco Antônio Domingues Sant'Anna também comentou a importância do Museu para os estudantes da língua portuguesa: "Na qualidade de docente da disciplina de Língua Portuguesa da FCLAs- sis, não só visitei sozinho como também coordenei algumas excursões com alunos da Graduação ao Museu da Língua Portuguesa, antes do incêndio de grandes proporções que o atingiu em 21 de dezembro de 2015. De acordo com o Corpo de Bombeiros de São Paulo, 37 viaturas e 97 homens foram enviados ao local, que disseram que por volta de 17h15 as chamas estavam controladas. Entretanto por volta de 17h30 o incêndio atingiu a torre do museu. O espaço cultural foi inaugurado oficialmente no dia 20 de março de 2006 e aberto ao público no dia 21 de março daquele ano. Para quem, como eu e meus alunos, que tiveram a oportunidade de visitar os 4,3 mil m2 do local, ficamos sem palavras para descrever o sentimento de perda material e humana com o incêndio. Todavia, depois de seis anos, o Museu foi reinaugurado em 31 de julho do corrente ano, seguindo todos os protocolos devido à pandemia. Trata-se de um dos primeiros espaços culturais totalmente dedicados a um idioma, sendo localizado na Luz, região central de São Paulo, cidade que tem o maior número de falantes do português no mundo". Fo to : G ov er no d e Sã oP au lo O Museu da Língua Portuguesa fica em São Paulo, na Estação da Luz NOTÍCIA Professor da Unicamp fala sobre "Patrimônio em tempos de destruição" Laís Naomi Hara O professor Pedro Paulo Abreu Funa- ri, do Departamento de História da UNI- CAMP, realizou uma palestra, no último dia 23 de agosto, sob a temática “Patri- mônio em tempos de destruição”. O pro- fessor, em entrevista ao Jornal Nosso Câmpus (JNC), abordou questões atuais referentes à situação dos patrimônios históricos no Brasil. O JNC perguntou ao professor o que di- ferencia uma estátua de um patrimônio histórico e qual seria a solução para os símbolos brasileiros depredados nessa sucessão de eventos trágicos. O professor Funari explicou que há re- lação entre o poder público e o conceito de patrimônio histórico. Para uma estátua ser construída, é necessário que seja feita uma proposta de lei através de um verea- dor; já, no caso do patrimônio, o movimen- to pode ocorrer “de baixo para cima”, ou seja, com a solicitação de um grupo de in- divíduos, ao poder público, para sua cons- trução. A utilização de pequenos símbo- los como um pendente da estrela de Davi ou uma cruz também podem caracterizar patrimônio de caráter individual. “Patrimônios históricos não se restrin- gem apenas às obras de arte; até mesmo bairros, que contam com exposições e outros monumentos, são incluídos nes- te conceito. Bairros como a Liberdade e o Bom Retiro são regiões onde diversas culturas se encontram e, muitas vezes, há conflitos de interesses. Para exemplificar, o bairro da Liberdade possui este nome por ter sido uma área livre durante a épo- ca da escravidão; local para o qual escra- vos normalmente corriam durante suas fugas. Com o avanço da urbanização e os movimentos migratórios, a região foi ocu- pada por pessoas de origem asiática e seus descendentes e uma parte da histó- ria de sua origem foi perdida. A instalação das lâmpadas e iluminação das ruas da região se deram da forma como requer a criação de um patrimônio, pois um grupo de indivíduos solicitou o aparato, que foi instalado logo depois de sua aprovação”, disse o professor Funari. A reinauguração do Museu da Língua Portuguesa, depois de diversos anos em reforma, também categoriza a reabertura de mais um patrimônio. Com a realização da Fundação Roberto Marinho, a divul- gação do museu reformado foi feita pela emissora Globo de forma estratégica.O Professor Funari lembra, porém, que os recursos da instalação do museu foram também da iniciativa privada e por isso o caráter elitista da língua portuguesa vi- gente durante o Brasil colônia ainda per- siste. No entanto, ele celebrou sua criação, cujo objetivo é, entre outros, aproximar países que também falam o português. Apesar da extensa variedade de mo- numentos, patrimônios e museus no Bra- sil, muitos deles não costumam receber público em número satisfatório condizen- te com o acervo que possuem. As visitas e o público, que consomem ou buscam consumir esse tipo de conteúdo, acaba se restringindo aos passeios escolares que, muitas vezes, não contam com um pro- fissional instruído para dar explicações. Diferentemente de museus bastante co- nhecidos como o MASP (Museu de Arte de São Paulo) e o Museu do Ipiranga ou os que possuem ampla divulgação midi- ática como o Museu da Língua Portugue- sa, locais como o Museu da Imigração, o Memorial da Resistência ou a Pinacoteca acabam sendo preteridos. É bastante comum encontrar monu- mentos que buscam homenagear figuras históricas que hoje já não são prestigia- das. O professor Funari oferece, para tal situação, uma solução chamada de “con- tradiscurso”. Ao lado de um monumento em homenagem a uma figura histórica que, por determinadas razões, tenha vi- timado pessoas, pode-se alocar um me- morial com os nomes daqueles que sofre- ram as injustiças. Ao efeito da reparação histórica, também pode-se ressignificar o monumento com representações artísti- cas dos países ou regiões afetadas bus- cando mostrar a beleza de um grupo, an- tes oprimido. "Contradiscurso" pode ser solução para monumentos de personalidades hoje desprestigiadas Fo to : R ep ro du çã o 14 NOTÍCIA 15 SEÇÃO CULTURAL Docente da UNESP/Assis comenta o incêndio da estátua de Borba Gato Laís Naomi Hara Atendendo a uma solicitação do Jornal Nosso Câmpus (JNC), o professor Paulo Hen- rique Martinez, do Departamento de Histó- ria da FCL/Assis, discutiu sobre o incêndio da estátua do bandeirante Borba Gato, na cida- de de São Paulo, ocorrido no mês de julho. O ato se caracterizou como manifestação con- tra a figura dos bandeirantes, símbolo atual de opressão, em busca da reivindicação de direitos dos oprimidos. Sobre os monumentos, refere o professor Martinez: “[...] o processo de construção, pla- nejamento e alocação de monumentos se dá através de diversas etapas até que real- mente seja estabelecida uma localidade, fi- gura e artista responsável por sua execução. Estátuas e monumentos que se espalham ao redor de diversas cidades percorrem um extenso trajeto até finalmente serem vistas pelo público geral como conhecemos. Ape- sar de alguns desses monumentos não se encaixarem em certos padrões estéticos, todos são considerados obras de arte, inde- pendentemente de seu caráter estético”. “A grande maioria dos monumentos es- palhados pelo país possuem embasamen- to histórico como homenagem ou de ca- ráter celebrativo. A estátua de Borba Gato não foge a este conceito, sua origem é da- tada do período em que a região de Santo Amaro era considerada um município avul- so à cidade de São Paulo, e a construção da estátua está relacionada à data de celebra- ção do aniversário do pequeno município. O bandeirante Borba Gato acaba se tornando um símbolo alegórico às expedições de seu sogro Fernão Dias Paes Leme, responsável pela descoberta do ouro na região do atu- al Sabará, em Minas Gerais. Como já é de conhecimento geral, a imagem dos bandei- rantes é normalmente ligada à ideia de ex- ploração e ocupação territorial, colonialis- mo e obtenção de riquezas, tais ideias que não têm sido vistas com bons olhos pelos cidadãos”, explica o professor. Ainda de acordo com o professor Paulo Henrique Martinez, o incêndio da estátua de Borba Gato diz mais do que depredação do patrimônio público e reivindicação de direi- tos: “Em termos concretos de revisão histó- rica e política dos monumentos e das repre- sentações da história não foi dado nenhum passo decisivo no âmbito do poder público e da sociedade civil. A violência simbólica persiste como legítima, aceitável e pertinen- te, o que é incompatível com a democracia e os direitos humanos.”, diz o professor que também cita o uso do fogo como símbolo de destruição e renascimento. Além disso, o professor Martinez men- ciona outros episódios de vandalismo que sucederam ao incêndio da estátua do ban- deirante, tal como o ataque ao painel em homenagem à falecida vereadora Marielle Franco, no bairro de Pinheiros, na capital paulista, que foi depredado apenas dias depois. Situações como essas são uma forma de expressão que busca incitar à discussão sobre os símbolos e sua histó- ria, dando -lhes maior visibilidade e im- portância histórica. Com a possibilidade de discussões mais abertas, diversos pon- tos de vistas e opiniões podem entrar em conflito, o que pode levar à fuga da ques- tão-chave. Isso costuma ocorrer devido à imensa gama de informações. “A construção e manutenção de monu- mentos e estátuas também podem e de- vem ser usados como artefato a favor da educação, através das obras de arte é pos- sível revisitar momentos históricos e situ- ações passadas de grande relevância. Ao compreender o caráter histórico (e muitas vezes político) da figura representada, po- de-se compreender melhor as razões que levaram ao acontecimento de depredações e ataques como esses. Notícias como estas não são recentes; no ano de 1968, houve um ataque ao monumento de Federico Gar- cia Lorca por uma organização fascista bra- sileira, além de outras inúmeras depreda- ções datadas dos mais variados momentos e motivos”, finaliza o professor Martinez. Estátua do bandeirante Borba Gato foi incendiada em julho por manifestantes Fo to : R ep ro du çã o Tolkien e a simbologia Letícia Prado Em 2021, é muito provável que a maioria das pessoas já tenham ouvido falar de J. R. R. Tolkien ou de alguma de suas obras, pelo menos a mais famosa de todas, "Senhor dos Anéis", uma série de três livros publica- da originalmente em 1954, consagrando, com sua adaptação cinematográfica lan- çada em 2001, tanto o autor quanto a obra como marcos da cultura pop. Mas quem de fato era Tolkien? E como a sua identidade e vivência influenciaram diretamente até suas obras mais fantasiosas? Nos dias 17 e 24 de agosto, no canal do Youtube do NEAM Assis-Franca, foram re- alizados dois encontros, com transmissão ao vivo, de uma oficina para discutir com maior clareza todas as simbologias e refe- rências à vida do Tolkien encontráveis em suas obras. John Ronald Reuel Tolkien, nascido em Bloemfontein, uma colônia britânica na África do Sul, filho de um bancário e uma dona de casa, se formou em Letras na Universidade de Exeter na Inglaterra, se tornando-se logo a seguir professor uni- versitário e um grande filólogo no Reino Unido. Seu pai faleceu ainda muito novo, em Bloemfontein, a mãe, Mabel Tolkien, acabou ficando responsável pela renda fami- liar, e assim educou os filhos completamente sozinha; como consequência, influenciou dire- tamente no interesse do filho pela linguística e logo mais pela botânica e por outras área da biologia. Tolkien é considerado um bucólico (palavra relativa à vida e aos costumes do campo; cam- pestre) devido ao desenvolvimento complexo das espécies de animais, seres mágicos e es- paços da Terra Média, como, por exemplo, os hobbits e os anões, os elfos, entre outros. Além do seu interesse pela biologia, Tolkien era mui- to conhecido também por não gostar de tec- nologia e por rejeitar a modernidade como um todo, preferindo escrever sobre a natureza e sobre todos os elementos ao seu redor, como o mar e as árvores, o que o fez conhecido por sua narrativa detalhista, levando algumas pes- soas a, consensualmente, acharem sua escrita como algo difícil de ser consumida, mais ainda "O Simarillion", de 1977, sua obra mais densa. Outro exemplo nem tãoconhecido por uma maioria é o significado por trás da luta contra O Anel de Sauron: na história quem tiver muito contato com o anel acaba sendo sugado pelo seu poder, pois que ele desperta uma ganân- cia fora do normal em quem o possui. Isso aconteceu com o personagem Gollum, mas poucos sabem que o anel é, na verdade, uma metáfora referente à evolução da tecnologia e a todas as mudanças drásticas que o mundo sofreu (e continuou a sofrer, mesmo após a sua morte) no século XX. Um dos episódios mais marcantes da vida de Tolkien foi a ruptura da mãe com a Igreja protestante britânica, no caso, o an- glicanismo. A família Tolkien nascida e cria- da dentro dessa religião teve de se adaptar aos moldes do catolicismo, aos quais a mãe aderiu. Com o tempo, Tolkien se tornou um católico fervoroso e, assim como seu amigo C. S. Lewis, escritor de "As Crônicas de Nár- nia", as simbologias relacionadas à crença cristã em sua obra são diversas. Algumas delas. por exemplo, a "morte" do Gandalf e o seu retorno como Gandalf Branco são referências diretas à morte e ressurreição de Jesus Cristo, como lembas, o pão élfico, também conhecido como aquele que mata toda a fome, referência direta à hóstia con- sagrada, como ensina a fé católica. Tolkien e sua obra serviram de referên- cia para diversos outros nichos da fanta- sia e outras obras atemporais, como Star Wars, Harry Potter, e de jogos de RPG, como Dungeons and Dragons; ele recorreu a suas próprias referências, como a língua anglo-saxã, na qual era especialista, e a cultura celta, e a várias influências, como da Távola Redonda e do ciclo arturiano, por exemplo. Segundo o autor, os contos de fadas mostram os desejos primordiais dos adultos; se isso é verdade ou não, o fato é que as suas histórias marcaram a história e construíram um legado admirável. http://https://www.youtube.com/watch?v=SjiIHNDMRtE