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Prévia do material em texto

Ano XV ed. 72 [agosto de 2021]
Informativo da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp de Assis
RESISTÊNCIA - PÁGINAS 8 e 9
E mais: Seção 'Debate' publica artigo sobre "a bagunça da cidade" e ensaio acerca dos termos Par-olimpíadas e Par-olímpico; Alunos 
da UNESP/Assis começam a imunização contra a Covid-19; Comemorada em agosto, Semana Nacional da Pessoa com Deficiência 
Intelectual ou Múltipla deste ano visa transformar conhecimento sobre o tema em ações reais; Considerada um marco contra a 
violência doméstica no Brasil, Lei 'Maria da Penha' completa 15 anos; Evento apresenta novas mídias e plataformas didáticas; Após 
ser reformado, Museu da Língua Portuguesa reabre suas portas ao público; Professor da UNICAMP reflete sobre a situação dos 
patrimônios neste momento de revisão histórica; Docente da FCL comenta episódio do incêndio da estátua de Borba Gato, 
em São Paulo; Seção Cultural traz análise sobre as obras de J.R.R. Tolkien.
Faculdade de Ciências e 
Letras de Assis completa 
63 anos de fundação
2
Jornal Nosso Câmpus
Ficha Técnica
Reitor: 
Pasqual Barretti
Vice-reitora: 
Maysa Furlan
Diretor da FCL - Assis: 
Darío Abel Palmieri
Vice-Diretor da FCL - Assis: 
Francisco Cláudio Alves Marques
Editoração, Revisão e Coordenação: 
Cláudia Valéria Penavel Binato
Textos e Fotos: 
Equipe JNC
Revisão:
Samara Beatriz de Oliveira Paradello
Diagramação: 
Mayara Crispim Marino
Colaboração Técnica: 
STAEPE 
Esta é uma publicação da Faculdade 
de Ciências e Letras de Assis, Núcleo 
Integrado de 
Comunicação. Comentários, dúvidas ou 
sugestões, entre em contato pelo 
e-mail: jnossocampus@gmail.com.
3
EDITORIAL
Excelência e Resistência
Conhecida por sua excelência na formação 
de profissionais em Letras, História, Psicologia, 
Ciências Biológicas, Engenharia Biotecnológi-
ca e inúmeros projetos de extensão desen-
volvidos para atender a comunidade, a Facul-
dade de Ciências e Letras de Assis teve uma 
longa trajetória para consolidar esse status. 
Sua história começa como Faculdade de 
Filosofia, Ciências e Letras de Assis, FAFIA, 
um Instituto Isolado de Pesquisa, inaugurada 
em agosto de 1958, na gestão do então go-
vernador Jânio Quadros. Posteriormente, em 
1976, passou a fazer parte da Universidade 
Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, se 
tornando em 1989, Faculdade de Ciências e 
Letras de Assis, FCL. 
Ao longo desses 63 anos, a Faculdade de 
Ciências e Letras de Assis obteve, a cada pas-
so dessa trajetória, várias conquistas, como 
os cursos de mestrado e doutorado nas áre-
as que oferta, e se tornou ponto de referência 
no ensino, extensão e pesquisa para a comu-
nidade. Os projetos, desenvolvidos em vá-
rias cidades da região e também no exterior, 
abrangem várias áreas, como ensino de idio-
mas, atendimentos psicológicos e ensinos di-
DEBATE
A bagunça da cidade
É muito comum a primeira frase dire-
cionada à visita, antes de entrar em uma 
casa, ser “não repare a bagunça”. Esse pe-
dido revela as diferentes manifestações 
da comunicação social, pois as palavras 
proferidas ou a própria maneira de como 
os objetos estão dispostos no ambiente 
criam uma simbologia, crucial para a inter-
pretação dos fatos.
“Não repare a bagunça” significa “não 
interprete os objetos nem o modo como 
eles estão distribuídos em minha casa”. Os 
vestígios no cenário podem indicar que o 
morador gosta de tomar sorvete ou que 
alguém toca um instrumento musical ou 
que há, na casa, uma criança aprendendo 
a ler. 
Quando ainda aconteciam encontros 
presenciais, percebi que, em uma das reu-
niões de trabalho, tinha sido a última a 
chegar mesmo sem ter visto ainda todas 
as pessoas na sala. Isso porque a bolsa 
de cada uma das participantes estava em 
Cíntia Verza Amarante 
é mestranda em História pelo 
Programa de Pós-Graduação em História 
da UNESP, bolsista CNPq e colaboradora 
no Projeto de Extensão O museu é 
irmão da escola: arte e cidade. 
E-mail cintia.amarante@unesp.br.
cima mesa, ou seja, apenas por notar os 
objetos naquele ambiente e a forma como 
eles estavam expostos, assimilei a infor-
mação de que todas as outras pessoas já 
estavam ali. Se, ao contrário, alguém deci-
disse colocar o material em uma parte da 
sala onde minha visão não alcançasse, eu 
já não notaria meu atraso.
Decidindo o que mostrar e como mos-
trar, estamos decidindo também o que 
queremos mostrar e a quem, o que terá 
visibilidade, quem será visto ou ouvido e, 
consequentemente, o que ou quem não o 
será. Quando observamos lugares e ob-
jetos, nos deparamos com valores, com 
construções sociais, com indícios de vida e 
de morte. 
Do mesmo modo, as datas comemo-
rativas também atravessam nosso coti-
diano carregadas de narrativas. Elas nos 
permitem refletir nossa constituição en-
quanto indivíduos e sociedade. Em 17 de 
agosto, comemoramos o Dia Nacional do 
Patrimônio Cultural. Por que não entender 
essa data como um convite para observar 
e reparar, muito bem, a organização ou a 
bagunça que as cidades nos apresentam 
e, assim, poder ouvir o que elas têm a nos 
dizer. 
versos para a terceira idade, por exemplo. 
Para Assis, de maneira especial, a Fa-
culdade de Ciências e Letras trouxe desen-
volvimento econômico, social, educacional, 
cultural e tecnológico, tornando-se uma das 
maiores e mais importantes conquistas para 
a cidade. 
Com milhares de alunos formados e em 
formação, centenas de professores qualifica-
dos e diversos servidores dedicados, a Unesp 
Assis segue firme em seu objetivo primário: 
proporcionar uma educação de qualidade e 
transformar a sociedade em que vivemos por 
meio do ensino, pesquisa e extensão. 
Nesses 63 anos, muitos desafios foram 
enfrentados para manter essa meta e, se 
hoje a FCL continua cumprindo seu propósito, 
é porque muitos deles foram vencidos. Não é 
difícil prever que os próximos anos também 
serão potencialmente desafiadores. 
Na atual situação em que se encontra o 
país, diante de crises econômicas, políticas e 
sanitárias que afetam diretamente a univer-
sidade e o ensino, continuar oferecendo uma 
educação de qualidade, projetos de extensão 
de excelência e formando profissionais capa-
citados é resistir, e a resistência é uma tinta 
que o tempo não apaga.
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e
54
NOTÍCIADEBATE
Par-olimpíadas/Par-olímpico ou 
Para-limpíadas/Para-límpico
Os gregos faziam largo uso de compos-
tos. A língua se presta a isso, não só recor-
rendo a prevérbios, aos pronomes polýs 
e pân e a outros prevérbios, mas também 
unindo raízes. Muito comumumente usa-
vam palavras compostas, como nome de 
pessoas, para caracterizá-las. Por exem-
plo: Só-crates (sôs=sadio + krátos = força, 
Nico-lau níke = vitória + láos = povo, Antío-
co anti = contra + ókhos = carro etc.). Ainda 
hoje se recorre a compostos gregos para 
criação de conceitos novos. 
Para o nosso caso, interessam-nos os 
prevérbios (prefixos): aná, diá, katá, metá, 
pará.
A última vogal desses prevérbios se 
mantém, 
1) quando a palavra, a que se unem es-
ses prevérbios, começa por consoante; 
2) quando começa pela vogal, fundem-
se os ás, faz-se a crase; 
3) quando se encontra com as letras e 
ou o, ela se elide.
A elisão do a, quando a este segue e ou 
o, é o procedimento correto porquê: 
1) é assim que os gregos procediam e 
sabiam por quê; 
2) quando duas vogais se encontram, 
na formação de compostos, a segunda vo-
gal é pronunciada com mais intensidade e 
a tendência é a supressão da primeira; 
3) é comum, na poesia, em muitos ca-
sos, a elisão quando a primeira palavra 
termina em vogal e a segunda começa 
também por vogal; ocorre na poética e na 
linguagem cotidiana – os românticos a ela 
recorriam para evitar a sinérese; 
4) nos compostos, a primeira vogal da 
segunda palavra faz parte da raiz; se se 
elide essa vogal, desfaz-se a raiz e o resul-
tado é outro sentido ou nenhum. Esta é a 
razão principal para a manutenção da se-
gunda vogal, porque faz parte imprescin-
dível da raiz. 
Sirvam de exemplo as palavras: ânodo, 
catequese,cátedra, meteoro, parolímpico. 
Quem dissesse âna-do em vez de ân-o-
do, cuja raiz é od- (de odós = caminho), es-
taria ligando o prevérbio ao tema do- (do 
verbo dídomi = dar) e dizendo palavra sem 
sentido, inexistente.
Diria algo sem sentido quem dissesse 
cáta-dra, em vez de cát-edra, cuja raiz é 
hedr-(de hédra = cadeira, banco...), esta-
ria unindo o prevérbio à raiz dr- (do verbo 
dráo = fazer - do qual deriva a palavra dra-
ma). Cátadra não existe.
Sê, em vez de cat-equese, cuja raiz é 
ekhéo, que significa ressoar (êkhé, ékhos, 
ekhó, ékhema = som, ruído), se dissesse 
cata-quese, se estaria recorrendo à raiz 
kh- (do verbo khéo, que significa derramar, 
dissipar, deixar cair...) e usando palavra 
inexistente.
Se alguém digitasse meta-oro em vez 
de met-eoro estaria unindo o prevérbio à 
raiz do verbo horáo = ver ou do substan-
tivo hora = divisão do tempo, mas não à 
raiz do verbo aéiro = levantar, içar. E, dessa 
forma, não estaria se referindo, de modo 
algum, aos corpos celestes.
Sê, em vez de par-óquia, cuja raiz é oik- 
(de oikía = casa), se dissesse pará-quia, se 
estaria dizendo palavra sem sentido, ine-
xistente.
Nestes dias se ouve a toda hora, refe-
rente aos jogos par-olímpicos, a pronún-
cia para-límpicos. Pelo que ficou exposto, 
a palavra sem a letra inicial perde o senti-
do. Limpico não existe; -ico é sufixo - resta 
limp- que nos remete ao adjetivo limpo ou 
límpido, mas, de modo algum, à cidade da 
Grécia Olímpia - na Élida (costas ocidentais 
do Peloponeso) -, onde se realizavam, de 
4 em 4 anos, os Jogos Olímpicos, iniciados 
no sec. VIII a.C. (776) e encerrados no séc. 
IV p.C. (394) por ordem do imperador Teo-
dósio. 
Conclui-se, portanto que o correto é 
pronunciar e escrever par-olimpíadas e 
par-olímpico e, jamais, para-limpíadas e 
para-límpico. A primeira letra, qualquer 
que seja, faz parte essencial da raiz da 
palavra. Suprimida essa letra, desfaz-se a 
raiz e a palavra ou não existe ou tem outro 
significado. Mas, no Brasil - em que a lín-
gua portuguesa é tão maltratada, em que 
há pouco ou quase nenhum esforço para 
aprendê-la, em que se criam tantos neo-
logismos absurdos e compostos esdrúxu-
los, p.ex., quali-quantitativo, morbi-morta-
lidade etc., em que se empregam palavras 
imprecisas, que baralham o sentido do pe-
ríodo, em que se usa, desmesuradamente 
e, às mais das vezes, inapropriadamente, 
a locução prepositiva por conta de, que 
desbancou de vez a por causa de e outras 
de sentido similar, fato que ocorreu até no 
Supremo – falar e escrever para-límpico, 
indo de encontro aos princípios da linguís-
tica, não faz a mínima diferença, ninguém 
se importa. E viva o apregoado português 
brasileiro! – não o do povo – o que se quer 
ensinar nas escolas, porque dá muito tra-
balho ensinar e aprender o português-pa-
drão da literatura. 
 
Discentes da UNESP/Assis recebem a 
1ª dose da vacina contra a COVID-19
Com a antecipação do plano estadual de 
vacinação, a faixa etária de 18 a 24 anos, fai-
xa de idade média da comunidade unespia-
na, entrou no cronograma de vacinação do 
mês de agosto.
A Prefeitura do Município de Assis emitiu a 
nota de vacinação da população de 18 anos 
ou mais, divulgando que a primeira dose do 
imunizante seria aplicada no dia 10 de agos-
to. A comunidade unespiana residente em 
Assis deveria apresentar apenas um docu-
mento com foto e CPF, além do comprovante 
de residência.
O JNC entrou em contato com alguns dis-
centes imunizados com a 1ª dose para en-
tender o sentimento de alegria pela chegada 
desse dia, que concretizava a esperança de 
um possível retorno presencial às atividades. 
“Após tantos meses de angústia e perple-
xidade devido à má gestão do governo no 
enfrentamento da pandemia, ao negacio-
nismo e à descrença na ciência, a chegada 
do tão esperado dia da vacinação foi um dos 
melhores dias do ano. De minha parte, penso 
que este dia marcou o início de um novo capí-
tulo na história da quarentena, e espero que 
Mateus Abreu em breve possamos retornar às atividades 
presenciais, reencontrar colegas distantes e 
construir juntos um futuro no qual tragédias 
assim não se repitam", comentou Lucas Ber-
tolucci, aluno de História.
“Fui toda produzida para o grande evento, 
sim, e juro que não tenho palavras pra des-
crever a sensação dessa agulhada no meu 
bracinho; juro também que não existe sen-
sação melhor que sentir a picada, neste mo-
mento tão caótico, como sinal de esperança. 
Após tantos e tão longos meses esperando 
por este momento, nossa vez finalmente 
chegou. Parecia até um sonho, e cada minu-
to naquela fila, que parecia não acabar, valia 
ouro. Enfim a agulhada - foi até suave (para 
mim que morro de medo) – e, então, caí na 
realidade, depois de um longo suspiro de alí-
vio e muita alegria e esperança de um futuro 
melhor.Hoje só consigo agradecer e pensar: 
Como não pude tentar acabar com isso an-
tes? Agradeço imensamente ao SUS a minha 
vida, porque se ainda estou aqui deve ser por 
alguma razão, além de ser maravilhoso ver 
a expressão de cada um ao tomar a vacina. 
Mas também quero lembrar e lamentar tan-
tas vidas que poderiam ter sido salvas graças 
a essa “simples” agulhada. Viva o SUS! Viva 
a universidade pública! viva a ciência!”, come-
morou Júlia Mariah, do curso de Letras. 
“A pandemia tem sido um momento sin-
gular na história, ainda mais para os estudan-
tes das ciências biológicas. Nunca tivemos 
vacinas de laboratórios diferentes contra o 
mesmo vírus, e elaboradas com técnicas to-
talmente diferentes, sendo produzidas e tes-
tadas em uma velocidade nunca antes vista. 
Não tenho dúvida de que o que testemunha-
mos aqui é muito especial. Para que pudés-
semos tomar uma vacina produzida em ter-
ritório brasileiro muitos foram insistentes e 
perseverantes, reunindo os esforços de mui-
tas pessoas envolvidas e muitos laboratórios.. 
É triste o país ter chegado a esta situação com 
tantos e tantos mortos e contaminados. Fico 
feliz por ter feito minha parte, tornando-me 
um número positivo nas estatísticas. Afinal, 
desde o momento em que recebi a vacina 
passei a ser mais um número entre os vaci-
nados. Queria deixar um recado: a pandemia 
não acaba depois das duas doses da vacina. 
Como na vacina da gripe, é comum aconte-
cer de alguém ficar doente mesmo depois de 
vacinado e continuar transmitindo a doença! 
Então espero que todos continuem usando 
máscaras e respeitando suas "bolhas sociais" 
quando ocorrer a retomada das atividades 
presenciais e o controle da disseminação da 
doença", alertou Jefferson Lima, estudante 
de Ciências Biológicas.
PASSAPORTE PARA A VIDA 
Cumprindo aquilo que já se 
tornou um ritual nesta pandemia, 
estudantes fotografaram o 
momento da vacinação; esta 
nova etapa vem acompanhada da 
esperança de um retorno seguro 
às aulas presenciais.
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Aluysio Fávaro é professor aposentado 
da Universidade Estadual de Londrina (UEL); 
latinista e tradutor do Centro de Estudos 
Plinianos (CPEP) da Faculdade Ciências e 
Letras de Assis/UNESP.
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6 7
NOTÍCIA
Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e 
Múltipla 2021 cobra real aplicação das leis de inclusão
Em 22 de agosto comemora-se, no Brasil, 
o dia da Pessoa com Deficiência Intelectual. 
A APAE Brasil, Federação Nacional das APA-
Es, a maior rede de apoio às pessoas com 
Deficiência Intelectual ou Deficiência Múlti-
pla, organiza, desde 1963, a Semana Nacio-
nal da Pessoa com Deficiência Intelectual e 
Múltipla, introduzida, posteriormente, no ca-
lendário nacional pela Lei de Nº 13.585, san-
cionada em 26 de dezembro de 2017. 
Diz, em seu Art. 1, que fica instituída a Se-
mana Nacional da Pessoa com Deficiência 
Intelectual e Múltipla, a ser comemorada de 
21 a 28 de agosto de cada ano. Essas co-
memorações visam o desenvolvimento de 
conteúdos de conscientização da sociedade 
sobre as necessidades específicas de orga-
nização social e de políticas públicas para 
promover a inclusão social desse segmentopopulacional, combatendo o preconceito e a 
discriminação, como consta no Art. 2º. A Lei 
Vitória de Oliveira encontra-se no site oficial do Planalto. Obje-
tiva-se igualmente, nessa semana, divulgar 
conhecimento sobre as condições sociais 
das pessoas em situação de deficiência in-
telectual e múltipla, como uma maneira de 
transformar a realidade, superando as bar-
reiras que as impedem de participar coleti-
vamente em igualdade de condições com as 
demais pessoas. O Portal Instituto NeuroSa-
ber ainda revela que um tema é escolhido a 
cada ano. 
De acordo com a publicação do Portal Ins-
tituto NeuroSaber, em 2020, a deficiência 
intelectual se caracteriza como transtorno 
do desenvolvimento, atinge de 3 a 4% das 
crianças com nível cognitivo muito abaixo 
do esperado e dificuldades de adaptação 
em diversos espaços como, por exemplo, na 
escola, em seu processo de alfabetização, 
aprendizagem dos conteúdos diários den-
tro da sala de aula e resolução de problemas 
(funcionamento intelectual). 
As tarefas da vida diária das crianças 
com Deficiência Intelectual (DI) podem ser 
complexas, pois elas não compreendem de 
maneira adequada os sinais e os códigos 
sociais, apresentando dificuldades de rela-
cionamento ou interação, de comunicação e 
de se manterem independentes (funciona-
mento adaptativo).
 É justamente pela comprovação de pro-
blemas em seu funcionamento intelectual 
e adaptativo que a criança é diagnosticada 
com DI, sobretudo através de uma avaliação 
médica por meio de testes padronizados, 
em que a pontuação de QI entre 70 e 75 in-
dica uma limitação considerada significativa. 
A interpretação dos resultados pode, entre-
tanto, variar de acordo com cada caso, consi-
derando-se não apenas as dificuldades das 
crianças, mas também suas habilidades. 
Esses resultados podem diferenciar-se 
em outros testes, os quais demonstram que 
a pontuação do QI não reflete, de maneira 
precisa, no funcionamento intelectual geral 
da criança. No diagnostico disponibilizado 
por um profissional da saúde, existem três 
áreas que contemplam o seu funciona-
mento adaptativo: a Conceitual, a Social e a 
Prática. A NeuroSaber explica, por exemplo, 
que o funcionamento adaptativo é avaliado 
por meio de conversas com a criança, com 
os pais, professores e cuidadores. Os três 
graus que caracterizam a deficiência inte-
lectual são o leve, o moderado e o grave. Os 
sintomas mais graves aparecem na infância, 
como atraso nas habilidades motoras ou de 
linguagem. Já, os níveis mais leves de DI, na 
maioria dos casos, podem ser identificados 
até em idade escolar.
A deficiência intelectual não tem cura, 
mas possui tratamento. Conforme as infor-
mações do Instituto, a intervenção precoce 
e continua pode ajudar a melhorar a quali-
dade de vida das crianças, bem como per-
mitir-lhes que desenvolvam habilidades 
essências. Portanto, uma vez confirmado 
o diagnóstico, o tratamento consiste em 
entender os pontos fortes e as necessida-
des da criança para que sejam adotadas 
estratégias em casa, na escola e na clínica 
com acompanhamento profissional. No ar-
tigo do Portal, enfatiza-se que, com o apoio 
adequado, as crianças com DI podem não 
só desenvolver suas habilidades, mas tam-
bém suas competências a serem apro-
veitadas em sua aprendizagem e na vida 
diária, cotidiana. 
A deficiência múltipla, segundo a 
APAE de Cruzília, Minas Gerais, consis-
te na ocorrência simultânea de duas ou 
mais deficiências, que podem ser intelec-
tuais, físicas, emocionais, de distúrbios 
neurológicos, de linguagem e desenvol-
vimento educacional, vocacional e social. 
Ela dificulta a autossuficiência do porta-
dor e pode ser separada da seguinte ma-
neira: deficiência física e psíquica; sen-
sorial e psíquica; sensorial e física; física, 
psíquica e sensorial. Suas características 
dependem do desenvolvimento e altera-
ção de cada ordem e a necessidade de 
cada pessoa, verificada pela dificuldade 
na abstração de sua rotina diária, gestos 
ou comunicação. As crianças tendem a 
esquecer o que não praticam, bem como 
apresentam dificuldades no reconheci-
mento de pessoas do seu dia a dia, nos 
movimentos corporais involuntários e 
nas respostas mínimas a estímulos cau-
sados por barulhos e toques. O site tam-
bém informa que, dependendo do nível 
de deficiência múltipla, a criança poderá 
frequentar escola de ensino regular, des-
de que suas necessidades sejam res-
peitadas. Para obter mais informações 
acesse todo o documento.
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o
Em conformidade com o Portal, as defici-
ências múltiplas atrasam o desenvolvimento 
global da criança, o que dificulta sua aprendi-
zagem e, consequentemente, sua autonomia. 
Com níveis que podem variar de leves a seve-
ros, as deficiências acompanham as pessoas 
desde o nascimento ou podem ser adquiridas 
mais tarde, tais como baixa visão, cegueira, 
surdez, deficiência física ou intelectual e distúr-
bios neurológicos. No entanto, explica o site, a 
deficiência múltipla não é a soma dessas ca-
racterísticas. 
Em 2021, o tema escolhido para a Semana 
foi “É tempo de transformar conhecimento em 
ação”, pensada pelo fato de que, hoje, o Brasil 
possui uma das legislações mais avançadas 
do mundo quanto à garantia dos direitos da 
pessoa com deficiência. Na prática, contudo, 
a maior parte do que está assegurado por lei 
não é acessível a todos os deficientes. A APAE, 
ao pensar na efetivação desses direitos, diz 
em seu site que, com a temática de 2021, bus-
ca-se fomentar o debate nacional, levando, 
às pessoas em situação de deficiência inte-
lectual e múltipla, o conhecimento sobre seus 
direitos a transporte, moradia, acesso à edu-
cação, saúde e assistência social,. Todas as 
informações sobre a campanha e a Semana 
Nacional da Deficiência Intelectual e Múltipla 
estão disponíveis no site da APAE. Os interes-
sados também podem acessar os eventos di-
retamente no canal do Youtube da Instituição.
Embora conte com uma legislação avançada sobre este assunto, o Brasil ainda não consegue assegurar direitos aos deficientes
Evento on-line abordou os prejuízos que a pandemia trouxe ao desenvolvimento dos deficientes
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ro
du
çã
o
http://http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/L13585.htm
http://https://institutoneurosaber.com.br/o-que-e-deficiencia-intelectual-2/?gclid=Cj0KCQjw1dGJBhD4ARIsANb6Odl6yP2k5PLIqZwk7RGB10inHCONVzodC2_ZITek4b_LEQSG-hokzboaArfhEALw_wcB 
http://https://institutoneurosaber.com.br/o-que-e-deficiencia-intelectual-2/?gclid=Cj0KCQjw1dGJBhD4ARIsANb6Odl6yP2k5PLIqZwk7RGB10inHCONVzodC2_ZITek4b_LEQSG-hokzboaArfhEALw_wcB 
http://http://www.apaecruzilia.org.br/site/index.php/noticias/item/101-o-que-%C3%A9-defici%C3%AAncia-m%C3%BAltipla.html 
http://https://www.youtube.com/c/InstitutoApaeBrasil/videos
8 9
ESPECIAL
A Faculdade de Ciências e Letras de As-
sis/UNESP, que oferece Licenciatura em 
Letras, em História, em Ciências Biológicas 
e Bacharelado em Engenharia, em Biotec-
nologia, Ciências Biológicas e em Psicologia, 
além de cursos de pós- graduação, mestra-
do, doutorado e programas de extensão, 
completou, em agosto, 63 anos de história. 
Para conhecer um pouco melhor a trajetória 
da faculdade, o JNC contou com a participa-
ção do vice-diretor, Prof. Francisco Cláudio 
Alves Marques.
JNC: Professor, o Sr. poderia falar um pou-
co sobre a trajetória da faculdade?
Francisco C. A. Marques: Criada pela Lei 
Estadual nº 3.826, promulgada em feverei-
ro de 1957 pelo governador Jânio Quadros, a 
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de 
Assis (FAFIA), Instituto Isolado de Ensino Su-
perior, foi inaugurada oficialmente no dia 16 
de agosto de 1968, tendo as atividades de 
ensino do curso de Licenciatura em Letras 
início no mês de março de 1959.
Com a promulgação da Lei nº 952, de 30 
de janeiro de 1976, que criou a Universidade 
Faculdade de Ciências de Letras 
de Assis completa 63 anos
Natália Silva Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, 
os Institutos Isolados de EnsinoSuperior 
do estado de São Paulo foram incorpora-
dos à UNESP, mas somente em fevereiro de 
1989, após a aprovação do novo Estatuto da 
UNESP, foi estabelecida a atual denomina-
ção: Faculdade de Ciências e Letras, Câmpus 
de Assis.
O curso de Letras da FCL-Assis, que con-
ta com um Programa de Pós-Graduação em 
Letras da Faculdade de Ciências e Letras 
da UNESP-Assis, foi criado em 1979, com o 
curso de mestrado; o doutorado só foi ins-
talado em 1984. Consolidado ao longo dos 
anos, o Programa sofreu várias reformula-
ções (1984, 1985, 1999 e 2003). A partir de 
2003, adequando-se às exigências da legis-
lação federal, às normas da Universidade e à 
conformação do corpo docente, o Programa 
passou a ter apenas uma área de concentra-
ção: Literatura e Vida Social.
Além do curso de licenciatura em Letras, 
a FCL/UNESP-Assis oferece mais quatro 
cursos de graduação: em História, criado 
em 1963; em Psicologia, instalado em 1966; 
em Ciências Biológicas, criado em 1990 - ini-
cialmente oferecia apenas a modalidade li-
cenciatura e a partir de 1998 a modalidade 
bacharelado - e em Engenharia e Biotecno-
lógica, autorizado em 22 de maio de 2003, 
depois de a comunidade acadêmica e a so-
ciedade civil das cidades de Assis e circun-
vizinhas se envolverem em todo o processo 
de criação do curso, por meio de manifes-
tações públicas e gestões políticas junto às 
autoridades locais e estaduais.
Além de atuarem na graduação, os do-
centes do curso de História atuam também 
no Programa de Pós-Graduação em Histó-
ria, que compreende os níveis de mestrado 
e doutorado regularmente credenciados e 
avaliados pela CAPES. O referido Programa 
está estruturado em torno da área de con-
centração: História e Sociedade e inclui duas 
linhas de pesquisa: Política: Ações e Repre-
sentações e Cultura, Historiografia e Patri-
mônio.
O curso de Psicologia também oferece 
cursos de mestrado e doutorado reconheci-
dos pelo MEC através da portaria ministerial 
nº. 1077, de 03/09/2012, publicada no D.O.U. 
de 03/09/2012, republicada em 13/09/2012. 
O Programa de Pós-graduação em Psicolo-
gia tem como objetivo principal desenvolver 
um conjunto de ações formativas relacio-
nadas à pesquisa em Psicologia, elegendo 
como lócus de preocupações das investiga-
ções os processos psicológicos e de subjeti-
vação envolvidos no espaço social habitado 
pelo sujeito, seu cotidiano e as instituições 
que o cercam.
A FCL-Assis conta também com o Pro-
Em entrevista, vice-diretor do câmpus relembra os principais momentos desta trajetória e comenta sobre a relevância da Faculdade para toda a comunidade
grama de Pós-Graduação em Biociências 
- Interunidades, Área de Conhecimento 
”Caracterização e Aplicação da Diversidade 
Biológica”, nível de mestrado e doutorado, 
da Faculdade de Ciências e Letras, UNESP 
– Câmpus de Assis e Faculdade de Ciências 
UNESP - Câmpus de Bauru, cuja finalidade é 
formar recursos humanos altamente capaci-
tados.
A FCL-Assis oferece ainda o Programa 
de Mestrado Profissional em Letras (Pro-
fletras), oferecido em rede nacional, o qual 
conta com a participação de instituições de 
ensino superior públicas no âmbito do Sis-
tema Universidade Aberta do Brasil (UAB) e 
é coordenado pela Universidade Federal do 
Rio Grande do Norte (UFRN).
O programa tem como objetivo, a médio 
prazo, a formação de professores do ensino 
fundamental dedicados ao de língua portu-
guesa em todo o território nacional.
A Unidade de Assis conta também com 
dois importantes centros de pesquisa, o CE-
DAP e o CPPA. O Centro de Documentação 
e de Apoio à Pesquisa (CEDAP), perdeu, la-
mentavelmente, o status de Unidade Auxi-
liar após a publicação da Resolução 50 de 
2 de julho de 2019, mas continua exercen-
do todas as suas atividades e atendendo 
alunos de graduação e de pós-graduação 
interessados na consulta a determinada ti-
pologia de fontes para a pesquisa, como jor-
nais, documentos públicos e particulares, fo-
tografias, microfilmes e depoimentos orais 
gravados.
Já o CPPA – Unidade Auxiliar Complexa 
Centro de Pesquisa de Psicologia Aplicada 
"Dra. Betti Katzenstein" (CPPA), Serviço-Es-
cola vinculado ao curso de graduação em 
Psicologia, da FCL-Assis, manteve o status 
de Unidade Auxiliar e continua desenvol-
vendo atividades de ensino, pesquisa e ex-
tensão. Suas ações extensionistas abran-
gem, aproximadamente, dezoito municípios 
e tem-se consolidado como uma instituição 
de referência no atendimento à população e 
ações extensionistas junto ao Poder Judiciá-
rio, Secretarias Municipais, Escolas Públicas 
e Privadas, Hospital Regional, Ambulatório 
de Saúde Mental, Programa Saúde da Famí-
lia, Unidades Básicas de Saúde e Empresas 
Públicas e Privadas.
JNC: Qual a importância da Faculdade 
para a cidade de Assis?
Francisco C. A. Marques: Em linhas ge-
rais, nestes 63 anos a FCL-Assis prosperou 
e se consolidou como uma instituição de 
ensino superior de qualidade, atraindo não 
somente alunos da cidade e da região, mas 
também de todo o estado de São Paulo e, 
inclusive, do exterior, oferecendo formação 
pública e gratuita de excelente qualidade, 
tanto na graduação como na pós-gradua-
ção. Sua vocação é alicerçada na defesa e 
aprimoramento contínuos dos três pilares 
que indissociavelmente a sustentam: ensi-
no, pesquisa e extensão.
JNC: Acha que o fato da Faculdade conti-
nuar a funcionar representa resistência e re-
siliência? Em sua atuação ela leva em conta 
o contexto político e social de nosso país?
Francisco C. A. Marques: Diante do cená-
rio atual – pandemia do novo coronavírus, 
crise política e econômica –, assim como 
vêm fazendo outras instituições públicas de 
ensino, a FCL-Assis, apoiada por sua comu-
nidade acadêmica, formada por docentes, 
servidores técnico-administrativos e alunos, 
vem enfrentando bravamente este desafio 
com competência, seriedade e responsabi-
lidade, reorganizando o modelo de ensino, 
ajustando protocolos, estabelecendo proce-
dimentos e adequando os espaços para um 
iminente retorno ao trabalho. Constituem 
estes uma parte dos motivos que atestam a 
resiliência de nossa comunidade acadêmica.
O Jornal Nosso Câmpus dá os parabéns 
à FCL e agradece aos docentes e discentes 
que fizeram e fazem parte desta instituição 
tão importante para a formação de profissio-
nais competentes e indivíduos pensantes.
No início, a instituição tinha o nome de FAFIA, e abrigava o curso de Filosofia Encampada pela UNESP na década de 70, a Faculdade mudou de nome em 1989 Atualmente o câmpus da UNESP conta com cinco cursos de graduação 
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EVENTONOTÍCIA
Em vigor há 15 anos, lei "Maria da Penha" 
foi um marco na proteção às mulheres
Letícia Prado
No dia sete de agosto de 2021, com-
pletaram-se quinze anos desde que a 
Lei Maria da Penha foi aprovada (Lei 
11.340/06). É uma lei que foi motivada 
por violências e extrema gravidade co-
metidas pelo ex-companheiro da far-
macêutica cearense, Maria da Penha. 
Sua finalidade é proteger mulheres 
contra maus tratos praticados por (ex-)
maridos ou outros com quem convivem 
ou conviveram. Mas quem é Maria da 
Penha?
Maria da Penha é uma farmacêutica 
brasileira, natural do Ceará, que sofreu 
constantes agressões por parte do ma-
rido, com quem estava casada desde 
1976. Em 1983, seu esposo tentou ma-
tá-la com um tiro de espingarda. Ape-
sar de ter escapado da morte, ela ficou 
paraplégica. Quando, após tratamento, 
voltou para casa, sofreu nova tentativa 
de assassinato; o marido tentou ele-
trocutá-la. Enfim criou coragem e de-
nunciou o agressor, deparando-se com 
uma situação que muitas mulheres en-
frentavam em casos semelhantes: a in-
credulidade por parte da Justiça. 
Em defesa do agressor, o advogado 
sempre alegava irregularidades no pro-
cesso e o denunciado aguardava o jul-
gamento em liberdade. Em 1994, Ma-
ria da Penha lança o livro “Sobrevivi... 
Posso contar”, onde narra as violências 
sofridas por ela e pelas três filhas. Da 
mesma forma, resolveu acionar o Cen-
tro pela Justiça e o Direito Internacio-nal (CEJIL) e o Comitê Latino Americano 
e do Caribe para a Defesa dos Direitos 
da Mulher (CLADEM). Estes organismos 
encaminharam seu caso para a Comis-
são Interamericana de Direitos Huma-
nos da Organização dos Estados Ame-
ricanos (OEA), em 1998.
A importância da lei vai muito além 
da defesa de mulheres vítimas de vio-
lência doméstica, ela visa proteger-
lhes a vida, levando, em muitos casos, 
o agressor à cadeia. Após sua aprova-
ção, algumas mudanças no sistema de 
justiça antes inexistentes foram: 
• Prisão do suspeito de agressão;
• A violência doméstica passa a ser 
um agravante para aumentar a pena;
• Não é possível mais substituir a 
pena por doação de cesta básica ou 
multas;
• Ordem de afastamento do agres-
sor à vítima e seus parentes;
• Assistência econômica no caso 
da vítima ser dependente do agressor.
Entretanto, apesar da sua extraor-
dinária importância para a proteção 
de tantas mulheres os casos continu-
am, mormente pelo medo que muitas 
mulheres têm de fazer uma denúncia 
formal. Segundo a Agência Câmara de 
Notícias, no Brasil, uma em cada cinco 
mulheres é vítima de violência domés-
tica. Dados da Secretaria de Políticas 
para Mulheres apontam que cerca de 
80% dos casos de violência são cometi-
dos por parceiros ou ex-parceiros, que, 
por causa da pandemia, ficaram ou ain-
da ficam em casa, e uma convivência 
mais constante agrava a situação
A revista Isto é relata que, em abril, 
quando o isolamento social imposto 
pela pandemia já durava mais de um 
mês, a quantidade de denúncias de 
violência contra a mulher recebidas no 
canal 180 deu um salto: cresceu qua-
se 40% em relação ao mesmo mês de 
2019, segundo dados do Ministério da 
Mulher, da Família e dos Direitos Hu-
manos (MMDH). Em março, começando 
a quarentena a partir da última sema-
na do mês, o número de denúncias ti-
nha avançado quase 18% em relação 
a fevereiro, quando foi de 13,5%. Algu-
mas medidas alternativas foram sendo 
tomadas, e, com a internet disponível 
para quase todos, tornou-se viável/co-
mum mulheres vítimas fazerem um X 
com batom vermelho na palma da mão, 
e, indo à farmácia ou ao mercado ou ao 
banco, pudessem, mostrando o sinal, 
receber alguma ajuda emergencial.
A violência contra mulher, seja ela 
física, psicológica ou emocional, não 
deve ser tolerada em pleno século XXI; 
caso alguma conhecida ou vizinha es-
teja sendo vítima de violência domésti-
ca, denuncie recorrendo ao 180. 
Justiça passou a punir com mais rigor os crimes de violência, garantindo proteção às vítimas e prisão aos agressores
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A farmacêutica Maria da Penha, que dá nome à lei contra a violência doméstica.
Evento apresenta plataformas, aplicativos 
e mídias no contexto da Educação
O Programa Institucional de Bolsas de 
Iniciação à Docência (PIBID) de Inglês e 
Espanhol da UNESP de Assis convidou, 
no evento realizado pelo canal do Youtu-
be: Encontro de Literatura e Língua Ingle-
sa, os professores Daniel Vieira Sant’Anna 
e Daniele Sant’Anna para discutir o tema 
“Plataformas, aplicativos e mídias: Possi-
bilidades para o ensino e aprendizagem”. 
Daniel é graduado em Pedagogia, Tecno-
logia e Matemática, especialista em Mídia 
e Educação e doutorando em Educação 
pela UNESP de Marília, e Daniele é gradu-
ada em Pedagogia, especialista em Mídia 
para Educação, Gestão e Informática na 
Educação e mestranda em Docência para 
Educação Básica pela UNESP de Bauru. 
Os professores Daniel e Daniela ver-
saram sobre as configurações educacio-
nais da contemporaneidade, discutindo 
as estratégias e os caminhos para a me-
diação de aulas por meio das Tecnologias 
Digitais da Informação e Comunicação 
(TDIC´S) que, adaptadas aos recursos tec-
nológicos digitais aplicáveis à educação, 
contribuíram para as aulas remotas. Os 
professores revelaram que a oficina, pen-
sada incialmente para atividades presen-
ciais, foi adaptada para o contexto remoto, 
adequando-se ao momento pandêmico. 
Os docentes também apresentaram 
“As etapas da educação”, organizadas 
em três grandes grupos: Tecnologia Di-
gital, Pensamento Computacional e Cul-
tura Digital, os dois últimos com foco na 
educação. De acordo com Vieira Sant’An-
na, quando se trabalha com Pensamento 
Computacional e a depender da proposta, 
o uso de computadores ou smartphones, 
ao contrário do que parece, nem sempre é 
exigido, como é o caso do desenvolvimen-
to de algoritmos. Os professores disseram 
que, para a construção do Pensamento 
Computacional, é necessário conhecer to-
das as habilidades que englobam essas 
etapas e, para exemplificar o processo, é 
como pedir para o aluno descrever o tra-
jeto de sua casa até a escola ou escrever 
uma receita de bolo. Daniele destacou que 
as atividades lidam com matérias como 
a Matemática, principalmente ao se fazer 
referência a algoritmos, o que possibilita 
relacioná-las com outras áreas do conhe-
cimento. 
No que diz respeito às relações en-
tre Tecnologias Digitais de Informação 
e Comunicação, Educação e Cidadania, 
encontram-se para elas diretrizes legais 
Vitória de Oliveira
e políticas. Segundo o professor Vieira 
Sant’Anna, deve-se ter o domínio dessas 
orientações essenciais, principalmente 
para o uso de tecnologias, como a leitu-
ra do ECA, Marco Civil da Internet, Base 
Nacional Comum Curricular e Lei Geral 
de Produção de Dados. Um exemplo de 
restrição que segue rigorosamente es-
ses documentos citados é o da criação de 
e-mails que exige idade mínima para se 
obter uma conta. Em vista disso, muitas 
instituições se veicularam ao G-Suits, pla-
taforma voltada para fins educacionais, 
que não permite que o e-mail criado seja 
utilizado na criação de contas em redes 
sociais. 
Em seguida, Viera Sant’Anna chamou 
a atenção para a diferença entre compu-
tador e Smartphone, especialmente para 
os recursos que ambos oferecem. Ao se 
pensar em Google Meet, no computador, 
o navegador já é nativo, mas no caso do 
smartphone pode ser exigida a instalação 
de um aplicativo auxiliar. Por isso, para 
adequação do trabalho, deve-se saber 
qual recurso será utilizado pelo aluno. Ao 
precisar trabalhar com videoconferências 
e o professor não tiver um desktop com 
webcam à disposição, é possível vincular 
os dois aparelhos com o aplicativo Droid-
cam que, instalado no computador e no 
celular, permitirá que ele disponha de 
uma webcam sempre que necessário. 
Os pesquisadores indicaram também 
os recursos do Britannica Escola, site di-
vidido por conteúdos curriculares volta-
dos também para educação infantil e que 
possui um banco de imagens de ótima 
qualidade e isentas de direitos autorais, o 
que é ideal para fins não-comerciais. 
Para interações em sala de aula, foram 
indicadas algumas ferramentas como o 
Menti, site que apresenta uma nuvem de 
palavras. O professor faz uma pergunta e, 
assim que respondida, é possível visuali-
zar todas as palavras escritas e também 
a mais recorrente. Já, o aplicativo Plickers 
pede o uso do smarthphone para realizar 
a leitura de cards. O professor aponta o 
celular para o card levantado pelo aluno 
em uma atividade e consegue fazer a lei-
tura do QR Code e da posição escolhida 
pelo estudante. Esse aplicativo também 
identifica erros e acertos, resultados a que 
apenas os professores têm acesso. De 
acordo com os palestrantes, é uma ótima 
oportunidade para que pessoas tímidas 
interajam. 
Os professores apresentaram ainda 
um aplicativo de realidade aumentada, 
voltado para a educação e que permite a 
interação entre o mundo real e o virtual 
. O AR Animal tem foco na alfabetização 
e faz relação com a língua inglesa, além 
de permitir visualizar as ilustrações dos 
cards em 3D. O Quiver, aplicativo para co-
lorir , disponibiliza alguns desenhos para 
impressão. O aluno pode pintar e depois 
fazer a leitura do card personalizado. Com 
a interação e a realidade aumentada, as 
cores escolhidas pelos estudantes perma-
necem e há, inclusive, efeitos sonoros. O 
último aplicativo sugerido pelos professo-
res foi o Merge Cube; parautilizá-lo, é ne-
cessário um cubo ativador, que pode ser 
impresso; em seguida, é possível utilizar 
uns óculos de realidade aumentada, pas-
sível de ser confeccionado. O cubo pos-
sui oito páginas. Nele, o aluno poderá ver 
diversas esculturas que, acompanhadas 
de uma descrição, podem ser observadas 
de todos os ângulos, como, por exemplo, 
a de Marcus Aurelius, imperador romano. 
Caso os alunos não tenham smarthpho-
nes para a leitura do cubo, o próprio pro-
fessor pode sincronizar com uma televi-
são, proporcionando o acesso a todos. 
Para assistir ao evento completo e tam-
bém ao tutorial que indica como acessar e 
explorar esses aplicativos, entre no canal 
oficial no Youtube: Encontro de Litetarura 
e Língua Inglesa.
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http://https://www.youtube.com/watch?v=1AKOJ0fq9ks
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NOTÍCIA
Após incêndio, em 2015, Museu da 
Língua Portuguesa é reaberto em SP
Natália Silva
Aconteceu, no dia 31 de julho de 2021, a 
reinauguração do Museu da Língua Por-
tuguesa, uma instituição da Secretaria 
de Cultura e Economia Criativa do Esta-
do de São Paulo. Localizado na histórica 
Estação da Luz, em São Paulo, o museu 
estava fechado desde dezembro de 2015, 
quando foi atingido por um incêndio.
O JNC conversou com a professora Si-
lene Felix da Silva, que leciona na rede 
estadual (diretoria de Carapicuíba), e, atu-
almente, faz parte da docência de Língua 
Portuguesa no Centro de Mídias do Estado 
de São Paulo (CMSP), ministrando aulas 
para o oitavo ano do ensino fundamental.
A professora visitou o museu no dia 11 
de agosto de 2021, acompanhada de seu 
amigo, o professor Ruan Teixeira. Ela diz 
que estava ansiosa por esse momento e 
que suas expectativas foram superadas. 
Sobre sua experiência “ A visita inicia no 
terceiro andar; após a recepção, assis-
timos a um vídeo "Falares" que conta o 
contexto e pesquisa sobre a comunicação 
e a fala. Fiquei emocionada.”
Silene fala também um pouco sobre a 
importância que acredita que o museu te-
nha, e sobre o que representa a recupera-
ção desse patrimônio, especialmente no 
contexto enfrentado pelo país atualmente:
“Os museus, por si sós, são importantes 
para preservação da cultura e memória. 
A reabertura do Museu da Língua Portu-
guesa tem o papel de mostrar a importân-
cia desse patrimônio que vai além de um 
prédio, por carregar histórias de povos, de 
pessoas e da nossa ancestralidade. Aca-
bamos percebendo que ele conta muito 
sobre nós, principalmente no contexto 
em que vivemos. (A reabertura) mostra 
preocupação com a história do outro 
que certamente contribui para a constru-
ção da minha história. A restauração do 
museu mostra, acima de tudo, o quanto 
apreciamos e valorizamos nossa língua.” 
A professora termina deixando um convi-
te: que todos aqueles que têm oportuni-
dade agendem uma visita ao museu, pois 
terão grandes oportunidades de interagir 
com obras clássicas e contemporâneas 
por meio da tecnologia acessível aos di-
versos públicos.
Conforme relatou Marília Bonas, direto-
ra técnica do Museu para o Jornal da Uni-
versidade de São Paulo (Jornal da USP 
– 27/7/2021), o estabelecimento reabriu 
“com um novo projeto de segurança, que 
dispõe de toda uma série de equipamen-
tos em caso de emergência, com sistemas 
automatizados de alerta que detectam 
qualquer anomalia, além de uma brigada 
treinada para impedir tragédias”.
Das inúmeras atrações que o espaço 
oferece ao público, noticiadas na mídia, a 
exposição “Falares”, conduz os visitantes 
através de um “bosque” composto por te-
las que mostram a diversidade dos fala-
res regionais e sociais do Brasil. Falando 
ainda para o Jornal da USP, Marília Bo-
nas destacou que a referida atração tem 
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como objetivo combater o preconceito lin-
guístico e celebrar a diversidade.
O Museu é parte do patrimônio histó-
rico e cultural brasileiro, celebra a língua 
portuguesa como parte da cultura dos 
povos que falam esta língua e é relevan-
te para o país como um todo, não apenas 
para os que fazem parte das profissões 
voltadas às letras. Sua reabertura nos 
lembra a importância da preservação de 
nossa memória, memória de um povo, e é 
um acontecimento que deve ser celebra-
do.
MEMÓRIAS DO MUSEU
Professor do curso de Letras, Marco Antônio Domingues Sant'Anna também 
comentou a importância do Museu para os estudantes da língua portuguesa:
"Na qualidade de docente da disciplina de Língua Portuguesa da FCLAs-
sis, não só visitei sozinho como também coordenei algumas excursões com 
alunos da Graduação ao Museu da Língua Portuguesa, antes do incêndio de 
grandes proporções que o atingiu em 21 de dezembro de 2015. De acordo com 
o Corpo de Bombeiros de São Paulo, 37 viaturas e 97 homens foram enviados 
ao local, que disseram que por volta de 17h15 as chamas estavam controladas. 
Entretanto por volta de 17h30 o incêndio atingiu a torre do museu.
O espaço cultural foi inaugurado oficialmente no dia 20 de março de 2006 e 
aberto ao público no dia 21 de março daquele ano. Para quem, como eu e meus 
alunos, que tiveram a oportunidade de visitar os 4,3 mil m2 do local, ficamos 
sem palavras para descrever o sentimento de perda material e humana com o 
incêndio.
Todavia, depois de seis anos, o Museu foi reinaugurado em 31 de julho do 
corrente ano, seguindo todos os protocolos devido à pandemia. Trata-se de 
um dos primeiros espaços culturais totalmente dedicados a um idioma, sendo 
localizado na Luz, região central de São Paulo, cidade que tem o maior número 
de falantes do português no mundo".
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O Museu da Língua Portuguesa fica em São Paulo, na Estação da Luz
NOTÍCIA
Professor da Unicamp fala sobre 
"Patrimônio em tempos de destruição"
Laís Naomi Hara
O professor Pedro Paulo Abreu Funa-
ri, do Departamento de História da UNI-
CAMP, realizou uma palestra, no último 
dia 23 de agosto, sob a temática “Patri-
mônio em tempos de destruição”. O pro-
fessor, em entrevista ao Jornal Nosso 
Câmpus (JNC), abordou questões atuais 
referentes à situação dos patrimônios 
históricos no Brasil. 
O JNC perguntou ao professor o que di-
ferencia uma estátua de um patrimônio 
histórico e qual seria a solução para os 
símbolos brasileiros depredados nessa 
sucessão de eventos trágicos.
O professor Funari explicou que há re-
lação entre o poder público e o conceito 
de patrimônio histórico. Para uma estátua 
ser construída, é necessário que seja feita 
uma proposta de lei através de um verea-
dor; já, no caso do patrimônio, o movimen-
to pode ocorrer “de baixo para cima”, ou 
seja, com a solicitação de um grupo de in-
divíduos, ao poder público, para sua cons-
trução. A utilização de pequenos símbo-
los como um pendente da estrela de Davi 
ou uma cruz também podem caracterizar 
patrimônio de caráter individual. 
“Patrimônios históricos não se restrin-
gem apenas às obras de arte; até mesmo 
bairros, que contam com exposições e 
outros monumentos, são incluídos nes-
te conceito. Bairros como a Liberdade e 
o Bom Retiro são regiões onde diversas 
culturas se encontram e, muitas vezes, há 
conflitos de interesses. Para exemplificar, 
o bairro da Liberdade possui este nome 
por ter sido uma área livre durante a épo-
ca da escravidão; local para o qual escra-
vos normalmente corriam durante suas 
fugas. Com o avanço da urbanização e os 
movimentos migratórios, a região foi ocu-
pada por pessoas de origem asiática e 
seus descendentes e uma parte da histó-
ria de sua origem foi perdida. A instalação 
das lâmpadas e iluminação das ruas da 
região se deram da forma como requer a 
criação de um patrimônio, pois um grupo 
de indivíduos solicitou o aparato, que foi 
instalado logo depois de sua aprovação”, 
disse o professor Funari. 
A reinauguração do Museu da Língua 
Portuguesa, depois de diversos anos em 
reforma, também categoriza a reabertura 
de mais um patrimônio. Com a realização 
da Fundação Roberto Marinho, a divul-
gação do museu reformado foi feita pela 
emissora Globo de forma estratégica.O 
Professor Funari lembra, porém, que os 
recursos da instalação do museu foram 
também da iniciativa privada e por isso 
o caráter elitista da língua portuguesa vi-
gente durante o Brasil colônia ainda per-
siste. No entanto, ele celebrou sua criação, 
cujo objetivo é, entre outros, aproximar 
países que também falam o português. 
Apesar da extensa variedade de mo-
numentos, patrimônios e museus no Bra-
sil, muitos deles não costumam receber 
público em número satisfatório condizen-
te com o acervo que possuem. As visitas 
e o público, que consomem ou buscam 
consumir esse tipo de conteúdo, acaba se 
restringindo aos passeios escolares que, 
muitas vezes, não contam com um pro-
fissional instruído para dar explicações. 
Diferentemente de museus bastante co-
nhecidos como o MASP (Museu de Arte 
de São Paulo) e o Museu do Ipiranga ou 
os que possuem ampla divulgação midi-
ática como o Museu da Língua Portugue-
sa, locais como o Museu da Imigração, o 
Memorial da Resistência ou a Pinacoteca 
acabam sendo preteridos.
É bastante comum encontrar monu-
mentos que buscam homenagear figuras 
históricas que hoje já não são prestigia-
das. O professor Funari oferece, para tal 
situação, uma solução chamada de “con-
tradiscurso”. Ao lado de um monumento 
em homenagem a uma figura histórica 
que, por determinadas razões, tenha vi-
timado pessoas, pode-se alocar um me-
morial com os nomes daqueles que sofre-
ram as injustiças. Ao efeito da reparação 
histórica, também pode-se ressignificar o 
monumento com representações artísti-
cas dos países ou regiões afetadas bus-
cando mostrar a beleza de um grupo, an-
tes oprimido. 
"Contradiscurso" pode ser solução para monumentos de personalidades hoje desprestigiadas
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NOTÍCIA
15
SEÇÃO CULTURAL
Docente da UNESP/Assis comenta 
o incêndio da estátua de Borba Gato 
Laís Naomi Hara
Atendendo a uma solicitação do Jornal 
Nosso Câmpus (JNC), o professor Paulo Hen-
rique Martinez, do Departamento de Histó-
ria da FCL/Assis, discutiu sobre o incêndio da 
estátua do bandeirante Borba Gato, na cida-
de de São Paulo, ocorrido no mês de julho. O 
ato se caracterizou como manifestação con-
tra a figura dos bandeirantes, símbolo atual 
de opressão, em busca da reivindicação de 
direitos dos oprimidos. 
Sobre os monumentos, refere o professor 
Martinez: “[...] o processo de construção, pla-
nejamento e alocação de monumentos se 
dá através de diversas etapas até que real-
mente seja estabelecida uma localidade, fi-
gura e artista responsável por sua execução. 
Estátuas e monumentos que se espalham 
ao redor de diversas cidades percorrem um 
extenso trajeto até finalmente serem vistas 
pelo público geral como conhecemos. Ape-
sar de alguns desses monumentos não se 
encaixarem em certos padrões estéticos, 
todos são considerados obras de arte, inde-
pendentemente de seu caráter estético”.
“A grande maioria dos monumentos es-
palhados pelo país possuem embasamen-
to histórico como homenagem ou de ca-
ráter celebrativo. A estátua de Borba Gato 
não foge a este conceito, sua origem é da-
tada do período em que a região de Santo 
Amaro era considerada um município avul-
so à cidade de São Paulo, e a construção da 
estátua está relacionada à data de celebra-
ção do aniversário do pequeno município. O 
bandeirante Borba Gato acaba se tornando 
um símbolo alegórico às expedições de seu 
sogro Fernão Dias Paes Leme, responsável 
pela descoberta do ouro na região do atu-
al Sabará, em Minas Gerais. Como já é de 
conhecimento geral, a imagem dos bandei-
rantes é normalmente ligada à ideia de ex-
ploração e ocupação territorial, colonialis-
mo e obtenção de riquezas, tais ideias que 
não têm sido vistas com bons olhos pelos 
cidadãos”, explica o professor. 
Ainda de acordo com o professor Paulo 
Henrique Martinez, o incêndio da estátua de 
Borba Gato diz mais do que depredação do 
patrimônio público e reivindicação de direi-
tos: “Em termos concretos de revisão histó-
rica e política dos monumentos e das repre-
sentações da história não foi dado nenhum 
passo decisivo no âmbito do poder público 
e da sociedade civil. A violência simbólica 
persiste como legítima, aceitável e pertinen-
te, o que é incompatível com a democracia 
e os direitos humanos.”, diz o professor que 
também cita o uso do fogo como símbolo de 
destruição e renascimento.
Além disso, o professor Martinez men-
ciona outros episódios de vandalismo que 
sucederam ao incêndio da estátua do ban-
deirante, tal como o ataque ao painel em 
homenagem à falecida vereadora Marielle 
Franco, no bairro de Pinheiros, na capital 
paulista, que foi depredado apenas dias 
depois. Situações como essas são uma 
forma de expressão que busca incitar à 
discussão sobre os símbolos e sua histó-
ria, dando -lhes maior visibilidade e im-
portância histórica. Com a possibilidade 
de discussões mais abertas, diversos pon-
tos de vistas e opiniões podem entrar em 
conflito, o que pode levar à fuga da ques-
tão-chave. Isso costuma ocorrer devido à 
imensa gama de informações. 
“A construção e manutenção de monu-
mentos e estátuas também podem e de-
vem ser usados como artefato a favor da 
educação, através das obras de arte é pos-
sível revisitar momentos históricos e situ-
ações passadas de grande relevância. Ao 
compreender o caráter histórico (e muitas 
vezes político) da figura representada, po-
de-se compreender melhor as razões que 
levaram ao acontecimento de depredações 
e ataques como esses. Notícias como estas 
não são recentes; no ano de 1968, houve 
um ataque ao monumento de Federico Gar-
cia Lorca por uma organização fascista bra-
sileira, além de outras inúmeras depreda-
ções datadas dos mais variados momentos 
e motivos”, finaliza o professor Martinez. 
Estátua do bandeirante Borba Gato foi incendiada em julho por manifestantes
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Tolkien e a simbologia
Letícia Prado
Em 2021, é muito provável que a maioria 
das pessoas já tenham ouvido falar de J. R. 
R. Tolkien ou de alguma de suas obras, pelo 
menos a mais famosa de todas, "Senhor 
dos Anéis", uma série de três livros publica-
da originalmente em 1954, consagrando, 
com sua adaptação cinematográfica lan-
çada em 2001, tanto o autor quanto a obra 
como marcos da cultura pop. Mas quem de 
fato era Tolkien? E como a sua identidade 
e vivência influenciaram diretamente até 
suas obras mais fantasiosas?
Nos dias 17 e 24 de agosto, no canal do 
Youtube do NEAM Assis-Franca, foram re-
alizados dois encontros, com transmissão 
ao vivo, de uma oficina para discutir com 
maior clareza todas as simbologias e refe-
rências à vida do Tolkien encontráveis em 
suas obras. 
John Ronald Reuel Tolkien, nascido em 
Bloemfontein, uma colônia britânica na 
África do Sul, filho de um bancário e uma 
dona de casa, se formou em Letras na 
Universidade de Exeter na Inglaterra, se 
tornando-se logo a seguir professor uni-
versitário e um grande filólogo no Reino 
Unido. Seu pai faleceu ainda muito novo, 
em Bloemfontein, a mãe, Mabel Tolkien, 
acabou ficando responsável pela renda fami-
liar, e assim educou os filhos completamente 
sozinha; como consequência, influenciou dire-
tamente no interesse do filho pela linguística 
e logo mais pela botânica e por outras área da 
biologia.
Tolkien é considerado um bucólico (palavra 
relativa à vida e aos costumes do campo; cam-
pestre) devido ao desenvolvimento complexo 
das espécies de animais, seres mágicos e es-
paços da Terra Média, como, por exemplo, os 
hobbits e os anões, os elfos, entre outros. Além 
do seu interesse pela biologia, Tolkien era mui-
to conhecido também por não gostar de tec-
nologia e por rejeitar a modernidade como um 
todo, preferindo escrever sobre a natureza e 
sobre todos os elementos ao seu redor, como 
o mar e as árvores, o que o fez conhecido por 
sua narrativa detalhista, levando algumas pes-
soas a, consensualmente, acharem sua escrita 
como algo difícil de ser consumida, mais ainda 
"O Simarillion", de 1977, sua obra mais densa. 
Outro exemplo nem tãoconhecido por uma 
maioria é o significado por trás da luta contra 
O Anel de Sauron: na história quem tiver muito 
contato com o anel acaba sendo sugado pelo 
seu poder, pois que ele desperta uma ganân-
cia fora do normal em quem o possui. Isso 
aconteceu com o personagem Gollum, mas 
poucos sabem que o anel é, na verdade, uma 
metáfora referente à evolução da tecnologia e 
a todas as mudanças drásticas que o mundo 
sofreu (e continuou a sofrer, mesmo após a 
sua morte) no século XX.
Um dos episódios mais marcantes da 
vida de Tolkien foi a ruptura da mãe com a 
Igreja protestante britânica, no caso, o an-
glicanismo. A família Tolkien nascida e cria-
da dentro dessa religião teve de se adaptar 
aos moldes do catolicismo, aos quais a mãe 
aderiu. Com o tempo, Tolkien se tornou um 
católico fervoroso e, assim como seu amigo 
C. S. Lewis, escritor de "As Crônicas de Nár-
nia", as simbologias relacionadas à crença 
cristã em sua obra são diversas. Algumas 
delas. por exemplo, a "morte" do Gandalf 
e o seu retorno como Gandalf Branco são 
referências diretas à morte e ressurreição 
de Jesus Cristo, como lembas, o pão élfico, 
também conhecido como aquele que mata 
toda a fome, referência direta à hóstia con-
sagrada, como ensina a fé católica.
Tolkien e sua obra serviram de referên-
cia para diversos outros nichos da fanta-
sia e outras obras atemporais, como Star 
Wars, Harry Potter, e de jogos de RPG, 
como Dungeons and Dragons; ele recorreu 
a suas próprias referências, como a língua 
anglo-saxã, na qual era especialista, e a 
cultura celta, e a várias influências, como 
da Távola Redonda e do ciclo arturiano, por 
exemplo. Segundo o autor, os contos de 
fadas mostram os desejos primordiais dos 
adultos; se isso é verdade ou não, o fato é 
que as suas histórias marcaram a história e 
construíram um legado admirável. 
http://https://www.youtube.com/watch?v=SjiIHNDMRtE

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