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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA CAMPUS DE BOTUCATU MEL DA MICRORREGIÃO DE CAMPOS DO JORDÃO, ESTADO DE SÃO PAULO: UMA PROPOSTA INICIAL PARA DENOMINAÇAO DE ORIGEM. JULIANA DO NASCIMENTO BENDINI Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Zootecnia - Área de Concentração: Produção Animal, como parte das exigências para obtenção do título de Doutor. BOTUCATU, SÃO PAULO Janeiro de 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA CAMPUS DE BOTUCATU MEL DA MICRORREGIÃO DE CAMPOS DO JORDÃO, ESTADO DE SÃO PAULO: UMA PROPOSTA INICIAL PARA DENOMINAÇAO DE ORIGEM. JULIANA DO NASCIMENTO BENDINI Bióloga Orientador: Prof. Dr. Ricardo de Oliveira Orsi Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Zootecnia - Área de Concentração: Produção Animal, como parte das exigências para obtenção do título de Doutor. BOTUCATU, SÃO PAULO Janeiro de 2010 FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉCNICA DE AQUISIÇÃO E TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO – SERVIÇO TÉCNICO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - UNESP – FCA - LAGEADO - BOTUCATU (SP) Bendini, Juliana do Nascimento, 1978- B458m Mel da microrregião de Campos do Jordão, Estado de São Paulo: uma proposta inicial para denominação de origem / Juliana do Nascimento Bendini. – Botucatu : [s.n.], 2009. vii, 98 f. : fots. color., gráfs., tabs. Tese (Doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Botucatu, 2009 Orientador: Ricardo de Oliveira Orsi Inclui bibliografia. 1. Mel. 2. Denominação de origem. 3. Sistema de Informações Geográficas (SIG). 4. Serra da Mantiqueira Paulista. 5. Redes Neurais Artificiais (RNA). I. Orsi, Ricardo de Oliveira. II. Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Campus de Botucatu). Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia. III. Título. i “Conta a lenda que vivia uma princesa encantada da Brava Tribo Guerreira do Povo Puri. Seu nome o tempo esqueceu, seu rosto a lembrança perdeu; só se sabe que era linda. Era tão linda que todos a queriam, mas ela não queria ninguém. Vira homens se matarem por vê-la. Como poderiam amá-la se não amavam a si próprios? A Bela princesa se apaixonou pelo Sol, o guerreiro de cocar de fogo e carcás de ouro que vivia lá em cima, no céu, caçando para Tupã. Mas o Sol, ao contrário de tantos príncipes, não queria saber dela. Mas ela era tão bonita, seus lábios de mel e seiva e sua virginal lascívia, acabaram também por encantar o sol. E o Guerreiro de Cocar de Fogo fazia horas de meio-dia sobre o Itaguaré... O sol não se punha mais e não havia sono, e não havia sonho, e tão perto vinha o Sol beijar a amada que os pastos se incendiavam, a capoeira secava e ferviam os lamaçais... A Lua viu que estava ameaçada por uma simples mulher. O Sol, que na Oca do Infinito já lhe dera tantas madrugadas de prazer, tantas auroras de puro gosto, se apaixonara por uma mulher... E de tanto, tanto que Tupã quis saber o que era que a Lua, cheia de ódio, crescente de ciúmes, minguando de dor, e se fez novo de noite-sem-lua e foi contar tudo para Tupã. Como uma simples mulher ousou amar o Sol? Que ele nunca mais a visse! Mas o Sol tudo vê!... Tupã ergueu a maior montanha que existia e lá dentro encerrou a Princesinha Encantada da Brava Tribo Guerreira Puri . O Sol, de dor, sangrou poentes e quis se afogar no mar. A Lua, com a dor de seu amado, chorou miríades de estrelas, constelatos e prantos de luz. Mas nenhum choro foi tão chorado como o da Princesinha, tão bela, que nunca mais pode ver o dia, que nunca mais sentiria o Sol... Ela chorou rios de lágrimas, Rio Verde, Rio Passa Quatro, Rio Quilombo, rios de águas límpidas, minas, fontes, grotas, vibeiras, enchentes, corredeiras, bicas, mananciais. Seu povo esqueceu seu nome, mas chamou de Amantiquira, a "Serra-que-chora". Mantiqueira, a montanha que a cobriu...” (Trecho da peça "A fantástica Lenda de Algures”) DEDICO AOS APIDEDICO AOS APIDEDICO AOS APIDEDICO AOS APICULTORES DA SERRA DA MANTIQUEIRCULTORES DA SERRA DA MANTIQUEIRCULTORES DA SERRA DA MANTIQUEIRCULTORES DA SERRA DA MANTIQUEIRAAAA ii AGRADECIMENTOS À Deus, a energia amorosa que permeia a teia da vida; Aos meus pais e familiares, por me apoiarem nessa importante decisão; Ao Prof. Dr. Ricardo de Oliveira Orsi, pela disponibilidade para a orientação e amizade; Ao Programa de Pós-graduação em Zootecnia, pela oportunidade de realização do curso; À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela bolsa de estudo concedida, permitindo a realização desse trabalho; À Profa. Dra. Lídia Maria Ruv Carelli Barreto, pelos ensinamentos, amizade e por despertar em mim o amor pela apicultura, além da parceria na realização das análises laboratoriais do mel, objeto de estudo; Ao meu irmão, Hugo do Nascimento Bendini, e à Profa. Dra. Silvia Helena Modenese Gorla da Silva, da UNESP de Registro, pela análise estatística; Às Casas de Agricultura de São Bento do Sapucaí e Santo Antonio do Pinhal, representadas pelas engenheiras agrônomas, Alessandra e Assuncion, pela amizade e por viabilizar o contato direto com os apicultores; Ao Sindicato Rural de Monteiro Lobato, representado pela veterinária e zootecnista, Marilucia Lamoglia, por viabilizar o contato direto com os apicultores de Monteiro Lobato e pelo presente de sua amizade; Ao técnico do Laboratório de Análises de Produtos Apícolas do CEA-UNITAU, Benedito Galvão, pelo auxílio nas análises do mel; Aos secretários, Solange, Seila e Carlos, pela paciência e disponibilidade em ajudar em todos os momentos; Às bibliotecárias, Ana Lucia Kempinas e Janaína Celoto Guerrero, pela ajuda nas referencias bibliográficas e ficha catalográfica; Aos amigos, Myrna, Lívia, Juliana, Bili, Carmem, Dib e André Parmesão, pelo apoio e amizade constantes em todos os momentos de minha estadia em Botucatu; A minha prima irmã, Natália Bendini, pela amizade incondicional e pela criação da logomarca “Mel de Campos do Jordão”; À todos aqueles que participaram e contribuíram para a finalização desta etapa da minha vida, especialmente à Martina Alena Haslberger, pela amizade e apoio. iii SUMÁRIO CAPÍTULO 1..............................................................................................................................01 CONSIDERAÇÕES INICIAIS....................................................................................................02 Referências Bibliográficas............................................................................................................17 CAPÍTULO 2..............................................................................................................................25 A DELIMITAÇÃO DO TERRITÓRIO APÍCOLA DA MICRORREGIÃO DE CAMPOS DO JORDÃO-SP ATRAVÉS DO SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS-SIG. Resumo.........................................................................................................................................26 Abstract.........................................................................................................................................27 1- Introdução........................................................................................................................28 2- Material e Métodos..........................................................................................................30 3- Resultados e Discussões..................................................................................................33 4- Conclusões.......................................................................................................................395- Agradecimentos...............................................................................................................39 6- Referências Bibliográficas...............................................................................................40 CAPÍTULO 3..............................................................................................................................42 CARACTERIZAÇÃO DO MODO DE PRODUÇÃO APÍCOLA NA MICRORREGIÃO DE CAMPOS DO JORDAO-SP. Resumo.........................................................................................................................................43 Abstract.........................................................................................................................................44 1- Introdução........................................................................................................................45 2- Material e Métodos..........................................................................................................46 3- Resultados e Discussões..................................................................................................47 4- Conclusões.......................................................................................................................58 5- Agradecimentos...............................................................................................................58 6- Referencias Bibliográficas...............................................................................................58 CAPÍTULO 4..............................................................................................................................61 CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E AVALIAÇÃO SENSORIAL DO MEL PROVENIENTE DA MICRORREGIÃO DE CAMPOS DO JORDÃO, SÃO PAULO. Resumo.........................................................................................................................................62 Abstract.........................................................................................................................................63 1- Introdução........................................................................................................................64 2- Material e Métodos..........................................................................................................66 3- Resultados e Discussões..................................................................................................69 4- Conclusões.......................................................................................................................76 5- Referências Bibliográficas...............................................................................................77 CAPÍTULO 5 .............................................................................................................................82 PROPOSTA PARA DENOMINAÇÃO DE ORIGEM: O MEL PROVENIENTE DA MICRORREGIAO DE CAMPOS DO JORDÃO, SÃO PAULO. Resumo.........................................................................................................................................83 Abstract.........................................................................................................................................84 Referencias Bibliográficas............................................................................................................96 IMPLICAÇÕES.........................................................................................................................98 iv SUMÁRIO DE TABELAS CAPÍTULO 4 Tabela 1. Matriz de confusão do resultado da classificação das amostras de mel da microrregião de Campos do Jordão.................................................................................71 SUMÁRIO DE QUADROS CAPÍTULO 2 Quadro 1. Número de apicultores, colméias e produtividade de mel da microrregião de Campos do Jordão...........................................................................................................34 Quadro 2. Características produtivas dos “bolsões de apiários” da microrregião de Campos do Jordão...........................................................................................................37 CAPÍTULO 4 Quadro 1. Características físico-químicas do mel da microrregião de Campos do Jordão...............................................................................................................................72 v SUMÁRIO DE FIGURAS CAPÍTULO 2 Figura 1: Mapa dos municípios do Vale do Paraíba Paulista, destacando a microrregião de Campos do Jordão.......................................................................................31 Figura 2: Número de colméias por apicultor da microrregião de Campos do Jordão................................................................................................................34 Figura 3: Mapa temático dos apiários da microrregião de Campos do Jordão em relação à vegetação e ação antrópica............................................................................................36 Figura 4. Produtividade colméia-1 ano-1 dos apicultores da microrregião de Campos do Jordão................................................................................................................38 CAPÍTULO 3 Figura 1: Mapa da microrregião de Campos do Jordão gerado pelo IBGE (2009)................................................................................................................46 Figura 2: Faixa etária dos apicultores..............................................................................51 Figura 3: Relação entre o tempo de experiência e a estrutura de beneficiamento dos apicultores da microrregião de Campos do Jordão................................................................................................................51 Figura 4: Escolaridade dos apicultores............................................................................51 Figura 5: Mão de obra utilizada pelo apicultor da microrregião de Campos do Jordão.............................................................................................................51 Figura 6: Número de colméias por apicultor da microrregião de Campos do Jordão.............................................................................................................54 Figura 7: Produtividade de mel na microrregião de Campos do Jordão.............................................................................................................54 Figura 8: Períodos de produção de mel na microrregião de Campos do Jordão.............................................................................................................54 Figura 9: Participação dos apicultores da microrregião de Campos do Jordão em associações locais............................................................................................................54 Figura 10: Utilização da tela excluidora..........................................................................57 Figura 11: Material para combustão do fumegador.........................................................57 Figura 12: Suplementação alimentar artificial.................................................................57 vi SUMÁRIO DE FIGURAS CAPITULO 4 Figura 1. Rede Neural Multicamadas utilizada na classificação das amostras de mel da microrregião de Campos do Jordão..................................................................70 1 CAPÍTULO 1 2 CONSIDERAÇÕES INICIAIS O interesse do homem pelos produtos apícolas vem do início das civilizações, porse tratarem, principalmente, de uma rica fonte de alimento. O testemunho mais antigo do aproveitamento apícola é fornecido pelas pinturas rupestres datadas de mais de 7000 anos a.C. encontradas na Cova da Aranha, em Valência, Espanha. Nessas pinturas, observam-se figuras humanas coletando os favos de colônias alojadas em cavidades rochosas e abelhas voando ao seu redor. O mel, que consiste no produto final da elaboração, pelas abelhas, do néctar retirado das flores, é, sem dúvida, o produto apícola mais conhecido e utilizado (PEREIRA et al., 1994). Segundo Crane (1987), em diversas partes do mundo, a “caça” ao mel, um hábito que permaneceu quase inalterado por milhares de anos, foi substituída pela apicultura. A partir da segunda metade do século passado, promoveu-se um desenvolvimento explosivo na atividade, o que abriu caminho para o estabelecimento do mel como um produto mundial. Pela definição da legislação brasileira (BRASIL, 2000), entende-se por mel: [...] o produto alimentício produzido pelas abelhas a partir do néctar das flores e de secreções procedentes de partes vivas de certas plantas ou de secreções de insetos sugadores de plantas que vivem sobre algumas espécies vegetais e que as abelhas recolhem, transformam, combinam com substâncias específicas próprias, armazenam e deixam maturar nos favos da colméia. Segundo Maurizio (1975), a produção de néctar é influenciada substancialmente por fatores externos, como: tipo de solo e uso de fertilizantes químicos, temperatura e ventos, período do dia e do ano, duração do dia e insolação. Recebe influência, também, das condições climáticas em geral. A maioria das abelhas da colônia coleta na fonte já detectada, mas outras, campeiras, saem à procura de novos recursos alimentares. Cada colônia de um mesmo apiário pode, por isso, apresentar ligeiras diferenças com relação à partida do mel produzido. Conforme as flores escolhidas para a visita das abelhas, o mel e o pólen 3 obtidos apresentarão características próprias; é assim que surgem partidas excelentes de mel e outras de características desagradáveis, inclusive com relação ao aroma e ao sabor (IMPERATRIZ-FONSECA, 1985). O mel é constituído essencialmente de diferentes açúcares, predominantemente frutose e glicose, assim como de outras substâncias: ácidos orgânicos, enzimas e partículas sólidas provenientes da coleta. Sua cor varia de claro a marrom escuro. A consistência pode ser fluida, viscosa ou cristalizada. O sabor e o aroma variam, entretanto são derivados da origem botânica (CODEX ALIMENTARIUS, 1990). Em quase todos os tipos de mel a frutose predomina, sendo a glicose o segundo açúcar principal. Esses dois açúcares constituem 85-95% dos carboidratos do mel. Os açúcares mais complexos, compostos de duas ou mais moléculas de glicose e frutose, constituem os carboidratos restantes, com exceção de um traço de polissacarídeos. O mel também contém substâncias voláteis, responsáveis pelas características de odor e sabor (FINOLA et al., 2006). A composição e o valor nutritivo do mel dependem fundamentalmente da origem floral. Como nossa flora apícola é muito diversificada e varia de um lugar para o outro, é fundamental conhecer a composição e as qualidades dos produtos obtidos em cada região, para caracterizá-los e estabelecer padrões (MARCHINI, 2000). A composição exata de qualquer mel depende principalmente das fontes vegetais das quais ele é derivado, mas também do tempo, do solo e outros fatores, por isso dois méis nunca são idênticos (CRANE, 1987). Segundo Lengler (2002), o mel varia muito de uma região para outra, tanto em conteúdo polínico como em características físico- químicas, e isso é explicado por ele ter origem de mais de 2500 tipos de flores de plantas diferentes. O mel é um dos produtos originários das abelhas (Apis mellifera L.) mais utilizados pelo homem, tanto in natura, como em diversas formas industrializadas. No Brasil, no entanto, não há ainda uma caracterização dos méis produzidos em diferentes regiões, floradas, tipos de solo, clima, etc., para que sejam estabelecidos padrões para o produto. Dessa forma, estudos no sentido de caracterizar amostras produzidas em 4 diferentes locais tornam-se cada vez mais importantes no sentido de incrementar a apicultura nacional, especialmente a paulista (MARCHINI, 2000). Denominações de Origem A apicultura brasileira vive uma nova época desde quando ingressou no mercado mundial e passou a ter como referência de qualidade e produtividade os padrões internacionais. O país desfruta de uma situação bastante vantajosa, por apresentar enxames considerados rústicos, que, por serem mais resistentes a doenças, dispensam a utilização de antibióticos. Tal fato confere ao produto final isenção de resíduos desse tipo de medicamento. Assim, a produção nacional pode alcançar preços bastante competitivos, em função de seus baixos custos; no entanto, o grande desafio da apicultura brasileira é assegurar aos consumidores a comprovação da qualidade exigida e oferecer produtos diferenciados, alcançando assim maior competitividade nos mercados nacional e internacional (SOUZA, 2006). Segundo Schweitzer (2001), a tendência está na diversificação das produções e nas denominações: méis “todas flores”, da primavera, do verão, silvestre etc., e nas denominações monoflorais (acácia, colza etc.) geográficas, topográficas (montanha, floresta). A certificação de um produto sob critérios de uma denominação de origem pressupõe a delimitação de territórios; assim, produção, práticas culturais, sistemas de elaboração, controle de qualidade, base tecnológica, qualificação profissional, marketing e a configuração territorial, reunidos numa marca, garantem a especificidade da região e a fazem diferenciar-se de outras regiões produtoras (CALDAS et al., 2005). Dessa maneira, o produto é valorizado a partir da identificação de suas características próprias, relacionadas ao tipo de solo, clima, fatores ambientais, sociais e culturais da região de produção. O consumidor, por sua vez, pode mais facilmente direcionar sua compra a partir das características do produto, e as particularidades da própria região de origem influenciam sua compra. Ou seja, produtos originários de regiões contempladas por características ambientais únicas, como áreas de preservação 5 ambiental, podem ser preferíveis, assim como os produtos provenientes de agricultura familiar ou do comércio solidário. A classificação do território com um sistema de denominações de origem foi incentivada e bastante desenvolvida a partir de 1970 quando a Europa decidiu generalizar um sistema de qualificação e etiquetação para os vinhos de seus territórios. Teve-se como objetivo relacionar o produto ao território produtor e aos produtores responsáveis pelo processo de elaboração, identificado por características semelhantes utilizadas em seus processos de produção. Implantou-se esse sistema com o objetivo de sistematizar, organizar, padronizar e promover a exploração vinícola daquele continente (CALDAS et al., 2005). Segundo Navarro (2001), a configuração da denominação de origem congrega três interesses fundamentais: primeiramente, o do mercado nacional, que contribui para a promoção dos produtos autóctones; em segundo lugar, concilia interesses de produtores e empresários (existem interesses econômicos para esse setor apresentar uma denominação da origem, já que sua obtenção levaria de maneira quase simultânea a um incremento do preço do produto em questão); por último, mas nem por isso menos importante, uma Denominação da Origem seria de interesse dos consumidores, que gozariam de meios para diferenciação dos produtos oferecidos. O mesmo autor discorre sobre as principais regulamentações sobre denominações de origem e indicações geográficas na Europa (Tabela 1). A primeira definição normativahistórica é encontrada no artigo 2.1 da Ordem de Lisboa, de 31 de outubro de 1958 apud Navarro (2001), relativo à proteção das denominações da origem e de seu registro internacional. O artigo assim generaliza concepção da Denominação de Origem: [...] o nome de um país, uma região ou lugar determinado que serve para designar um produto que é originário de algum destes espaços geográficos e que, possui uma qualidade ou características devidas exclusiva ou essencialmente ao meio geográfico com seus fatores naturais e/ou humanos. Na Espanha, o artigo 79 da Lei 25/1970, do Estatuto do Vinho, Vinhedos e Álcoois (EVVA) apud Navarro (2001), estabelece que a Denominação da Origem é: 6 [...] o nome geográfico da região, comarca, lugar ou localidade utilizado para designar um produto procedente da videira, do vinho ou de álcoois de uma respectiva zona, que tenham características diferenciais, devido principalmente ao meio natural e à sua criação e elaboração. Por último, o Regulamento CEE (Comunidade Econômica Européia) número 2081/92, relativo à proteção das Indicações Geográficas e às Denominações de Origem dos produtos agrícolas e alimentícios, em seu artigo 2.2 demonstra definições mais transparentes. Na Europa observam-se cada vez mais cooperativas e associações de apicultores buscando uma distinção dos méis produzidos em suas respectivas regiões, a fim de tornar conhecidas características de cada região, agregando valor ao seu produto local. As certificações de Denominação de Origem Protegida (DOP) ou Indicação Geográfica Protegida (IGP) já estão em desenvolvimento em algumas regiões da Itália (Abruzzo, Marcas, Lunigiana) e da Europa, e podem constituir uma ferramenta útil para a valorização do mel (BELLIGOLI, 1999). Segundo dados disponibilizados pela União Européia, vários países têm seus respectivos tipos de méis certificados por meio da denominação de origem protegida. A Grécia conta com apenas um tipo de mel, o Meli Elatis Menalou Vanilia. Já a Espanha tem os méis de Granada e de la Alcarria certificados. A França conta com os seguintes produtos: Miel d’Alsace, Miel de Corse - Mele de Corsica, Miel de Provence e o Miel de Sapin des Vosges. A Itália apresenta o Miele della Lunigiana, e Luxemburgo tem o Miel luxembourgeois de marque nationale. Finalmente, Portugal, que conta com o maior número de produtos certificados: o mel da serra da Lousã, mel da serra de Monchique, mel da Terra Quente, mel das Terras Altas do Minho, mel de Barroso, mel do Alentejo, mel do parque de Montezinho, mel do Ribatejo Norte (Serra D'aire, Albufeira de Castelo de Bode, Bairro, Alto Nabão) e o mel dos Açores. (http://ec.europa.eu/agriculture/foodqual/protec/types/index_pt.htm) A concepção desses produtos certificados deve resultar de um processo natural de construção social, refletida na sua identificação com o território de origem em suas 7 dimensões geográfica, histórica e cultural. O produto apresentaria forte apelo mercadológico, especialmente em função da sua relação harmônica com o meio ambiente. Entretanto, características como essas precisam ainda de uma construção pelo marketing, posicionando este produto no mercado por meio de trabalho de comunicação mais amplo sobre sua imagem. Isso é praticado por um sem-número de países com vários produtos das regiões mais desfavorecidas, nas quais predominam pequenos agricultores familiares (GUIMARÃES-FILHO, 2005). Krücken-Pereira (2001) vê as denominações de origem como uma alternativa viável de valorização de produtos e de comunicação entre produtor e consumidor. A partir da troca efetiva de informações e conhecimentos – incorporadas nas denominações de origem e qualidade –, acredita-se que possam ser desenvolvidas relações estáveis entre produtores e consumidores. Caldas et al. (2005) ressaltam que a certificação de um produto sob os critérios de uma denominação de origem é uma forma de enfrentar as barreiras comerciais do mercado internacional, no sentido de se atingir a rastreabilidade alimentar, uma das principais reivindicações do consumo mundial. Logo, torna-se premente reconhecer o direito do consumidor de conhecer as características do produto e de sua produção, ou seja, a procedência do produto que está consumindo. Souza (2006) observa que, com a alta do mel no comércio internacional, houve ampliação da base produtiva em todo o mundo. Os países produtores aumentaram o número de colmeias e a produção mundial cresceu. Com isso, o mercado ficou muito mais competitivo. Agora, a qualidade, o preço e as condições de atendimento passam a ser decisivos para manter-se no mercado. Essa situação coloca a apicultura nacional à prova e testa a sua capacidade de se adequar às novas condições. Portanto, com base no que foi exposto, uma das alternativas no Brasil para quem objetiva produzir com qualidade, seria investir em especialização, como ocorre na União Européia com diversos produtos agro-alimentares. Dessa forma, em um futuro não muito longínquo esses produtos poderão ser colocados no mercado como DOP ou IGP. Tal iniciativa trará maior identificação aos produtos fornecidos com a região de origem de produção (PAULA-NETO e ALMEIDA-NETO, 2005). 8 No Brasil, a Lei 9.279, de 14.05.96, do Ministério da Ciência e Tecnologia, dispõe, em seu Título IV (art. 176 a art. 182), sobre a indicação geográfica e procedência ou denominação de origem. No entanto, o uso das denominações ainda não é uma prática em ação no mercado brasileiro. Em nosso país, é possível requerer registro de Indicação de Origem Geográfica (IG), junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Tal requisição pode ser efetuada na qualidade de associações, institutos e pessoas jurídicas representativas da coletividade legitimadas para o uso exclusivo do nome geográfico e estabelecidas no respectivo território. Para isso, deve-se apresentar um requerimento no qual constem: a) o nome geográfico; b) a descrição do produto ou serviço e c) as características do produto ou serviço. Dessa maneira, para certificar o mel proveniente de uma determinada região, primeiramente deve-se realizar uma caracterização do produto. Caracterização do mel O estudo da composição físico-química de méis provenientes de diferentes origens florais, assim como a melissopalinologia, são instrumentos para a sua caracterização. A determinação de intervalos de variação para cada parâmetro analisado estabelece um padrão físico-químico do mel em questão. Segundo Anklam (1998), a combinação entre análises físico-químicas, melissopalinológicas e sensoriais pode ser um avanço nesse sentido, especialmente quando aliada a aplicação de um método estatístico adequado. A melissopalinologia é um dos instrumentos utilizados para definir a origem botânica do mel, a partir do pressuposto de que ele é contaminado com grãos de pólen das espécies visitadas pelas abelhas. É possível, com utilização desse instrumento, proceder à análise microscópica de lâminas de mel, e quantificar e qualificar os tipos polínicos presentes na amostras. O primeiro trabalho de microscopia de mel ocorreu no final do século XIX, e os estudos prosseguiram no sentido de se construir a base científica dessa técnica analítica (OHE et al., 2004). 9 No entanto, para Vorwohl (1990), a utilização da melissopalinologia para a determinação da origem botânica defronta-se com alguns problemas fundamentais: as contagens são relativamente imprecisas; o número de grãos de pólen "indicador" no néctar depende da anatomia das flores; existe uma contaminação secundária pelo pólen colhido pelas abelhas como fonte protéica; uma contaminação terciária pode ocorrer quando os favos são desoperculados e o mel é extraído. O grau de contaminação terciário parece ser influenciado pelo tipo de colmeia, assim como pelas técnicas de condução e pelo método utilizadopara a desoperculação, assim, as contaminações secundárias e terciárias podem mascarar os grãos de pólen indicadores. Silveira (1991), afirma que uma carga de pólen levada por uma abelha, ou uma amostra de pólen estocada, pode conter muito mais grãos que outra de igual massa ou volume, porém composto de um tipo de pólen de diâmetro maior. Nesse sentido, Barreto (1999) observou, na região de Guaraciaba-MG, que o pólen de Mabea fistulifera, classificado como grande, na escala Erdtman (1952) foi encontrado em significativas proporções no mel (geralmente como pólen dominante). Já o pólen de Cecropia pachysrachya classificado como pequeno, mesmo com freqüências significativas nos coletores de pólen, indicando intensa visitação de Apis mellifera, não aparece nos testes melissopalinológicos. Vorwohl (1990) conclui que a determinação da origem geográfica não deveria, por conseguinte, ser baseada unicamente no exame microscópico; mas considerar igualmente os parâmetros físico-químicos. Uma alternativa coerente para o estabelecimento de padrões e caracterização dos méis de uma determinada região brasileira deveria conjugar métodos analíticos e o uso de marcadores químicos ou métodos estatísticos que permitissem um agrupamento cognitivo das características do produto. Dessa maneira, Moreti et al. (2009) caracterizaram amostras de méis provenientes do Estado do Ceará a partir de análises físico-químicas e aplicando a análise multivariada. Com a utilização de componentes principais, observaram que os principais parâmetros que melhor influenciaram o agrupamento das referidas amostras foram acidez, índice de formol, pH e cinzas. 10 Da mesma forma, as redes neurais (RNs), modelos computacionais cujos princípios fundamentais são assentados nos trabalhos de modelagem biológica de processos neurofisiológicos, cognitivos e comportamentais, são frequentemente identificadas como subespecialidade da Inteligência Artificial e utilizadas para problemas de classificação e criação de padrões (KOVACS, 1996). Segundo Ramos (2003), para o processo de classificação artificial, faz-se necessário o desenvolvimento de modelos que permitam estabelecer o relacionamento entre a entrada de padrões de classificação (Entradas), análise e processamento dessa informação e convergência para uma saída definida (Saída). A rede neural deve aprender a reconhecer padrões de entrada e definir a saída segundo classes definidas, ou seja, dado um determinado padrão de entrada, escolher em que categoria ele se enquadra melhor. Dessa maneira, tal técnica pode se revelar um método estatístico eficiente para a caracterização e reconhecimento de padrões físico-químicos entre amostras de méis de mesma florada em uma região, entre outras variáveis relacionadas às características do produto. A determinação de intervalos de variação para cada parâmetro analisado estabelece um padrão físico-químico do mel em questão. De acordo com revisão bibliográfica realizada - CRANE (1987), CAMPOS (1998), BOGDANOV (1999), MARCHINI et al. (2000); BOGDANOV et al. (2004), FELSNER et al. (2004), YANNIOTIS et al. (2006) -, os parâmetros mais utilizados para a caracterização físico- química do mel são umidade, densidade, atividade de água, minerais, Lund, acidez, pH, condutividade elétrica e cor. Vários autores têm caracterizado o mel brasileiro: SODRE et al (2002) , REGO et al. (2002), STONGA et al. (2002), SODRE; MARCHINI (2004), MENDONÇA et al. (2004), MORETI et al. (2004), MURADIAN e CANO (2004), MORETI et al. (2006), SODRE et al. (2007) e BENDINI e SOUZA (2008). A umidade, uma das características mais importantes do mel, exerce grande influência sobre a sua preservação, granulação e viscosidade. O teor de umidade pode 11 ser alterado após a retirada do mel da colmeia, devido às condições climáticas durante o processo de extração, beneficiamento e armazenamento. Todavia, no mel maduro, ou seja, devidamente desidratado e operculado pelas abelhas, o conteúdo de água é geralmente constante, ao redor de 18% (YANNIOTIS et al., 2006). Autores como Mendonça et al., (2004), Anacleto (2004), Evangelista-Rodrigues et al., (2005), Barth et al. (2005) Bertoldi et al. (2006), Felsner et al. (2006), Mendes et al. (2006), Sodré et al. (2007) e Bendini e Souza (2008) verificaram que o teor de umidade do mel variou entre 14,6 e 20,27%. A densidade é uma propriedade que está intimamente relacionada ao conteúdo de água do mel, ou seja, sua massa por unidade de volume. Essa característica é influenciada pela temperatura e pela umidade, assim como pela presença de cristais e colóides no mel (YANNIOTIS et al., 2006). A maior ou menor intensidade com que a água se liga ao alimento pode ser expressa pela chamada atividade de água (aw). O mel é um alimento altamente higroscópico, e o valor normal de sua atividade de água poderá sofrer um pequeno aumento, o que dará, às leveduras que normalmente já estão presentes no mel, condições de se desenvolverem (VERÍSSIMO, 1987). Uma análise de regressão realizada demonstrou que existe correlação direta entre atividade de água e umidade (SALAMANCA et al., 2001; ZAMORA et al., 2006). Segundo Gleiter et al. (2006), os valores para a atividade de água no mel se apresentam entre 0,5 e 0,65 aw. O conteúdo de minerais no mel é considerado como um dos principais fatores que influenciam diretamente em sua coloração, sendo maior nos méis escuros, em comparação com os claros. Dentre os fatores que influenciam o conteúdo de minerais do mel, podem ser citados a origem floral, o tipo de clima e de solo presente na região produtora do mel (MARCHINI et al., 2000). Segundo Felsner et al. (2004), o conteúdo de cinzas pode ser associado aos recursos florais coletados pelas abelhas, sendo assim um importante parâmetro para a caracterização do mel. Todos os méis são ácidos, com valores de pH variando geralmente entre 3,5 e 5,5. Segundo Cavia et al. (2006), a acidez do mel está associada, principalmente, à presença de ácidos orgânicos, que não ultrapassa 0,5%. A acidez contribui para a 12 estabilidade do mel contra o desenvolvimento microbiano e também no sentido de configurar seu sabor (WHITE, 1975). Autores como Anacleto (2004), Mendonça et al. (2004), Marchini e Sodré (2004), Bertoldi et al. (2006), Sodré et al. (2007) e Bendini e Souza (2008) encontraram valores que variaram entre 6,0 e 46 meq/kg. A condutividade elétrica é a propriedade relativa à concentração de íons em uma solução em relação aos elementos presentes. Trata-se de uma característica muito utilizada para a determinação da origem botânica do mel de abelhas, podendo substituir o conteúdo de cinzas, nas análises de rotina (BOGDANOV, 1999). A cor do mel é uma característica proveniente do recurso floral, bem como da quantidade de minerais e de outros componentes menos expressivos (BOGDANOV et al, 2004). Assim, trata-se de uma característica sensorial determinada em grande parte por parâmetros físicos e químicos. A microrregião de Campos do Jordão O Vale do Paraíba paulista é uma das mesorregiões pertencentes ao Estado de São Paulo que, ao longo dos últimos séculos sofreu grande degradação ambiental por estar inserida entre os dois maiores pólos urbanos do país: São Paulo e Rio de Janeiro. Uma série de ciclos de exploração agrícola, como o café, substituído pela agropecuária, fez com que a derrubada da mata Atlântica ocorresse de forma drástica. Dessa pressão antrópica, pouco restou de sua formação primária. Esses remanescentes se situam principalmente ao longo das serranias costeiras, devido à dificuldade que o acentuado declive oferece ao uso da terra e ao corte das madeiras. A microrregião de Campos do Jordão pertence à região serrana do Vale do Paraíba paulista e compreende os municípios de Campos do Jordão, Santo Antônio do Pinhal, São Bento do Sapucaí e Monteiro Lobato,sendo que os três primeiros foram transformados em Áreas de Proteção Ambientais (APAs), por meio da Lei Estadual no 4.105, de 26 de junho de 1984 (APA de Campos do Jordão), e do Decreto Estadual no 43.285, de 3 de julho de 1998 (APA Sapucaí-Mirim). 13 Os atributos protegidos pelas APAs estão relacionados à biodiversidade da serra da Mantiqueira, aos remanescentes de vegetação nativa e aos mananciais para o abastecimento público da região. Seu relevo, associado à altitude, à vegetação e principalmente ao clima da região, forma um conjunto de grande valor cênico e biológico. Além dessas APAs estaduais, os mesmos municípios são contemplados pela APA Federal da Mantiqueira. O art. 2o do Decreto Estadual no 43.285/98 estabelece a gestão integrada da APA Sapucaí-Mirim e da APA de Campos do Jordão, “[...] por constituírem uma área geográfica contínua e integrada, com atributos ambientais comuns”. Segundo o Decreto Nº. 91.304, de 3 de junho de 1985, os dois primeiros municípios referidos fazem parte da Área de Proteção Ambiental (APA) da serra da Mantiqueira. A região contemplada por essa APA é descrita como parte de uma das maiores cadeias montanhosas do sudeste brasileiro, com flora endêmica e andina, além de remanescentes dos bosques de araucária. Segundo Costa (2006), na referida APA também persistem formas de cultura tradicional de grande interesse e beleza, caracterizadas por caipiras que vivem segundo antigas tradições indígenas e ibéricas de enorme importância antropológica. Segundo Andrade e Vieira (2003), as comunidades florísticas próprias da serra da Mantiqueira são influenciadas por variações particularíssimas de fatores ecológicos abióticos na região – característica importante é o fato de abrigarem numerosos casos de endemismo, tanto de hábitat quanto de biótipos. Para Moreira (1977) apud Vieira e Andrade (2003), o planalto de Campos do Jordão é considerado o corpo principal da serra da Mantiqueira, apresentando menor declividade que em outras áreas, o que resulta em uma paisagem natural diferenciada. A vegetação de Campos do Jordão apresenta uma característica singular, marcada pelo encontro de três regiões florísticas, a saber: mata de Araucaria angustifolia pertencente à região de araucárias, mata latifoliada de encosta atlântica, que faz parte do sistema de florestas costeiras do Brasil ou floresta atlântica, além dos campos de altitude (ANDRADE, 2002). 14 O clima, de acordo com Köppen (1928), é classificado como subtropical de altitude, úmido a super-úmido; a precipitação média anual está entre 1.600 e 1.800 milímetros. A temperatura média anual oscila entre 12 e 18 oC, chegando próximo de zero no inverno (FRAVIN, 1983). Tais fatores contribuem para o interesse turístico da região; assim, as cidades contempladas pelas APAs são estâncias climáticas. Os resultados obtidos a partir do mapeamento do uso da terra do município de Santo Antônio do Pinhal, realizado por Catelani (2004), demonstraram que há no município uma relativa equivalência entre as classes de uso da terra - Floresta e Pastagem -, ocupando respectivamente 47,3 e 42,7% da área total do município. Observou-se também um possível aumento da área de floresta (capoeira) no município, em razão do abandono de algumas pastagens. Em Campos do Jordão, segundo Neves (2004), no que tange a ocupação do solo deve-se destacar a área urbana, responsável pelas grandes transformações na área. Esse processo está associado à dinâmica demográfica do município. Grandes áreas de preservação permanente, como o maciço florestal, árvores isoladas e vegetações foram suprimidas, em decorrência da expansão demográfica. Atribui-se esse fato ao histórico processo de ocupação do município e à posterior expansão da construção civil decorrente do desenvolvimento turístico. Tais fatos trouxeram conseqüências impactantes ao meio ambiente local. Os demais municípios têm tentado fugir dessa tendência, promovendo um tipo de desenvolvimento menos relacionado à especulação imobiliária. Assim, grande parte da população dos três municípios reside na zona rural e é envolvida com a atividade agropecuária (fruticultura, olericultura, bovinocultura de leite, caprinocultura e apicultura), turismo rural e artesanato. Em São Bento do Sapucaí, merece destaque a cultura da banana, principal produto agrícola do município. A fruta é cultivada por mais de 50% dos produtores rurais, com a utilização de mão de obra familiar. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2003), na estrutura agrária dos municípios de São Bento do Sapucaí, Santo Antônio do Pinhal e Monteiro Lobato predominam os minifúndios e as pequenas propriedades. 15 Estratégias que contemplem a conservação de ecossistemas tropicais, como a Floresta Atlântica, agregam aspectos econômicos e sociais concretos, tais como: manutenção e regularização dos mananciais hídricos que abastecem as grandes cidades, conservação da diversidade existente para uso futuro (especialmente na indústria farmacêutica) e exploração imediata ou atual dos recursos florestais múltiplos (mel, madeira, palmito, plantas ornamentais, plantas medicinais e frutíferas, caça controlada, etc.) (REIS et al., 2000). A apicultura é uma das únicas que atende aos requisitos do tripé da sustentabilidade: o econômico, o social e o ecológico. Complementa a renda dos produtores rurais, garante a ocupação da mão-de-obra familiar e contribui de maneira efetiva para a conservação da flora nativa local. Para a criação de abelhas, não há necessidade de desmatamentos, ao contrário, as abelhas necessitam das plantas vivas para obterem o seu alimento. Sendo assim, a atividade apícola pode se consolidar como uma atividade econômica representativa para os municípios contemplados pelas APAs. A microrregião de Campos do Jordão apresenta, atualmente, formações florísticas distintas. Apesar de impactada, a área do município de Campos do Jordão ainda conta com uma vegetação, referida por Andrade (2002) como diferenciada, singular. Soma-se a isso o aumento da cobertura florestal, representado pelas capoeiras, em Santo Antônio do Pinhal, relatado por Catelani (2004) e possivelmente observado nos outros municípios. E também a fruticultura desenvolvida em São Bento do Sapucaí, representada principalmente pela bananicultura, que, segundo Santiago et al. (2006), embora não mencionada na literatura como planta apícola, suas flores secretam néctar e podem ser exploradas para manter colônias de Apis mellifera no período seco. Configura-se na região, pois, uma flora apícola extremamente diversificada. O crescimento do turismo na serra da Mantiqueira, as características naturais e fundiárias, assim como a proximidade com grandes centros consumidores, podem motivar a produção de artigos diferenciados, e há condições de aumentar os rendimentos e diversificar as atividades econômicas, como é o caso da apicultura. Assim, o presente trabalho teve como objetivos delimitar o território apícola e caracterizar a apicultura da microrregião de Campos do Jordão, bem como, tipificar o 16 mel proveniente da referida microrregião, entrevendo o seu potencial para a concessão, pelo Instituto Nacional da Propriedade Intelectual, de uma Denominação de Origem. Como exigência metodológica do curso de Pós-graduação em Zootecnia, o trabalho está dividido em capítulos, relativos aos objetivos propostos: • Capítulo 2: A delimitação do território apícola da microrregião de Campos do Jordão, São Paulo, por meio da utilização do Sistema de Informação Geográfica. O texto desse capítulo será enviado ao corpo editorial da revista Ciência e Agrotecnologia, de acordo com suas normas. A meta específica deste trabalho foi representar as unidades apícolas, com utilização do SIG, gerando uma base de dados da apicultura microrregional. • Capítulo 3: Caracterizaçãoda atividade apícola na microrregião de Campos do Jordão-SP. O texto será submetido à apreciação do corpo editorial da revista Organizações Rurais e Agroindústrias, de acordo com suas normas. • Capítulo 4: Tipificação físico-química do mel proveniente da microrregião de Campos do Jordão, São Paulo, o qual será submetido à apreciação do corpo editorial da revista Boletim da Indústria Animal, de acordo com suas normas. A meta específica deste trabalho foi tipificar o mel proveniente da microrregião de Campos do Jordão a partir das análises físico-químicas; • Capítulo 5: Proposta para denominação de origem: o mel proveniente da microrregião de Campos do Jordão, São Paulo, o qual será enviado ao corpo editorial da revista Teoria e evidência econômica, para apreciação. 17 Referências Bibliográficas: ANACLETO, D. A.; MARCHINI, L. C. Composição físico-química de amostras de méis de Apis mellifera L. provenientes do cerrado paulista. Boletim da Indústria Animal, Nova Odessa, v. 61, n. 2, p. 161-172, 2004. ANDRADE, A. C.; VIEIRA, M. L. 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RESUMO: O presente trabalho teve como objetivo realizar o mapeamento dos apiários da microrregião de Campos do Jordão, por meio do Sistema de Informações Geográficas (SIG), gerando uma base de dados relacionada a características referentes à procedência do apicultor regional em relação à distribuição espacial, número de colméias e produtividade. A referida microrregião apresenta, de acordo com o presente estudo, 54 apicultores distribuídos pelos seus 04 municípios, onde a atividade apícola é desenvolvida por pequenos produtores que possuem no máximo 70 colméias. O SIG mostrou-se uma ferramenta eficiente para a avaliação do desenvolvimento da atividade apícola da Microrregião de Campos do Jordão e servirá como instrumento de monitoramento da procedência do produto regional, principalmente para se orientar quanto à melhor distribuição futura de suas respectivas unidades apícolas, podendo gerar resultados positivos na produtividade melífera. Palavras-chave: Apicultura, Sistema de Informações Geográficas (SIG), Produtividade, Mel. 27 THE DELIMITATION OF THE APICULTURAL TERRITORY OF THE MICRO REGION OF CAMPOS DO JORDÃO, SÃO PAULO, THROUGH THE UTILIZATION OF THE GEOGRAPHIC INFORMATION SYSTEM. ABSTRACT The objective of this paper was mapping the apiaries of the micro region of Campos do Jordão, through the Geographical Information System (GIS), generating a database related to beekeeper's characteristics as their space distribution, number of beehives and productivity. According to the present study, the micro region has 54 beekeepers distributed in 04 municipalities, where beekeeping activity is developed by a small group of producers who can own at the most 70 hives. As a result, the GIS has proved to be an efficient tool to evaluate the development of the beekeeping activity at the micro region of Campos de Jordão. Furthermore, it will be useful as a reference to monitor the origin of the regional final product, especially to lead the producers for a best distribution of their respective apiaries. Moreover, the finding could produce positive results in the melliferous productivity. Key-words: Beekeeping, Geographical Information System (GIS), Productivity, Honey. 28 INTRODUÇÃO: A microrregião de Campos do Jordão é uma das microrregiões pertencentes à mesorregião do Vale do Paraíba Paulista, compreendendo os municípios de Campos do Jordão, Santo Antônio do Pinhal, São Bento do Sapucaí e Monteiro Lobato, sendo que os três primeiros foram transformados em Áreas de Proteção Ambientais (APAs) através da Lei Estadual no 4.105, de 26 de junho de 1984 (APA de Campos do Jordão) e o Decreto Estadual no 43.285, de 3 de julho de 1998 (APA Sapucaí-Mirim). As atividades econômicas desenvolvidas em uma APA devem estar de acordo com a manutenção do ecossistema relacionado. Dessa maneira, a atividade apícola pode se consolidar como uma atividade econômica alternativa para os municípios contemplados pelas APAs, já que para o desenvolvimento da apicultura, não existe a necessidade de desmatamentos, muito pelo contrário, as abelhas necessitam das plantas vivas para produzirem seu alimento. A microrregião de Campos do Jordão apresentou em 2003, segundo dados do Sistema de Recuperação de Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2003), uma produção de 21.600 kg de mel; porém, não existem até o momento, dados precisos relativos à um levantamento da atividade apícola regional. Para melhor desenvolvimento da apicultura, é importante conhecer, quantitativamente e qualitativamente, os apicultores regionais, fornecendo assim informações referentes também à procedência do produto. As características físico-químicas do mel estão indubitavelmente muito relacionadas ao território geográfico de produção, afinal as mesmas derivam principalmente do tipo de flora visitada pelas abelhas. Além das variações de vegetação, 29 outros elementos confirmam a influência do território às características do produto: tipo de solo, desenvolvimento de diferentes atividades humanas que possam influenciar na constância das produções (consorciação com culturas agrícolas de interesse apícola com diferentes períodos de florescimento, variações nos recursos espontâneos), técnicas de produção (do tipo de abelha e de colméia até os sistemas de trabalho e transporte), bem como na sanidade do produto (possíveis poluições) (PIANA et al., 2004). O Sistema de Informação Geográfica (SIG) é o conjunto manual ou computacional das informações georreferenciadas. A aplicação de sistemas computacionais trata os dados geográficos e elementos espaciais, oferecendo ao seu usuário a visão de quais informações de um determinado assunto estejam representadas com sua respectiva localização geográfica (ARONOFF, 1991). Assim, pode-se compreender que o SIG é uma ferramenta interdisciplinar capaz de inserir e integrar, numa única base de dados, no caso, os apiários da microrregião de Campos do Jordão e suas respectivas características. Simões et al. (2006), por intermédio da APICAMPO – Associação de Apicultores de Campo Alegre, no Paraná, vêm utilizando com sucesso as ferramentas do SIG, no sentido de promover o desenvolvimento sustentável da apicultura familiar no município. Muller (1998) cita o mapeamento de apiários como uma das metas para o desenvolvimento apícola para uma região localizada na Serra da Mantiqueira. Nesse sentido, o presente trabalho teve como objetivo representar os apiários da microrregião de Campos do Jordão, por meio do SIG, gerando uma base de dados referentes ao número de colméias e número de apicultores, relacionando-a à distribuição dos apicultores no território. 30 MATERIAL E MÉTODOS: Área de Estudo: O presente trabalho foi realizado na microrregião de Campos do Jordão, pertencente à mesorregião do Vale do Paraíba Paulista (Figura 1). A referida microrregião possui, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2008), uma área territorial de 1008 km2 e está localizada na Serra da Mantiqueira, compreendendo os municípios de Campos do Jordão (22º 44’ 22’’ de latitude Sul, 45º 35’ 29’’ de longitude Oeste), Santo Antônio do Pinhal (22º 49’ 38’’ de latitude Sul, 45º 39’ 45’’ de longitude Oeste), São Bento do Sapucaí (22º 41’ 20’’ de latitude Sul, 45º 43’ 51’’ de longitude Oeste) e Monteiro Lobato (22º 57’ 24’’ de latitude Sul, 45º 50’ 23’’ de longitude Oeste). 31 Figura 1: Mapa dos municípios do Vale do Paraíba Paulista, destacando a microrregião de Campos do Jordão. Fonte: (DIAS et al., 2006). Georreferenciamento dos apiários: A identificação dos apicultores foi mediada pela Casa de Agricultura de cada município, o que facilitou a localização dos mesmos, por meio de reuniões prévias e visitas posteriores para a averiguação do número de colméias e dos dados referentes à produtividade em cada apiário. A localização dos apicultores levou em consideração os cadastrosdos apicultores nas Associações Municipais de Pequenos Produtores Rurais e nas Casas de Agricultura, bem como o apontamento dos mesmos em direção à outros vizinhos e colegas apicultores. Tal procedimento possibilitou que se atingisse o número mais próximo possível da totalidade de apicultores da microrregião. 32 O levantamento das posições geográficas dos apiários foi realizado utilizando- se o Sistema de Posicionamento Global – aparelho GPS Garmin Etrex. Para a construção do banco de informações geográficas (SIG) foi utilizado o software de processamento de informação georreferenciada (SPRING), desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Os pontos coletados pelo GPS foram sistematizados em um banco de dados, contendo as informações obtidas nas entrevistas. Mapa temático do território apícola da microrregião de Campos do Jordão: Segundo Moreira e Shimabukuro (2004), na literatura são encontrados mais de cinqüenta índices de vegetação, sendo quase todos obtidos de medidas da reflectância nas faixas espectrais do vermelho e infravermelho próximo do espectro eletromagnético. Os dois tipos mais comumente utilizados, no entanto, são: Razão Simples (RVI) e o Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI). Utilizou-se neste trabalho o NDVI que é definido por: NDVI = [(banda 4 – banda 3)*ganho / (banda 4 + banda 3)] + offset Nas imagens NDVI, os níveis de cinza mais escuros expressam valores que representam altos índices de vegetação, enquanto os níveis de cinza mais claros representam baixos índices de vegetação com níveis de cinza próximo a zero. Estes valores baixos correspondem a alvos urbanos como área construída, solo exposto e água. No presente trabalho, foram utilizados: (1) mosaico composto por duas cenas do sensor TM/ LANDSAT-5; (2) mapa dos limites municipais da microrregião, obtido pela base cartográfica do INPE. Utilizou-se a técnica de segmentação de imagem: 33 “crescimento de regiões”, de processo interativo pelo qual os pixels vão sendo agrupados, segundo um critério de similaridade, formando regiões (BINS et al., 1996). Após a segmentação, foi realizada a classificação do mosaico NDVI, onde realizou-se a classificação não-supervisionada, com uso do algoritmo ISOSEG, que avalia em que classe alocar cada região em função de seus atributos estatísticos. Desta forma, gerou-se um mapa temático, cujas classes contidas foram: Vegetação intensa, que contém área de reservas florestais, onde a cobertura vegetal é intensa; vegetação pouco densa, contendo áreas de pasto sujo; vegetação em estádios iniciais de regeneração; ação antrópica, abrangendo áreas urbanas, solo exposto ou pastagem. RESULTADOS E DISCUSSÕES: A microrregião de Campos do Jordão apresenta, de acordo com o presente estudo, 54 apicultores distribuídos pelos 04 municípios, sendo que no município de Campos do Jordão foram localizados 10 apicultores, em Santo Antônio do Pinhal, 11, em Monteiro Lobato, 17 e em São Bento do Sapucaí, 16. Foram contabilizadas 954 colméias na microrregião de Campos do Jordão, o que representa 5,5% do total de colméias do estado de São Paulo, de acordo com Zara Filho (2007). No município de Santo Antônio do Pinhal, foram visitados 11 apicultores que juntos totalizam 254 colméias. Já Monteiro Lobato possui 17 apicultores com 270 colméias. No município de Campos do Jordão, os 10 apicultores visitados somam 163 colméias. Em São Bento do Sapucaí, foram identificados e visitados 16 apicultores que juntos totalizam 267 colméias. De uma maneira geral, observou-se que a produção anual de mel na microrregião estudada é bem inferior à estimativa de produtividade (21600 kg) do IBGE (2003) para a mesma microrregião. (Quadro1). 34 Quadro 1: Número de apicultores e colméias da microrregião de Campos do Jordão: Cidade Critério Campos do Jordão Santo Antônio do Pinhal Monteiro Lobato São Bento do Sapucaí TOTAL Apicultores 10 11 17 16 54 Colméias 163 254 270 267 954 Produtividade (Kg) 2119 3175 3375 3204 11873 No que se refere ao número de colméias, verificou-se entre os apicultores da microrregião de Campos do Jordão que 43% apresentam entre 5 à 10 colméias e 37% entre 11 à 20 colméias. Em menores porcentagens estão os apicultores que possuem de 21 à 30 colméias (7%) e 31 à 50 colméias (11%). Finalmente, observou-se que apenas 2% dos apicultores apresentam mais de 50 colméias (Figura 2). 0 5 10 15 20 25 5 à 10 11 à 20 21 à 30 31 à 50 51 à 70 colméias a p ic u lt o re s Figura 2: Número de colméias por apicultor da microrregião de Campos do Jordão. 35 A Figura 3 ilustra os apicultores georreferenciados na referida microrregião. Observa-se que em todos os municípios existem grandes concentrações (“bolsões”) de apicultores e de colméias instaladas em determinadas localidades. Admitiu-se, a partir de informações técnicas, a presença de mais de 100 colméias compartilhando raios de 1,5 km de distância plana para a denominação de um “bolsão de apiários”. Dessa maneira, identificou-se 5 “bolsões” na microrregião de Campos do Jordão, que podem representar um grande número de abelhas forrageando em um mesmo raio de distância, competindo pelos mesmos recursos florais. De acordo com o Quadro 2, os municípios de São Bento do Sapucaí e Monteiro Lobato concentram o maior número de apiários nos chamados “bolsões” (II e III) e (IV e V), respectivamente. Dessa maneira, em São Bento do Sapucaí, 85,25% dos apicultores compartilham, aproximadamente, a área trabalhada por suas abelhas, sendo que nos “bolsões II e III” existem 149 e 106 colméias. Já em Monteiro Lobato essa porcentagem é inferior (64,7%), porém também representa a maioria dos apiários do município. Os “bolsões IV e V” contemplam 101 e 111 colméias, respectivamente. Os apiários dos municípios de Santo Antonio do Pinhal e Campos do Jordão compartilham, aproximadamente, a área trabalhada pelas abelhas (214 colméias) em um único “bolsão” (I). 36 Figura 3: Mapa temático dos apiários da microrregião de Campos do Jordão em relação a vegetação e ação antrópica. 37 Quadro 2: Características produtivas dos “bolsões de apiários” da microrregião de Campos do Jordão. Bolsão Número de Apiários Número de colméias Produtividade kg colméia-1 ano-1 I 13 214 12,5 II 9 149 10 III 5 106 13 IV 5 101 12,5 V 6 111 13 Para Crane (1983), a área trabalhada por qualquer colônia pode ser restringida por competição de coletoras de outras colméias sendo que o padrão total de coleta muda constantemente à medida que as fontes existentes diminuem e novas fontes se tornam disponíveis. Por outro lado, segundo a mesma autora, a prontidão com que as abelhas coletam néctar de qualquer espécie de planta depende da concentração de açúcar do néctar, do seu acesso para as abelhas, da densidade populacional de plantas e do número de dias em que as flores secretam néctar. Apesar da proximidade de apiários poder proporcionar uma saturação da exploração apícola, e conseqüentemente queda na produção de mel, são recomendados estudos mais aprofundados em relação à flora apícola regional, principalmente por meio de levantamentos florísticos. Dessa maneira, os dados apresentados na Figura 4 revelam que a maioria dos apicultores relata obter por colméia uma produção aproximada de 10 à 15 kg de mel por ano, condizente à média de produtividade anual de mel no Brasil, inferior a 20kg colméia-1 ano-1 (PEREZ et al., 2006) e aos levantamentos anteriores realizados na região do Vale do Paraíba por Bendini (2002). 38 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% menos de 10 kg 10 à 15 kg 16 à 20 kg 21 à 25 kg Figura 4: Produtividade colméia-1 ano-1 dos apicultores da microrregião de Campos do Jordão. Sendo assim, a formação de “bolsões de apiários” atualmente
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