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História da Apicultura no Brasil

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO - UFMA 
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS - CCAA 
CAMPUS DE CHAPADINHA 
Disciplina: Apicultura 
Docentes: Eduardo Filipe Rocha e silva, Savana da silva figueiras 
 
HISTÓRIA DA APICULTURA NO BRASIL 
 
Em 1839 o Padre Antônio Carneiro Aureliano introduziu as primeiras abelhas 
do gênero Apis no Brasil, ele as trouxe de Portugal com a finalidade de ficar realizando a 
extração de cera para a produção de velas. E juntamente com essas abelhas ele trouxe os 
conhecimentos de manejo construídos por séculos na Europa, que serviu de embasamento 
para adaptações da criação em solo brasileiro (KERR, 1980; VILLAS-BÔAS, 2011). 
Por volta de 1950, os apicultores brasileiros começam a perceber que as 
práticas de manejo adotadas em território europeu não eram tão eficientes na realidade do 
“novo mundo” e observando essas limitações da espécie originalmente européia, acabou 
existindo margem para a necessidade de pesquisa e melhoramento genético em busca de 
uma espécie mais adaptada as condições edafoclimáticas do Brasil. O potencial do clima 
tropical, com flora abundante e diversificada, dava margem para uma maior capacidade 
de produção, e a baixa produtividade das abelhas introduzidas no país demonstra essa 
necessidade de melhoramento (PAULA, 2008). E com base nesses argumentos, os 
apicultores reivindicaram das autoridades brasileiras providências, e que acabaram 
investindo no setor. 
Em 1956, foram introduzidas no Brasil rainhas da raça africana Apis mellifera 
scutellata pelo professor Warwick Estevan Kerr, que tinha o objetivo de selecionar 
linhagens mais adaptadas às condições tropicais, ou seja linhagens que tivessem uma 
maior resistência a doenças, a inimigos naturais e que tivessem uma elevada capacidade 
produção.E antes que os estudos necessários fossem realizados, ocorreu uma falha na 
quarentena das abelhas africanas, que acarretou na fuga de algumas abelhas rainhas, e 
dessa maneira começou o processo de africanização, a carga genética dessas rainhas 
rapidamente se misturou à das abelhas europeias que ja existiam no Brasil e formou o 
poli-hibrido que hoje está presente em quase todo o território nacional (OLIVEIRA; 
CUNHA, 2005; RAMOS; CARVALHO, 2007). 
E em menos de uma década as consequências desses cruzamentos sem 
controle gerou uma série de problemas por todo País, a mídia reportava os diversos 
incidentes com essas abelhas, como ataque a animais domésticos e a pessoas, que em 
muitos casos dependendo ta intensidade do ataque, acabava levando a óbito as vítimas. E 
foi nesse momento da história, que muitos apicultores sem os conhecimentos necessários 
para o manejo adequado, optaram por abandonar seus apiários (PAULA, 2008). 
A apicultura brasileira se desenvolveu muito a partir dos anos 1970, quando 
a produção de outros produtos apícolas foi muito incrementada. Atualmente , o mel 
brasileiro tem alta aceitação no mercado exterior e frequentemente ganha prêmios pela 
sua qualidade e sabor (Ribeiro et al., 2019). 
No inicio dos anos 2000, os setores de produção e exportação de méis de 
abelhas do gênero Apis cresceu de maneira muito expressiva no Brasil. Identificam-se 
duas situações que viabilizaram esse crescimento. Primeiramente a escassez da oferta do 
produto no mercado mundial, consequência dos embargos sancionados pelos Estados 
Unidos da América (EUA) e União Européia (UE) contra a produção argentina e chinesa 
em 2001 e em segundo podemos destacar a desvalorização do Real frente ao Dólar de 
53,5% em 2002. Dessa forma o primeiro fator viabilizou a introdução da produção 
brasileira no mercado mundial de mel de Apis, e o segundo fez com que as empresas 
brasileiras aumentassem seus lucros com a exportação e consequentemente investindo na 
maximização da produção no país. (PAULA, 2008). 
Graças a essa viabilidade de mercado, foi possível realizar investimentos 
bastante expressivos, e com isso, fazer com que o Brasil ganhasse posição de destaque 
frente ao mercado mundial nas exportações dos méis de Apis. Que resultou em 2011 como 
o 11º maior produtor mundial e o 9º maior exportador desses produtos (ALICEWEB, 
2013; FAOSTAT, 2013). 
Segundo dados do IBGE (2016), no ano de 2015, a produção de mel no Brasil 
foi cerca de 38 toneladas, sendo que as parcelas de contribuição para essa produção, tem 
grande variação de acordo com a região. Sendo que aproximadamente 43% desse todo, 
teve origem na região Sul, 28% da região Nordeste, 22% da região Sudeste, 4% da região 
Centro-Oeste e 3% da região Norte. 
Na região que corresponde a 28% dessa produção total, os produtores em sua 
maioria são da agricultura familiar e geralmnte estão organizados em associações e 
cooperativas, que tem certificações que produzem mel orgânico, assim exportando para 
os Estados Unidos e Europa, e graças a variedade apicola da região semiárida e sem 
influência da agricultura convêncional, não se faz necessário muito esforço para garantir 
a qualidade biologica do produto (Ribeiro et al., 2019). 
 
HISTÓRIA DA MELIPONICULTURA NO BRASIL 
 
Há registros que desde o período do Cretácio Médio, as abelhas brasileiras 
sem ferrão já existiam, cerca de 120 milhões de anos atrás. (VELTHUIS et al., 1997). 
Podemos dizer que a primeira fase da história do cultivo de abelhas no Brasil 
antecede ao período de introdução das Apis. Nesse período inicial, destacamos as tribos 
indígenas como a dos Kayapó e dos Timbiras, mesmo que de maneira rústica e puramente 
empírica, eles exerciam a atividade de meliponicultura e possuíam um conhecimento 
significativo sobre a criação, manejo e comportamento dos meliponíneos (KERR, 1980; 
COLLETO-SILVA, 2005). 
Como afirma Kerr (1980), era um período em que na prática as criações de 
meliponíneos era feita geralmente em cortiços, troncos ocos e cestos de folhas de 
bananeiras. Variava de acordo com as regiões do País, por exemplo, na região sul se 
cultivava a mandaçaia, mandaguari, tuiúva, jataí, manduri e guarupu, enquanto que no 
Nordeste eram criadas a uruçú, a jandaíra e a canudo e no Norte a uruçú, a jandaíra, a 
uruçu-boca-de-renda e algumas outras. A extração do mel era feita de maneira bem 
tradicional, perfurando e comprimindo os potes quando conseguia o acesso sem muitos 
danos à colméia e retirando e espremendo os potes nas mãos quando o acesso era mais 
dificultado (VILLAS-BÔAS, 2011). 
De acordo com Venturieri, 2006, pelas características continentais do território 
brasileiro que abrange diversos biomas, ele afirma que o Brasil possui a maior biodiversidade 
de meliponíneos do planeta.E que pelo fato das proporções dessa biodiversidade, os 
meliponíneos desempenham um papel fundamental no balanço da vida de muitas outras 
espécies que tem uma relação de interdependência no meio que estão inseridas. (KERR, 1998, 
p.7). 
As abelhas sem ferrão do gênero Meliponini. Que apesar de ser da mesma 
família da Apis, (família Apidae), as abelhas da tribo Meliponini possuem diferenças 
significativas em relação a sua morfologia, maneira de armazenamento dos méis e 
diferenças na composição química dos méis, sendo que o mel das nativas apresenta níveis 
medianos de açúcares e níveis de água e acidez elevados comparado ao das com ferrão 
que contém elevados níveis de açúcares e baixos níveis de água e acidez. E 
consequentemente essas diferenças vão exigir necessidades de manejo especificas para 
cada uma, como a estruturação das caixas, os métodos de extração e conservação dos 
méis (VIT, 2010; SOUZA, 2008). 
Existem duas grandes tribos que divide os Meliponinae, os Meliponini e os 
Trigonini. Uma das principais diferenças entre essas tribos é que, os Trigoninitêm a presença 
da célula real e tem um porte menor comparado aos Meliponini (CASSANELI, 2012, p. 38). 
Suas colônias têm uma variação populacional entre 300 a 80.000 abelhas, essa variação é 
gerada pela idade da sua rainha e das condições dos pastos apícolas da regiãoonde então 
inseridas (FREITAS, 2003, p. 2). Dentro da mesma tribo temos uma significativa variação no 
aspecto produtivo e comportamental das espécies, as Oxytrigona tataíra, são muito 
conhecidas pela sua agressividade e por liberar uma substância urticante capaz de queimar a 
pele, já as scaptotrigonas também reconhecidas pela agressividade, no entanto o seu aparelho 
bucal é o que pode causar danos. E como as mais produtivas podemos destacar a Tetragonisca 
angustula, conhecida também como Tiúba e a Scaptotrigona bipunctata, conhecida como 
Tubuna são uma das mais utilizadas em meliponicultura, justamente pela sua maior 
produtividade seu temperamento mais fácil de se manejar (SILVA, 2008). 
Os Meliponini, como citado no parágrafo anterior são abelhas de maior porte 
comparadas as Trigonini, no entanto em relação ao número populacional, elas possuem 
uma menor quantidade de indivíduos, variando entre 500 e 4.000 (FREITAS, 2003, p. 2). 
Podemos destacar algumas espécies dessa tribo em relação a sua aptidão para a 
meliponicultura, por exemplo, as Melipona quadrifasciata, popularmente conhecidas 
como Mandaçaia, a Melipona scutellaris, muito conhecida como Uruçú e a Melipona 
subnitida, vulgarmente chamada de Jandaíra. Essas espécies citadas têm a capacidade de 
produzir até 8 litros de mel por colônia (NATES-PARRA, 2005, p. 8). 
Segundo Palumbo (2015), existem cerca de 300 espécies catalogadas de 
abelhas sem ferrão do gênero Meliponini no mundo, sendo que sua grande maioria é 
desconhecida para a maior parte da população. E sendo que o mel dessas abelhas possui 
propriedades funcionais para a saúde humana. 
REFERÊNCIAS 
ALICEWEB. Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior via Internet. 
Disponível em: http://www.aliceweb2.mdic.gov.br. Acesso em: 15 de setembro de 2021. 
FAOSTAT. FAO Statistics Division. Disponível em: 
http://www.faostat.fao.org/production/brazil/honeynatural. Acesso: 14 de setembro de 
2021. 
KERR, Warwick Estevam. História parcial da ciência apícola no Brasil. In: Anais do V 
Congresso Brasileiro de Apicultura. Confederação Brasileira de Apicultura, 1980. 
COLLETO-SILVA, Alexandre. Captura de enxames de abelhas sem ferrão 
(Hymenoptera, Apidae, Meliponinae) sem destruição de árvores. Acta Amazonica, vol. 
35, n. 5, 2005. 
PAULA, Juarez de. O mel do Brasil: as exportações brasileiras de mel no período 
2000/2006 e o papel do SEBRAE. Brasília: SEBRAE, 2008. 
VILLAS-BÔAS, Jerônimo. Manual tecnológico: mel de abelhas sem ferrão. Brasília: 
Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), 2012. 
VIT, Patricia. The word “honey” is not a trademark for combs. Mérida, 2010. 
 
SILVA, Leonardo. Mosaico Social - Revista do Curso de Ciências Sociais da UFSC. Ano 
XII, n. 07, p. 2-12, Jul, 2014. 
 
CORTOPASSI-LAURINO, M. Estado da arte da meliponicultura no Brasil. In: 
CONGRESSO BRASILEIRO DE APICULTURA, 17.: CONGRESSO BRASILEIRO 
DE MELIPONICULTURA, 3., 2008, Belo Horizonte. [Anais...] Belo Horizonte: CBA, 
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IBGE. Produção da Pecuária Municipal 2015. Rio de Janeiro 2016. Disponível em: 
HTTP://www.ibge.gov.br/home/estatística/economia/ppm/2015/default_ods_perfil.shtm
. Acesso em 10 set.2021. 
 
MAGALHÃES, T. L.; VENTURIERI, G. C. Aspectos econômicos da criação de 
abelhas indígenas sem ferrão (Apidae: Mliponini) no Nordeste Paraense. Belém: 
Embrapa Amazônia Oriental. 2010. 36p. (Embrapa Amazônia Oriental. Documentos, 
364). 
 
OLIVEIRA, M. L.; CUNHA, J. A. Abelhas africanizadas Apis mellifera 
scutellataLepetier, 1836 (Hymenoptera: Apidae: Apinae) exploram recursos na floresta 
amazônica? Acta Amazonica. v.35, n.3, p. 389-394, 2005. 
 
RAMOS, J. M.; CARVALHO, N. C. RAMOS, J. M.; CARAVALHO, N. C. Estudo 
morfológico e biológico das fases de desenvolvimento de Apis Mellifera. Revista 
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DINIZ, Fernanda. PESQUISADORES AVALIAM MORTALIDADE DE ABELHAS 
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https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/16665113/pesquisadores-avaliam-
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PALUMBO, Hermes Neri; Nossas Brasileirinhas. As abelhas nativas. Curitiba. Editora 
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http://pnan.com.br/2016/01/16/os-papeis-da-meliponicultura-no-brasil. Acesso em 10 de 
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CASSANELLI, F. Limites e possibilidades da meliponicultura na APA de Guaraqueçaba, 
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KERR, W.E. Meliponicultura – A importância da meliponicultura para o país. 
Biotecnologia Ciência & Desenvolvimento, n.3, p. 42-44, 1997. 
FREITAS, B. M. Polinizadores e Polinização: o Valor Econômico da Conservação. 
Disponível em: 
<http://www.sbpcnet.org.br/livro/57ra/programas/CONF_SIMP/textos/brenofreitas.htm
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