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15.08 - FARMACO I - PROF. GRASI Farmacocinética, absorção e distribuição de fármacos Objetivos da aula →processos envolvidos na absorção, distribuição e consequente biodisponibilidade de fármacos →correlacionar as vias de administração de fármacos com a absorção e distribuição dos fármacos, de acordo com a via adotada FARMACOCINÉTICA x FARMACODINÂMICA Farmacodinâmica →ação do fármaco no organismo Farmacocinética →ação do organismo sobre o fármaco →percurso que a medicação realiza no organismo que está sendo medicado e também toda a ação que a droga administrada sofre ao ser absorvida, transformada ou biotransformada até o seu processo de eliminação corpórea. →cada droga tem seu padrão farmacocinético, importante para definir o tratamento terapêutico dentro dos padrões e condições (padrão de metabolização, excreção) que a droga apresenta dentro do organismo →dividida em 4 fases: - absorção - distribuição pela corrente sanguínea - metabolização - excreção Padrão farmacocinético →permite determinar o esquema posológico - dose, dosagem, forma de uso, tempo, apresentação farmacêutica, via, princípio ativo →permite racionalizar o uso da droga - melhorar a eficácia terapêutica, diminuir os riscos de efeitos adversos, individualizar a terapia do paciente, monitorar drogas com margem de segurança estreita (com janela terapêutica pequena) →permite fornecer chances de segurança e eficácia da terapêutica medicamentosa →Ex.: [droga] (concentração de uma droga x) = 50 mg de 12 em 12 horas → chega no sítio de ação, e promove o efeito terapêutico →se administrar essa droga de 50 mg de 4 em 4 horas, o efeito pode ser de toxicidade, pois ultrapassa a janela terapêutica a nível plasmático →é importante escolher uma dose adequada da droga; além do tempo adequado - para atingir o efeito terapêutico Ação sistêmica →droga chega ao seu local de ação pela circulação sistêmica →sangue →sítio de ação Ação local →droga não precisa da circulação sistêmica para chegar ao seu local de ação DROGA →SÍTIO DE AÇÃO → EFEITO →intervalo terapêutico →50 mg é o mínimo de concentração para iniciar o efeito terapêutico →se administrar apenas 25 mg, não vai iniciar o efeito terapêutico Margem de segurança →o segundo medicamento tem uma margem de segurança maior →primeiro medicamento tem uma margem de segurança estreita: deve-se monitorar o paciente Absorção →transferência de um fármaco do seu local de administração para a corrente sanguínea →ocorre em toda as vias de administração, menos na via endovenosa, pois é administrada diretamente na corrente sanguínea →velocidade e eficácia de absorção são dependentes da via de administração →quanto mais rápida a absorção, menor o tempo necessário para alcançar a concentração plasmática máxima Vias de administração Parenteral →absorção: trajeto que o medicamento faz do local de aplicação até a corrente sanguínea →por exemplo: retal e sublingual proporcionam uma resposta rápida devido à alta vascularização →endovenoso: única via que não ocorre absorção; as outras precisam, necessariamente, atravessar todas as camadas de células para chegar na corrente sanguínea Enteral →oral é a via de administração que leva mais tempo para ocorrer o efeito →todo fármaco, ou é um ácido fraco ou base fraca; entra em reação com os fluidos corpóreos, que influencia na absorção do fármaco Para medicamentos sólidos - comprimidos →se o fármaco administrado via oral for um sólido, precisa ser desintegrado e dissolvido - pH do meio influencia sobre esse medicamento - cai no sistema porta-hepático, passa pelo fígado, sofre reações químicas pela enzima hepática e depois cai na circulação sanguínea. Por isso, a via oral é mais demorada para gerar o efeito. Para medicamentos líquidos →se for uma solução, o efeito é mais ráṕido; pois não precisa passar pelo processo de desintegração e dissolução. Mas, todo fármaco administrado via oral passa pelo sistema porta-hepático, é metabolizado para depois cair na corrente sanguínea. Fases da farmacocinética Em qualquer uma das vias: Após ser administrado, o primeiro processo farmacocinético que o fármaco passa é a absorção, e posteriormente, é distribuído, e assim sofre metabolização e excreção. Administração →absorção →distribuição →metabolização →excreção →a partir de quando é distribuído, o fármaco vai para o sítio de ação, para provocar o efeito terapêutico; depois, volta para a corrente sanguínea para sofrer a metabolização (deixar o fármaco hidrossolúvel, para favorecer o processo de excreção - na urina e nas fezes); →ou seja, um mesmo fármaco pode ser metabolizado várias vezes (tem medicamentos que apresentam um tempo de ação prolongado, pois alguns metabólitos podem permanecer ativos); →em qualquer uma das vias, o fármaco é absorvido; e cai na corrente sanguínea (que faz a distribuição. Na via oral: →após ser administrado, o fármaco é absorvido ou pelo estômago ou pelo intestino; porém, quando é absorvido, não cai diretamente na corrente sanguínea, passa primeiro pelo sistema porta-hepático (fígado); lá, tem a família de enzimas do citocromo p450, que realiza o processo de metabolização de primeira passagem. Posteriormente, é distribuído. →qualquer medicamento administrado via oral sofre a metabolização de primeira passagem (não se usa o termo segunda passagem); →a via oral demora para promover a ação pois passa pela metabolização de primeira passagem, enquanto que nas outras vias, o fármaco vai direto para a corrente sanguínea; Na via endovenosa: Administração →distribuição →não passa pelo processo de absorção, cai na corrente sanguínea diretamente, assim como no sítio de ação. →é preferível que o fármaco seja lipossolúvel - para que ultrapasse as camadas de células até chegar na corrente sanguínea. Se for hidrossolúvel, precisa ocorrer alterações físico-químicas por meio das reações com fluidos corporais; →por exemplo, os fármacos administrados via sublingual são lipossolúveis. →alguns fármacos conseguem passar pela filtração glomerular e são excretados na forma de droga inalterada. →dependendo do paciente, se for um paciente obeso, o tempo de ação de anestésicos, por exemplo, é muito maior pois o medicamento vai para o tecido adiposo. FATORES QUE INFLUENCIAM NA ABSORÇÃO →ligados a via de administração →ligado ao fármaco →ligados ao indivíduo Ligados a via de administração →área de superfície absortiva →circulação no local da administração Ligados ao indivíduo →alimento: podem formar complexos insolúveis com a substância ativa, o que diminuiria sua absorção →esvaziamento gástrico: o aumento da motilidade intestinal diminui o tempo disponível para absorção do fármaco →condições patológicas Ligados ao fármaco →forma farmacêutica →peso molecular →solubilidade - parte orgânica (lipossolúvel) e parte iônica (hidrossolúvel) →grau de ionização (quanto maior a quantidade de íons formado, mais difícil se torna a absorção) →concentração de fármaco - influencia diretamente no processo de absorção SOLUBILIDADE →é dada pelo coeficiente de partição - cp - relação entre a estrutura química do fármaco e sua solubilidade; é dada pela fração do fármaco dissolvida em óleo pela fração dissolvida em água. →quanto maior o Cp: maior é a solubilidade em óleo, e menor em água = LIPOSSOLÚVEL →quanto menor o Cp: menor é a solubilidade em óleo, e maior em água = HIDROSSOLÚVEL Exemplo: Tiopental – coeficiente O/A: 580; Fenobarbital – coeficiente O/A: 3. Qual deles é mais lipossolúvel? →Tiopental é mais lipossolúvel, quando comparado com fenobarbital Por isso, dependendo do medicamento, não pode trocar a via de administração, pois corre o risco de não ser absorvido. Dois outros fatores importantes para o processo de absorção são: →pH do meio e pKa do fármaco →grau de ionização do fármaco Grau de ionização →a absorção depende do grau de ionização (quantidade de íons que forma) e o pH do meio, e pKa do fármaco (constante de dissociação; capacidade que o fármaco tem de ionizar em meio aquoso). →quanto maior o pKA: mais básico é o fármaco →quanto menor o pKa: maisácido é o fármaco Assim, todo fármaco é um ácido fraco ou é uma base fraca. É importante saber que: pH do meio e pKa definem o tempo de absorção. Equação de Handerson-Hasselbach →descreve a relação entre o valor de pKa e pH para ácidos e bases fracas →permite prever a porcentagem da forma ionizada de um fármaco em função do pH do meio →dissociação interfere na lipossolubilidade Imaginando um fármaco de caráter básico… →se é básico, tem uma constante pKa de 8,3 por exemplo. pKa = 8,3 No estômago: →ao ser administrado, por via oral, chega no estômago, onde tem um pH ácido de pH = 2 (ácido), devido ao HCl (hora está na fase molecular ou ionizada) HCL → H+ + Cl- →íon H+ é o que promove a acidez →como o fármaco é básico, pode ser representado por: BOH →B+ + OH- →ao entrar em contato com a água, no estômago, o fármaco se ioniza, porém, também tem muito H+, os quais vão reagir com os íons do fármaco, formando a água. Nessas condições, sobra-se o íon B+. Assim, como o fármaco é uma base, ele se encontra predominantemente na forma ionizada, e não na forma molecular. (10% permanece na forma molecular). →como ocorre a formação de água, é hidrossolúvel, mais difícil de ser absorvido, com alto grau de ionização (90%) (há formação de íons). BOH (10%; não ionizada) →B+ + OH- (90%, ionizado) ALTO GRAU DE IONIZAÇÃO → BAIXA ABSORÇÃO No intestino: →pH = 8; encontram-se mais OH- →fármaco: BOH → B+ + OH- →ao ser administrado, B+ reage ao OH- presente no meio, formando BOH →encontra-se com baixo grau de ionização: lipossolúvel, mais fácil de ser absorvido. BAIXO GRAU DE IONIZAÇÃO →ALTA ABSORÇÃO Exemplificando: →fármaco ácido fraco →fármaco base fraca →pH pode ser ácido (no estômago pH = 2) ou pode ser básico (no intestino pH = 8) Fármaco base fraca no estômago e no intestino Administrando o fármaco base fraca: chega no estômago, onde o pH é ácido; a solubilidade do fármaco é hidrossolúvel. O grau de ionização é alto; sobram íons. (não tem com quem o B+ se ligar, ou seja, ele fica sobrando, por isso, o grau de ionização é alto). Nessas condições, a absorção é baixa, favorece a excreção. No intestino: base encontra um ambiente básico; formam-se moléculas, assim, 90% das moléculas permanecem na forma molecular, e apenas 10% é ionizada. Nesse caso, a solubilidade é lipossolúvel, com baixo grau de ionização e alta absorção. Obs.: Fármacos de caráter ácido forte não conseguem ser absorvidos, pois o grau de ionização é muito alto; precisam ser absorvidos diretamente na corrente sanguínea. Fármaco ácido fraco no estômago e no intestino Administrando o fármaco ácido fraco: chega no estômago, onde o pH é ácido; o fármaco dissocia, formando H+ e A-. Encontra, no estômago, H+, que reage com o A- formando HA. H+A- →H+ + A- No estômago: Assim, 90% desse fármaco se mantém na forma molecular HA, na sua forma lipossolúvel. Com baixo grau de ionização (pois não tem íons, só os H+ do ambiente); fácil de ser absorvido. No intestino: permanece na forma ionizada, pois o OH- do meio reage com o H+ do fármaco, sobrando o A-. Solubilidade hidrossolúvel, com alto grau de ionização e difícil absorção. pH do meio / fármaco ácido fraco base fraca estômago (pH ácido) lipossolúvel; baixo grau de ionização; alta absorção. hidrossolúvel; alto grau de ionização; baixa absorção. intestino (pH básico) hidrossolúvel; alto grau de ionização; baixa absorção. lipossolúvel; baixo grau de ionização; alta absorção. DISTRIBUIÇÃO →é a transferência reversível de um fármaco do sangue para os tecidos →a distribuição é realizada pela corrente sanguínea →o fármaco pode ser distribuído “livre” ou “complexado” a proteínas plasmáticas →o fármaco só promove ação quando está na forma livre →uma vez absorvido, o fármaco fica na forma livre →se estiver ligado, não consegue chegar no sítio de ação; somente na sua forma livre →ao chegar no sítio de ação, ele promove o efeito, e depois volta para ser metabolizado, e, posteriormente, excretado. Fatores que influenciam na distribuição dos fármacos no organismo 1. Perfusão sanguínea - tecido altamente vascularizado, distribui mais rápido; e tecidos que tem baixa perfusão, chega mais devagar; 2. Ligação às proteínas plasmáticas 3. Ligação dentro dos compartimentos (reservatórios) 4. Solubilidade 5. Permeabilidade através de barreiras biológicas 6. pH do meio e pKa do fármaco PERFUSÃO SANGUÍNEA LIGAÇÃO DO FÁRMACO ÀS PROTEÍNAS →parte do fármaco administrado fica na forma livre; outra parte tem afinidade com proteína plasmática →nem todos os fármacos têm afinidade com proteínas plasmáticas e componentes biológicos. →a porção livre consegue ultrapassar a barreira e exercer o efeito; a parte ligada, não. →alta afinidade à proteína plasmática: permanece na corrente sanguínea; não é facilmente distribuído aos tecidos; não é metabolizado de forma rápida. Tempo de ação é maior (só promove ação na forma livre) →baixa afinidade à proteína plasmática: é facilmente distribuído; é metabolizado de forma rápida. Tempo que permanece no organismo é menor (ou tempo de ação é menor) A quantidade de fármacos que se ligam às proteínas dependem de três fatores: →concentração do fármaco →afinidade do fármaco pelos locais de ligação →concentração das proteínas Quando dois fármacos apresentam afinidades à mesma proteína plasmática Ex.: amarelo tem 90% de afinidade, enquanto que o verde tem 60%. Assim, o amarelo ocupa o sítio de ligação à proteína, e o verde acaba tendo seu efeito potencializado. Alguns fármacos se ligam fortemente (aproximadamente 90%) à proteínas plasmáticas Ex.: Anticoagulantes orais, fenitoína, estrógeno, glicocorticóides, diazepam, AINES; A competição entre dois fármacos à ligação às proteínas plasmáticas resulta em um aumento da fração livre de um ou ambos os fármacos. Resultado: Intensificação da resposta farmacológica e/ou tóxica.
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