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I SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PESQUISA EM 
POLÍTICAS PÚBLICAS E DESENVOLVIMENTO SOCIAL 
 
Franca, 22 a 24 de setembro de 2014 
 
 
O Programa de Transferência de Renda Bolsa-Família na perspectiva educacional inclusiva: 
dilemas e retrocessos 1 
MARIA LUISA DA COSTA FOGARI 
 
RESUMO 
 
Este artigo buscou entender a relação de poder e exclusão existentes nas políticas sociais de 
atendimento à população. Neste norte citado, a questão social que deveria ter como antídoto 
políticas públicas educacionais e sociais qualitativas, recebe a interferência do programa de 
transferência de renda - PBF, que abate o poder decisório, participativo e democrático da 
maioria da população de baixa renda. Para tal, fez-se uma revisão de bibliografia em 
conteúdos que respondessem aos seguintes questionamentos: Quais famílias recebem 
o PBF? Quais são suas condicionalidades? O investimento público federal é 
satisfatório? Os dados explicitados confirmam que o PBF possui um caráter emergencial e 
pontual. Neste enfoque, o programa deixa de ser inclusivo quando não apresenta ações que 
favoreçam uma educação cidadã. Assim, os brasileiros ficam a mercê de um discurso que 
avança e retrocede, sendo laureado pelos “dilemas” defendidos pelos órgãos de educação, 
saúde e assistência social. 
 
Palavras - Chave: Educação Inclusiva; Programa Bolsa-Família; Questão Social 
 
 
ABSTRACT 
 
This article sought to understand the relationship of power and exclusion in social policies of 
care for the population. In the North, the social question quoted which should have as an 
antidote educational and social public policy qualitative, receives the interference of the 
income transfer program-GMP, which slaughter the participative and democratic decision-
making power of the majority of the low-income population. To this end, a review of 
bibliography in content to respond to the following questions: Which families receive PBF? 
What are your conditionalities? The federal public investment is satisfactory? The codified data 
confirm that GMP has an emergency character and punctual. In this approach, the program 
ceases to be inclusive when it presents actions that promote civic education. Thus, the 
 
1 Este artigo trata-se de um resumo do trabalho avaliativo entregue e apresentado para a pós-graduação 
lato sensu do Centro Universitário Barão de Mauá – Ribeirão Preto/SP, em: Educação Inclusiva (2012), 
porém, fizemos alterações/atualizações necessárias, visando o enriquecimento da discussão teórica e as 
devidas adequações para o I Seminário Internacional em Políticas Públicas e Desenvolvimento Social. 
 
 
 
I SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PESQUISA EM 
POLÍTICAS PÚBLICAS E DESENVOLVIMENTO SOCIAL 
 
Franca, 22 a 24 de setembro de 2014 
Brazilians are at the mercy of a speech that advances and recedes, being Laureate by the 
"dilemmas" defended by the education, health and social assistance. 
 
Keywords: Inclusive Education; Family Stipend Program; Social Issue 
 
Introdução 
 
A escolha deste tema perpassa pela importância em entender-se a relação de poder e 
exclusão existentes nas políticas sociais de atendimento à população, que evidencia a 
ampliação de programas de transferência de renda, a exemplo do PBF, que representa 
para muitos a única fonte de renda, tornando a inclusão escolar questionável. 
Para tal, fez-se uma revisão bibliográfica para determos na formação social da América 
Latina/brasileira e as peculiaridades do Programa Bolsa - Família (PBF). 
 
Pesquisa bibliográfica é a que se efetua tentando resolver um problema ou 
adquirir novos conhecimentos a partir de informações publicadas em livros ou 
documentos similares (catálogos, folhetos, artigos etc.). Seu objetivo é de 
desvendar, recolher e analisar as principais contribuições teóricas sobre um 
determinado fato, assunto ou ideia (GALLIANO, 1986, p.109). 
 
Considerando a subjacência da área social para a educação inclusiva, pergunta-se: Quais 
famílias recebem o PBF? O benefício PBF é satisfatório/eficaz para os educandos? Quais são as 
condicionalidades para a educação? 
 
Contexto Social: América Latina 
Os velhos dilemas sociais, que desembocam na educação brasileira, estão atrelados as 
explorações, ocorridas na América Latina que sofreu as intempéries da colonização ibérica e 
espanhola, iniciada com as navegações. “A América era o vasto império do diabo, de redenção 
impossível ou duvidosa, mas a fanática missão contra a heresia dos nativos confundia-se com a 
febre que provocava, nas hostes da conquista o brilho dos tesouros do Novo Mundo [...]” 
(GALEANO, 2008, p. 29). 
 Para Ribeiro (1978, p.24-25), os povos cêntricos e dependentes cumpriram, funções 
desiguais e complementares, entre si. Os cêntricos, os dominadores, formaram uma sociedade 
independente/autônoma, capaz de desenvolver-se através da tecnologia, do produto do 
trabalho. No caso dos dependentes, os resultados das explorações de riquezas, devido às 
opressões, os transformaram em Capitalistas Neocoloniais. 
 
 
I SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PESQUISA EM 
POLÍTICAS PÚBLICAS E DESENVOLVIMENTO SOCIAL 
 
Franca, 22 a 24 de setembro de 2014 
Os países centrais se sobressaíram, restando aos dependentes, as expressões da 
questão social, devido à ausência de seguridade social. A questão social, no caso latino-
americano, “[...] foi imposta pelos colonizadores por meio do pacto colonial, e segue dirigida 
pelo pacto da dominação burguesa [...]” (WANDERLEY, 2008, p. 60). 
Este breve retrocesso ao histórico da América Latina buscou demonstrar que os 
beneficiários do PBF são provenientes destas adversidades históricas que formaram um 
aglomerado de cidadãos marginalizados, vivendo em miséria e/ou pobreza extrema. “Pobreza 
que se ampliou nas últimas décadas na América Latina, ocasionada por causas internas e 
externas interligadas e que se acirrando com a maneira pela qual se desenvolve a 
‘globalização’ [...]” (WANDERLEY, 2008, p.62). 
 
Contexto Social: o Brasil 
No Brasil, a questão social perpassa pelas construções de uma sociedade deformada 
em prol das “vontades” e luxúria, dos pecados capitais dos europeus, que no período colonial 
e Imperial escravizou os ameríndios e os africanos. 
 Retrocedendo ao século XIX, época em que ocorreram várias transformações no Brasil, 
inicia-se a República Velha, tendo como palco a oligarquia cafeeira que encolhia a cidadania da 
população. O Estado assume a educação e todos os atos relacionados às condições civis dos 
brasileiros, antes pertencentes à Igreja. 
Mediante o findar dos combinatórios da política do “Café com Leite” (da República 
Velha/coronelismo) decorrente da Revolução de 1930, Vargas toma o poder pelo Governo 
Provisório, diante de uma sociedade “debulhada” economicamente, devido à queda da Bolsa 
de 1929 (LEITE JR, 2009, p.20). 
Getúlio imprime a modernização e o desenvolvimento industrial, afiançados pelo 
nacionalismo. Diante destes fatos, surgem os movimentos sociais, liderados pelos operários 
que se sentindo explorados buscavam seus direitos, obtendo como resposta as políticas sociais 
que vieram para “calar” a boca e “vendar” seus olhos. 
Décadas após, em 1956, Kubistchek elege-se, ensejando modernizar, alvejar a imagem 
brasileira no exterior, porém deixa uma avolumada expressão da questão social. 
Para Souza, Costa e Carvalho (2007), João Goulart é identificado/reconhecido como 
socialista, fazendo com que movimentos conservadores incitassem a intervenção dos militares, 
que tomam o poder, dando início a “Ditadura Militar” no Brasil. Segundo Oliveira et al (2010, 
 
 
I SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PESQUISA EM 
POLÍTICAS PÚBLICAS E DESENVOLVIMENTO SOCIAL 
 
Franca, 22 a 24 de setembro de 2014 
p. 4) neste período na década de 1970, a crise econômica assombrou nosso país, trazendo 
desemprego e inflação, que deixaram rastros de miséria. 
Com as “Diretas Já”,em 1984 consegue-se somente a volta das eleições indiretas. 
Ainda, nesta década fértil, entre mobilizações/lutas sociais, em outubro de 1988, aprova-se a 
Constituição Federal do Brasil, conhecida como “Carta Magna”. 
Após o governo Fernando C. de Melo, eleito via voto nas urnas, vieram outros que 
também adotaram o neoliberalismo que, impôs seus dogmas, sendo: abertura aos importados, 
a extinção/privatização de estatais, precarização das políticas públicas e etc. 
Enfim, compreende-se que a questão social brasileira e suas refutações são reflexos de 
um processo histórico desigual. O povo é vítima destes “projetos políticos e econômicos” 
engendrados pela burguesia, pelos capitalistas, enfim pelos países centrais. 
 
 
 
Contextualização histórica da educação no Brasil 
A educação brasileira, sempre esteve equacionada às realidades sociais, econômicas e 
políticas, na maioria das vezes atrelada, subjugada ao capital, que com sua ausência e/ou 
desqualificação, enquadra-se a uma das expressões da questão social. 
Dos jesuítas a atualidade, as propostas sempre serviram ao capital. “Aos jesuítas 
coube, praticamente, o monopólio do ensino escolar no Brasil durante um tempo razoável. 
Algo em torno de duzentos anos. Durante este tempo, eles fundaram vários colégios com 
vistas à formação de religiosos [...]” (GHIRALDELLI JR, 2008, p. 25). 
Os mais abastados estudavam na Europa. Em contrapartida, assunta-se que a 
educação das primeiras letras decorria na maioria das vezes nas casas: “[...] As famílias mais 
ricas optaram ou por pagar um preceptor ou por colocar o ensino de suas crianças sob os 
auspícios de um parente mais letrado [...]” (GHIRALDELLI JR, 2008, p. 26). 
Desta forma, os filhos dos camponeses, os indígenas e os negros ficaram sob o jugo 
dos jesuítas. “[...] Essas escolas do bê-á-bá eram importantes no ritual de realização da 
catequese, ou seja, da conversão dos ‘gentios’ ao cristianismo. Assim, em função da 
catequese, os filhos das famílias escravas também foram submetidos à escolarização 
(FERREIRA JR, BITTAR, 1999, p.474)”. 
 
 
I SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PESQUISA EM 
POLÍTICAS PÚBLICAS E DESENVOLVIMENTO SOCIAL 
 
Franca, 22 a 24 de setembro de 2014 
No Brasil Imperial, o ensino: “foi estruturado em três níveis: primário, secundário e 
superior. O primário era a ‘escola de ler e escrever’, que ganhou um incentivo da Corte e 
aumentou suas disciplinas consideravelmente. O secundário se manteve dentro do esquema 
das ‘aulas régias’ [...]” (GHIRALDELLI JR, 2008, p. 26). 
Na República Velha (1889-1930), surgem novas acepções de vida social, que com a 
crescente urbanização, avoluma-se uma quantidade abrangente de iletrados. Segundo 
Schueler e Magaldi (2008) na Primeira República, a educação sofre com o rastro deixado pela 
escola Imperial, que: 
 
[...] sob o signo do atraso, da precariedade, da sujeira, da escassez e do 
‘mofo’. Mofadas e superadas estariam ideias e práticas pedagógicas − a 
memorização dos saberes, a tabuada cantada, a palmatória, os castigos físicos 
etc. −, a má formação ou a ausência de formação especializada, o 
tradicionalismo do velho mestre-escola [...] (SCHUELER; MAGALDI, 2008, p. 
35). 
 
 
Para Palma Filho (2005), a educação presenciou um movimento relevante, o 
“Manifesto dos Pioneiros”, que buscou melhorar as condições da educação brasileira, em dois 
aspectos: o social e o econômico; formando-se dualidades entre adeptos ao socialismo, 
comunismo e intelectuais liberais e, católicos e conservadores reformistas. Assim, Palma Filho 
(2005, p. 5) define que as arbitrariedades entre estes dois grupos, estendem-se à “[...] 
obrigatoriedade para todos do ensino elementar, gratuidade desse mesmo ensino, currículo 
escolar laico e coeducação dos sexos.” 
Entretanto, no Estado Novo, na década de 1940 tivemos vários decretos-lei, 
apontando a necessidade de o empresariado profissionalizar os brasileiros, criando-se o 
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI). 
Seguindo para a Ditadura Militar (1964-1985), de acordo com Battistus, Limberger e 
Castanha (2006), ofereceu-se uma educação perversa, que visava somente atender ao capital, 
ampliando o exército industrial de reserva e as desigualdades sociais. 
Entre agruras e amarguras finaliza-se este governo, após os movimentos sociais na 
década de 1980 esbravejarem e pedirem a (re) democracia, que se formaliza com a 
“Constituição Federal de 1988”. Neste documento, “[...] a educação não veio contemplada 
apenas no seu local próprio, no tópico destinado a ela, mas apareceu espalhada em outros 
tópicos.” (GHIRALDELLI JR, 2008, p. 169). Dentre eles: 
 
 
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POLÍTICAS PÚBLICAS E DESENVOLVIMENTO SOCIAL 
 
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Art. 205 - A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será 
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno 
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua 
qualificação para o trabalho (BRASIL, online). 
 
 
Na Constituição, o Art. 208 (BRASIL, online a), garantiu: a obrigatoriedade da educação 
básica; universalização do ensino médio gratuito, atendimento educacional/preferencial nas 
escolas regulares aos portadores de deficiência; direito a educação infantil em creche/pré-
escola; acesso aos níveis mais elevados de ensino/pesquisa; ensino noturno; oferecimento de 
material escolar, alimentação e saúde. 
Contudo, a educação carece de qualidade, devido à submissão ao Banco Mundial, que 
a redesenhou, através do Consenso de Washington, que apreende “[...] desnecessários gastos 
públicos com a educação superior, insuficiência de investimentos no ensino fundamental, 
ineficácia do ensino médio e necessidade de dinamização de um ensino profissional mais 
direcionado para as exigências do mercado de trabalho (TOMMASI, WARDE e HADDAD, 1996, 
apud ALMEIDA, 2000, p.156)”. 
Com o neoliberalismo, a educação passa a ser pontual/quantitativa. A questão social 
funde-se à educacional e o que era para ser direito, passa a ser uma dádiva. Para 
complementação desta estratégia hegemônica dos países centrais, a situação precarizada da 
população passa a ser abreviada pelo programa de transferência de renda: PBF. 
 
Educação Inclusiva e os direitos sociais: Programa de transferência de renda Bolsa Família: 
conquistas veladas? 
 
Este estudo atrela-se à questão social e suas expressões, dentre elas: a educação 
inclusiva. A notoriedade adquirida pelo programa social nos preocupa, pois, “[...] no mês de 
abril de 2014 o Bolsa Família foi pago a 14.145.274 famílias, atingido cerca de 50 milhões de 
pessoas (CARTA CAPITAL, 2014, online)”. O PBF: “[...] integra o Plano Brasil Sem Miséria, que 
tem como foco de atuação os milhões de brasileiros com renda familiar per capita inferior a R$ 
77 mensais e está baseado na garantia de renda, inclusão produtiva e no acesso aos serviços 
públicos (BRASIL, online b)”. 
Nossa história é marcada pela exclusão da população em situação miserável, que não 
foi detentora do Estado de bem estar social. O autor define que para estes foram implantados 
programas sociais, denominados política de transferência de renda, como o PBF, que: “[...] tem 
 
 
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POLÍTICAS PÚBLICAS E DESENVOLVIMENTO SOCIAL 
 
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dois objetivos básicos: combater a miséria e a exclusão social, e promover a emancipação das 
famílias mais pobres [...]” (WEISSHEIMER, 2010, p.53). 
Em 2003, Lula ao assumir o governo, unifica os programas de transferência de renda, 
então “[...] Nascia o Programa Bolsa Família, que se integra a um guarda-chuva maior 
denominado Programa Fome-Zero [...]” (WEISSHEIMER, 2010, p. 60). 
Os programas são condensados e transformados num único segmento, com critérios 
avaliativos e condicionalidades próprias: “Além da exigência da frequência escolar e da 
proibiçãodo trabalho infantil, também passou a ser exigida a vacinação de crianças [...]” 
(WEISSHEIMER, 2010, p. 61). 
Para contemplá-lo, os beneficiários deverão atender a estas condicionalidades, que 
funcionam como uma “mera relação de troca/compromisso” entre as partes. Segundo 
(BORBA, 2004, p.319) a palavra condicionalidade significa: “[...] condição; restrição [...]”. 
Todavia, os considerados portadores do direito ao PBF, deverão então atender as restrições 
expressas nas esferas da: saúde, assistência social e educação. 
As condições subjugadas aos receptores do PBF, na esfera educacional, congratulam 
que as famílias deverão matricular suas crianças e adolescentes, portadores das idades entre 6 
e 15 anos, que deverão auferir a frequencia mínima de 85%. Para os discentes entre 16 e 17 
anos, a assiduidade é reduzida para 75% (BRASIL, online c). 
Diante destas obrigatoriedades, deduz-se que medidas autocráticas não resolvem 
problemas sociais/educacionais. A educação inclusiva, não pode se pautar na 
“obrigatoriedade”, e sim em objetividade. Para tal, Demo (2014, online), apreende que: 
 
[...] a superação da pobreza pede pelo menos três políticas integradas: 
assistência, para garantir o direito à sobrevivência; políticas socioeconômicas, 
para fomentar a integração no mercado; políticas de cidadania para abrir o 
leque da construção de oportunidades como protagonista. O Bolsa-Família 
cumpre apenas a primeira condição, sendo evasivo nas outras (DEMO, 2014, 
online). 
 
Em outro estudo, o mesmo pesquisador, cita que: 
 
[...] devemos aceitar que assistência não é propriamente solução, pois 
assistir não é solucionar. Toda assistência significa atendimento 
tendencialmente emergencial, exceto naqueles casos em que precisa ser 
mantida até o fim da vida ou ciclo de idade. Em linguagem popular, 
 
 
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POLÍTICAS PÚBLICAS E DESENVOLVIMENTO SOCIAL 
 
Franca, 22 a 24 de setembro de 2014 
assistência apenas ‘quebra galho’. Mas existe o direito a esse quebra galho. 
Cabe ao Estado cumprir adequadamente esse dever, sobretudo não rebaixar 
assistência a assistencialismo (DEMO, 1994, p. 31). 
 
 
Demo (1994) aponta que assistir ao outro é uma medida emergencial, e que o Estado 
está incumbido em direcionar as políticas públicas para o campo dos direitos e não do 
assistencialismo. A proposta do PBF atende somente aos anseios do capital, ficando a 
população em situação de miséria, ao relento e devaneios do Estado mínimo. 
 
A educação de qualidade, sem dúvida, constitui um dos direitos 
fundamentais que compõem a cidadania. Não existe cidadania plena sem 
educação. Porém, a possibilidade de ascensão social e o exercício dos 
direitos fundamentais, tudo isso requer muito mais que o acesso à 
educação. A vigência dos direitos sociais depende, por exemplo, do pleno 
emprego, do acesso à saúde e à moradia digna. A falta de investimento 
nessas áreas tende a proporcionar condições impróprias ao aproveitamento 
das oportunidades educacionais, quando elas existem (GALVÃO, 2008, p. 2). 
 
A contento, precisamos de políticas educacionais que tenham por norte a ascensão 
social, filosófica, cultural e política das famílias. “Nenhuma ‘ordem’ opressora suportaria que 
os oprimidos todos passassem a dizer: ‘Por quê? ’ (FREIRE, 1987, p.43).” Ordem que costuma 
“vir de cima para baixo” sem a presença do povo brasileiro. 
Desta maneira, supomos que muitas vezes os beneficiários aderem à política 
educacional somente em cumprimento as condicionalidades do PBF. Assim, qual será a 
contrapartida do Estado para as famílias dessa inserção escolar “vigiada”? Estas ações são 
prioritárias para alunos das escolas públicas, sendo: “[...] o local que deve ser de todos, pois é 
com essa ação coletiva e com a preocupação de abrigar a diversidade que ela poderá continuar 
a ser chamada de pública (CORREA, STAUFFER, 2006, p.124)”. 
Considera-se impar demonstrar que por parte dos pais/responsáveis pelos alunos, 
alarde a ideia do frequentar somente para garantir a renda beneficiária. Diante desta 
observação, se não houver uma estruturação/consolidação do PBF com outras políticas 
públicas, que atendam basicamente/preventivamente os membros familiares em suas 
determinantes cotidianas, (ele/o PBF) perde a efetividade. Contudo, seria viável a consolidação 
de valores educacionais, enquanto forma/meio de transformação social, econômica, política e 
cultural, como dito por Paulo Freire, na maioria de seus estudos. 
 
 
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POLÍTICAS PÚBLICAS E DESENVOLVIMENTO SOCIAL 
 
Franca, 22 a 24 de setembro de 2014 
Diante deste fato, Maria Ozanira Silva e Silva, (2010, p.97-99) traz apontamentos 
imprescindíveis sobre o PBF e a educação. Ela inicia discorrendo que é de interesse que os 
programas de transferência de renda na América Latina, tenham o como retorno a extinção da 
pobreza. Segundo Maria Ozanira (2010, p.98), Soares, Ribas e Osório (2007) analisando a 
pesquisa (Cedeplar/UFMG, 2007) ressaltaram que: 
 
[...] precisariam ter cautela na interpretação dos dados [...], lembrando que o 
simples fato de as crianças do BF estarem evadindo menos, ou seja, 
permanecendo no sistema escolar, pode estar levando a uma diminuição da 
aprovação num primeiro momento por se tratar de crianças com limites 
consideráveis no ambiente familiar [...] (SOARES, RIBAS E OSÓRIO, 2007, apud, 
SILVA, 2010, p.98). 
 
A pesquisadora, ainda descreveu que os mesmos autores, assinalam que: “[...] a 
permanência do aluno na escola não é suficiente para romper com o ciclo de pobreza, 
demandando um ensino de boa qualidade e outras atenções que só serão alcançadas com a 
melhoria geral das condições de vida das famílias (SILVA, 2010, p.98-99). 
 Enfim, educar prevendo a inclusão, envolve todas as áreas, inclusive o poder público 
que deverá emanar o desejo pelo desenvolvimento humano e social. 
 
Considerações finais: 
 No quesito econômico, o PBF é muito importante para as famílias, porém ao 
incorporar o assistencialismo, pretere os direitos dos cidadãos. Compreende-se que as 
expressões da questão social no Brasil podem ser entendidas, como alicerce para a introdução 
do PBF, devido à colonização, imperialismo, globalização e neoliberalismo. 
Observa-se que as famílias precisam de políticas sociais articuladas entre si, que 
disseminem a visão crítica e reflexiva dos acontecimentos/fatos. O PBF precisa deixar de ser 
um repasse mínimo, para ganhar destaque máximo entre seus atores sociais. 
Diante dos fatos apresentados, a educação precisa trilhar muito para deixar de usar o 
pseudônimo: “educação inclusiva”, valorizando-se a diversidade e a diferença. 
 
 
 
 
 
 
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POLÍTICAS PÚBLICAS E DESENVOLVIMENTO SOCIAL 
 
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