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DEMOCRITO ROCHA CURSO PROTEÇÃO SOCIAL MODULO 9 ao 12

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Prévia do material em texto

9
III
REALIZAÇÃOAPOIO
POLÍTICAS 
PÚBLICAS PARA 
A POPULAÇÃO 
IDOSA
João Martins
Monike Couras Del 
Vecchio Barros
GRATUITA
Esta publicação 
não pode ser 
comercializada
Ilustração de Mariana 
Negreiros Lobo com 
intervenção de 
Carlus Campos
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
2 CONCEITO DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A POPULAÇÃO IDOSA
3 A PERSPECTIVA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DO IDOSO NO BRASIL E NO MUNDO
4 APLICAÇÕES DA POLÍTICA NO CONTEXTO BRASILEIRO
REFERÊNCIAS
132
133
136
141
143
Todos os direitos desta edição reservados à:
Fundação Demócrito Rocha
Av. Aguanambi, 282/A - Joaquim Távora 
CEP: 60.055-402 - Fortaleza-Ceará 
Tel.: (85) 3255.6037 - 3255.6148
fdr.org.br | fundacao@fdr.org.br
Este curso é parte integrante do Curso de Capacitação sob o tema PROTEÇÃO SOCIAL na modalidade 
de Educação a Distância (EaD), em decorrência do Contrato celebrado entre a Fundação Demócrito Rocha 
e a Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos - SPS , sob o nº 143/20.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISBD 
Elaborado por Vagner Rodolfo da Silva - CRB-8/9410
P967 Proteção Social: Programa Integrado de Educomunicação / vários autores; organizado por Ana 
Lourdes Maia Leitão; vários ilustradores. - Fortaleza : Fundação Demócrito Rocha, 2021.
192 p. : il.; 26cm x 30cm. – (Proteção Social: Programa Integrado de Educomunicação ; 12v.)
Inclui bibliografia e apêndice/anexo.
ISBN: 978-65-86094-76-3 (Coleção)
ISBN: 978-65-86094-81-7 (Fascículo 9)
1. Direitos Humanos. 2. Políticas Públicas. 3. Assistência Social. 4. Drogas. 5. Igualdade Racial. 
6. Segurança Alimentar e Nutricional. 7. Proteção à Vida. 8. Direito das Mulheres. 9. População 
LGBTQIA+. 10. Pessoas com deficiência. I. Leitão, Ana Lourdes Maia. II. Título. III. Série.
 2021-1549 CDD 341.4
 CDU 341.4 
Índice para catálogo sistemático:
Direitos Humanos 341.4
Direitos Humanos 341.4
Copyright©2021 Fundação Demócrito Rocha
FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA (FDR)
Presidência Luciana Dummar
Direção Administrativo-Financeira André Avelino de Azevedo
Gerência Geral Marcos Tardin
Gerência Editorial e de Projetos Raymundo Netto
Análise de Projetos Aurelino Freitas, Emanuela Fernandes e Fabrícia Góis
SECRETARIA DE PROTEÇÃO SOCIAL, JUSTIÇA, CIDADANIA, MULHERES E DIREITOS HUMANOS (SPS)
Secretária de Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos - SPS Socorro França
Coordenação Técnica PROARES III SPS Maria de Fátima Lourenço Magalhães
Gerência Técnica do PROARES III Anete Morel Gonzaga
Gerência de Fortalecimento Institucional do PROARES III Selma Maria Salvino Lôbo
UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE (UANE)
Gerência Pedagógica Viviane Pereira
Coordenação de Cursos Marisa Ferreira
Design Educacional Joel Lima
Front-End Isabela Marques
CURSO PROTEÇÃO SOCIAL: PROGRAMA INTEGRADO DE EDUCOMUNICAÇÃO
Concepção e Coordenação Geral Cliff Villar
Coordenação de Conteúdo Ana Lourdes Leitão
Revisão Daniela Nogueira
Projeto Gráfico, Edição de Design e Coordenação de Marketing Andrea Araujo
Design Mariana Araujo, Miqueias Mesquita e Kamilla Damasceno
Arte-terapia Joana Barroso
Ilustrações Ana Luiza Travassos de Oliveira Carvalho, Anny Rammyli Nascimento da Silva, Antônia Travassos de Oliveira 
Carvalho, Bárbara Vazzoler Villar, Beatriz Vazzoler Villar, Bernardo Saraiva Pinheiro, Davi Bogea Caldas, Fernanda Vitória 
de Almeida Matos, Francisco Mateus Braga da Silva, Guilherme Araújo Carvalho, João Vazzoler Villar, João Victor Batista 
Veloso, Júlia Nogueira de Holanda, Luanna Madureira Marques, Lucas Mesquita Mororó, Lucas Sobreira de Araújo, Maia 
Alease Lima Oliphant, Maria Clara Negreiros Lobo, Maria Júlia Sousa de Oliveira, Mariana Negreiros Lobo, Mariana 
Vazzoler Villar, Mateus Saldanha Félix, Maurício Rafael Cipriano Gomes, Rafaela Microni Santos, Thalita Sophia Moreira 
da Silva, Yasmin Microni Santos, Yasmin Monteiro Gomes Bezerra, com intervenção de Carlus Campos
Análise de Marketing Digital Fábio Júnior Braga
Ilustração de Thalita 
Sophia Moreira da Silva 
com intervenção 
de Carlus Campos
1 
2 
132 | Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
Curso Proteção Social: Programa Integrado de Educomunicação | 133
O envelhecimento, antes de ser encarado como um problema que, de forma gradual, universal e irreversível, causa no indivíduo 
perdas funcionais no organismo. É um fenô-
meno social e deve ser encarado como um 
direito relacionado ao modo de vida dos 
cidadãos. Se todos têm como direito básico 
a vida, a fase do envelhecimento, pela qual 
os humanos deverão passar, é parte desse 
direito e tem de se ter proteção, atenção e 
cuidado para aqueles que chegam à idade 
cronológica considerados idosos no mundo 
inteiro, principalmente no Brasil.
O cuidado de todos, principalmente 
daqueles mais vulneráveis, deve ser com-
preendido como o eixo da essência huma-
na. Por isso, parece razoável supor que o 
ato de cuidar do outro seja uma conse-
quência da revolução da longevidade. Tra-
ta-se de um aspecto universal da condição 
humana e um dever do Estado, presente 
na vida das pessoas e nas constituições 
dos países ao redor do globo. Sem o cuida-
do ao longo da vida, desde o nascimento 
até a finitude, o homem se desestrutura-
rá, definhará. Sua vida perderá o sentido e 
ele morrerá. Portanto, em um mundo que 
envelhece progressivamente, o cuidado e 
o cuidar adquirem dimensões especiais 
para os sujeitos portadores de direitos 
(DUARTE; BERZINS; GIACOMIN, 2016).
No Brasil existem atualmente mais de 
14 milhões de idosos com faixa etária aci-
CONCEITO DE POLÍTICAS 
PÚBLICAS PARA A POPULAÇÃO IDOSA
2.1 O QUE SÃO POLÍTICAS PÚBLICASINTRODUÇÃO
ma de 60 anos. Em 2025, é previsto que 
sejam 33,4 milhões, quando o país ocupar 
o sexto lugar dentre os países com maior 
população idosa. No período entre 2040 e 
2050, com base em estudos sobre demo-
grafia, estima-se que o número de idosos 
no Brasil poderá ultrapassar o número de 
jovens. Pois é notório que a população 
idosa continua a aumentar, tornando-se 
necessário estabelecer modos de prote-
ger, atender e cuidar com o propósito de 
adiar ou prevenir a morbidade no enve-
lhecimento e a manutenção da qualida-
de de vida. (SANTOS; VALE; MELLO; GIANI; 
DANTAS, 2011; SOUZA; SILVA, 2016)
Desse modo, o fascículo que se inicia 
tem o objetivo central de apresentar, de 
forma exploratória e não exaustiva, as po-
líticas de atenção, prevenção e cuidado 
com o idoso, necessariamente preconiza-
das nos marcos legais brasileiros, estabe-
lecendo suas conexões com os contextos 
de convivências sociais do país e o mundo. 
Sumariamente, o texto está organizado a 
partir desta introdução; em seguida, apre-
sentamos os conceitos de políticas públi-
cas e políticas públicas para os idosos; de-
pois, as perspectivas das políticas públicas 
do idoso no Brasil e no mundo; no próximo, 
as abordagens de aplicações das políticas 
para o idoso no Brasil relacionadas a pre-
vidência, assistência social, saúde e tra-
balho; por último, uma síntese dos temas 
abordados no percurso de todo o fascículo.
As políticas públicas são o que se pode dizer, 
no debate sobre conceitos de determinados 
fenômenos, um conceito não consensual. 
Sua abordagem dependerá das disciplinas 
nas quais elas são apresentadas e dos autores 
que delas/ se utilizam de forma operacional.
Inicialmente formulado na disciplina de 
Ciência Política, nos anos de 1950, nos Esta-
dos Unidos, o conceito de políticas públicas 
estava relacionado à forma como o gover-
no decide o que fazer e não fazer, para pro-
porcionar bem-estar público. Dito de outra 
forma, entender a ação do governo era seu 
principal contributo. No continente europeu, 
a partir da abordagem americana, o concei-
to surgiu vinculadoàs explicações acerca do 
papel do Estado e uma de suas principais ins-
tituições, o Governo (SOUZA, 2006).
De modo amplo, os conceitos de políti-
cas públicas perpassam múltiplas discipli-
nas, a saber: Administração Pública, Econo-
mia, Sociologia e Ciência Política. De cariz 
multidisciplinar, o conceito de política pú-
blica, para fins de simplificar seu entendi-
mento neste fascículo, pode ser entendido 
como sendo “a discussão e prática de ações 
relacionadas ao conteúdo, concreto ou 
simbólico, de decisões reconhecidas como 
políticas; isto é, o campo de construção e 
atuação de decisões políticas” (AGUM; RIS-
CADO; MENEZES, 2015, p. 16) e “o campo do 
conhecimento que busca ao mesmo tempo 
‘colocar o governo em ação’ e/ou anali-
sar essa ação (variável independente) e, 
quando necessário, propor mudanças nos 
rumos ou cursos dessas ações (variável de-
pendente)” (SOUZA, 2006, p. 26). 
Esses conceitos em suas essências en-
focam a preocupação de traduzir a inten-
ção política, quando ainda no campo elei-
toral em ações de governo, com resultados 
concretos no mundo real (SOUZA, 2006) e 
que as construções sociais diante de uma 
problemática poderão de certa forma in-
fluenciar na sua definição enquanto pro-
blema e estabelecer um prioridade na 
agenda de solução das políticas públicas 
(AGUM; RISCADO; MENEZES, 2015). 
Como se percebe, as políticas públicas 
transportam um caráter político. Devemos 
considerar, portanto, os efeitos e a cons-
trução da “política pública além de uma 
decisão governamental, ao passo que tam-
bém pode decorrer de decisões e ações de 
outros atores, como a sociedade civil e o 
mercado” (ALMEIDA; GOMES, 2018, p. 445).
Outros aspectos relevantes quando se 
discutem e analisam políticas públicas é 
entendê-las como uma unidade temporal 
de longo prazo, contendo impactos a cur-
to e médios prazos. Pois, nos seus proces-
sos após a decisão política tomada, impli-
ca fases subsequentes de implementação, 
execução e avaliação.
Ilustração de Lucas 
Sobreira de Araújo 
com intervenção 
de Carlus Campos
134 | Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
Curso Proteção Social: Programa Integrado de Educomunicação | 135
ALGUMAS DEFINIÇÕES 
DE POLÍTICAS PÚBLICAS
Laswell (1956) – decisões e análises sobre política pública implicam 
responder às seguintes questões: quem ganha o quê, por quê e que 
diferença faz. 
Lynn (1980) – define política pública como um conjunto de ações do 
governo que irão produzir efeitos específicos.
Dye (1984) – sintetiza a definição de política pública como “o que o governo 
escolhe fazer ou não fazer”.
Peters (1986) – segue o mesmo veio: política pública é a soma das 
atividades dos governos, que agem diretamente ou por meio de 
delegação, e que influenciam a vida dos cidadãos.
Mead (1995) – define política pública como um campo dentro do estudo 
da política que analisa o governo à luz de grandes questões públicas.
 Fonte: elaboração própria, adaptado de Souza, C. (2006). Políticas 
Públicas: uma revisão de Literatura. Sociologias, 8(16), p. 24.
2.2 POLÍTICAS PÚBLICAS 
PARA IDOSOS
Seguindo a trilha dos pressupostos con-
ceituais de que a política pública implica 
responder às questões que possam deli-
mitar e responder “de quem ganha o quê”, 
“por quê” e “que diferença faz” (LASWELL, 
1956), nesta seção introduziremos o con-
ceito de política pública para os idosos no 
Brasil. Ademais, com a intensidade (recur-
sos, abrangência e as regras do jogo) que o 
governo responder as perguntas anterio-
res, será definida a qualidade dos efeitos 
específicos das ações do governo em rela-
ção às políticas públicas para os idosos no 
Brasil (LYNN, 1980).
Dessa forma, no Brasil a política pú-
blica para o idoso tem sua síntese no que 
define o Estatuto do Idoso (BRASIL, 2017), 
o qual afirma que os ganhadores com a 
política pública são as pessoas com idade 
igual ou superior a 60 (sessenta) anos (de 
quem ganha o quê), cujo objetivo é asse-
gurar direito a esta população (por quê) e 
o fato de o idoso gozar de todos os direitos 
fundamentais inerentes à pessoa humana 
(que diferença faz).
Assente a isso, pode-se observar no ex-
trato do Estatuto do Idoso a seguir como 
a intensidade na forma de definição dos 
recursos, abrangência e as regras institu-
cional define a qualidade desta política 
pública no Brasil. 
TÍTULO I – Disposições Preliminares
Art. 1º É instituído o Estatuto do Idoso, 
destinado a regular os direitos assegurados 
às pessoas com idade igual ou superior a 60 
(sessenta) anos. 
Art. 2º O idoso goza de todos os direitos 
fundamentais inerentes à pessoa humana, sem 
prejuízo da proteção integral de que trata esta 
Lei, assegurando-se-lhe, por lei ou por outros 
meios, todas as oportunidades e facilidades, para 
preservação de sua saúde física e mental e seu 
aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e 
social, em condições de liberdade e dignidade. 
Art. 3º É obrigação da família, da comunidade, 
da sociedade e do Poder Público assegurar ao 
idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do 
direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, 
à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à 
cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e 
à convivência familiar e comunitária. 
Parágrafo único. A garantia de prioridade 
compreende: 
I – atendimento preferencial imediato e 
individualizado junto aos órgãos públicos e 
privados prestadores de serviços à população; 
II – preferência na formulação e na execução de 
políticas sociais públicas específicas; 
III – destinação privilegiada de recursos públicos 
nas áreas relacionadas com a proteção ao idoso; 
IV – viabilização de formas alternativas de 
participação, ocupação e convívio do idoso com 
as demais gerações; 
V – priorização do atendimento do idoso por sua 
própria família, em detrimento do atendimento 
asilar, exceto dos que não a possuam ou 
careçam de condições de manutenção da 
própria sobrevivência; 
VI – capacitação e reciclagem dos recursos 
humanos nas áreas de geriatria e gerontologia e 
na prestação de serviços aos idosos; 
VII – estabelecimento de mecanismos que 
favoreçam a divulgação de informações 
de caráter educativo sobre os aspectos 
biopsicossociais de envelhecimento; 
VIII – garantia de acesso à rede de serviços de 
saúde e de assistência social locais; 
IX – prioridade no recebimento da restituição do 
Imposto de Renda. 
Art. 4º Nenhum idoso será objeto de qualquer 
tipo de negligência, discriminação, violência, 
crueldade ou opressão, e todo atentado aos seus 
direitos, por ação ou omissão, será punido na 
forma da lei. 
§ 1º É dever de todos prevenir a ameaça ou 
violação aos direitos do idoso. 
§ 2º As obrigações previstas nesta Lei não 
excluem da prevenção outras decorrentes dos 
princípios por ela adotados. 
Art. 5º A inobservância das normas de prevenção 
importará em responsabilidade à pessoa física 
ou jurídica nos termos da lei. 
Art. 6º Todo cidadão tem o dever de comunicar 
à autoridade competente qualquer forma de 
violação a esta Lei que tenha testemunhado ou 
de que tenha conhecimento. 
Art. 7º Os Conselhos Nacional, Estaduais, do 
Distrito Federal e Municipais do Idoso, previstos 
na Lei no 8.842, de 4 de janeiro de 1994, zelarão 
pelo cumprimento dos direitos do idoso, 
definidos nesta Lei. 
Fonte: elaboração própria, adaptado de Brasil. (2017). Lei 
no 10.741/2003. Estatuto do Idoso. Brasília, Brasil: Senado 
Federal, Coordenação de Edições Técnicas. Pp. 8-10
ESTATUTO DO IDOSO
OS FUNDADORES DAS POLÍTICAS PÚBLICAS
H. D. Laswell (1936) – introduziu a expressão 
policy analysis (análise de política pública), 
ainda nos anos 1930, como forma de conciliar 
conhecimento científico/acadêmico com 
a produção empírica dos governos e como 
forma de estabelecer o diálogo entre cientistas 
sociais, grupos de interesse e governo.
Herbert Simon (1957) – introduziu o conceito de 
racionalidade limitada dos decisores públicos 
(policy makers), argumentando, todavia, que 
a limitação da racionalidade poderia serminimizada pelo conhecimento racional. 
Para Simon, a racionalidade dos decisores 
públicos é sempre limitada por problemas, 
como informação incompleta ou imperfeita, 
tempo para a tomada de decisão, autointeresse 
dos decisores etc., mas a racionalidade, 
segundo Simon, pode ser maximizada até um 
ponto satisfatório pela criação de estruturas 
(conjunto de regras e incentivos) que enquadre 
o comportamento dos atores e modele esse 
comportamento na direção de resultados 
desejados, impedindo, inclusive, a busca de 
maximização de interesses próprios.
Charles E. Lindblom (1959; 1979) – 
questionou a ênfase no racionalismo de 
Laswell e Simon e propôs a incorporação 
de outras variáveis à formulação e à análise 
de políticas públicas, tais como as relações 
de poder e a integração entre as diferentes 
fases do processo decisório, o que não teria 
necessariamente um fim ou um princípio. 
Daí o motivo por que as políticas públicas 
precisariam incorporar outros elementos 
à sua formulação e à sua análise além das 
questões de racionalidade, como o papel 
das eleições, das burocracias, dos partidos e 
dos grupos de interesse.
D. Easton (1965) – contribuiu para a área ao 
definir a política pública como um sistema, 
ou seja, como uma relação entre formulação, 
resultados e o ambiente. Segundo Easton, 
políticas públicas recebem inputs dos 
partidos, da mídia e dos grupos de interesse, 
que influenciam seus resultados e efeitos.
Fonte: elaboração própria, adaptado de Souza, C. 
(2006). Políticas Públicas: uma revisão de Literatu-
ra. Sociologias, 8(16), pp 23-24.
Ilustração de João 
Victor Batista Veloso 
com intervenção 
de Carlus Campos
3
136 | Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
A PERSPECTIVA 
DAS POLÍTICAS 
PÚBLICAS DO 
IDOSO NO BRASIL 
E NO MUNDO
3.1 NO MUNDO: OLHARES DIVERSOS 
SOBRE AS POLÍTICAS DE ATENÇÃO À 
PESSOA IDOSA A PARTIR DA CARTA 
DO IDOSA DA ONU E AS PROPOSTAS 
DESTINADAS À POPULAÇÃO IDOSA NAS 
AGENDAS 21 GLOBAL E BRASILEIRA
Em 1882 e 2002, um marco muito importante aconteceu nas 
assembleias das Nações Unidas a respeito do envelhecimento. 
Elas foram fundamentais para influenciar as legislações de vá-
rios países, inclusive o Brasil. Nessas assembleias, foram elabo-
rados planos de ação internacional para incentivar o envelheci-
mento com qualidade de vida, e as nações se comprometeram a 
tomar uma série de medidas importantes em defesa desse seg-
mento populacional vulnerável (ALCÂNTARA, 2016).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) 
reconhece que, para atender às expecta-
tivas das populações, necessariamente 
a idosa, é essencial garantir a cobertura 
universal avançando na promoção, na 
proteção e na recuperação da saúde. Na 
América do Norte, nos Estados Unidos da 
América, especificamente, onde os gastos 
com saúde já alcançam 16% do Produ-
to Interno Bruto (PIB), a saúde tornou-se 
uma das principais questões internas (LO-
RENZETTI et al., 2014).
A 1ª Assembleia Geral sobre o Enve-
lhecimento da ONU aprovou em 1982 o 1º 
Plano de Ação Internacional, estruturado 
em 62 recomendações. Um dos principais 
méritos do Plano foi inserir, na agenda 
internacional, a temática do envelheci-
mento da população e as ações que os 
organismos internacionais, os Estados e 
a sociedade deveriam pautar nessa temá-
tica. Apesar de o foco do documento ser 
os países desenvolvidos, suas recomen-
dações influenciaram a construção de um 
novo arcabouço jurídico, inclusive com 
status constitucional em diversos países 
em desenvolvimento, a exemplo do Brasil 
no texto da Carta Constitucional de 1988 
(VIEIRA; VIEIRA, 2016).
Nesse sentido, para a concretização 
dos anseios democráticos brasileiros, ao 
longo dos seus 33 anos de vigência da 
Constituição de 1988, sua opção foi pelo 
acesso a direitos (MACHADO, 2013).
A CF/1988 – 
CONCESSÃO 
AO DIREITO
A Constituição de 1988 fez clara opção de 
conceder ao direito, suas instituições e 
procedimentos um lugar central na nova 
democracia política comandada pelo seu 
texto. A partir dela, o Poder Judiciário 
pôde se constituir em uma nova e capilar 
arena indutora da participação social na 
vida pública, quer no exercício do controle 
de constitucionalidade das leis, aberta à 
comunidade de intérpretes com origem 
na sociedade civil, quer nas demais ações 
civis públicas em que cidadãos podem vir a 
questionar políticas estatais. 
Ao lado disso, demonstrando a intenção de 
que não legislava simbolicamente, inovou 
o papel do Ministério Público na forma de 
uma instituição orientada para defesa da 
ordem jurídica e do regime democrático, 
e constitucionalizou a Defensoria Pública, 
significando com isso que os institutos 
recém-criados por ela não ficariam sem 
patrocínio nem privados de canais de 
acesso, a serem garantidos pelos juizados 
de pequenas causas, outra criação sua 
(MACHADO, 2013, p. 40).
Ilustração de 
Davi Bogea Caldas 
com intervenção 
de Carlus Campos
Curso Proteção Social: Programa Integrado de Educomunicação | 137
138 | Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
Curso Proteção Social: Programa Integrado de Educomunicação | 139
O envelhecimento tem suscitado, além de iniciativas por parte de 
inúmeras organizações, intensa investigação científica e elabora-
ção conceitual para dar suporte à compreensão do fenômeno e 
à monitorização de seu perfil social e epidemiológico. Os marcos 
conceituais nesse campo têm buscado ampliar o escopo para além 
da prevenção de doenças e do cuidado aos pacientes, passando a 
abranger estratégias que criem oportunidades de participação dos 
segmentos dos idosos em atividades econômicas, sociais, cultu-
rais, intelectuais, físicas, cívicas e políticas, tornando cada vez mais 
essa população ativa (BARROS; GOLDBAUM, 2019).
A política pública de atenção ao idoso se relaciona com o 
desenvolvimento socioeconômico e cultural e com a ação rei-
vindicatória dos movimentos sociais. Um marco importante 
dessa trajetória no Brasil foi a Constituição Federal de 1988, 
que introduziu em suas disposições o conceito de Seguridade 
Social, fazendo com que a rede de proteção social alterasse o 
seu enfoque estritamente assistencialista, passando a ter uma 
conotação ampliada de cidadania, dando margem à legislação 
brasileira adequar-se a tal orientação (BRAGA et al., 2016).
política tem na sua história avanços e re-
trocessos, sendo recente a percepção da 
necessidade de uma política universal de 
assistência social” (BERZINS; GIACOMIN; 
CAMARANO, 2016, p. 108). Constitui-se, 
dessa forma, como um grande avanço 
para a população idosa, visto que, por 
muito tempo, as ações nesta área da assis-
tência social era prestada de forma limita-
da por entidades ligadas a caridade cristã 
que desenvolvia ações filantrópicas. 
Assim, a política de assistência social, 
agora atualizada pelo Estado, resultado 
de um longo debate e conquistas da so-
ciedade civil brasileira, revele-se como um 
importante elemento para mitigar o que, 
ao longo da história, foi visto pelo prisma 
do conformismo dos usuários. Nesse sen-
tido, o assistencial presente nas políticas 
sociais apresenta-se, “ao mesmo tempo, 
como exclusão e inclusão aos bens e ser-
viços prestados direta ou indiretamente 
O Estatuto do Idoso do Brasil tem um 
grande mérito – criou o sistema de ga-
rantias de direitos da pessoa idosa e tem 
buscado efetivar os seus direitos sociais. 
O sistema de garantias previsto no Esta-
tuto é composto pelas seguintes institui-
ções/órgãos: Conselhos do Idoso; Siste-
ma Único de Saúde (SUS); Sistema Único 
de Assistência Social (Suas); Vigilância 
em Saúde; Poder Judiciário; Defensoria 
Pública; Ministério Público; e Polícia Civil. 
A eficiência desse sistema de garantias é 
uma das possibilidades para a efetividade 
dos direitos. Vale ressaltar que o tema da 
1ª Conferência Nacional dos Direitos da 
Pessoa Idosa foi justamente Construindo 
a Rede Nacional de Proteção e Defesa da 
Pessoa Idosa (ALCÂNTARA, 2016).
Assente a este conjunto de avanços 
que fortaleceram a proteção,atenção e 
cuidado ao idoso no Brasil, emerge a po-
lítica universal da assistência social. “Essa 
3.2 NO BRASIL: AS POLÍTICAS PÚBLICAS 
DE ATENÇÃO À PESSOA IDOSA E SUA 
EVOLUÇÃO, TENDO COMO AMBIÊNCIA 
O ESTATUTO DO IDOSO
pelo Estado (...). Para as classes subalter-
nas, as políticas sociais se constituem um 
espaço que possibilita o acesso a benefí-
cios e serviços que, de outra forma, lhes 
são negados” (SPOSATI et al., 2003, p. 30).
O Estatuto do Idoso, no Art. 21, § 1°, 
afirma que os cursos especiais para os 
idosos incluem importantes conteúdos 
referentes às técnicas de comunicação, de 
computação e os demais avanços tecno-
lógicos, necessários para sua integração à 
vida moderna, tornando para eles um de-
safio alcançável.
Enquanto as diretrizes do PNI, no ca-
pítulo II, art. 3o, inciso I, estabelece que “a 
família, a sociedade e o Estado têm o dever 
de assegurar ao idoso todos os direitos da 
cidadania, garantindo sua participação na 
comunidade, defendendo sua dignidade, 
bem-estar e o direito à vida”. Observa-se 
uma responsabilidade compartilhada, na 
garantia do “melhor bem-estar” dos idosos, 
o qual está intimamente relacionado com a 
preservação da dignidade e o direito à vida 
que deveria estar associado ao direito ao 
cuidado, sobretudo nas idades mais longe-
vas (DUARTE; BERZINS; GIACOMIN, 2016).
Em síntese, o processo sociopolítico de 
construção da política do idoso tem início 
nos anos 1970, operando mudanças dian-
te do cenário do novo perfil da população 
(FERNANDES; SOARES, 2012). 
Ilustração de Maurício 
Rafael Cipriano Gomes 
com intervenção 
de Carlus Campos
Ilustração de Maurício 
Rafael Cipriano Gomes 
com intervenção 
de Carlus Campos
3
140 | Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
Curso Proteção Social: Programa Integrado de Educomunicação | 141
APLICAÇÕES DA POLÍTICA 
NO CONTEXTO BRASILEIRO
4.1 PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL
Na atualidade, uma das reformas mais 
discutidas na sociedade brasileira é a da 
Previdência Social. Tal tema costuma pro-
porcionar intensos debates: tanto pela 
dimensão econômico-fiscal, observando 
que sua despesa costuma comprometer 
parcela significativa dos orçamentos pú-
blicos, como pela dimensão político-so-
cial, devido aos reflexos diretos de mu-
danças nas regras previdenciárias sobre 
um conjunto grande da população, in-
cluindo contribuintes/segurados e bene-
ficiários. Sabe-se que há necessidade da 
reforma no Brasil, decorrente não apenas 
da necessidade da correção de distorções 
como também da necessidade de garantir 
a sustentabilidade fiscal a médio e longo 
prazo em um contexto de rápido e intenso 
envelhecimento populacional. Dessa for-
ma, observa-se que o país enfrenta níveis 
elevados de despesa, com uma trajetória 
crescente e insustentável e com um pata-
mar mais elevado do que seria esperado 
decorrente de sua estrutura demográfica 
– ou seja, mesmo não possuindo parcela 
tão elevada de idosos em sua população 
em comparação aos habitantes jovens 
(COSTANZI et al., 2018).
A previdência brasileira é o terceiro e úl-
timo componente do sistema de segurida-
de social, disposto no art. 201 da (CF/88), 
e estabelece que a previdência seja orga-
nizada sob a forma de regime geral, de 
caráter contributivo e filiação obrigatória, 
preservando o equilíbrio financeiro e atu-
arial, para cobrir eventos como doença, in-
validez, morte, idade avançada, proteção 
à maternidade, proteção ao trabalhador 
desempregado, assim como salário-famí-
lia, auxílio-reclusão para os segurados de 
baixa renda e pensão por morte ao cônju-
ge ou companheiro e dependentes confor-
me o que está o disposto no § 2°. O Regime 
Geral de Previdência Social (RGPS) cobre 
os trabalhadores do setor privado. Os ser-
vidores públicos titulares de cargos efeti-
vos são cobertos pelo Regime Próprio de 
Previdência Social (RPPS). Cada unidade 
federada tem o seu próprio regime, pú-
blico e de filiação compulsória. O terceiro 
regime é privado, de adesão facultativa, 
representado pela previdência comple-
mentar (Castro, 2020).
Com a Constituição Federal de 1988, a 
assistência social no Brasil configurou-se 
enquanto política pública por meio da re-
distribuição com maior responsabilidade 
pública na sua produção e operação, am-
pliando os direitos sociais, universaliza-
ção do acesso e expansão da cobertura, 
esgarçamento do vínculo contributivo, 
concepção mais abrangente da segurida-
de social e do financiamento e o princí-
pio organizacional da participação e do 
controle social, ou seja, proporcionou 
garantia de mínimos sociais para idosos 
pobres, e deficientes, amparados na mu-
nicipalização e participação popular. Na 
saúde, é percebido pelo acesso igualitá-
rio à população: rede integrada, descen-
tralizada, constituindo um sistema único 
em cada nível de governo (CRONEMBER-
GER; TEIXEIRA, 2015).
Seus serviços, ações, projetos e progra-
mas são geridos pelo Sistema Único de As-
sistência Social (Suas), que é organizado a 
partir de uma lógica estrutural de proteção 
em dois níveis: a Proteção Social Básica 
(PSB) e a Proteção Social Especial (PSE). A 
PSB é dita a porta de entrada da Assistên-
cia Social, desenvolvendo ações de caráter 
preventivo, isto é, atua para que a violação 
de direitos constitucionais seja prevenida, 
com suas ações referenciadas nos Centros 
de Referência de Assistência Social (Cras). 
Já a PSE tem caráter protetivo e se destina 
a indivíduos e famílias que estão em situ-
ação de risco pessoal ou social – aqueles 
que já tiveram seus direitos violados. As 
ações deste nível de proteção estão refe-
renciadas nos Centros de Referência Es-
pecializados de Assistência Social (Creas). 
Dessa forma, pretende-se realizar uma re-
lação democrática, horizontal, participati-
va e proativa, por meio das ações coorde-
nadas pelo Estado que são essenciais para 
estruturar propostas mais abrangentes a 
fim de obter resultados mais efetivos 
(SILVA; PEGORARO, 2019). 
SAIBA MAIS
Assista à websérie Fundo do Idoso para 
OSCs e saiba como elaborar um projeto 
para o Fundo Municipal do Idoso:
https://youtube.com/
playlist?list=PLO0oKK21ha_
V6rUjyxgCRGlG-NNf6Lq_F
1974 - Criada a Renda 
Mensal Vitalícia (Lei nº 
6.179) através do então 
Instituto Nacional de 
Previdência Social – 
INPS e de decretos, leis, 
portarias, referentes, 
principalmente, à 
aposentadoria.
1977 - Criado o Sistema 
Nacional de Previdência 
e Assistência Social 
– SINPAS (Lei nº 
6.439) integrando o 
Instituto Nacional de 
Previdência Social – 
INPS, Instituto Nacional 
de Assistência Médica 
da Previdência Social 
– INAMPS, Fundação 
Legião Brasileira de 
Assistência – LBA, 
Fundação Nacional do 
Bem-Estar do Menor 
–FUNABEM, Empresa 
de Processamento de 
Dados da Previdência 
Social – DATAPREV 
e o Instituto de 
Administração 
Financeira da 
Previdência e 
Assistência Social – 
IAPAS para unificar 
a assistência 
previdenciária.
1982 - Realizada a I 
Assembleia Mundial 
sobre o Envelhecimento 
(ONU), em Viena, que 
traçou as diretrizes 
do Plano de Ação 
Mundial sobre o 
Envelhecimento, 
publicado em 1983. 
Esse Plano almejou 
sensibilizar os governos 
e sociedades do mundo 
todo para a necessidade 
de direcionar políticas 
públicas voltadas 
para os idosos, bem 
como alertar para 
o desenvolvimento 
de estudos futuros 
sobre os aspectos do 
envelhecimento.
1986 - Realizada a 8ª 
Conferência Nacional 
de Saúde que propôs 
a elaboração de 
uma política global 
de assistência à 
população idosa.
1988 - Promulgada a 
Constituição Cidadã – 
Constituição Federal, 
que destacou no 
texto constitucional a 
referência ao idoso (CF, 
art. 230, 1988). Essa 
foi, de fato, a primeira 
vez em que uma 
constituição brasileira 
assegurou ao idoso 
o direito à vida e à 
cidadania.
1993 - Aprovada 
a Lei Orgânica de 
Assistência Social – 
LOAS (Lei 8.742/93), 
que regulamenta o 
capítulo II da Seguridade 
Social da Constituição 
Federal, que garantiu 
à Assistência Social o 
status de política pública 
de seguridade social, 
direitoao cidadão e 
dever do Estado.
1994 - Aprovada a Lei 
Nº 8.842/1994 que 
estabelece a Política 
Nacional do Idoso 
(PNI), posteriormente 
regulamentada pelo 
Decreto Nº 1.948/96.6, 
e cria o Conselho 
Nacional do Idoso. Essa 
Lei tem por finalidade 
assegurar direitos 
sociais que garantam a 
promoção da 
autonomia, a integração 
e a participação 
efetiva do idoso na 
sociedade, de modo a 
exercer sua cidadania. 
Estipula o limite de 60 
anos e mais, de idade, 
para uma pessoa ser 
considerada idosa. 
1999 - Implantada a 
Política Nacional da 
Saúde do Idoso pela 
Portaria 1.395/1999 do 
Ministério da Saúde 
(MS) que estabelece as 
diretrizes essenciais que 
norteiam a definição 
ou a redefinição dos 
programas, planos, 
projetos e atividades 
do setor na atenção 
integral às pessoas 
em processo de 
envelhecimento e à 
população idosa. 
2002 - Realizada a II 
Assembleia Mundial 
sobre Envelhecimento 
em Madrid – Plano 
Internacional do 
Envelhecimento – que 
tinha o objetivo 
de servir de orientação 
às medidas normativas 
sobre o envelhecimento 
no século XXI. Esperava-
se alto impacto desse 
plano nas políticas e 
programas dirigidos aos 
idosos, principalmente, 
nos países em 
desenvolvimento, como 
o Brasil. Dessa feita, ele 
foi fundamentado em 
três princípios básicos: 
1) participação ativa dos 
idosos na sociedade, 
no desenvolvimento, 
na força de trabalho 
e na erradicação da 
pobreza; 2) promoção 
da saúde e bem-estar 
na velhice; e 3) criação 
de um ambiente 
propício e favorável ao 
envelhecimento.
2003 - Realizada a 
Conferência Regional 
Intergovernamental 
sobre Envelhecimento da 
América Latina e Caribe, 
no Chile, na qual foram 
elaboradas as estratégias 
regionais para implantar 
as metas e objetivos 
acordados em Madrid. 
Foi recomendado 
aos países que, de 
acordo com suas 
realidades nacionais, 
propiciassem condições 
que favorecessem 
um envelhecimento 
individual e coletivo com 
seguridade e dignidade. 
Na área da saúde, a meta 
geral foi oferecer acesso 
aos serviços de saúde 
integrais e adequados à 
necessidade do idoso, 
de forma a garantir 
melhor qualidade de 
vida com manutenção 
da funcionalidade e da 
autonomia.
2003 - No Brasil, entra 
em vigor a Lei nº 10.741, 
que aprova o Estatuto 
do Idoso destinado 
a regular os direitos 
assegurados aos idosos. 
Esse é um dos principais 
instrumentos de direito 
do idoso. Sua aprovação 
representou um passo 
importante da legislação 
brasileira no contexto 
de sua adequação às 
orientações do 
Plano de Madri.
2006 - Realizada a I 
Conferência Nacional 
dos Direitos da Pessoa 
Idosa, na qual foram 
aprovadas diversas 
deliberações, divididas 
em eixos temáticos, que 
visou garantir e ampliar 
os direitos da pessoa 
idosa e construir a Rede 
Nacional de Proteção e 
Defesa da Pessoa Idosa 
– RENADI.
MARCOS HISTÓRICOS DA POLÍTICA PÚBLICA DO IDOSO
Fonte: Fernandes, M. T. de O., & Soares, S. M. (2012). O desenvolvimento de políticas públicas de atenção ao idoso no Brasil. Revista Da Escola de Enfermagem Da USP, 46(6), p. 1497.
142 | Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
Curso Proteção Social: Programa Integrado de Educomunicação | 143
Ilustração de Antônia 
Travassos de Oliveira 
Carvalho com intervenção 
de Carlus Campos
4.2 SAÚDE E TRABALHO
Atualmente no Brasil, percebe-se cada vez 
mais que as pessoas idosas precisam ou 
querem manter-se no mundo do trabalho, 
anseio que parece se distanciar da realida-
de para a população dessa faixa etária, por-
que a sociedade, de forma geral, espera que 
elas se encaminhem para a aposentadoria e 
para o afastamento do mundo laboral. Essa 
perspectiva precisa de uma nova lógica, 
reforçando o retorno do idoso ao mercado 
de trabalho, uma vez que ele pode contri-
buir com as suas experiências adquiridas 
em anos de vivência e de vida laboral. O 
trabalho faz com que a pessoa esteja mais 
integrada com o mundo globalizado, pos-
sibilitando ao indivíduo obter e construir, 
além de tudo, conhecimentos, desenvol-
vendo argumentos próprios para solução 
de problemas diários, usando meios que 
estão disponíveis ao seu redor para cumprir 
plenamente sua identidade pessoal, acarre-
tando na maior autonomia (PAOLINI, 2016).
O envelhecimento populacional pro-
move transformações profundas na so-
ciedade, acarretando em mudanças não 
só na estrutura familiar, mas também 
no mercado de trabalho e no perfil de 
demandas por políticas públicas, em es-
pecial nas áreas de saúde e seguridade 
social. Idosos com boas condições de 
saúde, que apresenta autonomia física 
e mental, mantêm boas perspectivas de 
vida e podem assumir papéis relevantes 
na sociedade. Deve considerar-se a capa-
cidade do trabalho dos idosos e garantir 
o direito à manutenção ou reinserção no 
mercado de trabalho daqueles que assim 
o desejarem (MADEIRA et al., 2013).
Referências 
AGUM, R.; RISCADO, P.; MENEZES, M. Políticas 
Públicas: Conceitos e Análise em Revisão. 
Agenda Política, v. 3, n. 2, p. 12–42, 2015. 
ALCÂNTARA, A. DE O. Da política nacional do 
idoso ao estatuto do idoso: a difícil construção 
de um sistema de garantias de direitos da pessoa 
idosa. In: ALCÂNTARA, A. DE O.; CAMARANO, A. 
A.; GIACOMIN, K. C. (Eds.). . Política nacional do 
idoso : velhas e novas questões. Rio de Janeiro: 
Ipea, 2016. p. 359–377. 
ALMEIDA, L. D. A.; GOMES, R. C. Processo das 
políticas públicas: revisão de literatura, reflexões 
teóricas e apontamentos para futuras pesquisas. 
Cad. EBAPE.BR, v. 16, n. 3, p. 444–455, 2018. 
ARAÚJO, S. S. C. DE et al. Suporte social, 
promoção de saúde e Brasil saúde bucal na 
população idosa no Br asil. Interface - Comunic., 
Saúde, Educ., v. 10, n. 19, p. 203–216, 2006. 
Nas sociedades orientais, os idosos 
são considerados sábios e respeitados 
pelas gerações mais jovens. Nas socie-
dades ocidentais, encontramos uma di-
ferença no modo de tratamento dessa 
população. O aumento do número de 
idosos tem sido acompanhado pelo es-
tigma da dependência, o que acarreta 
uma visão preconceituosa em relação 
aos indivíduos mais velhos. Eles podem 
ser vistos por alguns segmentos da socie-
dade como um fardo social e econômico, 
não só pelo seu afastamento do merca-
do de trabalho, mas também pela pró-
pria prevalência aumentada de doenças 
crônico-degenerativas e pelo risco maior 
de incapacidades (ARAÚJO et al., 2006).
Sabe-se que a principal característica 
do envelhecimento saudável é a aceitação 
das mudanças fisiológicas decorrentes da 
idade, levando em consideração as doen-
ças e limitações deles; entretanto, isso não 
impossibilita a experiência pessoal (WI-
CHMANN et al., 2013). 
Os padrões de incapacidade funcio-
nal em mulheres idosas, no Brasil, são 
compatíveis com os padrões encon-
trados em outros países. As mulheres 
idosas avaliam sua saúde de forma se-
melhante aos homens, mas estão em 
desvantagem séria em incapacidade 
funcional. Além disso, fato importante 
a ser retratado é a respeito da condição 
socioeconômica, que é um fator essen-
cial para redução de risco de declínio 
funcional em idosos (PARAHYBA, 2006).
Ressalta-se que um importante fator 
para a permanência na vida ativa nas ida-
des mais avançadas é a melhor condição 
de saúde e a preservação da autonomia e 
da mobilidade física. 
A ausência que o trabalho gera a partir 
da aposentadoria pode ser considerada 
responsável pela redução da qualidade de 
vida do idoso. Dessa forma, é importante 
estimular que as pessoas tenham várias 
formas de participar da sociedade – tra-
balhando ou investindo na área social, 
dedicando-se aos trabalhos voluntários, 
às atividades prazerosas para si, religiosas 
ou culturais, ou mesmo voltadas para sua 
própria família (PAOLINI, 2016). Com isso, 
surge a necessidade de garantir aos idosos 
não apenas maior longevidade, mas tam-
bém felicidade, qualidade de vida e satis-
fação pessoal (WICHMANN et al., 2013). 
BARROS, M. B. D. A.; GOLDBAUM, M. Challenges 
of aging in the context of social inequalities. 
Revista de Saúde Pública, v. 52, n. Suppl 2,p. 
1s-3s, 24 jan. 2019. 
BERZINS, M. A. V. DA S.; GIACOMIN, K. C.; 
CAMARANO, A. A. A Assistência Social na Política 
Nacional do Idoso. In: ALCÂNTARA, A. DE O.; 
CAMARANO, A. A.; GIACOMIN, K. C. (Eds.). . 
Política nacional do idoso : velhas e novas 
questões. Rio de Janeiro: Ipea, 2016. p. 107–133. 
BRAGA, S. F. M. et al. As políticas públicas para os 
idosos no Brasil : a cidadania no envelhecimento 
A partir de 1960 , com o declínio da fecundidade 
e da taxa de mortalidade em algumas regiões 
mais desenvolvidas do Brasil , iniciou-se o 
processo de envelhecimento da população. 
Revista Diálogos Interdisciplinares, v. 5, n. 3, p. 
94–112, 2016. 
BRASIL. Lei no 10.741/2003. Estatuto do Idoso. 
Brasília, Brasil: Senado Federal, Coordenação de 
Edições Técnicas, 2017. 
COSTANZI, R. N. et al. Reforma Da Previdência 
Social. In: NEGRI, J. A. DE; ARAÚJO, B. C.; 
BACELETTE, R. (Eds.). . Desafios da nação: artigos 
de apoio. Brasília, Brasil: Ipea, 2018. p. 129–191. 
CRONEMBERGER, I. H. G. M.; TEIXEIRA, S. M. 
O Sistema de Proteção Social Brasileiro e a 
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DUARTE, Y. A. DE O.; BERZINS, M. A. V. DA S.; 
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In: ALCÂNTARA, A. DE O.; CAMARANO, A. A.; 
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SPOSATI, A. DE O. et al. Assistência na trajetória 
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VIEIRA, R. S.; DE SOUZA VIEIRA, R. Saúde do idoso e 
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WICHMANN, F. M. A. et al. Grupos de convivência 
como suporte ao idoso na melhoria da saúde. 
Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, 
v. 16, n. 4, p. 821–832, dez. 2013.
III
REALIZAÇÃOAPOIO
Autores
Monike Couras Del Vecchio Barros
Tem Bacharelado em Fisioterapia pela Unichristus, é pós-graduada em 
Fisioterapia Cardiorrespiratória pela Faculdade UniAteneu e Mestre em Saúde 
Coletiva pelo Programa de Pós-Graduação pela Universidade de Fortaleza 
(Unifor). É doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva pela 
Universidade de Fortaleza (Unifor) e professora do curso de fisioterapia na 
Faculdade UniAteneu. Entre seus temas de pesquisa, estão coprodução de saúde 
coletiva, assistência social afins, e interesse principalmente nos seguintes temas: 
participação social, políticas públicas, saúde coletiva e Serviço Social.
João Martins de Oliveira Neto
É licenciado em Administração pela Universidade Estadual do Ceará 
(Uece), Mestre em Desenvolvimento e Gestão Social pelo CIAGS/UFBA 
e doutorando em Ciência Política pelo Instituto Superior de Ciências 
Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa – ISCSP/UL, Portugal. 
Atualmente é investigador do CAPP/ISCSP-UL, do LIEGS/UFCA e do LACITE/
UFCA. Os principais temas de atuação profissional e acadêmica são: (1) 
desenvolvimento territorial; (2) juventudes; (3) governança territorial; 
(4) temas, serviços e problemas sociais; (5) gestão de conflito.
Ilustradores (as)
Desenhos originais das crianças Ana Luiza Travassos de Oliveira Carvalho, Anny 
Rammyli Nascimento da Silva, Antônia Travassos de Oliveira Carvalho, Bárbara
Vazzoler Villar, Beatriz Vazzoler Villar, Bernardo Saraiva Pinheiro, Davi Bogea 
Caldas, Fernanda Vitória de Almeida Matos, Francisco Mateus Braga da Silva,
Guilherme Araújo Carvalho, João Vazzoler Villar, João Victor Batista Veloso, Júlia 
Nogueira de Holanda, Luanna Madureira Marques, Lucas Mesquita Mororó,
Lucas Sobreira de Araújo, Maia Alease Lima Oliphant, Maria Clara Negreiros Lobo, 
Maria Júlia Sousa de Oliveira, Mariana Negreiros Lobo, Mariana Vazzoler
Villar, Mateus Saldanha Félix, Maurício Rafael Cipriano Gomes, Rafaela Microni 
Santos, Thalita Sophia Moreira da Silva, Yasmin Microni Santos, Yasmin Monteiro 
Gomes Bezerra, que participaram da Oficina de Ilustração com Joana Brasileiro
Barroso, com intervenção artística de Carlus Campos.
Ilustração de Rafaela 
Microni Santos 
com intervenção de 
Carlus Campos
10
III
REALIZAÇÃOAPOIO
GRATUITA
Esta publicação 
não pode ser 
comercializada
PROMOÇÃO 
DA CIDADANIA 
E DEFESA DOS 
DIREITOS HUMANOS 
PARA A POPULAÇÃO 
LGBTQIA+
Cláudia Maria Inácio Costa
Cin Falchi
Ilustração de João 
Victor Batista Veloso 
com intervenção de 
Carlus Campos
Ilustração de João 
Victor Batista Veloso 
com intervenção de 
Carlus Campos
Todos os direitos desta edição reservados à:
Fundação Demócrito Rocha
Av. Aguanambi, 282/A - Joaquim Távora 
CEP: 60.055-402 - Fortaleza-Ceará 
Tel.: (85) 3255.6037 - 3255.6148
fdr.org.br | fundacao@fdr.org.br
Este curso é parte integrante do Curso de Capacitação sob o tema PROTEÇÃO SOCIAL na modalidade 
de Educação a Distância (EaD), em decorrência do Contrato celebrado entre a Fundação Demócrito Rocha 
e a Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos - SPS , sob o nº 143/20.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISBD 
Elaborado por Vagner Rodolfo da Silva - CRB-8/9410
P967 Proteção Social: Programa Integrado de Educomunicação / vários autores; organizado por Ana 
Lourdes Maia Leitão; vários ilustradores. - Fortaleza : Fundação Demócrito Rocha, 2021.
192 p. : il.; 26cm x 30cm. – (Proteção Social: Programa Integrado de Educomunicação ; 12v.)
Inclui bibliografia e apêndice/anexo.
ISBN: 978-65-86094-76-3 (Coleção)
ISBN: 978-65-86094-84-8 (Fascículo 10)
1. Direitos Humanos. 2. Políticas Públicas. 3. Assistência Social. 4. Drogas. 5. Igualdade Racial. 
6. Segurança Alimentar e Nutricional. 7. Proteção à Vida. 8. Direito das Mulheres. 9. População 
LGBTQIA+. 10. Pessoas com deficiência. I. Leitão, Ana Lourdes Maia. II. Título. III. Série.
 2021-1549 CDD 341.4
 CDU 341.4 
Índice para catálogo sistemático:
Direitos Humanos 341.4
Direitos Humanos341.4
Copyright©2021 Fundação Demócrito Rocha
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CURSO PROTEÇÃO SOCIAL: PROGRAMA INTEGRADO DE EDUCOMUNICAÇÃO
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Projeto Gráfico, Edição de Design e Coordenação de Marketing Andrea Araujo
Design Mariana Araujo, Miqueias Mesquita e Kamilla Damasceno
Arte-terapia Joana Barroso
Ilustrações Ana Luiza Travassos de Oliveira Carvalho, Anny Rammyli Nascimento da Silva, Antônia Travassos de Oliveira 
Carvalho, Bárbara Vazzoler Villar, Beatriz Vazzoler Villar, Bernardo Saraiva Pinheiro, Davi Bogea Caldas, Fernanda Vitória 
de Almeida Matos, Francisco Mateus Braga da Silva, Guilherme Araújo Carvalho, João Vazzoler Villar, João Victor Batista 
Veloso, Júlia Nogueira de Holanda, Luanna Madureira Marques, Lucas Mesquita Mororó, Lucas Sobreira de Araújo, Maia 
Alease Lima Oliphant, Maria Clara Negreiros Lobo, Maria Júlia Sousa de Oliveira, Mariana Negreiros Lobo, Mariana 
Vazzoler Villar, Mateus Saldanha Félix, Maurício Rafael Cipriano Gomes, Rafaela Microni Santos, Thalita Sophia Moreira 
da Silva, Yasmin Microni Santos, Yasmin Monteiro Gomes Bezerra, com intervenção de Carlus Campos
Análise de Marketing Digital Fábio Júnior Braga
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 
2 PROMOÇÃO DA CIDADANIA E DEFESA DOS 
DIREITOS HUMANOS PARA A POPULAÇÃO LGBTQIA+
3 POPULAÇÃO LGBTQIA+ E SAÚDE NO BRASIL 
DIREITOS HUMANOS E A LGBTFOBIA
4 POPULAÇÃO LGBTQIA+ E MERCADO DE TRABALHO
5 DOS DOCUMENTOS OFICIAIS ÀS FRENTES DE AÇÕES
REFERÊNCIAS
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Ilustração de Júlia 
Nogueira de Holanda 
com intervenção de 
Carlus Campos
1 
148 | Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
o foco e a força motriz para a busca por 
garantia de direitos para tais sujeitos. Por-
tanto, a sigla utilizada hoje para fins de no-
menclatura é a LGBTQIA+, que representa 
um movimento político e social que busca 
fomentar a garantia dos direitos funda-
mentais de cada cidadão e cidadã, respei-
tando e reconhecendo a diversidade em 
torno das orientações sexuais, afetivas e 
identidades de gêneros.
Este fascículo se divide, então, em 
pontos fundamentais e históricos para a 
luta LGBTQIA+, iniciando com a discussão 
sobre as políticas de saúde, pensando-a 
como um Direito Humano básico e sendo 
este o ponto de partida histórico da or-
ganização política das populações LGB-
TQIA+. Em seguida, trataremos sobre os 
direitos e a LGBTfobia no Brasil, elemento 
importante para compreendermos a vio-
lência e o acesso aos direitos fundamen-
tais de cidadania da população LGBTQIA+. 
Em consonância ao acesso aos direitos, 
será tratado sobre a configuração do mer-
cado de trabalho para a população LGBT-
QIA+ e, em seguida, os documentos legais 
que balizam as ações e luta por direitos.
A o falarmos sobre população LGBTQIA+ no Brasil, muitas questões nos são tensionadas, especialmente no campo da ci-
dadania e direitos humanos. Ao contrário 
do que o senso comum muitas vezes apre-
goa, a luta por direitos por parte desta po-
pulação é um capítulo longo e de muitos 
anos na nossa história, tendo seu marco 
nas décadas de 1960 e 1970, não por aca-
so, décadas marcadas por movimentos 
que reivindicavam a ampliação dos direi-
tos sociais e civis de populações até então 
excluídas do conceito de cidadania.
INTRODUÇÃO
É importante apresentar já aqui o 
porquê da várias letras e significados 
das siglas. Desde que os movimentos 
começaram a tomar forma e organizar-se, 
houve uma prevalência das nomenclaturas 
gays e lésbicas, já mais organizados 
politicamente. Contudo, outras represen-
tações foram se formando, organizando 
e somando forças ao movimento. Não 
há de se romantizar e pensar que houve 
consenso desde o princípio, mas, desde a 
década de 1990, há um esforço para que o 
movimento represente toda a diversidade 
que existe nele, sendo essa diversidade 
Ilustração de Júlia 
Nogueira de Holanda 
com intervenção de 
Carlus Campos
2 
Curso Proteção Social: Programa Integrado de Educomunicação | 149
PROMOÇÃO DA 
CIDADANIA E DEFESA DOS 
DIREITOS HUMANOS PARA 
A POPULAÇÃO LGBTQIA+
O contexto de lutas da popula-ção LGBTQIA+ aqui no Brasil seguiu uma onda que se ar-refeceu com um marco histó-
rico, necessário para se pensar as lutas 
e construção de movimentos dessa po-
pulação, que é Stonewall ou a Revolta 
de Stonewall, que merece um momento 
para sua explicação.
Stonewall Inn, era um bar de Nova Ior-
que frequentado, principalmente, por tra-
vestis, gays afeminados, lésbicas masculi-
nas, michês, drags, negros e LGBTs pobres 
(QUINALHA, 2019). Representavam, dessa 
forma, um conjunto da população excluí-
da dos direitos de cidadania nos Estados 
Unidos e em todo o mundo. Estamos fa-
lando de 1969, período em que iniciava o 
arrefecimento das lutas da população ne-
gra americana em busca da conquista por 
reconhecimento de seus direitos civis e 
políticos. Após uma violenta ação da polí-
cia direcionada aos frequentadores deste 
bar, como reação, eclode-se uma revolta 
espontânea, protagonizada pelos sujeitos 
que iam àquele bar e que, sem qualquer 
acusação, foram presos e violentados 
pela polícia. Desta revolta espontânea, 
causada pela ação de um ente do estado 
que não reconhecia a cidadania daqueles 
sujeitos, explodiram manifestações em 
prol das liberdades e direitos das pessoas 
LGBTs1. No entanto, Stonewall não é o iní-
cio do movimento LGBT; as associações e 
1 Neste momento histórico, a sigla utilizada ainda 
era a que dava conta de gays, lésbicas e travestis; 
portanto, a escrita se organizará a partir dos usos 
históricos das siglas. 
movimentos já existiam, especialmente 
os de homens gays. As lutas feministas, 
luta do movimento negro, juventudes 
e as lutas por liberdade sexual, que se 
construíam desde a década de 1950, são 
marcos importantes para a organização 
de tais movimentos.
Em termos de organização política, po-
demos apontar como o grande momento 
as décadas de 1970 e 1980, por causa de 
um fato importante ligado à saúde pública: 
Ilustração de Júlia 
Nogueira de Holanda 
com intervenção de 
Carlus Campos
3 
150 | Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
a epidemia da aids2. Tendo esta epidemia 
uma marca do preconceito (pois todos 
a associavam a uma “doença de gays”), 
organizar-se politicamente era necessário 
para garantir acesso ao direito à saúde e à 
própria vida. Tal movimentação se faz em 
torno da negação de um direito humano 
básico ao ser humano: a vida. Desse modo, 
podemos compreender a epidemia tanto 
do ponto de vista biológico como “uma 
construção social” (MISKOLCI, 2017). A 
aids passa por um processo de construção 
cultural, em que se faz atrelada ao com-
portamento sexual imprimido por certos 
indivíduos, pois passa a ser reconhecida 
como uma doença sexualmente transmis-
sível (DST)3, colocando no foco grupos de 
indivíduos que não seguiam a ordem sexu-
al historicamente vigente. Nesse sentido, 
as construções sobre a doença, a forma 
como a sociedade a encarou (encara) e 
mitos construídos em torno das suas vi-
vências e formas de contágio acabam por 
nutrir uma “resposta conservadora à Re-
volução Sexual”(MISKOLCI, 2017) em cur-
so tanto no Brasil como em todo o mundo. 
Podemos afirmar, então, que a aids foi 
um elemento que catalisou as lutas dos 
movimentos gays, lésbicos e de travestis 
(especialmente), como forma de se con-
trapor à investida conservadora contra tais 
grupos, que tinham na resistência política 
a via para denúncia contra os ataques aos 
seus direitos fundamentais de existência. 
2 Termos referenciados a partir dos documentos da 
UNAIDS, 2017.
3 Atualmente a nomenclatura e sigla utilizadas são: In-
fecções Sexualmente Transmissíveis – IST. Tal denomi-
nação passou a ser utilizada a partir de 2016, quando 
da publicação do Decreto nº 8.901/2016 publicada no 
Diário Oficial da União em 11.11.2016, em que orienta 
a substituição e apresenta a justificativa de que o ‘D’ 
(doença) se refere a sintomas e sinais perceptíveis no 
indivíduo, ao passo que ‘I’ (infecções) podem ser assin-
tomáticas ou manter-se por períodos assintomáticos, 
porém possíveis de serem transmitidas.
POPULAÇÃO 
LGBTQIA+ E SAÚDE 
NO BRASIL
Na análise documental da legislação brasileira sobre a área saúde e legislações do Brasil, no que diz respeito às políticas públicas para LGBTQIA+, podemos observar que o cenário legal do Sistema Único de Saúde (SUS) 
está mais bem ancorado em decretos, planos e políticas nortea-
doras de ações que visem à promoção e às estratégias para que 
tal promoção possa ser implementada, do que a área do trabalho, 
enquanto empregabilidade, por exemplo. 
Por mais que haja a interconexão das áreas para que possa exis-
tir o acesso integral e pleno à cidadania e defesa dos direitos hu-
manos, é importante ressaltar que cada área de atuação é formada 
por especificidades que carecem de ações próprias para a manu-
tenção e o acesso de grupos heterogênicos, o que faz com que as 
práticas precisem ser pensadas a partir de suas especificidades. 
Curso Proteção Social: Programa Integrado de Educomunicação | 151
Também é importante ressaltar esse 
ponto nevrálgico, pois, quando evidencia-
mos as ações voltadas para a população 
LGBTQIA+, não estamos procurando ou 
gerando privilégios em detrimento a ou-
tras populações. Ao contrário, quando go-
vernamentalmente as especificidades são 
acolhidas, o que temos é um cenário de 
acesso e manutenção de políticas públi-
cas para todos os públicos possíveis, ob-
servando as distintas ofertas necessárias 
para que haja, efetivamente, promoção 
dos serviços de maneira a atender a maior 
promoção de serviços com ampliação 
quantitativa e qualitativa, privilegiando 
um atendimento humanizado da deman-
da pública, visando a uma qualidade sem-
pre maior nesses atendimentos. 
Pensando a partir dessa linha de racio-
cínio, o SUS explana, a partir de sua Polí-
tica Nacional de Saúde Integral de LGBT 
uma caminhada em prol de valorizar e 
amparar a população que se encontra in-
clusa nesse grupo. Temos, portanto, uma 
ampla documentação que foi revisitada 
e reformulada durante anos para que os 
atendimentos e acesso possam estar em 
consonância com o cenário atual popu-
lacional e suas demandas. No entanto, 
essa afirmativa documental não implica, 
necessariamente, acesso real e amplo. 
Também não significa que não haja ações 
ocorrendo para que o acesso e a manu-
tenção das práticas da saúde sejam ofer-
tados e oferecidos. Mas tais práticas per-
manecem em um local de aprendizagem 
e desenvolvimento no Brasil. 
No que diz respeito a marcos legais, 
temos em 2006 uma primeira inserção no 
SUS que evidencia a busca por um aten-
dimento mais humanizado. Nesse ano, a 
Carta dos direitos dos usuários de saúde in-
troduziu o direito ao uso do nome social 
para travestis e transexuais, e essa movi-
mentação resultou na Portaria nº 1.802 
de 2009, no artigo 4 inciso I. Uma ação 
como essa respeita a dignidade humana 
e colabora para o acesso em maior escala 
da população trans na área da saúde. 
Outro documento que ampara e busca 
colaborar com a disseminação dos aten-
dimentos para essa população é o que 
institui o processo transexualizador, for-
mulado em 2008 e ampliado e redefinido 
em 2013 a partir da portaria 2803/2013. 
Nessa portaria procedimentos como 
hormonização, cirurgias de modificação 
corporal e genital e o acompanhamento 
multiprofissional tornam-se acesso per-
mitido para toda a população trans, e 
não apenas para mulheres trans, como 
estava previsto em 2008. Assim, abarca 
homens trans, mulheres trans e travestis, 
aumentando sua oferta à saúde. 
Vale ressaltar que tais procedimentos 
ainda não são ofertados em todos os es-
tados brasileiros, podendo ser encontra-
dos apenas nas cidades de Porto Alegre, 
Goiânia, Recife, São Paulo e Rio de Ja-
neiro. O mais alarmante é que, para ter o 
acesso efetivo a tal processo, há uma fila 
de espera de mais de dez anos. 
Em 2012 é redigido o Plano Operati-
vo da Política Nacional de Saúde Integral, 
com gerência e revisitação programada 
de 2012 a 2015. Esse primeiro plano já de-
limita estratégias para gestões em todos 
os âmbitos, federal, estadual, municipal e 
Distrito Federal, e traz em seu norte a ne-
cessidade de uma articulação intra e inter-
setorial na transversalidade para o desen-
volvimento de tais políticas públicas. 
Ilustração de Beatriz 
Vazzoler Villar com 
intervenção de 
Carlus Campos
152 | Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
e bissexuais, por exemplo, não eram, ne-
cessariamente, atendidas em suas especi-
ficidades, e não eram contabilizadas para 
fins estatísticos. Não havendo o aporte 
estatístico nacional, há uma maior difi-
culdade e possibilidade de estratégias a 
serem desenhadas assim como de planos 
serem efetivamente concretizados. Essa 
questão, até hoje, é uma luta que os mo-
vimentos sociais LGBTQIA+ realizam, com 
um olhar em especial às movimentações 
trans, em busca das demandas que solici-
tam acesso e atendimento.
Em continuidade à Política Nacional 
de Saúde Integral de LGBT, em 2017, a 
partir da Resolução n.º 26 de setembro, 
há a inserção do II Plano Operativo da Po-
lítica Nacional de Saúde LGBT. Esse Plano 
é composto por cinco eixos que contam 
com as importâncias para que haja aces-
so, promoção, educação, mobilização e 
monitoramento das ações necessárias 
para que o atendimento seja pleno. Tam-
bém tem nove estratégias para que haja 
desde o aperfeiçoamento e qualificação 
Desse Plano Operativo é construída, em 
2013, a Política Nacional de Saúde Integral 
de LGBT, pelo Ministério da Saúde, com a 
organização da Secretaria de Gestão Es-
tratégica e Participativa. Esse documento 
evidencia mais uma grande conquista das 
movimentações sociais, já que elas são as 
norteadoras e balizadoras para que tais po-
líticas possam vir a se concretizar em ações 
necessárias para o acesso e o atendimento 
da população LGBTQIA+. É essa política que 
vai expressar e agir para que todas as estra-
tégias predefinidas anteriormente possam 
ser efetivamente implementadas, fiscaliza-
das e, se necessário, repensadas. 
Mais uma vez, é importante evidenciar 
que muitas vezes os documentos cami-
nham com maior agilidade que as ações. 
Nesse sentido, por mais que tenhamos, já 
em 2013, uma ampla documentação a res-
peito do acesso e atendimentos a popula-
ção LGBTQIA+, ainda se faz necessária uma 
atenção muito pontual para essa mesma 
população que não consegue encontrar 
uma acolhida tão ampla, na prática. 
No que se refere à demanda de atendi-
mento, é fundamental pensar nos proces-
sos formativos de profissionais, para além 
dos espaços físicos necessários para tal 
fim. A população LGBTQIA+, durante sua 
historicidade de existência no Brasil, sem-
pre foi realocada para outras demandas 
de atendimento. Pessoas lésbicas, gays 
de profissionais da área até a estimulação 
e o fortalecimento da população LGBT nos 
espaços de participação popular e de edu-
cação para o controle social. 
Atualmente o Brasil também tem três 
focos preventivos para crianças e adoles-
cente entre 3 e 17 anos que sejam LGB-
TQIA+, estando contidos apenasnas regi-
ões Sul e Sudeste, especificamente em São 
Paulo, Campinas e Porto Alegre. Em terri-
tório nacional há também 14 ambulatórios 
LGBT, que estão em Curitiba, Belém, Belo 
Horizonte, Brasília, Campo Grande, Floria-
nópolis, Fortaleza, Goiânia, João Pessoa, 
Lagarto, Recife, Ribeirão Preto, São Paulo e 
Curso Proteção Social: Programa Integrado de Educomunicação | 153
Niterói. Às pessoas que não se encontrem 
nesses grandes polos é oferecido um ser-
viço de tratamento fora de domicílio. Esse 
número de ambulatórios, dada a extensão 
territorial nacional, ainda é muito baixo e 
por se encontrarem em grandes centros 
populacionais, se por um lado viabilizam 
a possibilidade de acesso a uma parcela 
maior da população, por outro retardam 
a possibilidade de acesso a uma grande 
parcela da população LGBTQIA+, que se 
encontra vulnerável em cidades menores, 
com repasses e verbas mais restritas. 
Ações como o Conselho Estadual de 
Combate à Discriminação LGBT do estado 
do Ceará são um exemplo claro das mo-
vimentações sociais em busca de conso-
nância participativa para com o governo, 
para que haja a expansão de acesso para 
a população LGBTQIA+, mas também para 
que haja a possibilidade educacional da 
população brasileira contra as discrimi-
nações com essa mesma população. Esse 
Conselho visa monitorar, fiscalizar e avaliar 
a execução de políticas públicas para a po-
pulação LGBT e é uma conquista histórica 
de movimentos sociais cearenses que efe-
tivam, por meio da paridade de represen-
tantes do Poder Público Estadual do Ceará 
com representantes da sociedade civil, um 
órgão que é consultivo e deliberativo. 
Como ressaltado anteriormente, é im-
prescindível que as demandas LGBTQIA+ 
sejam contabilizadas oficialmente para 
que a saúde integral dessa população 
possa ser efetivamente atendida. Portan-
to, para além do levantamento oficial de 
demanda, dadas as multiplicidades de vi-
vências e possibilidades de experiências 
que estão contidas nessa grande sigla, é 
evidente a necessidade de uma promo-
ção educacional que tenha como meta 
aportar profissionais da área da saúde 
com um olhar mais próximo e acolher as 
necessidades básicas dessa população. 
Todas essas documentações também 
precisam estar mais próximas das ações 
realizadas pelos governos vigentes, para 
que as políticas públicas transversais pos-
sam ter uma participação mais objetiva e 
clara nas deliberações de verbas públicas 
para programas de atendimentos básicos 
voltados para a preservação das vidas LGB-
TQIA+, já que, atualmente, é uma das popu-
lações mais violentadas socialmente. 
Por não haver contabilização oficial de 
dados que componham a população LGB-
TQIA+, a geração de políticas para preven-
ção da saúde mental, por exemplo, fica 
muita debilitada e inconstante. No que diz 
respeito à orientação sexual, muitas pes-
soas deixam de compor um quadro mais 
verdadeiro, pois são contabilizadas ape-
nas como pessoas cisgêneras4, não haven-
do o cuidado em ressaltar a importância 
de saúde para os espectros de sexualida-
des possíveis de serem vividos. No que diz 
respeito à população trans e travesti, não 
há nacionalmente essa contabilização as 
identidades de gênero composta no es-
pectro identitário. Logo, ações de políti-
cas públicas ficam pouco ancoradas nas 
realidades do cenário social das pessoas 
trans, gerando uma onerosa e lenta ação 
de acesso ao sistema. 
Levando em consideração que a popu-
lação LGBTQIA+ brasileira, mesmo havendo 
leis protetivas, ainda é alvo de uma quan-
tidade muito alta de violências e discrimi-
nações, compondo o ranking de país que 
mais assassina pessoas trans, por exemplo, 
é mais do que importante que a área da 
saúde esteja não apenas atenta, mas pron-
ta para o atendimento dessa população, 
que carece de uma atenção primária mais 
consolidada e especializada, para que seja 
garantida a preservação da vida, direito e 
desejo fundamental no território brasileiro.
4 O termo cisgênero se reporta ao indivíduo que se 
identifica com o seu gênero biológico.
Ilustração de João 
Vazzoler Villar com 
intervenção de 
Carlus Campos
154 | Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
Ao tratarmos de populações excluídas, fa-
lamos, ao mesmo tempo, de resultados de 
construções de imagens de determinados 
indivíduos e conjuntos de indivíduos que 
são construídas e alimentadas por grande 
parcela da população, inclusive o próprio 
Estado. Tal exclusão se reflete diretamente 
nas ações (ou inexistência delas) e políti-
cas públicas voltadas a populações espe-
cíficas historicamente excluídas. 
Em se tratando da população LGB-
TQIA+, há um vácuo no que concerne às 
garantias de direitos, à criação e à efetiva-
ção de políticas públicas e, principalmen-
te, à garantia do direito humano essencial: 
a vida. Percebemos isso ao nos reportar-
mos aos dados que deveriam alimentar 
as informações sobre as violências contra 
esse público e que deveriam balizar as 
políticas de enfrentamento à LGBTfobia 
no Brasil. Somente em 2019, o Anuário 
Brasileiro de Segurança Pública5 passa a 
divulgar, pela primeira vez, em seu levan-
tamento nacional publicado anualmente, 
os dados oficiais sobre a violência contra 
a população LGBTQIA+. Tais dados são 
fornecidos pelas Secretarias da Seguran-
ça Pública e mostram o quão desarticula-
das ainda estão tais informações. Vários 
estados não forneceram dados, como o 
estado do Ceará. Isso mostra não só uma 
falta de interesse em publicizar dados 
como também o descaso com informa-
ções que são importantes para justificar e 
organizar o foco de políticas públicas de 
combate e prevenção à LGBTfobia. Aten-
tamos aqui para a questão de que não se 
trata de uma política pública específica, 
5 O Anuário Brasileiro de Segurança Pública é uma 
publicação organizada pelo Fórum Brasileiro de 
Segurança Pública. 
mas uma ação intersetorial, que requer 
planejamento e ações em vários âmbitos 
das políticas públicas, articulando educa-
ção, assistência social, saúde, segurança 
pública e demais políticas de estado. En-
tende-se LGBTfobia como
(...) os crimes e manifestações múltiplas de 
ódio e preconceito a todo e qualquer sujeito 
gay, lésbica, bissexual, travesti e transexual 
que escapa a norma sexista e heteronorma-
tiva estruturada na sociedade, de forma que 
referir-se apenas como homofobia, invisibili-
zaria as particularidades da lesbofobia, bifo-
bia e transfobia que embora se diferenciem 
na nomenclatura, é semelhante no papel 
opressivo de conduzir estes sujeitos à situa-
ções de violência e violações enquanto pes-
soas portadoras de direitos sociais garantidos 
de bem estar e acessos sociais (PONTES et. al 
apud LEMOS, 2017)
Tramitava na Câmara Federal há um 
tempo a PLC 122/06 que tentava incluir 
à Lei 7.716 a homotransfobia ou simples-
mente LGBTfobia, como crime análogo 
ao racismo. Tal lei tenta trazer ao campo 
jurídico uma ferramenta de proteção e 
uma retratação por parte do Estado em 
relação a formas legais de proteção à po-
pulação LBGTQIA+, excluída e invisibiliza-
da dentro das ações de proteção e garan-
tia dos direitos fundamentais do cidadão.
Somente em 2019 e após decisão do 
Superior Tribunal Federal (STF), a Lei de 
Injúria Racial passou a incluir também a 
LGBTfobia como crime de racismo. Dessa 
forma, a lei fundamenta e deve proteger 
esta população contra toda e qualquer 
forma de injúria e discriminação que 
atente contra sua integralidade. Ainda de 
acordo com o último Anuário Brasileiro 
de Segurança Pública, os registros de cri-
mes contra a população LGBTQIA+, entre 
DIREITOS HUMANOSE A LGBTFOBIA
Ilustração de 
Luanna Madureira 
Marques com 
intervenção de 
Carlus Campos
Curso Proteção Social: Programa Integrado de Educomunicação | 155
os anos de 2018 e 2019, sendo o último 
ano já com a vigência da nova lei, ainda 
mostram a dificuldade em se fazer cum-
prir a lei de injúria racial como reconheci-
mento de proteção contra a LGBTfobia+. 
Como já exposto, nem todos os estados 
da federaçãodivulgaram seus dados, o 
que torna ainda mais difícil a análise da 
situação em todo o território nacional. 
Por causa da falta de dados e estatísti-
cas sobre a violência contra a população 
LGBTQIA+, mais especificamente contra a 
população trans brasileira, a Associação 
Nacional de Travestis e Transexuais (An-
tra) passa a divulgar, a partir de 2017, um 
dossiê anual sobre as mortes de travestis 
e transexuais no Brasil. É um documento 
mais completo sobre esses dados e fruto 
dos movimentos sociais de proteção a tra-
vestis e transexuais brasileiros. De acordo 
com o Dossiê de 2020, o Brasil é o país em 
primeiro lugar no ranking mundial de as-
sassinatos de pessoas trans no mundo. Os 
dados colhidos para o dossiê são frutos de 
pesquisa sobre notícias e notificações de 
assassinatos de pessoas trans no país. Tal 
metodologia se justifica pela dificuldade 
de notificação por parte das secretarias da 
Segurança Pública dos estados, assegu-
rando que há uma ampla subnotificação 
de tais casos de violência. Ainda de acor-
do com o Dossiê 2020, foram registradas 
184 notícias de mortes de pessoas trans, 
lançadas no mapa dos assassinatos de 
2020. A partir do levantamento feito pela 
Antra, desses 184 assassinatos, 175 foram 
de pessoas que expressavam o gênero fe-
minino, o que aponta outra questão muito 
importante: o caráter misógino da violên-
cia contra pessoas trans no Brasil. Há de 
se atentar que tais dados são frutos de 
um período em que teve início a realida-
de de pandemia no Brasil e no mundo. A 
violência cometida contra pessoas trans 
mostrou-se em maior número e mais se-
vera durante a pandemia.
Devido às subnotificações e à não di-
vulgação de dados por parte dos estados, 
há a falsa impressão de uma queda desses 
números em 2019; porém o Dossiê 2020 da 
Antra alerta para o aumento exponencial 
dos casos de violência em 2020 e para a 
falta de ações específicas de enfrentamen-
to à violência contra este tipo de violência. 
O que se observa no Brasil, nos últimos 
anos, é um desmonte das já escassas polí-
ticas voltadas para a população LGBTQIA+. 
Data de 2001 a criação do Conselho Nacio-
nal de Combate à Discriminação (CNCD), 
que se vinculava ao Ministério da Justiça e 
era meio de reivindicação e construção de 
políticas públicas voltadas para esta popu-
lação. Se comparado a outros movimen-
tos sociais (como negros e mulheres), o 
movimento LGBTQIA+ conquista de forma 
tardia algumas pautas que são inclusas na 
versão construída em 2002 do Programa 
Nacional de Direitos Humanos (PNDH-
2). Dentre as 518 ações previstas nesta 
segunda versão da PNDH, apenas cinco 
se referiam à orientação sexual como ga-
rantia do direito à liberdade, opinião e ex-
pressão e mais dez ações sobre a garantia 
do direito à igualdade de gays, lésbicas, 
travestis, transexuais e bissexuais (GLTTB). 
As questões relativas ao direito à saúde e a 
eliminação da discriminação institucional 
da população LGBTQIA+ passam a incluir a 
terceira versão no PNDH (PNDH 3). 
Em relação aos dados estatísticos e 
às estratégias legais e políticas públicas 
específicas à população LGBTQIA+, perce-
bemos no Brasil uma imensa lacuna, além 
da dificuldade de execução das poucas 
vias legais já existentes, o que nos leva a 
afirmar que há uma forte tendência a des-
cumprir preceitos básicos dos direitos fun-
damentais do cidadão quando se trata de 
populações específicas como a LGBTQIA+. 
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156 | Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
POPULAÇÃO LGBTQIA+ E 
MERCADO DE TRABALHO
cado de trabalho” como mantenedor de 
possibilidades formativas, de saúde, de 
manutenção básica da vida, enfim. Dada 
a importância do consumo e expectativa 
de vida, o mercado de trabalho, tão cita-
do e anunciado como vilão ou salvador da 
pátria, precisa ser não apenas observado, 
mas fomentado, com um olhar atento e 
com ações práticas para que sua impor-
tância seja concreta e funcional, na vida 
de qualquer indivíduo ou sujeito social. 
uando falamos em mercado de 
trabalho, não estamos falando 
apenas de uma atividade que 
será realizada durante um pe-
ríodo de tempo para obtenção 
de renda. Essa leitura de mer-
cado de trabalho pode ocorrer dentro dos 
lares e pela própria vida. No entanto, para 
que realizemos uma análise com maior 
amplitude e expressividade nacional, faz-
-se necessário visualizar o nicho “mer-
É também importante ressaltar que 
mercado de trabalho não expressa o 
conceito trabalho, mas está muito mais 
próximo da tangenciação de empregos e 
atividades remuneradas. Isso implica evi-
denciar um primeiro recorte indispensável 
para que qualquer análise nessa perspec-
tiva possa vir a ser cuidadosamente ob-
servada. Portanto, quando anunciamos 
trabalho, estamos evidenciando a força 
de trabalho de uma pessoa possível de 
ser implementada, por exemplo, em um 
emprego e/ou atividade remunerada, mas 
não apenas. O sociólogo Karl Marx, a partir 
da relação dialética entre classes, eviden-
cia a produção material como resultante 
de tal dialética a partir da força de traba-
lho da classe proletária, necessária para a 
preservação da classe burguesa e para a 
manutenção básica da própria existência. 
Neste momento, nossa análise não 
busca aprofundar-se nas fundamentações 
teóricas das amplitudes de conceitos e 
suas aplicabilidades, mas faz-se impor-
tante ressaltar tais implicações para futu-
ras análises e para que não haja generali-
zações superficiais a partir dos dados que 
fundamentarão a leitura que se segue. 
Assim, quando pretendemos realizar 
uma explanação a respeito de promo-
ção de cidadania e defesa dos direitos 
humanos, é imprescindível apontar que 
o recorte utilizado a partir da população 
LGBTQIA+ está contido em todas as esfe-
ras possíveis de análises estruturais, tan-
to no que diz respeito à força de trabalho 
quanto em sua utilização para empregos 
e/ou atividades remuneradas. Isso impli-
ca afirmar que evidenciar dados, mar-
cos legais e ações efetivas de promoção 
de cidadania são parte indispensável da 
Ilustração de 
Maria Júlia Sousa 
de Oliveira com 
intervenção de 
Carlus Campos
Q
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Curso Proteção Social: Programa Integrado de Educomunicação | 157
própria atividade de promoção e de di-
reitos humanos, pois aborda trajetórias, 
obstáculos e transformações – tanto que 
ocorreram como as que ainda precisam 
ocorrer para que as desigualdades sejam 
sempre objetos e ações de superação e/
ou transformações sociais. 
Para este momento, portanto, serão uti-
lizados dados da Coqual, grupo que se au-
tointitula uma consultoria de populações 
subrepresentadas no local de trabalho; 
dados do Transemprego, o maior portal de 
vagas e currículos para pessoas trans do 
Brasil; e os documentos federais balizado-
res para a construção de políticas públicas 
na área dos direitos humanos: o Programa 
Nacional de Direitos Humanos (PNDH) II e 
III, respectivamente de 2002 e 2009. Essas 
referências são abrangentes e expressam 
dados e propostas amplas que podem ser 
utilizadas, posteriormente, para um olhar 
mais criterioso e objetivo nos diversos ter-
ritórios que o Brasil contempla.
DOS DOCUMENTOS 
OFICIAIS ÀS FRENTES 
DE AÇÕES
Dos documentos federais que mais se destacam para a pro-moção da cidadania dos grupos que implicam as vulnerabilida-
des mais recorrentes no Brasil, encontra-
mos o PNDH. Esse documento é composto 
por três momentos históricos e de registro 
distintos e, ao mesmo tempo, complemen-
tares. É necessário evidenciar que as po-
líticas públicas no Brasil podem e devem 
perpassar as três esferas possíveis de rea-
lização, que, por mais que interligadas, são 
também autônomas para a apropriação 
dos programas e planos balizadores 
governamentais. Isso significa dizer que os 
governos estaduais e municipais, mesmo 
estando abaixo hierarquicamente do 
governo federal, são contidos de autonomia 
não apenas para propor política inclusiva 
ou promocional própria, desde que não 
fira as esferas superiores, como também 
para criar, a partir de programas e

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