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Jurisdição - Processo Civil

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Jurisdição
1. Conceitos:
a. Do latim “dizer o direito”.
b. Resulta da soberania do Estado.
c. Compõe uma das funções típicas do Poder Judiciário.
d. Teoria da Jurisdição Constitucional: Objetiva o respeito aos princípios e
garantias constitucionais.
e. Art. 3°, CPC - visão de jurisdição sem monopólio do Poder Judiciário.
f. Função preponderantemente estatal, exercida por órgão independente e
imparcial, que atua na vontade concreta da lei, na justa composição da
lide ou na proteção de interesses particulares (Leonardo Greco).
g. Obs.: Fenômeno da desjudicialização (resolução por via extrajudicial -
ex.; divórcio consensual, inventário); ideal autocompositivo do CPC
(métodos autocompositivos e seu fomento).
h. É una e indivisível - Art. 16, CPC.
i. Conceitos já superados:
i. Função estatal com a finalidade de atuação concreta da vontade
da lei, substituindo a atividade do particular pela intervenção do
Estado (Chiovenda).
1. Problema: conceber função jurisdicional apenas sob crivo
estatal.
ii. Função do Estado que busca a composição da lide (Carnelutti).
1. Problema: existem demandas sem lide.
2. Características:
a. Inércia: Jurisdição deve ser provocada.
b. Substitutividade: Jurisdição é a atuação da vontade concreta da lei em
substituição à vontade do particular.
c. Definitividade: no final da demanda há uma decisão definitiva (processo
transitado em julgado).
d. Declaratória: juiz declara se direito existe ou não (incoerente conceber
a jurisdição como declaratória, tendo em vista a Classificação Quinária
das Decisões Judiciais).
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3. Princípios da Jurisdição:
a. Investidura: juiz empossado possui ofício jurisdicional.
b. Territorialidade: ofício jurisdicional deve ser empregado no território
nacional e limites previstos em lei.
c. Indeclinabilidade: Art. 140, CPC - Juiz não se exime de decidir sob a
alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico.
d. Indelegabilidade: função jurisdicional não pode ser delegada a outra
pessoa.
e. Inafastabilidade: é função do Estado, não dispensando outros meios de
composição.
4. Classificação:
a. Quanto à pretensão:
i. Civil (lato sensu) - compreende direito civil, empresarial, do
consumidor, administrativo.
ii. Penal - tudo o que consta no Código Penal = crimes.
b. Quanto ao grau:
i. 1° grau (inferior) - onde começam as demandas.
ii. 2° grau (superior) - dupla função: onde apenas algumas
demandas se iniciam (competência originária de 2° grau) e
função recursal (desembargadores).
c. Quanto a submissão ao direito positivo:
i. De direito - (Art. 140, CPC) - apenas casos previstos em lei,
direito pauta-se em leis.
ii. De equidade - (Art. 140, parágrafo único) - definida em casos
previstos em lei (ex.: lei de arbitragem).
d. Quanto ao órgão que exerce jurisdição:
i. Comum - estadual e federal (Art. 109, CF).
ii. Especial - (Art. 101, CF) justiça do trabalho, justiça eleitoral e
justiça militar.
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e. Quanto à existência ou não da lide (conflito):
i. Contenciosa - há conflito de interesses.
ii. Voluntária - não há conflito de interesses.
5. Teoria da Jurisdição Voluntária:
a. Teoria Clássica ou Administrativa: jurisdição voluntária como
“administração pública de interesses privados”.
b. Teoria Revisionista: jurisdição voluntária como verdadeiro exercício da
função jurisdicional (P. Judiciário tem sempre a função resolver o
problema, havendo lide ou não).
6. Jurisdição Nacional:
a. Art. 21, CPC - compete à autoridade judiciária brasileira processar e
julgar as ações que:
i. o réu, independente da nacionalidade, estiver domiciliado no
Brasil (inclui-se pessoa jurídica com filial no Brasil);
ii. no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;
iii. fato ocorrido ou ato praticado no Brasil.
b. Art. 22, CPC - compete à autoridade judiciária brasileira processar e
julgar as ações:
i. de alimentos quando o credor tiver domicílio ou residência no
Brasil, ou o devedor tiver vínculos no Brasil;
ii. decorrentes de relação de consumo quando consumidor tiver
domicílio ou residência no Brasil;
iii. as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição
nacional.
c. Art. 23, CPC - compete apenas à autoridade judiciária brasileira:
i. conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil;
ii. em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de
testamento particular e ao inventário e à partilha de bens
situados no Brasil;
iii. em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável,
proceder à partilha de bens situados no Brasil.
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7. Cooperação Internacional:
a. Art. 26, CPC - cooperação jurídica internacional será regida por tratado
de que o Brasil faz parte e observará:
i. o respeito às garantias do devido processo legal no Estado
requerente;
ii. a igualdade de tratamento entre nacionais e estrangeiros,
residentes ou não no Brasil, em relação ao acesso à justiça e à
tramitação dos processos, assegurando-se a assistência judiciária
aos necessitados;
iii. a publicidade processual (exceto nas hipóteses de sigilo previstas
na legislação brasileira ou na do Estado requerente);
iv. a existência de autoridade central para recepção e transmissão
dos pedidos de cooperação;
v. a espontaneidade na transmissão de informações a autoridades
estrangeiras.
b. Art. 27, CPC - cooperação jurídica internacional terá por objeto:
i. citação, intimação e notificação judicial e extrajudicial;
ii. colheita de provas e obtenção de informações;
iii. homologação e cumprimento de decisão;
iv. concessão de medida judicial de urgência;
v. assistência jurídica internacional;
vi. qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proibida pela
lei brasileira.
8. Modalidades de Cooperação:
a. Auxílio direto (Art. 28, CPC) - provas, informações, medidas judiciais não
proibidas pelo Brasil.
b. Carta Rogatória (Art. 36, CPC) - carta de comunicação entre países
estrangeiros. Homologada perante o STJ, sendo vedada a revisão do
mérito do pronunciamento judicial estrangeiro pela autoridade
brasileira.
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