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AP 3 LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

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MATERIAL DIDÁTICO 
 
 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
U N I V E R S I DA D E
CANDIDO MENDES
 
CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA 
PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010 
 
Impressão 
e 
Editoração 
 
0800 283 8380 
 
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SUMÁRIO 
 
 
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ................................................................................. 03 
 
UNIDADE 2 – CRIMES HEDIONDOS E ASSEMELHADOS .................................. 04 
2.1 Crimes hediondos – Lei nº 8.072/1990 .............................................................. 04 
2.2 Crimes assemelhados aos hediondos ............................................................... 06 
 
UNIDADE 3 – CRIMES CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO ...................... 10 
3.1 Sujeito ativo e passivo ....................................................................................... 12 
3.2 Objeto jurídico ................................................................................................... 13 
3.3 As infrações penais contra o consumidor .......................................................... 13 
 
UNIDADE 4 – CRIMES DO CÓDIGO DE TRÂNSITO ............................................ 21 
 
UNIDADE 5 – CRIMES DA LEI DE TORTURA ...................................................... 25 
 
UNIDADE 6 – CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE ......................................... 27 
6.1 Tipicidade .......................................................................................................... 30 
6.2 Bem jurídico protegido....................................................................................... 30 
6.3 Elemento subjetivo ............................................................................................ 30 
6.4 Sujeito ativo e passivo ....................................................................................... 31 
6.5 Sanções penais ................................................................................................. 32 
 
UNIDADE 7 – CRIMES DE LAVAGEM DE DINHEIRO .......................................... 35 
7.1 Fases da lavagem de dinheiro .......................................................................... 36 
7.2 Origem dos crimes de lavagem de dinheiro ...................................................... 39 
7.3 Consequências do crime de lavagem de dinheiro ............................................. 40 
7.4 Objeto material .................................................................................................. 41 
7.5 Sujeito ativo e passivo ....................................................................................... 41 
7.6 O tipo penal ....................................................................................................... 42 
 
UNIDADE 8 – CRIMES DO ESTATUTO DO IDOSO .............................................. 45 
 
UNIDADE 9 – LEI ANTIDROGAS E DESARMAMENTO ....................................... 51 
9.1 Lei antidrogas .................................................................................................... 51 
9.2 Lei do desarmamento ........................................................................................ 55 
 
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 61 
 3 
 
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UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO 
 
Assim como a Parte Especial do Código Penal, iremos tratar neste momento 
dos crimes hediondos e assemelhados; crimes contra as relações de consumo; 
crimes do Código de Trânsito; crimes da lei de tortura; crimes contra o meio 
ambiente; crimes de lavagem de dinheiro; crimes do Estatuto do Idoso, bem como 
falaremos da Lei antidrogas e desarmamento, sem, é claro, a pretensão de esgotar 
o assunto, tamanha sua extensão. 
Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha como 
premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um 
pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados 
cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar, 
deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores, 
incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma 
redação original e tendo em vista o caráter didático da obra, não serão expressas 
opiniões pessoais. 
Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se 
outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas, mas que, de todo modo, 
podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao longo dos 
estudos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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UNIDADE 2 – CRIMES HEDIONDOS E ASSEMELHADOS 
 
2.1 Crimes hediondos – Lei nº 8.072/1990 
O Brasil adotou o critério legal, estabelecendo taxativamente quais os crimes 
considerados hediondos e assemelhados na Lei nº 8.072/1990, podendo definir os 
hediondos como aqueles crimes considerados repugnantes, bárbaros ou 
asquerosos. 
São hediondos: 
 homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de 
extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado 
(art. 121, § 2º, I a V); 
 latrocínio (art. 157, § 3º, in fine); 
 extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2º); 
 extorsão mediante sequestro e na forma qualificada (art. 159, caput e §§ 1º, 
2º e 3º); 
 estupro (art. 213, caput e §§ 1º e 2º) – (nova redação dada pela Lei nº 12.015, 
de 7-8-2009); 
 estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1º, 2º, 3º e 4º) – (nova redação 
dada pela Lei nº 12.015, de 7-8-2009); 
 epidemia com resultado morte (art. 267, § 1º); 
 falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins 
terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e §§ 1º, 1º-A e 1º-B, com a 
redação dada pela Lei nº 9.677, de 2-7-1998); 
 crime de genocídio previsto nos arts. 1º a 3º da Lei nº 2.889, de 1º-1O-1956, 
“tentado ou consumado”. 
 
Para a concepção de crime hediondo, há três sistemas básicos. São eles: 
a) sistema legal – cabe a lei definir quais são os crimes considerados hediondos; 
 
 
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b) sistema judicial – cabe ao juiz, de acordo com o caso concreto, estabelecer os 
delitos que serão considerados hediondos; 
c) sistema misto – como o próprio nome sugere, neste sistema, a lei define os 
crimes hediondos, facultando ao juiz diante do caso em concreto, estabelecer 
outros delitos (SANTOS FILHO, 2012). 
 
De forma bem clara, na legislação brasileira, o caráter hediondo de um crime 
depende da previsão na lei nº 8072/90. Assim, o rol não pode ser ampliado pelo juiz, 
que não poderá este conferir a hediondez a um crime que não conste no elenco. 
Tais delitos não constavam do elenco original dos crimes hediondos. O 
homicídio simples somente é considerado delito hediondo, quando praticado em 
atividadetípica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só autor. Da 
leitura que se faz do artigo 121 do Código Penal, percebe-se que não existe a 
qualificadora “atividade típica de grupo de extermínio”. 
Na prática, o homicídio praticado em atividade de grupo de extermínio nada 
mais é do que um homicídio qualificado. Para a maioria da doutrina, o homicídio 
privilegiado-qualificado não é crime hediondo. 
Assim já se posicionou a jurisprudência: 
STJ - HC 36317 / RJ - PENAL. HABEAS CORPUS. ART. 121, §§ 1º E 2º, 
INCISOS III E IV, DO CÓDIGO PENAL. PROGRESSÃO DE REGIME. CRIME 
HEDIONDO. Por incompatibilidade axiológica e por falta de previsão legal, o 
homicídio qualificado-privilegiado não integra o rol dos denominados crimes 
hediondos (Precedentes). Writ concedido. 
STJ - HC 41579 / SP - HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO-
PRIVILEGIADO. TENTATIVA. CRIME NÃO ELENCADO COMO HEDIONDO. 
REGIME PRISIONAL. ADEQUAÇÃO. POSSIBILIDADE DE PROGRESSÃO. 1. O 
homicídio qualificado-privilegiado não figura no rol dos crimes hediondos. 
Precedentes do STJ. 2. Afastada a incidência da Lei nº 8.072/90, o regime prisional 
deve ser fixado nos termos do disposto no art. 33, § 3º, c.c. o art. 59, ambos do 
Código Penal. 3. In casu, a pena aplicada ao réu foi de seis anos, dois meses e vinte 
dias de reclusão, e as instâncias ordinárias consideraram as circunstâncias judicias 
 
 
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favoráveis ao réu. Logo, deve ser estabelecido o regime prisional intermediário, 
consoante dispõe a alínea b, do § 2º, do art. 33 do Código Penal. 4. Ordem 
concedida para, afastada a hediondez do crime em tela, fixar o regime inicial 
semiaberto para o cumprimento da pena infligida ao ora Paciente, garantindo-se-lhe 
a progressão, nas condições estabelecidas em lei, a serem oportunamente aferidas 
pelo Juízo das Execuções Penais. 
STJ - HC 43043 / MG - HABEAS CORPUS. DIREITO PENAL. HOMICÍDIO 
QUALIFICADO-PRIVILEGIADO. PROGRESSÃO DE REGIME. POSSIBILIDADE. 1. 
O homicídio qualificado-privilegiado não é crime hediondo, não se lhe aplicando 
norma que estabelece o regime fechado para o integral cumprimento da pena 
privativa de liberdade (Lei nº 8.072/90, artigos 1º e 2º, parágrafo 1º). 2. Ordem 
concedida. 
 
2.2 Crimes assemelhados aos hediondos 
São três os crimes considerados assemelhados a hediondos: 
- tortura (Lei nº 9.455/1997); 
- terrorismo (art. 20 da Lei nº 7.170/1983); 
- tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins (Lei nº 11.343/ 2006). 
 
Vale guardar... 
O crime de Tortura (Lei nº 9.455/1997) é o 1º crime do rol de assemelhados: 
- Art. 1º, inciso I: 
- Sujeito ativo – qualquer pessoa: crime comum; tratando-se de agente 
público (§ 4º, inciso I) a pena é aumentada de um sexto a um terço. 
- Sujeito passivo – crime cometido contra gestante, criança, portador de 
deficiência, adolescente ou maior de 60 anos. 
- A pena é aumentada de um sexto a um terço. O art. 4º da Lei nº 
9.455/1997 revogou expressamente o art. 233 do ECA. 
 
 
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- Ação típica neste tipo de crime consiste num constrangimento praticado 
mediante: violência ou grave ameaça. 
- Tem como finalidades (sempre visando uma ou mais das três) – obter 
declaração ou confissão da vítima; provocar ação ou omissão de natureza 
criminosa; em razão de discriminação racial ou religiosa. 
- Para que seja consumado exige-se um sofrimento físico ou mental. 
- Os crimes hediondos e assemelhados são insuscetíveis de fiança e 
liberdade provisória. Essa disposição não é inconstitucional, segundo entendimento 
do STJ e Tribunal de Justiça de São Paulo. 
Súmula nº 697 do STF: “A proibição de liberdade provisória nos processos 
por crimes hediondos não veda o relaxamento de prisão processual por excesso de 
prazo”. 
- A pena aplicada em razão da prática de crimes hediondos e assemelhados, 
será cumprida integralmente em regime fechado, vedando-se qualquer espécie de 
progressão. Essa previsão não é inconstitucional, segundo vários entendimentos do 
STF e do STJ. Porém, em recente decisão, por seis votos a cinco, o Plenário do STF 
reconheceu a inconstitucionalidade do § 1º do art. 2º da Lei nº 8.072/1990 que 
proibia a progressão de regime de cumprimento de pena nos crimes hediondos e 
assemelhados. A questão foi decidida no HC nº 82.959/SP, condenando o réu a 12 
anos e 3 meses de reclusão pelo crime de atentado violento ao pudor (que não 
existe mais atualmente, pois foi revogado pela Lei nº 12.015, de 7-8-2009). Assim, o 
STF afastou a proibição da progressão do regime de cumprimento da pena aos réus 
condenados pela prática de crimes hediondos e assemelhados. Caberá ao juiz da 
execução penal, segundo o Plenário, analisar os pedidos de progressão, 
considerando o comportamento de cada apenado – o que caracteriza a 
individualização da pena. 
Entretanto, a decisão se deu no controle difuso de constitucionalidade, 
sendo certo que a decisão do STF terá de ser comunicada ao Senado para que o 
parlamento providencie a suspensão da eficácia do dispositivo declarado 
inconstitucional. 
 
 
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O Plenário ressaltou, ainda, que a declaração de inconstitucionalidade não 
gerará consequências jurídicas com relação a penas já extintas. 
No entanto, a súmula perdeu a razão de ser com a declaração de 
inconstitucionalidade da vedação à progressão de regime prevista na lei dos Crimes 
Hediondos e a consequente alteração realizada pela Lei nº 11.464 de 2007, que traz 
o regime de progressão para os crimes hediondos (NEVES; LOYOLA, 2011). 
- Não é possível a concessão de sursis aos crimes hediondos e 
assemelhados. 
- É controvertida na doutrina e na jurisprudência a possibilidade de 
substituição da pena privativa de liberdade imposta em crime hediondo ou 
assemelhado por pena restritiva de direitos. 
- O recurso de apelação, nos crimes hediondos e assemelhados, tem como 
pressuposto de admissibilidade o recolhimento do réu à prisão. Somente em caráter 
excepcional e, motivadamente, pode o juiz autorizar o contrário. O STF já decidiu 
que essa proibição não afronta a presunção de inocência consagrada na 
Constituição Federal. 
Súmula nº 9 do STJ: “A exigência da prisão provisória, para apelar, não 
ofende a garantia constitucional da presunção de inocência”. Há decisões recentes 
do STF admitindo o apelo em liberdade, em razão do princípio da presunção de 
inocência (HC 85.417/RS, HC 91.232/PE). 
- A duração da prisão temporária, nos crimes hediondos e assemelhados, é 
de 30 dias, com possibilidade de prorrogação por mais 30 dias e somente em casos 
de extrema e comprovada necessidade (Lei nº 11.464/2007). 
- Os condenados por crimes hediondos e assemelhados deverão cumprir 
pena em estabelecimentos penais de segurança máxima. 
- O livramento condicional, para os crimes hediondos e assemelhados, 
somente poderá ser concedido ante o preenchimento dos requisitos genéricos do 
art. 83 do CP, além de dois requisitos específicos, impostos pela Lei nº 8.072/1990: 
a) cumprimento de mais de dois terços da pena, em regime fechado; 
 
 
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b) ausênciade reincidência específica por parte do apenado. 
- Temos, no ordenamento jurídico brasileiro, três espécies de quadrilha ou 
bando (art. 8º): 
a) quadrilha ou bando genérica, previsto no art. 288 do CP; 
b) quadrilha ou bando específica para a prática de crimes hediondos ou 
assemelhados, previsto no art. 8º da Lei nº 8.072/1990; 
c) quadrilha ou bando específica para a prática de tráfico ilícito de 
entorpecentes e drogas afins no art. 35 da Lei nº 11.343/2006. 
- A Lei nº 8.072/1990 prevê, ainda, a delação premiada para o crime de 
bando ou quadrilha envolvendo crimes hediondos ou assemelhados: essa causa de 
redução de pena somente se aplica ao crime de quadrilha ou bando para a prática 
de crimes hediondos e assemelhados, ou seja, o disposto no referido parágrafo 
único aplica-se somente ao caput do art. 8º e não ao tipo penal básico do art. 288 do 
CP. 
- O art. 9º da Lei nº 8.072/1990 previa a incidência de causas especiais de 
aumento de pena, previstas no art. 224 do CP, no entanto este foi recentemente 
revogado pelo art. 7º da Lei 12.015/2009. 
- O art. 10 da lei 6.368/1976 dispunha acerca da determinação da contagem 
em dobro dos prazos procedimentais nos casos dos crimes previstos nos arts. 12 a 
14 dessa lei, no entanto, esta foi revogada expressamente pela Lei 11.343/2006, 
sendo que processar-se-á nos seguintes termos, 
Art. 51. O inquérito policial será concluído no prazo de 30 (trinta) dias, se o 
indiciado estiver preso, e de 90 (noventa) dias, quando solto. 
Parágrafo único. Os prazos a que se refere este artigo podem ser duplicados 
pelo juiz, ouvido o Ministério Público, mediante pedido justificado da autoridade de 
polícia judiciária. 
 
 
 
 
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UNIDADE 3 – CRIMES CONTRA AS RELAÇÕES DE 
CONSUMO 
 
Os crimes contra as relações de consumo estão previstos na Lei nº 8.078, 
de 11-9-1990 (Código de Defesa do Consumidor), e, ainda, na Lei nº 8.137, de 27-
12-1990, que define crimes contra a ordem tributária, econômica e contra as 
relações de consumo, e dá outras providências. 
Igualmente como ocorre nos crimes previstos no Estatuto da Criança e do 
Adolescente (Lei nº 8.069/1990), o Código de Defesa do Consumidor instituiu uma 
série de normas que visam à proteção efetiva do consumidor. 
A tutela no âmbito penal das relações de consumo está exposta nos artigos 
61 a 80 do CDC, surgindo com o intuito de assegurar a efetividade das normas 
inseridas, procurando proteger o consumidor de atos lesivos não ao seu patrimônio, 
mas de bens que integram sua personalidade jurídica, como a vida, a saúde e a 
segurança. 
O artigo 61 enuncia que: 
Art. 61. Constituem crimes contra as relações de consumo previstas neste 
código, sem prejuízo do disposto no Código Penal e leis especiais, as condutas 
tipificadas nos artigos seguintes (ANGHER, 2007). 
Referido dispositivo dita que constituem-se crimes contra as relações de 
consumo, os descritos nos art. 63 a 74, do CDC, e mais aqueles descritos no Código 
Penal e leis especiais. Ou seja, para sua efetividade, dispôs o legislador, como 
forma de proteção do bem jurídico e prevenção, sobre delitos contra as relações de 
consumo. 
Na função preventiva, significa que o direito penal do consumidor não corre 
atrás do dano, mas a ele se antecipa. Para efeitos legais, consumidor é toda pessoa 
física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final 
(art. 2º). 
Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que 
indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. Relações de 
 
 
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consumo são as que se estabelecem entre fornecedor e consumidor, tendo por 
objeto os produtos e serviços. 
Os §§ 1º e 2º do art. 3º da Lei conceituam produto e serviço. 
Hoje, de acordo com a Lei nº 12.291/2010, é obrigatória a manutenção de 
exemplar do Código de Defesa do Consumidor nos estabelecimentos comerciais e 
de prestação de serviços. 
No CDC, os crimes contra as relações de consumo estão elencados no art. 
63 e seguintes, in verbis: 
Art. 63 – omitir dizeres ou sinais ostensivos sobre a nocividade ou 
periculosidade de produtos, nas embalagens, nos invólucros, recipientes ou 
publicidade: pena – detenção de seis meses a dois anos e multa. §1º Incorrerá nas 
mesmas penas quem deixar de alertar, mediante recomendações escritas 
ostensivas, sobre a periculosidade do serviço a ser prestado. §2º Se o crime é 
culposo: pena – detenção de um a seis meses ou multa. 
O Código de Defesa do Consumidor possui uma estrutura bem definida e 
harmônica, tanto que no artigo 9º do mesmo Código, este exige dos fornecedores de 
produtos e serviços a obrigação de informar nos rótulos e mensagens publicitárias, 
de maneira clara, os aspectos de nocividade e periculosidade do produto ou serviço 
que podem colocar em risco a saúde ou segurança do consumidor. Tudo isso está 
intimamente ligado também aos direitos básicos do consumidor, que estão 
elencados no primeiro inciso do artigo 6º. 
ELIANA PASSARELLI (2002, p. 54) revela que doutrinariamente sua 
classificação é a seguinte: 
 comum (quanto a legislação); 
 próprio (quanto ao sujeito ativo); 
 de perigo abstrato (quanto a lesão do bem jurídico tutelado); 
 de mera conduta (quanto ao resultado); 
 omissivo próprio (quanto a ação); 
 principal (quanto a exigibilidade de consumação de outro crime); 
 
 
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 unissubsistente (quanto ao fracionamento do iter criminis); 
 unissubjetivo (quanto ao número de sujeitos ativos); 
 doloso ou culposo (quanto ao elemento subjetivo); 
 de ação única (quanto ao núcleo do tipo); 
 de ação penal pública incondicionada (quanto à ação penal); e, 
 instantâneo (quanto à duração). 
 
Quanto ao objeto jurídico são os direitos do consumidor de proteção a vida, 
saúde e segurança, contra os riscos que os produtos e serviços nocivos e perigosos 
possam causar, bem como o direito a informação clara e inequívoca sobre os riscos 
do produto e ou serviços. O sujeito ativo é qualquer fornecedor que tenha o dever de 
informar e que se omitiu dessa obrigação. O sujeito passivo é a coletividade e o 
consumidor difusamente considerado. Em relação à pena, no caso de crime doloso, 
observa-se a cumulatividade. Além da pena privativa de liberdade, deverá o 
magistrado impor o cumprimento de sanção pecuniária (AFONSO, 2004), visto 
abaixo em maiores detalhes. 
 
3.1 Sujeito ativo e passivo 
Nos delitos contra a relação de consumo, o sujeito ativo é a pessoa física 
vinculada ao art. 3º do CDC, ou seja, relacionada ao termo fornecedor. 
Fornecedor, segundo o disposto nesse art. 3º, é toda pessoa física ou 
jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes 
despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, 
construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização 
de produtos ou prestação de serviço. 
Em matéria penal, entretanto, esse Código não previu a responsabilidade 
das pessoas jurídicas. 
Quanto ao sujeito passivo primário, temos na coletividade o principal. Note-
se que o sujeito passivo nos crimes comuns é normalmente determinado, como é 
determinada a pessoa no homicídio (art. 121 do CP). 
 
 
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Nos crimes contra as relações de consumo não existe um sujeito passivo 
certo, ou seja, preciso e individualizado, já que se trata de interesse coletivo ou 
difuso. Dilui-se a lesão entre um número indeterminado de cidadãos. 
Como sujeito passivo secundário temos, por exemplo, uma determinada 
pessoa física atingida, ou seja, venda de mercadoria imprópria ao consumo (art. 7º, 
IX, da Lei nº 8.137/1990). 
A norma penal incriminadora tutela por via reflexa o interesse individual, 
como, no caso, a saúde da pessoa (NEVES; LOYOLA, 2011). 
 
3.2 Objeto jurídico 
Da mesma forma explicada quanto ao sujeito passivo, incide uma diferença 
quanto ao objeto jurídico. 
Nos crimes comuns da Parte Especial do Código Penal, tutela-se bem 
pertencente ao homem, à pessoa jurídica ou ao Estado, isto é, o bem juridicamente 
tutelado relaciona-se a um ente. Já nos delitos de consumo, o bem tutelado se 
relaciona à coletividade (não há normalmente essa individualização). 
Tutela-se o interesse coletivo das relações de consumo. Todavia, nada 
impede que indiretamente venha o tipo penal a proteger o interesse individual na 
relação de consumo (mas não é este o escopo), por via indireta ou reflexa (NEVES; 
LOYOLA, 2011). 
Segundo JOÃO BATISTA DE ALMEIDA (2003), a importância da tutela 
penal reside no fato de outorgar maior efetividade à defesa do consumidor, inibindo 
procedimentos reprováveis dos infratores e depurando o mercado fornecedor, além, 
é lógico, de punir criminalmente, com detenção, multa ou restrição de direitos (CDC, 
artigo 78), aqueles que se dedicam a desrespeitar os direitos do consumidor, 
legalmente estabelecidos, praticando as condutas sancionadas. 
 
3.3 As infrações penais contra o consumidor 
Cabe salientar, à título de curiosidade, que à época da tramitação do 
Anteprojeto e do Projeto de Lei do Código do Consumidor, sustentou-se a ideia de 
 
 
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que as condutas descritas nos artigos 63 à 74 deveriam ser descriminalizadas, sob a 
alegação de que seriam suficientes à repressão, as penalidades administrativas e o 
ressarcimento civil (ALMEIDA, 2003, p. 163). 
Em que pese o entendimento referido, da mesma forma não entendeu o 
Congresso Nacional, que decidiu também incluir a tipificação penal no CDC. 
Reconheceu-se, portanto, a necessidade de que fossem criminalizadas as condutas, 
para dar maior efetividade à legislação protetiva (SANTOS, 2010). 
JOÃO BATISTA ALMEIDA (2003, p. 165) adverte que as condutas 
delituosas descritas no CDC são consideradas “crimes de perigo”, isto é, não se 
exige a ocorrência de efetivo dano ao consumidor, nem é este elemento constitutivo 
do delito. 
Doze condutas foram criminalizadas pelo legislador, que incluiu preceitos 
que criaram tipos novos, não contemplados pelo Código Penal, e preceitos que 
versaram sobre tipos já presentes no referido estatuto criminal referido, com a 
intenção de torná-los específicos para a tutela dos direitos do consumidor, a saber: 
a) omissão sobre nocividade ou periculosidade (art. 63) – o CDC inicia a 
tipificação dos crimes contra o consumidor, com o delito descrito no artigo 63, que 
prevê: “Omitir dizeres ou sinais ostensivos sobre a nocividade ou periculosidade de 
produtos, nas embalagens, nos invólucros, recipientes ou publicidade” (ANGHER, 
2007). Por conseguinte, dita no parágrafo primeiro: “Incorrerá nas mesmas penas 
quem deixar de alertar, mediante recomendações escritas ostensivas, sobre a 
periculosidade do serviço a ser prestado”. 
O objeto jurídico deste delito está conectado diretamente aos direitos 
básicos do consumidor, mais especificamente, à proteção à vida, saúde e segurança 
contra os riscos provocados no fornecimento de produtos ou serviços, assim como 
ao direito deste de obter informação adequada e clara sobre possíveis riscos de 
determinados produtos ou serviços, visando reforçar o disposto no artigo 9º da Lei 
(KRIGHER FILHO, 1998); 
b) omissão na comunicação às autoridades competentes sobre nocividade 
ou periculosidade do produto e de retirada do mercado (art. 64). Dispõe o artigo 64 
do CDC: “Deixar de comunicar à autoridade competente e aos consumidores a 
 
 
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nocividade ou periculosidade de produtos cujo conhecimento seja posterior à sua 
colocação no mercado”. 
Este artigo trata, como o anterior (artigo 63), de delito omissivo, formal, que 
não depende de resultado, e foi criado objetivando, novamente, preservar os valores 
inseridos no inciso I do artigo 6º do CDC, quais sejam: a proteção a vida, saúde e 
segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e 
serviços considerados perigosos ou nocivos; 
c) Execução de serviços perigosos (art. 65). Consta do artigo 65 do CDC: 
“Executar serviço de alto grau de periculosidade, contrariando determinação de 
autoridade competente”. Trata-se de norma penal em branco, haja vista que é 
necessária complementação pelas “determinações de autoridades competentes”, 
definindo que serviço poderia ser considerado de alto grau de periculosidade, ou de 
que maneira isso poderia ocorrer. 
O dispositivo em comento possui como objeto jurídico os direitos do 
consumidor, presentes no inciso I do artigo 69. Como sujeito passivo, além do 
consumidor, tem-se a Administração Pública, haja vista o descumprimento de 
normas por ela baixadas. Como sujeito ativo considera-se todo fornecedor ou 
prestador que contrariar determinação de autoridade competente, no exercício de 
atividade perigosa; 
d) falsidade, engano e omissão em informação sobre produtos e serviços 
(art. 66). Extrai-se do dispositivo: fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir 
informação relevante sobre a natureza, característica, qualidade, quantidade, 
segurança, desempenho, durabilidade, preço ou garantia de produtos ou serviços. 
O parágrafo primeiro adverte: “Incorrerá nas mesmas penas quem patrocinar 
a oferta”. Atenta-se ao fato de que, como objeto jurídico, pode-se destacar os 
direitos do consumidor de livre escolha e de informação adequada, já explanados. 
Verifica-se que existem três núcleos no artigo, sendo eles: a) fazer afirmação 
falsa ou enganosa em qualquer modalidade de oferta; b) omitir dizeres relevantes 
sobre natureza, característica, qualidade; ou, c) patrocinar a oferta nessas 
condições. Portanto, está-se diante de duas condutas: dois são os atos imputáveis 
ao fornecedor no artigo em tela; um é comissivo porque afirma ter seu produto 
 
 
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qualidades e características que não possui e o outro é omissivo porque não informa 
ao consumidor a característica, qualidade, quantidade, segurança, desempenho e 
durabilidade, preço ou garantia do produto ou serviço. 
Como sujeito ativo, tem-se, portanto, qualquer pessoa (anunciante), 
responsável pelas ideias trabalhadas e divulgadas, e como sujeito passivo, o 
consumidor é aquele exposto à oferta fraudulenta. 
A consumação ocorre através da simples veiculação da publicidade 
enganosa ou falsa, ou então pela omissão de informação importante, o mesmo 
sendo válido para a oferta do produto/serviço (SANTOS, 2010); 
e) publicidade enganosa ou abusiva(artigo 67). Constitui infração penal a 
publicidade enganosa ou abusiva, conforme previsão no caput do artigo: “Fazer ou 
promover publicidade que sabe ou deveria saber ser enganosa ou abusiva”. 
Consoante ao objeto jurídico a ser tutelado pelo presente artigo, destacam-
se o direito de livre escolha e correta informação, bem como proteção do 
consumidor contra publicidade enganosa ou abusiva e a prevenção dos danos 
morais e patrimoniais; 
f) publicação prejudicial ou perigosa (art. 68). O artigo procura proteger o 
consumidor, público-alvo da publicidade tendenciosa e, portanto, sujeito passivo do 
delito, da publicidade prejudicial ou tendenciosa. 
Novamente temos como sujeito ativo o profissional de criação ou veiculação, 
tendo o dolo genérico ou eventual (deveria saber), ligado diretamente ao risco que 
propaganda pode causar. 
Pune-se o delito em comento com pena de detenção de seis meses a dois 
anos e multa, que consuma-se com a veiculação (feitura e promoção) da publicidade 
tendenciosa, não sendo necessário a prova de que o consumidor foi induzido ao 
erro; 
g) omissão na organização de dados que dão base à publicidade (art. 69), 
ou deixar de organizar dados táticos, técnicos e científicos que dão base à 
publicidade. 
 
 
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Mais uma vez o legislador teve o intuito de tornar efetiva as obrigações 
inseridas na parte material do CDC, que no caso se relaciona com o artigo 36, §1°, 
que dispõe: “O fornecedor, na publicidade de seus produtos ou serviços, manterá, 
em seu poder, para informação dos legítimos interessados, os dados fáticos, 
técnicos e científicos que dão sustentação à mensagem”. 
In casu, trata-se de delito que viola o princípio da transparência. 
O dolo genérico, novamente, é o elemento subjetivo, relacionado a vontade 
consciente dirigida a omissão, ao deixar de cumprir obrigação instituída no artigo, 
independente, como nos outros artigos citados, de qualquer resultado lesivo ao 
consumidor. Pune-se a prática do ilícito penal em epígrafe, com pena de detenção 
de um a seis meses ou multa (FILOMENO, 2000). 
Os artigos 63 a 69 abordam os abusos na publicidade, demonstrando a 
preocupação do legislador em dar cumprimento aos dispositivos da parte material do 
CDC, tendo, como fato principal o dever de lisura do fornecedor/anunciante. Como já 
salientado, entenderam os autores do CDC, que as medidas administrativas e civis 
não seriam suficientes para barrar os abusos na publicidade, sendo essencial, 
portanto, as sanções penais cominadas; 
h) art. 70. Empregar na reparação de produtos, peça ou componentes de 
reposição usados, sem autorização do consumidor: pena - detenção de três meses a 
um ano e multa. 
A Lei punirá quem, na reparação de produtos, utilizar peças ou componentes 
de reposição usados, sem autorização do consumidor. Há cumulação de pena de 
detenção e multa. Esse artigo protege expressamente o que diz o art. 21 da mesma 
Lei, que dispõe: no fornecimento de serviços que tenham por objetivo a reparação 
de qualquer produto considerar-se-á implícita a obrigação do fornecedor de 
empregar componentes de reposição originais adequados e novos, ou que 
mantenham as especificações técnicas do fabricante, salvo, quanto a estes últimos, 
autorização em contrário do consumidor. 
Esse crime é classificado como comum, próprio, de perigo, de mera conduta, 
comissivo, principal, simples, unissubsistente, unissubjetivo, doloso, de ação única e 
instantâneo. O sujeito ativo deste delito é o fornecedor de serviços. O sujeito passivo 
 
 
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é a coletividade de consumidores. Podemos ainda destacar que o crime possui 
dúbia objetividade jurídica, que são as seguintes: a proteção à tutela das relações de 
consumo e o patrimônio do consumidor lesado (AFONSO, 2004); 
i) art. 71. Utilizar, na cobrança de dívidas, de ameaça, coação, 
constrangimento físico ou moral, afirmações falsas incorretas ou enganosas ou de 
qualquer outro procedimento que exponha o consumidor, injustificadamente, a 
ridículo ou interfira com seu trabalho, descanso ou lazer: pena – detenção de três 
meses a um ano e multa. 
A ação descrita na tipificação penal acima era muito comum antes do Código 
de Defesa do Consumidor. Havia todo um aparato de cobrança, onde colocava o 
consumidor devedor em posição vexatória e de grande humilhação. Com isso, 
sentiu-se a necessidade de criminalizar a conduta, para coibir os abusos que eram 
costumeiramente cometidos. Com a tipificação, será punido cumulativamente com 
detenção e multa, o fornecedor (sujeito ativo) que se valer de ameaça, coação, 
constrangimento físico ou moral, afirmações falsas, incorretas ou enganosas, ou 
qualquer outro meio que exponha o consumidor (sujeito passivo juntamente com a 
coletividade) ao ridículo, ou que interfira no seu trabalho, descanso ou lazer, para 
que assim seja cobrado e impelido a pagar a dívida. 
Esse dispositivo veio no sentido de garantir e reforçar o que já veio disposto 
anteriormente no Código, mais precisamente no artigo 42: na cobrança de débitos, o 
consumidor inadimplente não será exposto a ridículo, nem será submetido a 
qualquer tipo de constrangimento ou ameaça. Parágrafo único. O consumidor 
cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao 
dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, 
salvo hipótese de engano justificável. 
Sobre o crime exposto no artigo 71, ELIANA PASSARELLI (2002, p. 86) 
comenta que o consumidor não pode ser constrangido, indevidamente, ao 
pagamento de suas dívidas. Por essa razão, é válido o emprego do advérbio 
“injustificadamente” na letra da lei. 
Por ilustração, o constrangimento moral justificado em lei não é criminoso. 
Assim sendo, o fornecedor pode encaminhar o nome do consumidor inadimplente ao 
 
 
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cartório de protestos ou ao serviço de proteção ao crédito (SPC). Nessas hipóteses, 
obviamente, não incorrerá em crime. Pune-se na realidade, a natureza abusiva do 
procedimento empregado para a cobrança de dívida (AFONSO, 2004); 
j) art. 72. Impedir ou dificultar o acesso do consumidor às informações que 
sobre ele constem em cadastros, banco de dados, fichas e registros. 
Mais uma vez, procurou o legislador efetivar dispositivo contido na parte de 
direito material do CDC, qual seja o artigo 43, que garante ao consumidor a 
obtenção de informações existentes em cadastros, fichas, registros e dados 
pessoais de consumo arquivados sobre ele, bem como sobre suas respectivas 
fontes. 
O artigo 43 assegura ainda que os registros sejam claros, verdadeiros, de 
fácil compreensão, sendo que não podem conter dados relacionados a período 
superior a cinco anos e que a abertura dos referidos cadastros deverá ser feita por 
escrito, quando não solicitado pelo consumidor (SANTOS, 2010). 
Pune-se o fornecedor (sujeito ativo) que impedir ou dificultar o acesso do 
consumidor (sujeito passivo juntamente com a coletividade) às informações que 
sobre ele constem em cadastros, banco de dados, fichas e registros. Neste caso, 
teremos apenas uma sanção, que será de detenção ou de multa. A proteção aqui 
recai sobre as relações de consumo e sobre o direito a informação por parte do 
consumidor. Estamos diante de um crime comum,de perigo, de mera conduta, 
comissivo, principal, simples, uni-subjetivo, doloso, de ação múltipla e instantânea; 
l) art. 73. Deixar de corrigir imediatamente informação sobre consumidor 
constante de cadastro, banco de dados, fichas ou registros que sabe ou deveria 
saber ser inexata: pena – detenção de um a seis meses ou multa. 
Esse artigo é uma forma de desdobramento do anterior. Castiga-se aqui, o 
fornecedor ou qualquer pessoa que seja responsável (sujeito ativo) e que não 
corrigir imediatamente informação sobre consumidor difusamente considerado 
(sujeito passivo) que conste em cadastro, banco de dados, fichas ou registros que 
sabe ou deveria saber não estar correto. Pune-se apenas com uma sanção, que 
pode ser de detenção ou multa. O artigo anterior se preocupou com o artigo 43 e 
 
 
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seus parágrafos 1º e 2º do mesmo Código. Neste delito o legislador abarcou os 
parágrafos 3º, 4º, e 5º do referido artigo 43. 
A tipificação em questão no referido artigo 73 visa proteger as relações de 
consumo e a dignidade do consumidor diante da proteção ao crédito. A classificação 
desse crime é a seguinte: é crime comum, próprio, de perigo, de mera conduta, 
omissivo próprio, principal, simples, unissubsistente, unissubjetivo, doloso, de ação 
única e instantânea; 
m) art. 74 – deixar de entregar ao consumidor o termo de garantia 
adequadamente preenchido e com especificação clara de seu conteúdo. Pena – 
detenção de um a seis meses ou multa. 
Nessa tipificação criminal, pune-se quem deixar de entregar (sujeito ativo) ao 
consumidor (sujeito passivo junto com a coletividade) o termo de garantia 
adequadamente preenchido com indicação clara do conteúdo. Esse artigo corrobora 
com o disposto no artigo 50 da mesma Lei. Entrando na classificação doutrinária, 
achamos o seguinte: é crime comum, próprio, de perigo, de mera conduta, omissivo 
próprio, principal, simples, unissubjetivo, doloso, de conteúdo variado e instantâneo. 
A razão de tal dispositivo é clara: já que o termo de garantia visa a evitar 
dissabores futuros ao consumidor, e já que o próprio fornecedor, mediante 
declaração unilateral da vontade, se compromete a reparar ou mesmo trocar o bem 
que apresente defeito de fabricação ou vício oculto, (...) nada mais natural que 
proceda às instruções que devem ser por aquele seguidas. Além do mais, trata-se 
de assegurar o patrimônio do consumidor desde logo, não sendo justo que deva 
arcar com as despesas de um reparo de um produto novo, quando se sabe de 
antemão que os defeitos e vícios são perfeitamente previsíveis pelo fornecedor. 
Tem-se como sujeito ativo o fornecedor e, em segundo plano, destaca-se 
que pode haver concurso de agentes por parte do comerciante do produto, 
entregando termo de garantia lacunoso. Como sujeito passivo, novamente, temos o 
consumidor. 
Forçoso é concluir que trata-se de conduta omissiva, o ato de deixar de 
entregar o termo de garantia adequadamente preenchido, punida à título de dolo, 
com detenção de um a seis meses ou multa (SANTOS, 2010). 
 
 
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UNIDADE 4 – CRIMES DO CÓDIGO DE TRÂNSITO 
 
O art. 291, caput, do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) estabelece a 
aplicação da Lei nº 9.099/1995 aos crimes de trânsito, “no que couber”. Entretanto, a 
Lei Seca (Lei nº 11.705/2008) incluiu várias exceções à aplicação da Lei nº 
9.099/1995. 
Assim, atendendo ao conceito de infrações penais de menor potencial 
ofensivo estabelecido pelo art. 61 desta lei “as contravenções penais e os crimes a 
que a lei comine pena máxima não superior a 1 (um) ano”, teria esse diploma 
aplicação aos arts. 304, 305, 307, 310 e 3ll do CTB. 
Deve ser ressaltado, também, que a Lei nº 11.313, de 28-6-2006, alargou o 
conceito de infrações penais de menor potencial ofensivo, considerando assim “as 
contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 
(dois) anos, cumulada ou não com multa” (NEVES; LOYOLA, 2011). 
Entretanto, antes da vigência da Lei nº 11.313/06, o parágrafo único do art. 
291 do CTB já estabelecia a aplicação dos dispositivos da Lei nº 9.099/1995 (arts. 
74, 76 e 88) aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa (art. 303), embriaguez 
ao volante (art. 306) e participação em competição não autorizada (art. 308). 
Portanto, forçoso é concluir que se aplicam as disposições da Lei nº 
9.099/95 (com o alargamento do conceito de infrações penais de menor potencial 
ofensivo pela Lei nº 11.313/06). Note que, para dar como encerrado o assunto, o art. 
291 da Lei nº 11.705/08, no seu § 1º, indicou expressamente as exceções dos 
crimes de trânsito de lesão corporal culposa para a Lei nº 9.099/1995 quando o 
agente estiver: 
I - sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que 
determine dependência; 
II - participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição 
automobilística, de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo 
automotor, não autorizada pela autoridade competente; 
 
 
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III - transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 
km/h. 
Segundo estabelece o art. 292 do CTB, a suspensão ou proibição de se 
obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor pode ser aplicada 
como penalidade principal, isolada ou cumulativamente com outras penalidades. 
A suspensão ou proibição tratada, portanto, pode ser aplicada ao lado da 
pena privativa de liberdade prevista em cada tipo penal. Pode ser aplicada isolada 
ou cumulativamente com a pena privativa de liberdade ou com a pena pecuniária. 
Não há, entretanto, nenhuma hipótese de crime no Código de Trânsito 
Brasileiro em que a suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação 
para dirigir veículo automotor possa ser aplicada isoladamente (NEVES; LOYOLA, 
2011). 
De acordo com o disposto no art. 293 do CTB, a duração dessa penalidade 
é de dois meses a cinco anos. 
Transitada em julgado a sentença condenatória, o réu será intimado a 
entregar à autoridade judiciária, em 48 horas, a permissão para dirigir ou a Carteira 
de Habilitação (§ 1º). 
A penalidade referida não se inicia enquanto o sentenciado, por efeito de 
condenação penal, estiver recolhido a estabelecimento penal (§ 2º). 
Estabelece o art. 294 do CTB que, em qualquer fase da investigação ou da 
ação penal, havendo necessidade para a garantia da ordem pública, poderá o juiz, 
como medida cautelar, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público, ou ainda 
mediante representação da autoridade policial, decretar, em decisão motivada, a 
suspensão da permissão ou da habilitação para dirigir veículo automotor ou a 
proibição de sua obtenção. 
Dessa decisão que decretar a suspensão ou a medida cautelar, ou da que 
indeferir o requerimento do Ministério Público, caberá recurso em sentido estrito, 
sem efeito suspensivo. 
A suspensão para dirigir veículo automotor ou a proibição de se obter a 
permissão ou a habilitação será sempre comunicada pela autoridade judiciária ao 
 
 
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Conselho Nacional deTrânsito (CONTRAN) e ao órgão de trânsito do Estado em 
que o indiciado ou réu for domiciliado ou residente (art. 295). 
Se o réu for reincidente na prática de crime de trânsito, o juiz deverá aplicar 
a penalidade de suspensão da permissão ou habilitação para dirigir veículo 
automotor, sem prejuízo das demais sanções cabíveis (art. 296 com a redação 
determinada pela Lei nº 11.705/2008). 
A multa reparatória, prevista no art. 297 do CTB, consiste no pagamento, 
mediante depósito judicial em favor da vítima, ou seus sucessores, de quantia 
calculada com base no disposto no § 1º do art. 49 do CP, sempre que houver 
prejuízo material resultante do crime. 
Essa multa reparatória é prevista apenas no Código de Trânsito Brasileiro, 
tendo caráter eminentemente de sanção civil, visando à reparação dos danos 
causados pelo ilícito penal. Pode ser requerida pela vítima ou seus sucessores e 
será fixada pelo juiz no momento da sentença condenatória, em dias-multa, nos 
parâmetros fixados pelo § 1º do art. 49. 
A multa reparatória não impede a propositura de ação civil ex delicto pela 
vítima ou seus sucessores, visto que, a teor do § 3º do art. 297 do CTB, seu valor 
será descontado na indenização civil do dano. Por fim, aplica-se à multa reparatória 
o disposto nos arts. 50 a 52 do CP. 
Ao elencar as circunstâncias agravantes nos crimes de trânsito, o art. 298 do 
CTB utiliza o advérbio “sempre”, indicando que a exacerbação da pena-base, no 
caso, é obrigatória. 
Entretanto, cessa a obrigatoriedade de exacerbação da pena se qualquer 
das circunstâncias agravantes mencionadas constituir elemento integrativo da 
estrutura de um tipo penal (circunstância elementar) ou figura como causa especial 
de aumento de pena. É que, nesse caso, haveria bis in idem, valorando-se 
duplamente uma mesma circunstância, o que não pode ser admitido. O quantum do 
agravamento da pena fica a critério do juiz. 
 
 
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O art. 301 do CTB estabelece que, ao condutor de veículo, nos casos de 
acidente de trânsito de que resulte vítima, não se imporá a prisão em flagrante, nem 
se exigirá fiança, se prestar pronto e integral socorro àquela. 
O socorro tem de ser “pronto” e “integral”, o que significa que deve o 
motorista socorrer a vítima imediatamente ao acidente, fazendo tudo o que estiver 
ao seu alcance para evitar-lhe o perecimento. 
Visou o legislador despertar no motorista o sentimento de solidariedade e 
respeito à vítima, concedendo- lhe, em contrapartida, o favor processual (NEVES; 
LOYOLA, 2011). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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UNIDADE 5 – CRIMES DA LEI DE TORTURA 
 
Tortura é a imposição de dor física ou psicológica apenas por prazer, 
crueldade, bem como pode ser entendida também como uma forma de intimidação, 
ou meio utilizado para obtenção de uma confissão ou alguma informação importante. 
O que, diga-se de passagem, não necessariamente é elemento do tipo penal para 
sua caracterização. É delito imprescritível. Inafiançável, não sujeito a graça e anistia 
como dispõe o Artigo 5º inciso XLIII da Constituição Federal. 
A tortura também está incursa no Artigo 2º, I e II da lei de crimes Hediondos 
da qual se acresceu ser a tortura vedada a concessão de indulto (observação: 
Tortura é delito grave, mas não é crime hediondo). É delito equiparado a crime 
hediondo. 
A Lei nº 9.455/97 também prevê no artigo 1º, § 6º que o crime de tortura é 
inafiançável e insuscetível de graça ou anistia. 
Independente de seu objetivo final, a tortura subsiste apenas pelo ato de se 
causar sofrimento a alguém. 
A Convenção das Nações Unidas contra a Tortura e Outros Tratamentos ou 
Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes define tortura como: 
Artigo 1º - (...) o termo “tortura” designa qualquer ato pelo qual dores ou 
sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são infligidos intencionalmente a uma 
pessoa a fim de obter, dela ou de terceira pessoa, informações ou confissões; de 
castigá-la por ato que ela ou terceira pessoa tenha cometido, ou seja, suspeita de ter 
cometido; de intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas; ou por qualquer 
motivo baseado em discriminação de qualquer natureza; quando tais dores ou 
sofrimentos são infligidos por um funcionário público ou outra pessoa no exercício de 
funções públicas, ou por sua instigação, ou com o seu consentimento ou 
aquiescência. 
Não se considerará como tortura as dores ou sofrimentos que sejam 
consequência unicamente de sanções legítimas, ou que sejam inerentes a tais 
sanções ou delas decorram. 
 
 
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Na tortura há o dolo específico de se causar sofrimento independente de seu 
fim ou meio praticado. 
Nos maus tratos incursos no artigo 136 do Código Penal, aquele que possui 
a guarda, autoridade ou poder sobre a vítima tem o fim de impor sua autoridade para 
uma correição educacional, como forma de uma punição disciplinar, ou fim de se 
impor. 
A diferença da tipificação nos maus tratos é que este não faz o ato por 
prazer de fazer a vítima sofrer e sim por abusar dos meios disciplinares de conduta 
com o fim de punir a vítima. 
A tortura é uma violação de direitos humanos, afeta a integridade física, 
psicológica e mental e por estas razões viola o direito do cidadão de sua integridade, 
de sua liberdade, de sua convivência social pacífica, e seu direito a vida com 
dignidade humana (VASCONCELLOS, 2011). 
 
Vale guardar... 
De acordo com a Lei nº 9.455/97, constitui crime de Tortura: 
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, 
causando-lhe sofrimento físico ou mental; (...) 
II - Submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego 
de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de 
aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. 
Pena - Reclusão - Pena de 2 a 8 anos. 
Pelo Código Penal, o artigo 136 constitui crime de maus tratos – expor a 
perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para 
fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou 
cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, 
quer abusando de meios de correção ou disciplina. 
Pena – Detenção de 2 meses a 1 ano. 
 
 
 
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UNIDADE 6 – CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE 
 
Na evolução histórica tratada no livro “Códigos Penas do Brasil” 
(PIERANGELLI, 1980), o Código Filipino ou Ordenações Filipinas, promulgado em 
1603, trazia em seu bojo a tipificação de vários crimes contra o meio ambiente, 
como o dano causado em olivais e pomares pelo pasto de animais pertencentes a 
vizinhos, restrições sobre a caça e a pesca, poluição das águas, e ainda um 
dispositivo que proibia a qualquer pessoa jogar material nas mesmas que pudesse 
sujá-las ou matar os peixes. 
Há que se ressaltar que a aplicação da legislação extravagante penal que 
acompanhou o processo de desenvolvimento do Brasil colônia foi difícil, devido às 
extensões das terras coloniais que se faziam maioresa cada dia, com grandes 
distâncias a serem vencidas. 
CARLOS GOMES DE CARVALHO (1990, p. 98) afirma que a distância 
administrativa, mais até que a geográfica, foi o principal fator que levou à deficiência 
da aplicação e até da divulgação da norma penal que tutelava o meio-ambiente 
nessa fase. 
O primeiro Código Penal, promulgado em 1830, já continha dispositivos que 
puniam o corte ilegal de árvores e o dano ao patrimônio cultural, seguido, já em 
1850, pela Lei 601 (“Lei das Terras”) que estabelecia sanções administrativas e 
penais, no seu art. 2°, para o dano causado pela derrubada das matas e queimadas. 
Foi em meados de 1850 que surgiu no Mundo Velho a expressão hoje tão 
conhecida por “ecologia”, introduzida pelo alemão Ernerst Haeckel, em 1866, 
figurando juntamente com ele Charles Darwin, Thomas Robert Malthus e outros 
cientistas que, com seus estudos, contribuíram e figuraram na história da proteção 
ambiental. 
Em 1917, o Código Civil veio dar aos bens ambientais um tratamento sob a 
ótica dos interesses privados. Encontramos também essa proteção em nível 
administrativo no Decreto nº 4.421/21, que veio a criar o Serviço Florestal do Brasil, 
 
 
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objetivando a conservação dos recursos florestais, já vistos como bens de interesse 
público. 
Só então, em 1934, surge o primeiro Código Florestal (Decreto nº 
23.793/34), que vem tutelar juridicamente o meio ambiente, tipificar as ofensas 
cometidas na utilização das florestas, classificando-as como crimes e contravenções 
penais. Surge também a nova Constituição Federal, contendo alguns dispositivos 
ambientalistas (IVETE SENISE FERREIRA, 1995, p. 82); o Código de Águas 
(Decreto nº 24.643/34) e o Código de Caça (Decreto nº 24.645/34). 
Pouco tempo depois, foi promulgado um novo Código Penal (Decreto-lei nº 
2.848/40), bem como a Lei das Contravenções Penais (Decreto nº 3.688/41), sendo 
que, quanto ao primeiro, pouca atenção foi dispensada à questão ambiental (FARIA, 
2004). 
Mais tarde, na década de 1960, época em que houve uma intensa 
elaboração legislativa na área ambiental, surge uma nova reformulação no que 
tange à tutela penal ambiental, surgindo um novo Código Florestal (Lei nº 4.771/65). 
Também preocupou-se com a proteção à fauna (Lei nº 5.197/67), a pesca (Decreto 
lei nº 221/67) e também com a poluição das águas (Dec. nº 50.877/61, alargado 
pelo Decreto-lei nº 303/67), que, além das águas tuteladas pelo primeiro, passaram 
também ao âmbito de proteção o ar e o solo, mas foi somente com a Lei nº 6.938/81 
que se promoveu a adequação do conceito às novas exigências e à nova visão da 
proteção ambiental, partindo, então dos efeitos que as degradações da qualidade 
ambiental podem causar nas condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente, 
por cujos danos seu autor deverá ser responsabilizado, tendo como obrigação 
reparar tal dano. 
Eis que chegamos à Constituição Federal de 1988, a qual veio inovar em 
várias questões concernentes à proteção ambiental e tivemos ainda a elaboração de 
mais leis extravagantes na área ambiental, nas suas modalidades mais atuais, que 
expressam as necessidades ao mundo moderno frente à evolução tecnológica, 
como a necessidade de proteção à camada de ozônio, a regulamentação do uso de 
agrotóxicos, comercialização e utilização da moto-serra, a regulamentação das 
atividades nucleares frente aos sérios danos que possivelmente possam ser 
 
 
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causados, como o acidente na usina nuclear de Chernobil, há alguns anos atrás 
(FARIA, 2004). 
Como bem observa IVETE SENISE FERREIRA (1995, p. 82), ao lado dessa 
profusa legislação especificamente ambiental, embora não exclusivamente penal, 
subsistem e podem ser aplicados todos aqueles dispositivos que, tanto no Código 
Penal quanto na Lei das Contravenções Penais podem ser referidos às ofensas 
ambientais, embora não tivessem sido imaginados para tal, constituindo um conjunto 
legislativo de proteção ambiental por extensão ou por interpretação, já que aí foram 
colocados pelo legislador com outros objetivos sendo, porém, adequados à tutela 
nessa área, como são, principalmente, os crimes contra a saúde pública e contra a 
incolumidade pública. Essa interpretação coaduna-se com o espírito da lei, e serve 
de paliativo enquanto se aguarda o adequado cumprimento dos mandamentos 
constitucionais e a elaboração de uma legislação penal ambiental mais eficiente. 
A proteção penal do meio ambiente no Brasil dá-se, principalmente, pela Lei 
nº 9605/98, conhecida como Lei dos Crimes contra o Ambiente. Referida lei trouxe 
impactos expressivos no Direito Ambiental Penal, como reflexos na tipologia, 
valorização das alternativas à pena de prisão, destacada preocupação com a 
reparação do dano ao ambiente, transformou a transação penal e a suspensão do 
processo em instrumentos de efetiva proteção ambiental, bem como impactos trouxe 
na autoria singular e coletiva, com a concorrência por omissão do dirigente da 
pessoa jurídica no crime de outrem e a responsabilização criminal da própria pessoa 
jurídica. 
Dentre ditos impactos, destacamos no âmbito deste estudo, a valorização 
das alternativas à prisão e uma acentuada preocupação com a efetiva reparação do 
dano ao meio ambiente. 
No contexto da Lei nº 9.605/98, encontram-se descritos crimes contra a 
fauna, contra a flora, de poluição, contra o ordenamento urbano e o patrimônio 
cultural e contra a administração ambiental. 
 
 
 
 
 
 
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6.1 Tipicidade 
O meio ambiente, pela amplitude e complexidade de seu conceito, dificulta 
sobremaneira a definição dos tipos penais a tutelá-lo, caracterizando-se, por vezes, 
a figura do tipo aberto, ou seja, aquele em que não aparece por completo a norma 
que o agente transgride com seu comportamento. É a chamada norma penal em 
branco, posto que necessita de complementação de outros dispositivos legais. 
A maioria das infrações penais ambientais é fato ilícito porque o agente 
atuou sem autorização legal, sem licença ou em desacordo com as determinações 
legais. Vale dizer, a punição do agente decorre não da prática do fato ou ato 
considerado danoso ao meio ambiente, mas sim em decorrência do descumprimento 
de alguma norma legal ou regulamentar necessária à mesma prática do fato ou ato. 
Por exemplo: caçar animais silvestres tanto pode ser crime como não, se o agente 
tiver autorização para tanto (ROCHA, 2007). 
O mesmo ocorre com a pesca. Por outro lado, há que se atentar para o fato 
de que o legislador, ao criar o tipo penal, o faz, principalmente, sob a ótica 
preventiva, razão pela qual o crime ecológico é, basicamente, crime de perigo, 
conquanto a norma penal deva abarcar também os riscos e não apenas os danos. 
 
6.2 Bem jurídico protegido 
Nos crimes ambientais, o bem jurídico precipuamente protegido é o meio 
ambiente em sua dimensão global, porque é bem essencial à vida, à saúde e à 
felicidade da pessoa humana, valores que dizem respeito a toda a coletividade. 
 
6.3 Elemento subjetivo 
A culpabilidade do agente dá o tom de sua responsabilidade, razão pela 
qual, nos crimes ambientais, o elemento subjetivo tanto pode ser o dolo quanto a 
culpa, sendo a regra a punição a título de dolo, conforme disposição do art. 18, 
parágrafo único, doCP. 
Anteriormente à edição da Lei nº 9.605/98, a punição se dava basicamente 
aos crimes ambientais dolosos, sendo certo que a formulação do conceito de culpa 
por tal diploma legal cassou o clima de impunidade que vigorava até então. 
 
 
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6.4 Sujeito ativo e passivo 
O sujeito ativo nos crimes ambientais tanto pode ser a pessoa física como a 
jurídica. Até pouco tempo reservava-se apenas à pessoa física a possibilidade de 
ser sujeito ativo de crime, em face do conceito restrito de imputabilidade. 
Ressalte-se que os criminosos ambientais, por seu turno, destoam do perfil 
do criminoso comum, pois não raro são cometidos por pessoas que não oferecem 
nenhuma periculosidade ao meio social, tendo sido levadas à prática delituosa por 
circunstâncias do meio e dos costumes. 
Já a pessoa jurídica “ganhou” responsabilidade criminal com o advento da 
Lei nº 9.605/98, seguindo-se as tendências do direito penal moderno no intuito de 
punir não apenas o pequeno delinquente, o “pé-de-chinelo”, mas a pessoa jurídica 
por trás deste, que busca o lucro como finalidade precípua e para a qual pouco 
interessam os prejuízos causados à coletividade (ROCHA, 2007). 
A responsabilidade da pessoa jurídica não exclui a da pessoa física autoras, 
coautoras ou partícipes de mesmo fato delituosos, na medida em que, por si só, a 
empresa não comete crime. São condicionantes para a responsabilidade penal da 
pessoa jurídica: que a infração tenha sido cometida em seu interesse ou benefício e 
por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu colegiado. 
A lei nº 9.605/98 erigiu a desconsideração da personalidade da pessoa 
jurídica como preceito básico, donde se conclui que há possibilidade de 
responsabilização criminal tanto da pessoa jurídica de direito privado, quanto da de 
direito público, sempre que tal personalidade for obstáculo ao ressarcimento dos 
prejuízos causados ao meio ambiente. 
O sujeito passivo do crime ambiental é o titular do bem jurídico lesado ou 
ameaçado de lesão pela conduta criminosa, ou seja, a coletividade, por ser o bem 
ou interesse tutelado considerado de uso comum do povo. 
Não é impossível que, indiretamente, pessoas certas e determinadas sejam 
também lesadas ou ameaçadas em seus bens jurídicos em face de aspectos 
peculiares do dano, podendo também ser sujeitos passivos. 
 
 
 
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6.5 Sanções penais 
As penas previstas para as infrações ambientais acompanham a moldura do 
direito penal tradicional: privativas de liberdade, restritivas de direitos e multa, sendo 
preferencialmente aplicadas estas duas últimas, conquanto a finalidade seja dúplice 
– suportar o dano e pagar a conta do prejuízo. 
As penas privativas de liberdade, ainda que não preferenciais, são a 
reclusão, a detenção e a prisão simples, ressalvando-se a aplicação dos institutos 
da transação penal e da suspensão condicional do processo, previstos na Lei nº 
9.099/95. 
As penas restritivas de direitos previstas na Lei nº 9.605/98 serão aplicadas 
em substituição às privativas de liberdade, tendo a mesma duração, conforme a 
regra geral do CP, podendo ser convertidas em privativas de liberdade, caso haja 
descumprimento injustificado da restrição imposta ou de superveniente condenação 
à outras penas privativa de liberdade, mesmo que por outro delito. 
A pena de multa, instrumento tradicional de retribuição, pode revelar-se 
ineficaz, ser aumentada até três vezes o valor máximo, tendo em vista o valor da 
vantagem econômica obtida pelo infrator. 
As penas aplicáveis às pessoas jurídicas são multa, nas quais se aplica a 
regra geral do CP; restritivas de direitos, que pode ser a suspensão parcial ou total 
das atividades, interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade e 
proibição de contratar com o poder público, e prestação de serviços à comunidade, 
consistente no custeio e manutenção de programas e projetos ambientais, 
recuperação de áreas degradadas e contribuições a entidades ambientais ou 
culturais públicas. 
Existem circunstâncias atenuantes e agravantes para a aplicação das penas 
previstas na Lei nº 9.605/98, as quais são específicas (arts. 14 e 15), assim como as 
causas de diminuição e aumento de pena (art. 58). 
As causas excludentes de ilicitude são as mesmas previstas no art. 23, do 
CP, ou seja, o estado de necessidade, a legítima defesa e o estrito cumprimento do 
dever legal (ROCHA, 2007). 
 
 
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O dano ambiental necessariamente precisa ser reparado. Geralmente ocorre 
a reparação ou pela via administrativa (poder de polícia e processo administrativo 
punitivo) ou pela via judicial (ações). 
O Direito Ambiental comporta ações Cíveis, Constitucionais, Penais e 
também descritas em leis especiais. 
 
Ação penal ambiental 
Ação penal ambiental é pública incondicionada, sendo necessariamente o 
autor o Ministério Público, cabendo ação privada nos casos em que não for 
intentada no prazo legal. O processo segue as normas do Código de Processo legal. 
 
Como Meios processuais de proteção ambiental 
Inquérito e ação penal pública 
O inquérito policial, como procedimento extrajudicial inquisitório prévio, 
processa-se na forma prevista no Código de Processo Penal (CPP), destinando-se a 
fundamentar a denúncia, já que a ação penal em matéria ambiental é sempre 
pública incondicionada. Pode ser dispensado nos casos já previstos na lei penal 
adjetiva e, ainda, se o inquérito civil contiver os elementos necessários à propositura 
da ação penal. 
Quanto à ação penal pública, inobstante a titularidade exclusiva do Ministério 
Público, cabe a medida de forma subsidiária em caso de inércia de tal órgão. 
O foro competente para a ação penal é o do lugar em que se consumar a 
infração ou, no caso de tentativa, do lugar em que foi praticado o último ato de 
execução. Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á 
pelo foro do domicílio do réu. 
Com relação à competência ratione materiae, a Justiça Estadual a terá nos 
casos de crimes e contravenções perpetrados contra o meio ambiente que não 
atinjam bens e interesses da União, conforme a regra do art. 109, da Constituição 
Federal que trata da competência Justiça Federal. 
 
 
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O rito processual é o ordinário, para os crimes apenados com reclusão, ou o 
sumário, para os apenados com detenção. Se a parte ré for pessoa jurídica, o rito 
será sempre o mais amplo, ou seja, o ordinário. 
Nas infrações penais de menor potencial ofensivo segue-se o rito especial 
da Lei nº 9.099/95. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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UNIDADE 7 – CRIMES DE LAVAGEM DE DINHEIRO 
 
Tradicionalmente, define-se a lavagem de dinheiro como um conjunto de 
operações por meio das quais os bens, direitos e valores obtidos com a práticade 
crimes são integrados ao sistema econômico financeiro com a aparência de terem 
sido obtidos de maneira lícita. É uma forma de mascaramento da obtenção ilícita de 
capitais. 
Segundo o Grupo de Ação Financeira (GAFI), lavagem de dinheiro é o 
processo que tem por objetivo disfarçar a origem criminosa dos proveitos do crime. 
Como bem aponta CARLA VERÍSSIMO DE CARLI (2008), a importância da lavagem 
é capital, porque permite ao delinquente usufruir desses lucros sem pôr em perigo a 
sua fonte (o delito antecedente), além de protegê-lo contra o bloqueio e o confisco. 
Ademais, é certo que o dinheiro em espécie é difícil de ser guardado e 
manuseado, pois apresenta grande risco de furto e roubo, além de chamar a 
atenção em negócios de alto valor, de forma que o criminoso, por tais motivos, tenta 
desvincular o proveito obtido com o crime de sua origem criminosa e dar-lhe 
aparência de ganho lícito, ou seja, “lavando” o dinheiro (BALTAZAR JUNIOR; 
MORO, 2007). 
Segundo MARCIA MONASSI MOUGENOT BONFIM e EDILSON 
MOUGENOT BONFIM (2008), independentemente da definição adotada, a doutrina 
aponta as seguintes características comuns no processo de lavagem de dinheiro: 
1) a lavagem é um processo em que somente a partida é perfeitamente 
identificável, não o ponto final; 
2) a finalidade desse processo não é somente ocultar ou dissimular a origem 
delitiva dos bens, direitos e valores, mas igualmente conseguir que eles, já lavados, 
possam ser utilizados na economia legal. 
Outras características seriam: 
1) a complexidade, como decorrência dos altos lucros da criminalidade 
organizada e da implantação de medidas de controle, os quais levam à superação 
das formas mais rudimentares de lavagem por outras mais sofisticadas; 
 
 
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2) a profissionalização da atividade de lavagem, seja pela separação entre 
as atividades criminosas em sentido estrito e aquelas de lavagem dentro da 
organização criminosa, seja pela oferta de profissionais especializados em lavagem 
de dinheiro, que prestam serviço a mais de uma organização; 
3) o caráter internacional, de modo a aproveitar-se das notórias dificuldades 
da cooperação judiciária internacional e dirigir a lavagem a países com sistemas 
menos rígidos de controle. 
 
7.1 Fases da lavagem de dinheiro 
A lavagem de dinheiro tanto pode se dar mediante a utilização do sistema 
financeiro, quanto mediante a utilização de outros meios, como mercado imobiliário, 
estabelecimentos comerciais, jogos legais e ilegais, etc. Daí, destaca-se a 
classificação doutrinária de lavagem financeira e lavagem não financeira. 
O dinheiro obtido de maneira ilícita – “dinheiro sujo” – passa por um 
processo composto por diversas fases planejadas a disfarçar sua origem ilícita sem 
comprometer os envolvidos, de forma que seja considerado “limpo”. 
Dos vários modelos de fases existentes, o de aceitação mais ampla e 
adotado pela maioria da doutrina especializada é o elaborado pelo GAFI, composto 
por três fases: colocação, ocultação e integração. 
 
a) Colocação ou Placement 
Esta fase consiste na introdução do dinheiro ilícito no sistema financeiro, 
dificultando a identificação da procedência dos valores. É a fase mais arriscada para 
o “lavador” em razão da sua proximidade com a origem ilícita. WALTER 
FANGANIELLO MAIOROVITCH (s.d apud RISSI MACEDO, 2009) diz que é o 
momento de apagar a mancha caracterizadora da origem ilícita. 
Normalmente esses valores são introduzidos no sistema financeiro em 
pequenas quantias, que, individualmente, acabam não gerando maiores suspeitas1. 
 
1
 A Lei 9.613/98, em seus art. 10 e 11, impõe a certas pessoas físicas e jurídicas, que lidam com 
movimentação de grandes quantias (instituições financeiras, por exemplo), a identificação de seus 
 
 
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A essa técnica é dado o nome de smurfing. Daí porque existe uma preocupação 
muito grande com os registros das instituições financeiras. O Federal Reserve – 
FED, Banco Central americano, se preocupa, há algum tempo, em identificar o 
cliente de forma tal que ele não perceba que está sendo investigado. 
Outra técnica de lavagem utilizada nesta fase é a utilização de 
estabelecimentos comerciais que trabalham com dinheiro em espécie, a princípio 
insuspeitos, como cinemas, restaurantes, hotéis, casas de bingo, entre outros. 
 
b) Ocultação, Dissimulação, Transformação ou Layering 
Nessa fase ocorre a camuflagem das evidências, com a utilização de uma 
série de negócios ou movimentações financeiras, a fim de que seja dificultado o 
rastreamento contábil dos lucros ilícitos. É a fase da lavagem propriamente dita, pois 
se dissimula a origem dos valores para que sua procedência não seja identificada. 
Cria-se um emaranhado de complexas transações financeiras, em sua 
maioria internacionais, sendo que é nesta fase que os países e as jurisdições que 
não cooperam com as investigações referentes à lavagem de dinheiro têm papel 
fundamental. É a fase mais complexa do processo e a que envolve maiores riscos 
de vulnerabilidade aos sistemas financeiros nacionais. 
As transações realizadas anteriormente são multiplicadas, muitas vezes com 
várias transferências por cabo (wire transfer) através de muitas empresas e contas, 
de modo a que se perca a trilha do dinheiro (paper trail). Há o saque do dinheiro em 
espécie e o depósito do mesmo em uma nova instituição ou mesmo destruição dos 
registros de uma determinada operação em conluio com a instituição financeira. 
Aliás, FAUSTO MARTIN DE SANCTIS (s.d apud BALTAZAR JUNIOR; MORO, 
2007) destaca que a realidade de hoje é ainda mais complexa tendo em vista que a 
criminalidade já está adquirindo bancos internacionais, porque todos os registros 
dessas instituições são manipulados, viabilizando ainda mais o que já era facilitado 
pelos paraísos fiscais. 
 
clientes, bem como a obrigação de comunicar ao COAF – Conselho de Controle de Atividades 
Financeiras – quando da ocorrência de transações ou operações financeiras suspeitas. 
 
 
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Segundo MÁRCIA MONASSI MOUGENOT BONFIM e EDILSON 
MOUGENOT BONFIM (2008), um dos métodos de ocultação mais avançados é a 
venda fictícia de ações na bolsa de valores (o vendedor e o comprador, previamente 
ajustados, fixam um preço artificial para as ações de compra). É comum nesta fase 
também a transformação das quantias em bens imóveis ou móveis; quanto a estes, 
costuma-se adquirir bens que possam ser postos em circulação rápida em diferentes 
países como ouro, joias e pedras preciosas (commodities). 
 
c) Integração ou Integration 
É a fase final do processo, muitas vezes interligada ou até mesmo 
sobreposta à etapa anterior. Nessa fase, já com a aparência lícita, o capital é 
formalmente incorporado ao sistema econômico, geralmente por meio de 
investimentos no mercado mobiliário e imobiliário, e é assimilado com todos os 
outros ativos existentes no sistema. A integração do “dinheiro limpo” através das 
outras etapas faz com que este dinheiro pareça ter sido ganho de maneira lícita. 
Entre as práticas realizadas nesta fase,

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