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Matriz Religiosa Semita_APOSTILA

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Prévia do material em texto

Matriz Religiosa Semita
 
APRESENTAÇÃO 
Professor Esp. Érlon Migliozzi 
 
● Especialista em Empreendimentos Educacionais (UCB/RJ); 
● Bacharel em Teologia (UniFil); 
● Bacharel em Ciências Econômicas (FAFICOP); 
● MBA em Liderança (UniFil); 
● Mestrado Livre em Liderança Pastoral Urbana (STF/UniFil); 
● Docente do curso de Teologia EaD (UniFatecie); 
● Consultor Educacional da UniFatecie. 
 
Palestrante e ministrante de cursos teológicos livres na área do Velho 
Testamento e Escatologia. Ministro do Evangelho na Igreja Evangélica Assembleia de 
Deus. Consultor empresarial pelo Conselho Regional de Economia de Curitiba/Pr. 
Professor de Matemática e Sistema de Informações Gerenciais e Ensino Religioso na 
Rede Estadual do Paraná. Além de possuir experiência em sala de aula, tem 
conhecimento na área administrativa de instituições de ensino, onde, assessorou Pró-
Reitoria de Extensão e Pós-Graduação e departamentos comerciais. É Consultor e Perito 
Judicial pelo Conselho Regional de Economia de Curitiba/PR. 
 
CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/8601941430171375 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO DA APOSTILA 
 
Seja muito bem-vindo (a)! 
 
Prezado (a) aluno (a), é sempre muito bom ter você junto conosco. Nos estudos 
das religiões, é imprescindível o conhecimento a respeito das religiões semitas. Estamos 
prestes a conhecer uma ramificação do estilo de vida e adoração a Deus, que, não 
somente é um dos mais antigos sistemas religiosos, como, é o que mais rompeu séculos 
e provocou mudanças na história da humanidade. 
Você está sendo convidado a estudar um povo que trouxe inovações e muita 
mudança no sistema socioeconômico mundial, influenciou continentes e fez a história 
se dividir. Estaremos conhecendo as três principais religiões monoteístas Abraâmicas, 
Judaísmo, Cristianismo e Islamismo, procurando entender aspectos históricos e 
impulsionadores destas religiões, que, de forma tão evidenciada, se misturam ao estilo 
de vida e cotidiano dos seus adeptos. 
Na unidade I, vamos conhecer a origem dos termos e o contexto para a formação 
religiosa e suas ramificações, bem como, os seus reflexos, até os dias atuais. Já na 
unidade II, iremos conhecer um pouco sobre o judaísmo, buscando entender como esta 
religião permanece sob os mesmos preceitos da época de Abrão e como ela se permite 
incluir na modernidade, suas lutas e seus objetivos. 
Depois, na unidade III, talvez, uma das mais difíceis de se analisar, vamos estudar 
sobre o Cristianismo, o qual, por estar presente em nosso cotidiano, espiritualizado, não 
nos atentamos muito ao seu conceito e sua importância para a humanidade. 
E por falar em humanidade, na unidade IV, vamos conhecer uma religião que 
contribui muito para o bem-estar da sociedade moderna, um ramo da religião semita, 
 
conhecido como Islamismo, o qual, pode ter sua imagem confundida pelos 
acontecimentos do último século. 
Reitero o convite a você, para junto conosco percorrer esta jornada de 
conhecimento e multiplicar os conhecimentos sobre tantos assuntos abordados em 
nosso material. Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e ministerial. 
 
Muito obrigado e bom estudo! 
UNIDADE I 
MATRIZ RELIGIOSA SEMITA 
Professor Especialista Érlon Migliozzi 
 
 
Plano de Estudo: 
• O que são religiões semitas? 
• O mundo e as religiões semitas; 
• Guerras Santas; 
• As religiões semitas no mundo atual. 
 
 
Objetivos de Aprendizagem: 
• Identificar as características específicas de cada manifestação religiosa; 
• Contribuir para o conhecimento das particularidades das religiões semitas; 
• Refletir sobre a intolerância e o crescimento do terrorismo religioso. 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Você já deve estar familiarizado com alguns nomes e termos utilizados nos 
noticiários e nas disciplinas teológicas, tais, como, judeu, hebreu, israelita. Todos estes 
nomes buscam classificar um povo com uma cultura, uma história e uma religião única. 
À medida que nosso conhecimento amplia, vamos conhecendo novos termos que têm 
relação direta com este povo e sua religião. Um termo que antecede aos termos 
descritos é o termo “semita”, que, muitas vezes, é dito no nosso meio de várias formas, 
como: antissemitismo, semítico, judeus sionistas, entre outros termos. 
Nesta primeira unidade de estudo, acerca das religiões semitas, vamos trazer 
considerações a respeito da importância e influências destas religiões na formação do 
mundo e no mundo atual. Nosso foco, não é somente estarmos entendendo e 
visualizando os aspectos históricos, mas, adquirir uma visão atual e escatológica destas 
religiões, por exemplo: De acordo com o surgimento e o andamento destas religiões, 
qual será a tendência de futuro e de diálogo do cristianismo, frente, às demais religiões. 
Onde entra o Ecumenismo Religioso? O que é possível evitar para que a religião cumpra 
o seu papel espiritual e qual o caminho para uma religião sem vertentes políticas 
externas? 
Atualmente, diante de tantos extremismos, vemos que o diálogo inter-religioso 
precisa ser cultivado em sua base, precisa refletir o interesse coletivo e não uma 
tendência de momento ou desejos de minorias. 
Não teremos a pretensão de tratar cada uma das religiões de maneira profunda, 
nos seus aspectos intrínsecos, porém, precisamos entender seus reflexos exteriores 
para nas demais unidades adquirirmos o conhecimento individual de cada uma e 
colaborar para que haja compreensão correta e entendimento, entendendo, que 
fazemos parte do diálogo daquilo que faz parte do nosso dia-a-dia e está presente em 
muitas decisões importantes pelo mundo. 
Desejo a você um ótimo estudo e creio que vamos aprender muito juntos! Ao 
trabalho!!! 
 
 
1 O QUE SÃO RELIGIÕES SEMITAS? 
 
Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/image-illustration/interfaith-dialog-concept-
66952828 
 
1. 1 O que são povos semitas? 
 
Primeiramente precisamos entender o que é o termo “SEMITA”. Ser semita é 
pertencer a um grupo populacional ou linguístico, cuja origem está atribuída a “Sem”, 
filho de Noé. “Sem”, é uma variação grega do nome hebraico “Shem”, nome de um dos 
filhos de Noé. Estes grupos, ou povos, são os hebreus, árabes, aramaicos e assírios. O 
termo semita é um adjetivo mais aplicado aos judeus e dá origem a outro termo o 
“antissemitismo”, que é conhecido como preconceito aos judeus. Atualmente, as 
línguas semíticas estão incluídas na família camito-semítica, que são, línguas faladas em 
grande extensão da África setentrional, Arábia no Oriente Médio, também em países 
próximos, alcançando até as fronteiras do atual Irã. O termo “semita”, começou a ser 
utilizado em 1787 d.C. e começou a ser utilizado para designar os povos orientais. 
(SEMITA, 2021) 
As línguas faladas na Antiguidade diferem das modernas. Na era antiga eram as 
línguas: acadiano, ugarítico, fenício, hebraico antigo, aramaico, egípcio, amorita, 
aramaico e caldeu. Atualmente são: Berbere, Hauçá, Guanche, Árabe, Hebraico 
Moderno (SARDE NETO, 2020, p. 15). 
Há teorias, não confirmadas, que defendem que os povos da China e Índia 
também descendem da linhagem de Sem. Devido às várias migrações, não podemos 
falar de uma homogeneidade na língua semita, pois houveram muitas derivações ao 
longo da caminhada dos povos. Estes mesmos grupos não compartilhavam da mesma 
crença religiosa e, na sua maioria, eram rivais entre si. 
 
 
 
Geograficamente, as tribos permaneceram em locais estratégicos, como oásis 
e rotas comerciais, durante muitos séculos. Desenvolviam uma cultura 
seminômade, baseada no pastoreio com grandes criações de caprinos, e 
sepultavam seus mortos em lugares considerados sagrados, dado seu 
conteúdo. Também fundaram locais de reverência e culto aos ancestrais, os 
quais, eventualmente, vinham a ser transformados em territórios de 
sacralidade e de importância como referência de cultura. 
Sobre a língua hebraica, alguns historiadorese linguistas supõem 
que sua origem provém de grupos cananeus e, graças às inscrições históricas 
que narram a epopeia dos hebreus, seus ascendentes e descendentes, o 
idioma prevaleceu (SARDE NETO, 2020, p. 16) 
 
 
A origem geográfica do povo semita está no Oriente Médio, nas regiões do Mar 
Vermelho e do Planalto Iraniano, tanto, que os árabes, os hebreus e os fenícios são 
descendentes semitas (TABELA DAS NAÇÕES, 2022). 
Estes povos tiveram grande influência nas três grandes religiões monoteístas 
mundiais, pois, provêm da cultura desses povos a escrita alfabética e as três grandes 
religiões monoteístas do mundo -- judaísmo, cristianismo e islamismo. 
 
 
1. 2 Religiões Monoteístas, Politeístas, Teístas e Não-Teístas 
 
Para prosseguirmos em um entendimento seguro sobre as religiões semitas, 
precisamos entender qual sua influência nas crenças existentes no mundo, como ela se 
situa em fé e espiritualidade perante outras correntes Téo filosóficas. 
De uma forma abrangente, vamos elencar as a lista de religiões e tradições 
espirituais em que está baseado as grandes doutrinas (doutrina = conjunto das idéias 
básicas contidas num sistema filosófico, político, religioso, econômico) no mundo. 
 
Primeiramente temos que entender que toda religião que crê em uma ou mais 
divindades é uma religião “teísta”. Ser Mono”teísta” é acreditar em um só deus e 
Poli”teísta” é creem em vários deuses. 
Nas religiões teístas, encontramos as de raiz Abraâmica (que tiveram sua origem 
nas tradições do Oriente Médio e na crença de Abraão em um único Deus). As religiões 
monoteístas Abraâmica são formadas pelas três principais religiões do mundo: 
Cristianismo, Judaísmo e Islã. São as religiões semitas (HEXHAM, 2003, p. 76). 
Nas religiões teístas de raiz “não” Abraâmicas, encontramos o Espiritismo, a 
Igreja Messiânica Mundial, Seicho-no-ie, Fé Bahá'í, a Religião Tradicional Chinesa, 
Religiões de Matriz Africana (Vodu, Candomblé, Umbanda, Quimbanda), entre outras. 
Já podemos entender que há um diferencial nesta raiz teísta. Essas religiões 
creem em uma divindade, mas, somente as semitas creem no Deus de Abraão, portanto, 
o Deus consumador da fé dos cristãos, hebreus e do Islã, não será o mesmo Deus das 
demais religiões descritas. Ser “semita” é crer unicamente no Deus Bíblico, ou melhor, 
no Deus de Abraão (MATA, 2010, p. 06). 
É importante saber que há religiões monoteístas, não Abraâmicas e “Satíricas”. 
As Igrejas monoteístas satíricas, são igrejas que crêem em um Deus, mas, não como 
divindades inacessíveis ou convencionais. Entre elas, temos a igreja Maradoniana (que 
adora o jogador de futebol Maradona), O Pastafarianismo (que sugere que o Deus 
criador seja “o monstro do Espaguete Voador”). Quero explicar ao leitor, que, incluir 
estas explicações no nosso conteúdo, traz muito proveito, pois, vemos que será 
constante a criação de religiões monoteístas pelo mundo afora, porém, há nas religiões 
de origem Abraâmica, as raízes milenares não foram mudadas, não foram criadas para 
escárnio ou sátira ou protesto, sua criação ocorreu de forma inclusiva no meio em que 
surgiram (CABRAL, 1992, p. 99). 
Vamos continuar nossa apresentação das religiões, apresentando outra forma 
de doutrina de fé: as religiões politeístas, as quais, o próprio nome define como sendo 
religiões que reconhecem vários deuses em um mesmo patamar, ou seja, não há 
soberano completo. O Helenismo, o Xamanismo, o Druidismo, entre outras, formam 
estas correntes, que, muitas vezes, têm origem mitológica. 
 
Para concluirmos, temos um grande grupo de várias religiões, que apresentam 
um teísmo indefinido. São monoteístas ou politeístas e sua base de crença está dividida 
entre o poder sobrenatural e o racional, são elas: o Hinduísmo, Satanismo, Ocultismo e 
Xintoísmo. 
 
 
 
1.3 O que são Religiões Semitas? 
 
Diante da apresentação que realizamos ao estudarmos os tópicos anteriores, 
chegamos a uma conclusão óbvia e com todos os esclarecimentos sobre a denominação 
de religião semita. 
Religiões semitas, são, religiões monoteístas, que creem no Deus de Abraão, tem 
suas raízes no Oriente Médio e levam o nome do filho de Noé, Sem o qual, foi a 
continuidade da raiz de Adão e Eva que continuou a adoração a um deus único (MATA, 
2010, p. 06). 
Ser semita, hoje, não necessariamente é estar no Oriente Médio e, tampouco, 
ser descendente de Abraão ou ser judeu ou árabe ou pertencer a algum grupo étnico 
que tenha sua raiz linguística semita. 
As religiões semitas Abraâmicas são as principais religiões monoteístas do 
mundo e sua importância vai além dos padrões de fé e adoração, são influenciadores 
socioeconômicos e culturais. 
As suas bases refletem ações e reações por toda a face da terra e influenciam 
nações por todo o mundo, tanto, as próximas ao seu berço no Oriente Médio, como, do 
outro lado do globo terrestre. 
 
 
 
2 O MUNDO E AS RELIGIÕES SEMITAS 
 
Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/image-vector/vector-illustration-old-book-different-
religious-1723745302 
 
Vamos iniciar este tópico partindo do ponto em que surgem as religiões semitas. 
A história da humanidade se divide basicamente em Idade Antiga, Idade Média, Idade 
Moderna e Idade Contemporânea. 
As religiões semitas e muitas outras religiões monoteístas e politeístas 
originaram na Idade Antiga e na Idade Média. Temos exceções, como a “Fé bahá'í”, que 
é a mais jovem das grandes religiões mundiais. 
A Idade Antiga, compreende de 4.000 a.C. até o ano 476 d.C., onde ocorreu a 
queda do Império Romano do Ocidente. 
A Idade Média é de 476 d.C. (Século V) até o Século XV, embora, não haja 
consenso sobre a data exata, mas, adota-se a queda do Império Bizantino. 
A Idade Moderna vai do Século XV até 1789 d.C., data da Revolução Francesa. 
A Idade Contemporânea iniciou-se após a Revolução Francesa e está ocorrendo 
até os dias atuais. 
Como eram as religiões e as culturas no mundo e no tempo em que surgem as 
religiões semitas, neste caso específico, as Abraâmicas? (SCHNEEBERGUER, 2010, p. 95-
130). 
No Egito, por volta do ano 1.300 a.C., o faraó Amenotepe IV, ou Aquenáton, 
provocou uma desordem no reinado quando exigiu a adoração somente ao seu Deus, o 
deus Áton. Com isso, entende-se, que o primeiro ensaio de adoração a um deus único 
em uma nação dominante estava acontecendo. Infelizmente, para o faraó, sua inovação 
no reino não deu muito certo e logo após a sua sucessão, depois de dezessete anos de 
reinado, todas as estátuas do deus Áton foram retiradas do Egito e enterradas no 
deserto. O Egito queria ser politeísta e não adiantava ir contra esta vontade e costume 
já enraizado no povo egípcio. 
https://www.shutterstock.com/image-vector/vector-illustration-old-book-different-religious-1723745302
https://www.shutterstock.com/image-vector/vector-illustration-old-book-different-religious-1723745302
 
Por volta do ano 1.100 a.C., o Zoroastrismo surge no Irã, como uma religião 
monoteísta, Aura-masda ou Ormuz, era o deus supremo. Esta concepção religiosa 
introduz o dualismo (guerra entre o bem e o mal), e vai influenciar posteriormente o 
cristianismo, inclusive (PEREIRA, 2020, p. 16). 
No Antigo Oriente, também, cada comunidade tinha seu deus, o “padroeiro” 
local, o deus que representava cada povo e, precisava ser defendido nas guerras. 
O mundo caminhava em uma divisão absoluta entre o monoteísmo e o 
politeísmo, era o período de incubação das futuras grandes religiões. 
O monoteísmo no mundo ocidental tem como sua principal fonte a Bíblia 
Hebraica. São os relatos de Moisés, sobre a vida de Abraão, que concretizam e 
difundem, tanto a fé hebraica, como, a escrita semita. 
Abraão relata uma experiência sobrenatural, ele ouve o Deus único e vivo, que, 
fala com ele e o incumbe de uma missão: Formar uma nação diferente das demais 
nações. 
Neste ponto, podemos entender que a adoração ao Deus de Abraão toma uma 
forma totalmenteinovadora e diferente do que se praticava nas outras religiões no 
mundo. 
Primeiro, o Deus de Abraão não tinha imagem, não precisava ser carregado, não 
tinha morada terrena e não precisava ser defendido. Além disso, era o Deus de Abraão 
que tomava as iniciativas e dava os parâmetros para Abraão. 
Era neste ponto da história que as civilizações começaram a tomar forma política, 
começaram a implementar os Estados, estabelecendo suas formas de organização e 
implementando relações entre si. Surgem as principais sociedades, o Egito, a 
Mesopotâmia, a China, a Grécia e Roma antigas, os Persas, os Hebreus, os Fenícios, os 
Celtas, os Etruscos, os Eslavos e os Povos Germanos. 
Todas essas ascensões culturais, formam uma rede de descobertas e um 
emaranhado de conjuntos de crenças e um conhecimento cultural muito distinto. Foi 
inevitável a jornada de cada cultura e religião entre os povos. Os êxodos contribuíram 
 
para que pessoas levassem seu conhecimento até outros povos, até, mesmo, a 
peregrinação de Abraão foi um exemplo de divulgação da crença. 
As religiões semitas mudaram padrões no mundo. Não se pode ignorar que a 
facilidade em respostas, a padronização dos princípios divinos na criação e a origem dos 
acontecimentos sucessivos na caminhada de líderes influenciam os pequenos grupos. 
De uma forma breve, podemos entender que o mundo foi muito modificado 
pelas religiões semitas, por exemplo, a religião Islã, do profeta Maomé, influencia no 
panorama político mundial, dentro da era cristã, a partir do ano de 622 d.C., onde, 
iniciou sua expansão, após a morte do profeta Maomé, com a instituição dos califados, 
o mundo árabe inicia um processo de unificação e perseguição aos cristãos e judeus, 
resultando, em guerras ideológicas, conhecidas como guerras santas. 
Vamos tratar cada influência e cada característica nas unidades anteriores, onde, 
vamos poder nos aprofundar nas intenções e consequências de cada um dos segmentos 
religiosos semitas. 
 
 
 
 
3 GUERRAS SANTAS 
 
Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/image-photo/religious-symbols-representing-3-
monotheistic-religions-1313648825 
 
 
3.1 A Crise do Terceiro Século, a tetrarquia e o Grande Cisma 
 
Vamos começar falando sobre o cenário que contribuiu para as famosas guerras 
santas. Primeiramente, vamos tratar de um assunto interno. Em 18 de março de 235 
d.C. foi assassinado o imperador Romano, Alexandre Severo. Assim, o Império Romano 
caiu em um período de 50 anos de guerra civil. Esse período é conhecido como “a crise 
do terceiro século”. 
Durante os anos 235 d.C. ao 284 d.C., houve paz nas fronteiras externas do 
Império Romano, embora, internamente, houve uma grande rotatividade de 
Imperadores e aspirantes mortos pelas próprias tropas. No ano de 293 d.C. Diocleciano 
dividiu o império Romano, instituindo a Tetrarquia, a fim de conter as inúmeras revoltas 
que ocorriam dentro do Império Romano. 
Diocleciano, nomeou um imperador menos graduado denominado “César”, 
subordinado a um imperador mais graduado, denominado “Augusto”. Por serem 
Oriente e Ocidente, ficaram assim, quatro governadores dividindo o poder e 
constituindo a Tetrarquia. 
Estes imperadores não ocuparam Roma, ocuparam cidades estratégicas 
regionais: Nicomédia, Sirmio, Mediolano e Augusta dos Tréveros. 
A Tetrarquia durou até o ano de 313 d.C. e marcou a resolução da Crise do Século 
III. 
https://www.shutterstock.com/image-photo/religious-symbols-representing-3-monotheistic-religions-1313648825
https://www.shutterstock.com/image-photo/religious-symbols-representing-3-monotheistic-religions-1313648825
 
Entendemos, assim, que o Império Romano tinha uma divisão geográfica, porém, 
o Império Romano Ocidental teve seu fim em 476 d.C. com a abdicação de Rômulo 
Augusto e o Império Romano Oriental sobreviveu um pouco mais, indo, até o ano de 
1453 d.C. (MORRISSON, 2013, p. 46-48). 
 
Figura 1 - O assalto final e a queda Constantinopla em 1453 
 
Fonte: https://www.shutterstock.com/image-illustration/final-assault-fall-constantinople-1453-
captured-200507513 
 
O que nos importa na verdade neste conteúdo todo é entender que o Império 
Romano sofreu divisões e junções ao longo de sua história e principalmente até o ano 
de 1054 d.C., onde, houve o evento chamado de “O Grande Cisma” ou “Grande Cisma 
do Ocidente”. 
Este evento, pode ser considerado o compilador dos grandes motivos que vão 
desencadear as “Cruzadas” e a “Guerra Santa”. 
 
 
No final dos séculos X e XI, a Igreja se esforçou para cristianizar os costumes 
da sociedade militar, propondo aos cavaleiros o ideal de proteger os fracos e 
oprimidos e de defender a paz através da luta contra os salteadores. A Trégua 
de Deus e os movimentos pela paz destinados a fazer respeitar esse ideal 
iniciaram e, por um certo tempo, se limitaram ao sudoeste da França. O 
Concílio de Narbonne (1054) decretou que “aquele que mata um cristão, 
derrama o sangue de Cristo”. Sob a égide do papado, se organizou uma ação 
armada ao serviço da Igreja; em terras cristãs, sua função era manter a ordem 
e estabelecer a justiça; nas fronteiras, se destinava a combater os sarracenos. 
Em 1063, Alexandre II declarou como sendo justa a luta contra aqueles “que 
perseguem os cristãos e os expulsam de suas cidades” e, mais ainda, concede 
o perdão dos pecados aos combatentes em tais empresas (MORRISSON, 
2013, p. 7-8). 
 
https://www.shutterstock.com/image-illustration/final-assault-fall-constantinople-1453-captured-200507513
https://www.shutterstock.com/image-illustration/final-assault-fall-constantinople-1453-captured-200507513
 
Não delongando muito sobre o evento, podemos dar um resumo, já, que 
entendemos que o Império não vinha com seu poder consolidado ao longo dos séculos 
anteriores. 
O Grande Cisma, ocorreu, quando em 1054 d.C., os líderes da Igreja Católica 
Romana e da Igreja Católica Apostólica Ortodoxa (Igreja de Constantinopla), se 
excomungaram mutuamente. 
 
Figura 2 - Visita à primeira nação Cristã 
 
Fonte: https://www.shutterstock.com/image-photo/yerevan-armenia-26-june-2016-visit-1537731884 
 
Recentemente, em 2016, o Papa Francisco, em uma reunião em Cuba, 
juntamente com o Patriarca de Moscou, Cirilo I, os dois líderes se reuniram por duas 
horas, juntamente com o presidente Raul Castro e fizeram declaração conjunta, com o 
objetivo de aproximar as duas igrejas para combater a violência que ameaça extinguir a 
presença de cristãos, católicos e ortodoxos, no Oriente médio e na África. Foi a primeira 
reunião entre os líderes após 1.000 anos de divisão. 
Anteriormente houve uma tentativa em 1965, onde, o Papa Paulo VI e o Patriarca 
Atenágoras I tentaram aproximar as duas igrejas católicas, mas, só houveram avanços 
nos processos de excomunhões, os quais foram retirados em 1966. 
 
 
3. 2 Guerras Santas 
 
Enfim, vimos que a Igreja Romana se dividiu no ano de 1054, mas, entendemos 
que este foi um efeito final de desajustes que vinham desde séculos anteriores. 
https://www.shutterstock.com/image-photo/yerevan-armenia-26-june-2016-visit-1537731884
 
Vamos avançar na história: Em 1054 a Igreja se divide definitivamente. Os líderes 
iniciam um processo de consolidação dos marcos religiosos e leis que regeriam cada 
Igreja. 
Enquanto isso... Um líder de um clã turco, chamado Seljuque desentendeu-se 
com Yabgu, um líder supremo do clã Oguzes, ao qual pertencia e, assim, dividiu o clã, 
que estava ao norte do mar Cáspio, nas estepes do Turcomenistão. Montou 
acampamento no banco ocidental do baixo rio Sir Dária e ali, converteu-se ao Islã. 
No início do Século XI, os seljúcidas migraram para o interior da Pérsia e tiveram 
sua primeira batalha contra o Império Gasnévida. Os “seljúcidas”, como foram 
denominados, se misturaram com a população Persa e adotaram a sua cultura e língua. 
Em 1065 e 1067, os turcos seljúcidas, foram para a Armênia, do lado de dentro 
das Fronteiras Bizantinas(Bizantinos = Igreja Católica Apostólica de Constantinopla), 
dentro do território católico. Atacaram Antioquia, Icônio, Jerusalém (no ano de 1078), 
Esmirna, e em 1091, Constantinopla é sitiada. 
Podemos entender que já estavam ocorrendo guerras santas, pois, o domínio 
Católico estava perdendo espaço e terras para o Islã. 
 
 
Formada por contingentes feudais sobrecarregados por não-combatentes 
marchando isoladamente, a cruzada não correspondia em absoluto à vontade 
do papa, que havia desejado uma expedição unificada, dirigida 
espiritualmente por seu legado religioso e secularmente por um comandante 
militar leigo. Ela correspondia ainda menos aos desejos do imperador 
bizantino, que havia triunfado sobre os invasores petchenegos ao norte, 
derrotara Tzachas, o emir de Esmirna, e estabelecera por meios diplomáticos 
um relacionamento pacífico com o sultão dos turcos seljúcidas de Rum, Kilidj-
Arslan, que estabelecera sua capital em Nicéia (MORRISSON, 2013, p. 16). 
 
Em 1095, O Concílio de Clermont-Ferrand, inaugurado pelo Papa Urbano II, foi 
um concílio não ecumênico, e teve como principal função, conclamar e conceder 
indulgência plenária a qualquer um que fosse para o Oriente Médio, defender os 
peregrinos, pois, as viagens mercantes estavam cada vez mais perigosas. Assim, o Papa, 
 
prometeu salvação a todos os cristãos que morressem em combate contra os pagãos, a 
maioria dos pagãos seriam os muçulmanos do Islã, assim, damos o entendimento de 
como começaram as Cruzadas. 
Com esta ação, o Papa, não só tentava uma reaproximação da Igreja de 
Constantinopla, ortodoxa, como, dava demonstração de um poderio bélico muito forte 
e buscava reaver monumentos e locais importantes da história do catolicismo. 
 
 
3. 3 A Primeira Cruzada 
 
Ao contrário daquilo que podemos imaginar, a primeira Cruzada não ocorreu no 
Século XI, mas, no Século VIII, em seu início, o Califado Islâmico Omíada, conquistou o 
Egito, o Norte da África, a Palestina a Síria e invadiu a Península Ibérica. Foi o primeiro 
registro de povos de origem católica realizando uma luta de reconquista da terra, com 
um cunho ideológico, foram católicos contra muçulmanos. 
Em 1009 o califa Fatímida Aláqueme Biamir Alá, entra em cena e ordena a 
destruição do Santo Sepulcro em Jerusalém, fato que traz a reação ao mundo cristão. 
No mesmo momento, acontecia a derrota do Califado Omíada e outras dinastias 
muçulmanas menores, também, estavam em derrocada, tais como: Aglábidas e os 
Cálbidas. Estes grupos muçulmanos, batendo em retirada, se instalaram em cidades do 
extremo sul da península Italiana. 
 
 
A partir do final do século X, a instauração da paz no mar Mediterrâneo 
favoreceu o movimento dos peregrinos, que aumentava sem cessar. O final 
da pirataria muçulmana na Provença (972) e em Creta (961), o controle do 
Mediterrâneo oriental pela marinha bizantina, a cristianização da Hungria e a 
expansão da autoridade bizantina, que passou a abranger desde a Bulgária 
até a Síria setentrional, tornaram menos perigosas tanto as rotas marítimas 
como terrestres em direção à Terra Santa, nas quais os sultões da dinastia 
fatímida davam toda a liberdade aos peregrinos desde que pagassem um 
 
pedágio. A perseguição – dirigida também contra os judeus – ordenada pelo 
califa Al-Hakim e que culminou com a destruição da basílica do Santo Sepulcro 
(1009) foi apenas um episódio excepcional, logo seguido por um acordo entre 
os fatímidas e o governo de Bizâncio, que permitiu a restauração do 
santuário. A cristandade se revoltou por algum tempo, mas sua única reação 
efetiva foi a conversão forçada ou o massacre de algumas comunidades 
judaicas estabelecidas na Europa, que foram responsabilizadas pelos funestos 
acontecimentos (MORRISSON, 2013, p. 07). 
 
Era perceptível a disposição de conquista do Islã e, ao mesmo modo, era 
perceptível ao cristianismo, promover reconquistas, a fim de também se apoderar de 
novos territórios. Estava nascendo uma nova concepção política do cristianismo. 
Em 1091, a guerra entre católicos e muçulmanos estava no seu auge. O controle 
do Mar Mediterrâneo estava em jogo. 
Surge a “Ordem de Cluny”, uma ordem monástica católica que se originou dentro 
da Ordem de São Bento. Esta Ordem, mais centralizada no Papado, através da 
independência de seus bispos, surge com a ideia de ser o suserano dos reinos europeus. 
Ser um suserano é ser um doador de terras, assim, a ordem iria levantar guerreiros, que 
iriam resgatar terras e devolvê-las aos “vassalos” (vassalos são os recebedores dos 
dotes), tudo isso, em troca de lealdade, assim, os reinos ficariam leias ao Papado e Igreja 
(troca de favores). 
Assim, surgiu a união de reinos sob a orientação papal, os exércitos combatentes 
do Islã. 
Começa, de maneira abundante, a formação de exércitos por toda a Europa, 
afim, de recuperar todas as terras que estavam nas mãos dos muçulmanos, pois, antes 
de terem sido deles, eram de reinos cristãos e precisavam ser libertas, assim, como, os 
locais sagrados de Jerusalém e onde os apóstolos constituíram bases de evangelismo. 
Começou em 1074 a tentativa de reconquista das terras dominadas pelos 
muçulmanos. O Papa Gregório VII, apelou aos Soldados de Cristo para que fossem ao 
Oriente Médio defender o Império Bizantino que havia sofrido grandes derrotas contra 
os Turcos Seljúcidas, porém, este pedido não foi atendido e sofreu oposição, mas, 
ajudou a focar a atenção do Império Católico ocidental para o Oriente. 
 
Retornamos ao ponto em que partimos no capítulo anterior, a Guerra Santa de 
1095, com o Santo Discurso do Papa Urbano II, que conseguiu a atenção e o 
convencimento da assistência armada, que marchou em direção à Terra Santa. 
Enfim, as guerras santas tiveram um início ideológico, em reconquista da terra e 
reconquista de locais sagrados para o cristianismo, mas, passou a ser fonte de escambo 
entre o poder religioso e político da época, a fim, de garantir o crescimento de reinos e 
perpetuar papados, bem, como, impedir o surgimento de novas sitas ou religiões pagãs. 
 
 
 
 
4 AS RELIGIÕES SEMITAS NO MUNDO ATUAL 
 
Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/image-vector/peace-dialogue-between-religions-
christian-symbols-348628025 
 
Vamos iniciar nosso tópico analisando os últimos 100 anos, isso nos dá uma 
base maior para visualizar a expansão e tendência das religiões semitas no cenário 
global. Para isso, vamos utilizar os dados do ano de 2012, levantados pelo Pew Research 
Center, sediado em Washington DC, EUA. O Pew é um órgão que realiza pesquisas de 
tendências globais e utiliza pesquisa de opinião pública e realiza pesquisa demográfica, 
análise de conteúdo de mídia e outras pesquisas empíricas de ciências sociais. 
Estaremos utilizando os dados de pesquisa de 2012, que foi realizada em mais de 200 
países e conta com 2.400 fontes de dados. O Censo das religiões ao redor do mundo não 
é algo muito novo. O primeiro censo a incluir perguntas acerca da religião, foi em 1776, 
no Canadá. 
Observe o gráfico: 
 
Gráfico 1 - Distribuição dos Cristãos no Mundo 
 
Fonte: ASSETS. 2011. Disponível em: https://assets.pewresearch.org/wp-
content/uploads/sites/11/2012/07/christianity-graphic-01.png. Acesso em: 05 abr. 2022. 
 
Vamos fazer as considerações sobre o Cristianismo na última década: 
O Cristianismo representa 1/3 (um terço – 2,18 Bilhões) da população mundial, 
população mundial que é estimada em 6,9 Bilhões de habitantes. 
Os cristãos estão geograficamente espalhados, não há como um continente 
reivindicar ser o centro do cristianismo, como era a Europa anteriormente. 
https://assets.pewresearch.org/wp-content/uploads/sites/11/2012/07/christianity-graphic-01.png
https://assets.pewresearch.org/wp-content/uploads/sites/11/2012/07/christianity-graphic-01.png
 
A um século atrás, a Europa detinha o maior número de adeptos do cristianismo, 
mas, em um século, isto mudou muito. Hoje, apenas,cerca de um em cada quatro 
cristãos do mundo vivem na Europa. 
Em um século, o número de cristãos quase quadruplicou no mundo, passando 
de 600 milhões para 2 Bilhões. 
De 2012 para os dias atuais, passaram-se uma década, mas, a modificação no 
cenário é pequena, não refletiu a tendência do último século. 
O que vemos no cristianismo, é uma troca interna, denominacional. Troca-se de 
liderança, mas, a fé continua cristã. É o caso da ascensão dos Evangélicos Protestantes, 
nas últimas décadas, onde, a Igreja Católica Romana perdeu um número considerável 
de fiéis, porém, estes, na sua grande maioria, continuaram professando a fé em Cristo, 
não indo para outras religiões ou seitas. 
Observe o gráfico: 
 
Gráfico 2 - Principais Tradições Cristãs 
 
Fonte: ASSETS. 2011. Disponível em: https://assets.pewresearch.org/wp-
content/uploads/sites/11/2012/07/christianity-graphic-02.png. Acesso em: 05 abr. 2022. 
 
Vamos agora, observar no mapa, como estão localizadas geograficamente as 
religiões pelo mundo e como estão localizadas as religiões semitas: 
 
Figura 3 - Distribuição das Maiores Religiões do Mundo 
 
Fonte: Wikimedia Commons contributors. As Religiões do Mundo, Distribuição das Religiões. 2008. 
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a6/Religion_distribution.png 
 
https://assets.pewresearch.org/wp-content/uploads/sites/11/2012/07/christianity-graphic-02.png
https://assets.pewresearch.org/wp-content/uploads/sites/11/2012/07/christianity-graphic-02.png
https://assets.pewresearch.org/wp-content/uploads/sites/11/2012/07/christianity-graphic-02.png
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a6/Religion_distribution.png
 
 
Podemos observar que o Cristianismo e o Islamismo, cobrem maior parte dos 
territórios, porém, a terceira religião semita, o Judaísmo, é quase imperceptível, o que 
a faz ser considerada uma religião de porte médio em comparação das demais. 
Em uma pesquisa de atualização realizada no ano de 2015, o Pew Research Center, 
divulgou que o Islamismo é a religião que mais cresce no mundo, graças, a alguns 
fatores, como: Taxa de fertilidade que é a estimativa da quantidade de filhos que uma 
mulher tem até o fim do seu período fértil, mulheres muçulmanas tem cerca de 3,1 
filhos, enquanto, as mulheres de outras religiões tem 2,3 filhos. Outro fator é a idade 
dos muçulmanos, que são, em média, sete anos mais jovens que os demais integrantes 
de outras religiões. 
Hoje há cerca de 1,6 Bilhões de muçulmanos pelo mundo, a sua maioria na 
Indonésia. 
representando 23,4% da população global. Acredita-se, diante dos estudos e projeções, 
que, em 2050 a Índia será a maior comunidade muçulmana do mundo, a qual, hoje é 
hinduísta. 
E o judaísmo? 
 
Vemos que o judaísmo está espalhado por todo o mundo. Atualmente, estima-
se que cerca de 14,6 Milhões de adeptos pelo mundo. 
Observe o mapa: 
 
Figura 4 - População Judaica Mundial (2018) 
 
Fonte: Berman Jewis Databank, Nova York. 2018. Disponível em: 
https://www.jewishdatabank.org/content/upload/bjdb/2018_Map_World_Jewish_Population_(DB,_Del
laPergola).pdf. Acesso em: 05 abr. 2022. 
 
https://www.jewishdatabank.org/content/upload/bjdb/2018_Map_World_Jewish_Population_(DB,_DellaPergola).pdf
https://www.jewishdatabank.org/content/upload/bjdb/2018_Map_World_Jewish_Population_(DB,_DellaPergola).pdf
 
A Agência de notícias Francesa (Agence France-Presse AFP), em uma de suas 
publicações em 11 de abril de 2018, fez menção a publicação de Israel. Nesta publicação, 
o governo Israelense, afirma que em 2018, setenta anos “após” a segunda guerra 
mundial, o número de judeus no mundo reduziu 2,0 Milhões. Em 1939, antes da guerra, 
eram cerca de 16,6 Milhões de judeus. 
A maioria dos judeus que vivem fora de Israel está nos Estados Unidos da 
América, cerca de 5,7 Milhões de judeus e em Israel, cerca de 6,6 Milhões. 
O motivo por estarem concentrados ocorre devido a perseguição e a proteção 
dada pelos Estados Unidos da América. 
Embora tenha havido uma recuperação no número de adeptos ao judaísmo, após 
a segunda grande guerra, atualmente, o crescimento tem sido modesto, cerca de 0,6% 
(média) ao ano, nos últimos dez anos. 
Nas Unidades de estudo a seguir, traremos um detalhamento maior dos dados. 
 
 
SAIBA MAIS 
 
A chamada “solução final” foi o nome dado pelos nazistas ao plano de genocídio 
colocado em prática contra os judeus ao longo da Segunda Guerra Mundial, no 
Holocausto. O plano voltava-se, principalmente, para a política de erradicação total da 
população de judeus da Europa, porém, é importante lembrar que, no Holocausto, além 
de judeus, foram executados ciganos, testemunhas de jeová, homossexuais, doentes 
mentais e negros. 
As câmaras de gás foram criadas com o intuito de aumentar o volume das 
execuções realizadas. As primeiras câmaras de gás foram testadas contra prisioneiros 
soviéticos em vagões de trem adaptados. A morte foi por envenenamento por monóxido 
de carbono. 
Estima-se que cerca de três milhões de judeus tenham morrido nos fuzilamentos 
e nas câmaras de gás. Outros três milhões morreram em decorrência dos maus-tratos, 
 
exaustão, fome, doenças etc. Os historiadores estimam que cerca de 2/3 dos judeus da 
“Europa” tenham sido mortos pelas ações dos nazistas. 
 
Fonte: SILVA, Daniel Neves. Solução final: o plano nazista de extermínio dos judeus na Europa. Brasil 
Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/solucao-final-plano-nazista-exterminio-
dos-judeus-na-europa.htm.Acesso em: 12 maio 2021. 
 
 
#SAIBA MAIS# 
 
 
 
REFLITA 
 
Antes do Holocausto, haviam 16,6 Milhões de judeus no “mundo” e 1/3 foram 
mortos, cerca de 6 Milhões de vidas. Atualmente estima-se cerca de 14,6 Milhões de 
judeus em todo o mundo. Diante disto, você diria que o judaísmo está crescendo ou 
diminuindo? 
 
Fonte: O autor (2021). 
 
#REFLITA# 
 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Acredito que você tenha uma compreensão sobre o que é ser um povo semita, 
uma língua semita é uma religião semita. A grande importância de saber distinguir e 
entender a origem do termo semita é um passo básico para um diálogo assertivo no 
quesito de tolerância e convivência entre religiões. Precisamos entender que não 
estamos tratando somente de uma preferência de fé, mas, de um conjunto de regras 
que nasce com a comunicação, com a geografia e com experiências de fé exclusivas, e, 
diferenciadas das demais existentes. 
Quando entendemos que a necessidade atual das religiões e denominações é 
coexistência, abrimos espaço para um ambiente voltado para o diálogo, porém, 
precisamos entender que, da mesma forma que não existe sistema socioeconômico 
perfeito no mundo, as razões para os grupos e indivíduos, na maioria das vezes, vai se 
concentrar em seus próprios interesses e, cremos, que a tendência do diálogo atual 
passa a conter um discurso muito mais remediador ao invés de preventivo à harmonia. 
O ecumenismo, que, a simples modo, pode ser descrito como uma tentativa de 
universalizar a fé e estabelecer uma harmonia diante das diferenças, precisa ser 
analisado do ponto de vista de cada segmento religioso semita. 
Movimentos originais têm surgido ao longo dos tempos com o intuito de gerar 
um ambiente de diálogo, mas, embora, haja êxito em muitas áreas, ainda existem 
extremos que precisam ser conquistados e somente estabelecendo um diálogo inter-
religioso, poderemos estabelecer um diálogo fora de cada esfera denominacional 
religiosa. 
Como dissemos em nossa introdução, não tínhamos a pretensão de tratar cada 
uma das religiões de maneira profunda, nos seus aspectos intrínsecos, porém, 
precisávamos entender seus reflexos externos. Nas demais unidades, iremos adquirir o 
conhecimento individual de cada uma e colaborar para que haja compreensão correta 
e entendimento para a compreensão dos efeitos que cada uma das linhas semitas traz 
ao mundo, desde sua origem, até os diasatuais. 
 
 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
 
O que é “Ecumenismo”? 
 
O termo “Ecumênico” provém da palavra grega οἰκουμένη (oikouméne), que 
significa “mundo habitado”. Na sua origem, o termo descreve um processo que busca a 
união apesar das diferenças. Em seu sentido mais restrito, é a busca da unidade entre 
as Igrejas Cristãs. 
Não se trata de uma união entre as igrejas, como era na antiguidade, mas, 
atualmente, compreende-se que este movimento visa a aproximação e cooperação 
entre os segmentos do cristianismo. 
Melhor, ainda, este movimento procura estabelecer um diálogo e uma 
cooperação comum, buscando superar as divergências históricas e culturais, através da 
aceitação das diversidades entre as igrejas cristãs. 
Uma base para o diálogo ecumênico é que a Igreja de Cristo vai além das 
diferenças geográficas, culturais e políticas. 
O Primeiro Concílio de Nicéia, em 325 d.C. foi o primeiro concílio ecumênico, 
pois, refere-se tanto à reunião de pessoas de distintos lugares, quanto à doutrina e 
costumes eclesiásticos. Posteriormente o Primeiro Concílio de Constantinopla, em 381 
d.C., também foi um concílio ecumênico. O Credo niceno-constantinopolitano é 
considerado ecumênico, por ser uma profissão de fé aceita por todos os cristãos. 
William Carey, iniciou um movimento que preconizou o ecumenismo moderno 
no final do Século XVIII. Ele, através das Missões Protestantes, propôs a cooperação 
entre os cristãos para fazer frente à evangelização de um mundo cada vez maior a ser 
cristianizado. 
A face do ecumenismo não é única, o ecumenismo tem uma face múltipla. 
Basicamente a sua divisão se dá em vários níveis e sua classificação mais compreensível 
 
é dada das seguintes formas: Ecumenismo Espiritual, Institucional, Oficial, Doutrinal, 
Local e Secular. 
No Brasil, desde 1982, o órgão ecumênico mais expressivo é o CONIC (Conselho 
Nacional de Igrejas Cristãs), formado pelas Igrejas Católica Apostólica Romana, Episcopal 
Anglicana do Brasil, Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, Presbiteriana Unida do 
Brasil e Católica Ortodoxa Siriana do Brasil. 
No mundo, o Conselho Mundial de Igrejas (CMI), foi fundado em Amsterdã em 
1948, contando hoje com 350 igrejas do mundo e com mais de 500 milhões de fiéis. 
Fazem parte do CMI a maioria das denominações protestantes e das igrejas ortodoxas, 
porém, a Igreja Católica Romana, ainda, não está efetivada como membro, apenas, 
participa de movimentos individuais (algumas das faces ecumênicas), como, por 
exemplo, a Comissão de Fé e Ordem. 
Como podemos observar, já foi feito muito progresso através do diálogo inter-
religioso pelo mundo, mas, ainda há muito o que fazer para chegar ao pleno objetivo do 
ecumenismo. 
 
 
Fonte: OLIVEIRA, R. F. de. Seitas e Heresias - Um Sinal do Fim dos Tempos, Raimundo Oliveira, CPAD. 
2010, Pg. 173 - 178. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LIVRO 
 
• Título: O Deus dos semitas 
• Autor: João Evangelista Martins Terra. 
• Editora: Edições Loyola; 1ª edição (6 março 2015). 
• Sinopse: Os semitas tinham mais de cinco mil deuses, mas seu culto era irrelevante. 
Quase não há estátuas dos deuses semitas. Entretanto, as estátuas dos adoradores são 
milhares. Os reis, os nobres e os potentados faziam estátuas de arantes em pé, com as 
mãos postas e os imensos olhos esbugalhados e a colocavam como seus representantes 
nos templos. Essas estátuas são impressionantes: de mãos postas, em atitude de 
recolhimento e oração, os olhos desmesuradamente grandes, direcionados para o céu, 
olhando o infinito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FILME/VÍDEO 
 
• Título: Cruzada 
• Ano: 2005. 
• Sinopse: Balian (Orlando Bloom) é um jovem ferreiro francês, que guarda luto pela 
morte de sua esposa e filho. Ele recebe a visita de Godfrey de Ibelin (Liam Neeson), seu 
pai, que é também um conceituado barão do rei de Jerusalém e dedica sua vida a manter 
a paz na Terra Santa. Balian decide se dedicar também a esta meta, mas após a morte 
de Godfrey ele herda terras e um título de nobreza em Jerusalém. Determinado a 
manter seu juramento, Balian decide permanecer no local e servir a um rei amaldiçoado 
 
como cavaleiro. Paralelamente ele se apaixona pela princesa Sibylla (Eva Green), a irmã 
do rei. 
• Link do vídeo: https://megafilmeshd.site/filmes/cruzada-dublado/ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
WEB 
 
Munido de cruzes e espadas, príncipes, cavaleiros e pessoas comuns, 
empreenderam jornadas que partiram da Europa em busca da Terra Santa. Esta deveria 
retornar ao domínio dos cristãos. 
 
Link do site: https://www.youtube.com/watch?v=oh1ijevNSO8 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
BACARJI, A. D. Eclesiologia Católica [livro eletrônico]/Arlene Denise Bacarji. Curitiba. 
Intersaberes, 2019. 
 
CABRAL, J. Religiões, Seitas e Heresias. Rio de Janeiro. Gráfica Universal, 1992. 
 
DANTAS, Gabriela Cabral da Silva. "Fé Bahá'í". Brasil Escola. Disponível em: 
https://brasilescola.uol.com.br/religiao/fe-bahai.htm. Acesso em: 23 mar. 2022. 
 
HEXHAM, I. Dicionário das Religiões e Crenças Modernas. São Paulo. Vida, 2003. 
 
MATA, Sérgio da. História & Religião. Belo Horizonte. Autêntica Editora, 2010. 
 
MORRISSON, C. Cruzadas. Porto Alegre. L&PM Pocket. 2013. 
 
OLIVEIRA, R. Seitas e Heresias - Um Sinal do Fim dos Tempos. Rio de Janeiro. CPAD, 
2002. 
 
PEREIRA, Sandro. Religiões do Mundo Antigo [livro eletrônico]/Sandro Pereira. 
Curitiba. Intersaberes, 2020. 
 
PIAZZA, W. Religiões da humanidade. São Paulo. Loyola, 1997. 
 
PIÉ-NINOT, S. Introdução à Eclesiologia. São Paulo. Loyola, 1998. 
 
SARDE NETO, E. Islamismo: história, cultura e geopolítica. Curitiba. InterSaberes, 2020. 
 
SCHNEEBERGUER, Carlos A. Manual Compacto de História: Ensino Fundamental. São 
Paulo. Riddel, 2010. 
 
 
SEMITA. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2021. 
Disponível em: https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Semita&oldid=62655043. 
Acesso em: 22 dez. 2021. 
 
TABELA DAS NAÇÕES. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia 
Foundation, 2022. Disponível em: 
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Tabela_das_Na%C3%A7%C3%B5es&oldid=
63487590. Acesso em: 29 abr. 2022. 
 
VAN BAALEN, J. K. O Caos das Seitas. São Paulo: Imprensa Batista Regular, 1970. 
 
 
UNIDADE II 
JUDAÍSMO 
Professor Especialista Érlon Migliozzi 
 
 
Plano de Estudo: 
• História do Judaísmo; 
• Estrutura Sociocultural e Religiosa do Judaísmo; 
• Fé Monoteísta, Torá e a Diáspora; 
• Principais Correntes do Judaísmo: Ortodoxo, Histórico e Reformado: Movimento 
Sionista, a Shoah. 
 
 
Objetivos de Aprendizagem: 
• Identificar as características específicas de cada manifestação religiosa; 
• Contribuir para o conhecimento das particularidades das religiões semitas; 
 
• Refletir sobre a intolerância e o crescimento do terrorismo religioso. 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
Caro (a) Aluno (a), 
Você já foi apresentado aos principais assuntos que envolvem as Religiões 
Semitas, porém, de uma forma abrangente. Nesta Unidade, vamos entender um pouco 
mais sobre a Religião Judaica, a pioneira das três religiões principais religiões semitas e 
a menor de todas elas. 
Como diz o ditado popular, “nem sempre tamanho é documento”, vamos ver 
como um grupo religioso que possui algo em torno de 15 milhões de adeptos, pode ter 
sido grande influenciador na política global e, ainda, é responsável por grandes e 
importantes resoluções. 
Primeiro, vamos saber o que é o judaísmo, quais seus pilares e fundamentos, 
porque ele influencia tanto no campo religioso e por onde ele influencia no campo 
político. Posteriormente, vamos entender sua estrutura social, cultural e religiosa, como 
uma cultura e uma nação se incorporam uma a outra e como, isto é, nos dias de hoje. 
Finalmente, vamos tratar dos assuntos internos da religião judaica, será que há 
consenso interno geral? Quais sãoos pontos de discussão entre os seus adeptos? A 
religião judaica é uma só? Qual a herança dos acontecimentos passados para os dias 
atuais? Há possibilidades de um diálogo inter-religioso com os judeus? Falaremos, 
também, dos seus diferenciais, vamos retornar um pouco a falar da Torá, da Fé 
Monoteísta e da Diáspora e suas repercussões pelo mundo. 
Teremos nossas próprias conclusões, após lermos esta unidade de estudo e 
vamos realmente conhecer um povo que é diferente dos demais, pois, tem a sua 
concepção realizada diante do chamado de ser não apenas uma religião, mas, uma 
nação diferenciada das demais. 
Convido você a estarmos estudando a religião Judaica como ela se concebeu, 
buscando contextos e motivos econômicos e políticos para que paradigmas sejam 
quebrados e possamos falar com propriedade sobre o que é ser um judeu. 
 
 
Vamos Aprender Juntos!!! 
 
1 HISTÓRIA DO JUDAÍSMO 
Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/image-photo/religion-image-jewish-holiday-
hanukkah-background-1847972008 
 
Primeiramente, precisamos entender que ao falarmos sobre judaísmo, estamos 
falando de uma religião. Muitos podem iniciar a história desta religião referenciando-se 
no chamado de Deus a Abraão. Poderíamos, também, dizer que tudo começa com o 
povo descendente de Sem, filho de Noé, através da escrita semita, mas, precisamos 
entender que Sem, deu origem a um povo, Abraão separou-se do povo para formar uma 
nação e, até, mesmo, Moisés, foi usado para libertar o povo de Deus originado em 
Abraão. 
A relação destes homens e destas gerações com Deus era íntima, não exerciam 
culto a outros deuses, mas, a adesão a este estilo de vida, não traziam regras extras do 
seu convívio diário. Eles adoravam ao Deus único de forma natural, estava em seu estilo 
de vida. 
Quando falamos da “Religião Judaica”, queremos trazer a compreensão da 
crença e do conjunto de regras que a torna uma religião. Conhecemos a história destes 
homens e destas gerações, através do Pentateuco e demais livros do Cânon Bíblico, 
portanto, queremos buscar o que ocorreu após estas gerações que estivessem este 
estilo de vida, como, uma religião de fato. 
Uma grande contribuição para a propagação do judaísmo foram as guerras, as 
conquistas territoriais, as expansões e sobretudo, os exílios, principalmente o 
Babilônico. 
Conforme Flávio Josefo (37-103), o Cativeiro Babilônico, ou exílio Babilônico, não 
foi somente um episódio de tratamento de Deus na sua relação com o povo escolhido. 
O regresso do cativeiro, marcou um novo período para a nação judaica, foi quando 
 
surgiu o costume de leitura da Torá nas sinagogas, estamos falando do ano de 538 a.C., 
e cerca de cinquenta mil judeus retornaram para sua terra (JOSEFO, 2004, p. 491). 
O primeiro retorno foi liderado por Zorobabel, descendente da Casa de Davi e o 
segundo retorno ocorreu um século depois e foi conduzido por Esdras, o Escriba. Esdras 
é responsável pela reconstrução do Templo, ou melhor, pelo período do Segundo 
Templo. E pela formação da “Grande Assembleia”, que é o supremo órgão religioso e 
judicial do povo judeu (JOSEFO, 2004, p. 486). 
Podemos entender que neste período o judaísmo começa a ser organizado como 
religião, tal, qual, conhecemos de fato. As práticas judaicas, alicerce visível da religião, 
foram exercidas livremente até a destruição do Segundo Templo, este período foi até o 
ano 70 d.C., onde o Imperador Tito destruiu o Segundo Templo (JOSEFO, 2004, p. 487) 
A história dos judeus e do judaísmo no primeiro século, foram registradas pelo 
historiador Flávio Josefo, um importante escritor judeu, que, se tornou cidadão romano 
e escreveu importantes obras que contam a revolta dos judeus contra o império romano 
e a história do mundo sob uma perspectiva judaica. Importante observar que Flávio 
Josefo, viveu no primeiro século e acompanhou todo o cenário, ou seja, escreveu in loco, 
todas as suas obras literárias. 
A história do judaísmo, se entrelaça com a história do povo judeu novamente, de 
uma forma dramática, pois, a teocracia judaica, era constantemente ameaçada por 
impérios que queria a posse das terras da Judéia e o domínio sobre o povo. 
O importante para nós, é entender que no ano 70 d.C., quando o Império 
Romano destruiu Jerusalém, os judeus foram dispersos, vendidos como escravos. Anos 
depois, em 132 d.C., houve a revolta de Shimon Bar Kochba, onde, os judeus voltaram a 
conquistar Jerusalém e toda a Judéia, mas, como o Império Romano era muito forte, 
três anos depois, novamente, os judeus foram subjugados (DUBNOW, 1953, p. 235). 
Embora os judeus e o Segundo Templo tivessem sidos totalmente destruídos, 
uma pequena comunidade de judeus permaneceu em Jerusalém, e aos poucos foi se 
fortalecendo e ganhando volume com os judeus que iam regressando da dispersão 
realizada pelos romanos. 
 
A vida institucional e comum foi se renovando, os sacerdotes foram substituídos 
por rabinos e a sinagoga tornou-se o foco das comunidades judaicas. A Lei Religiosa 
Judaica, conhecida pelo nome de “Halacha”, serviu como elo comum entre os judeus e 
foi passado de geração a geração. 
Então, aqui, conhecemos a forma na qual os preceitos e leis judaicas foram 
perpetuados nas gerações seguintes, através do Halacha. 
O que é o Halacha? 
A maioria das religiões baseiam-se num texto sagrado e dele é extraída uma série 
de ensinamentos que servem como referência ética e espiritual. No judaísmo, o livro 
sagrado é a Torá e, o conjunto de normas e leis que servem como guia, são conhecidas 
pela palavra “Halacha”. É uma palavra de origem hebraica e pode ser traduzida como 
“caminho”. Em outras palavras, a Halacha indica qual deve ser o caminho certo a seguir 
para levar uma vida de acordo com os ensinamentos da Torá, tanto na escrita como na 
oral. Este conjunto de leis é válido a todas as comunidades judaicas. Na prática, constitui 
o modelo ético que serve como referência a qualquer praticante da religião judaica. No 
cristianismo, os apóstolos, logo após a morte de Jesus, compilaram as normas e 
condutas que um cristão deveria ter, este conjunto de ensinamentos, chamou-se 
“Didaquê”, que referencia a doutrina dos apóstolos. 
Não podemos esquecer que a Torá surgiu em um Concílio Canônico Judaico, logo 
no início do Primeiro Século, com objetivo de blindar o ensino judaico de receber 
influência dos ensinos apostólicos. 
A história do judaísmo vai seguir os séculos seguintes sofrendo várias divisões, 
devido ao entendimento gerado através dos estudos da Torá. 
Grupos ortodoxos, conservadores, separatistas, enfim, correntes doutrinárias 
divergentes surgem ao longo do tempo e, ainda, hoje, são motivo de fomento da fé 
judaica por todo o globo terrestre. 
Quero registrar que um desses grupos de judeus, conhecidos como “Judeus 
Messiânicos”, acreditam que Jesus seja o Messias, mas, ignoram uma religião de Cristo, 
pois, para o judeu messiânico, Cristo faz parte do judaísmo. Assim, não haverá judeu 
 
messiânico comungando a mesma fé que os cristãos, pois rejeitam Igrejas Evangélicas 
(DUBNOW, 1953, p. 235). 
 
 
2 ESTRUTURA SOCIOCULTURAL E RELIGIOSA DO JUDAÍSMO 
 
Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/image-photo/knesset-jerusalem-israel-october-3-
2019-1521277808 
 
Quando falamos de uma estrutura sociocultural, estamos nos referindo a 
qualquer processo ou fenômeno relacionado com os aspectos sociais e culturais de uma 
comunidade ou sociedade, assim, um elemento sociocultural, tem a ver exclusivamente 
com as realizações “humanas” e que podem servir tanto para organizar a vida comum à 
sociedade como para dar a esta comunidade o seu significado. 
Faz quase dois mil anos que o povo de Israel foi expulso de suas terras. Esse povo 
judeu se instalou, principalmente, na Europa, no Norte da África e no Oriente Médio. 
Com o passar dos séculos, eles formaram grandes comunidades judaicas em 
terras próximas e distantes uma dasoutras. Nestas comunidades, experimentaram 
longos períodos de crescimento e prosperidade, mas também foram, por vezes, alvo de 
discriminação, ataques, expulsões. Cada momento de perseguição e violência fortalecia 
sua crença no conceito de "Reunião dos Exilados" e inspirava indivíduos e grupos a 
retornar à sua pátria ancestral, ou seja, o território de Israel e Judá. 
No final do Século XIX, foi fundado o “Movimento Sionista”, o qual, com a 
instituição do Estado de Israel, tornou-se Lei e mudou radicalmente a forma de agir de 
todo o povo judeu. O conceito Sionista passou a ser um modo de vida. 
O movimento se resume em, a grosso modo, conceder a cidadania a todo judeu 
que quiser retornar para sua nação e estabelecer-se no país. 
Foi durante o período de domínio britânico (1917-1948), que a comunidade 
judaica situada nos territórios de Israel, organizaram a maior parte de sua estrutura 
social e econômica, política e cultural. 
 
Com a motivação sionista, o povo judeu desenvolveu instituições sociais e 
políticas que exerciam autoridade sem soberania, com todos os níveis de comando e 
execução mobilizados para a “consolidação” e o “crescimento”. 
 Segundo a Embaixada de Israel em portugal, o movimento sionista se 
caracterizou pelo voluntariado e sua estrutura política, e teve no igualitarismo, sua 
mensagem social. 
Nos primeiros quatro anos após a formação do Estado de Israel (1948-1952), a 
população em Israel dobrou de tamanho, passando de 650.000 para 1,3 milhões de 
judeus, isto, trouxe uma mudança significativa na estrutura social de Israel. 
O novo povo em Israel era composto por dois grupos principais: 1) A MAIORIA: 
composta pela comunidade “Sefaradi” (que eram os judeus já estabelecidos no 
território israelense), os “Asquenazi” (veteranos e sobreviventes do Holocausto) 2); 
UMA GRANDE MINORIA: formada de imigrantes judeus recentes vindos dos países 
Islâmicos do Norte de África e do Oriente Médio (EMBASSIES, 2020). 
Enquanto a maioria da população que já estava estabelecida no território, estava 
comprometida com fortes movimentos e convicções ideológicas e um modo de vida 
democrático, os judeus que viveram durante séculos em territórios árabes aderiram a 
uma organização social patriarcal (o exercer do poder emana dos homens e não dos 
grupos ou instituições ou códigos de leis), e tiveram dificuldades em integrar-se à 
sociedade de Israel e sua economia em desenvolvimento. E até 1950, os dois grupos 
existiam praticamente sem interação social e cultural. 
Constantemente o governo israelense sofria com protestos e era ignorado pelos 
judeus do Norte da África e do Oriente Médio. Na década de 1960, estas exigências por 
uma maior participação política, recursos compensatórios e ações efetivas para ajudar 
a reduzir as diferenças entre os judeus do Norte da África e do Oriente Médio, e os 
israelenses mais antigos, viraram ponto culminante nas pautas de interação e 
consolidação da unidade em Israel. 
Durante longos anos o povo judeu enfrentou vários momentos de tensão devido 
a sua diversidade interna. 
 
A sociedade israelense, também, teve de lutar pela independência econômica, 
defesa dos ataques dos árabes do outro lado da fronteira. Mesmo assim, os pontos 
comuns da religião, a memória histórica, e a coesão nacional dentro da sociedade 
judaica foram fortes o suficiente para superar todos os desafios. 
Israel sempre continuou a receber novos imigrantes, estes, provenientes dos 
países livres do ocidente, e de áreas de risco. É da União Soviética, a onda de imigração 
em massa mais recente. Estes judeus, durante anos pelo direito de emigrar para Israel 
e aproximadamente 100 mil chegaram na década de 1970. Mas, desde 1989 mais de um 
milhão já se instalaram no país. 
Neste retorno ao lar, vieram muitos profissionais altamente qualificados, 
cientistas, artistas, músicos famosos, cujos conhecimentos e talentos contribuem para 
a vida econômica, científica, acadêmica e cultural do Estado de Israel. 
De 1980 ao ano 2000, houve duas grandes migrações vindas da antiga 
comunidade judaica da Etiópia. Acredita-se que esta comunidade existia no local desde 
os tempos do Reis Salomão. Foram 50 mil imigrantes vindos de um ambiente africano 
agrário para uma sociedade ocidental industrializada, isto, demonstra, o quanto o povo 
judeu vai recebendo influências de outros costumes e demonstrando sua unidade, 
mantendo suas bases religiosas locais (EMBASSIES, 2020). 
E a religião? Como ficam os costumes religiosos diante da integração de tantos 
grupos massivos advindos de costumes diversos e diferentes? 
O povo judeu é um povo monoteísta, isto, é um componente tanto religioso 
como nacional. Em meados do século XVIII, a maioria dos judeus do mundo vivia na 
Europa Oriental. Eles tinham pouca interação com as sociedades ao seu redor, eram 
discriminados e confinados à periferia. Nas suas comunidades, eles lidavam com seus 
próprios assuntos, aplicando a lei judaica através do Halacha. 
O desejo de emancipação e nacionalismo que aflorou na Europa do século XIX, 
juntamente com o Iluminismo, desenvolveu uma abordagem mais liberal de educação, 
cultura, filosofia e teologia. Assim, também, originou-se vários movimentos judaicos, 
alguns desenvolvidos em linhas religiosas liberais, outros com ideologias nacionais e 
políticas. Assim, a maioria dos judeus, rompeu com a ortodoxia e seu estilo de vida, com 
 
alguns se esforçando para integrar-se completamente à sociedade em geral, um 
movimento de secularização do povo judaico. 
A sociedade judaica em Israel hoje é composta por: Judeus “praticantes” e “não 
praticantes”, isto, dentro do universo “ultra ortodoxo” até o judeu que se considera 
secular, mas, as diferenças entre estes grupos que se situam nos extremos, não são bem 
definidas ou claras. 
O judeu que possui um grau de adesão às leis judaicas e práticas religiosas é 
considerado ortodoxo. Sendo, assim, a ortodoxia que define o grau de interação 
religiosa do povo e consequentemente o grupo em que irão participar. 
Podemos visualizar o povo judeu, residente no território de Israel, procedendo 
da seguinte forma: a) 20% dos judeus israelenses se esforçam para cumprir todos os 
preceitos religiosos, b) 60% seguem alguma combinação das leis de acordo com escolhas 
pessoais e tradições étnicas, c) 20% são não praticantes (EMBASSIES, 2020). 
Como o Estado de Israel foi considerado um Estado Judeu, o Shabat e as Festas 
Judaicas são seguidos por todos, independente das suas outras práticas. 
Não podemos avaliar o grau de adesão religiosa pelo índice de pais que 
matriculam seus filhos em escolas com ensino religioso ou por eleitores que votam em 
partidos praticantes ou não, pois, a necessidade tem feito que pais não praticantes 
matriculem seus filhos em escolas religiosas e cidadão ortodoxos votem em partidos 
políticos mais liberais. 
Podemos dizer, hoje em Israel, a maioria pode ser caracterizada por “judeus 
seculares”, estes, manifestam estilos de vida modernos, com certo respeito e prática 
dos preceitos religiosos. Dentro dessa maioria de judeus seculares, muitos seguem uma 
forma modificada da vida tradicional. 
Alguns optam por atuar em correntes religiosas liberais. Já a minoria, sefaradi e 
asquenazi, a grande maioria aderem a um modo de vida religioso, regulado pela lei 
religiosa judaica. Participam da vida nacional do país e consideram o Estado Judaico 
moderno como “o primeiro passo para a vinda do Messias e a redenção do povo judeu.” 
 
Em um oposto, alguns dos judeus ultra ortodoxos acreditam que a soberania 
judaica na Terra pode ser restabelecida “somente após a vinda do Messias”. Por isso 
eles mantém estrita a observância à lei religiosa judaica. São famílias que moram em 
bairros separados, têm escolas próprias, vestem roupas tradicionais, mantêm papéis 
distintos para homens e mulheres e um estilo de vida estritamente definido e 
contraditórioa tendência de modernidade. 
E a Sociedade do Kibutz, muitas vezes mencionada nos documentários e jornais? 
É um modelo social e econômico. Baseia-se em princípios igualitários e comuns. 
O Kibutz surgiu na sociedade pioneira do país (início do século XX) e transformou-
se em uma forma permanente de “vida rural”. 
Estabeleceu-se uma economia próspera, no início essencialmente agrícola e mais 
tarde introduziu indústrias e serviços, ajudou, com as contribuições de seus membros, 
para a criação e construção do Estado. 
Antes do Estado de Israel, ser considerado um Estado, e nos seus primeiros anos 
de existência, o kibutz assumiu funções centrais no assentamento dos imigrantes, na 
própria imigração e na defesa do território, porém, quando elas foram transferidas para 
o governo, a ação entre o kibutz e o restante de Israel foi reduzida. 
Sua posição de liderança influenciadora e mediadora, como uma vanguarda para 
o desenvolvimento social e institucional, foi reduzindo rapidamente e desde a década 
de 1970, o mesmo ocorreu com sua força política. Porém, a participação dos kibutzim 
(territórios das comunidades) sempre foi maior do que sua proporção no restante dos 
territórios do restante da população. 
O Kibutz, nas últimas décadas, tornou-se mais introspectivo, enfatizando as 
realizações individuais e o crescimento econômico da nação. Muitos kibutzim, mantém 
a ética de trabalho do “faça você mesmo”, porém, tornou-se menos rígida e o tabu sobre 
o trabalho terceirizado enfraqueceu. Hoje, um número maior de trabalhadores 
assalariados, ou seja, terceirizados, está sendo empregado nos kibutzim (kibutzim = 
comunidade que pratica o “modelo” kibutz). Concomitantemente, um número 
 
crescente de membros dos kibutzim trabalha fora do kibutz, com seu salário sendo 
agregado à renda do kibutz. 
 
Figura 1 - Retrato de grupo de membros de um kibutz judeu, na Palestina. Ca. 1920-39. 
Fonte: https://www.shutterstock.com/image-photo/group-portrait-members-jewish-kibbutz-palestine-
242816485 
 
O kibutz de hoje é a realização de três gerações: a) Os fundadores - motivados 
por convicções fortes e uma ideologia definitiva. B) Seus filhos - nascidos na estrutura 
social existente, trabalharam duro para consolidar a base econômica, social e 
administrativa de sua comunidade. C) A atual geração - que cresceu em uma sociedade 
bem estabelecida, enfrenta os desafios da vida contemporânea. 
Atualmente, muito se discute sobre o futuro do relacionamento e 
responsabilidade mútua entre o indivíduo e a comunidade do kibutz, suas ramificações 
dos recentes desenvolvimentos em tecnologia e comunicações para a sociedade. 
Alguns defendem e são receosos, que, ao adaptar-se às novas circunstâncias, o 
kibutz está se afastando perigosamente de seus princípios e valores originais. Outros 
acreditam que essa capacidade de adaptação é fundamental para a sobrevivência e a 
permanência do modelo de economia primária do Estado de Israel. 
 
 
 
 
3 FÉ MONOTEÍSTA, TORÁ E A DIÁSPORA 
 
Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/image-photo/adult-jewish-man-holding-siddur-
book-1842426679 
 
A origem da palavra “Judeu”, no hebraico é “yehudi”, no qual, o feminino é 
“Yehudit”, que quer dizer “Judite”. Já no grego, a palavra “ioudaios”. O mais próximo da 
língua portuguesa é no latim: “judaeus”. O termo foi utilizado pela primeira vez como 
referência aos cidadãos do Reino Sul ou Judá. Antes, somente os homens membros da 
tribo de Judá eram chamados como “is yehuda”, cujo significado é: “homens de Judá”. 
Dos anos 597 e 586 a.C., houve o exílio das classes mais altas de Judá para a região sob 
o domínio da Babilônia. Grande parte de judeus fugiram para o Egito. Entre eles estava 
o profeta Jeremias. Assim, deu-se início à “Diáspora”, que é o fenômeno da dispersão 
judaica por todo o globo até os dias atuais (SOUZA, 2019). 
Na Diáspora, podemos elencar, como carro chefe, ou, uma característica de 
destaque, a crença em uma única divindade, inatingível, mas, que interage 
sobrenaturalmente com o seu povo. A fé monoteísta Abraâmica é atípica nas demais 
religiões e cultos conhecidos na sua época de concepção. A fé monoteísta, tem indício 
de ter se iniciado com o “zoroastrismo”, no Séc. VI a.C., porém, não vamos entrar mais 
a fundo nesta manifestação monoteísta, pois, ainda, não há muito o que se provar em 
referência a época do seu surgimento, embora, possamos aceitar que possa ter surgido 
antes do período de Abrão, há diferenças na forma de soberania da divindade de Abraão 
e a de Zoroastro. O Deus de Abraão é um Deus totalmente soberano, que não precisa 
lutar para vencer oposição, ou seja, ele não tem opositor que o possa atingir, porém, no 
zoroastrismo, o deus Aúra-Masda, precisará lutar com seu oponente, Arimã, que 
representa o mal sobre o universo. Pelo fato de estarmos falando de semitismo, não 
vamos entrar no assunto do zoroastrismo, mas, fica a dica para pesquisa e leitura, com 
intuito de agregar conhecimento. 
 
Outro expoente na fé monoteísta é o componente e didático manifesto através 
da Torá, a qual, possui, uma versão escrita e oral, divisão, esta, que divide grupos judeus 
até hoje. A Torá é o pilar do judaísmo. Ela abrange todos os fundamentos, leis e 
ensinamentos do judaísmo. O Pentateuco é a Torá, e esta é, como conceituado a Torá 
Escrita, ou Torah she-Bichtav. Deus também transmitiu a Moisés, a parte oral da Torá, a 
Torah she-Be’alpeh, que consiste das interpretações e explicações dos mandamentos da 
Torá Escrita. Segundo se crê no judaísmo pelos seus principais grupos, a Torá oral é 
revelada na Torá escrita, claramente. 
Conhecendo, agora, estas três faces do judaísmo, Fé Monoteísta, Torá e 
Diáspora, podemos buscar, também, a compreensão destes elementos para o progresso 
judaico. Ambos estão intrinsecamente ligados e completando-se no intuito de 
fortalecimento da religião dos judeus. 
A Diáspora foi um martírio para os indivíduos judeus, mas, foi o veículo de 
propagação de um modelo de fé que o mundo não conhecia de fato. A Torá é a “cereja 
do bolo”, pois, ela traz o conhecimento ao homem, é uma obra que permite seu uso 
para o crescimento espiritual do indivíduo que a prática, assim, gera testemunho aos 
que estão ao redor, influenciando de maneira positiva e conquistando adeptos. 
Quando estudarmos o Islamismo, veremos, que o povo árabe desejava ter acesso 
a Torá, porém, os judeus, no intuito de não receberem influência em sua raiz, não 
permitiram o acesso dos descendentes de Ismael, assim, Deus, revelou-se ao povo árabe 
através do Alcorão (isto na visão árabe). 
O combustível da expansão judaica, certamente, é a fé monoteísta. Professar um 
único Deus, totalmente soberano, resolveu as questões que outros modelos religiosos, 
panteísmo, politeísmo, entre outros, não conseguiram resolver. No monoteísmo, um 
Deus soberano não precisa prestar contas, pedir, somente o seu desejo e vontade são o 
suficiente para que as coisas aconteçam. 
O fato é que grande população mundial está sendo influenciada, direta e 
indiretamente pela diáspora, que, pode ser considerada finda com a instituição do 
Estado de Israel, pois, agora o movimento mundial é de retorno e, a fé monoteísta tem 
 
seu espaço definido em todas as gerações, bem, como, a Torá será fonte de instrução 
enquanto houver povo judeu. 
Um diálogo bem-sucedido com o judaísmo precisa levar em consideração estes 
pilares imutáveis. Podemos dizer que nestas questões, só deveremos apresentar uma 
atitude de respeito, através da convivência e tolerância, atitudes, que por muitos anos 
não foi seguida e provocou muitos embates regionais e até globais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 PRINCIPAIS CORRENTES DO JUDAÍSMO: ORTODOXO, HISTÓRICO E REFORMADO: 
MOVIMENTO SIONISTA, A SHOAH 
 
Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/image-photo/flag-original-proportions-israel-
silhouette-soldier-573407464Quem é judeu? Esta pergunta tem gerado muita discussão até os dias atuais. Os 
judeus devem ser compreendidos como uma comunidade social, religiosa, nacional ou 
étnica-cultural? A Halaca, traz a resposta através da tradição judaica, e diz, que uma 
pessoa que nasceu de mãe judia ou que se tenha convertido a religião judaica é um 
judeu. Portanto, para ser “judeu” teria que ter descendência, consanguinidade ou 
pertencimento religioso (independente do grupo ou movimento judeu). Essa definição 
não teve adesão total, ela foi posta em xeque no contexto do Holocausto impetrado 
pelos nazistas. Nesta ocasião, em que muita gente de ascendência judaica, mas, que não 
era judeu, segundo a definição da Halaca, foi assassinada, o Holocausto evidenciou 
questões acerca da inclusão e exclusão dentro da comunidade judaica. 
O Estado de Israel, através de sua Corte Suprema, decidiu que um apóstata do 
judaísmo não pode novamente reivindicar cidadania automática como judeu, sob a “Lei 
do Retorno”. Recentemente o movimento Norte Americano da Reforma Judaica tentou 
redefinir o termo JUDEU para incluir, além de convertidos à religião, qualquer pessoa 
cuja descendência judaica possa ser comprovada e atestada, seja essa por via materna 
(os Cohen), seja paterna (askenzin), mas, mesmo nessa última tentativa de definição 
 
permanecem as exigências de se que pratique o judaísmo e se identifique como judeu 
perante todas as sociedades. 
Assim, vemos que já é difícil um consenso único sobre quem é de fato um judeu, 
mas, o mais difícil não é identificar um judeu e, sim, qual a sua corrente filosófica e seu 
posicionamento dentro do judaísmo. 
Ao longo da história mais recente de Israel, os judeus se dividiram em várias 
correntes e desenvolveram vários movimentos. Vimos que os judeus são bem definidos 
quanto à sua fé, sua sacralidade e aprenderam muito com seus movimentos de idas e 
vindas nos exílios e na última diáspora. 
Vamos conhecer, alguns dos movimentos, ou correntes do judaísmo, lembrando, 
que estamos nos referenciando aos grupos de maioria, que tem expressão dentro ou 
fora do território do Estado de Israel. 
O que é um judeu ultra ortodoxo? 
Consiste em um dos três grandes ramos do judaísmo e caracteriza-se pela 
observação rigorosa de costumes e rituais em sua forma primitiva e tradicional, segundo 
as regras estabelecidas na Torá e no Talmud. 
O judaísmo ultra ortodoxo, também se subdivide em duas ramificações: A 
Ortodoxa Moderna e a Ultra Ortodoxa. 
Os judeus ortodoxos representam 15% da comunidade internacional, são 
radicais e não reconhecem sinagogas e rabinos não ortodoxos. 
Quero que você analise agora, a “Crença” dos judeus ortodoxos, isso é muito 
importante, pois, nos norteia aos acontecimentos globais envolvendo Israel e o motivo 
pelo qual eles ocorrem. Observe o quadro abaixo: 
 
Quadro 1 - JUDEUS ORTODOXOS - CRENÇAS 
CRENÇAS DOS JUDEUS ORTODOXOS: 
 
● Torá e suas leis são divinas e foram transmitidas por Deus a Moisés, são eternas e 
inalteráveis. 
● Há uma lei oral no judaísmo, que contém a interpretação oficial das seções legais da 
Torá escrita e também é divina em virtude de ter sido transmitida por Deus a Moisés 
juntamente com a lei escrita, como incluído no Talmud, Midrash (Forma de interpretação 
da Torá) e numerosos textos relacionados, todos intrínseca e inerentemente ligados com 
a lei escrita da Torá. 
● Zohar (uma coleção de comentários místicos sobre a Torá) fontes da Cabalá (é um 
método esotérico, disciplina e escola de pensamento no misticismo judaico) que são 
fontes importantíssimas para o povo Judeu 
● Segulot (orações ou rezas) que são os encantos protetores, que são para fins como 
inveja, risco de vida, prosperidade, casamento e etc... 
● Ética dos Pais ensina como os Judeus devem lidar com os seus filhos 
● Não se aceita Jesus como salvador 
● Auto responsabilidade pelos atos cometidos e não culpas atribuídas ao "Diabo" 
● sem crenças ao Inferno 
● Crenças no mundo vindouro 
● Hashem é único como o Shemá Israel fala 
● O messias, de acordo com este ramo do judaísmo, ainda virá. Não creem em Yeshua, 
ou Jesus (como é denominado em língua portuguesa) como o ungido e filho de Deus. 
● O Mashiach (messias) deverá ser da casa de David e virá após a vinda de Elias 
● O beit hamidrash (sala de estudos) será construído na vinda de Mashiach (messias) 
Fonte: MIDRASH. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. [1] 
 
Entendemos que muito do que vai divergir dentro do judaísmo, pelo menos em 
boa parte dele, é o tema “Messias”, “Diabo” e “Responsabilidade para com o Ensino 
Religioso”. 
Se os ortodoxos são judeus conservadores, o que podemos entender sobre os 
ultra ortodoxos? 
O judeu ultra ortodoxo é conhecido como “haredi”. Este é resistente à mudança 
e abrandamento das leis judaicas. Ele mantém o embelezamento das leis com sua 
diferenciação de outros povos como vestimentas e costumes fortes, entre outras 
palavras, são adeptos de usos e costumes, tradição e rituais imutáveis. Em algumas de 
suas correntes encontramos um diálogo contra a existência do Estado de Israel e, 
 
obviamente, contra o sionismo porque para estes grupos um Estado Judeu só pode 
existir com o “advento da vinda do messias”. 
Há uma corrente pequena chamada Neturei Karta, que é antissionista. 
Na ultra ortodoxia judaica, o mais importante é saber suas correntes, assim, 
temos uma dimensão onde o judaísmo tem sido radical e porque tantas divergências 
políticas contra os haredis. 
Acompanhe a tabela a seguir: 
 
Tabela 1 - OS JUDEUS HAREDI 
SUBDIVISÕES DA ULTRA ORTODOXIA JUDAICA (JUDEUS HAREDI): 
● Litaiim ou Mitnagdim - Este é o grupo maior e o mais homogêneo entre os 
haredim. Esta linha teve a Lituânia como seu grande foco inicial, mas 
existia em toda a Europa. Pode-se reconhecê-los por sua vestimenta. 
Normalmente usam terno escuro com blusa branca, kipá preta e, sobre 
ela, chapéu de aba reta. Diferentemente dos hassidim, que usam capota, 
chapéus diferentes, alguns de pele, etc... Este grupo é o grupo do “contra” 
o judaísmo espiritualizado e místico. 
● Hassidim – É um dos maiores grupos dentro dos ashkenazi e é originário 
da Ucrânia. Também são conhecidos pelas suas vestes, mas, para 
diferenciar os diversos grupos dentro de seu próprio grupo. São aqueles 
judeus que usam chapéu de pele, os quais, cada tamanho designa o 
grupo ao qual pertence. 
● Haredim sefaradim – São judeus originários da península Ibérica 
(Espanha e Portugal), possuem hábitos diferentes dos outros ashkenazin 
do restante da Europa. Também se subdividem em três grupos. 
● Haeda Hacharedit e Neturei Karta – São totalmente contra o Estado de 
Israel, não recebem sequer verbas e são totalmente contra o sionismo. 
● Haredi Moderno - É um pequeno grupo entre os haredim, mas tem 
crescido muito, principalmente nos Estados Unidos. Em Israel, este grupo 
 
não tem uma presença forte na comunidade haredi. Mantém o padrão 
religioso, mas, não deixam de ter os luxos do mundo moderno. 
Fonte: Enciclopédia Britânica. Disponível em: https://www.britannica.com/. Acesso em: 05 abr. 2022. 
 
O judaísmo histórico é o judaísmo que surge desde o início e que tanto tratamos 
até agora. Uma religião que mantém não somente os princípios como a tradição nos 
ritos. A inflexibilidade no desenvolvimento das práticas culturais. 
E o Judaísmo Reformado? 
Surgido em 1801, na Alemanha, através do comerciante Israel Jacobson, com o 
intuito de tirar os judeus da margem da sociedade, onde, só exerciam a profissão de 
comerciante. Jacobson, motivado pelo movimento protestante da época, aproximou os 
judeus locais dos cristãos, afim, dos mesmos interagirem entre si e a cultura judaica não 
ser mais uma barreira para a aceitação dos judeus na sociedade local. Jacobson 
introduziu uma nova dinâmica nos cultos judaicos, introduziu órgão de tubo, coral, e 
introduziu as crianças judias no ambiente educacional burguês, propiciando

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