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Aula 3. 1. identificar os aspectos externos que caracterizaram o contexto de crise internacional que afetou o milagre brasileiro; 2. identificar os aspectos internos que, combinados com aqueles externos, marcaram o seu fim. INTRODUÇÃO. A década de 1970 foi palco de inúmeras mudanças no âmbito mundial. O Brasil, como parte desse contexto, foi fortemente afetado pelas transformações externas. Essas mudanças contribuíram para a conformação de um quadro desfavorável para a continuidade do milagre econômico brasileiro. Alguns fatores internos também contribuíram para a definição desfavorável para a continuação do milagre. A CONFIGURAÇÃO DA CRISE EXTERNA NA DÉCADA DE 1970. Por um lado, em vários países já era possível observar que o crescimento da produção por vários anos consecutivos aumentou seguidamente a demanda por força de trabalho, apesar do uso cada vez mais intensivo de tecnologia. Com a queda na oferta da força de trabalho e mantidos os níveis elevados da demanda, houve um desequilíbrio no mercado, e as organizações trabalhistas aproveitaram essa situação para obter aumentos extras de salário. Por outro lado, começou a ser registrada uma queda no ritmo de crescimento da produtividade da força de trabalho. Isso era uma conseqüência do esgotamento do padrão tecnológico desenvolvido durante a guerra e adaptado ao processo produtivo no pós-guerra. Podemos dizer que os níveis tecnológicos (padrões tecnológicos) que estavam sendo utilizados não eram mais suficientes para garantir o crescimento da produtividade da força de trabalho. Como resultado dessas duas forças, o equilíbrio se rompeu. A queda do ritmo de crescimento da produtividade, combinada com o aumento dos salários, resultou na impossibilidade de manter as taxas de lucro crescentes. Outro fator decisivo para a configuração do quadro de crise da década de 1970 foi a crise do petróleo. A OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), preocupada com a possibilidade de esgotamento das suas reservas, decidiu diminuir a extração daquele mineral não-renovável. A redução da oferta, combinada com a manutenção da demanda mundial, fez explodir os preços do barril de petróleo, iniciando assim, em setembro de 1973, a chamada “crise do petróleo”. Com a elevação do preço do petróleo, a principal matéria-prima do mundo industrializado e principal fonte de energia para a produção de bens e serviços, houve um aumento generalizado dos custos de produção. Esse aumento de custos, quando repassado para o preço final do produto, desencadeou um processo inflacionário no mundo. Os países importadores de petróleo tiveram o valor das suas importações aumentado. Isso provocou desequilíbrio na balança comercial e no balanço de pagamentos, que os fez recorrer ao mercado internacional para obter empréstimos para cobrir esses déficits, aumentando suas dívidas externas. Quando muitos países buscaram dinheiro no mercado internacional, a liquidez internacional (a disponibilidade de recursos financeiros no mundo) diminuiu. Como conseqüência, aumentaram os juros cobrados no mercado As balanças comerciais dos países foram afetadas tanto diretamente, em função do aumento direto dos preços do petróleo, como indiretamente, em função do aumento dos preços de outros produtos que importavam (matérias-primas, insumos, manufaturados etc.) – produtos esses que utilizavam nos seus processos produtivos algum insumo derivado do petróleo. Indique pelo menos dois fatores que contribuíram para a configuração do quadro de crise externa da década de 1970, que afetaram o milagre brasileiro. • O esgotamento dos exércitos de reserva da força de trabalho, que fez desequilibrar o mercado de trabalho e aumentar os salários. • A queda no ritmo de crescimento da produtividade, que inviabilizou o consenso político, na medida em que inviabilizou o crescimento simultâneo de salários e lucros. • O esgotamento da capacidade do padrão tecnológico do pós-guerra de contribuir para aumentar a produtividade. • A crise do petróleo, que desencadeou aumentos dos custos de produção e a inflação mundial. ASPECTOS INTERNOS DA CRISE DO MILAGRE BRASILEIRO. No início da industrialização brasileira na década de 1930 até a década de 1950, predominaram as indústrias de menor porte, produtoras de bens de consumo popular (produtos alimentícios, fumo, bebidas). A partir daí passaram a predominar as indústrias de maior porte, produtoras de bens de consumo duráveis, de materiais elétricos e de transporte. Para atuar nesses novos ramos produtivos, os capitalistas precisavam de um volume maior de capital. Esse volume maior de capital acabou por se constituir numa barreira à entrada de muitos empresários nesse novo mercado produtor. Como conseqüência, a estrutura produtiva industrial brasileira ficou mais monopolista e menos competitiva. Para esse crescimento acelerado, o Estado, mais uma vez na trajetória da industrialização brasileira, deu uma importante parcela de contribuição: ele se responsabilizou pelos investimentos necessários para a construção e o melhoramento de infra-estrutura rodoviária, portuária, de armazenagem e de energia elétrica. Procedendo dessa forma, o Estado promovia uma forte socialização dos custos e proporcionava economias externas às empresas privadas. Para esse crescimento também houve uma importante contribuição do capital externo. Esse capital que entrou no Brasil sob a forma de tecnologia permitiu aos capitalistas nacionais aumentar a produtividade e o lucro.
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