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1. Crise internacional e ajuste nacional: o II PND Objetivos: Estabelecer quais as principais consequências para os países da periferia capitalista dos diversos distúrbios associados ao esgotamento do ciclo longo de crescimento e ao questionamento da hegemonia americana. O Plano Nacional de Desenvolvimento preserva o crescimento e amplia a diversificação da estrutura produtiva. Crise do Regime de Bretton Woods A segunda metade da década de 70 marca o fim do ciclo de prosperidade capitalista, marcado pela ordem do dólar. A desestruturação da ordem econômica corresponde a diversos fatores, sejam eles monetários-financeiros ou produtivos, nos planos domésticos e internacional. Uma característica desse período é o crescimento dos salários e lucros, devido ao crescimento do produto e produtividade, o que possibilitou a expansão de fontes de dinamismo. Assim cria-se uma nova barreira, devido à queda do ciclo de inovação e consequente diminuição do ritmo de incorporação de progresso técnico. A diminuição do progresso técnico rompe a regra de equilíbrio entre salário e produtividade que mantinha inalterada a distribuição de renda. Assim, somando a crise dos preços de petróleo, houve a diminuição do lucro e desestímulo ao investimento. O próprio crescimento econômico criou os obstáculos à sua continuidade. A perda de dinamismo poderia ter sido contrariada caso outros componentes da demanda agregada, como o comércio internacional e gastos do governo tivessem ampliado expectativas de lucro. Essas foram as principais fontes de crescimento por meio da criação de novos mercados. No comércio internacional, a internacionalização de grandes empresas, principalmente em países centrais e posteriormente, em países periféricos, ampliou o crescimento através da criação de mercados. Esse processo teria que difundir o conjunto de setores industriais pesados do centro para as periferias, para atuar como elemento dinamizador. Porém, devido as limitações tecnológicas, criou-se barreiras para trazer o padrão do centro para a periferia. As limitações do lado da expansão do comércio internacional não eram somente referentes à incorporação periférica. O cambio fixo trouxe desequilíbrio ao balanço de pagamento. Do ponto de vista interno às economias centrais, as tentativas de assegurar o dinamismo da demanda agregada através de gastos púbicos se viram limitadas, criando déficits fiscais, resultado da aceleração inflacionária e da ampliação da carga de juros. O período pós-73 é marcado por déficits públicos nos países centrais e também menos sensibilidade do setor privado aos gastos públicos. A expansão do euro mercado deu origem a um importante ciclo de crédito internacional e, na segunda parte dos anos 70, grande parte desse recurso foi utilizado para o financiamento das contas deficitárias dos países periféricos. O crescimento dos empréstimos foi viabilizado por importantes inovações que permitiram reduzir os riscos individuais dos bancos. Da perspectiva dos países subdesenvolvidos, há dois fatos graves: o primeiro choque de preços do petróleo e o aumento das taxas de juros nominais. Assim, os países periféricos não produtores de petróleo sofreram com o aumento dos preços de bens produzidos nos países centrais, sem ter o aumento dos preços de bens exportados. A particularidade da resposta brasileira: o II PND O Plano consistia de um amplo programa de investimentos cujos objetivos eram transformar a estrutura produtiva e superar os desequilíbrios externos. Há 3 correntes de interpretação desse plano: visão ortodoxa, na qual a estratégia política econômica é vista como evasão ao ajustamento; uma interpretação estruturalista, onde o período é visto como um ajustamento estrutural e, uma vertente que critica a inadequação e o fracasso do ajustamento estrutural. Ortodoxa: Malan & Bonellii e Fishlow assinalam o retardamento do ajuste às novas condições internacionais, tornando a economia nacional mais vulnerável aos choques externos. Segundo os autores, o período pós 74, comparado ao milagre econômico, revela três distinções importantes: perda de dinamismo do setor industrial; efeitos danosos do primeiro choque do petróleo sobre o BP e a recessão e aceleração inflacionária na economia mundial. Há um ponto em comum nos dois períodos: a grande expansão da liquidez internacional. A manutenção da do crescimento às taxas históricas durante o período só foi possível com o recurso ao endividamento externo, que retardou o ajuste da economia à nova situação internacional. A elevação dos preços do petróleo e deterioração dos termos de troca criaram um déficit na BC, ao mesmo tempo que se elevavam as taxas de juros e aumentava os encargos da dívida, ampliando o déficit em transações correntes. Diante do desequilíbrio do BP, três alternativas eram possíveis:Apesar de atrasar o ajustamento, atendia a estratégia de legitimar o regime militar · Reduzir a demanda doméstica mediante o ajuste recessivo clássico; · Expandi-la à custa de um endividamento externo maior; · Comprimir o consumo em favor do investimento. Por que o Brasil não se ajustou melhor a deterioração da situação externa? Quais as fragilidades da estratégia de política econômica de substituição de bens? Contradições ao plano: · Subestimação da crise do petróleo · Agravamento do curto prazo do BP · Ênfase excessiva do papel do Estado como protagonista de projetos. Ao optar pelo crescimento acelerado, o governo teve que lidar com problemas do período anterior, como uma indústria ociosa, depreciação da taxa de cambio, alta inflação e matriz energética dependente de petróleo. Assim, o crescimento só foi possível devido o financiamento externo, por permitiu manter a taxa de cambio apreciada, evitando inflação. Portanto, a custa do endividamento externo o Brasil conseguiu isolar-se da inflação e assegurar uma taxa significativa de crescimento do investimento. Estruturalista: Castro & Souza, para eles, a resposta brasileira à crise de 74 não restringiu ao manejo do nível e composição do gasto doméstico, mas atuou sobre a força de formação de capital eliminando a atrofia dos setores de bens de capital e insumos básicos buscando superar a crise e o subdesenvolvimento. O ajustamento estrutural que ocorreu em 74-79 constitui um ponto de ruptura, dando às industrias de capital-intensivas capacidade de competitividade internacional. Crítica: segundo Lessa, o Brasil apresentava um ciclo de desaceleração, resultado o excessivo investimento durante o milagre-econômico. A mudança de eixo dos investimentos para a indústria pesada, traz conflitos com o foco anterior, o de bens de consumo duráveis. Destaques para o insucesso: · Recurso extremo do financiamento > endividamento externo. · Elevação da capacidade ociosa no setor de bens de capital sob encomenda (devido a exigir grandes taxas de poupança). Problemas centrais do II PND: · Momento em que foi criado > desaceleração da economia doméstica após o auge do ciclo e conjuntura internacional em recessão. · O plano ocorreu baseado em financiamento externo. Sendo assim, com exceção de Castro & Silva, todos os autores apontaram: · Momento de realização · Financiamento Externo · Questão energética · Manutenção do crescimento acelerado. Concepção e significado histórico do II PND A estratégia o plano era dividido em quatro eixos: · Modificação na matriz industrial; · Mudança na organização industrial; · Desconcentração regional da atividade produtiva; · Melhoria na distribuição da renda. Do ponto de vista de concepção, o II PND baseou-se no desenvolvimento de modificações da estrutura produtiva, investindo em bens de capital e bens intermediários. E também transformações nas matrizes energéticas e de transporte, afim de que as mesmas criassem demanda capaz de viabilizar novos segmentos da indústria de bens de capital. Distinção das alternativas básicas de crescimento: No caso da substituição de importações, a dinâmica econômica seria ditada pela internalização de segmentos relevantes na indústria, que, a longo prazo, diminuiria o coeficientede importação. Na exportação, a competitividade permitiria que os mercados externos adicionais respondessem pelas decisões de investimento. Em contrapartida, temos a hipótese do ciclo endógeno, onde o investimento estaria determinado pelo crescimento do mercado doméstico. Na substituição de importações, o estrangulamento da capacidade de importar induz a internalização da oferta. Assim, os mercados preexistentes que determinam os responsáveis pelas decisões de investimento. Na exportação, a formação de nova capacidade produtiva faz-se em razão de mercados externos, supondo um superávit comercial. No ciclo endógeno, as decisões dos gastos capitalistas e do estado que motivam a ampliação da capacidade produtiva. Porém, no II PND não houve nenhuma diminuição do coeficiente importado, muito menos a ampliação do coeficiente exportado.
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