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1 Direito Penal - Notas preliminares

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DIREITO PENAL - NOTAS PRELIMINARES
IZABELLA F. REIS - 3° PERÍODO 2022/01
O Brasil, desde sua independência, utilizou-se a expressão Direito Criminal uma única vez, em seu Código de 1830 - Código Criminal do Império. Sendo adotado a denominação Código Penal para o conjunto de normas, unificadas em um só documento, que define os crimes, proíbe ou impoẽ condutas, sob a ameaça de sanção para os imputáveis e medida de segurança para os inimputáveis. 
Como também, a criação de normas de aplicação geral, dirigidas para toda a legislação, desde que esta não disponha expressamente de forma contrária, conforme previsto no art. 12 da Parte Geral do Código Penal. 
Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso.
Conceito de Direito Penal.
O Direito Penal é conceituado como um conjunto de normas jurídicas estatais, impondo sanções caso haja violação, através da aplicação de penas e medidas de segurança, sendo a maneira do Estado de proteger os direitos fundamentais, ou seja, os bens jurídicos, sendo que o conceito varia conforme a escola criminológica.
Além do mais, é o último grau do ordenamento jurídico brasileiro (ultima ratio), só se justificando na efetiva proteção dos direitos fundamentais, como a vida, liberdade, igualdade, segurança e propriedade, agindo como um sistema de interpretação da legislação penal.
Características do Direito Penal.
O Direito Penal apresenta os seguintes caracteres:
a) é um ramo do direito público, isso pois quem é detentor do poder de punir é o Estado;
b) é uma ciência cultural, normativa e finalista, pois as normas encontram-se sistematizadas em princípios, se submete às leis humanas e o jurista concentra-se sobre o direito positivo;
c) é fragmentário, por eleger pontos essenciais, recaindo a criminalidade apenas sobre os fatos contrastantes dos valores mais elevados do convívio social;
d) de caráter sancionatório, por vislumbrar um complexo de normas que reforçam à tutela de valores pertencentes a outros ramos do direito;
e) seu método é o técnico-jurídico, que se desenvolve em três etapas: exegese (interpretação), dogmática (elaboração sistemática dos princípios) e sistema (classificação e organização dos princípios e normas). A lei deve ser interpretada de acordo com os fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum (art. 5º da LINDB). 	Comment by Izabella Reis: Art. 5o Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum.
Finalidade do Direito Penal.
Tem como finalidade a proteção dos bens jurídicos mais importantes e necessários para a própria sobrevivência da sociedade, através da aplicação e execução da pena, sendo, esta última, instrumento de coerção. 
A tutela dos bens se dá não por conteúdo patrimonial, mas sim do ponto de vista político. Isso pois o direito está em constante evolução, assim, os bens que são de extrema necessidade hoje, podem não ser amanhã, descartando-se a tutela.
Por fim, uma das finalidades é também a manutenção da paz social, por meio da garantia de vigência da norma, como ordem que deve reinar na vida comunitária.
Bens jurídicos-penais.
A escolha dos bens a serem protegidos é feita pelo legislador, mesmo que haja forte conotação subjetiva natural da pessoa humana, sendo a Constituição Federal a primeira fonte de pesquisa, isso pois a mesma consagra valores como a liberdade, segurança, bem-estar social e a justiça.
Por fim, a Constituição Federal cumpre dupla função, a primeira de orientar o legislador e a segundo de impedir que ele proíba ou imponha comportamentos que violam os direitos fundamentais da pessoa humana. 
Direito Penal objetivo e subjetivo.
O Direito Penal Objetivo refere-se ao conjunto de normas editadas pelo Estado, ou seja, aquelas que definem crimes e contravenções, impondo ou proibindo condutas sob a ameaça de sanção ou medida de segurança. 
Por fim, o Direito Penal Subjetivo é a possibilidade que o Estado tem de criar e fazer cumprir suas normas, ou seja, por meio de decisões condenatórias, sendo ele o próprio ius puniendi, assim, caso um determinado agente pratique um fato típico, antijurídico e culpável, o Estado tem o dever-poder de iniciar a persecutio criminis in judicio, sendo reservado ao particular o ius persequendi, ou seja, o direito de vir a juízo e pleitear a condenação de seu suposto agressor, mas não o de executar, ele mesmo, a sentença condenatória. Se divide, ainda, em positivo, capacidade de criar e executar normas penais, e negativo, poder de derrogar preceitos penais ou restringir seu alcance. 
Direito Penal comum e especial.
O Direito Penal comum refere-se a todas as normas pertencentes ao Código Penal, já o especial trata daquelas que não fazem parte do referido Código, mas é de cunho penal, como por exemplo a Lei das Contravenções Penais.
Códigos penais do Brasil.
O Brasil editou, durante a sua história, os seguintes Códigos:
Códigos do Brasil
Código Penal dos Estados Unidos do Brasil - 1890
Código Penal - 1984
Código Penal - 1969
Código Penal - 1940
Consolidação das Leis Penais - 1932
Código Criminal do Império - 1830
Único a ser chamado de Criminal
Publicado, mas não entrou em vigor
Reforma da parte geral do Código de 1940
O atual Código Penal é composto por duas partes: geral (art. 1° ao 120) e especial (arts. 121 a 361), onde a primeira parte é destinada à edição de normas orientadoras da verificação da ocorrência, ou seja, o que é o delito, o tempo do crime, conduta do agente, nexo de causalidade entre outras. Já a parte especial, mesmo que tenha normas explicativas, preocupa-se com a definição de delitos e comina as penas.
É interessante salientar que no Código Penal o legislador preocupou-se em informar, por meio de indicação marginal ou rubrica, a matéria que se refere ao artigo, como por exemplo no art. 1° em que utilizou a expressão: “anterioridade da Lei”.
Movimentos Penais.
· Abolicionismo penal: 
Refere-se a um movimento de fundo filosófico que prega a completa abolição do Direito Penal, seus maiores expoentes são: Louk Hulsman (Holanda), Thomas Mathiesen e Nils Christie (Noruega) e Sebastian Scheerer (Alemanha). 
Trata-se do rompimento da cultura punitiva da sociedade e de uma revolução no tratamento do sistema de justiça criminal. A pena privativa de liberdade atua como verdadeira “escola do crime”, agravando a questão da criminalidade.
Defendendo a descriminalização de condutas ilícitas de menor gravidade, em relação às quais deveriam ser adotados métodos conciliatórios, indenizatórios e pedagógicos, e a adoção de penas alternativas em relação aos delitos mais graves, em substituição às penas privativas de liberdade.
· Garantismo Penal:
Trata-se de um movimento que prega um modelo de Direito Penal voltado ao respeito intransigível aos direitos fundamentais à Constituição. Funda-se em dez princípios:
1. princípio da retributividade: não há pena sem crime;
2. princípio da legalidade: não há crime sem lei;
3. princípio da necessidade: não há lei sem necessidade;
4. princípio da lesividade: não há necessidade de punir sem que haja efetiva lesão ou perigo de lesão a bens jurídicos;
5. princípio da materialização do fato: não há lesão ou perigo de lesão a bens jurídicos se não houve conduta;
6. princípio da culpabilidade: não se pune conduta sem que haja culpabilidade;
7. princípio da jurisdicionalidade: não se reconhece a culpabilidade sem o devido processo legal;
8. princípio acusatório: não há devido processo legal sem acusação formal;
9. princípio do encargo da prova: não há acusação formal e válida se não acompanhada de provas;
10. princípio do contraditório: não se admitem provas sem que tenha havido defesa. 
Seu maior expoente é Luigi Ferrajoli. O garantismo penal resulta num Direito Penal Mínimo, em que a Constituição figura como limite intransponível à atuação punitiva do Estado.
· Movimento Lei e Ordem: 
Tem como fonte inspiradora a política criminal norte-americana, onde foi adotado apolítica de “tolerância zero”, resultando na abordagem “Direito Penal Máximo”. Defende a criminalização do maior número possível de condutas e a adoção de penas mais severas em geral.
Sustentam que a intervenção punitiva estatal deve ter início com a prática das mais leves infrações, pois a sensação de impunidade que advém da falta de atuação do Estado em relação a estes delitos acaba, posteriormente, estimulando a prática de delitos mais graves pelos mesmos criminosos.
· Funcionalismo penal:
Esse movimento tem por objetivo vincular a dogmática penal aos fins do direito penal, ou seja, procura explicá-lo a partir de suas funções, inovou ao defender que a ciência penal não deve encarar o crime apenas sob a ótica das leis postas (direito positivo), mas também pelo prisma da política criminal.
· Direito penal do inimigo: 
De acordo com essa teoria, deve haver diferenciação entre a legislação penal aplicável ao cidadão comum que comete um delito e aquela que deve ser aplicada a quem se enquadrar na definição de inimigo.
Ao primeiro, deve ser aplicada uma legislação garantista, com a plena observância das garantias fundamentais. Ao inimigo, deve ser reservada uma legislação de exceção, com redução ou supressão de algumas garantias constitucionais, porque, em casos extremos, a situação é equivalente à de um estado de guerra. Portanto, o “inimigo” é aquele que não aceita se submeter às regras sociais impostas a todos.
Referências bibliográficas.
ESTEFAM, André Araújo L. Direito Penal - Vol. 1. [Digite o Local da Editora]: Editora Saraiva, 2022. E-book. ISBN 9786555596540. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555596540/. Acesso em: 25 fev 2023.
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: artigos 1º a 120 do Código Penal. v.1. São Paulo: Grupo GEN, 2022. E-book. ISBN 9786559771493. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786559771493/. Acesso em: 25 fev 2023.

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