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DIREITOS FILOSOFIA OAB 37

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Prof. Douglas Azevedo 
 
 
 
 Queridos alunos, 
 
Cada material da Revisão Turbo foi preparado com 
muito carinho para que você possa absorver, de forma 
rápida, conteúdos de qualidade! 
 
Lembre-se: o seu sonho também é o nosso! 
Esperamos você durante as aulas da Revisão Turbo! 
 
 
Com carinho, 
Equipe Ceisc ♥ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
3 
 Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem 
 Filosofia do Direito 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. Contratualismo 
 
 
Os autores a seguir analisados (Hobbes, Locke e Rousseau) buscam explicar o surgimento 
da entidade estatal ou, mais precisamente, o motivo de os homens abrirem mão de parte de sua 
liberdade, conferindo poderes a um grupo seleto de indivíduos – quer dizer, analisam o surgimento 
dos Estados e as relações de poder. Para tanto, todos partem de um mesmo ponto: um Estado de 
Natureza no qual o homem se encontrava antes do surgimento do Estado. 
 
1.1 Thomas Hobbes 
O ponto de partida para Hobbes é o Estado de natureza, quer dizer, um momento anterior ao 
surgimento do Estado e da sociedade. Nesse momento, o autor entende que os homens, imbuídos 
de um forte senso de autopreservação, viviam num estado de guerra de todos contra todos, no qual 
imperava a insegurança e o medo, razão pela qual afirmou ser o homem o lobo do próprio homem. 
Para romper esse estado de insegurança, os homens se juntam e, por um ato de vontade, 
celebram o contrato social (que, como contrato celebrado, deve ser cumprido), pelo qual transferem 
seus direitos e liberdades a outro homem, que passará a governar todos, criando mecanismos para 
proteger o direito à vida. 
O Estado, portanto, deveria ser forte e com o poder centralizado. logo, o autor defende a ideia 
de um estado absolutista, pois seria o mais apto a impedir o retorno ao Estado de Natureza. Nota-
se, pois, que o direito passa a efetivamente surgir após a estrutura estatal estar consolidada. Ao 
súdito deste poder absoluto caberia, assim, o dever de obedecer aos comandos do soberano (ideia 
de liberdade dos súditos). 
 
1.2 John Locke 
O Estado de natureza também é o ponto de partida, mas, diferentemente do modelo 
 
4 
 Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem 
 Filosofia do Direito 
 
hobbesiano, para Locke o homem tende a ser bom e viver bem. Existem alguns direitos no Estado 
de natureza (direitos naturais), a saber: a vida, a propriedade privada, a liberdade. Tem-se, pois, a 
adoção de uma visão jusnaturalista, na qual já existiam direitos na natureza derivados da razão 
humana, mesmo antes do surgimento do Estado. 
O trabalho era o critério para a propriedade de terras. Eventualmente poderia haver disputas, 
configurando um estado de guerra temporário. Seria, portanto, interessante haver uma instituição 
para julgar as disputas, prevenir abusos, punir os que descumprem as leis naturais etc. 
Surge, assim, o contrato social e, com o consentimento das partes, há a cessão de direitos 
ao Estado com o intuito de se poder criar as próprias leis, um sistema coercitivo e instituir juízes 
imparciais. A ideia, portanto, é a de melhorar algo que já era bom. 
Assim, modelo de governo = democracia representativa; papel do Estado = garantia das 
liberdades individuais. 
Por fim, vale destacar o direito de defesa proposto por Locke. Para o autor, se o governo 
representante não garante à população os direitos de liberdade e a propriedade privada, o povo pode 
contra ele se insurgir. 
 
1.3 Rousseau 
No Estado natural de Rousseau, o homem é bom; ele era solitário (grupo familiar, no máximo) 
e os indivíduos respeitavam a liberdade uns dos outros. O eventual crescimento populacional acaba 
por instituir o chamado Estado de sociedade, no qual alguns homens tomam para si propriedade, 
dando início a uma sociedade desigual e corrompida. As leis protegem os ricos etc. Há, portanto, a 
corrupção do homem pela sociedade. Não há liberdade, pois só alguns fazem as leis. 
O contrato social seria celebrado para se sair desse Estado de sociedade para um novo 
modelo. Para isso, seria necessário romper a alienação inicial dos oprimidos e instaurar um modelo 
de democracia participativa pautada na ideia de vontade geral – entendida como o substrato das 
vontades coletivas; o interesse comum “norteando” a sociedade; o que cada homem quer em 
comum com seus semelhantes. 
 
 
 
 
 
5 
 Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem 
 Filosofia do Direito 
 
 
 
 
2. Teorias Éticas – Kant e Utilitarismo 
 
 
 
2.1 Immanuel Kant 
Kant era Iluminista, ou seja, buscava romper com a moralidade anterior que tolhia a liberdade 
dos indivíduos. Para tanto, Kant vai tentar elaborar uma teoria da moralidade fundada na razão – 
caráter universal (vale para todo o mundo). 
Em sua obra, Kant aborda a questão da ética da moral, bem como aspectos jurídicos e políticos, 
sobretudo sob a lógica de como orientar nossa ação. Nesse contexto é que o autor apresenta os 
imperativos. Estes (que são os princípios) podem ser hipotéticos (inclinações – sede, fome, desejo, 
etc) como categóricos (baseados na razão). Nesses últimos, a ação passa a ser um fim em si mesma 
– é o certo a ser feito, é o puro dever. 
Transcrevendo os imperativos categóricos de Kant temos: 
“Age de modo que a tua ação possa se tornar uma lei universal.” 
“Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer 
outro, sempre e simultaneamente como fim e nunca como meio.” 
As coisas possuem preço, as pessoas possuem dignidade. 
Ex.: Por que não mentir? Segundo o imperativo hipotético, alguém pode contar uma mentira 
buscando evitar sofrimento, ou para se livrar de uma situação negativa. Pela lógica do imperativo 
categórico, o indivíduo não deve mentir pois não é o correto; é inviável para uma ordem social que 
as pessoas mintam quando acharem que podem o fazer. Logo, o caráter universal – por meio da 
razão, o ser humano já consegue chegar a esta conclusão, não importa em qual cultura ele esteja 
inserido. Outrossim, a ação só estará conforme a moralidade, para Kant, caso eu não minta por não 
querer mentir; se eu não o faço em virtude de minha boa vontade, e não apenas por medo de uma 
punição. Logo, a boa vontade é elemento fundamental na ação moral – o indivíduo deve agir daquela 
forma pois ela é correta, independentemente dos fins. 
Em outras palavras, o agente, ao agir, precisa querer o resultado bom, e não agir apenas por 
interesse pessoal. A ação é boa independente dos fins que se alcança com ela. Essa boa vontade, 
portanto, não deve ser afetada pelas inclinações, mas sim pela vontade de agir por dever. 
Exemplo de boa vontade: O comerciante que pratica preços justos por receio de que, caso 
 
6 
 Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem 
 Filosofia do Direito 
 
cobre valores elevados, acabe perdendo clientes para os concorrentes. Embora o resultado seja a 
prática dos preços justos e em conformidade com os demais vendedores, a intenção do comerciante 
está moralmente maculada, pois não o faz pensando ser o certo, seu dever e obrigação, mas tão 
somente para evitar seu prejuízo. Caso esse comerciante exerça preços justos motivado por uma 
noção de dever e obrigação moral, estará, portanto, imbuído de boa vontade. Isso não quer dizer 
que o homem não deva se preocupar com sua felicidade (os imperativos hipotéticos), a questão é 
que esta não pode ser considerada quando a questão permeia a esfera do seu dever moral. É esse 
agir que nos tornaria, portanto, dignos da felicidade. 
A lei, por sua vez, é algo cumprido pelo medo da coação, logo, é externa ao indivíduo. A boa 
vontade, por sua vez, é interna – a vontade de agir de forma ética está dentro do próprio sujeito. 
Por fim, temos que, para Kant, a justiça consiste em agir conforme o imperativocategórico, 
pois ao assim fazê-lo, estamos adequando nossa conduta a uma máxima universal benéfica para 
todos. 
 
2.2 Utilitarismo 
O utilitarismo foi uma corrente filosófica pragmática e consequencialista, isto é, estava 
preocupada com o resultado das ações, e não com os meios. Em outras palavras, o que importa 
são os fins obtidos, e não os meios utilizados para se chegar até eles. 
 
2.3 Jeremy Bentham 
Para Bentham, as ações são boas quando promovem a felicidade (ação moralmente correta) 
e más quando geram infelicidade (moralmente incorreta). Para melhor representar a teoria do autor, 
vale citar o seu princípio da utilidade: toda ação deve ser aprovada/rejeitada conforme tendência de 
aumentar ou reduzir o bem-estar (seu e geral). 
Deve-se, portanto, agir de forma a produzir uma maior quantidade de bem- estar. 
Ex.: cinco pessoas estão amarradas em um trilho de trem e uma pessoa em outro. Um 
indivíduo, puxando uma alavanca, pode escolher matar um ou cinco. Pela lógica utilitarista, 
deveríamos sempre escolher poupar cinco vidas, independentemente de quem fosse essa uma 
pessoa a ser sacrificada. 
Bentham trabalha a ideia, portanto, de quantidade de bem-estar/felicidade como critério para 
a justiça. 
 
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 Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem 
 Filosofia do Direito 
 
2.4 John Stuart Mill 
Trabalha também com a qualidade do prazer, não só a quantidade. 
Em outras palavras, entende que alguns prazeres têm mais valor do que outros, como os 
prazeres do pensamento, do sentimento e da imaginação, que resultam da experiência de apreciar 
a beleza, a verdade, o amor, a liberdade, o conhecimento, a criação artística. Assim, por exemplo, 
se uma grande mansão e uma pequena biblioteca estivessem pegando fogo, deve-se salvar primeiro 
a biblioteca por ser mais importante, mesmo que menor. 
Mill também é um crítico da chamada “ditadura das maiorias” – mostra que, num modelo 
democrático, muitas vezes é possível que o interesse de grupos majoritários seja prejudicial a 
grupos minoritários, os quais devem, portanto, ter seus direitos resguardados pelo direito (ideia de 
caráter contra majoritário do âmbito de proteção). Ou seja, mesmo dentro do cálculo utilitarista, Mill 
entende que violar direitos de uma minoria é pior para o todo. 
 
 
3. Positivismo Jurídico e Jusnaturalismo 
 
 
O positivismo jurídico apresenta-se de diversas formas ao longo da história e por meio de 
diversas escolas. Para nossa prova, vale a pena destacar a escola da exegese, por ser a pioneira 
e por já ter sido diretamente cobrada no exame Positivismo exegético é a tentativa de prever todas 
as condutas humanas nos códigos; a simples aplicação da subsunção, ou seja, o fato se amolda ao 
texto legal. O papel do juiz era o de “juiz boca de lei”, pois apenas identificava o fato e aplicava a lei 
sem qualquer interpretação. Tal modelo, todavia, logo foi entendido como insuficiente, pois 
impossível de se prever todas as condutas humanas em códigos. 
Para além do positivismo exegético, vale pontuar a ideia central das diversas correntes do 
positivismo: a ideia de direito como ciência, o qual recebe validade quando posto pela autoridade 
competente. Assim, se a lei foi criada pela autoridade devidamente incumbida de tal tarefa, e 
submetida ao devido processo legislativo de elaboração, tal lei é válida e eficaz, mesmo que grande 
parte da população a considere injusta ou insuficiente. 
Alguns autores, como Bobbio, ainda vão classificar o positivismo como uma espécie de 
ideologia, pois além de uma teoria, no sentido em que descreve o direito, o positivismo também é 
uma forma de querer o direito - a noção do dever absoluto de se obedecer às leis. 
 
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 Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem 
 Filosofia do Direito 
 
Já no que toca ao jusnaturalismo, temos a ideia de leis naturais que independem de leis 
positivas, ou seja, que existem regramentos na “natureza” e que o ser humano, sendo dotado de 
razão, compreende e segue. Por exemplo, é preciso estar escrito em código penal que matar alguém 
é errado ou o ser humano é capas de compreender, naturalmente, que tal prática é incorreta? 
 
 
3.1 Hans Kelsen 
Kelsen abordou o direito como ciência: se existem leis que explicam a natureza e são válidas 
em todo o mundo, o direito também deveria ter validade objetiva e uma base universal (notamos 
aqui uma certa influência kantiana). Este aspecto é fundamental na compreensão da obra do autor: 
a separação do direito entre o que ele é na prática jurídica (ser) do que ele é como ciência (dever 
ser). 
Kelsen não se preocupa em trabalhar o conteúdo do direito, pois este é relativo (cada país 
tem leis diferentes, logo, impossível de se conceber bases universalmente validas). Logo, direito 
não é aquilo que é justo, mas sim o que é posto por uma autoridade competente. O que Kelsen 
verifica ser universal é a estrutura do direito; sua manifestação normativa (dever ser); a relação de 
imputação que busca tornar válida/inválida uma conduta, entre outros aspectos. 
A seguir, alguns pontos importantes de sua teoria que aparecem na prova. 
 
3.1.1 Modelo Escalonado e Norma Fundamental 
O ordenamento jurídico, para Kelsen, obedece a uma ordem escalonada de validade. Quer 
dizer, as normas inferiores (sentenças, por exemplo) obedecem às normas (leis) e delas adquirem 
sua validade, recebendo, por sua vez, validade da norma superior (a Constituição). 
Assim, o que dá “validade” a um sistema jurídico? Sua Constituição. O que dá validade e 
objetividade a uma Constituição? A constituição anterior. Mas como proceder ante esse retorno 
infinito? Por meio da norma fundamental. 
A norma fundamental é fictícia; pressuposta (pelo intelecto, não pela vontade) – sem ela, o 
retorno infinito só seria explicado por questões alheias ao direito. A Constituição, por sua vez, dá 
objetividade e validade às normas gerais, que, por sua vez, darão objetividade e validade às normas 
individuais. A norma fundamental poderia, por exemplo, ser entendida como o comando de que 
“devemos seguir a Constituição Federal”, muito embora isto não esteja positivado em nenhum lugar 
– logo, pressuposta. 
 
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 Filosofia do Direito 
 
3.1.2 Moldura e interpretação 
Kelsen aponta existirem duas espécies de indeterminação da lei: 
1) Intencional (lei das alternativas a serem escolhidas. Ex.: trabalho comunitário ou prestação 
pecuniária); 
2) Não intencional (plurissignificância das palavras). Para enfrentar os limites da interpretação, 
Kelsen imagina a figura de uma moldura de quadro, que representa o limite dentro do qual 
uma interpretação é válida, limite este estabelecido pelas próprias normas hierarquicamente 
superiores. 
 
 A norma superior = moldura (esfera de ação da norma inferior). Há, assim, dois momentos: 
 
1) Determinação objetiva da moldura colocada pela norma superior, por meio de um ato 
cognoscitivo; 
2) Escolha subjetiva, por meio de um ato de vontade, de uma das possíveis opções 
apresentadas pela norma superior para transformação em Direito positivo. 
 
 Em outras palavras, primeiro o intérprete verificará os limites de aplicação impostos pelas 
próprias normas e, assim, decidirá, e qualquer coisa que decidir dentro desses limites configurará 
uma decisão válida. 
Todavia, caso o magistrado realize uma interpretação fora da moldura, esta também será 
direito, pois se trata de intérprete autêntico. O próprio Kelsen deixa claro em sua obra que, pela via 
da interpretação autêntica (quer dizer, pelo órgão jurídico que a tem de aplicar), também é possível 
se produzir uma norma que se situe completamente fora da moldura que a norma a ser aplicada 
representa. 
 Por meio dessa interpretação, poder-se-ia, então, criar direito não só no caso em que a 
interpretação tem caráter geral, em que, portanto, existe interpretação autêntica no sentidousual da 
palavra, mas também no caso em que é produzida uma norma jurídica individual por meio de um 
órgão aplicador do Direito, desde que o ato deste órgão já não possa ser anulado, desde que ele 
tenha transitado em julgado (KELSEN, 2009). 
É notório que, pela via de uma interpretação autêntica deste tipo, é muitas vezes criado Direito novo, 
especialmente pelos tribunais de última instância. 
 
10 
 Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem 
 Filosofia do Direito 
 
3.2 Herbert Hart 
O que interessa da teoria de Hart para se enfrentar a prova de filosofia do direito reside na 
distinção apontada pelo autor sobre as normas e na questão da indeterminação legislativa. 
Inicialmente, o autor, um dos mais importantes positivistas, entende que um ordenamento jurídico é 
composto por um sistema de normas primárias e secundárias: 
 
 *Para todos verem: esquema 
 
 
 
 
Normas 
primárias 
• São regras de obrigação que impõem condutas ou abstenções. 
 
 
 
 
Normas 
secundárias 
• Surgem para corrigir defeitos das normas primárias. Se dividem 
em: 
a) Modificação 
b) Julgamento 
c) Reconhecimento 
 
 
 
 
As normas secundárias se dividem em: 
 
a) de modificação (disciplinam mecanismos para modificação, revogação ou introdução de uma 
norma primária); 
b) julgamento (que outorgam a determinadas pessoas poder de julgar violações das normas 
primárias); 
c) reconhecimento → legitima o sistema das normas primárias → aceitação social da norma, 
logo, questão fática, não normativa. Atenção especial a esta última informação, pois já foi 
cobrada: no momento em que se fala de aceitação social da norma, abre-se espaço para 
juízos valorativos no universo do direito, razão pela qual o positivismo de Hart é chamado de 
soft (brando). 
 
 
11 
 Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem 
 Filosofia do Direito 
 
Outro ponto relevante para a prova abordado por Hart é a questão da textura aberta do direito 
que ocorrem por dois motivos: 
1) imprecisão linguística na descrição de uma norma prejudicando o método da subsunção e 
do silogismo; 
2) impossibilidade de prever todas as condutas possíveis. 
 
Para o primeiro caso, Hart utiliza como exemplo uma norma que proíbe o ingresso de veículos 
automotores em determinado local, mas, conforme novas tecnologias se desenvolvem, exsurge a 
questão acerca de se novos inventos de locomoção enquadram-se na categoria de veículos 
automotores. 
Muito embora exista tal indeterminação, ainda há grande margem de segurança na maioria 
dos casos, quer dizer, as normas apresentam noção de sentido. Essa noção de sentido é um núcleo 
de sentido fixo, o que, segundo Hart, afasta a ideia de que o direito é o que os juízes dizem. Assim, a 
discricionariedade estaria em um plano intermediário entre arbitrariedade e aplicação literal da lei. 
 
4. Outros temas e teorias de Filosofia do Direito 
4.1 Norberto Bobbio 
Norberto Bobbio, em sua obra Teoria do ordenamento jurídico, destaca que um ordenamento 
precisa, para sua devida manutenção, de três elementos: 
*Para todos verem: esquema 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Unidade
• Norma fundamental que funda e sustenta o sistema.
Coerência
• Ordenamento sistemático - ideia de relação entre as normas.
Completude Coerência
• Possibilidade de que todo caso seja resolvido pelo ordenamento.
 
12 
 Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem 
 Filosofia do Direito 
 
É nesse último ponto que a Fundação Getúlio Vargas (FGV) tem insistido na prova: nas 
lacunas e nas antinomias. 
Lacunas podem ser: 
1) próprias: espaço vazio no sistema; 
2) impróprias: originam-se da comparação do sistema real versus ideal (Ex.: a lei sobre aborto 
brasileiro é injusta se comparada com a legislação alemã sobre o tema). 
 
As lacunas próprias podem ser resolvidas por meio da: 
1) Heterointegração: busca-se alternativa em ordenamento diverso – direito natural, 
internacionais, costume, doutrina etc.; 
2) Autointegração: busca-se alternativa dentro do ordenamento (analogia, princípios gerais do 
direito, interpretação extensiva). 
 
A analogia é utilizada naquelas situações não reguladas de forma expressa pelo legislador, 
momento no qual se devem buscar regras previstas para casos semelhantes, estendendo-se o 
alcance. 
Princípios gerais de direito são aqueles postulados genéricos que, muitas vezes, dão 
fundamento às regras inferiores de um ordenamento jurídico. Importante lembrar que eles fazem 
parte do ordenamento, muito embora nem sempre estejam positivados em um texto. 
Interpretação extensiva é aquela na qual se parte de uma norma e se procura estabelecer 
seu significado e sua abrangência, quer dizer, nos casos em que o legislador disse, no texto, menos 
do que tinha a intenção de dizer. A ideia, portanto, é a de se buscar a real intenção do legislador na 
hora da aplicação. 
As lacunas impróprias só podem ser solucionadas pelo próprio Poder Legislativo, já as 
antinomias são duas normas válidas e vigentes incompatíveis entre si. 
Elas podem ser: 
 
1) aparentes/solúveis: critérios de solução: 
a) critério cronológico: havendo duas normas incompatíveis, prevalece a norma posterior; 
b) critério hierárquico: havendo duas normas incompatíveis, prevalece a hierarquicamente 
superior; 
c) critério da especialidade: havendo duas normas incompatíveis, uma geral e outra 
 
13 
 Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem 
 Filosofia do Direito 
 
especial (ou excepcional), prevalece a segunda. 
 
2) reais/insolúveis: incompatibilidade, “impossível” de resolver. 
 
Outro tema trabalhado pelo autor é a questão da sanção no âmbito do direito. Para Bobbio, 
a sanção pode ser moral (aquela que obriga a consciência dos destinatários da norma, produzindo 
um sentimento de culpa), social (aquela que resulta dos costumes e da vida em sociedade, 
objetivando tornar o convívio social mais fácil) e a sanção jurídica (criada para casos de violação de 
regras estipuladas pelas leis e aplicada por pessoas já determinadas), ou seja, trata-se de sanção 
devidamente institucionalizado. 
 
 
 
 
 
14 
 Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem 
 Filosofia do Direito 
 
 
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 Filosofia do Direito 
 
1) FGV - 2020 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXI - Primeira Fase 
Temos pois definido o justo e o injusto. Após distingui-los assim um do outro, é evidente que a ação justa é 
intermediária entre o agir injustamente e o ser vítima da injustiça; pois um deles é ter demais e o outro é ter demasiado 
pouco.Em seu livro Ética a Nicômaco, Aristóteles apresenta a justiça como uma virtude e a diferencia daquilo que é 
injusto. 
Assinale a opção que define aquilo que, nos termos do livro citado, deve ser entendido como justiça enquanto virtude. 
 
a) Uma espécie de meio-termo, porém não no mesmo sentido que as outras virtudes, e sim porque se relaciona 
com uma quantia intermediária, enquanto a injustiça se relaciona com os extremos. 
b) Uma maneira de proteger aquilo que é o mais conveniente para o mais forte, uma vez que a justiça como 
produto do governo dos homens expressa sempre as forças que conseguem fazer valer seus próprios 
interesses. 
c) O cumprimento dos pactos que decorrem da vida em sociedade, seja da lei como pacto que vincula todos os 
cidadãos da cidade, seja dos contratos que funcionam como pactos celebrados entre particulares e vinculam 
as partes contratantes. 
d) Um imperativo categórico que define um modelo de ação moralmente desejável para toda e qualquer pessoa 
e se expressa da seguinte maneira: “Age como se a máxima de tua ação devesse tornar-se, por meio da tua 
vontade, uma lei universal”. 
 
2) FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXX - Primeira Fase 
 
Um juiz pode dar uma sentença favorável a uma querelante com um rostinho bonito ou proveniente de determinada 
classesocial, na realidade porque gosta do rosto ou da classe, mas ostensivamente pelas razões que apresentar para 
sua decisão. 
 
Assinale a opção que, segundo Neil MacCormick, em seu livro Argumentação Jurídica e Teoria do Direito, apresenta a 
noção essencial daquilo que a fundamentação de uma decisão deve fazer. 
 
a) Dar boas razões ostensivamente justificadoras em defesa da decisão, de modo que o processo de 
argumentação seja apresentado como processo de justificação. 
b) Realizar uma dedução silogística por intermédio da qual a decisão seja a premissa maior, resultante da lei, que 
deve ser considerada a premissa menor do raciocínio lógico. 
c) Proceder a um ato de vontade no qual cabe ao juiz escolher uma norma válida contida no ordenamento jurídico 
vigente e aplicá-la ao caso concreto. 
d) Alinhar-se à jurisprudência dominante em respeito às decisões dos tribunais superiores expressas na firma de 
precedentes, enunciados e súmulas. 
 
3) FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVI - Primeira Fase 
 
Em tempos de mudanças e reformas, é comum assistirmos a diferentes tipos de lutas sociais, especialmente visando à 
garantia de direitos e à conquista de novos direitos. Em A Luta pelo Direito, o jurista alemão Rudolf Von Ihering afirma 
que o fim do Direito é a paz, mas o meio de atingi-lo é a luta. Considerando essa afirmação e de acordo com o livro 
citado, assinale a opção que melhor caracteriza o pensamento jusfilosófico de Ihering. 
 
a) O Direito é sempre o produto do espírito do povo, que é passado de geração em geração. Por isso, quando se 
fala em Direito é preciso sempre olhar para a história. O Direito romano é a melhor expressão desse processo 
social-histórico. 
b) O Direito de uma sociedade é a expressão dos conflitos sociais dela e resulta de uma luta de pessoas e grupos 
pelos seus próprios direitos subjetivos. Por isso, o Direito é uma força viva, e não uma ideia. 
c) O Direito resulta exclusivamente da ação institucional do Estado. É no parlamento que são travadas as lutas 
 
16 
 Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem 
 Filosofia do Direito 
 
políticas que definem os direitos subjetivos presentes no Direito Positivo de uma dada sociedade. 
d) O Direito é parte da infraestrutura da sociedade e resulta de um processo de luta de classes, no qual a classe 
dominante usa o Direito para manter o controle sobre os dominados. 
 
4) FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVI - Primeira Fase 
 
Em seu livro Levando os Direitos a Sério, Ronald Dworkin cita o caso “Riggs contra Palmer” em que um jovem matou o 
próprio avô para ficar com a herança. O Tribunal de Nova Iorque (em 1889), ao julgar o caso, deparou-se com o fato de 
que a legislação local de então não previa o homicídio como causa de exclusão da sucessão. Para solucionar o caso, 
o Tribunal aplicou o princípio do direito, não legislado, que diz que ninguém pode se beneficiar de sua própria iniquidade 
ou ilicitude. Assim, o assassino não recebeu sua herança. Com base na obra citada, assinale a opção que melhor 
expressa uma das pretensões fundamentais da jusfilosofia de Ronald Dworkin. 
 
a) Revelar que a responsabilidade sobre o maior ou menor grau de justiça de um ordenamento jurídico é exclusiva 
do legislador, que deve sempre se esforçar por produzir leis justas. 
b) Mostrar como as Cortes podem ser ativistas quando decidem com base em princípios, não com base na lei, e 
que decidir assim fere o estado de Direito. 
c) Defender que regras e princípios são normas jurídicas que possuem as mesmas características, de forma que 
se equivalem; por isso, ambos podem ser aplicados livremente pelos Tribunais. 
d) Argumentar que regras e princípios são normas com características distintas, mas igualmente vinculantes e, 
em certos casos, os princípios poderão justificar, de forma mais razoável, a decisão judicial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem 
 Filosofia do Direito 
 
Gabaritos das Questões: 
 
 
 1 - A 2 - A 3 - B 4 - D

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