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LICENCIATURA EM Nutrição MÓDULO DE PARASITOLOGIA 1º Ano Disciplina: PARASITOLOGIA Código: Total Horas/2o Semestre: 80h Créditos (SNATCA): 2 Número de Temas: INSTITUTO SUPER INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - ISCED ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia i Direitos de autor (copyright) Este manual é propriedade do Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED), e contém reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução parcial ou total deste manual, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED). A não observância do acima estipulado o infractor é passível a aplicação de processos judiciais em vigor no País. Instituto superior de Ciências e Educação a Distância (isced) Direcção de Pós-graduação, Pesquisa e Extensão Rua Dr. Almeida Lacerda, No 212 Ponta - Gêa Beira - Moçambique Telefone: +258 23 323501 ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia ii Cel: +258 82 3055839 Fax: 23323501 E-mail: isced@isced.ac.mz Website: www.isced.ac.mz Agradecimentos O Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) agradece a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste manual: Autor MSc. Luis Bernardo Bogaio Constantino Coordenação Design Financiamento e Logística Revisão Científica e Linguística Ano de Publicação Local de Publicação Direcção Académica Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) Instituto Africano de Promoção da Educação a Distancia (IAPED) XXXXX 2019 ISCED – BEIRA http://www.isced.ac.mz/ ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia iii Índice Visão geral 1 Benvindo à Disciplina/Módulo Parasitologia .................................................................... 1 Objectivos do Módulo....................................................................................................... 1 Quem deveria estudar este módulo ................................................................................. 2 Como está estruturado este módulo ................................................................................ 2 Ícones de actividade ......................................................................................................... 4 Habilidades de estudo ...................................................................................................... 5 Precisa de apoio? .............................................................................................................. 7 Tarefas (avaliação e auto-avaliação) ................................................................................ 8 Avaliação ........................................................................................................................... 9 TEMA – I: INTRODUÇAO A PARASITOLOGIA. 11 Unidade temática 1.1. Considerações gerais ................................................................. 11 Introdução ....................................................................................................................... 11 Noções de parasitologia……………………………………………………………………………………………….9 Conceito de parasita…………………………………………………………………………………………………….9 Classificação dos parasitas………………………………………………………………………………………….10 Hospedeiro…………………………………………………………………………………………………………………12 ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia iv Tipos de hospedeiro…………………………………………………………………………………………………..12 Termos associados à relação parasita – hospedeiro……………………………………………………12 Infeção X infestação……………………………………………………………………………………………………14 Mecanismo de transmissão das parasitoses……………………………………………………………….15 Sumário……………………………………………………………………………………………………………………..19 Unidade temática 1.2. Indicadores da qualidade higiênico-sanitária de alimentos…….19 Introdução…………………………………………………………………………………………………….……………19 Coliformes totais e fecais……………………………………………………………………………………………16 Coliformes totais………………………………………………………………………………………………………..17 Bolores e leveduras……………………………………………………………………………………….……………18 Enterococcus……………………………………………………………………………………………………………..19 Sumário…………………………………………………………………..…………………………………………………24 Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO………………………………………………………………….................20 Exercícios do TEMA………………………………………………………………………………………………….22 TEMA – II: PRINCIPAIS PARASITOSES CAUSADAS POR PROTOZOÁRIOS 29 Unidade temática 2.1. Doença de Chagas ou Tripanossomíase africana ....................... 29 Introdução ....................................................................................................................... 29 Agente etiológico……………………………………………………………………………………………………….23 Epidemiologia…………………………………………………………………………………………………………….23 Ciclo de vida do parasita………………………………………………………………………………………….…25 Mecanismo de transmissão………………………………………………………………………………………..26 Manifestações clínicas……………………………………………………………………………………………….27 ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia v Tratamento………………………………………………………………………………………………………………..27 Prevenção e controle…………………………………………………………………………………………………27 Sumário ........................................................................................................................... 35 Unidade temática 2.2. Leishmaniose. ............................................................................. 37 Introdução ....................................................................................................................... 37 Agente etiológico……………………………………………………………………………………………………….29 Modo de transmissão………………………………………………………………………………………………..29 Período de incubação………………………………………………………………………………………………..30 Ciclo de vida………………………………………………………………………………………………………………30 Manifestações clínicas……………………………………………………………………………………………….31 Epidemiologia……………………………………………………………………………………………………………31 Tratamento………………………………………………………………………………………………………………..32 Prevenção e controle………………………………………………………………………………………………...32 Sumário ........................................................................................................................... 43 Unidade temática 2.3. Malária ....................................................................................... 44 Introdução ....................................................................................................................... 44 Agente etiológico……………………………………………………………………………………………………….33 Classificação .................................................................................................................... 44 Epidemiologia…………………………………………………………………………………………………………….33 Ciclo de vida do parasite Plasmodium ............................................................................ 46 Modo de transmissão…………………………………………………………………………………………………36 Manifestações clínicas……………………………………………………………………………………………….37 Tratamento……………………………………………………………………………………………………………….37 Tratamento da malária sem complicações ........................................................... 49 ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia viTratamento de infecções por P. falciparum ................................................ 49 Tratamento de infecções por P. vivax.......................................................... 49 Tratamento de malária severa .............................................................................. 50 Prevenção e controle…………………………………………………………………………………………………38 Sumário ........................................................................................................................... 51 UNIDADE TEMÁTICA 2.4. Toxoplasmose ........................................................................ 52 Introdução ....................................................................................................................... 52 Agente etiológico……………………………………………………………………………………………………….40 Ciclo de vida do parasita……………………………………………………………………………………………40 Modo de transmissão…………………………………………………………………………………………………41 Epidemiologia…………………………………………………………………………………………………………….42 Manifestações clínicas……………………………………………………………………………………………..…42 Tratamento…………………………………………………………………………………………………………..……43 Medidas preventivas…………………………………………………………………………………………..……..43 Sumário ........................................................................................................................... 57 Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ..................................................................................... 57 Exercícios para AVALIAÇÃO ............................................................................................ 60 Exercícios do TEMA ......................................................................................................... 64 TEMA – II: PRINCIPAIS PARASITOSES CAUSADAS POR PROTOZOÁRIOS 50 Unidade temática 3.1. Tricomoníase .............................................................................. 65 Introdução ....................................................................................................................... 65 Agente etiológico……………………………………………………………………………………………………….51 Modo de transmissão………………………………………………………………………………………………..51 Epidemiologia…………………………………………………………………………………………………………...52 ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia vii Patogénese………………………………………………………………………………………………………………..52 Manifestações clínicas……………………………………………………………………………………………….53 Tratamento………………………………………………………………………………………………………………..53 Medidas preventivas………………………………………………………………………………………………….53 Sumário ........................................................................................................................... 69 Unidade temática 3.2. Giardíase .................................................................................... 69 Introdução ....................................................................................................................... 69 Agente etiológico……………………………………………………………………………………………………….55 Epidemiologia…………………………………………………………………………………………………………….55 Patogénese………………………………………………………………………………………………………………..55 Manifestações clínicas……………………………………………………………………………………………….56 Tratamento……………………………………………………………………………………………………………….57 Medidas preventivas…………………………………………………………………………………………………57 Sumário ........................................................................................................................... 57 Unidade temática 3.3. Amebíase .................................................................................... 75 Introdução ....................................................................................................................... 75 Agente etiológica……………………………………………………………………………………………………….58 Epidemiologia…………………………………………………………………………………………………………….58 Mecanismo de transmissão……………………………………………………………………………………….59 Ciclo de vida do parasita……………………………………………………………………………………………59 Manifestações clínicas……………………………………………………………………………………………….60 Tratamento………………………………………………………………………………………………………………..61 Medidas preventivas………………………………………………………………………………………………….61 ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia viii Sumário ........................................................................................................................... 79 Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ..................................................................................... 80 Exercícios para AVALIAÇÃO ............................................................................................ 83 Exercícios do TEMA ......................................................................................................... 87 Referencias bibliográficas…………………………………………………………………………………………..68 ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia 1 Visão geral Benvindo à Disciplina/Módulo Parasitologia Objectivos do Módulo Ao terminar o estudo deste módulo de Parasitologia o aluno deverá ser capaz de: conhecer conceitos básicos da área envolvida, criando fundamento que servirá de elo de ligação para posteriores conhecimentos e disciplinas, assim, preparando o aluno para compreender o ciclo biológico das parasitoses, correlacionando os conhecimentos com as alterações clínicas em cada um. Objectivos Específicos Conhecer os principais conceitos de Parasitologia; Reconhecer as etapas do ciclo biológico dos principais parasitas das espécies humana e dos seus respectivos habitat nos diferentes sistemas do corpo humano; Compreender a relação parasito-hospedeiro; Conhecer os mecanismos de transmissão e medidas profiláticas no controle das principais parasitoses humanas; Reconhecer os principais sintomas das parasitoses humanas e relacioná-los com a ação patogênica dos diversos parasitos; Identificar os fatores epidemiológicos que favorecem o estabelecimento dos diversos parasitos; ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia 2 Utilizar os conhecimentos em Parasitologia para desenvolver habilidades e atitudes para resolução de problemas de saúde. Quem deveria estudar este módulo Este Módulo foi concebido para estudantes do 1º ano do curso de Nutrição geral do ISCED. Poderá ocorrer, contudo, que haja leitores que queiram se actualizar e consolidar seus conhecimentos nessa disciplina, esses serão bem-vindos, não sendo necessário para tal se inscrever. Mas poderá adquirir o manual. Como está estruturado este módulo Este módulo de Parasitologia, para estudantes do 1º ano do curso de licenciatura em Nutrição geral, à semelhança dos restantes do ISCED, está estruturado como se segue: Páginas introdutórias Um índice completo. Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo, resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de começar o seu estudo, como componente de habilidades de estudos. ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia 3 Conteúdo desta Disciplina / módulo Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua vez comporta certo número de unidades temáticas ou simplesmente unidades. Cada unidade temática se caracteriza por conter uma introdução, objectivos, conteúdos. No final de cada unidade temática ou do próprio tema, são incorporados antes o sumário, exercícios de auto-avaliação, só depois é que aparecem os exercícios de avaliação. Os exercícios de avaliação têm as seguintes características: Puros exercícios teóricos/Práticos, Problemasnão resolvidos e actividades práticas, incluído estudo de caso. Outros recursos A equipa dos académicos e pedagogos do ISCED, pensando em si, num cantinho, recôndito deste nosso vasto Moçambique e cheio de dúvidas e limitações no seu processo de aprendizagem, apresenta uma lista de recursos didácticos adicionais ao seu módulo para você explorar. Para tal o ISCED disponibiliza na biblioteca do seu centro de recursos mais material de estudos relacionado com o seu curso como: Livros e/ou módulos, CD, CD-ROOM, DVD. Para além deste material físico ou electrónico disponível na biblioteca, pode ter acesso a Plataforma digital moodle para alargar mais ainda as possibilidades dos seus estudos. ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia 4 Auto-avaliação e Tarefas de avaliação Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-se no final de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos exercícios de auto-avaliação apresentam duas características: primeiro apresentam exercícios resolvidos com detalhes. Segundo, exercícios que mostram apenas respostas. Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto-avaliação mas sem mostrar os passos e devem obedecer o grau crescente de dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir a outras. Parte das terefas de avaliação será objecto dos trabalhos de campo a serem entregues aos tutores/docentes para efeitos de correcção e subsequentemente nota. Também constará do exame do fim do módulo. Pelo que, caro estudante, fazer todos os exercícios de avaliação é uma grande vantagem. Comentários e sugestões Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados aspectos, quer de natureza científica, quer de natureza didáctico- Pedagógica, etc, sobre como deveriam ser ou estar apresentadas. Pode ser que graças as suas observações que, em gozo de confiança, classificamo-las de úteis, o próximo módulo venha a ser melhorado. Ícones de actividade Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc. ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia 5 Habilidades de estudo O principal objectivo deste campo é o de ensinar aprender a aprender. Aprender aprende-se. Durante a formação e desenvolvimento de competências, para facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons resultados apenas se conseguem com estratégias eficientes e eficazes. Por isso é importante saber como, onde e quando estudar. Apresentamos algumas sugestões com as quais esperamos que caro estudante possa rentabilizar o tempo dedicado aos estudos, procedendo como se segue: 1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio de leitura. 2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida). 3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e assimilação crítica dos conteúdos (ESTUDAR). 4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com o padrão. 5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas ou as de estudo de caso se existirem. IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo, respectivamente como, onde e quando...estudar, como foi referido no início deste item, antes de organizar os seus momentos de estudo reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si: Estudo melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à noite/de manhã/de tarde/fins-de-semana/ao longo da semana? Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num sítio ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia 6 barulhento!? Preciso de intervalo em cada 30 minutos, em cada hora, etc. É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada ponto da matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando achar que já domina bem o anterior. Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler e estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é juntar o útil ao agradável: Saber com profundidade todos conteúdos de cada tema, no módulo. Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por tempo superior a uma hora. Estudar por tempo de uma hora intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso (chama- se descanso à mudança de actividades). Ou seja, que durante o intervalo não se continuar a tratar dos mesmos assuntos das actividades obrigatórias. Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho intelectual obrigatório pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento da aprendizagem. Por que o estudante acumula um elevado volume de trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo, criando interferência entre os conhecimentos, perde sequência lógica, por fim ao perceber que estuda tanto mas não aprende, cai em insegurança, depressão e desespero, por se achar injustamente incapaz! Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda sistematicamente), não estudar apenas para responder a questões de alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobre tudo, estude ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia 7 pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área em que está a se formar. Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que resta, deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo quanto tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades. É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será uma necessidade para o estudo das diversas matérias que compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as partes que está a estudar e Pode escrever conclusões, exemplos, vantagens, definições, datas, nomes, pode também utilizar a margem para colocar comentários seus relacionados com o que está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura; Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado não conhece ou não lhe é familiar; Precisa de apoio? Caro estudante temos a certeza que por uma ou por outra razão, o material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas como falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis erros ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, página trocada ou invertidas, etc). Nestes casos, contacte os serviços de atendimento e apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR), via telefone, sms, E-mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta participando a preocupação. Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes (Pedagógico e Administrativo), é a de monitorar e garantir a sua ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia 8 aprendizagem com qualidade e sucesso. Dai a relevância da comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso as TIC se tornam incontornável: entre estudantes, estudante – Tutor, estudante – CR, etc. As sessões presenciais são um momentoem que você caro estudante, tem a oportunidade de interagir fisicamente com staff do seu CR, com tutores ou com parte da equipa central do ISCED indigitada para acompanhar as suas sessões presenciais. Neste período pode apresentar dúvidas, tratar assuntos de natureza pedagógica e/ou administrativa. O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30% do tempo de estudos a distância, é muita importância, na medida em que lhe permite situar, em termos do grau de aprendizagem com relação aos outros colegas. Desta maneira ficará a saber se precisa de apoio ou precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver hábito de debater assuntos relacionados com os conteúdos programáticos, constantes nos diferentes temas e unidade temática, no módulo. Tarefas (avaliação e auto-avaliação) O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e autoavaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues duas semanas antes das sessões presenciais seguintes. Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de campo conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da disciplina/módulo. ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia 9 Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente. Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados, respeitando os direitos do autor. O plágio1 é uma violação do direito intelectual do(s) autor(es). Uma transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do testo de um autor, sem o citar é considerado plágio. A honestidade, humildade científica e o respeito pelos direitos autorais devem caracterizar a realização dos trabalhos e seu autor (estudante do ISCED). Avaliação Muitos perguntam: com é possível avaliar estudantes à distância, estando eles fisicamente separados e muito distantes do docente/tutor! Nós dissemos: sim é muito possível, talvez seja uma avaliação mais fiável e consistente. Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com um mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os conteúdos do seu módulo. Quando o tempo de contacto presencial conta com um máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A avaliação do estudante consta detalhada do regulamentado de avaliação. Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudos e aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de frequência para ir aos exames. Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou modulo e decorrem durante as sessões presenciais. Os exames pesam no 1 Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária, propriedade intelectual de outras pessoas, sem prévia autorização. ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia 10 mínimo 75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência, determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira. A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira. Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois) trabalhos e 1 (um) (exame). Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizados como ferramentas de avaliação formativa. Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as recomendações, a identificação das referências bibliográficas utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros. Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de Avaliação. ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia 11 TEMA – I: INTRODUÇAO A PARASITOLOGIA. Unidade temática 1.1. Considerações gerais Introdução Estudar parasitologia é bastante instigante! Entender a ecologia do parasito na relação parasito-hospedeiro e como os sintomas são gerados. Entender como parasito e hospedeiro interagem mantendo o ciclo de vida do parasito. E, então, a partir daí, buscar intervir para quebrar a cadeia de transmissão e garantir a qualidade de vida do hospedeiro. Esta é a rotina de trabalho do pesquisador em parasitologia. Antes uma ciência muito descritiva, hoje a parasitologia lança mão de estratégias cada vez mais tecnológicas, como engenharia genética e biologia molecular. O estudo dos parasitos tem aberto novas frentes de pesquisa, por exemplo, para novas estratégias terapêuticas, novos métodos diagnósticos e o desenvolvimento de vacinas. Ao final desta unidade temática o leitor deverá ser capaz de: Objectivos específicos Definir a parasitologia e descrever suas generalidades; Compreender relações entre os seres vivos e parasitas. Noções de Parasitologia Parasitologia é o estudo dos parasitas ou doenças parasitárias, métodos de diagnósticos e controle de doenças parasitárias. Na maioria dos casos um organismo (o hospedeiro) passa a constituir o meio ecológico onde vive o outro (o parasita). Os três principais grupos de animais que se estuda na parasitologia são: protozoário, helmintas (vermes) e os artrópodes que causam doenças ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia 12 diretamente ou agem como vetores de vários agentes patogénicos (parasitários ou não). Conceito de parasita É um ser vivo que depende de outro para sobreviver, de onde retira seu sustento prejudicando seu hospedeiro. A relação em si busca ser harmônica, minimizando os prejuízos para o hospedeiro. Mas se esta relação não se estabelece de forma satisfatória, a doença e a morte do hospedeiro, e consequentemente do parasito, acabam por vir. Classificação dos parasitas Classificação de acordo com o número de hospedeiros Monoxenos ou monogenéticos - são aqueles parasitas que realizam o seu ciclo evolutivo em apenas um único hospedeiro. Ex: Ascaris lumbricoides, Necator americanus. Figura 1. Ciclo de vida de do Ascaris lumbricoides. Fonte: https://www.researchgate.net/publication/259532883_Principais_parasitos_human os_de_transmissao_hidrica_ou_por_alimentos/figures?lo=1 https://www.researchgate.net/publication/259532883_Principais_parasitos_humanos_de_transmissao_hidrica_ou_por_alimentos/figures?lo=1 https://www.researchgate.net/publication/259532883_Principais_parasitos_humanos_de_transmissao_hidrica_ou_por_alimentos/figures?lo=1 ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia 13 Heteroxenos ou digenéticos são os parasitas que necessitam de pelo menos dois hospedeiros para completarem o seu ciclo evolutivo, ou seja, possui hospedeiro definitivo e intermediário. Ex.: Schistosoma mansoni. Figura 2. Ciclo de vida do parasita Schistosoma haematobium. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Schistosoma#/media/File:Esquistossomose-2.png De acordo com à localização nos hospedeiros Ectoparasitas - são os que se instalam externamente ao hospedeiro. Ex.: sanguessuga, caraça, piolho e a pulga. Endoparasitas - são os que se instalam internamente ao hospedeiro. Ex.: Tênias. Quanto à especificidade Estenoxenos: afetam somente uma espécie de hospedeiro. Ex.: Ascaris lumbricóides. Eurixenos: afetam uma ampla variedade de hospedeiros.Ex:Toxoplasma gondii. https://pt.wikipedia.org/wiki/Schistosoma#/media/File:Esquistossomose-2.png ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia 14 Oligoxenos: afetam hospedeiros específicos, famílias ou gêneros próximos. Ex: Echinococcus granulosus. Quanto ao número de células Unicelulares - uma única célula. Pluricelulares - mais de uma célula. Hospedeiro Todo aquele que abriga em si, dentro ou em sua superfície, o parasito. É o suporte de onde o parasito tira sua subsistência. Aproximando-se de uma relação harmônica, há hospedeiros que não manifestam sintomas, mas abrigam parte do ciclo biológico do parasito, e são, por isso, chamados de reservatórios. Tipo de hospedeiro Hospedeiro acidental ou incidental – hospedeiro, diferente do normal, que alberga um parasita. Hospedeiro definitivo – hospedeiro no qual ocorre a fase de desenvolvimento adulta ou sexuada do parasita. Hospedeiro intermediário – hospedeiro no qual ocorre a fase de desenvolvimento larvária ou assexuada do parasita. Hospedeiro reservatório – hospedeiro albergando parasitas que infetam seres humanos e dos quais os seres humanos podem-se infetar. Hospedeiro de transporte – hospedeiro responsável por transportar um parasita de um local para outro. ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia 15 Portador – hospedeiro que alberga um parasita e não exibe nenhum sintoma clínico, mas pode infetar outros. Termos associados à relação parasita – hospedeiro Simbiose É quando duas espécies se associam de tal forma que esses seres são incapazes de viver isoladamente. As espécies realizam funções complementares, indispensáveis à vida de cada um (simbiontes). Como exemplo temos algumas bactérias que vivem no interior de protozoários de vida livre. Os protozoários fornecem abrigo e fontes alimentares para as bactérias, que por sua vez, sintetizam substâncias (complexo B etc.) necessárias ao protozoário. Comensalismo É a associação harmônica entre duas espécies, na qual uma obtém vantagens (o hóspede) sem prejuízos para o outro (o hospedeiro). Exemplo: Entamoeba cozi vivendo no intestino grosso humano. O comensalismo pode ser dividido em: Forésia: é quando na associação uma espécie fomece suporte, abrigo ou transporte a outra espécie. Exemplo: o, peixe-piolho Echneis remora que, com auxílio de uma ventosa, se adere ao tubarão acompanhando- o nas suas caçadas e, frequentemente, alimentando-se das sobras. Alguns autores denominam a forésia "comensalismo epizóico". Inquilinismo: é quando uma espécie vive no interior de outra, sem se nutrir à custa desta, mas utilizando o abrigo e parte do alimento que a outra capturou. Exemplo: o peixe Fierasfer, que se abriga no interior de holotiinas e se alimenta de pequenos crustáceos. Sinfilismo ou protocooperação: ocorre quando duas espécies se associam para beneficio mútuo, mas ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia 16 sem obrigatoriedade, isto é, a associação não é necessária para a sobrevivência de ambas. Exemplo clássico está entre as formigas (gênero Camponotus) que sugam as secreções de pulgões (afídeos) ou cigarrinhas (membracídeos), protegendoos contra inimigos naturais. Mutualismo É quando duas espécies se associam para viver, e ambas são beneficiadas. E uma associação obrigatória, sendo, por muitos autores, considerada como uma simbiose. O exemplo clássico é a associação que ocorre no intestino de cupins com os protozoários do gênero Hypermastiginia. Parasitismo É uma relação direta e estreita entre dois organismos geralmente bem determinados: o hospedeiro e o parasito, vivendo o segundo a custa do primeiro. A relação é essencialmente unilateral. O hospedeiro é indispensável ao parasito, que se separado dele morrerá por falta de nutrição. A organização do parasito se especializa correlativamente às condições em que vive sobre o hospedeiro, sendo a adaptação, a marca do parasitismo (monoxenos). Muitas vezes para que o parasito complete todo o seu ciclo de vida, ele necessita de um hospedeiro intermediário (heteroxenos). Tipos de parasitismo Ectoparasitos: podem obter o oxigênio diretamente do meio exterior, como o faz a Tunga penetrans (bicho-de-pé), que parasita a pele do porco ou do homem e o “berne” que também é parasito da pele, e mantém seus orifícios espiraculares voltados para fora, a fim de respirar. ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia 17 Endoparasitos: São parasitos das cavidades naturais ou tecidos e dependem totalmente de seus hospedeiros como fonte nutritiva. Parasitos facultativos: Parasitismo ocasional ou acidental, como por exemplo o caso da Naegleria fowleri, ameba de vida livre encontrada em algumas coleções de águas naturais, que eventualmente contaminam a mucosa nasal de banhistas, invadindo o sistema nervoso através dos nervos oftálmicos. Parasitos monoxenos: quando um único hospedeiro é necessário para que se complete o ciclo. Parasitos heteroxenos: quando o desenvolvimento de uma espécie exige uma passagem obrigatória através de dois ou mais hospedeiros, sempre na mesma sequência e nas mesmas fases. Em cada um desses hospedeiros completa-se uma parte do ciclo vital do parasito. Infeção x infestação Infeção. Penetração e desenvolvimento, ou multiplicação, de um agente infecioso dentro do organismo de humanos ou animais (inclusive vírus, bactérias, protozoários e helmintos). Infestação. É o alojamento, desenvolvimento e reprodução de artrópodes na superfície do corpo ou vestes. (Pode se dizer também que uma área ou local está infestado de artrópodes.) Existem dois parâmetros em que se baseia a classificação: localização e dimensão. O primeiro sugerido por uma reunião de especialistas da Organização Mundial de Saúde (OMS), é o mais utilizado atualmente. ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia 18 1. Localização: Infestação: Localização parasitária na superfície externa (ectoparasitas). Por exemplo: Carraças e piolhos. Infeção: Localização interna parasitária (endoparasitas). Por exemplo: Giardia lamblia e Schistosoma haematobium. Por esta definição, infeção seria a penetração seguida de multiplicação (microrganismo) ou desenvolvimento (helmintos) de determinado agente parasitário. 2. Dimensão: Infestação: corresponde ao parasitismo por metazoários. Por exemplo: Enterobius vermicularis e Schistosoma haematobium Infeção: definida pelo parasitismo por microrganismos. Por exemplo: Giardia lamblia e Trypanosoma cruzi. Em consequência, infeção seria a penetração seguida de multiplicação de microrganismo. Mecanismos de transmissão das parasitoses Para que seja definido tal mecanismo, deve ocorrer análise quanto à porta de entrada no organismo do hospedeiro (via de infeção) e neste momento se ocorreu ou não gasto de energia pelo parasita (forma de infeção). 1- Modo de transmissão Passiva - Quando não existe gasto de energia para a invasão. Ativa - Caso ocorra dispêndio energético para tal fim. 2- Via de transmissão ou porta de entrada Oral Cutânea ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia 19 Mucosa Genital 3. Principais mecanismos de transmissão Passivo oral. Por exemplo: Ascaris lumbricoides. Passivo cutâneo. Por exemplo: Gênero Plasmodium Ativo cutâneo.Por exemplo: Trypanosoma cruzi Ativo mucoso. Por exemplo: T. cruzi Passivo genital. Por exemplo: Trichomonas vaginalis 4. Mecanismos particulares Transplacentário Transmamário Transfusional Por Transplantação. Sumário Nesta Unidade temática 1.1 abordamos sobres os principais conceitos de parasitologia, parasitas, hospedeiro e suas classificações, relações do parasita e hospedeiro e mecanismos de transmissão das parasitoses. Unidade temática 1.2. Indicadores da qualidade higiênico-sanitária de alimentos Introdução Microrganismos indicadores são grupos ou espécies de microrganismos que, quando presentes e um alimento, podem fornecer informações sobre a ocorrência de contaminação de origem fecal, sobre a provável presença de patógenos ou sobre a deterioração potencial do alimento, além de poderem indicar condições sanitárias inadequadas durante o processamento, produção ou armazenamento. ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia 20 Esses microrganismos indicadores podem ser utilizados para refletir a qualidade microbiológica dos alimentos em relação à vida de prateleira ou à segurança, neste ultimo caso, devido à presença de patógenos alimentares. Em geral, microrganismos indicadores são utilizados para avaliar aspetos de qualidade a sanificação dos alimentos. Alguns critérios devem ser considerados na definição de um microrganismo ou grupo de microrganismos indicadores: devem ser facilmente detetável, quantificado, claramente distinguido de outros microrganismos da microbiota do alimento; não deve estar presente como contaminante natural do alimento; deve estar presente quando o patógeno associado estiver; deve estar ausente no alimento livre do patógeno de interesse ou presente em quantidade mínima; taxa de crescimento equivalente às dos patógenos; taxa de morte paralela a dos patógenos de interesse; ter com habitat exclusivo o trato intestinal do homem e outros animais; deveria ocorrer em números muito altos nas fezes; apresentar alta resistência ao ambiente extra-enteral; deveria haver técnicas rápidas, simples e precisas para sua deteção e/ou contagem. Ao final desta unidade temática o leitor deverá ser capaz de: Objectivos específicos Conhecer os principais indicadores para avaliar as condições higiênica dos alimentos; Compreender utilidades de cada indicador. Coliformes totais e fecais A presença de coliformes é o melhor indicativo de deficiência na higiene no preparo dos alimentos. Os coliformes classificam-se em dois grupos, os coliformes totais e os coliformes fecais, que são rotineiramente utilizados como microrganismos indicadores para avaliar as condições higiênicas dos alimentos (BRITO & ROSSF, 2005). ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia 21 Coliformes totais Inclui todas as bactérias na forma de bastonetes gram-negativos, não esporogênicos, aeróbios ou anaeróbios facultativos, capazes de fermentar a lactose com produção de gás, em 24 a 48 horas a 35ºC (CARDOSO et al., 2001). Estes coliformes pertencem aos gêneros bacterianos Escherichia, Enterobacter, Klebsiella e Citrobacter, incluindo cerca de 20 espécies, dentre as quais encontram-se tanto bactérias originárias do trato gastrintestinal de humanos e outros animais de sangue quente, como também diversos gêneros e espécies de bactérias não entéricas. Por isso, sua enumeração em água e alimentos é menos representativa, como indicação de contaminação fecal, do que a enumeração de coliformes fecais ou E. coli (SILVA, 2002). A principal razão para que sejam agrupados deve-se às suas muitas características comuns. São todos Gram negativos, não formadores de esporos, muitos são móteis, anaeróbios facultativos, resistentes a muitos agentes surfactantes e fermentam lactose produzindo ácido e gás em 48h a 32°C (leite) ou 35-37°C. Coliformes fecais são bactérias capazes de desenvolver e/ou fermentar a lactose com produção de gás em 24-48h a 44,5-45,5°C (RATTI et al., 2011). Quando esta análise é efetuada, busca-se a determinação de coliformes de origem gastrintestinal, porém sabe-se que cepas de Enterobacter e Klebsiella incluídas neste grupo podem apresentar origem não fecal (água, solo e vegetais). De acordo com BRITO & ROSSF (2005), a pesquisa de coliformes fecais ou de E. coli nos alimentos fornece com maior segurança, informações sobre as condições higiênicas do produto e melhor indicação da ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia 22 eventual presença de enteropatógenos, sendo, utilizado como microrganismo indicador de contaminação fecal. O índice de coliformes totais avalia as condições higiênicas e o de coliformes fecais é empregado como indicador de contaminação fecal e avalia as condições higiênico-sanitárias deficientes, visto presumir- se que a população deste grupo é constituida de uma alta proporção de E. coli (CARDOSO et al., 2001). Bolores e leveduras Os fungos são microrganismos eucariotas, heterotróficos, caracteristicamente micelares, que se dividem em bolores e leveduras, com interesse não só do ponto de vista da deterioração dos alimentos, mas também pelas múltiplas utilizações industriais em que participam como agentes fermentativo. A grande dispersão dos bolores e leveduras no ambiente justifica a suas frequentes aparições como contaminantes nos produtos alimentares, visto que estes, em virtude da sua composição, constituem um excelente meio para a fixação e reprodução de grande número de espécies fúngicas, cuja proliferação ocorre com facilidade por serem mais tolerantes a fatores extremos que limitam o desenvolvimento bacteriano, como baixos valores de aw, pH e temperatura. Porém, a capacidade de desenvolvimento dos bolores a baixas temperaturas constitui um problema na conservação dos produtos cárneos quando estes, após o processamento térmico, são contaminados com esporos destes microrganismos que, desenvolvendo-se, vão alterar o aspecto e as características nutricionais e organolépticas dos produtos, abreviar a sua conservação e eventualmente contaminá-los com micotoxinas. São frequentes os géneros Aspergillus spp., Penicillium spp. e Fusarium spp.. Neste tipo de produtos, para além da qualidade das matérias-primas, o controlo do ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia 23 desenvolvimento dos bolores e leveduras passarão pelos cuidados a ter com qualidade do ar nas zonas de alto risco em que o produto permanece após o processamento térmico e antes de ser embalado, na utilização de embalagens adequadas, a vácuo ou com atmosfera modificada, visto que são aeróbios estritos, ou pelo eventual recurso a conservantes. Na ausência de cuidados após o processamento térmico, desenvolvem-se geralmente leveduras pertencentes aos géneros Candida spp., Rhodotorula spp., Saccharomyces spp., Torulaspora spp. e Tricosporon spp., que por serem microaerófilas crescem em ambientes onde existem quantidades residuais de oxigénio como pode acontecer nas embalagens a vácuo ou em atmosfera modificada, passando nestes casos o seu controlo pela utilização de conservantes (BERG, 2014). Bolores são fungos filamentosos, multicelulares, podendo estar presente no solo, no ar, na àgua e em matéria-orgânica em decomposição. Leveduras são os fungos não filamentosos, normalmente disseminados por insetos vetores, pelo vento e pelas correntes aéreas. A presença de bolores e leveduras viáveis e em índice elevado nos alimentos pode fornecer varias informações,tais como, condições higiênicas deficientes de equipamentos, multiplicação no produto em decorrência de falhas no processamento e/ou estocagem e matéria- prima com contaminação excessiva. Enterococcus Essas bactérias, antes um subgrupo do gênero Streptococcus, a partir de 1984 passaram a pertencer ao gênero Enterococcus, com 19 espécies reconhecidas atualmente. Antes de 1984, os Estreptococcus fecais eram chamados genericamente de enterococos, e consistiam de duas espécies: Streptococcus faecalis e Streptococcus faecium. São atualmente denominados ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia 24 Enterococcus faecalis e Enterococcus faecium. São relativamente resistentes ao calor e podem sobreviver as pasteurizações do leite. Algumas restrições quanto a utilização dos Enterococcus como indicadores de contaminação fecal dos alimentos são feitas, uma delas seria de encontrarmos em outros ambientes além do trato intestinal e apresentarem uma sobrevivência maior em relação aos enteropatógenos encontrados no solo, nos vegetais e em alimentos, principalmente naqueles submetidos à desidratação, ação de desinfetantes e a flutuações de temperatura por serem mais resistentes. Apesar das limitações do uso desses microrganismos como indicadores de contaminação fecal, sua presença em números elevados em alimentos indica práticas sanitárias inadequadas ou exposição do alimento a condições que permitiram a multiplicação de microrganismos indesejáveis. Sumário Em suma os microrganismos indicadores podem ser agrupados em: microrganismos que não oferecem riscos à saúde (mesófilos, psicrotróficos, termófilos, bolores e leveduras) e microrganismos que oferecem um risco baixo ou indireto à saúde (coliformes totais, coliformes fecais enterococos, enterobactérias totais, Escherichia coli). ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia 25 Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO Perguntas 1. O parasitismo é uma relação ecológica: A. Intraespecífica e harmônica. B. Intraespecífica e desarmônica. C. Intraespecífica e positiva. D. Interespecífica e harmônica. E. Interespecífica e desarmônica. 2. Todos os organismos citados a seguir são exemplos de endoparasitas, exceto: A. Tênia. B. Piolho. C. Vírus da gripe. D. Vírus da AIDS. E. Lombriga. 3. Os parasitas são organismos que interagem com outros seres vivos, dos quais retiram seu alimento. Na relação entre o homem e o piolho, o homem pode ser chamado de: A. inquilino. B. parasita. C. hospedeiro. D. patógeno. E. antígeno. ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia 26 4. Com relação aos parasitas e às doenças que causam, pode-se afirmar que: I. A larva cercária do Schistosoma haematobium penetra no homem pela pele, causando-lhe a schistossomose. II. A teníase é a doença causada pela Taenia solium ou pela Taenia saginata. III. A cisticercose é a doença causada pela larva da Taenia solium. IV. A lombriga ou ascaridíase é a doença causada pelo Ascaris lumbricoides. V. A opilação ou amarelão é a doença causada pelo Necator americanus ou pelo Ancylostoma duodenale. VI. A filariose, que pode originar a elefantíase, é causada pela Wuchereria bancrofti. Estão corretas: A. todas. B. apenas I, II, III, IV e V. C. apenas I, II, IV, V e VI. D. apenas II, III, IV e VI. E. apenas I, III, V e VI. 5. Interação ecológica entre indivíduos de espécies diferentes, em que os parceiros estabelecem entre si relações íntimas e duradouras com certo grau de dependência metabólica. Onde existe unilateralidade de benefícios. A. Simbiose B. Parasitismo C. Mutualismo D. Canibalismo E. Comensalismo ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia 27 6. Com relação a relação parasita e hospedeiro é correto afirmar que: A. A relação de parasitismo surgiu a partir de uma evolução onde um organismo menor foi beneficiado. B. Para que ocorra o parasitismo é necessário sempre que o hospedeiro apresente sintomatologia. C. Na relação de parasitismo onde apresenta o quadro assintomático é que ambos são beneficiados. D. Na relação de parasitismo a relação é de benefício mútuo. E. No parasitismo a relação hospedeiro e parasita é independente. 7. A especificidade parasitária é característica, às vezes, difícil de ser determinada, em virtude das diferentes possibilidades de adaptação entre parasitos e novos hospedeiros, também muito influenciadas pelas condições do ambiente. Quanto à especificidade são classificados em Estenoxeno, Eurixeno e Oligoxeno. Assinale a alternativa incorreta. A. Parasitas estenoxenos possuem alta especificidade B. Parasitas oligoxeno possuem ampla especificidade C. O Trichuris trichiura é um parasita estenoxeno D. Plasmodium malariae é um parasita oligoxeno E. O Toxoplasma gondii é um parasita eurixeno Respostas: 1E, 2B, 3C, 4A, 5B, 6A, 7B Exercícios do TEMA 1. O que são Fungos? 2. Por que os coliformes são considerados indicadores de contaminação fecal? ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia 28 3. Qual é a diferença entre coliformes fecais e coliformes totais? 4. Quais são os quatros principais género de bactérias do grupo coliforme, qual o principal representante do grupo? 5. Menciona as principais vias de transmissão ou porta de entrada dos parasitas? 6. Qual é a diferença entre infeção e infestação? 7. Dê exemplos de quatro ectoparasitos e endoparasitas. 8. Classifica os parasitas quanto a especificidade e dê um exemplo? 9. Cite os tipos de hospedeiros? 10. Quais são os quatro principais gêneros de bactérias do grupo coliforme, qual o principal representante do grupo ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia 29 TEMA – II: PRINCIPAIS PARASITOSES CAUSADAS POR PROTOZOÁRIOS Unidade temática 2.1. Doença de Chagas ou Tripanossomíase africana Introdução Doença de Chagas ou Tripanossomíase africana foi notificada pela primeira vez por Carlos Chagas em 1909. Nesta notificação o protozoário Trypanosoma cruzi (T. cruzi) foi considerado agente etiológico. Após esta descrição, a biologia do parasito e, consequentemente, a transmissão da doença de Chagas foi associada à presença de reservatórios mamíferos e a hospedeiros intermediários triatomíneos. O ciclo biológico ocorre naturalmente no ambiente silvestre vindo a afetar o homem após migrações e/ou invasão de ambiente natural (MATTOS & BERTO, 2010). Esta doença infecciosa é causada pelos parasitas Trypanosoma brucei gambiense ou Trypanosoma brucei rhodesiense causam esta doença infeciosa, e a mosca tsé-tsé transmite a doença. Para BARROSO et al. 2014, as tripanossomoses humanas são o segundo maior entrave ao desenvolvimento de zonas rurais nos trópicos, ultrapassadas apenas pela malária. Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: Objectivos específicos Conhecer os agentes etiológicos; Conhecer os mecanismos de transmissão; Descrever as manifestações clinicas e tratamento da tripanossomíase americana; Conhecer as medidas preventivas. Agente etiologia A tripanossomíase americana conhecida como doença de Chagas é causada pelos protozoários T. cruzi (KRATZ et al .,2018) e é transmitida pela espécie Triatoma da família Reduviidae. T. cruzi um agente ISCED CURSO:NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia 30 hemoflagelante protozoário da ordem Kinetoplastida e família Trypanosomatidae. Epidemiologia A distribuição da doença está ligada às más condições de habitação da população rural de vasta zonas de América Latina, que permitem a domiciliação dos vetores. A doença é endémica em 21 paises americanos (figura 3), atingindo, segundo as últimas estimativas de 2006, 15 milhões de indivíduos e resultando em 41 200 novos casos por ano com 12 500 mortes. A doença pode também ser transmitida por via congénita, por transfusão de sangue ou transplantação (BARROSO et al., 2014). De acordo com ANTINORI et al (2017), refere que o intenso fluxo de migrantes latino-americanos para a Europa (especialmente para Espanha, Portugal e Itália) registrados desde a década de 90 foram associados a um aumento dramático de casos de doença de chaga diagnosticados em países não endêmicos, com importantes implicações para a saúde pública e a mundialização de fato de uma doença. ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia 31 Figura 3. Áreas endémicas para a doença de chagas. Fonte:https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Distribution_of_Chagas%27_disease.sv g Ciclo de vida do parasita O ciclo de vida do T. cruzi é complexo (figura 4), com diferentes desenvolvimentos formas em vetores de insetos (epimastigotas e tripomastigotas metacíclicos) e hospedeiros mamíferos incluindo humanos (tripomastigotas não replicativos da corrente sanguínea e amastigotas intracelulares replicativos). O vetor triatomínico é infetado pela ingestão de parasitas circulantes (tripomastigotas) em uma refeição de sangue de um hospedeiro humano infetado. No intestino médio do vetor, os tripomastigotas se diferenciam em epimastigotas e se replicam. As epimastigotas ao atingir o intestino posterior se diferenciam em tripomastigotas metacíclicos infeciosos, que são ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia 32 excretados com as fezes do vetor. No intestino médio posterior, os epimastigotas se ligam às membranas perimicrovilares através dos glicofosfatidilinositóis de superfície e se dividem por fissão binária. Uma vez no intestino grosso, os epimastigotas se ligam fracamente à cutícula retal e se transformam em tripomastigotas metacíclicos. O T. cruzi é transmitido por depósitos de matéria fecal, pois os vetores de triatomíneos infetados levam a farinha de sangue de hospedeiros humanos adormecidos à pele. A coceira produzida pela picada do vetor induz o indivíduo a coçar. Assim, os tripomastigotas metacíclicos podem entrar em lesões cutâneas ou na conjuntiva; a ingestão oral de alimentos ou bebidas contaminadas com fezes de reduvião infetadas também causa infeção humana. Os tripomastigotas metacíclicos expressam uma glicoproteína de superfície específica do estágio de 82 kDa (GP82), uma importante molécula de adesão celular, responsável na internalização do parasita. Uma vez no hospedeiro humano, os tripomastigotas metacíclicos invadem as células nucleadas no sistema reticuloendotelial localizado e no tecido conjuntivo. No citoplasma, os tripomastigotas metacíclicos diferenciam-se em formas amastigotas esféricas, que se replicam por fissão binária, com um tempo de duplicação de cerca de 12 horas, durante um período de 4 a 5 dias. Quando a célula está inchada com formas amastigotas, elas se transformam em tripomastigotas pelo crescimento de flagelos, e são liberadas pela ruptura da célula hospedeira. Os tripomastigotas invadem os tecidos adjacentes e se espalham por meio dos vasos linfáticos e da corrente sanguínea até locais distantes, principalmente células musculares (cardíacas, lisas e esqueléticas) e células ganglionares, onde passam por mais ciclos de multiplicação intracelular. O ciclo de transmissão é completado quando tripomastigotas circulantes são tomados em refeições de sangue por vetores de ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia 33 triatomíneos. Os vertebrados silvestres, como o tatu e o guaxinim, e os animais domésticos (principalmente cães e gatos) servem como reservatórios para o T. cruzi. Figura 4. ciclo de vida de T. cruzi. Fonte: https://pt.slideshare.net/KROLZITA/doena- de-chagas-5834735 Mecanismo de transmissão De acordo com Neves et al. 2005, a doença de Chaga transmite-se por: transmissão sanguínea, transplante, coito, transmissão pelo vetor, acidentes laboratório, transmissão congênita e transmissão oral. Manifestações clínicas Murray et al. 2017 refere que a doença de chagas pode ser assintomática, aguda ou crónica. Um dos primeiros sinais é o desenvolvimento de uma área eritematosa e endurecida, chamada de chagoma, no local da picada do inseto. Esta doença é mais grave em criança com menos de 5 anos e é frequentemente vista como um processo agudo que acomete o sistema nervoso central (SNC). ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia 34 Na fase aguda a doença de Chaga é caracterizada por febre, calafrios, mal-estar, mialgia e fadiga, entretanto se apresentam escassos em pacientes com mais de um ano. O paciente pode morrer poucas semanas após um ataque agudo, pode se recuperar ou pode entrar na fase cronica, na qual os organismos proliferam e invadem o coração, fígado, baço, cérebro e linfonodos. Na fase crônica esta infeção caracteriza-se por hepatosplenomegalia, miocardite e aumento do tamanho do esôfago e do cólon com resultado da destruição de células nervosas (p. ex. plexo de Auerbach) e de outros tecidos que controlam o crescimento desses órgãos. Megacardia e alterações eletrocardiográficas são comumente observadas na doença crônica. O envolvimento do SNC, produz granulomas no cérebro, com formação de cistos e meningoencefalite. A morte resultante da doença de chagas crônica é uma consequência da destruição tecidual que ocorre em muitas áreas invadidas pelos organismos, e a morte repentina resulta de um bloqueio cardíaco completo e de dano cerebral. Tratamento Estão disponíveis dois fármacos para o tratamento da doença de Chagas: nifurtimox e benznidazol ambos de uso oral (KRATZ et al., 2018; ANTINORI et al., 2017; MURRAY, 2017). O nifurtimox é administrado 8 a 10 mg/kg/dia em adultos, 12,5 mg / kg por dia em adolescentes e 15 a 20 mg / kg por dia em crianças tudo com uma durante 90 a 120 dias (BARROSO et al., 2014). Efeitos colaterais incluem náuseas, vómitos, diarreia, perda de peso, irritabilidade, perturbações do sono, neuropatia periférica. A tolerância nas crianças é melhor do que adultos. ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia 35 O benzonidazol é administrado 5 a 7 mg/kg/dia, durante 60 dias( KRATZ et al., 2018). Este fármaco causa com frequência reações de hipersensibilidade habitualmente moderada, mas que podem ser graves e de difícil controlo. Prevenção e controle O controle dos triatomíneos, a erradicação de seus ninhos e a construção de casas para prevenir o alojamento dos insetos também são essenciais. Uso de diclorodifeniltricloroetano (DDT) em casas infestadas por insetos tem demonstrado uma queda na transmissão da malaria e da doença de chagas. A triagem do sangue pela utilização de meios sorológicos ou da exclusão de doadores de sangue provenientes de áreas endêmicas previne algumas infeções que poderiam estar associadas à transfusãoterapêutica. Programas educacionais sobre a doença e sua transmissão, desenvolvimento para informar pessoas em áreas endêmicas. O desenvolvimento de uma vacina é possível, uma vez que T. cruzi não apresenta a variação antigénica observada nos tripanossomos africanos. Sumário Nesta Unidade temática 2.1 estudamos e discutimos fundamentalmente a doença de chagas, também conhecida como tripanossomíase americana, é causada pelo protozoário tripanossomatídeo T. cruzi que, em seu ciclo de vida natural, é ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia 36 transmitido por vetores de triatomíneos. Estudos parasitológicos são úteis para confirmar casos agudos, enquanto o diagnóstico de infecção crônica por T. cruzi se baseia em métodos sorológicos. Não há vacina para prevenir a infeção, e o tratamento é restrito ao nifurtimox e ao benzonidazol; e, portanto, novos medicamentos eficazes com menores efeitos colaterais são urgentemente necessários. ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia 37 Unidade temática 2.2. Leishmaniose. Introdução Leishmanioses é uma doença tropical causadas por protozoários do gênero Leishmania e transmitidas por mosquitos da família dos flebotomíneos. De referir que Leishmania são protozoários flagelados que existem sob a forma de promastigota no hospedeiro inseto e sob a forma amastigota nas células macrofágicas dos hospedeiros vertebrados, transmitidas ao Homem por picada de insetos hematófagos dos géneros Phlebotomos e Lutzomynia. De acordo com BURZA (2018), existem cerca de 20 espécies do género Leishmania causam doença no Homem. As principais incluem: membros do complexo Leishmania donovani (L. donovani, L, infantum e L. chagasi) associados a doença sistémica (Kala-azar) habitualmente fatal sem tratamento; L. tropica e L. major, causadoras de lesões cutâneas geralmente benignas; e membros dos complexos L. braziliensis, ocasionando formas mucocutâneas da doença, frequentemente graves e mutilantes. Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: Objectivos específicos Conhecer agente etiológico e os tipos de lesihmanioses; compreender o ciclo biológico do parasita leishmania; Conhecer as principais manifestações clinicas da leishmaniose cutânea, visceral e mucocutânea; Conhecer o tratamento e medidas preventivas. Agente etiológico Para REYS (2010) os protozoários que causam as leishmaníases humanas são flagelados da familia Trypanosomatidae do gênero Leishmania caracterizados por apresentarem apenas duas formas durante seu ciclo vital: ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia 38 a) forma amastigota, quando os parasitos estão no interior das células dos hospedeiros vertebrados; b) forma promastigota, quando se desenvolvem no tubo digestivo dos hospedeiros invertebrados (insetos flebotomíneos), bem como nos meios de cultura. Modo de transmissão LISBOA et al. (2016) refere que as Leishmanias são transmitidas aos animais e aos homens pela picada dos flebotomínios pertencentes à ordem díptera da família Psychodidae, denominados flebótomos na linguagem vulgar. Leismaniose pode ser transmitido por transfusão sanguínea, transmissão vertical e por acidente de laboratório (BARROSO et al., 2014). Usuários de drogas transmitem a leishmaniose por meio do compartilhamento de agulhas (FERRAR et al.,2014). Período de incubação Este período, que corresponde ao tempo decorrido entre a picada do inseto e o aparecimento de lesão inicial, varia entre duas semanas e três meses (NEVES, 2005). Ciclo de vida Os ciclos de vida das leishmânias são muito semelhantes nas leishmanioses cutânea, mucocutânea e visceral (MURRAY et al, 2017). Possuem ciclo biológico heteroxênico necessitando assim de dois hospedeiros (figura 5), um vertebrado, representado por canídeos silvestres e domésticos, além de roedores e humanos, e de um invertebrado, representado pelo inseto vetor (LISBOA et al., 2016). Os dois tipos de transmissão existentes para a leishmaniose visceral são: ciclo zoonótico, onde a doença é transmitida ao homem a partir de um vetor que fez ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia 39 o repasto sanguíneo em reservatório animal e o ciclo antroponótico, onde é transmitida de homem para homem através do vetor. Durante o processo de alimentação do flebotomíneo é que ocorre a transmissão do parasita. Na tentativa da ingestão do sangue, as formas promastigotas são introduzidas no local da picada. Dentro de quatro a oito horas, estes flagelados são interiorizados pelos macrófagos teciduais. A saliva do flebotomíneo possui neuropeptideos vasodilatadores que atuam facilitando a alimentação do inseto e ao mesmo tempo imunossuprimindo a resposta do hospedeiro vertebrado; desta forma, exerce importante papel no sucesso da infectividade das promastigotas metaciclicas. O macrófago estende pseudópodos que envolvem o parasito, introduzindo-o para o seu interior, envolto pelo vacúolo fagocitário. Rapidamente as formas promastígotas se transformam em amastígotas que são encontradas 24 horas após a fagocitose. Dentro do vacúolo fagocitário dos macrófagos, as amastigotas estão adaptadas ao novo meio fisiológico e resistem a ação destruidora dos lisossomas, multiplicando se por divisão binaria até ocupar todo o citoplasma. O núcleo do macrófago chega a deslocar-se do centro, para dar lugar ao vacúolo com as amastígotas. Esgotando-se sua resistência, a membrana do macrófago se rompe liberando as amastígotas no tecido, sendo novamente fagocitadas, iniciando no local uma reação inflamatória. ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia 40 Figura 5. ciclo de vida do parasita Leishmania. Fonte: Martins & Lima (2013). Manifestações clínicas Dependendo da espécie de Leishmania envolvida, a infeção pode resultar em uma doença cutânea, cutânea difusa, mucocutânea ou visceral. A leishmaniose visceral é caracterizada principalmente por febre – que pode assumir os mais variados padrões e é frequentemente pouco valorizada-, aumento progressivo do baço com dor abdominal, anemia, perda de peso e apatia. Sem tratamento, a progressão resulta em morte por infeção secundária. A maioria das infeções é subclínica, com cura espontânea, ou seguida de período quiescência; a imunossupressão, seja ela iatrogénica, associada à destruição proteico-calórica, ou relacionada com coinfecção pelo HIV, pode ativar a infeção latente. As formas cutâneas são caracterizadas por lesões ulceradas típicas, mais muitas apresentações (formas secas, lupoides, pseudotumorais, etc.) são possíveis. Nas formas mucocutâneas há ulceração progressiva de mucosa oral ou faríngea, ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia 41 surgindo meses ou anos após a lesão cutânea inicial, tipicamente com destruição do septo nasal. Epidemiologia As leishmanioses estão presentes nas zonas intertropicais e temperadas do Novo Mundo (Américas) e Velho Mundo (África, Eurásia) (BARROSO et al.2014). Em todo o mundo um total de 350 milhões de pessoas encontram-se em áreas de risco. Estima-se que 500.000 novos casos ocorrem anualmente, com cerca de 59.000 óbitos em vários países da Europa, Ásia, Oriente Médio, África e Américas, dos quais mais noventa por cento dos casos ocorrem em apenas cinco países: Índia,Bangladesh, Nepal, Sudão e Brasil (figura 6) (LISBOA et al., 2016). A leishmaniose visceral humana é endêmica nas regiões tropicais e subtropicais da Ásia, África, Américas Central e do Sul (figura 7). No Sul da Europa mais de 70% dos casos em adultos estão associados à infeção por HIV e mais de 9% dos pacientes com AIDS também são acometidos por esta endemia. Na sua maioria, as leishmânias são parasitas dos canídeos selvagens ou domésticos ou de roedores, constituindo zoonoses. Figura 6. Distribuição geográfica da leishmanias visceral em todo o mundo em 2016 ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia 42 Fonte: BURZA et al., 2018 Figure 7. Distribuição geográfica da leishmanias cutânea em todo o mundo em 2016. Fonte:https://www.who.int/leishmaniasis/burden/Status_of_endemicity_of_CL_worldwide_20 16with_imported_cases.pdf?ua=1 Tratamento O fármaco de escolha para todas as formas de leishmanioses é o composto antimonial pentavalente estibogluconato de sódio (Pentostam). A terapia-padrão para o tratamento da leishmaniose cutânea consiste em injeções de compostos antimoniais diretamente na lesão ou por via parenteral. Há pouco tempo, o fluconazol e a miltefosina se mostraram eficazes. Entre outros fármacos estão a anfotericina B, a pentamidina e várias formulações de paromomicina. O estibogluconato permanece como fármaco de escolha para o tratamento da leishmaniose mucocutânea, tendo como alternativa a anfotericina B. Prevenção e controle A Prevenção a nível individual apela redução do contacto Homem – vetor (repelentes, inseticidas, redes mosquiteiras). O controlo das leishmanias requer ações complexas de controlo vetorial combinadas com a redução ou eliminação do reservatório animal. ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia 43 Sumário Nesta Unidade temática 2.2 estudamos e discutimos fundamentalmente a leishmaniose é uma zoonose relatada principalmente em países de clima tropical e sistêmica. Estas enfermidades são provocadas por protozoários do gênero Leishmania, que de acordo com a espécie podem produzir manifestações cutâneas, mucocutânea, cutânea difusa e viscerais. transmitida por flebotomínios. Por ser uma zoonose que afeta tanto o homem quanto os animais. Estima-se que no mundo tem por ano 2 milhões de novo casos. Mais que 350 milhões de pessoas vivem em áreas com transmissão de Leishmania e casos são relatados em 98 países da América do Sul, África, sul da Europa e Ásia. A doença é relacionada à pobreza e é uma das "Doenças Tropicais Negligenciadas". Leishmanioses são frequentemente classificados pela sua localização geográfica, Velho Mundo (Europa, Ásia e África) ou no Novo Mundo (Américas). Pelo menos 20 espécies do gênero Leishmania são patogênicas para os humanos. ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia 44 Unidade temática 2.3. Malária Introdução A malária é um problema de saúde a nível mundial significativo com uma carga de doenças substancial em todo o mundo. Em 2017, houve aproximadamente 219 milhões de casos de malária, responsáveis por cerca de 435000 mortes, a maioria no continente africano (World Malaria Report 2018). A malária resulta da infecção por parasitas unicelulares pertencentes ao gênero Plasmodium . Sabe-se que cinco espécies de Plasmodium causam doenças em humanos: P. falciparum, P. vivax , P. ovale , P. malariae e P. knowlesi . Globalmente, P. falciparum e P. vivax são responsáveis pela maioria dos casos de malária. Enquanto P. falciparum é responsável por mais mortes, P. vivax é a mais disseminada de todas as espécies de malária, pode causar infecções graves e até fatais e resulta em significativa morbidade e mortalidade global. Ao final desta unidade temática o leitor deverá ser capaz de: Objectivos específicos Conhecer agente etiológico da malária; Conhecer o ciclo biológico e modo de transmissão; Conhecer manifestações clinicas da malária; Conhecer tratamento da malária e medidas preventivas. Agente etiológico Segundo TRAMPUZ et al. (2003), malária é uma doença causada por protozoários intraeritrocitários obrigatórios do gênero Plasmodium. Os seres humanos podem ser infectados com uma (ou mais) das seguintes quatro espécies: P. falciparum , P. vivax , P. ovale e P. malariae . Classificação Reino Protista ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia 45 Filo Apicomplexa Classe Aconoidasida Ordem Haemosporida Família Plasmodiidae Gênero Plasmodium Epidemiologia A malária é uma doença parasitaria com grandes impactos a nível de saúde publica em todo o mundo. Estima-se que 300-500 milhões de pessoas contraem a malária a cada ano, resultando em 1.5-2.7 milhões de mortes por ano a nível mundial (figura 8). Devido ao aumento das viagens globais e à imigração de pessoas de áreas endêmicas para malária, a incidência de casos importados de malária em países desenvolvidos aumentou. Espera-se que aproximadamente 10 000 a 30 000 viajantes de países (TRAMPUZ et al., 2003). Segundo dados da WHO ( 2018), refere que houve 219 milhões de casos e 435.000 mortes relacionadas em 2017. ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia 46 Figura 8. Distribuição global do Plasmodium falciparum e Plasmodium vivax Fonte: FARRAR et al., 2014 Ciclo de vida do parasite Plasmodium Quando o mosquito anofelino infetado faz uma refeição de sangue, os esporozoítos são inoculados na corrente sanguínea. Dentro de uma hora, os esporozoítos penetram nos hepatócitos e começam a dividir- se em merozoitos exoeritrocíticos (esquizogonia tecidular). Para P. vivax e P. ovale, formas dormentes denominadas hipnozoítas geralmente permanecem quiescentes no fígado até um tempo posterior; P. falciparumn ão produz hypnozoites. Uma vez que os ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia 47 merozoitos saem do fígado, eles invadem os eritrócitos e se desenvolvem em trofozoítos precoces, que são em forma de anel, vacuolados e não-colonizados. Uma vez que o parasita começa a se dividir, os trofozoítos são chamados de esquizontes, consistindo de muitos merozoítos filhos (esquizogonia do sangue). Eventualmente, os eritrócitos infetados são lisados pelos merozoítas, que posteriormente invadem outros eritrócitos, iniciando um novo ciclo de esquizogonia. A duração de cada ciclo em P. falciparum é de cerca de 48 horas. Em seres humanos não imunes, a infeção é ampliada cerca de 20 vezes a cada ciclo. Depois de vários ciclos, alguns dos merozoítos se desenvolvem em gametócitos, o estágio sexual da malária, que não causam sintomas, mas são infeciosos para os mosquitos (figura 9)(TRAMPUZ et al., 2003). Figura 9. Ciclo de vida das espécies de Plasmodium causadoras de malária em humanos. Fonte: FRANÇA et al., 2008 Modo de transmissão ISCED CURSO: NUTRIÇÃO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Parasitologia 48 A malária pode ser transmitida por via transfusional, transplacentária (malária congénita) durante a partilha de seringa por toxicodependentes ou em acidentes de laboratório, mas a transmissão natural faz-se principalmente pela picada de fêmeas de mosquitos Anopheles. Manifestações clínicas Os sintomas da malária são febre, calafrios,
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