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5-EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO CONTEXTO ESCOLAR

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EDUCAÇÃO ALIMENTAR 
E NUTRICIONAL NO 
CONTEXTO ESCOLAR
Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
Autora: Angélica Ribeiro e Silva
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Jóice Gadotti Consatti
Norberto Siegel
Camila Roczanski
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Marcelo Bucci
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2019
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
SI586e
 Silva, Angélica Ribeiro e
 Educação alimentar e nutricional no contexto escolar. / Angélica Ri-
beiro e Silva. – Indaial: UNIASSELVI, 2019.
 127 p.; il.
 ISBN 978-85-7141-292-7
1.Educação alimentar – Brasil. 2.Nutrição na escola básica – Brasil. 
II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 371.716
Sumário
APRESENTAÇÃO ..........................................................................05
CAPÍTULO 1
Compreensão da Aplicabilidade da
Educação Alimentar e Nutricional .............................................7
CAPÍTULO 2
Educação Alimentar e Nutricional
Como Promotora da Saúde ........................................................47
CAPÍTULO 3
Sucesso nas Ações de Educação
Alimentar e Nutricional na Educação Básica ..........................87
APRESENTAÇÃO
Caro estudante, a disciplina de Educação Alimentar e Nutricional no Contexto 
Escolar tem a intenção de oferecer a você meios que permitam o desenvolvimento 
e a aplicação de ações de promoção da saúde, focada na alimentação e nutrição, 
aos estudantes da educação básica.
Desde a década de 90 estamos vivendo a progressão da transição nutricional, 
ou seja, as doenças nutricionais que trazem prejuízos ao indivíduo, às famílias, 
comunidades e aos setores de saúde não são mais, predominantemente, as 
carências, causadas principalmente pela fome. Hoje, são as doenças crônicas 
não transmissíveis, causadas pelos maus hábitos alimentares, principalmente 
pelo consumo excessivo de energia, que estão com a prevalência em crescente 
ascensão, inclusive na faixa etária infantil.
 E é exatamente esta faixa etária que representa o melhor público para 
aplicação de intervenções em alimentação e nutrição, uma vez que eles estão 
em fase de maturação psicológica e intelectual, aumentando assim as chances 
de efetividade das ações. 
Outro aspecto positivo em desenvolver hábitos alimentares saudáveis na 
infância é que estes perduram por toda a vida do indivíduo, protegendo-o contra 
o desenvolvimento de doenças nutricionais em qualquer fase dela. Pois, quando 
falamos em hábito estamos nos referindo às atitudes que tendem a se repetir ao 
longo do tempo, portanto o nosso desejo é que as escolhas alimentares corretas 
se tornem mesmo hábitos alimentares.
Ainda é nesta fase que o indivíduo sai do convívio familiar e entra no contexto 
escolar, onde sofrerá influências do seu grupo social e dos estímulos presentes 
no sistema educacional, estando aberto a novas experiências e experimentações, 
como o contato com novos alimentos.
 Portanto, não há lugar melhor que a escola para o desenvolvimento de 
intervenções alimentares e nutricionais. Além de ela já ter um papel educador, 
garante que as atividades sejam oferecidas de maneira continuada e permanente 
sem contar que as crianças são motivadas de maneira positiva quando trabalham 
em grupos.
 E agora, mais do que nunca, a Educação Alimentar e Nutricional tem na 
escola um ambiente privilegiado, pois em maio de 2018 foi aprovada a Lei 13.666/2018 
que estabelece a sua inclusão nos currículos de ensino fundamental e médio. 
Assim, para guiá-lo nos estudos sobre Educação Alimentar e Nutricional, este 
livro estará dividido em três capítulos e cada um deles terá de duas a três seções. 
Cada capítulo contará com seus objetivos, atividades de estudo e recomendação 
de aprofundamento sobre o tema.
O Capítulo 1 vai introduzir a Educação Alimentar e Nutricional, trazendo o 
conceito, as diretrizes, a evolução histórica e os principais métodos para sua 
aplicação na faixa etária infantil.
No Capítulo 2, você conseguirá enxergar a Educação Alimentar e Nutricional 
como promotora da saúde. Primeiro, irá entender como as doenças crônicas não 
transmissíveis atingem e afetam a vida das crianças e, depois, terá acesso a 
vários exemplos de ações em alimentação e nutrição que levarão à melhoria na 
saúde deste público.
O terceiro e último capítulo vai permitir que você monte suas próprias 
ações em Educação Alimentar e Nutricional, pois irá trazer os marcos teóricos 
para o desenvolvimento das intervenções e a melhor maneira de dialogar com a 
população. Além disso, será abordada a importância da educação permanente 
dos profissionais que atuam nesta área.
Esperamos que este livro sirva como base para a sua formação, mas que 
também desperte o seu lado questionador e faça você querer se aprofundar neste 
tema a ponto de buscar mais informações além das que se encontram nessas 
páginas, que ele também o motive no uso de sua criatividade para que você 
desenvolva atividades tão marcantes a ponto de transformar para sempre a vida 
de muitas crianças.
CAPÍTULO 1
Compreensão da Aplicabilidade da 
Educação Alimentar e Nutricional
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
• assimilar a essência da Educação Alimentar e Nutricional com base em sua 
história;
• conhecer as maneiras de executá-la;
• identificar, de modo estratégico, qual o método mais aconselhável para 
aplicação da Educação Alimentar e Nutricional em escolares baseado nos 
objetivos que se quer alcançar.
8
 EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO CONTEXTO ESCOLAR
9
Compreensão da Aplicabilidade da Educação Ali-
mentar e Nutricional Capítulo 1 
1 Contextualização
A nossa saúde está diretamente relacionada a uma alimentação de qualidade 
e em quantidade suficientemente capaz de suprir as necessidades nutricionais de 
nosso organismo. Por isso, as ações de Educação Alimentar e Nutricional (EAN) 
representam um importante instrumento para a garantia da segurança alimentar, 
nutricional e do direito humano à alimentação adequada.
As práticas em EAN permitem que haja mudanças positivas do hábito 
alimentar, pois para isto acontecer é necessário o conhecimento sobre o que 
comer, uma vez que as atitudes são determinadas por ele. Assim, o processo 
educativo deve despertar no outro o desenvolvimento da autocrítica e a 
capacidade de intervir sobre sua própria vida, ou seja, gerar autonomia.
Tal autonomia é criada através do diálogo entre os profissionais de saúde e a 
população. Para isso, a estratégia educativa escolhida deve possibilitar a criação 
de novo sentido para o ato de comer, capaz de alcançar as várias dimensões 
do comportamento alimentar respeitando, mas também modificando, crenças, 
valores, atitudes, representações, práticas e relações sociais estabelecidas em 
torno da alimentação. 
Dessa forma, este capítulo possibilitará que você compreenda a EAN como 
importante aliada para melhorar a saúde da população, desde a faixa etária 
infantil, e consiga determinar qual metodologia de aplicação da EAN responde ao 
objetivo que quer atingir nas suas ações.
2 Conceito E Princípios Da 
Educação Alimentar E Nutricional
A educação é um direito fundamental que impacta todas as áreas de nossas 
vidas, é através dela que o indivíduo e a sociedade se desenvolvem. Só o 
conhecimento nos permite saber sobre o direito à saúde, às condições adequadas 
de trabalho e a ter uma alimentação de qualidade. É por meio daeducação que 
aprendemos a nos preparar para a vida.
Quanto mais conhecimento e acesso à informação, melhores serão as 
condições de trabalho do indivíduo e, consequentemente, melhor a renda das 
famílias. A educação diminui a desigualdade social e a violência, fortalece a 
10
 EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO CONTEXTO ESCOLAR
democracia e a cidadania, ajuda a proteger o meio ambiente e promove 
a saúde (LUTZ et al., 2014; SUMANEN et al., 2015; SCHMIDT et al., 
2016).
Vamos refletir um pouco? Você acha que uma mãe que não teve 
acesso a uma educação de qualidade compreende a importância de 
prevenir doenças, manter o cartão de vacinação em dia e desenvolver 
hábitos de higiene? Provavelmente ela será muito mais sensível a 
estas informações se tiver maior nível de ensino. Além disso, poderá 
ter hábitos mais saudáveis, como não fumar e consumir alimentos de 
maneira equilibrada para se evitar doenças.
Com a educação em alimentação se consegue garantir maior 
qualidade de vida. Além de influenciar a saúde e longevidade, o que ingerimos 
durante as refeições afeta o humor e a capacidade de trabalhar, estudar 
e sentir prazer. E tudo isso se torna muito mais importante quando 
falamos de crianças e adolescentes que estão em plena fase de 
desenvolvimento, e por isso, precisam que todos os nutrientes estejam 
presentes nas refeições.
Portanto, empoderar a população para a adoção de práticas 
alimentares saudáveis se torna de extrema importância para garantir 
a saúde e, também, controlar e prevenir os distúrbios decorrentes da 
alimentação e nutrição. Tal empoderamento se dá através de ações 
baseadas em Educação Alimentar e Nutricional (EAN), a partir delas o 
indivíduo consegue ser livre para tomar suas próprias decisões no que 
diz respeito às escolhas alimentares (BRASIL, 2012a).
Você consegue se lembrar quando começou a escolher o 
que queria comer? O que mais o influenciou no início: sua família, 
seus amigos, a escola, a mídia? O que influencia suas escolhas 
alimentares agora? Este tipo de reflexão é importante para conduzir 
a abordagem deste assunto com a população.
A EAN é um campo de ação estratégico para a promoção da alimentação 
adequada e saudável proporcionando a segurança alimentar e nutricional que, 
por sua vez, visa assegurar a todos o direito humano à alimentação adequada, 
A educação diminui 
a desigualdade 
social e a violência, 
fortalece a 
democracia e a 
cidadania, ajuda 
a proteger o 
meio ambiente e 
promove a saúde 
(LUTZ et al., 2014; 
SUMANEN et al., 
2015; SCHMIDT et 
al., 2016).
Empoderar a 
população para a 
adoção de práticas 
alimentares 
saudáveis se 
torna de extrema 
importância para 
garantir a saúde 
e, também, 
controlar e prevenir 
os distúrbios 
decorrentes da 
alimentação e 
nutrição.
11
Compreensão da Aplicabilidade da Educação Ali-
mentar e Nutricional Capítulo 1 
ou seja, todos têm direito a uma alimentação de qualidade e em quantidade 
suficiente, sem que suas demais necessidades essenciais sejam comprometidas 
(BRASIL, 2006a). 
Assim, através do diálogo entre os profissionais de saúde e a população 
proporcionado pelas ações de EAN, é gerada a autonomia para que pessoas, 
grupos e comunidades sejam capazes de adotar hábitos alimentares saudáveis.
O conceito e os princípios da EAN abordados neste capítulo 
são baseados no Marco de Referência de Educação Alimentar 
e Nutricional para as Políticas Públicas, lançado em 2012 com o 
objetivo de aprimorar a discussão sobre o tema no país. Apesar da 
discussão deste capítulo ser pautada nele, vale a pena acessar o 
original que está disponível em: https://www.ideiasnamesa.unb.br/
files/marco_EAN_visualizacao.pdf
2.1 Conceito De Educação Alimentar 
E Nutricional
Para a construção de seu conceito foi considerada a sua evolução 
histórica e política no Brasil, as diversas dimensões da alimentação e do 
alimento e os diferentes campos do saber. Assim, a Educação Alimentar 
e Nutricional consiste em um campo de conhecimento e de prática 
contínua e permanente, transdisciplinar, intersetorial e multiprofissional, 
com o intuito de que o indivíduo tenha autonomia para fazer escolhas 
alimentares adequadas (BRASIL, 2012a). 
Por se tratar de um campo de conhecimento, existem várias 
abordagens educacionais que podem ser consideradas para as 
intervenções em EAN, o importante é que elas reúnam, de maneira 
efetiva, o conhecimento científico ao popular. Essas abordagens devem 
envolver os indivíduos ao longo de todo o curso da vida e considerar os 
múltiplos fatores que compõem o comportamento alimentar.
É importante observar que o termo utilizado não é apenas 
“educação alimentar” ou “educação nutricional”, mas abrange todos os 
aspectos da alimentação, desde os processos de produção, abastecimento e 
Educação Alimentar 
e Nutricional 
consiste em 
um campo de 
conhecimento e de 
prática contínua 
e permanente, 
transdisciplinar, 
intersetorial e 
multiprofissional, 
com o intuito de 
que o indivíduo 
tenha autonomia 
para fazer escolhas 
alimentares 
adequadas 
(BRASIL, 2012a).
12
 EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO CONTEXTO ESCOLAR
transformações dos alimentos, até as dimensões nutricionais propriamente ditas. 
Com isso, espera-se que a EAN contribua para a prevenção e controle tanto 
das deficiências nutricionais como das doenças crônicas não transmissíveis 
(DCNT), que valorize as diferentes expressões da cultura alimentar e fortaleça os 
hábitos regionais, que reduza o desperdício de alimentos e promova o consumo 
sustentável de alimentos.
A partir do conceito de EAN e do que você já refletiu até aqui, 
descreva quais são seus benefícios para a população infantil.
2.2 Princípios Da Educação 
Alimentar E Nutricional
Como a EAN é uma política pública, ela deve ser abordada com base em 
princípios (Figura 1), de modo que aconteça de maneira organizada. Abaixo estão 
descritos cada um deles de acordo com o marco de referência (BRASIL, 2012a):
FIGURA 1 - BASE DOS PRINCÍPIOS PROPOSTOS PELO MARCO DE REFERÊNCIA DE 
EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL PARA AS POLÍTICAS PÚBLICAS
FONTE: A autora
13
Compreensão da Aplicabilidade da Educação Ali-
mentar e Nutricional Capítulo 1 
2.2.1 Sustentabilidade social, ambiental 
e econômica
A primeira coisa que vem à nossa cabeça quando falamos em 
sustentabilidade é meio ambiente. Isto é muito comum e está relacionado ao 
conceito de desenvolvimento sustentável que diz que as nossas necessidades do 
presente não podem comprometer as do futuro, ou seja, os recursos naturais não 
renováveis devem ser preservados para as futuras gerações (FERREIRA, 2012; 
RIBEIRO; JAIME; VENTURA, 2017). 
E realmente, o aumento na produção e no consumo de produtos em 
geral provoca grande desequilíbrio ambiental, podendo causar um impacto 
irreversível. Por isso, nas últimas décadas vem crescendo a preocupação com 
a gestão socioambiental de empresas, que envolve a combinação de boas 
práticas administrativas à preservação da natureza, ampliando os compromissos 
dos responsáveis pela produção, comercialização e distribuição de produtos 
(FERREIRA, 2012).
No que diz respeito aos alimentos, as questões de sustentabilidade ambiental 
parecem ser claras no início da cadeia de produção, no campo, e até mesmo 
antes dele, na produção de sementes, mudas e insumos, onde os elementos da 
natureza têm papel crucial do plantio à colheita. Porém, as etapas posteriores 
que levam o alimento até a nossa mesa, e considerando também o descarte 
adequado, dependem de práticas sustentáveis (RIBEIRO; JAIME; VENTURA, 
2017).
Enquanto a principal preocupação no campo são os agrotóxicos, que poluem 
lençóis freáticos e solos levando ao empobrecimento da biodiversidade, na mesa 
é o desperdício de alimentos. Na verdade, desde sua distribuição já é descartado 
um grande volume de itens alimentícios, o que leva também ao desperdício da 
terra, da água, energia e demais matérias utilizadas para a produçãoe distribuição 
dos alimentos.
Porém, não é apenas o cuidado com o meio ambiente que garante a 
sustentabilidade proposta neste princípio. Além dele, deve-se cuidar também 
de todo o capital humano envolvido desde a produção dos alimentos até o 
seu consumo final, com atenção as suas condições de vida (educação, saúde, 
violência, lazer, dentre outros aspectos).
Ademais, todas as etapas envolvidas até que o alimento chegue à nossa 
mesa devem ser economicamente sustentáveis, ou seja, o desenvolvimento 
14
 EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO CONTEXTO ESCOLAR
econômico não pode acontecer às custas de más condições de 
trabalho dos funcionários ou à degradação do meio ambiente da área 
a sua volta. 
Assim, a promoção da alimentação saudável deve levar em conta 
temas como agricultura familiar, produtos orgânicos, desperdício de 
alimentos e boas práticas e condições de trabalho. As necessidades 
de alimentos dos indivíduos não podem ser atendidas a partir do 
esgotamento de recursos naturais renováveis e não renováveis e 
devem levar em conta as relações econômicas e sociais.
2.2.2 Sistema alimentar: uma 
abordagem em sua integralidade
O sistema alimentar inclui todos os materiais, processos e infraestruturas 
relacionados à produção, distribuição, comercialização e consumo de alimentos. 
A geração e destinação dos resíduos produzidos durante cada etapa do processo 
também fazem parte deste sistema. Mesmo que a alimentação seja uma necessidade 
humana básica, não basta que alimentos estejam disponíveis para a população, é 
necessário que eles sejam de qualidade, diversificados, seguros e tenham preços 
razoáveis. Além disso, nossa saúde e bem-estar apresentam ligação direta com a 
alimentação, tanto as carências nutricionais como a obesidade estão relacionadas 
com a forma como produzimos, comercializamos e consumimos os alimentos. 
Portanto, as ações de EAN devem abranger estratégias que garantam que 
as escolhas dos indivíduos possam interferir de maneira positiva em 
todas as dimensões do sistema alimentar. Ao realizar as intervenções 
em EAN é importante abordar o crescimento das grandes corporações 
que esmagam os pequenos produtores e lucram a partir do uso e 
comercialização de sementes geneticamente modificadas, agrotóxicos 
e fertilizantes (BRADFORD, 2011). E ainda há as grandes empresas 
que lucram com a produção em grande escala de alimentos 
ultraprocessados, mais baratos e com baixo teor de nutrientes 
(RIBEIRO; JAIME; VENTURA, 2017). Assim, desenvolver ações que 
despertem o interesse pelo consumo de alimentos naturais e orgânicos 
em relação aos alimentos ultraprocessados representa uma proteção ao sistema 
alimentar. Além disso, qualquer ação que estimule a diminuição do desperdício 
de alimentos, além de representar um ganho para a sustentabilidade ambiental, 
também protege o sistema alimentar e a garantia de acesso ao alimento a toda a 
população (EEA, 2014).
As necessidades 
de alimentos 
dos indivíduos 
não podem ser 
atendidas a partir 
do esgotamento de 
recursos naturais 
renováveis e não 
renováveis e 
devem levar em 
conta as relações 
econômicas e 
sociais.
As ações de EAN 
devem abranger 
estratégias que 
garantam que 
as escolhas dos 
indivíduos possam 
interferir de maneira 
positiva em todas 
as dimensões do 
sistema alimentar. 
15
Compreensão da Aplicabilidade da Educação Ali-
mentar e Nutricional Capítulo 1 
2.2.3 Diversidade: valorização da 
cultura alimentar local e respeito à 
opiniões e perspectivas, considerando a 
legitimidade dos saberes de diferentes 
naturezas
A comida é essencial para entender os costumes de um povo. O ato de 
comer não satisfaz apenas as necessidades biológicas, ele é fonte de prazer, 
socialização, expressão cultural, memória e identidade (ABDALA, 2011; MORAIS, 
2011). Não é à toa que, para muitas pessoas, a memória afetiva passa pela 
cozinha. 
O nosso país apresenta muitas particularidades regionais devido ao processo 
histórico que viveu, com a união de diferentes povos, para se transformar no que é 
hoje. Com isso, os ingredientes de um prato já dizem muito sobre o local de onde 
a pessoa veio, mostrando o quanto as referências simbólicas são importantes 
para a construção das preferências alimentares.
Tem alguma comida típica de sua região que pode causar 
estranheza se for preparada em um outro estado? Como estes 
alimentos regionais interferem no modo como você se relaciona com 
a sua comunidade?
A interação entre as diversas culturas contribui para o 
desenvolvimento humano, já que, nos dias atuais, com a globalização, 
o mundo tende a se comportar de uma única forma, reduzindo as 
diferenças culturais e diminuindo, com isso, a tolerância de algumas 
pessoas para viver em sociedade e conviver com as diferenças.
É verdade que com a entrada das mulheres no mercado de trabalho houve 
redução na produção de alimentos em casa, no sentar-se à mesa, no prato típico 
da família; e se observou aumento no consumo de alimentos de fácil preparo, 
os chamados ultraprocessados (VAZ; BENNEMANN, 2014). Não pode ser 
motivo para que percamos o significado de afeto das refeições. É importante, 
A interação entre 
as diversas culturas 
contribui para o 
desenvolvimento 
humano.
16
 EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO CONTEXTO ESCOLAR
principalmente para as crianças, entenderem que, onde estiverem, a refeição 
representa um momento de carinho.
Além da cultura e diversidade geográfica, as preferências alimentares 
também são construídas de acordo com as crenças e religiões de cada povo. A 
relação entre alimento e fé é muito estreita, tudo o que é consumido de acordo 
com os ritos de uma religião, das permissões às proibições, reflete a cultura de 
onde ela se originou (FERRARI, 2016).
A EAN deve considerar a legitimidade dos saberes oriundos da 
cultura e religião; e valorizar as expressões de identidade de nosso 
povo reconhecendo a riqueza das combinações e preparações locais 
e regionais.
2.2.4 Culinária: a comida e o alimento 
como referências de valorização da 
culinária enquanto prática emancipatória
Quando você vai se alimentar, os nutrientes presentes no alimento 
determinam seu consumo? Normalmente as pessoas não se alimentam 
de nutrientes e sim de alimentos, que vêm acompanhados de uma 
carga cultural, social, afetiva e sensorial. Os alimentos têm cheiro, 
sabor, cor, texturas que fazem com que sejam aceitos ou não pelos 
indivíduos. Mas a culinária pode aumentar a aceitação de alimentos 
e incorporar na rotina das famílias alimentos mais saudáveis. Além 
disso, saber preparar o próprio alimento gera autonomia, pois amplia o 
conjunto de possibilidades dos indivíduos. E para as crianças, aumenta 
a possibilidade de reforçar o vínculo afetivo com os familiares e de experimentar 
alimentos novos. 
O desperdício de alimentos, já citado neste livro, não ocorre apenas no 
transporte e armazenamento inadequados, mas também no preparo incorreto. 
Dessa maneira, a culinária cumpre o papel da prática de informações técnicas 
quanto ao correto preparo de alimentos, inclusive com abordagem sobre o seu 
aproveitamento integral.
A culinária também representa um dos modos pelos quais as identidades 
assumem materialidade. A comida típica ou a receita secreta da vovó não são 
qualquer comida; representam experiências vividas, o passado e, ao fazê-lo, o 
coloca em relação com os que vivenciam o presente. 
A EAN deve 
considerar a 
legitimidade dos 
saberes oriundos da 
cultura e religião.
A culinária pode 
aumentar a 
aceitação de 
alimentos e 
incorporar na 
rotina das famílias 
alimentos mais 
saudáveis. 
17
Compreensão da Aplicabilidade da Educação Ali-
mentar e Nutricional Capítulo 1 
Para as crianças, o uso da culinária propicia a exploração de fatos cotidianos, 
enfatiza os cuidados com higiene e segurança no preparo dos alimentos, estimula 
o conhecimento das formas e cores dos ingredientes de preparações, possibilita 
o contatocom a leitura através das receitas e rótulos de alimentos, alerta 
sobre reaproveitamento de materiais e reciclagem do lixo, transmite conteúdos 
socioculturais como a origem de receitas típicas de lugares específicos, e valoriza 
a socialização através da troca e da união do grupo na hora de preparar e 
experimentar os alimentos.
Nas práticas de EAN, mesmo quando o preparo efetivo de alimentos não for 
viável, é necessário que seja realizada uma reflexão sobre a importância e valor 
da culinária para a alimentação saudável (DAMATTA, 1987).
2.2.5 Autocuidado para a promoção da 
autonomia
O autocuidado significa o cuidado que é realizado por si mesmo 
quando você alcança um estado de maturidade capaz de lhe permitir 
controlar, decidir e realizar ações (OREM, 2001). Assim, ele envolve 
tomadas de decisões que afetam o comportamento do ser humano 
ou o ambiente ao seu redor, ou seja, se refere às práticas cotidianas 
realizadas por uma pessoa ou família para cuidar de si mesmos.
As ações de autocuidado são voluntárias e intencionais, então, 
para que o indivíduo tenha interesse em cuidar da própria saúde, ele 
precisa ter acesso à informação a fim de identificar todos os riscos que 
seus maus hábitos podem proporcionar e conseguir realizar mudanças 
necessárias para melhorar sua qualidade de vida. Essas ações, ou seja, a 
maneira como os indivíduos elegem seu modo de viver, como organizam suas 
escolhas e como criam possibilidades de satisfazer suas necessidades dependem 
não apenas de sua liberdade ou vontades, mas são determinadas também pelo 
contexto social, econômico e cultural em que vivem (BRASIL, 2015). 
Para a faixa etária infantil parece que o autocuidado não é tão importante 
assim porque as crianças ainda são cuidadas pelos pais ou responsáveis. Mas 
isso não é verdade, principalmente quando a criança entra na escola e seus 
hábitos passam a ser influenciados pelos colegas e pelos próprios educadores. 
Outro fator que influencia nas escolhas das crianças e requer que elas 
tenham conhecimento e autonomia é a mídia. Os profissionais do marketing e da 
Autocuidado 
significa o cuidado 
que é realizado por 
si mesmo quando 
você alcança 
um estado de 
maturidade capaz 
de lhe permitir 
controlar, decidir 
e realizar ações 
(OREM, 2001).
18
 EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO CONTEXTO ESCOLAR
propaganda aproveitam dessa fase de desenvolvimento do ser humano, em que 
ainda está ocorrendo a maturação neurológica, para criar comerciais persuasivos, 
envolventes e direcionados para o público infantil e que, muitas vezes, só 
incentivam o consumo de alimentos não saudáveis (BOYLAND; WHALEN, 2015). 
Nesse caso, é crucial identificar as potencialidades e desenvolver 
capacidades nas crianças, a fim de possibilitar escolhas conscientes 
sobre suas ações e trajetórias.
Assim, a proposta é que a EAN estimule a participação dos 
indivíduos no cuidado com a própria saúde e da comunidade em 
seu entorno no que diz respeito à alimentação. Além da orientação, 
o indivíduo também precisa de estímulo e motivação para conseguir 
atingir sucesso na melhoria e manutenção de comportamentos que 
contribuam para sua saúde. E esse processo se torna um ciclo, uma 
vez que a autonomia também garante a participação e envolvimento 
dos indivíduos nas ações de EAN.
A partir das diretrizes estudadas até aqui, apresente três 
objetivos para o desenvolvimento de EAN nas escolas.
2.2.6 A educação enquanto um processo 
permanente, participativo e gerador de 
autonomia
O homem pode e deve, durante toda a sua vida, instruir-se, formar-se 
e buscar evoluir seu lado intelectual, afetivo e moral em suas relações com o 
mundo, com o próximo e consigo mesmo. Desse modo, o processo educativo 
deve ser dinâmico a fim de satisfazer as exigências da própria personalidade 
humana em seu contínuo desenvolvimento.
Esse dinamismo também é necessário em um mundo em constantes 
transformações. A cada dia algo é descoberto ou melhorado, inclusive no 
que diz respeito à alimentação. Muitas vezes já vimos alimentos benéficos 
se transformarem em vilões e vice-versa. Então, a única maneira de manter 
a população e os próprios profissionais da área informados sobre tantas 
atualizações é através da educação continuada. Os profissionais devem ser 
continuamente capacitados a fim de melhorar sua atuação e ajudá-los em suas 
A proposta é que 
a EAN estimule 
a participação 
dos indivíduos 
no cuidado com 
a própria saúde 
e da comunidade 
em seu entorno no 
que diz respeito à 
alimentação. 
19
Compreensão da Aplicabilidade da Educação Ali-
mentar e Nutricional Capítulo 1 
atividades institucionais, complementando a sua formação básica. É o cotidiano 
do trabalho em constante discussão, experimentação e construção-reconstrução 
permanente.
Além disso, todo esse processo deve ser repassado também 
para a população através da EAN. É muito mais fácil para o indivíduo 
desenvolver autonomia em relação à sua alimentação quando ele 
está em constante contato com as informações acerca do tema. E 
esse processo é ainda mais efetivo se são desenvolvidas ações que 
valorizem as atividades práticas (JAIME; LOCK, 2009).
 
Outra característica do caráter permanente da EAN está ligada 
aos ciclos da vida. A promoção da saúde através das informações 
sobre alimentação e nutrição deve ocorrer ao longo de toda a vida do 
indivíduo, desde a infância até a terceira idade. E as atividades desenvolvidas 
devem respeitar as diferentes demandas que o ciclo da vida apresenta, desde a 
formação de hábitos alimentares até a organização de sua alimentação dentro e 
fora de casa.
O processo de educação proposto por essa diretriz também recomenda 
que a formação seja voltada à construção de um indivíduo autônomo, capaz de 
fazer escolhas, governar, transformar e produzir a própria vida. Nesse sentido, 
o educador deve estimular o desenvolvimento do senso crítico do educando, 
valorizar a curiosidade e a inquietude, nunca diminuir seu potencial para que a 
formação do indivíduo abranja todas as dimensões da vida humana necessárias 
para a formação da autonomia.
Diante de múltiplas opções de consumo e de várias regras de condutas 
dietéticas, tomar a decisão por qual caminho seguir significa reconhecer as 
possibilidades, experimentar, decidir, reorientar, e este é o papel da EAN, gerar 
situações para reflexões e busca de soluções a fim de que as escolhas sejam 
conscientes e respeitem a liberdade de cada um.
2.1.7 A Prática em Educação Alimentar e 
Nutricional na diversidade dos cenários
Como política pública, a EAN requer a parceria de diferentes setores 
da sociedade, como instituições educacionais (universidades, instituições 
de educação profissional e tecnológica), organizações não governamentais, 
organismos internacionais, equipamentos públicos de alimentação e nutrição, 
entidades filantrópicas, conselhos de políticas públicas e outras instâncias de 
É muito mais fácil 
para o indivíduo 
desenvolver 
autonomia em 
relação à sua 
alimentação 
quando ele está em 
constante contato 
com as informações 
acerca do tema.
20
 EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO CONTEXTO ESCOLAR
participação e controle social e da sociedade civil como um todo. O 
planejamento de suas ações deve apresentar caráter participativo.
Dentre os campos de prática envolvidos na implementação da 
EAN destacam-se: setor público (federal, estadual, municipal, regional); 
áreas da saúde, assistência social, segurança alimentar e nutricional, educação, 
meio ambiente, dentre outras; equipamentos públicos (dentre eles as escolas); e 
setor privado.
Reflita a respeito dos lugares em que as práticas de EAN podem 
ser desenvolvidas numa cidade e descreva locais não mencionados 
no texto acima.
2.2.8 Intersetorialidade
Não se pode pensar em construção de políticas públicas sem 
considerar a relevância da interação e integração dos diversos órgãos 
e instituições no compromisso comum da efetivação de direitos 
(CUSTÓDIO;SILVA, 2015). Essa corresponsabilidade em garantir os 
direitos à população é a intersetorialidade. Ela tem sido considerada 
um dos mais importantes meios de trabalho no âmbito das políticas 
de saúde com o objetivo de ampliar o aceso a direitos sociais, como 
o da alimentação adequada. Quando o governo trata os problemas 
do cidadão de maneira fragmentada, ou seja, cada setor com suas 
demandas, a população se sente insatisfeita, pois não consegue 
enxergar que suas necessidades foram atendidas (CUSTÓDIO; SILVA, 
2015).
Assim, a intersetorialidade garante o desenvolvimento de ações 
conjuntas destinadas à proteção social, envolve articulação de diferentes setores 
em torno de objetivos comuns e enfrenta as questões da população de maneira 
mais efetiva, considerando-os na sua totalidade.
O planejamento de 
suas ações deve 
apresentar caráter 
participativo.
Não se pode pensar 
em construção de 
políticas públicas 
sem considerar 
a relevância 
da interação e 
integração dos 
diversos órgãos 
e instituições no 
compromisso 
comum da 
efetivação 
de direitos 
(CUSTÓDIO; SILVA, 
2015).
21
Compreensão da Aplicabilidade da Educação Ali-
mentar e Nutricional Capítulo 1 
2.2.9 Planejamento, avaliação e 
monitoramento das ações
A efetividade e manutenção das ações de EAN dependem de um 
bom planejamento, e sua qualidade depende do grau de envolvimento 
e compromisso dos profissionais que as aplicam e, também, dos 
indivíduos que participam delas.
Com o planejamento adequado é possível antecipar problemas, organizar 
todo o processo de trabalho, atualizar saberes e técnicas educacionais, observar 
a coerência das etapas previstas, buscar teorias para sustentar autonomia na 
ação, humanizar a ação evitando a robotização, melhorar resultados e conquistar 
as metas propostas.
Inseridos no planejamento estão o estabelecimento do diagnóstico, a 
elaboração de objetivos e conteúdo programático, previsão de custos e recursos 
necessários, detalhamento de plano de trabalho, definição de responsabilidades 
e parcerias, definição de indicadores de processo e resultados (CERVATO-
MANCUSO, 2011). 
A fase do diagnóstico requer disposição de tempo, pois este é o momento de 
compreender a vida das pessoas no contexto em que elas habitam. Cada local vai 
exigir uma intervenção diferente, portanto, esse é o momento de problematizar e 
definir os objetivos a serem alcançados.
Os objetivos devem ser claros e precisos, eles definem os resultados a 
serem alcançados e, por isso, servem como indicadores para a avaliação. A partir 
da determinação deles, o conteúdo deve ser construído com informação em 
quantidade e qualidade suficientes para que eles sejam atingidos. A relação do 
cotidiano com a experiência deve sempre ser levada em conta para a construção 
do conteúdo, assim como o tempo disponível para a realização das atividades.
A avaliação é uma etapa importante a ser realizada nas ações de EAN, porém 
ela é deixada para o final e, muitas vezes, negligenciada. É com a avaliação que 
conseguimos analisar os prós e contras do conteúdo proposto para determinada 
faixa etária e classe social. As avaliações devem ter papel inclusivo e diagnóstico 
que leva à reflexão de tudo o que pode ser melhorado para as demais ações, uma 
vez que a EAN tem caráter construtivista e permanente.
A efetividade e 
manutenção das 
ações de EAN 
dependem de um 
bom planejamento.
22
 EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO CONTEXTO ESCOLAR
Indique quais as bases dos princípios da Educação Alimentar e 
Nutricional.
Atendendo a esses princípios, a EAN deve seguir como referências materiais 
do Ministério da Saúde, que serão abordados no último capítulo. Mas algumas 
questões sempre devem ser consideradas ao promover uma alimentação 
saudável, dentre elas, considerar que o consumo de alimentos deve apresentar 
quantidade e qualidade suficientes para garantir o equilíbrio no balanço energético, 
prevenindo assim deficiências e doenças nutricionais. Para uma alimentação 
adequada, devem ser respeitadas as características individuais de cada indivíduo, 
como sexo, idade, classe social, preferências pessoais e características físicas e 
fisiológicas.
As ações de EAN se tornam efetivas quando realizadas de maneira contínua 
e permanente desde a primeira infância. Por isso, elas devem ser consideradas 
como práticas cotidianas nas escolas, precisam integrar o projeto pedagógico e 
os componentes curriculares.
3 Perspectiva Histórica Da 
Educação Alimentar E Nutricional
Não precisaria existir educação em alimentação e nutrição se o alimento 
não fosse necessário para nossa sobrevivência. Uma alimentação balanceada 
iniciada desde a primeira infância, no momento da introdução alimentar, garante o 
crescimento e desenvolvimento adequado do indivíduo, estimula a capacidade de 
aprender e previne doenças que podem se manifestar desde a infância até a vida 
adulta (VITOLO, 2015).
Desde a época dos homens pré-históricos a alimentação já representava 
um importante fator para a construção das comunidades, pois eles procuravam 
construir suas moradias em locais onde era possível suprir a necessidade de 
alimentos e água. Depois da descoberta do fogo, eles começaram a fabricar 
recipientes de barro onde conseguiam cozinhar as carnes, e logo depois deixaram 
de comer todo grão que encontravam e passaram a enterrar parte deles para que 
germinassem (FERRARI, 2016).
23
Compreensão da Aplicabilidade da Educação Ali-
mentar e Nutricional Capítulo 1 
A variedade de alimentos que existia para os homens pré-
históricos provavelmente era bem menor do que a que existe nos dias 
de hoje, porém, a escolha por qual alimento consumir provavelmente 
tinha determinantes semelhantes, são eles: idade, sexo, condições 
sociais, econômicas, culturais e o próprio conhecimento sobre 
alimentação e nutrição. Além desses determinantes, hoje em dia o 
nosso comportamento alimentar também é influenciado pelo marketing 
e pela tecnologia de alimentos. Com isso, desenvolver autonomia ao 
indivíduo para que ele faça escolhas mais conscientes e saudáveis se 
torna de extrema importância e faz da EAN um importante instrumento 
para promoção de hábitos alimentares saudáveis.
Segundo uma linha do tempo, a seguir serão descritas as 
atividades importantes para a história da EAN:
• 1930
Surgiu o interesse pelo tema no Brasil quando foram instituídas as primeiras 
leis trabalhistas, definida a cesta básica de referência e surgiram os primeiros 
estudos sobre a desigualdade social e fome no país. Eram os trabalhadores 
e suas famílias o público-alvo das ações de EAN, centradas na introdução de 
alimentos novos e na adoção de medidas voltadas à suplementação alimentar e 
atividades de combate a carências nutricionais (BRASIL, 2010; SANTOS, 2005).
• Década de 1970
A renda se apresentava como principal obstáculo à alimentação adequada e 
as ações de EAN apresentavam um interesse econômico, promoviam o consumo 
de soja e seus derivados, uma vez que estava sendo iniciada a expansão em sua 
produção (DOMINGUES; BERMANN, 2012). 
Nessa época, os aspectos culturais e sensoriais eram desconsiderados e 
as atividades valorizavam apenas a dimensão nutricional dos alimentos. Com 
resultados questionáveis, a EAN foi perdendo seu papel e foi menos destacada 
nos programas de saúde pública por aproximadamente duas décadas (BOOG, 
1997). A produção acadêmica nesse período sobre o assunto era de natureza 
intervencionista e técnica, mediada pela tese da ignorância alimentar (LIMA; 
OLIVEIRA; GOMES, 2003).
• Década de 1990
Começam a aumentar as evidências sobre a ligação dos hábitos alimentares 
com as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Com as modificações 
Desenvolver 
autonomia ao 
indivíduo para que 
ele faça escolhas 
mais conscientes 
e saudáveis se 
torna de extrema 
importância e faz da 
EAN um importante 
instrumento para 
promoção de 
hábitos alimentares 
saudáveis.
24
 EDUCAÇÃO ALIMENTARE NUTRICIONAL NO CONTEXTO ESCOLAR
dos padrões alimentares, o foco da promoção e prevenção de saúde não eram 
mais as carências nutricionais (MONTEIRO et al., 1995) e percebeu-se então a 
relevância da EAN para a formação de hábitos alimentares saudáveis. 
Assim, a promoção de tais hábitos voltou a fazer parte dos programas oficiais 
do governo e, no final da década de 1990, foi implantada a Política Nacional 
de Alimentação e Nutrição (PNAN), que incentiva as ações em alimentação e 
nutrição (BRASIL, 2013b). Também neste período o termo “promoção de práticas 
alimentares saudáveis” começou a aparecer nos documentos oficiais e a EAN 
começou a ser apresentada com foco de atuação no sujeito e nos seus aspectos 
culturais (LIMA; OLIVEIRA; GOMES, 2003; CAMOSSA et al., 2005).
Nessa época a PNAN previa ações de EAN voltadas ao incentivo do 
aleitamento materno e à prevenção dos problemas nutricionais (passando da 
desnutrição – deficiências específicas - até a obesidade). Tais ações eram vistas 
como condições para cidadania e se buscava um consenso sobre conteúdos, 
métodos e técnicas do processo educativo.
PESQUISA: Conhecer os documentos envolvidos na EAN 
aumenta sua possibilidade de atuação. A versão mais atual da 
Política Nacional de Alimentação e Nutrição se encontra aqui: <http://
bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_alimentacao_
nutricao.pdf>.
• Década de 2000 
O Programa Fome Zero foi implementado e contemplava a 
importância da EAN associada à educação para o consumo e orientava 
a inclusão desse tema no currículo escolar do primeiro grau. Além disso, 
propunha a criação de norma para a comercialização de alimentos 
industrializados, alertava sobre a importância de controlar a publicidade 
e aprimorar a rotulagem de alimentos (BRASIL, 2001).
A partir daí, observa-se um aumento de ações de EAN nas 
iniciativas públicas atendendo todos os estratos da população, das 
crianças aos trabalhadores, pela requalificação do Programa Nacional 
de Alimentação Escolar (PNAE) e Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), 
A partir daí, observa-
se um aumento 
de ações de EAN 
nas iniciativas 
públicas atendendo 
todos os estratos 
da população, 
das crianças aos 
trabalhadores.
25
Compreensão da Aplicabilidade da Educação Ali-
mentar e Nutricional Capítulo 1 
dos usuários de restaurantes populares aos de unidades básicas de saúde.
 
No que diz respeito ao PNAE, ele foi instituído no país desde 1955 e 
reformulado ao longo dos anos (BRASIL, 2013a) e hoje, um dos objetivos 
apresentados por ele é a formação de hábitos alimentares saudáveis dos alunos, 
por meio de ações de EAN. 
A escola é tão importante para o desenvolvimento de políticas públicas 
voltadas à alimentação saudável que o governo lançou em 2006 a Portaria 
Interministerial nº 1.010, de 8 de maio, que institui as diretrizes para a promoção 
da alimentação saudável nas escolas de diferentes níveis (BRASIL, 2006b). Vale 
destacar também a instituição do Programa Saúde na Escola (PSE) com o objetivo 
de contribuir para a formação do estudante por meio de ações relacionadas à 
prevenção, atenção e promoção à saúde, incluindo nesse contexto a promoção 
da alimentação saudável (BRASIL, 2007).
 
As abordagens sobre EAN também avançaram no setor da saúde como 
tema de política pública, inclusive em âmbito internacional. Em 2002 foi 
aprovada a Estratégia Global para a Alimentação do Bebê e da Criança Pequena 
(WHA, 2002) e em 2004 a Estratégia Global para a Promoção da Alimentação 
Saudável, Atividade Física e Saúde (WHO, 2004), que indicaram a EAN como 
responsabilidade dos seus 193 Estados-membros, dentre eles o Brasil. Todos 
eles deveriam desenvolver ações públicas de educação, comunicação e 
conscientização adequadas à realidade socioeconômica e cultural dos diferentes 
grupos.
No ano de 2006 foi implementada a Política Nacional de Promoção da 
Saúde (PNPS), pela Portaria MS/GM nº 687, de 30 de março, que destacou a 
necessidade de ações que influenciassem a situação de saúde da população 
a partir de modificações na sociedade. Desde então essa política vem sendo 
revisada e, em 2014, a sua atualização proporcionou abordagens mais amplas 
nos conceitos e estratégias, permeando a corresponsabilidade dos indivíduos 
pela saúde individual e coletiva (BRASIL, 2015).
Nesse mesmo ano de 2006, o Ministério da Saúde, considerando as 
diretrizes da Estratégia Global em Alimentação Saudável, Atividade Física e 
Saúde da Organização Mundial de Saúde (OMS), aceitou o desafio de incorporar 
alimentação e nutrição na escola, vendo-a como um local além de construção da 
cidadania, um espaço propício à formação de hábitos saudáveis (BRASIL, 2006c).
A EAN ainda está presente no Plano de ações estratégicas para o 
enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis no Brasil (BRASIL, 
2011a) e na Portaria 1.010/2006 que, em parceria com o Ministério da Educação, 
26
 EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO CONTEXTO ESCOLAR
estabelece as bases da promoção da alimentação saudável nas escolas (BRASIL, 
2006b). 
Em 2009, a Lei 11.947 surge a partir do fortalecimento da EAN e prevê 
a inserção da educação alimentar e nutricional no processo de ensino-
aprendizagem. Além disso, traz como medida a presença de alimentos oriundos 
da agricultura familiar local na merenda escolar e orienta a definição do que será 
oferecido aos escolares (BRASIL, 2009).
 Política Nacional de Promoção da Saúde:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_
promocao_saude_3ed.pdf>.
• Década de 2010 
No campo da Segurança Alimentar e Nutricional (SAN), o desafio da 
EAN foi ultrapassar os limites das ações dirigidas ao consumo de alimentos e 
impacto na saúde e estendê-las para as dimensões que abranjam a produção 
e abastecimento de alimentos. Dos seis objetivos previstos pelo Plano Nacional 
de SAN (2012-2015), quatro se relacionavam diretamente com a EAN (BRASIL, 
2011b).
No ano de 2011 os Ministérios do Desenvolvimento Social, da Educação 
e da Saúde promoveram a realização do 1º Encontro Nacional de “Educação 
Alimentar e Nutricional – Discutindo Diretrizes”, com o intuito de ampliar a 
discussão sobre o tema no âmbito das políticas públicas e construir diretrizes 
específicas para nortear a execução de ações. Esse encontro, em conjunto com a 
“Atividade Integradora sobre Educação Alimentar e Nutricional” realizada durante 
a IV Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, em Salvador/
BA; com a “Oficina de Educação Alimentar e Nutricional nas Políticas Públicas” 
realizada no congresso World Nutrition Rio 2012; e a consulta pública realizada 
em junho e julho de 2012, resultou no Marco de Referência de Educação 
Alimentar e Nutricional para as Políticas Públicas, lançado no final do referido 
ano com o objetivo de “promover um campo comum de reflexão e orientação da 
prática, no conjunto de iniciativas de EAN que tenham origem, principalmente, na 
ação pública, e que contemplem os diversos setores vinculados ao processo de 
produção, distribuição, abastecimento e consumo de alimentos” (BRASIL, 2012a).
27
Compreensão da Aplicabilidade da Educação Ali-
mentar e Nutricional Capítulo 1 
Além do marco, a PNAN foi atualizada em 2012 e mostra uma 
evolução na compreensão da EAN que aparece em todas as diretrizes 
da política como importante para a promoção, prevenção e o tratamento 
de doenças. Além disso, a política determina que os processos sejam 
participativos e permanentes, e prioriza a elaboração de uma agenda 
intersetorial (BRASIL, 2012b).
Em 2014 foi elaborado o Guia Alimentar para a População 
Brasileira, com o intuito de atender aos princípios e diretrizes estabelecidos pelo 
Marco de Referência da Educação Alimentar e Nutricional, configurando-se como 
importante instrumento para apoiar as ações em EAN (BRASIL, 2014).
Em 2013, iniciou-se o processo de revisão do Plano Nacional de SAN 
e recentemente foi publicada sua segunda edição (2016-2019)com a EAN 
presente em suas metas. O plano prevê a inserção da promoção da alimentação 
adequada e saudável nas ações e estratégias realizadas pelas redes de saúde, 
educação e assistência social; promoção de campanhas com o objetivo de 
fortalecer as ações de educação para o consumo saudável; apoio em escolas 
de educação básica, a ações voltadas para a educação alimentar e nutricional; 
divulgação e implementação de materiais de apoio e qualificação das ações de 
Promoção da Alimentação Adequada e Saudável no âmbito do PSE; incentivo às 
ações de promoção da alimentação adequada e saudável nas escolas públicas e 
particulares (BRASIL, 2017).
EAN aparece em 
todas as diretrizes 
da política como 
importante para 
a promoção, 
prevenção e o 
tratamento de 
doenças. 
Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional: <https://
www.mds.gov.br/webarquivos/arquivo/seguranca_alimentar/caisan/
plansan_2016_19.pdf>.
A mais nova conquista no campo da EAN é a aprovação da Lei nº 13.666, 
em maio de 2018, que a inclui como tema transversal no currículo escolar dos 
ensinos Fundamental e Médio (BRASIL, 2018). Portanto, vários passos já foram 
dados para o fortalecimento da EAN como política pública, porém, o processo de 
construção de documentos, portarias e leis é contínuo, se beneficiando de novas 
experiências, aprendizados, princípios e saberes.
28
 EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO CONTEXTO ESCOLAR
Vamos refletir! Lívia é uma nutricionista formada há pouco 
mais de dois anos e trabalha em consultório particular com todas as 
faixas etárias, principalmente com pessoas que procuram a perda de 
peso. Foi convidada por uma escola particular de sua cidade para 
desenvolver ações em EAN com crianças de sete a nove anos. 
Porém, as atividades deveriam ser aplicadas no dia em que o convite 
foi feito pois uma outra profissional convidada desmarcou em cima da 
hora. Você acha que Lívia conseguirá atingir o objetivo de despertar 
nas crianças a autonomia para o cuidado com sua alimentação 
apenas com a base teórica recebida durante seu curso? Você acha 
que em poucas horas é possível desenvolver uma atividade que 
seja efetiva? Definitivamente, não. A melhor atitude que Lívia teria 
que ter num caso assim seria propor a execução das atividades 
para as próximas semanas, se não fosse possível, deveria recusar 
a proposta.
Descreva os principais documentos e determinações do governo 
para a evolução da EAN no Brasil.
4 Estratégias Metodológicas Para 
Execução De Ações Baseadas Em 
Educação Alimentar E Nutricional
É inegável a importância que as ações de EAN desempenham para a garantia 
da segurança alimentar e nutricional, principalmente quando são desenvolvidas 
para a faixa etária infantil. A partir da informação e do conhecimento sobre 
alimentação saudável há o empoderamento do indivíduo e ele toma suas próprias 
decisões, torna-se protagonista de suas escolhas e responsável pela sua qualidade 
de vida. A implementação de tais ações se torna uma importante estratégia para 
enfrentar os problemas alimentares e nutricionais, como obesidade e doenças 
crônicas não transmissíveis (DCNT).
29
Compreensão da Aplicabilidade da Educação Ali-
mentar e Nutricional Capítulo 1 
A construção das ações em EAN requer tempo e compromisso. O 
desenvolvimento intelectual do público-alvo, o ambiente onde elas serão 
realizadas e o tempo disponível para isto devem ser considerados.
Mas antes disso, é importante destacar que o processo de ensino-
aprendizagem deve garantir o envolvimento ativo do participante por 
meio da comunicação e do estímulo ao pensar crítico e não apenas 
como consumidor de saberes.
Vale destacar ainda que desde o nascimento o ser humano está 
inserido em um grupo representado pela família, mais tarde se insere 
na escola e no trabalho e convive com o grupo de pessoas que o cerca. 
Por isso não há melhor maneira de transmitir conhecimentos para 
modificação de atitude que não seja em atividades grupais.
Para Lewin (1978), quando as pessoas se reúnem em grupos, elas 
estão conectadas por relacionamentos sociais, independentemente de suas 
semelhanças e diferenças e, por isso, a mudança de estado em uma das partes 
provoca mudanças em todas as outras. Ou seja, a interação entre os indivíduos 
provoca mudanças de atitudes, além de garantir que as necessidades de inclusão, 
controle e afeição sejam satisfeitas (SCHUTZ, 1989).
Existem muitas orientações teóricas sobre a Teoria dos Grupos (Kurt Lewin, 
Pichon-Riviére, Bion, Foulkes e Paulo Freire), mas a sua essência é a mesma, a 
interdependência entre seus membros. O que determina a diferença entre eles 
é o objetivo para o qual ele foi criado. Nesse material, o Grupo Operativo (GO) 
vai receber destaque por ser uma teoria legitimada na área da saúde, pois visa 
de fato transformar o conhecimento em atitude a partir das necessidades e da 
realidade dos participantes (VINCHA; SANTOS; CERVATO-MANCUSO, 2017).
• Grupos Operativos
A teoria de GO foi desenvolvida na década de 1940 pelo psiquiatra 
e psicanalista Pichon-Rivière (1907-1977). Segundo ele, um grupo 
representa um conjunto de pessoas ligadas pelo vínculo social, movidas 
por necessidades semelhantes e que se reúnem para desempenhar 
uma tarefa em comum (PICHON-RIVIÈRE, 2009; BERSTEIN, 1986). 
Um aspecto importante é que cada indivíduo pertencente a um 
grupo traz consigo componentes internos como emoções, medos, 
fantasias, ansiedades, toda a sua história de vida; e esses componentes 
podem influenciar diretamente o processo grupal onde ele está inserido. 
Assim, é instalada uma resistência no grupo que requer a elaboração 
A construção das 
ações em EAN 
requer tempo e 
compromisso. 
Garantir o 
envolvimento ativo 
do participante 
por meio da 
comunicação e do 
estímulo ao pensar 
crítico e não apenas 
como consumidor 
de saberes.
Grupo representa 
um conjunto de 
pessoas ligadas 
pelo vínculo 
social, movidas 
por necessidades 
semelhantes e que 
se reúnem para 
desempenhar uma 
tarefa em comum 
(PICHON-RIVIÈRE, 
2009; BERSTEIN, 
1986). 
30
 EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO CONTEXTO ESCOLAR
de estratégias para que todo o processo seja coordenado de maneira a torná-lo 
mais fácil, por isso, Pichon propôs o Esquema Conceitual Referencial e Operativo 
(ECRO). Esse esquema representa um conjunto de regras que facilita ao grupo 
atingir o seu objetivo, porque ele permite observar e analisar os fenômenos que se 
dão nos grupos, nas instituições e em suas relações mútuas (PICHON-RIVIÈRE, 
2009; FORTUNA et al., 2005). De maneira mais clara, ele representa o conjunto 
de experiências, conhecimentos e afetos com os quais o sujeito pensa/sente/age.
Assim, a construção do ECRO se torna condição necessária para a 
comunicação e a realização da tarefa pelo grupo, uma vez que, frequentemente, 
nos deparamos em grupos com pessoas defensivas, resistentes à mudança, 
que apresentarão a negação, medo de perder o poder, o espaço e/ou o 
reconhecimento (SOARES; FERRAZ, 2007).
Para aprofundamento sobre o ECRO: “O Processo Grupal” 
– contém todos os trabalhos de Pichon-Rivière sobre grupos. 
(PICHON-RIVIÈRE, Enrique. O processo grupal. 8.ed. São Paulo: 
Martins Fontes, 2009).
O principal objetivo do GO é promover um processo de aprendizagem a partir 
da leitura crítica da realidade e atitude questionadora. Desse modo, o participante 
do grupo consegue transformar o conhecimento recebido em atitude por meio do 
vínculo, da comunicação e do protagonismo de todos (AFONSO; COUTINHO, 
2010; PICHON-RIVIÈRE, 2009). E não é exatamente esse o objetivo da EAN? 
Que os indivíduos melhorem o seu hábito alimentar através da mudança de 
atitudes? Por isso, utilizar a teoria do GO é um ótimo meio de promover a saúde, 
inclusive no que diz respeito à alimentação. Em 2015, Bento e Esteves utilizaram 
as técnicas de GO para promover a alimentação materno-infantil de um grupo 
de gestantes, em uma UBS, e notou aumento da segurança das participantesem suas escolhas alimentares, demonstrando o êxito do GO nas questões que 
envolvem a EAN.
Vale destacar que nesse modelo de grupo o cumprimento da tarefa é central 
no desenvolvimento dos participantes. Para isso, há alguns papéis importantes 
que são identificados na condução de um grupo operativo, são eles: porta-voz, 
bode expiatório, sabotador e líder da tarefa (GAYOTTO, 2003).
O porta-voz fala das dificuldades encontradas para atingir o objetivo. O bode 
31
Compreensão da Aplicabilidade da Educação Ali-
mentar e Nutricional Capítulo 1 
expiatório provoca as adversidades encontradas no grupo. O sabotador desvia 
o grupo do objetivo principal. O líder escuta o porta-voz e conduz o grupo para 
a realização da tarefa, porém sozinho ele não faz nada, precisa dos demais 
membros para alcançar o resultado.
Os elementos que compõem o planejamento do GO estão apresentados no 
Quadro 1. 
QUADRO 1 - DESCRIÇÃO DOS ELEMENTOS NECESSÁRIOS PARA O 
PLANEJAMENTO DE UM GRUPO OPERATIVO
FONTE: A autora, adaptado de Afonso e Coutinho (2010) e Cervato-Mancuso (2011) 
Para o referencial teórico no planejamento do GO, além do 
autor criador da teoria, existem outros autores mais contemporâneos 
que trazem uma leitura mais criativa sobre o método e apresentam 
uma teoria direcionada para grupos específicos. Como é o caso de 
Mello Filho (2011) e Osório (1986), que defendem a construção de 
Elementos Características
Definir referencial teórico
É a fundamentação teórica na qual os profissionais da 
saúde se apoiam para conduzir a intervenção. Pode ser 
utilizado mais de um autor de GO.
Analisar demanda do grupo
Visa problematizar as questões de saúde da população 
e suas causas. Fornece suporte para a elaboração do 
objetivo.
Elaborar objetivos
A partir dele pode-se estabelecer as regras de organização 
para o desenvolvimento do grupo, como: local de encontro; 
dias e horário; frequência; número de participantes; e profis-
sionais coordenadores da ação.
Identificar a tarefa
Seria o motivo em comum que fez o grupo se unir. É por 
meio dela que os participantes estabelecem redes de comu-
nicação e processos de aprendizagem.
Analisar temas pertinentes
Podem ser identificados antes do início do grupo (permite a 
construção de cronogramas) e/ou a partir nas necessidades 
descobertas no decorrer das atividades.
Escolher estratégias educativas
Qual método de ensino vai permitir que meus objetivos 
sejam alcançados?
Avaliação
Análise individual e do processo grupal utilizando métodos 
quantitativos e/ou qualitativos. 
32
 EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO CONTEXTO ESCOLAR
grupos homogêneos (por exemplo, portadores de doenças crônicas). 
Segundo eles, dessa maneira é mais fácil de o grupo se identificar, 
provocar um suporte social e ter como resultado a melhoria da saúde.
Pichon-Rivière (2009) apoia o uso de grupos homogêneos, 
mas também reforça que a diferença é enriquecedora para os 
participantes de um grupo, pois eles podem ser com os outros sem 
terem que ser como os outros para serem aceitos.
Outro autor contemporâneo, Zimerman (2000), traz 
denominações diferentes: “grupo operativo de ensino-aprendizagem” 
e “grupo operativo de reflexão”. Ele teve a intenção de destacar a 
importância de se ter reflexão dentro de grupos que objetivam 
informar e formar o participante. Porém, essa ênfase não se faz tão 
necessária assim, uma vez que a reflexão e a aprendizagem são 
intrínsecas ao GO (PICHON-RIVIÈRE, 2009).
Gayotto (2003), por sua vez, apresenta a teoria de maneira 
ampliada para contexto e população, diferentemente dos outros três 
autores, que enfatizaram o aspecto terapêutico da intervenção. 
O uso de novos referenciais pode até gerar mudanças positivas 
na intervenção, dependendo do objetivo dela. Mas a teoria de 
Pichon-Rivière (2009) é bem aceita quando a intenção é transformar 
conhecimentos com foco na promoção da saúde.
 
 FONTE: VINCHA; SANTOS; CERVATO-MANCUSO, 2017.
Estudo de revisão publicado em 2017 demonstrou que o GO traz resultados 
interessantes quando utilizado na prevenção e no tratamento de doenças 
crônicas, que requerem mudanças de hábitos de vida e cuidados contínuos. 
Em relação à promoção da saúde, o uso do GO esteve associado à educação 
alimentar e nutricional (VINCHA; SANTOS; CERVATO-MANCUSO, 2017). Logo, 
o GO conduz ao autocuidado, característica que se espera conseguir com a EAN.
Entre no site na Biblioteca Virtual da Saúde (http://bvsalud.
org/) e pesquise por “grupos operativos” AND “educação alimentar e 
nutricional”. Agora, divirta-se com as leituras!
33
Compreensão da Aplicabilidade da Educação Ali-
mentar e Nutricional Capítulo 1 
Trabalhar a alimentação envolve dimensões no campo da cognição, da 
percepção, do afeto, das relações e das habilidades pessoais (BOOG, 2013), 
relacionar a EAN e o GO dentro de um grupo específico de alimentação e nutrição 
pode ser propício para superar tal obstáculo.
A utilização de grupos operativos, mesmo com as dificuldades encontradas 
por se trabalhar com vários indivíduos caracterizados por histórias distintas, se 
mostrou eficiente em estudos com portadores de diabetes, esquistossomose, 
câncer, hipertensão, dependentes químicos e homossexuais; alcançando 
resultados positivos na promoção, prevenção e educação em saúde (MENEZES; 
AVELINO, 2016).
Você foi convidado para aplicar uma ação em EAN para um 
grupo de 20 crianças com oito anos. Como você trabalharia com 
as características de cada uma para desenvolver um aprendizado 
coletivo? 
Após compreender que trabalhar em grupo é extremamente positivo para o 
desenvolvimento de hábitos de vida saudáveis, inclusive alimentares, é necessário 
refletir sobre o local para a realização destes grupos.
• Ambiente Escolar
No caso do público infantil, a escola se torna um espaço privilegiado para a 
construção e consolidação de hábitos alimentares saudáveis, pois é um ambiente 
já voltado para as práticas educacionais, além de permitir que as ações sejam 
implementadas de maneira contínua, por longo período e em larga escala. Dessa 
maneira, muitas dimensões do aprendizado são consideradas como o ensino; 
a relação da casa com a escola e a comunidade ao redor; e as características 
físicas e emocionais da criança (PÉREZ-RODRIGO; ARANCETA, 2001; BRIGGS 
et al., 2003).
A infância é o melhor momento para a formação de hábitos e práticas 
comportamentais saudáveis, inclusive alimentares, por ser o momento em que o 
indivíduo está passando pela maturação psicossocial e intelectual.
Na fase em que a criança já está na escola, o seu hábito alimentar não é 
34
 EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO CONTEXTO ESCOLAR
mais influenciado apenas pela família, mas também por seus amigos, educadores 
e pelo marketing. E essa influência externa ao convívio familiar é tão significativa 
que políticas públicas foram desenvolvidas para influenciar na construção desse 
hábito nos escolares, entre elas o Programa Nacional de Alimentação Escolar 
(PNAE) e Programa Saúde na Escola (PSE).
Mas, e na prática? Como aplicar todo o conhecimento adquirido durante 
anos de estudo? Acredito que você já entendeu que o trabalho em grupo é 
fundamental. Mas como fazer com que cada indivíduo presente nesse grupo 
aprenda com a experiência do outro? Isso só é possível com a aplicação da 
metodologia adequada.
• Metodologia
Os métodos utilizados para a execução das ações em EAN, 
quando se trata do público infantil, devem consistir de processos 
ativos, lúdicos e interativos que favoreçam mudanças de atitudes e 
das práticas alimentares. O método lúdico estimula a compreensão do 
conteúdo abordado de forma prazerosa e reflete a realidade vivenciada 
nesta faixa etária (COSCRATO; PINA; MELLO, 2010; LANES et al., 
2012), pois a brincadeira é inerente a este público, ajudando-os a 
refletir e discutir o mundo que o cerca (DALLABONA; MENDES, 2004). 
Alguns exemplos de metodologias que usam o lúdico estão descritos abaixo:• histórias contadas com uso de fantoches;
• teatro infantil (dramatização);
• marionetes;
• pinturas;
• desenhos;
• imagens e pôsteres;
• brincadeiras e jogos pedagógicos;
• atividades de recortes e colagem;
• vídeos;
• entrevista;
• roda de conversa;
• cartazes;
• materiais educativos sobre alimentação e nutrição (cartilhas, livretos, etc.);
• utensílios e equipamentos;
• aplicativos;
• passeios externos orientados;
• dinâmicas (apresentação, aproximação);
• oficinas em geral;
O método lúdico 
estimula a 
compreensão do 
conteúdo abordado 
de forma prazerosa 
e reflete a realidade 
vivenciada nesta 
faixa etária.
35
Compreensão da Aplicabilidade da Educação Ali-
mentar e Nutricional Capítulo 1 
• oficina culinária com degustação.
No momento de construção da metodologia você deve usar e abusar de 
sua criatividade. As oficinas culinárias são muito utilizadas, mas não devem ser a 
única opção. Olhe só a quantidade de exemplos listados anteriormente!
A escolha pelos jogos se dá na perspectiva de que, para o ser humano, a 
aprendizagem é tão importante quanto o desenvolvimento social, sendo o jogo 
uma ferramenta pedagógica que promove tanto o desenvolvimento cognitivo 
quanto o social. A execução do jogo pedagógico deve promover alegria, prazer, 
diversão, e assim, a aprendizagem (DELVAL, 2002).
O uso da dramatização permite a interação entre o educador e o educado, 
e com ele, você, como aplicador do método, consegue acessar os níveis afetivos 
e emocionais da criança, se utilizar a linguagem adequada para a faixa etária 
(ALVES, 2001; BOOG et al., 2003).
As dinâmicas de grupos são muito usadas para melhorar o entrosamento 
entre as pessoas, e para colocar os indivíduos a lidarem com opiniões e atitudes 
distintas, promovendo crescimento pessoal. Apesar de o grupo ser um conjunto 
de pessoas, mudanças que venham a ocorrer em um indivíduo podem influenciar 
o grupo todo (LEWIN, 1978), dessa forma, o aprendizado ocorre de maneira 
coletiva, sendo possível obter a troca de experiências.
A oficina já é uma metodologia de trabalho que envolve o indivíduo 
na construção ativa do seu próprio conhecimento, ou seja, se aprende 
fazendo junto com os outros. Portanto, ela deve ser aberta a vivências, 
diálogos e partilha e não apresenta a figura do educador como único 
detentor do conhecimento. Esse método permite que os participantes 
trabalhem ativamente e se mobilizem para encontrar a solução de algum 
problema a partir da troca de experiências. Quanto mais desafiadora a 
situação em que se encontrarem, maiores as chances de efetividade do 
método.
Para que a oficina não se torne muito genérica e sem foco, seus objetivos 
devem ser muito claros. E antes de aplicar o conhecimento aprendido é importante 
que ela tenha uma base teórica com definição da problematização que precisa ser 
solucionada com a ajuda de todos os participantes. Essa reflexão do tema deve 
buscar refletir a realidade e suas relações com o nível individual e coletivo. Para 
se programar uma oficina bem-sucedida devem ser considerados os seguintes 
pontos:
1 Qual é o motivo da realização da oficina?
A oficina deve ser 
aberta a vivências, 
diálogos e partilha 
e não apresenta a 
figura do educador 
como único detentor 
do conhecimento.
36
 EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO CONTEXTO ESCOLAR
O objetivo deve ser bem claro, introduzir novo conceito, avaliar assunto 
aprendido, demonstrar técnica eficiente, entre outros temas. Com foco, é possível 
planejar e executar uma proposta mais efetiva. 
2 Quem são os participantes?
 
A definição dos participantes direciona a construção da oficina, pois são as 
necessidades deles que serão atendidas como método.
3 Quanto tempo eu tenho?
 
As atividades escolhidas devem levar em conta o tempo previsto para a 
realização da oficina. Caso esse fator não seja levado em conta, o participante 
pode sair da oficina com mais dúvidas do que respostas.
4 O que eu vou fazer?
 
O planejamento das atividades a serem desenvolvidas deve considerar 
os objetivos propostos. As atividades devem ser significativas e envolventes, 
de modo que os participantes consigam se sensibilizar pelo tema e possam 
questionar, criar, analisar e sintetizar o conhecimento adquirido. Pode-se utilizar 
músicas, poesias, relatos de vida, desenhos, dramatizações, gravuras, contos, 
cartazes, fotografias que falem da vida cotidiana das crianças, que facilitem a 
aprendizagem e a troca de saberes.
5 Como finalizar?
 
Ao chegar ao fim de uma oficina, o participante deve refletir sobre o antes e 
depois do momento de aprendizagem e conseguir comparar sua prática anterior e 
o que pretende fazer de novo. 
Para promover a alimentação saudável, um método muito utilizado são as 
“oficinas culinárias”. Elas permitem o encontro do saber popular com o científico e 
transmitem a informação de maneira lúdica, didática e participativa. 
Com a oficina culinária a criança tem oportunidade de vivenciar um aspecto 
da vida cotidiana em um ambiente controlado e mediado, capaz de fazê-la 
trabalhar com todos os sentidos através do conhecimento teórico, manipulação 
e degustação de alimentos (CASTRO et al., 2007; FIGUEIRÊDO et al., 2006; 
PEREIRA; SARMENTO, 2012), e muito provavelmente fará parte de suas 
memórias.
 
37
Compreensão da Aplicabilidade da Educação Ali-
mentar e Nutricional Capítulo 1 
Independentemente do método escolhido para o desenvolvimento 
de ações em EAN, a efetividade das ações resulta da capacidade do 
educador de criar vínculo com os participantes, pois só através dele os 
conteúdos das atividades poderão ser direcionados à realidade deles 
(FREIRE, 1996).
Nos temas de alimentação e nutrição, quando se pretende 
desenvolver hábitos alimentares saudáveis, sugere-se que o 
nutricionista seja o responsável pela intermediação dos saberes, 
diretamente para as crianças ou para outros profissionais que poderão 
trabalhar esse assunto com as crianças. E quando possível, as 
ações de EAN devem ser aplicadas por mais de um profissional para garantir a 
multidisciplinaridade, pois outros profissionais agregam qualidade às atividades 
com seu olhar diferenciado para o mesmo tema.
As atividades devem, sim, ser previamente planejadas, porém, os 
profissionais devem estar abertos às sugestões dos escolares na condução 
das atividades, pois dar autonomia ao educando estimula a espontaneidade e 
criatividade no enfrentamento dos problemas (FORTUNA, 1994). 
A promoção da saúde dentro do ambiente escolar não envolve apenas os 
alunos, mas também professores, coordenadores, donos de cantina e pais ou 
responsáveis. Por isso, a capacitação de toda a comunidade escolar potencializa 
as mudanças e dá suporte para a adoção de hábitos alimentares saudáveis ao 
longo da vida (BIZZO; LEDER, 2005; LYTLE; FULKERSON, 2002).
Um trabalho realizado em 2010 na cidade de Brasília indicou que oficinas 
contribuíram efetivamente para a transmissão do conhecimento sobre nutrição, 
independente se aplicadas por nutricionistas ou por professores previamente 
capacitados (YOKOTA et al., 2010). Assim, o professor pode ser considerado 
um importante aliado no processo de educação nutricional dos alunos, além de 
conseguir repassar o conhecimento, o vínculo necessário para a transformação 
do indivíduo já está garantido pelo contato diário.
Independentemente 
do método 
escolhido para o 
desenvolvimento 
de ações em EAN, 
a efetividade das 
ações resulta da 
capacidade do 
educador de criar 
vínculo com os 
participantes.
1 A partir das metodologias apresentadas nesta seção, monte uma 
atividade em EAN para crianças de sete anos cujo objetivo seja 
aprender a diferença entre alimentos naturais e ultraprocessados. 
Use a sua criatividade!
38
 EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO CONTEXTO ESCOLAR
2 Marque verdadeiro (V) ou falso (F) para as afirmações a seguir:
 ( ) O que é consumido durante as refeições afeta a saúde, 
longevidade, humor, capacidade de trabalhar,estudar e sentir 
prazer.
 ( ) A EAN não é capaz de contribuir para a prevenção e controle 
de doenças crônicas não transmissíveis.
 ( ) Espera-se que a EAN valorize as diferentes expressões da 
cultura alimentar e fortaleça os hábitos regionais.
 ( ) Qualquer ação que estimule a diminuição do desperdício 
de alimentos protege o sistema alimentar e garante acesso ao 
alimento a toda a população.
 ( ) Em todas as práticas de EAN deve ser realizado o preparo 
efetivo de alimentos, não basta apenas uma reflexão sobre a 
importância e valor da culinária para a alimentação saudável.
 ( ) A partir do Programa Fome Zero foi observado um aumento 
de ações de EAN nas iniciativas públicas, atendendo todos os 
estratos da população, desde as crianças até os trabalhadores.
 ( ) Cada indivíduo pertencente a um grupo e traz consigo 
componentes internos como emoções, medos, fantasias, 
ansiedades, toda a sua história de vida; porém, esses 
componentes não influenciam o processo grupal onde ele está 
inserido.
 ( ) Os métodos utilizados para a execução das ações em EAN 
devem consistir de processos ativos, lúdicos e interativos que 
não favoreçam mudanças de atitudes e das práticas alimentares.
Algumas Considerações
Nesse capítulo você teve acesso ao conceito e princípios da Educação 
Alimentar e Nutricional, assimilando que a promoção de hábitos alimentares 
saudáveis vai além de repassar para o próximo informações sobre os nutrientes 
necessários para cada faixa etária. Além disso, pôde conhecer várias técnicas 
metodológicas para construção de atividades que visem criar autonomia ao 
indivíduo para escolhas alimentares conscientes.
As ações de EAN devem abordar o indivíduo como um todo, levando 
em conta aspectos sociais, ambientais, emocionais, psicológicos, físicos e 
fisiológicos. Assim, sugerimos que você reflita sobre a construção dos seus 
hábitos alimentares e sobre todos os fatores que os influenciam para que sua 
abordagem aconteça de maneira empática e efetiva.
39
Compreensão da Aplicabilidade da Educação Ali-
mentar e Nutricional Capítulo 1 
No capítulo seguinte abordaremos exemplos positivos de ações em EAN a 
fim de prevenir o desenvolvimento de doenças crônicas que já atingem e afetam 
a vida das crianças.
Referências
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 EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO CONTEXTO ESCOLAR
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o tema transversal da educação alimentar e nutricional no currículo escolar. 
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Compreensão da Aplicabilidade da Educação Ali-
mentar e Nutricional Capítulo 1 
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da alimentação escolar e do programa dinheiro direto na escola aos alunos da 
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2009, p. 2.
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Jurídicos. Decreto n. 6.286,

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