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EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO CONTEXTO ESCOLAR Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS Autora: Angélica Ribeiro e Silva CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol Ilana Gunilda Gerber Cavichioli Jóice Gadotti Consatti Norberto Siegel Camila Roczanski Julia dos Santos Ariana Monique Dalri Marcelo Bucci Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Copyright © UNIASSELVI 2019 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: SI586e Silva, Angélica Ribeiro e Educação alimentar e nutricional no contexto escolar. / Angélica Ri- beiro e Silva. – Indaial: UNIASSELVI, 2019. 127 p.; il. ISBN 978-85-7141-292-7 1.Educação alimentar – Brasil. 2.Nutrição na escola básica – Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 371.716 Sumário APRESENTAÇÃO ..........................................................................05 CAPÍTULO 1 Compreensão da Aplicabilidade da Educação Alimentar e Nutricional .............................................7 CAPÍTULO 2 Educação Alimentar e Nutricional Como Promotora da Saúde ........................................................47 CAPÍTULO 3 Sucesso nas Ações de Educação Alimentar e Nutricional na Educação Básica ..........................87 APRESENTAÇÃO Caro estudante, a disciplina de Educação Alimentar e Nutricional no Contexto Escolar tem a intenção de oferecer a você meios que permitam o desenvolvimento e a aplicação de ações de promoção da saúde, focada na alimentação e nutrição, aos estudantes da educação básica. Desde a década de 90 estamos vivendo a progressão da transição nutricional, ou seja, as doenças nutricionais que trazem prejuízos ao indivíduo, às famílias, comunidades e aos setores de saúde não são mais, predominantemente, as carências, causadas principalmente pela fome. Hoje, são as doenças crônicas não transmissíveis, causadas pelos maus hábitos alimentares, principalmente pelo consumo excessivo de energia, que estão com a prevalência em crescente ascensão, inclusive na faixa etária infantil. E é exatamente esta faixa etária que representa o melhor público para aplicação de intervenções em alimentação e nutrição, uma vez que eles estão em fase de maturação psicológica e intelectual, aumentando assim as chances de efetividade das ações. Outro aspecto positivo em desenvolver hábitos alimentares saudáveis na infância é que estes perduram por toda a vida do indivíduo, protegendo-o contra o desenvolvimento de doenças nutricionais em qualquer fase dela. Pois, quando falamos em hábito estamos nos referindo às atitudes que tendem a se repetir ao longo do tempo, portanto o nosso desejo é que as escolhas alimentares corretas se tornem mesmo hábitos alimentares. Ainda é nesta fase que o indivíduo sai do convívio familiar e entra no contexto escolar, onde sofrerá influências do seu grupo social e dos estímulos presentes no sistema educacional, estando aberto a novas experiências e experimentações, como o contato com novos alimentos. Portanto, não há lugar melhor que a escola para o desenvolvimento de intervenções alimentares e nutricionais. Além de ela já ter um papel educador, garante que as atividades sejam oferecidas de maneira continuada e permanente sem contar que as crianças são motivadas de maneira positiva quando trabalham em grupos. E agora, mais do que nunca, a Educação Alimentar e Nutricional tem na escola um ambiente privilegiado, pois em maio de 2018 foi aprovada a Lei 13.666/2018 que estabelece a sua inclusão nos currículos de ensino fundamental e médio. Assim, para guiá-lo nos estudos sobre Educação Alimentar e Nutricional, este livro estará dividido em três capítulos e cada um deles terá de duas a três seções. Cada capítulo contará com seus objetivos, atividades de estudo e recomendação de aprofundamento sobre o tema. O Capítulo 1 vai introduzir a Educação Alimentar e Nutricional, trazendo o conceito, as diretrizes, a evolução histórica e os principais métodos para sua aplicação na faixa etária infantil. No Capítulo 2, você conseguirá enxergar a Educação Alimentar e Nutricional como promotora da saúde. Primeiro, irá entender como as doenças crônicas não transmissíveis atingem e afetam a vida das crianças e, depois, terá acesso a vários exemplos de ações em alimentação e nutrição que levarão à melhoria na saúde deste público. O terceiro e último capítulo vai permitir que você monte suas próprias ações em Educação Alimentar e Nutricional, pois irá trazer os marcos teóricos para o desenvolvimento das intervenções e a melhor maneira de dialogar com a população. Além disso, será abordada a importância da educação permanente dos profissionais que atuam nesta área. Esperamos que este livro sirva como base para a sua formação, mas que também desperte o seu lado questionador e faça você querer se aprofundar neste tema a ponto de buscar mais informações além das que se encontram nessas páginas, que ele também o motive no uso de sua criatividade para que você desenvolva atividades tão marcantes a ponto de transformar para sempre a vida de muitas crianças. CAPÍTULO 1 Compreensão da Aplicabilidade da Educação Alimentar e Nutricional A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: • assimilar a essência da Educação Alimentar e Nutricional com base em sua história; • conhecer as maneiras de executá-la; • identificar, de modo estratégico, qual o método mais aconselhável para aplicação da Educação Alimentar e Nutricional em escolares baseado nos objetivos que se quer alcançar. 8 EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO CONTEXTO ESCOLAR 9 Compreensão da Aplicabilidade da Educação Ali- mentar e Nutricional Capítulo 1 1 Contextualização A nossa saúde está diretamente relacionada a uma alimentação de qualidade e em quantidade suficientemente capaz de suprir as necessidades nutricionais de nosso organismo. Por isso, as ações de Educação Alimentar e Nutricional (EAN) representam um importante instrumento para a garantia da segurança alimentar, nutricional e do direito humano à alimentação adequada. As práticas em EAN permitem que haja mudanças positivas do hábito alimentar, pois para isto acontecer é necessário o conhecimento sobre o que comer, uma vez que as atitudes são determinadas por ele. Assim, o processo educativo deve despertar no outro o desenvolvimento da autocrítica e a capacidade de intervir sobre sua própria vida, ou seja, gerar autonomia. Tal autonomia é criada através do diálogo entre os profissionais de saúde e a população. Para isso, a estratégia educativa escolhida deve possibilitar a criação de novo sentido para o ato de comer, capaz de alcançar as várias dimensões do comportamento alimentar respeitando, mas também modificando, crenças, valores, atitudes, representações, práticas e relações sociais estabelecidas em torno da alimentação. Dessa forma, este capítulo possibilitará que você compreenda a EAN como importante aliada para melhorar a saúde da população, desde a faixa etária infantil, e consiga determinar qual metodologia de aplicação da EAN responde ao objetivo que quer atingir nas suas ações. 2 Conceito E Princípios Da Educação Alimentar E Nutricional A educação é um direito fundamental que impacta todas as áreas de nossas vidas, é através dela que o indivíduo e a sociedade se desenvolvem. Só o conhecimento nos permite saber sobre o direito à saúde, às condições adequadas de trabalho e a ter uma alimentação de qualidade. É por meio daeducação que aprendemos a nos preparar para a vida. Quanto mais conhecimento e acesso à informação, melhores serão as condições de trabalho do indivíduo e, consequentemente, melhor a renda das famílias. A educação diminui a desigualdade social e a violência, fortalece a 10 EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO CONTEXTO ESCOLAR democracia e a cidadania, ajuda a proteger o meio ambiente e promove a saúde (LUTZ et al., 2014; SUMANEN et al., 2015; SCHMIDT et al., 2016). Vamos refletir um pouco? Você acha que uma mãe que não teve acesso a uma educação de qualidade compreende a importância de prevenir doenças, manter o cartão de vacinação em dia e desenvolver hábitos de higiene? Provavelmente ela será muito mais sensível a estas informações se tiver maior nível de ensino. Além disso, poderá ter hábitos mais saudáveis, como não fumar e consumir alimentos de maneira equilibrada para se evitar doenças. Com a educação em alimentação se consegue garantir maior qualidade de vida. Além de influenciar a saúde e longevidade, o que ingerimos durante as refeições afeta o humor e a capacidade de trabalhar, estudar e sentir prazer. E tudo isso se torna muito mais importante quando falamos de crianças e adolescentes que estão em plena fase de desenvolvimento, e por isso, precisam que todos os nutrientes estejam presentes nas refeições. Portanto, empoderar a população para a adoção de práticas alimentares saudáveis se torna de extrema importância para garantir a saúde e, também, controlar e prevenir os distúrbios decorrentes da alimentação e nutrição. Tal empoderamento se dá através de ações baseadas em Educação Alimentar e Nutricional (EAN), a partir delas o indivíduo consegue ser livre para tomar suas próprias decisões no que diz respeito às escolhas alimentares (BRASIL, 2012a). Você consegue se lembrar quando começou a escolher o que queria comer? O que mais o influenciou no início: sua família, seus amigos, a escola, a mídia? O que influencia suas escolhas alimentares agora? Este tipo de reflexão é importante para conduzir a abordagem deste assunto com a população. A EAN é um campo de ação estratégico para a promoção da alimentação adequada e saudável proporcionando a segurança alimentar e nutricional que, por sua vez, visa assegurar a todos o direito humano à alimentação adequada, A educação diminui a desigualdade social e a violência, fortalece a democracia e a cidadania, ajuda a proteger o meio ambiente e promove a saúde (LUTZ et al., 2014; SUMANEN et al., 2015; SCHMIDT et al., 2016). Empoderar a população para a adoção de práticas alimentares saudáveis se torna de extrema importância para garantir a saúde e, também, controlar e prevenir os distúrbios decorrentes da alimentação e nutrição. 11 Compreensão da Aplicabilidade da Educação Ali- mentar e Nutricional Capítulo 1 ou seja, todos têm direito a uma alimentação de qualidade e em quantidade suficiente, sem que suas demais necessidades essenciais sejam comprometidas (BRASIL, 2006a). Assim, através do diálogo entre os profissionais de saúde e a população proporcionado pelas ações de EAN, é gerada a autonomia para que pessoas, grupos e comunidades sejam capazes de adotar hábitos alimentares saudáveis. O conceito e os princípios da EAN abordados neste capítulo são baseados no Marco de Referência de Educação Alimentar e Nutricional para as Políticas Públicas, lançado em 2012 com o objetivo de aprimorar a discussão sobre o tema no país. Apesar da discussão deste capítulo ser pautada nele, vale a pena acessar o original que está disponível em: https://www.ideiasnamesa.unb.br/ files/marco_EAN_visualizacao.pdf 2.1 Conceito De Educação Alimentar E Nutricional Para a construção de seu conceito foi considerada a sua evolução histórica e política no Brasil, as diversas dimensões da alimentação e do alimento e os diferentes campos do saber. Assim, a Educação Alimentar e Nutricional consiste em um campo de conhecimento e de prática contínua e permanente, transdisciplinar, intersetorial e multiprofissional, com o intuito de que o indivíduo tenha autonomia para fazer escolhas alimentares adequadas (BRASIL, 2012a). Por se tratar de um campo de conhecimento, existem várias abordagens educacionais que podem ser consideradas para as intervenções em EAN, o importante é que elas reúnam, de maneira efetiva, o conhecimento científico ao popular. Essas abordagens devem envolver os indivíduos ao longo de todo o curso da vida e considerar os múltiplos fatores que compõem o comportamento alimentar. É importante observar que o termo utilizado não é apenas “educação alimentar” ou “educação nutricional”, mas abrange todos os aspectos da alimentação, desde os processos de produção, abastecimento e Educação Alimentar e Nutricional consiste em um campo de conhecimento e de prática contínua e permanente, transdisciplinar, intersetorial e multiprofissional, com o intuito de que o indivíduo tenha autonomia para fazer escolhas alimentares adequadas (BRASIL, 2012a). 12 EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO CONTEXTO ESCOLAR transformações dos alimentos, até as dimensões nutricionais propriamente ditas. Com isso, espera-se que a EAN contribua para a prevenção e controle tanto das deficiências nutricionais como das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), que valorize as diferentes expressões da cultura alimentar e fortaleça os hábitos regionais, que reduza o desperdício de alimentos e promova o consumo sustentável de alimentos. A partir do conceito de EAN e do que você já refletiu até aqui, descreva quais são seus benefícios para a população infantil. 2.2 Princípios Da Educação Alimentar E Nutricional Como a EAN é uma política pública, ela deve ser abordada com base em princípios (Figura 1), de modo que aconteça de maneira organizada. Abaixo estão descritos cada um deles de acordo com o marco de referência (BRASIL, 2012a): FIGURA 1 - BASE DOS PRINCÍPIOS PROPOSTOS PELO MARCO DE REFERÊNCIA DE EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL PARA AS POLÍTICAS PÚBLICAS FONTE: A autora 13 Compreensão da Aplicabilidade da Educação Ali- mentar e Nutricional Capítulo 1 2.2.1 Sustentabilidade social, ambiental e econômica A primeira coisa que vem à nossa cabeça quando falamos em sustentabilidade é meio ambiente. Isto é muito comum e está relacionado ao conceito de desenvolvimento sustentável que diz que as nossas necessidades do presente não podem comprometer as do futuro, ou seja, os recursos naturais não renováveis devem ser preservados para as futuras gerações (FERREIRA, 2012; RIBEIRO; JAIME; VENTURA, 2017). E realmente, o aumento na produção e no consumo de produtos em geral provoca grande desequilíbrio ambiental, podendo causar um impacto irreversível. Por isso, nas últimas décadas vem crescendo a preocupação com a gestão socioambiental de empresas, que envolve a combinação de boas práticas administrativas à preservação da natureza, ampliando os compromissos dos responsáveis pela produção, comercialização e distribuição de produtos (FERREIRA, 2012). No que diz respeito aos alimentos, as questões de sustentabilidade ambiental parecem ser claras no início da cadeia de produção, no campo, e até mesmo antes dele, na produção de sementes, mudas e insumos, onde os elementos da natureza têm papel crucial do plantio à colheita. Porém, as etapas posteriores que levam o alimento até a nossa mesa, e considerando também o descarte adequado, dependem de práticas sustentáveis (RIBEIRO; JAIME; VENTURA, 2017). Enquanto a principal preocupação no campo são os agrotóxicos, que poluem lençóis freáticos e solos levando ao empobrecimento da biodiversidade, na mesa é o desperdício de alimentos. Na verdade, desde sua distribuição já é descartado um grande volume de itens alimentícios, o que leva também ao desperdício da terra, da água, energia e demais matérias utilizadas para a produçãoe distribuição dos alimentos. Porém, não é apenas o cuidado com o meio ambiente que garante a sustentabilidade proposta neste princípio. Além dele, deve-se cuidar também de todo o capital humano envolvido desde a produção dos alimentos até o seu consumo final, com atenção as suas condições de vida (educação, saúde, violência, lazer, dentre outros aspectos). Ademais, todas as etapas envolvidas até que o alimento chegue à nossa mesa devem ser economicamente sustentáveis, ou seja, o desenvolvimento 14 EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO CONTEXTO ESCOLAR econômico não pode acontecer às custas de más condições de trabalho dos funcionários ou à degradação do meio ambiente da área a sua volta. Assim, a promoção da alimentação saudável deve levar em conta temas como agricultura familiar, produtos orgânicos, desperdício de alimentos e boas práticas e condições de trabalho. As necessidades de alimentos dos indivíduos não podem ser atendidas a partir do esgotamento de recursos naturais renováveis e não renováveis e devem levar em conta as relações econômicas e sociais. 2.2.2 Sistema alimentar: uma abordagem em sua integralidade O sistema alimentar inclui todos os materiais, processos e infraestruturas relacionados à produção, distribuição, comercialização e consumo de alimentos. A geração e destinação dos resíduos produzidos durante cada etapa do processo também fazem parte deste sistema. Mesmo que a alimentação seja uma necessidade humana básica, não basta que alimentos estejam disponíveis para a população, é necessário que eles sejam de qualidade, diversificados, seguros e tenham preços razoáveis. Além disso, nossa saúde e bem-estar apresentam ligação direta com a alimentação, tanto as carências nutricionais como a obesidade estão relacionadas com a forma como produzimos, comercializamos e consumimos os alimentos. Portanto, as ações de EAN devem abranger estratégias que garantam que as escolhas dos indivíduos possam interferir de maneira positiva em todas as dimensões do sistema alimentar. Ao realizar as intervenções em EAN é importante abordar o crescimento das grandes corporações que esmagam os pequenos produtores e lucram a partir do uso e comercialização de sementes geneticamente modificadas, agrotóxicos e fertilizantes (BRADFORD, 2011). E ainda há as grandes empresas que lucram com a produção em grande escala de alimentos ultraprocessados, mais baratos e com baixo teor de nutrientes (RIBEIRO; JAIME; VENTURA, 2017). Assim, desenvolver ações que despertem o interesse pelo consumo de alimentos naturais e orgânicos em relação aos alimentos ultraprocessados representa uma proteção ao sistema alimentar. Além disso, qualquer ação que estimule a diminuição do desperdício de alimentos, além de representar um ganho para a sustentabilidade ambiental, também protege o sistema alimentar e a garantia de acesso ao alimento a toda a população (EEA, 2014). As necessidades de alimentos dos indivíduos não podem ser atendidas a partir do esgotamento de recursos naturais renováveis e não renováveis e devem levar em conta as relações econômicas e sociais. As ações de EAN devem abranger estratégias que garantam que as escolhas dos indivíduos possam interferir de maneira positiva em todas as dimensões do sistema alimentar. 15 Compreensão da Aplicabilidade da Educação Ali- mentar e Nutricional Capítulo 1 2.2.3 Diversidade: valorização da cultura alimentar local e respeito à opiniões e perspectivas, considerando a legitimidade dos saberes de diferentes naturezas A comida é essencial para entender os costumes de um povo. O ato de comer não satisfaz apenas as necessidades biológicas, ele é fonte de prazer, socialização, expressão cultural, memória e identidade (ABDALA, 2011; MORAIS, 2011). Não é à toa que, para muitas pessoas, a memória afetiva passa pela cozinha. O nosso país apresenta muitas particularidades regionais devido ao processo histórico que viveu, com a união de diferentes povos, para se transformar no que é hoje. Com isso, os ingredientes de um prato já dizem muito sobre o local de onde a pessoa veio, mostrando o quanto as referências simbólicas são importantes para a construção das preferências alimentares. Tem alguma comida típica de sua região que pode causar estranheza se for preparada em um outro estado? Como estes alimentos regionais interferem no modo como você se relaciona com a sua comunidade? A interação entre as diversas culturas contribui para o desenvolvimento humano, já que, nos dias atuais, com a globalização, o mundo tende a se comportar de uma única forma, reduzindo as diferenças culturais e diminuindo, com isso, a tolerância de algumas pessoas para viver em sociedade e conviver com as diferenças. É verdade que com a entrada das mulheres no mercado de trabalho houve redução na produção de alimentos em casa, no sentar-se à mesa, no prato típico da família; e se observou aumento no consumo de alimentos de fácil preparo, os chamados ultraprocessados (VAZ; BENNEMANN, 2014). Não pode ser motivo para que percamos o significado de afeto das refeições. É importante, A interação entre as diversas culturas contribui para o desenvolvimento humano. 16 EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO CONTEXTO ESCOLAR principalmente para as crianças, entenderem que, onde estiverem, a refeição representa um momento de carinho. Além da cultura e diversidade geográfica, as preferências alimentares também são construídas de acordo com as crenças e religiões de cada povo. A relação entre alimento e fé é muito estreita, tudo o que é consumido de acordo com os ritos de uma religião, das permissões às proibições, reflete a cultura de onde ela se originou (FERRARI, 2016). A EAN deve considerar a legitimidade dos saberes oriundos da cultura e religião; e valorizar as expressões de identidade de nosso povo reconhecendo a riqueza das combinações e preparações locais e regionais. 2.2.4 Culinária: a comida e o alimento como referências de valorização da culinária enquanto prática emancipatória Quando você vai se alimentar, os nutrientes presentes no alimento determinam seu consumo? Normalmente as pessoas não se alimentam de nutrientes e sim de alimentos, que vêm acompanhados de uma carga cultural, social, afetiva e sensorial. Os alimentos têm cheiro, sabor, cor, texturas que fazem com que sejam aceitos ou não pelos indivíduos. Mas a culinária pode aumentar a aceitação de alimentos e incorporar na rotina das famílias alimentos mais saudáveis. Além disso, saber preparar o próprio alimento gera autonomia, pois amplia o conjunto de possibilidades dos indivíduos. E para as crianças, aumenta a possibilidade de reforçar o vínculo afetivo com os familiares e de experimentar alimentos novos. O desperdício de alimentos, já citado neste livro, não ocorre apenas no transporte e armazenamento inadequados, mas também no preparo incorreto. Dessa maneira, a culinária cumpre o papel da prática de informações técnicas quanto ao correto preparo de alimentos, inclusive com abordagem sobre o seu aproveitamento integral. A culinária também representa um dos modos pelos quais as identidades assumem materialidade. A comida típica ou a receita secreta da vovó não são qualquer comida; representam experiências vividas, o passado e, ao fazê-lo, o coloca em relação com os que vivenciam o presente. A EAN deve considerar a legitimidade dos saberes oriundos da cultura e religião. A culinária pode aumentar a aceitação de alimentos e incorporar na rotina das famílias alimentos mais saudáveis. 17 Compreensão da Aplicabilidade da Educação Ali- mentar e Nutricional Capítulo 1 Para as crianças, o uso da culinária propicia a exploração de fatos cotidianos, enfatiza os cuidados com higiene e segurança no preparo dos alimentos, estimula o conhecimento das formas e cores dos ingredientes de preparações, possibilita o contatocom a leitura através das receitas e rótulos de alimentos, alerta sobre reaproveitamento de materiais e reciclagem do lixo, transmite conteúdos socioculturais como a origem de receitas típicas de lugares específicos, e valoriza a socialização através da troca e da união do grupo na hora de preparar e experimentar os alimentos. Nas práticas de EAN, mesmo quando o preparo efetivo de alimentos não for viável, é necessário que seja realizada uma reflexão sobre a importância e valor da culinária para a alimentação saudável (DAMATTA, 1987). 2.2.5 Autocuidado para a promoção da autonomia O autocuidado significa o cuidado que é realizado por si mesmo quando você alcança um estado de maturidade capaz de lhe permitir controlar, decidir e realizar ações (OREM, 2001). Assim, ele envolve tomadas de decisões que afetam o comportamento do ser humano ou o ambiente ao seu redor, ou seja, se refere às práticas cotidianas realizadas por uma pessoa ou família para cuidar de si mesmos. As ações de autocuidado são voluntárias e intencionais, então, para que o indivíduo tenha interesse em cuidar da própria saúde, ele precisa ter acesso à informação a fim de identificar todos os riscos que seus maus hábitos podem proporcionar e conseguir realizar mudanças necessárias para melhorar sua qualidade de vida. Essas ações, ou seja, a maneira como os indivíduos elegem seu modo de viver, como organizam suas escolhas e como criam possibilidades de satisfazer suas necessidades dependem não apenas de sua liberdade ou vontades, mas são determinadas também pelo contexto social, econômico e cultural em que vivem (BRASIL, 2015). Para a faixa etária infantil parece que o autocuidado não é tão importante assim porque as crianças ainda são cuidadas pelos pais ou responsáveis. Mas isso não é verdade, principalmente quando a criança entra na escola e seus hábitos passam a ser influenciados pelos colegas e pelos próprios educadores. Outro fator que influencia nas escolhas das crianças e requer que elas tenham conhecimento e autonomia é a mídia. Os profissionais do marketing e da Autocuidado significa o cuidado que é realizado por si mesmo quando você alcança um estado de maturidade capaz de lhe permitir controlar, decidir e realizar ações (OREM, 2001). 18 EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO CONTEXTO ESCOLAR propaganda aproveitam dessa fase de desenvolvimento do ser humano, em que ainda está ocorrendo a maturação neurológica, para criar comerciais persuasivos, envolventes e direcionados para o público infantil e que, muitas vezes, só incentivam o consumo de alimentos não saudáveis (BOYLAND; WHALEN, 2015). Nesse caso, é crucial identificar as potencialidades e desenvolver capacidades nas crianças, a fim de possibilitar escolhas conscientes sobre suas ações e trajetórias. Assim, a proposta é que a EAN estimule a participação dos indivíduos no cuidado com a própria saúde e da comunidade em seu entorno no que diz respeito à alimentação. Além da orientação, o indivíduo também precisa de estímulo e motivação para conseguir atingir sucesso na melhoria e manutenção de comportamentos que contribuam para sua saúde. E esse processo se torna um ciclo, uma vez que a autonomia também garante a participação e envolvimento dos indivíduos nas ações de EAN. A partir das diretrizes estudadas até aqui, apresente três objetivos para o desenvolvimento de EAN nas escolas. 2.2.6 A educação enquanto um processo permanente, participativo e gerador de autonomia O homem pode e deve, durante toda a sua vida, instruir-se, formar-se e buscar evoluir seu lado intelectual, afetivo e moral em suas relações com o mundo, com o próximo e consigo mesmo. Desse modo, o processo educativo deve ser dinâmico a fim de satisfazer as exigências da própria personalidade humana em seu contínuo desenvolvimento. Esse dinamismo também é necessário em um mundo em constantes transformações. A cada dia algo é descoberto ou melhorado, inclusive no que diz respeito à alimentação. Muitas vezes já vimos alimentos benéficos se transformarem em vilões e vice-versa. Então, a única maneira de manter a população e os próprios profissionais da área informados sobre tantas atualizações é através da educação continuada. Os profissionais devem ser continuamente capacitados a fim de melhorar sua atuação e ajudá-los em suas A proposta é que a EAN estimule a participação dos indivíduos no cuidado com a própria saúde e da comunidade em seu entorno no que diz respeito à alimentação. 19 Compreensão da Aplicabilidade da Educação Ali- mentar e Nutricional Capítulo 1 atividades institucionais, complementando a sua formação básica. É o cotidiano do trabalho em constante discussão, experimentação e construção-reconstrução permanente. Além disso, todo esse processo deve ser repassado também para a população através da EAN. É muito mais fácil para o indivíduo desenvolver autonomia em relação à sua alimentação quando ele está em constante contato com as informações acerca do tema. E esse processo é ainda mais efetivo se são desenvolvidas ações que valorizem as atividades práticas (JAIME; LOCK, 2009). Outra característica do caráter permanente da EAN está ligada aos ciclos da vida. A promoção da saúde através das informações sobre alimentação e nutrição deve ocorrer ao longo de toda a vida do indivíduo, desde a infância até a terceira idade. E as atividades desenvolvidas devem respeitar as diferentes demandas que o ciclo da vida apresenta, desde a formação de hábitos alimentares até a organização de sua alimentação dentro e fora de casa. O processo de educação proposto por essa diretriz também recomenda que a formação seja voltada à construção de um indivíduo autônomo, capaz de fazer escolhas, governar, transformar e produzir a própria vida. Nesse sentido, o educador deve estimular o desenvolvimento do senso crítico do educando, valorizar a curiosidade e a inquietude, nunca diminuir seu potencial para que a formação do indivíduo abranja todas as dimensões da vida humana necessárias para a formação da autonomia. Diante de múltiplas opções de consumo e de várias regras de condutas dietéticas, tomar a decisão por qual caminho seguir significa reconhecer as possibilidades, experimentar, decidir, reorientar, e este é o papel da EAN, gerar situações para reflexões e busca de soluções a fim de que as escolhas sejam conscientes e respeitem a liberdade de cada um. 2.1.7 A Prática em Educação Alimentar e Nutricional na diversidade dos cenários Como política pública, a EAN requer a parceria de diferentes setores da sociedade, como instituições educacionais (universidades, instituições de educação profissional e tecnológica), organizações não governamentais, organismos internacionais, equipamentos públicos de alimentação e nutrição, entidades filantrópicas, conselhos de políticas públicas e outras instâncias de É muito mais fácil para o indivíduo desenvolver autonomia em relação à sua alimentação quando ele está em constante contato com as informações acerca do tema. 20 EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO CONTEXTO ESCOLAR participação e controle social e da sociedade civil como um todo. O planejamento de suas ações deve apresentar caráter participativo. Dentre os campos de prática envolvidos na implementação da EAN destacam-se: setor público (federal, estadual, municipal, regional); áreas da saúde, assistência social, segurança alimentar e nutricional, educação, meio ambiente, dentre outras; equipamentos públicos (dentre eles as escolas); e setor privado. Reflita a respeito dos lugares em que as práticas de EAN podem ser desenvolvidas numa cidade e descreva locais não mencionados no texto acima. 2.2.8 Intersetorialidade Não se pode pensar em construção de políticas públicas sem considerar a relevância da interação e integração dos diversos órgãos e instituições no compromisso comum da efetivação de direitos (CUSTÓDIO;SILVA, 2015). Essa corresponsabilidade em garantir os direitos à população é a intersetorialidade. Ela tem sido considerada um dos mais importantes meios de trabalho no âmbito das políticas de saúde com o objetivo de ampliar o aceso a direitos sociais, como o da alimentação adequada. Quando o governo trata os problemas do cidadão de maneira fragmentada, ou seja, cada setor com suas demandas, a população se sente insatisfeita, pois não consegue enxergar que suas necessidades foram atendidas (CUSTÓDIO; SILVA, 2015). Assim, a intersetorialidade garante o desenvolvimento de ações conjuntas destinadas à proteção social, envolve articulação de diferentes setores em torno de objetivos comuns e enfrenta as questões da população de maneira mais efetiva, considerando-os na sua totalidade. O planejamento de suas ações deve apresentar caráter participativo. Não se pode pensar em construção de políticas públicas sem considerar a relevância da interação e integração dos diversos órgãos e instituições no compromisso comum da efetivação de direitos (CUSTÓDIO; SILVA, 2015). 21 Compreensão da Aplicabilidade da Educação Ali- mentar e Nutricional Capítulo 1 2.2.9 Planejamento, avaliação e monitoramento das ações A efetividade e manutenção das ações de EAN dependem de um bom planejamento, e sua qualidade depende do grau de envolvimento e compromisso dos profissionais que as aplicam e, também, dos indivíduos que participam delas. Com o planejamento adequado é possível antecipar problemas, organizar todo o processo de trabalho, atualizar saberes e técnicas educacionais, observar a coerência das etapas previstas, buscar teorias para sustentar autonomia na ação, humanizar a ação evitando a robotização, melhorar resultados e conquistar as metas propostas. Inseridos no planejamento estão o estabelecimento do diagnóstico, a elaboração de objetivos e conteúdo programático, previsão de custos e recursos necessários, detalhamento de plano de trabalho, definição de responsabilidades e parcerias, definição de indicadores de processo e resultados (CERVATO- MANCUSO, 2011). A fase do diagnóstico requer disposição de tempo, pois este é o momento de compreender a vida das pessoas no contexto em que elas habitam. Cada local vai exigir uma intervenção diferente, portanto, esse é o momento de problematizar e definir os objetivos a serem alcançados. Os objetivos devem ser claros e precisos, eles definem os resultados a serem alcançados e, por isso, servem como indicadores para a avaliação. A partir da determinação deles, o conteúdo deve ser construído com informação em quantidade e qualidade suficientes para que eles sejam atingidos. A relação do cotidiano com a experiência deve sempre ser levada em conta para a construção do conteúdo, assim como o tempo disponível para a realização das atividades. A avaliação é uma etapa importante a ser realizada nas ações de EAN, porém ela é deixada para o final e, muitas vezes, negligenciada. É com a avaliação que conseguimos analisar os prós e contras do conteúdo proposto para determinada faixa etária e classe social. As avaliações devem ter papel inclusivo e diagnóstico que leva à reflexão de tudo o que pode ser melhorado para as demais ações, uma vez que a EAN tem caráter construtivista e permanente. A efetividade e manutenção das ações de EAN dependem de um bom planejamento. 22 EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO CONTEXTO ESCOLAR Indique quais as bases dos princípios da Educação Alimentar e Nutricional. Atendendo a esses princípios, a EAN deve seguir como referências materiais do Ministério da Saúde, que serão abordados no último capítulo. Mas algumas questões sempre devem ser consideradas ao promover uma alimentação saudável, dentre elas, considerar que o consumo de alimentos deve apresentar quantidade e qualidade suficientes para garantir o equilíbrio no balanço energético, prevenindo assim deficiências e doenças nutricionais. Para uma alimentação adequada, devem ser respeitadas as características individuais de cada indivíduo, como sexo, idade, classe social, preferências pessoais e características físicas e fisiológicas. As ações de EAN se tornam efetivas quando realizadas de maneira contínua e permanente desde a primeira infância. Por isso, elas devem ser consideradas como práticas cotidianas nas escolas, precisam integrar o projeto pedagógico e os componentes curriculares. 3 Perspectiva Histórica Da Educação Alimentar E Nutricional Não precisaria existir educação em alimentação e nutrição se o alimento não fosse necessário para nossa sobrevivência. Uma alimentação balanceada iniciada desde a primeira infância, no momento da introdução alimentar, garante o crescimento e desenvolvimento adequado do indivíduo, estimula a capacidade de aprender e previne doenças que podem se manifestar desde a infância até a vida adulta (VITOLO, 2015). Desde a época dos homens pré-históricos a alimentação já representava um importante fator para a construção das comunidades, pois eles procuravam construir suas moradias em locais onde era possível suprir a necessidade de alimentos e água. Depois da descoberta do fogo, eles começaram a fabricar recipientes de barro onde conseguiam cozinhar as carnes, e logo depois deixaram de comer todo grão que encontravam e passaram a enterrar parte deles para que germinassem (FERRARI, 2016). 23 Compreensão da Aplicabilidade da Educação Ali- mentar e Nutricional Capítulo 1 A variedade de alimentos que existia para os homens pré- históricos provavelmente era bem menor do que a que existe nos dias de hoje, porém, a escolha por qual alimento consumir provavelmente tinha determinantes semelhantes, são eles: idade, sexo, condições sociais, econômicas, culturais e o próprio conhecimento sobre alimentação e nutrição. Além desses determinantes, hoje em dia o nosso comportamento alimentar também é influenciado pelo marketing e pela tecnologia de alimentos. Com isso, desenvolver autonomia ao indivíduo para que ele faça escolhas mais conscientes e saudáveis se torna de extrema importância e faz da EAN um importante instrumento para promoção de hábitos alimentares saudáveis. Segundo uma linha do tempo, a seguir serão descritas as atividades importantes para a história da EAN: • 1930 Surgiu o interesse pelo tema no Brasil quando foram instituídas as primeiras leis trabalhistas, definida a cesta básica de referência e surgiram os primeiros estudos sobre a desigualdade social e fome no país. Eram os trabalhadores e suas famílias o público-alvo das ações de EAN, centradas na introdução de alimentos novos e na adoção de medidas voltadas à suplementação alimentar e atividades de combate a carências nutricionais (BRASIL, 2010; SANTOS, 2005). • Década de 1970 A renda se apresentava como principal obstáculo à alimentação adequada e as ações de EAN apresentavam um interesse econômico, promoviam o consumo de soja e seus derivados, uma vez que estava sendo iniciada a expansão em sua produção (DOMINGUES; BERMANN, 2012). Nessa época, os aspectos culturais e sensoriais eram desconsiderados e as atividades valorizavam apenas a dimensão nutricional dos alimentos. Com resultados questionáveis, a EAN foi perdendo seu papel e foi menos destacada nos programas de saúde pública por aproximadamente duas décadas (BOOG, 1997). A produção acadêmica nesse período sobre o assunto era de natureza intervencionista e técnica, mediada pela tese da ignorância alimentar (LIMA; OLIVEIRA; GOMES, 2003). • Década de 1990 Começam a aumentar as evidências sobre a ligação dos hábitos alimentares com as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Com as modificações Desenvolver autonomia ao indivíduo para que ele faça escolhas mais conscientes e saudáveis se torna de extrema importância e faz da EAN um importante instrumento para promoção de hábitos alimentares saudáveis. 24 EDUCAÇÃO ALIMENTARE NUTRICIONAL NO CONTEXTO ESCOLAR dos padrões alimentares, o foco da promoção e prevenção de saúde não eram mais as carências nutricionais (MONTEIRO et al., 1995) e percebeu-se então a relevância da EAN para a formação de hábitos alimentares saudáveis. Assim, a promoção de tais hábitos voltou a fazer parte dos programas oficiais do governo e, no final da década de 1990, foi implantada a Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), que incentiva as ações em alimentação e nutrição (BRASIL, 2013b). Também neste período o termo “promoção de práticas alimentares saudáveis” começou a aparecer nos documentos oficiais e a EAN começou a ser apresentada com foco de atuação no sujeito e nos seus aspectos culturais (LIMA; OLIVEIRA; GOMES, 2003; CAMOSSA et al., 2005). Nessa época a PNAN previa ações de EAN voltadas ao incentivo do aleitamento materno e à prevenção dos problemas nutricionais (passando da desnutrição – deficiências específicas - até a obesidade). Tais ações eram vistas como condições para cidadania e se buscava um consenso sobre conteúdos, métodos e técnicas do processo educativo. PESQUISA: Conhecer os documentos envolvidos na EAN aumenta sua possibilidade de atuação. A versão mais atual da Política Nacional de Alimentação e Nutrição se encontra aqui: <http:// bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_alimentacao_ nutricao.pdf>. • Década de 2000 O Programa Fome Zero foi implementado e contemplava a importância da EAN associada à educação para o consumo e orientava a inclusão desse tema no currículo escolar do primeiro grau. Além disso, propunha a criação de norma para a comercialização de alimentos industrializados, alertava sobre a importância de controlar a publicidade e aprimorar a rotulagem de alimentos (BRASIL, 2001). A partir daí, observa-se um aumento de ações de EAN nas iniciativas públicas atendendo todos os estratos da população, das crianças aos trabalhadores, pela requalificação do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), A partir daí, observa- se um aumento de ações de EAN nas iniciativas públicas atendendo todos os estratos da população, das crianças aos trabalhadores. 25 Compreensão da Aplicabilidade da Educação Ali- mentar e Nutricional Capítulo 1 dos usuários de restaurantes populares aos de unidades básicas de saúde. No que diz respeito ao PNAE, ele foi instituído no país desde 1955 e reformulado ao longo dos anos (BRASIL, 2013a) e hoje, um dos objetivos apresentados por ele é a formação de hábitos alimentares saudáveis dos alunos, por meio de ações de EAN. A escola é tão importante para o desenvolvimento de políticas públicas voltadas à alimentação saudável que o governo lançou em 2006 a Portaria Interministerial nº 1.010, de 8 de maio, que institui as diretrizes para a promoção da alimentação saudável nas escolas de diferentes níveis (BRASIL, 2006b). Vale destacar também a instituição do Programa Saúde na Escola (PSE) com o objetivo de contribuir para a formação do estudante por meio de ações relacionadas à prevenção, atenção e promoção à saúde, incluindo nesse contexto a promoção da alimentação saudável (BRASIL, 2007). As abordagens sobre EAN também avançaram no setor da saúde como tema de política pública, inclusive em âmbito internacional. Em 2002 foi aprovada a Estratégia Global para a Alimentação do Bebê e da Criança Pequena (WHA, 2002) e em 2004 a Estratégia Global para a Promoção da Alimentação Saudável, Atividade Física e Saúde (WHO, 2004), que indicaram a EAN como responsabilidade dos seus 193 Estados-membros, dentre eles o Brasil. Todos eles deveriam desenvolver ações públicas de educação, comunicação e conscientização adequadas à realidade socioeconômica e cultural dos diferentes grupos. No ano de 2006 foi implementada a Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS), pela Portaria MS/GM nº 687, de 30 de março, que destacou a necessidade de ações que influenciassem a situação de saúde da população a partir de modificações na sociedade. Desde então essa política vem sendo revisada e, em 2014, a sua atualização proporcionou abordagens mais amplas nos conceitos e estratégias, permeando a corresponsabilidade dos indivíduos pela saúde individual e coletiva (BRASIL, 2015). Nesse mesmo ano de 2006, o Ministério da Saúde, considerando as diretrizes da Estratégia Global em Alimentação Saudável, Atividade Física e Saúde da Organização Mundial de Saúde (OMS), aceitou o desafio de incorporar alimentação e nutrição na escola, vendo-a como um local além de construção da cidadania, um espaço propício à formação de hábitos saudáveis (BRASIL, 2006c). A EAN ainda está presente no Plano de ações estratégicas para o enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis no Brasil (BRASIL, 2011a) e na Portaria 1.010/2006 que, em parceria com o Ministério da Educação, 26 EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO CONTEXTO ESCOLAR estabelece as bases da promoção da alimentação saudável nas escolas (BRASIL, 2006b). Em 2009, a Lei 11.947 surge a partir do fortalecimento da EAN e prevê a inserção da educação alimentar e nutricional no processo de ensino- aprendizagem. Além disso, traz como medida a presença de alimentos oriundos da agricultura familiar local na merenda escolar e orienta a definição do que será oferecido aos escolares (BRASIL, 2009). Política Nacional de Promoção da Saúde: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_ promocao_saude_3ed.pdf>. • Década de 2010 No campo da Segurança Alimentar e Nutricional (SAN), o desafio da EAN foi ultrapassar os limites das ações dirigidas ao consumo de alimentos e impacto na saúde e estendê-las para as dimensões que abranjam a produção e abastecimento de alimentos. Dos seis objetivos previstos pelo Plano Nacional de SAN (2012-2015), quatro se relacionavam diretamente com a EAN (BRASIL, 2011b). No ano de 2011 os Ministérios do Desenvolvimento Social, da Educação e da Saúde promoveram a realização do 1º Encontro Nacional de “Educação Alimentar e Nutricional – Discutindo Diretrizes”, com o intuito de ampliar a discussão sobre o tema no âmbito das políticas públicas e construir diretrizes específicas para nortear a execução de ações. Esse encontro, em conjunto com a “Atividade Integradora sobre Educação Alimentar e Nutricional” realizada durante a IV Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, em Salvador/ BA; com a “Oficina de Educação Alimentar e Nutricional nas Políticas Públicas” realizada no congresso World Nutrition Rio 2012; e a consulta pública realizada em junho e julho de 2012, resultou no Marco de Referência de Educação Alimentar e Nutricional para as Políticas Públicas, lançado no final do referido ano com o objetivo de “promover um campo comum de reflexão e orientação da prática, no conjunto de iniciativas de EAN que tenham origem, principalmente, na ação pública, e que contemplem os diversos setores vinculados ao processo de produção, distribuição, abastecimento e consumo de alimentos” (BRASIL, 2012a). 27 Compreensão da Aplicabilidade da Educação Ali- mentar e Nutricional Capítulo 1 Além do marco, a PNAN foi atualizada em 2012 e mostra uma evolução na compreensão da EAN que aparece em todas as diretrizes da política como importante para a promoção, prevenção e o tratamento de doenças. Além disso, a política determina que os processos sejam participativos e permanentes, e prioriza a elaboração de uma agenda intersetorial (BRASIL, 2012b). Em 2014 foi elaborado o Guia Alimentar para a População Brasileira, com o intuito de atender aos princípios e diretrizes estabelecidos pelo Marco de Referência da Educação Alimentar e Nutricional, configurando-se como importante instrumento para apoiar as ações em EAN (BRASIL, 2014). Em 2013, iniciou-se o processo de revisão do Plano Nacional de SAN e recentemente foi publicada sua segunda edição (2016-2019)com a EAN presente em suas metas. O plano prevê a inserção da promoção da alimentação adequada e saudável nas ações e estratégias realizadas pelas redes de saúde, educação e assistência social; promoção de campanhas com o objetivo de fortalecer as ações de educação para o consumo saudável; apoio em escolas de educação básica, a ações voltadas para a educação alimentar e nutricional; divulgação e implementação de materiais de apoio e qualificação das ações de Promoção da Alimentação Adequada e Saudável no âmbito do PSE; incentivo às ações de promoção da alimentação adequada e saudável nas escolas públicas e particulares (BRASIL, 2017). EAN aparece em todas as diretrizes da política como importante para a promoção, prevenção e o tratamento de doenças. Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional: <https:// www.mds.gov.br/webarquivos/arquivo/seguranca_alimentar/caisan/ plansan_2016_19.pdf>. A mais nova conquista no campo da EAN é a aprovação da Lei nº 13.666, em maio de 2018, que a inclui como tema transversal no currículo escolar dos ensinos Fundamental e Médio (BRASIL, 2018). Portanto, vários passos já foram dados para o fortalecimento da EAN como política pública, porém, o processo de construção de documentos, portarias e leis é contínuo, se beneficiando de novas experiências, aprendizados, princípios e saberes. 28 EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO CONTEXTO ESCOLAR Vamos refletir! Lívia é uma nutricionista formada há pouco mais de dois anos e trabalha em consultório particular com todas as faixas etárias, principalmente com pessoas que procuram a perda de peso. Foi convidada por uma escola particular de sua cidade para desenvolver ações em EAN com crianças de sete a nove anos. Porém, as atividades deveriam ser aplicadas no dia em que o convite foi feito pois uma outra profissional convidada desmarcou em cima da hora. Você acha que Lívia conseguirá atingir o objetivo de despertar nas crianças a autonomia para o cuidado com sua alimentação apenas com a base teórica recebida durante seu curso? Você acha que em poucas horas é possível desenvolver uma atividade que seja efetiva? Definitivamente, não. A melhor atitude que Lívia teria que ter num caso assim seria propor a execução das atividades para as próximas semanas, se não fosse possível, deveria recusar a proposta. Descreva os principais documentos e determinações do governo para a evolução da EAN no Brasil. 4 Estratégias Metodológicas Para Execução De Ações Baseadas Em Educação Alimentar E Nutricional É inegável a importância que as ações de EAN desempenham para a garantia da segurança alimentar e nutricional, principalmente quando são desenvolvidas para a faixa etária infantil. A partir da informação e do conhecimento sobre alimentação saudável há o empoderamento do indivíduo e ele toma suas próprias decisões, torna-se protagonista de suas escolhas e responsável pela sua qualidade de vida. A implementação de tais ações se torna uma importante estratégia para enfrentar os problemas alimentares e nutricionais, como obesidade e doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). 29 Compreensão da Aplicabilidade da Educação Ali- mentar e Nutricional Capítulo 1 A construção das ações em EAN requer tempo e compromisso. O desenvolvimento intelectual do público-alvo, o ambiente onde elas serão realizadas e o tempo disponível para isto devem ser considerados. Mas antes disso, é importante destacar que o processo de ensino- aprendizagem deve garantir o envolvimento ativo do participante por meio da comunicação e do estímulo ao pensar crítico e não apenas como consumidor de saberes. Vale destacar ainda que desde o nascimento o ser humano está inserido em um grupo representado pela família, mais tarde se insere na escola e no trabalho e convive com o grupo de pessoas que o cerca. Por isso não há melhor maneira de transmitir conhecimentos para modificação de atitude que não seja em atividades grupais. Para Lewin (1978), quando as pessoas se reúnem em grupos, elas estão conectadas por relacionamentos sociais, independentemente de suas semelhanças e diferenças e, por isso, a mudança de estado em uma das partes provoca mudanças em todas as outras. Ou seja, a interação entre os indivíduos provoca mudanças de atitudes, além de garantir que as necessidades de inclusão, controle e afeição sejam satisfeitas (SCHUTZ, 1989). Existem muitas orientações teóricas sobre a Teoria dos Grupos (Kurt Lewin, Pichon-Riviére, Bion, Foulkes e Paulo Freire), mas a sua essência é a mesma, a interdependência entre seus membros. O que determina a diferença entre eles é o objetivo para o qual ele foi criado. Nesse material, o Grupo Operativo (GO) vai receber destaque por ser uma teoria legitimada na área da saúde, pois visa de fato transformar o conhecimento em atitude a partir das necessidades e da realidade dos participantes (VINCHA; SANTOS; CERVATO-MANCUSO, 2017). • Grupos Operativos A teoria de GO foi desenvolvida na década de 1940 pelo psiquiatra e psicanalista Pichon-Rivière (1907-1977). Segundo ele, um grupo representa um conjunto de pessoas ligadas pelo vínculo social, movidas por necessidades semelhantes e que se reúnem para desempenhar uma tarefa em comum (PICHON-RIVIÈRE, 2009; BERSTEIN, 1986). Um aspecto importante é que cada indivíduo pertencente a um grupo traz consigo componentes internos como emoções, medos, fantasias, ansiedades, toda a sua história de vida; e esses componentes podem influenciar diretamente o processo grupal onde ele está inserido. Assim, é instalada uma resistência no grupo que requer a elaboração A construção das ações em EAN requer tempo e compromisso. Garantir o envolvimento ativo do participante por meio da comunicação e do estímulo ao pensar crítico e não apenas como consumidor de saberes. Grupo representa um conjunto de pessoas ligadas pelo vínculo social, movidas por necessidades semelhantes e que se reúnem para desempenhar uma tarefa em comum (PICHON-RIVIÈRE, 2009; BERSTEIN, 1986). 30 EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO CONTEXTO ESCOLAR de estratégias para que todo o processo seja coordenado de maneira a torná-lo mais fácil, por isso, Pichon propôs o Esquema Conceitual Referencial e Operativo (ECRO). Esse esquema representa um conjunto de regras que facilita ao grupo atingir o seu objetivo, porque ele permite observar e analisar os fenômenos que se dão nos grupos, nas instituições e em suas relações mútuas (PICHON-RIVIÈRE, 2009; FORTUNA et al., 2005). De maneira mais clara, ele representa o conjunto de experiências, conhecimentos e afetos com os quais o sujeito pensa/sente/age. Assim, a construção do ECRO se torna condição necessária para a comunicação e a realização da tarefa pelo grupo, uma vez que, frequentemente, nos deparamos em grupos com pessoas defensivas, resistentes à mudança, que apresentarão a negação, medo de perder o poder, o espaço e/ou o reconhecimento (SOARES; FERRAZ, 2007). Para aprofundamento sobre o ECRO: “O Processo Grupal” – contém todos os trabalhos de Pichon-Rivière sobre grupos. (PICHON-RIVIÈRE, Enrique. O processo grupal. 8.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2009). O principal objetivo do GO é promover um processo de aprendizagem a partir da leitura crítica da realidade e atitude questionadora. Desse modo, o participante do grupo consegue transformar o conhecimento recebido em atitude por meio do vínculo, da comunicação e do protagonismo de todos (AFONSO; COUTINHO, 2010; PICHON-RIVIÈRE, 2009). E não é exatamente esse o objetivo da EAN? Que os indivíduos melhorem o seu hábito alimentar através da mudança de atitudes? Por isso, utilizar a teoria do GO é um ótimo meio de promover a saúde, inclusive no que diz respeito à alimentação. Em 2015, Bento e Esteves utilizaram as técnicas de GO para promover a alimentação materno-infantil de um grupo de gestantes, em uma UBS, e notou aumento da segurança das participantesem suas escolhas alimentares, demonstrando o êxito do GO nas questões que envolvem a EAN. Vale destacar que nesse modelo de grupo o cumprimento da tarefa é central no desenvolvimento dos participantes. Para isso, há alguns papéis importantes que são identificados na condução de um grupo operativo, são eles: porta-voz, bode expiatório, sabotador e líder da tarefa (GAYOTTO, 2003). O porta-voz fala das dificuldades encontradas para atingir o objetivo. O bode 31 Compreensão da Aplicabilidade da Educação Ali- mentar e Nutricional Capítulo 1 expiatório provoca as adversidades encontradas no grupo. O sabotador desvia o grupo do objetivo principal. O líder escuta o porta-voz e conduz o grupo para a realização da tarefa, porém sozinho ele não faz nada, precisa dos demais membros para alcançar o resultado. Os elementos que compõem o planejamento do GO estão apresentados no Quadro 1. QUADRO 1 - DESCRIÇÃO DOS ELEMENTOS NECESSÁRIOS PARA O PLANEJAMENTO DE UM GRUPO OPERATIVO FONTE: A autora, adaptado de Afonso e Coutinho (2010) e Cervato-Mancuso (2011) Para o referencial teórico no planejamento do GO, além do autor criador da teoria, existem outros autores mais contemporâneos que trazem uma leitura mais criativa sobre o método e apresentam uma teoria direcionada para grupos específicos. Como é o caso de Mello Filho (2011) e Osório (1986), que defendem a construção de Elementos Características Definir referencial teórico É a fundamentação teórica na qual os profissionais da saúde se apoiam para conduzir a intervenção. Pode ser utilizado mais de um autor de GO. Analisar demanda do grupo Visa problematizar as questões de saúde da população e suas causas. Fornece suporte para a elaboração do objetivo. Elaborar objetivos A partir dele pode-se estabelecer as regras de organização para o desenvolvimento do grupo, como: local de encontro; dias e horário; frequência; número de participantes; e profis- sionais coordenadores da ação. Identificar a tarefa Seria o motivo em comum que fez o grupo se unir. É por meio dela que os participantes estabelecem redes de comu- nicação e processos de aprendizagem. Analisar temas pertinentes Podem ser identificados antes do início do grupo (permite a construção de cronogramas) e/ou a partir nas necessidades descobertas no decorrer das atividades. Escolher estratégias educativas Qual método de ensino vai permitir que meus objetivos sejam alcançados? Avaliação Análise individual e do processo grupal utilizando métodos quantitativos e/ou qualitativos. 32 EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO CONTEXTO ESCOLAR grupos homogêneos (por exemplo, portadores de doenças crônicas). Segundo eles, dessa maneira é mais fácil de o grupo se identificar, provocar um suporte social e ter como resultado a melhoria da saúde. Pichon-Rivière (2009) apoia o uso de grupos homogêneos, mas também reforça que a diferença é enriquecedora para os participantes de um grupo, pois eles podem ser com os outros sem terem que ser como os outros para serem aceitos. Outro autor contemporâneo, Zimerman (2000), traz denominações diferentes: “grupo operativo de ensino-aprendizagem” e “grupo operativo de reflexão”. Ele teve a intenção de destacar a importância de se ter reflexão dentro de grupos que objetivam informar e formar o participante. Porém, essa ênfase não se faz tão necessária assim, uma vez que a reflexão e a aprendizagem são intrínsecas ao GO (PICHON-RIVIÈRE, 2009). Gayotto (2003), por sua vez, apresenta a teoria de maneira ampliada para contexto e população, diferentemente dos outros três autores, que enfatizaram o aspecto terapêutico da intervenção. O uso de novos referenciais pode até gerar mudanças positivas na intervenção, dependendo do objetivo dela. Mas a teoria de Pichon-Rivière (2009) é bem aceita quando a intenção é transformar conhecimentos com foco na promoção da saúde. FONTE: VINCHA; SANTOS; CERVATO-MANCUSO, 2017. Estudo de revisão publicado em 2017 demonstrou que o GO traz resultados interessantes quando utilizado na prevenção e no tratamento de doenças crônicas, que requerem mudanças de hábitos de vida e cuidados contínuos. Em relação à promoção da saúde, o uso do GO esteve associado à educação alimentar e nutricional (VINCHA; SANTOS; CERVATO-MANCUSO, 2017). Logo, o GO conduz ao autocuidado, característica que se espera conseguir com a EAN. Entre no site na Biblioteca Virtual da Saúde (http://bvsalud. org/) e pesquise por “grupos operativos” AND “educação alimentar e nutricional”. Agora, divirta-se com as leituras! 33 Compreensão da Aplicabilidade da Educação Ali- mentar e Nutricional Capítulo 1 Trabalhar a alimentação envolve dimensões no campo da cognição, da percepção, do afeto, das relações e das habilidades pessoais (BOOG, 2013), relacionar a EAN e o GO dentro de um grupo específico de alimentação e nutrição pode ser propício para superar tal obstáculo. A utilização de grupos operativos, mesmo com as dificuldades encontradas por se trabalhar com vários indivíduos caracterizados por histórias distintas, se mostrou eficiente em estudos com portadores de diabetes, esquistossomose, câncer, hipertensão, dependentes químicos e homossexuais; alcançando resultados positivos na promoção, prevenção e educação em saúde (MENEZES; AVELINO, 2016). Você foi convidado para aplicar uma ação em EAN para um grupo de 20 crianças com oito anos. Como você trabalharia com as características de cada uma para desenvolver um aprendizado coletivo? Após compreender que trabalhar em grupo é extremamente positivo para o desenvolvimento de hábitos de vida saudáveis, inclusive alimentares, é necessário refletir sobre o local para a realização destes grupos. • Ambiente Escolar No caso do público infantil, a escola se torna um espaço privilegiado para a construção e consolidação de hábitos alimentares saudáveis, pois é um ambiente já voltado para as práticas educacionais, além de permitir que as ações sejam implementadas de maneira contínua, por longo período e em larga escala. Dessa maneira, muitas dimensões do aprendizado são consideradas como o ensino; a relação da casa com a escola e a comunidade ao redor; e as características físicas e emocionais da criança (PÉREZ-RODRIGO; ARANCETA, 2001; BRIGGS et al., 2003). A infância é o melhor momento para a formação de hábitos e práticas comportamentais saudáveis, inclusive alimentares, por ser o momento em que o indivíduo está passando pela maturação psicossocial e intelectual. Na fase em que a criança já está na escola, o seu hábito alimentar não é 34 EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO CONTEXTO ESCOLAR mais influenciado apenas pela família, mas também por seus amigos, educadores e pelo marketing. E essa influência externa ao convívio familiar é tão significativa que políticas públicas foram desenvolvidas para influenciar na construção desse hábito nos escolares, entre elas o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e Programa Saúde na Escola (PSE). Mas, e na prática? Como aplicar todo o conhecimento adquirido durante anos de estudo? Acredito que você já entendeu que o trabalho em grupo é fundamental. Mas como fazer com que cada indivíduo presente nesse grupo aprenda com a experiência do outro? Isso só é possível com a aplicação da metodologia adequada. • Metodologia Os métodos utilizados para a execução das ações em EAN, quando se trata do público infantil, devem consistir de processos ativos, lúdicos e interativos que favoreçam mudanças de atitudes e das práticas alimentares. O método lúdico estimula a compreensão do conteúdo abordado de forma prazerosa e reflete a realidade vivenciada nesta faixa etária (COSCRATO; PINA; MELLO, 2010; LANES et al., 2012), pois a brincadeira é inerente a este público, ajudando-os a refletir e discutir o mundo que o cerca (DALLABONA; MENDES, 2004). Alguns exemplos de metodologias que usam o lúdico estão descritos abaixo:• histórias contadas com uso de fantoches; • teatro infantil (dramatização); • marionetes; • pinturas; • desenhos; • imagens e pôsteres; • brincadeiras e jogos pedagógicos; • atividades de recortes e colagem; • vídeos; • entrevista; • roda de conversa; • cartazes; • materiais educativos sobre alimentação e nutrição (cartilhas, livretos, etc.); • utensílios e equipamentos; • aplicativos; • passeios externos orientados; • dinâmicas (apresentação, aproximação); • oficinas em geral; O método lúdico estimula a compreensão do conteúdo abordado de forma prazerosa e reflete a realidade vivenciada nesta faixa etária. 35 Compreensão da Aplicabilidade da Educação Ali- mentar e Nutricional Capítulo 1 • oficina culinária com degustação. No momento de construção da metodologia você deve usar e abusar de sua criatividade. As oficinas culinárias são muito utilizadas, mas não devem ser a única opção. Olhe só a quantidade de exemplos listados anteriormente! A escolha pelos jogos se dá na perspectiva de que, para o ser humano, a aprendizagem é tão importante quanto o desenvolvimento social, sendo o jogo uma ferramenta pedagógica que promove tanto o desenvolvimento cognitivo quanto o social. A execução do jogo pedagógico deve promover alegria, prazer, diversão, e assim, a aprendizagem (DELVAL, 2002). O uso da dramatização permite a interação entre o educador e o educado, e com ele, você, como aplicador do método, consegue acessar os níveis afetivos e emocionais da criança, se utilizar a linguagem adequada para a faixa etária (ALVES, 2001; BOOG et al., 2003). As dinâmicas de grupos são muito usadas para melhorar o entrosamento entre as pessoas, e para colocar os indivíduos a lidarem com opiniões e atitudes distintas, promovendo crescimento pessoal. Apesar de o grupo ser um conjunto de pessoas, mudanças que venham a ocorrer em um indivíduo podem influenciar o grupo todo (LEWIN, 1978), dessa forma, o aprendizado ocorre de maneira coletiva, sendo possível obter a troca de experiências. A oficina já é uma metodologia de trabalho que envolve o indivíduo na construção ativa do seu próprio conhecimento, ou seja, se aprende fazendo junto com os outros. Portanto, ela deve ser aberta a vivências, diálogos e partilha e não apresenta a figura do educador como único detentor do conhecimento. Esse método permite que os participantes trabalhem ativamente e se mobilizem para encontrar a solução de algum problema a partir da troca de experiências. Quanto mais desafiadora a situação em que se encontrarem, maiores as chances de efetividade do método. Para que a oficina não se torne muito genérica e sem foco, seus objetivos devem ser muito claros. E antes de aplicar o conhecimento aprendido é importante que ela tenha uma base teórica com definição da problematização que precisa ser solucionada com a ajuda de todos os participantes. Essa reflexão do tema deve buscar refletir a realidade e suas relações com o nível individual e coletivo. Para se programar uma oficina bem-sucedida devem ser considerados os seguintes pontos: 1 Qual é o motivo da realização da oficina? A oficina deve ser aberta a vivências, diálogos e partilha e não apresenta a figura do educador como único detentor do conhecimento. 36 EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO CONTEXTO ESCOLAR O objetivo deve ser bem claro, introduzir novo conceito, avaliar assunto aprendido, demonstrar técnica eficiente, entre outros temas. Com foco, é possível planejar e executar uma proposta mais efetiva. 2 Quem são os participantes? A definição dos participantes direciona a construção da oficina, pois são as necessidades deles que serão atendidas como método. 3 Quanto tempo eu tenho? As atividades escolhidas devem levar em conta o tempo previsto para a realização da oficina. Caso esse fator não seja levado em conta, o participante pode sair da oficina com mais dúvidas do que respostas. 4 O que eu vou fazer? O planejamento das atividades a serem desenvolvidas deve considerar os objetivos propostos. As atividades devem ser significativas e envolventes, de modo que os participantes consigam se sensibilizar pelo tema e possam questionar, criar, analisar e sintetizar o conhecimento adquirido. Pode-se utilizar músicas, poesias, relatos de vida, desenhos, dramatizações, gravuras, contos, cartazes, fotografias que falem da vida cotidiana das crianças, que facilitem a aprendizagem e a troca de saberes. 5 Como finalizar? Ao chegar ao fim de uma oficina, o participante deve refletir sobre o antes e depois do momento de aprendizagem e conseguir comparar sua prática anterior e o que pretende fazer de novo. Para promover a alimentação saudável, um método muito utilizado são as “oficinas culinárias”. Elas permitem o encontro do saber popular com o científico e transmitem a informação de maneira lúdica, didática e participativa. Com a oficina culinária a criança tem oportunidade de vivenciar um aspecto da vida cotidiana em um ambiente controlado e mediado, capaz de fazê-la trabalhar com todos os sentidos através do conhecimento teórico, manipulação e degustação de alimentos (CASTRO et al., 2007; FIGUEIRÊDO et al., 2006; PEREIRA; SARMENTO, 2012), e muito provavelmente fará parte de suas memórias. 37 Compreensão da Aplicabilidade da Educação Ali- mentar e Nutricional Capítulo 1 Independentemente do método escolhido para o desenvolvimento de ações em EAN, a efetividade das ações resulta da capacidade do educador de criar vínculo com os participantes, pois só através dele os conteúdos das atividades poderão ser direcionados à realidade deles (FREIRE, 1996). Nos temas de alimentação e nutrição, quando se pretende desenvolver hábitos alimentares saudáveis, sugere-se que o nutricionista seja o responsável pela intermediação dos saberes, diretamente para as crianças ou para outros profissionais que poderão trabalhar esse assunto com as crianças. E quando possível, as ações de EAN devem ser aplicadas por mais de um profissional para garantir a multidisciplinaridade, pois outros profissionais agregam qualidade às atividades com seu olhar diferenciado para o mesmo tema. As atividades devem, sim, ser previamente planejadas, porém, os profissionais devem estar abertos às sugestões dos escolares na condução das atividades, pois dar autonomia ao educando estimula a espontaneidade e criatividade no enfrentamento dos problemas (FORTUNA, 1994). A promoção da saúde dentro do ambiente escolar não envolve apenas os alunos, mas também professores, coordenadores, donos de cantina e pais ou responsáveis. Por isso, a capacitação de toda a comunidade escolar potencializa as mudanças e dá suporte para a adoção de hábitos alimentares saudáveis ao longo da vida (BIZZO; LEDER, 2005; LYTLE; FULKERSON, 2002). Um trabalho realizado em 2010 na cidade de Brasília indicou que oficinas contribuíram efetivamente para a transmissão do conhecimento sobre nutrição, independente se aplicadas por nutricionistas ou por professores previamente capacitados (YOKOTA et al., 2010). Assim, o professor pode ser considerado um importante aliado no processo de educação nutricional dos alunos, além de conseguir repassar o conhecimento, o vínculo necessário para a transformação do indivíduo já está garantido pelo contato diário. Independentemente do método escolhido para o desenvolvimento de ações em EAN, a efetividade das ações resulta da capacidade do educador de criar vínculo com os participantes. 1 A partir das metodologias apresentadas nesta seção, monte uma atividade em EAN para crianças de sete anos cujo objetivo seja aprender a diferença entre alimentos naturais e ultraprocessados. Use a sua criatividade! 38 EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO CONTEXTO ESCOLAR 2 Marque verdadeiro (V) ou falso (F) para as afirmações a seguir: ( ) O que é consumido durante as refeições afeta a saúde, longevidade, humor, capacidade de trabalhar,estudar e sentir prazer. ( ) A EAN não é capaz de contribuir para a prevenção e controle de doenças crônicas não transmissíveis. ( ) Espera-se que a EAN valorize as diferentes expressões da cultura alimentar e fortaleça os hábitos regionais. ( ) Qualquer ação que estimule a diminuição do desperdício de alimentos protege o sistema alimentar e garante acesso ao alimento a toda a população. ( ) Em todas as práticas de EAN deve ser realizado o preparo efetivo de alimentos, não basta apenas uma reflexão sobre a importância e valor da culinária para a alimentação saudável. ( ) A partir do Programa Fome Zero foi observado um aumento de ações de EAN nas iniciativas públicas, atendendo todos os estratos da população, desde as crianças até os trabalhadores. ( ) Cada indivíduo pertencente a um grupo e traz consigo componentes internos como emoções, medos, fantasias, ansiedades, toda a sua história de vida; porém, esses componentes não influenciam o processo grupal onde ele está inserido. ( ) Os métodos utilizados para a execução das ações em EAN devem consistir de processos ativos, lúdicos e interativos que não favoreçam mudanças de atitudes e das práticas alimentares. Algumas Considerações Nesse capítulo você teve acesso ao conceito e princípios da Educação Alimentar e Nutricional, assimilando que a promoção de hábitos alimentares saudáveis vai além de repassar para o próximo informações sobre os nutrientes necessários para cada faixa etária. Além disso, pôde conhecer várias técnicas metodológicas para construção de atividades que visem criar autonomia ao indivíduo para escolhas alimentares conscientes. As ações de EAN devem abordar o indivíduo como um todo, levando em conta aspectos sociais, ambientais, emocionais, psicológicos, físicos e fisiológicos. Assim, sugerimos que você reflita sobre a construção dos seus hábitos alimentares e sobre todos os fatores que os influenciam para que sua abordagem aconteça de maneira empática e efetiva. 39 Compreensão da Aplicabilidade da Educação Ali- mentar e Nutricional Capítulo 1 No capítulo seguinte abordaremos exemplos positivos de ações em EAN a fim de prevenir o desenvolvimento de doenças crônicas que já atingem e afetam a vida das crianças. Referências ABDALA, Mônica Chaves. Saberes e sabores: tradições culturais populares do interior de Minas Gerais e de Goiás. História: Questões & Debates, Curitiba, v. 54, n. 1, p. 125-158, 2011. AFONSO, Maria Lúcia Miranda; COUTINHO, Adriane Ramiro Azevedo. Metodologias de trabalho com grupos e sua utilização na área da saúde. In: ______. (Org.). Oficinas em dinâmicas de grupo na área da saúde. 2. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2010, p. 59-83. ALVES, Marcos Antônio. O teatro como um sistema de comunicação. 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BOYLAND, Emma; WHALEN, Rosa. Food advertising to children and its effects 40 EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO CONTEXTO ESCOLAR on diet: review of recent prevalence and impact data. Pediatric Diabetes, Denmark, v. 16, n. 5, p. 331–337, 2015. BRADFORD, Sue. Soberania Alimentar: resgatando o sistema alimentar global. War on Want, Londres, 2011. Disponível em: <https://waronwant.org/sites/default/files/food_sovereignty_report_in_ portuguese2.pdf>. Acesso em: 6 set. 2018. BRASIL. Lei n. 13.666, de 16 de maio de 2018. Altera a Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), para incluir o tema transversal da educação alimentar e nutricional no currículo escolar. Diário Oficial da União, Brasília, 17 maio 2018. Seção 1, p. 1. _______. Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional. Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional: 2016-2019. Brasília, DF: MDSA, CAISAN, 2017. _______. Ministério da Saúde. 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Dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar e do programa dinheiro direto na escola aos alunos da educação básica, altera a Lei n. 10.880, de 9 de junho de 2004, 11.273, de 6 de fevereiro de 2006, 11.507, de 20 de julho de 2007; revoga dispositivos da Medida Provisória n. 2.178-36, de 24 de agosto de 2001, e a Lei n. 8.913, de 12 de julho de 1994; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 16 jun. 2009, p. 2. _______. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Decreto n. 6.286,
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