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Brincadeiras Sensoriais (3)

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Brincadeiras Sensoriais 
Apresentamos a seguir algumas idéias de atividades, que podem ser feitas em casa ou na 
escola. Antes de apresentarmos essas sugestões algumas considerações são necessárias. 
• Em primeiro lugar precisamos saber que Integração Sensorial não é o mesmo que 
estimulação sensorial e que algumas vezes pode ser necessário reduzir a quantidade ou 
certos tipos de estímulos. 
• É importante reconhecer que cada criança é única em seus interesses, necessidades 
e respostas. Devemos observar suas reações a diferentes estímulos, como por exemplo, 
ao toque, ao movimento, à altura, aos sons e luzes, e estar prontos para alterar as 
atividades e fazer modificações no ambiente sempre que necessário. 
• As respostas podem variar não só de criança para criança, como também podem 
ser diferentes em um mesmo dia ou ainda de um dia para outro. A criança nos dará pistas 
sobre o que seu sistema nervoso precisa, procurando certas experiências sensoriais ou 
evitando e se desorganizando diante daquelas com as quais não sabe lidar. 
• Os pais não precisam nem devem se tornar terapeutas de seus filhos, mas podem 
fazer algumas adaptações no ambiente e na forma como lidam com a criança, procurando 
sobretudo preservar uma boa relação entre pais e filhos. 
• Manter a criança informada sobre o que vão fazer, antecipando situações de 
estresse, pode ser uma boa estratégia para ajudá-la a se sentir menos ameaçada e evitar 
comportamentos inesperados. Rotinas diárias bem estruturadas, sem rigidez excessiva, 
permitindo que a criança antecipe os eventos, também ajudarão a criança a se organizar. 
Mudanças na rotina devem ser comunicadas. 
Apresentamos a seguir algumas idéias de atividades que podem ser realizadas em casa ou 
escola, mas é preciso se ter um cuidado especial com a segurança, preservando sempre a 
integridade física e respeitando o desejo da criança. 
1. Sugestões de Atividades Principalmente para Modulação Tátil 
• Evite tocar a criança por trás e de forma inesperada. Crianças mais sensíveis 
apreciarão um toque mais firme. 
• Na hora do banho incentive o uso de buchas. Na hora de secar use toalhas macias 
e se a criança for muito sensível vá apertando a toalha em seu corpo ao invés de esfregá-
la. 
• Pintura do corpo: Usar materiais como talco, creme, amido, creme de barbear, 
buchas, pincéis, rolinhos de pintura, luvas de tecidos texturados. Incentivar a criança a 
passar em seu próprio corpo ou no do outro. Não forçar, respeitar onde ela deseja receber 
o estímulo. 
• Manipulação de texturas - Num recipiente plástico (bacia) colocar água , areia, 
farinha, creme, pedrinhas, cereais. A criança poderá experimentar estes materiais 
separados ou misturados. Misturar com as mãos, encher canecas, esconder objetos no 
meio, enterrar as mãos ou os pés e etc. 
• Caixa ou piscinas de texturas - Caixas contendo grãos, flocos de isopor, pedaços 
grandes de espuma. A criança poderá entrar na caixa para achar algum objeto escondido 
lá, ou se não suportar pode inicialmente, procurar o objeto com as mãos ou os pés. 
• Trilha: Montar uma trilha, com superfícies de texturas variadas como papelão, 
tapete de retalhos, colchonete e carpete, almofadões, para que a criança se desloque sobre 
ela, rolando, engatinhando, ou numa brincadeira corporal com outra pessoa (ex: luta, 
trenzinho, natação no seco). 
• Sanduíche: Usar colchonetes, almofadões ou cobertores para enrolar a criança, 
tipo rocambole, ou então amontoá-los sobre ela. Podemos cantar enquanto damos 
pequenos apertos sobre o corpo da criança. Podemos também enrolar a criança no 
colchonete e deixar que ela ande pela sala ou role pelo chão com ele. 
• Abraço de Tamanduá - Abraço bem firme, apertado, incentivando a criança a fazer 
o mesmo. Abraçar e soltar pois a criança poderá ficar aflita se for muito demorado. 
Repetir várias vezes durante o dia. 
• Amassa pão: Criança deitada sobre um tapete ou colchonete, rolar uma bola 
fazendo pressão sobre seu corpo. Chamar atenção para as partes do corpo. Observamos 
que atividades que envolvem o toque mais firme, como nas três ultimas sugestões, são 
geralmente muito apreciadas por crianças hipersensíveis. 
2. Sugestões de Atividades para Estimulação Proprioceptiva/Vestibular 
• Usar balanços de tamanhos e formas variados, como rede, gangorra, trapézio, 
balanço infantil de cadeirinha. Colocar o balanço baixo, para a criança impulsionar 
sozinha. Um balanço bastante divertido e de baixo custo é pendurar uma câmara de ar de 
caminhão. Observar sempre se há proteção, com colchonetes, no caso de quedas. 
• Rampa ou escorregador baixo, para descer em posições variadas (Ex: deitada de 
barriga para baixo ou para cima, sentada de frente ou de costas) e para escalar. Pode subir 
engatinhando ou se puxando por uma corda estando deitada de barriga para baixo. 
• Carrinho de rolimã para usar sentado ou deitado de barriga para baixo. Fazer 
trilhas para percorrer. Descer em pequenas rampas. 
• Tapete voador: Puxar a criança sentada ou deitada sobre uma colcha ou tapete. 
Variar direção e velocidade. 
• Freqüentar parquinhos, incentivando, sem forçar, o uso do escorregador e de 
balanços. 
• Bolas grandes próprias para ginástica podem ser usadas para várias brincadeiras. 
A criança sentada sobre a bola pode brincar de "pula-pula", balançar para trás e frente e 
para as laterais. Deitada de barriga para baixo a criança pode balançar para trás e para 
frente e, se gostar, pode até virar uma cambalhota. 
Os balanços devem estar pendurados numa altura que permita a criança tocar o chão com 
os pés sempre que desejar. As crianças mais inseguras podem se sentir inicialmente 
melhor balançando no colo de um adulto. Procure sempre enriquecer as atividades nos 
balanços com outros objetivos (Ex: cantar, acertar alvos com os pés ou com as mãos, 
jogar bola num cesto ou com aoutra pessoa), isto é muito importante, principalmente para 
aquelas crianças que tendem a querer usá-los por muito tempo e de forma pouco criativa. 
Brincadeiras de puxar e empurrar estimulam os proprioceptores e podem ser combinadas 
com as atividades vestibulares acima citadas. 
3. Sugestões de Atividades para Estimulação Visual 
• Chame a atenção da criança para acontecimentos no ambiente como, a fogueira, 
o nascer e o pôr do sol. 
• Ligar e desligar a luz. Adaptar uma chave no interruptor para regular a 
luminosidade. 
• Providencie uma variedade de opções de iluminação como, lâmpadas de mesa, 
lâmpadas coloridas, piscapisca. 
• Brincadeiras com lanternas, fazendo sombras ou movimentos na parede, 
iluminando objetos. 
• Clarear a superfície de gavetas para facilitar que objetos sejam encontrados e da 
mesa onde a criança for realizar atividades. 
• Providencie livros com figuras amplas. 
• Usar preferencialmente papel branco e lápis preto para dar o máximo de contraste 
nos desenhos. 
• Lápis fluorescentes podem ser usados sobre papel preto. 
• Prancha inclinada sobre a mesa onde será fixado o papel poderá facilitar a escrita 
melhorando o campo de visão. 
• Aquários com peixes coloridos. 
4. Sugestões de Atividades para Estimulação Auditiva 
• Ensinar canções. 
• Ensinar ritmos. 
• Ouvir estilos musicais diferentes. 
• Variar o rítmo de uma mesma música. 
• Grave sons da natureza. 
Finalmente, um aspecto importante a se considerarem qualquer programa para crianças 
que apresentam distúrbios invasivos do desenvolvimento é que na maioria da vezes temos 
boas idéias para brincadeiras e atividades, o problema, no entanto, é como levar a criança 
a participar. As sugestões de Greenspan e Weider (1998) sobre como iniciar e manter 
interações com crianças com distúrbios do desenvolvimento, apresentada no quadro 
abaixo, nos parecem bastante úteis para pais e cuidadores. 
5. Sugestões de Estratégias para Iniciar e Manter a Interação com Crianças 
• Acompanhe a criança e siga sua liderança. Observe seu comportamento e dê 
sentido ao queela faz,agindo como se tudo fosse intencional. Por exemplo, se ela cai 
sobre o sofá, inicie uma guerra de almofadas, se ela deixa algo cair e faz um barulho 
diferente, repita, como se fosse intencional. 
• Se posicione na frente da criança e ajude-a a fazer o que ela quer. 
• Dê suporte às iniciativas da criança e expanda o conteúdo inicial, se faça de bobo, 
faça coisas erradas ou engraçadas e observe a reação. Se interponha no caminho da 
criança, interferindo de maneira divertida com o que ela está fazendo. 
• Descubra o que atrai a atenção e causa prazer na criança. Use brincadeiras 
sensoriais (ex: balançar, pular, rodar e luta), jogos de causa e efeito, que aparecem e 
desaparecem, ou brincadeiras infantis, como o esconde-esconde e o "vou te pegar". 
• Enfatize palavras e gestos, exagere a expressão facial e entonação, deixando claro 
seus sentimentos e intenções. 
• Faça o que for possível para manter a interação e não interrompa a atividade 
enquanto conseguir manter a interação. 
• Dê sentido aos sons que a criança emite, completando palavras, ampliando o 
conteúdo ou dando um contexto para a palavra emitida, coloque palavras ou dê nome aos 
sentimentos que ela conseguir expressar. 
• Insista sempre em uma resposta, que seja um gesto, um som, um olhar. 
• Não desista da criança, seja persistente, paciente e espere pela resposta. 
Foi apresentada uma visão prática dos problemas de processamento sensorial observados 
em crianças portadoras de distúrbios invasivos do desenvolvimento. São necessárias 
muitas pesquisas nessa área, mas esperamos que as descrições de sinais e sugestões de 
atividades ajudem pais e profissionais a compreender melhor alguns comportamentos 
dessas crianças, usando essa perspectiva para inspirar novas formas de interação e 
intervenção com essas crianças. 
(Por: Márcia Cristina Franco Lambertucci / Lívia de Castro Magalhães) 
(Retirado de: Transtornos Invasivos do Desenvolvimento, 3º Milênio - Walter 
Camargos Jr e Colaboradores, 2005) 
 
 
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