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PEDAGOGIA DA AUTONOMIA DE PAULO FREIRE Professor: Victor Soares Capítulo 1 Não há docência sem discência Saberes indispensáveis à prática docente de educadores críticos, progressistas e alguns deles são igualmente necessários a educadores conservadores. Ensinar não é transferir mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção. Não há docência sem discência, as duas se explicam e seus sujeitos, apesar das diferenças que os conotam, não se reduzem à condição de objeto, um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender. Ensinar inexiste sem aprender e vice- versa e foi aprendendo socialmente que, historicamente, mulheres e homens descobriram que era possível ensinar. Quanto mais criticamente se exerça a capacidade de aprender tanto mais se constrói e desenvolve o que venho chamando “curiosidade epistemológica. A "do- discência” – docência- discência Ensinar exige rigorosidade metódica O educador democrático na sua prática docente reforçar a capacidade crítica do educando, sua curiosidade, sua insubmissão. Trabalhar com os educandos a rigorosidade metódica com que devem se “aproximar” dos objetos cognoscíveis Ensinar exige rigorosidade metódica Essas condições implicam ou exigem a presença de educadores e de educandos criadores instigadores inquietos rigorosamente curiosos humildes persistentes Ensinar exige rigorosidade metódica Papel do educador: ensinar a pensar certo. Os educandos vão se transformando em reais sujeitos da construção e da reconstrução do saber ensinado, ao lado do educador, igualmente sujeito do processo. Ensinar exige respeito aos saberes dos educandos Ensinar exige criticidade Ensinar exige pesquisa Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Abandonar a ingenuidade e adotar a A promoção da ingenuidade para a criticidade: Uma das tarefas precípuas da prática educativo- progressista- é exatamente o desenvolvimento da curiosidade crítica, insatisfeita, indócil. Ensinar exige estética e ética Não é possível pensar longe ou fora da Transformar a experiência em treinamento técnico é amesquinhar o seu caráter Respeitar a natureza do ser humano, é respeitar a formação moral do educando. Educar é substantivamente Ensinar exige a corporeificação das palavras pelo exemplo Ensinar exige risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação. As palavras a que falta a corporeidade do exemplo pouco ou quase nada valem. Não há pensar certo fora de uma prática testemunhal que o re- diz em lugar de desdizê-lo. Ensinar exige reflexão crítica sobre a prática A prática docente crítica, implicante do pensar certo, envolve o movimento dinâmico, dialético, entre o fazer e o pensar sobre o fazer. O discurso teórico do professor, precisa ser tão concreto que quase se confunda com a prática no cotidiano escolar. Na formação permanente dos professores, o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática. É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática. Ensinar exige o reconhecimento e a assunção da identidade cultural Assumir-se como ser social histórico como ser pensante comunicante transformador criador realizador de sonhos capaz de ter raiva capaz de amar A assunção de nós mesmos não significa a exclusão dos outros. Ensinar exige o reconhecimento e a assunção da identidade cultural A assunção de nós mesmos não significa a exclusão dos outros. Assumir-se como ser social e histórico como ser pensante, comunicante, transformador, criador, realizador de sonhos, capaz de ter raiva, capaz de amar. Capítulo 2 Ensinar não é transferir conhecimento Ensinar exige consciência do inacabamento Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção. Ensinar exige o reconhecimento de ser condicionado Gosto de ser gente porque, mesmo sabendo que as condições materiais, econômicas, sociais e políticas, culturais e ideológicas em que nos achamos geram quase sempre barreiras de difícil superação para o cumprimento de nossa tarefa histórica de mudar o mundo, sei também que os obstáculos não se eternizam. O educador que castra a curiosidade do educando em nome da eficácia da memorização mecânica do ensino dos conteúdos, tolhe a liberdade do educando, a capacidade de aventurar-se. Não forma, domestica. Ensinar exige respeito à autonomia do ser do educando O respeito à autonomia e dignidade de cada um Imperativo ético e não um favor que podemos conceder ou não conceder uns aos outros. Dialogicidade verdadeira Onde os sujeitos dialógicos aprendem e crescem na diferença, sobretudo, no respeito a ela. É a forma de estar sendo coerentemente exigidas por seres inacabados, assumindo-se como tais, se tornam radicalmente éticos. Ensinar exige bom senso Não é possível à escola, se, na verdade, engajada na formação de educandos educadores, alhear- se das condições sociais culturais, econômicas de seus alunos, de suas famílias, de seus vizinhos. Isto exige de mim uma reflexão crítica permanente sobre minha prática através da qual vou fazendo a avaliação do meu próprio fazer com os educandos. Ensinar exige humildade, tolerância e luta em defesa dos direitos dos educadores A luta dos professores em defesa dos seus direitos e de sua dignidade dever ser entendida como um momento importante de sua prática docente, enquanto prática ética. Não é algo que vem fora da prática docente, mas algo que dela faz parte. Ensinar exige apreensão da realidade Ensinar exige alegria e esperança Como professor preciso me mover com clareza na minha prática. Preciso conhecer diferentes dimensões que se caracterizam a essência da prática, o que me pode tornar mais seguro no meu próprio desempenho. Há uma relação entre a alegria necessária à atividade educativa e a esperança. A esperança de que o professor e alunos juntos podemos aprender, ensinar, inquietar-nos, produzir juntos igualmente resistir aos obstáculos a nossa alegria. Ensinar exige a convicção de que a mudança é possível É a partir deste saber fundamental: mudar é difícil mas é possível, que vamos programar nossa ação político- pedagógica. O trabalho específico: desafiar os grupos populares para que percebam, sua situação concreta não é destino certo ou algo que não pode ser mudado. Ensinar exige curiosidade Como professor devo saber que sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino. O exercício da curiosidade a faz mais criticamente curiosa, mais metodicamente “perseguidora” do seu objeto. Quanto mais a curiosidade espontânea se intensifica, mas, sobretudo, se “rigoriza”, tanto mais epistemológica ela vai se tornando. Um dos saberes fundamentais à minha prática educativo- crítica é o que me adverte da necessária promoção da curiosidade espontânea para a curiosidade epistemológica. A construção e produção do conhecimento implica o exercício da curiosidade. Com a curiosidade domesticada posso alcançar a memorização mecânica do perfil deste ou daquele objeto, mas não o aprendizado real ou o conhecimento cabal do objeto Capítulo 3 Ensinar é uma especificidade humana Ensinar exige segurança, competência profissional e generosidade A segurança com que a autoridade docente se move implica uma outra, a que se funda em sua competência profissional. Nenhuma autoridade docente se exerce ausente desta competência. O professor que não leva a sério sua formação, não tem força moral para coordenar as atividades de sua classe. Ensinar exige comprometimento Uma das preocupações centrais deve ser a aproximação cada vez maior entre o que eu digo e o que eu faço, entre o que eu pareço ser e o que realmente estou sendo. Ético tem que ser o meu testemunho. Ensinar exige compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo A educação é uma forma de intervenção no mundo. Não posso ser professorse não percebo cada vez melhor que, por não poder ser neutra, minha prática exige de mim um definição. Uma tomada de decisão. Exige escolhas, ruptura. Não posso reduzir a minha prática ao ensino do conteúdos. É preciso ter testemunho ético, decência, preparação científica, humildade, coerência entre o que digo, o que escrevo e o que faço. Ensinar exige liberdade e autoridade O professor não deve dar margem à licenciosidade, onde a liberdade mal centrada desequilibre o contexto pedagógico, prejudicando assim o seu funcionamento. A liberdade amadurece no confronto com outras liberdades, na defesa de seus direitos em face da autoridade dos pais, do professor, do Estado. Ensinar exige tomada consciente de decisões A educação é uma forma política de intervenção no mundo. O que se coloca ao educador democrático, consciente da impossibilidade da neutralidade da educação, é forjar em si um saber especial, que jamais deve abandonar, saber que motiva e sustenta sua luta: Se a educação não pode tudo, alguma coisa fundamental a educação pode; Se a educação não é a chave das transformações sociais, não é também simplesmente reprodutora da ideologia dominante. Ensinar exige saber escutar A importância de saber escutar. O educador que escuta, aprende a difícil lição de transformar o seu discurso, às vezes necessário, ao aluno, em uma fala com ele. O sistema de avaliação pedagógica dos alunos e de professores vem assumindo cada vez mais discursos verticais, mas insistindo em passar por democráticos. Ensinar exige reconhecer que a educação é ideológica É a ética da solidariedade humana. Nenhuma teoria de transformação político-social do mundo me comove sequer, se não parte de uma compreensão social do homem e da mulher enquanto seres fazedores da História e por ela feitos, seres da decisão, da ruptura, da opção. Ensinar exige disponibilidade para o diálogo É no respeito às diferença entre mim e o outro, na coerência entre o que faço e o que digo, que me encontro com eles ou com elas. É na minha disponibilidade à realidade que construo a minha segurança. Ensinar exige querer bem aos educandos A atividade docente de que a discente não se separa é uma experiência alegre por natureza. A prática educativa é tudo isso: afetividade, alegria, capacidade científica, domínio técnico a serviço da mudança ou, lamentavelmente, da permanência do hoje. O educador progressista precisa estar convencido de que o seu trabalho é uma especificidade humana. QUESTÕES 01 - (Nosso Rumo - 2020 - Prefeitura de Itanhaém - SP - Professor de Educação Básica II) De acordo com Paulo Freire, em “Pedagogia da Autonomia”, é correto afirmar que A. ensinar pode se esgotar no tratamento do objeto ou do conteúdo. B. ensinar não exige, necessariamente, rigorosidade metódica. C. há uma ruptura na distância entre a ingenuidade e a criticidade, o saber de pura experiência feito e o que resulta de procedimentos metodicamente rigorosos. D.pensar certo, do ponto de vista do professor, não implica referências ao senso comum. E. não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. 02 - (FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2019 - Prefeitura de Santa Luzia - MG - Professor de Educação Básica - PEB II) De acordo com Paulo Freire, na Pedagogia da Autonomia, é correto afirmar. A. A educação é uma forma política de intervenção no mundo. B. A dialogicidade deve negar momentos explicativos e narrativos, em que o professor expõe ou fala do objeto. C. Somente com a curiosidade domesticada é possível alcançar o aprendizado real. D.O professor deve se poupar de discussão sobre temas e análise de fatos que exponham sua posição face a uma decisão governamental. 03 - (FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2019 - Prefeitura de Uberlândia - MG - Professor - Educação Infantil) Na obra Pedagogia da autonomia, Paulo Freire defende que o ato de ensinar traz em si uma série de exigências. Em relação ao ato ensinar, estão presentes na obra de Paulo Freire as seguintes exigências, exceto: A. Ensinar exige respeito, horizontalidade e censura à autoridade. B. Ensinar exige reconhecimento de que a educação é ideológica. C. Ensinar exige reflexão crítica sobre a prática. D.Ensinar exige respeito aos saberes dos educandos. 04 - (COTEC - 2019 - Prefeitura de Turmalina - MG - Docente II - Ensino Infantil e 1º ao 5º ano) Segundo Freire (1996), em seu livro Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa, “não posso ser Professor sem me achar capacitado para ensinar certo e bem os conteúdos de minha disciplina, mas não posso, por outro lado, reduzir minha prática docente ao puro ensino daqueles conteúdos.” Com essa afirmativa, o autor defende A. A discussão indisciplinada em sala de aula. B. O desdenho e a humildade da prática docente. C. O autoritarismo do professor para legitimar sua ação. D.O testemunho ético, a coerência entre o que o professor diz, escreve, ensina e faz. 05 - (COTEC - 2019 - Prefeitura de Turmalina - MG - Especialista em Educação - Escolas Urbanas e Rurais) Na perspectiva da Pedagogia da Autonomia, Freire (1996) aborda os saberes necessários à prática educativa, entre os quais NÃO se inclui que ensinar A. é uma especificidade humana. B. exige pesquisa. C. exige reflexão crítica sobre a prática. D.é transferência de conhecimento. 06 - (LEGALLE Concursos - 2018 - Prefeitura de Brochier - RS - Professor de Educação Infantil e de Ensino Fundamental – Anos Iniciais) Sobre as afirmativas em ‘Pedagogia da Autonomia’ de Paulo Freire, assinale a opção incorreta: A. Ensinar não é uma especificidade humana. B. Não há docência sem discência. C. Ensinar não é transferir conhecimento. D.Somos seres inacabados, em constante aprendizado. E. O ensino dinâmico desenvolve a curiosidade sobre o fazer e o pensar sobre o fazer. 07 - (IF-SP - 2018 - IF-SP – Pedagogo) Em seu livro: “Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa”, Paulo Freire (1996) afirma que: “O professor que realmente ensina, quer dizer, que trabalha os conteúdos no quadro da rigorosidade do pensar certo, nega, como falsa, a fórmula farisaica do ‘faça o que mando e não o que eu faço’ [...] ”. Neste trecho, o autor está se referindo à qual exigência inerente ao ato de ensinar: A. Ensinar exige respeito aos saberes dos educandos B. Ensinar exige criticidade C. Ensinar exige a corporeificação das palavras pelo exemplo D.Ensinar exige rigorosidade metódica GABARITO 01 02 03 04 05 06 07 E A A D D A C PEDAGOGIA DA AUTONOMIA DE PAULO FREIRE Número do slide 2 Número do slide 3 Número do slide 4 Número do slide 5 Número do slide 6 Número do slide 7 Número do slide 8 Número do slide 9 Número do slide 10 Número do slide 11 Número do slide 12 Número do slide 13 Número do slide 14 Número do slide 15 Número do slide 16 Número do slide 17 Número do slide 18 Número do slide 19 Número do slide 20 Número do slide 21 Número do slide 22 Número do slide 23 Número do slide 24 Número do slide 25 Número do slide 26 Número do slide 27 Número do slide 28 Número do slide 29 Número do slide 30 Número do slide 31 Número do slide 32 Número do slide 33 Número do slide 34 Número do slide 35 Número do slide 36 Número do slide 37 Número do slide 38 Número do slide 39 Número do slide 40 Número do slide 41
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