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Manual de C o n d u t a s O b s t é t r i ca s d o H o s p i t a l M a t e r n o I n fa n t i l d e B ra s í l i a Larissa Maciel Ribeiro Leonardo Ayres Coelho Ellen Tieko Tsugami Dalla Costa 1ª Edição ISBN: 978-65-995783-0-4 Ano 2021 Apoio: Manual de Condutas Obstétricas do Hospital Materno Infantil de Brasília 1ª Edição Ano 2021 Larissa Maciel Ribeiro Leonardo Ayres Coelho Ellen Tieko Tsugami Dalla Costa Editores colaboradores Adriano Bueno Tavares Alexandre Pavan Garieri Lucila Nagata Zilma Eliane Ferreira Alves Manual de Condutas Obstétricas do Hospital Materno Infantil de Brasília Manual de Condutas Obstétricas do Hospital Materno Infantil de Brasília é uma publicação do Corpo Clínico e do Programa de Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Materno Infantil de Brasília. Os conceitos emitidos nos artigos são de inteira responsabilidade de seus autores. Não é permitida a reprodução parcial ou total de textos sem permissão expressa dos autores. Tiragem: 120 exemplares Editores / Editores Revisores Larissa Maciel Ribeiro Leonardo Ayres Coelho Ellen Tieko Tsugami Dalla Costa Fotos: Juliano Azevedo Endereço Editoria Programa de Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia Hospital Materno Infantil de Brasília Av. L2 Sul SGAS Quadra 608 Módulo A - Asa Sul, Brasília - DF, CEP: 70203-900 E-mail: acoelholeonardo@gmail.com Produção Editorial Luan Comunicação www.luancomunicacao.com.br Nossa vida é tão curta que não podemos deixar as oportunidades serem descartadas ou esquecidas. Assim, ao perceber a oportunidade de concretização deste ideal, pensei: “Agora é a hora... não deixarei passar”, e assim foi feito. Confesso que a energia e a empolgação dos residentes, especialmente do Leonardo Coelho e da Ellen Tieko, não me deixaram desanimar. Agradeço a Deus e a Nossa Senhora, sempre meu refúgio e fortaleza. Ao meu amado filho João Victor, que sempre me inspira e faz meus dias mais alegres e animados. À minha família, que sempre me auxilia e apoia. O desenvolvimento deste manual foi fruto de um trabalho em equipe. O nosso sucesso é o reflexo da determinação de cada um de nós!!! Agradeço a cada um do fundo do coração! Larissa Maciel Ribeiro Verba volant, scripta manent. Agradecemos aos autores colaboradores que sonharam junto conosco na produção desta obra, seria inviável se todos não tivéssemos a mesma dedicação e conexão. Agradecemos aos nossos pais, razão e eternos fomentadores do nosso projeto de ser e viver a medicina. Agradeço por fim à minha avó, Ivone, a melhor enfermeira do mundo e minha inspiração de vida. Leonardo Ayres Coelho Agradecemos aos nossos pais por terem nos presenteado com a vida e com a capacidade de sonhar. Incentivadores do estudo e da perseverança, estiveram ao nosso lado nesta bela jornada sinuosa. Alguns partiram precocemente, porém vivem em cada sorriso e em cada pensamento, eternamente iluminando nossos caminhos. Ellen Tieko Tsugami Dalla Costa AGRADECIMENTOS O Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB), fundado em 1966, é conhecido pela excelência na formação de profissionais especialistas nas áreas de Ginecologia e Obstetrícia, Pediatria, Neonatologia e Cirurgia Pediátrica. O Programa de Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia do HMIB foi iniciado em 1967 com a formação de dois residentes por período e, ao longo desses 54 anos, foi se aprimorando e evoluindo nas questões de ensino e pesquisa, até que, em 2007, o HMIB foi oficialmente credenciado como Hospital de Ensino onde, atualmente, tem capacidade de formação de 24 residentes na área da Ginecologia e Obstetrícia e mais oito residentes de suas subespecialidades. O processo de ensino e aprendizagem perpassa a relação residente, preceptor e paciente, tornando-se cada vez mais humanizado, sem deixar de lado as questões técnicas baseadas nas evidências científicas atuais. Este manual representa o quão é perceptível o desejo de evolução pessoal e profissional por todos que fazem parte do corpo clínico que compõe este grande time. Marina da Silveira Araujo Diretora Geral do Hospital Materno Infantil de Brasília O Hospital Materno Infantil de Brasília é o hospital terciário da rede SES/DF em assistência obstétrica e caracteristicamente é especializado em atender os casos clínicos mais complexos da área, por isso surgiu uma necessidade natural de elaborar um compilado das principais condutas obstétricas. O Manual de Condutas Obstétricas do Hospital Materno Infantil de Brasília apresenta procedimentos operacionais padrão (POPs) dos principais temas de emergência obstétrica, que foram elaborados em um trabalho conjunto da equipe de médicos ginecologistas e obstetras e residentes do Programa de Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia do HMIB. O objetivo do Manual é padronizar as condutas médicas no atendimento do serviço de emergência obstétrica, expondo o conteúdo de forma objetiva e prática, baseado nas mais recentes evidências científicas. Esperamos que o Manual a seguir, que representa o trabalho sério, dedicado e entusiasmado da equipe do HMIB, possa proporcionar aos profissionais que o utilizarem a tomada de decisões clínicas de forma segura e embasada no que há de melhor em termos científicos, determinando assim o melhor atendimento para as mulheres usuárias do SUS. Andréia Regina da Silva Araujo Referência Técnica Assistencial da Unidade de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Materno Infantil de Brasília PREFÁCIO 9 Manual de Condutas Obstétricas do HMIB AUTORES Adriano Bueno Tavares Graduado em Medicina pela Universidade de São Paulo (USP). Mestrado e Doutorado em Ginecologia e Obstetrícia pela USP. Pós-Doutorado em Ciências Reprodutivas - University of Utah (EUA). Coordenador de Ginecologia e Obstetrícia - SES/GDF (2011-2015). Consultor Nacional em Saúde da Mulher - Organização Pan-Americana de Saúde OPAS/ Organização Mundial da Saúde OMS (2015- 2016). Consultor em Saúde Sexual e Reprodutiva para Brasil, Honduras e Panamá pelo Departamento de Saúde Reprodutiva e Pesquisa da Organização Mundial da Saúde - OMS (2017-2018). Médico Ginecologista e Obstetra - HMIB - SES/ GDF. Preceptor PRM em Ginecologia e Obstetrícia - HMIB - SES/GDF. Professor e Pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Ciências para Saúde - ESCS- FEPECS - SES/GDF. Alexandre Pavan Garieri Médico Ginecologista e Obstetra no Centro Obstétrico do Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB). Graduado em Medicina e mestre em Ciências Médicas pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, com especialização em Mastologia e Oncologia Ginecológica e Título de Especialista em GO - TEGO. Perito Médico Legista da Polícia Federal e bacharel em Direito pelo UNICEUB. Ana Luiza de Macêdo Sampaio Residente em Ginecologia e Obstetrícia no Hospital Materno Infantil de Brasília. Graduada em medicina pelo Centro Universitário de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí (UNINOVAFAPI). Ana Luíza Martins Meyer Barros Graduada em Medicina pela Universidade Federal de Uberlândia. Médica Residente em Ginecologia e Obstetrícia pelo Hospital Materno Infantil de Brasília (2018/2020). 1º Tenente Médica da Força Aérea Brasileira. Médica adjunta do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital de Força Aérea de Brasília. 10 Ana Medeiros Farias da Mata Mestre pelo Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciências para Saúde, da Escola Superior de Ciências da Saúde (FEPECS), da Secretaria de Saúde do Distrito Federal. Pós- graduação Latu Sensu em Especialização em Gestão da Clínica do SUS pelo Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa (HSL/IEP). Membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). Médica endocrinologista do Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB), Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES/DF). Andréia Regina da Silva Araújo Médica Ginecologista eObstetra, RTA da Unidade de Ginecologia e Obstetrícia e da Unidade do Centro Obstétrico do Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB). Graduada em Medicina pela Universidade de Brasília. Especialização em Mastologia e Oncologia Ginecológica na Universidade de Brasília. Andressa Luiza Costa Rodrigues de Paiva Médica Residente em Ginecologia e Obstetrícia no Hospital Materno Infantil de Brasília (2018-2021); Graduada em Medicina pelo Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos em Araguaína-TO em 2015. Bruna Morena Messias de Lima Dias Residente em Ginecologia e Obstetrícia no Hospital Materno Infantil de Brasília (2020-2023). Graduada em Medicina em 2019 pela Universidade Católica de Brasília (UCB). Caio de Oliveira Reges Residente em Ginecologia e Obstetrícia no Hospital Materno Infantil de Brasília (2020-2023). Graduado em Medicina em 2019 pela Universidade Católica de Brasília (UCB). 11 Manual de Condutas Obstétricas do HMIB Carlos Alberto Castro Rubiano Graduado em Medicina pela Universidade de Brasília. Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia no Hospital Materno Infantil de Brasília. Residência Médica em Gestação de Alto Risco e Medicina Fetal no Hospital Materno Infantil de Brasília. Título de especialista em ultrassonografia gineco-obstétrica pelo Colégio Brasileiro de Radiologia. Médico Gineco-Obstetra do Setor de Gestação de Alto Risco e Medicina Fetal do Hospital Materno Infantil de Brasília, DF. Médico ultrassonografista em Ginecologia e Obstetrícia, Medicina Fetal da Clínica de Imagens MEDCEU, Brasília - DF. Carolina Genaro Pultrin Médica Ginecologista e Obstetra no Centro Obstétrico do Hospital Materno Infantil de Brasília. Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro (UFTM) com especialização em ginecologia e obstetrícia pelo HMIB-DF, Título de Especialista em GO - TEGO. Desde 2010 fazendo parte do Setor de Alto Risco do HMIB. Daniela Vinhaes dos Reis Médica Residente em Ginecologia e Obstetrícia pelo Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB). Médica formada pela Universidade Católica de Brasília (UCB). Denise Gomes da Silva Graduação pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia no Hospital de Clínicas de Porto Alegre e na Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. Título de especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela FEBRASGO e em Mastologia pela SBM. Mestre em Ginecologia, Obstetrícia e Mastologia pela UNESP. Atuou como médica e plantonista do serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB) e como docente da Escola Superior de Ciências da Saúde, área de Saúde da Mulher. Ex-coordenadora da Comissão de Residência Médica e Supervisora do Programa de Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia do HMIB. 12 Edelaide Raquel Pilau Frazão Formada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Passo Fundo - Rio Grande do Sul. Residência médica em Ginecologia e Obstetrícia pela Santa Casa de Curitiba - PUC/ Paraná. Mestranda em Avaliação em Saúde na ENSP/FIOCRUZ. Médica ginecologista e obstetra do Hospital Materno Infantil de Brasília - Secretaria de Saúde- DF. Membro da Sociedade Brasileira de Menopausa e Climatério. Ellen Tieko Tsugami Dalla Costa Médica Residente em Ginecologia e Obstetrícia no Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB). Graduação em Medicina pelo Centro Universitário de Brasília, Brasília-DF. Bacharel em Enfermagem, Magna Cum Laude, pela Universidade de Connecticut, Storrs - CT, Estados Unidos. Felipe Teixeira de Mello Freitas Graduado em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais (1999 – 2005). Residência Médica em Infectologia pelo Instituto de Infectologia Emílio Ribas (2006 – 2009). Egresso do Programa de Treinamento em Epidemiologia Aplicada aos Serviços do SUS da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (2009 – 2011). Doutor em Medicina Tropical pela Universidade de Brasília (2013 – 2017). Médico Infectologista dos Serviços de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Materno Infantil de Brasília (2011 – atualmente) e da Maternidade Brasília (2015 – atualmente). Docente da Escola Superior de Ciências da Saúde, Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (2018 – atualmente). Fernanda Helena Pereira dos Anjos Médica Residente em Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB). Médica na Unidade de Terapia Intensiva Hospital Regional da Asa Norte, DF. Isabella Moreira Dias Médica Residente em Ginecologia e Obstetrícia no Hospital Materno Infantil de Brasília (2020-2022). Graduação em Medicina pela Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). 13 Manual de Condutas Obstétricas do HMIB Jaqueline Santos Ribeiro Médica Residente em Ginecologia e Obstetrícia no Hospital Materno-Infantil de Brasília (HMIB) (2020 - 2022). Graduação em Medicina pela Universidade de Brasília. Jessica Lucena Wolff Residente em Ginecologia e Obstetrícia no Hospital Materno Infantil de Brasília (2019-2021). Graduada em Medicina pela Universidade de Brasília (UnB) com Graduação-Sanduíche em Medical Physiology na University of East London em Londres, Reino Unido. Pós-Graduanda em Ultrassonografia em Ginecologia e Obstetrícia no Nexus - Núcleo de Excelência em Ultrassonografia e Ensino Médico, Brasília. João Rocha Vilela Mestre em Ginecologia, Obstetrícia e Mastologia pela Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia. Título de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia (TEGO) Febrasgo. Título de Especialista em Ultrassonografia Geral e Membro Titular do Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR). Título de Especialista em Ultrassonografia Geral pela Sociedade Brasileira de Ultrassonografia (SBUS). Título de Especialista em Cirurgia Endoscópica - Febrasgo. Médico do Serviço de Reprodução Humana Assistida (SRH) Centro de Ensino e Pesquisa em Reprodução Assistida (CEPRA) do Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB). Jordana Joab Alencar Barros Médica Residente em Ginecologia e Obstetrícia no Hospital Materno-Infantil de Brasília (2020 - 2022). Graduação em Medicina pela Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS). 14 Kelma Luana Abreu de Siqueira Residente em Ginecologia e Obstetrícia no Hospital Materno Infantil de Brasília (2019-2022). Graduada em Medicina pela Universidade Católica de Brasília (UCB). Lara Wanderley Paes Barbosa Médica Residente em Ginecologia e Obstetrícia no Hospital Materno Infantil de Brasília (2018-2020). Graduação em Medicina pelo Instituto Master de Ensino Presidente Antônio Carlos (IMEPAC), Araguari, MG. Larissa Maciel Ribeiro Mestre em Ciências da Saúde pela Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS) da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal (SES/DF). Pós-Graduada em Ultrassonografia na área de Ginecologia e Obstetrícia pela Escola de Ultrassonografia Médica de Ribeirão Preto, SP. Título de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia, Endoscopia Ginecológica e Reprodução Assistida pela FEBRASGO. Fellow em Reprodução Assistida pela Genesis (Centro de Reprodução Assistida) em Brasília. Capacitação em Reprodução Assistida pela Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA). Supervisora do Programa de Residência Médica de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB). Médica do serviço de Reprodução Humana do HMIB. Leonardo Ayres Coelho Médico Residente em Ginecologia e Obstetrícia no Hospital Materno Infantil de Brasília (2019-2021). Graduação em Medicina pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) com Graduação-Sanduíche em Biomedical Sciences na Cardiff Metropolitan University no País de Gales, Reino Unido. Médico da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal (SES/DF) na área de Medicina de Emergência e Médico Plantonista do Pronto-Socorroe da Sala Vermelha do Grupo Santa em Brasília, DF. 15 Manual de Condutas Obstétricas do HMIB Lígia Helena Ferreira Melo e Silva Mestre em Cirurgia pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Pós-Graduação em Biotecnologia pelo Instituto HZI, Alemanha. Título de Especialista em Ultrassonografia em Ginecologia e Obstetrícia pelo Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR). Título de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia e Endoscopia Ginecológica pela FEBRASGO. Residência em Ginecologia e Obstetrícia pelo Hospital Regional da Asa Norte (HRAN). Graduada em Medicina pela Faculdade de Catanduva, SP. Lorena da Silva Rosa Médica Residente em Ginecologia e Obstetrícia no Hospital Materno Infantil de Brasília (2020-2022). Graduação em Medicina pela Universidade de Brasília (UnB). Luciana Pinto Moraes Graduação em Medicina pela Universidade de Goiás. Especialização em Ginecologia e Obstetrícia pelo Hospital Regional da Asa Norte. Título de especialista em gineco obstetrícia (TEGO) e título de especialista em ultrassonografia gineco obstétrica e geral pela Sociedade Brasileira de Ultrassom e pelo Colégio Brasileiro de Radiologia. Lucila Nagata Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia pelo Hospital Regional da Asa Norte, Brasília/DF. Graduação em Medicina pela Universidade de Brasília (UnB). Título de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia - FEBRASGO. Membro da Comissão de Mortalidade Materna da FEBRASGO. Médica aposentada do Serviço de Gestação de Alto Risco do Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB). Paula Faria de Campos Residente em Ginecologia e Obstetrícia no Hospital Materno Infantil de Brasília (2020-2023). Graduada em Medicina em 1/2020 pela Universidade Católica de Brasília (UCB). 16 Maria Jocilda De Albuquerque Guimarães D’Oliveira Título de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia (TEGO) pela FEBRASGO. Preceptora do Programa de Residência Médica em Medicina Fetal e Alto Risco do Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB). Preceptora do Curso de Graduação em Medicina da ESCS/FEPECS. Médica do Setor de Alto Risco do Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB). Médica da Unidade de Ginecologia e Obstetrícia (UCOB) do HMIB. Maria Marta Neves de Oliveira Freire Mestre (Mestrado Acadêmico) pelo Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciências da Saúde pela Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS/FEPECS), da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES/DF). Residência Médica em Psiquiatria no Hospital São Vicente de Paulo pela FEPECS, SES/DF (2004-2006). Título de Especialista em Psiquiatria pela Associação Brasileira de Psiquiatria e Associação Médica Brasileira. Pós-graduação Lato Sensu em MBA Executivo em Saúde pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Graduação em Medicina pela Universidade de Brasília (2003). Preceptora do Internato em Saúde Mental do Curso de Medicina da Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS). Preceptora Colaboradora do Programa de Residência Médica de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB). Preceptora Colaboradora do Programa de Residência Médica de Psiquiatria do Instituto Hospital de Base (IHB). Vice-coordenadora do Grupo de Cuidados Paliativos Pediátricos do HMIB. Membro da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). Membro da Associação Brasileira de Estudos e Prevenção ao Suicídio (ABEPS). Membro da Associação Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP). Médica Psiquiatra do Serviço de Saúde Mental da Mulher do HMIB. Márcia Nóbrega de Queiroz Médica Gineco-Obstetra graduada pela Universidade de Brasília (UnB). Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia pela UnB. Médica da SES/DF. Título em Ginecologia e Obstetrícia - FEBRASGO. MBA FGV em Gestão de Clínica e Hospitais. 17 Manual de Condutas Obstétricas do HMIB Paola Zilah Fleury Teixeira Zamora Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia pelo Hospital Regional de Taguatinga, DF. Médica Residente em Medicina Fetal e Gestação de Alto Risco pelo Hospital Materno Infantil de Brasília (2020). Graduada em Medicina pelo Centro Universitário de Anápolis, Goiás. Rachel Costa Vinhaes dos Reis Graduação em Medicina pela Universidade de Brasília (UnB). Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia pelo Hospital Regional da Asa Norte, DF. Estágio na Reprodução Humana do HMIB em 1998. Médica Gineco-obstetra da SES/DF desde 1991. Ricardo Barbosa Alves Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia no Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB). Especialista em Uroginecologia pelo Hospital Pérola Byington, SP. Título de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia - FEBRASGO. Médico Ginecologista/Obstetra e responsável pelo Setor de Uroginecologia e Cirurgia Vaginal do HMIB. Roberta Gava Tedesco Horta Residência Médica em Clínica Médica no Hospital Regional do Gama, SES/DF. Residência Médica em Hematologia no Hospital de Base do Distrito Federal, SES/DF. Graduação em Medicina pela Escola de Medicina da Santa Casa de Misericórdia de Vitoria (EMESCAM). Hematologista/Hemoterapeuta do Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB). Médica de hospitais DASA, Brasília/DF. Sâmia Luiza Sousa Paiva Médica Residente em Ginecologia e Obstetrícia no Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB), DF. Graduada em Medicina pela Universidade Atenas em Paracatu, MG. 18 Tatiane de Lima Takami Graduação em Medicina pela Faculdade de Medicina da Escola Superior de Ciências da Saúde do Distrito Federal (ESCS). Aperfeiçoamento em Uroginecologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Aperfeiçoamento em Ginecologia Endócrina e Climatério pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Aperfeiçoamento em Patologia do Trato Genital Inferior e Colposcopia pelo Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Título de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia - FEBRASGO. Médica Ginecologista e Obstetra do Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB). Zilma Eliane Ferreira Alves Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia na Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (FHEMIG), Belo Horizonte. Título em Ginecologia e Obstetrícia - FEBRASGO. Certificado de atuação na área de Ultrassonografia em Ginecologia e Obstetrícia: Colégio Brasileiro de Radiologia, FEBRASGO e Associação Médica Brasileira (AMIB). Graduação em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. Certificado de atuação na área de Medicina Fetal pela FEBRASGO e AMIB (2009). Médica Gineco-Obstetra do Setor de Gestação de Alto Risco e Medicina Fetal do Hospital Materno Infantil de Brasília, DF. Médica ultrassonografista em Ginecologia e Obstetrícia, Ecocardiografista Fetal e Medicina Fetal da Clínica de Imagens MEDCEU, Brasília - DF. 19 Manual de Condutas Obstétricas do HMIB Os editores e autores deste livro acreditam fortemente que a complexa prática da medicina, o desenvolvimento constante da ciência e a imprevisibilidade das condições patológicas bem como as respostas do corpo humano não podem ser rigidamente categorizados por qualquer documento escrito. Portanto, não é objetivo nem intenção de nosso livro servir como uma fonte impositiva, ou definir rigorosamente um padrão de cuidado sobre qualquer condição médica, plano de tratamento ou intervenção clínica. A medicina é uma área do conhecimento em constante evolução. Esta obra deve servir de apoio complementar à prática médica, não sendo ferramenta substitutiva da avaliação do julgamento clínico. Toda consulta e conduta médica deve ser individualizada. Construímos um livro baseado no que há de mais recente e considerado confiável na literatura científica mundial, bem como no conhecimento e na experiência adquirida e compartilhada por todos os editores e autores na criação da obra. O objetivo é fornecer de maneira didática e referenciada um guia clínico razoável, combinado comsugestões práticas de profissionais experientes e dedicados, em acordo com os padrões aceitos à época da publicação. Reiteramos que muitas das complicações e resultados adversos descritos associados à implementação ou à retenção de intervenções clínicas e cirúrgicas complexas podem ocorrer, mesmo quando todos os aspectos da prática estavam de acordo com o padrão esperado ou tenham sido realizados corretamente. Os protocolos de segurança devem ser seguidos, porém novas pesquisas e testes clínicos podem merecer análises e revisões, inclusive de regulação, normas técnicas e regras dos respectivos órgãos de classe, como código de ética. Os leitores, profissionais da saúde que se sirvam desta obra como apoio ao conhecimento, são aconselhados a conferir as informações fornecidas pelo fabricante de cada medicamento a ser administrado, verificando as condições de saúde do paciente, dose recomendada, o modo e a duração da administração, bem como as contraindicações e os efeitos adversos. Essa recomendação é particularmente importante em relação PALAVRA DO EDITOR 20 a medicamentos introduzidos recentemente no mercado farmacêutico ou raramente utilizados. As linhas de pesquisa ou de argumentação do autor, assim como suas opiniões, não são as da Editora. Do mesmo modo, foram empregados todos os esforços para garantir a proteção dos direitos dos autores envolvidos na obra, inclusive quanto às obras de terceiros e imagens e ilustrações aqui reproduzidas. Caso algum autor se sinta prejudicado, favor entrar em contato com a Editora. Finalmente, cabe orientar o leitor que a citação de passagens deste Manual com o objetivo de debate ou exemplificação para uso privado, sem intuito comercial e desde que não prejudique a normal exploração desta obra são, por um lado, permitidos pela Lei de Direitos Autorais, art. 46, inciso II e III. Por outro, a mesma Lei de Direitos Autorais, no art. 29, incisos I, VI e VII, proíbe a reprodução parcial ou integral desta obra, sem prévia autorização, para uso coletivo, bem como o compartilhamento indiscriminado de cópias não autorizadas, inclusive em grupos de grande audiência em redes sociais e aplicativos de mensagens instantâneas. Essa prática prejudica a normal exploração da obra pelo seu autor, ameaçando e desvalorizando a edição técnica e acadêmica de livros científicos e didáticos e a produção de novas obras. Leonardo A. Coelho Ana Luiza Martins Meyer Barros Jordana Joab Alencar Barros Lucila Nagata TRABALHO DE PARTO PREMATURO ASSISTÊNCIA AO TRABALHO DE PARTO AUTORES PALAVRA DO EDITOR 27 09 19 49 59 77 87 Denise Gomes da Silva Jéssica Lucena Wolff Rachel Costa Vinhaes dos Reis AVALIAÇÃO DA VITALIDADE FETAL Carlos Alberto Castro Rubiano Luciana Pinto Moraes Jaqueline Santos Ribeiro PARTOGRAMA E DISTOCIAS Lígia Helena Ferreira Melo e Silva Lorena da Silva Rosa João Rocha Vilela ANALGESIA NO TRABALHO DE PARTO Adriano Bueno Tavares Caio de Oliveira Reges Ana Luiza de Macedo 97MANEJO DA GESTAÇÃO PROLONGADA Ellen Tieko Tsugami Dalla Costa Paula Faria Campos Zilma Eliane Ferreira Alves SUMÁRIO 120 130 141 CRESCIMENTO INTRAUTERINO RESTRITO Daniela Vinhaes dos Reis Zilma Eliane Ferreira Alves Carolina Genaro Pultrin DIABETES NA GESTAÇÃO Ana Medeiros Farias da Mata Caio de Oliveira Reges Zilma Eliane Ferreira Alves SÍNDROMES HIPERTENSIVAS DA GRAVIDEZ Leonardo Ayres Coelho Ellen Tieko Tsugami Dalla Costa Lucila Nagata Maria Jocilda de Albuquerque Guimarães D’Oliveira DISTÚRBIOS TROMBOEMBÓLICOS DURANTE A GESTAÇÃO Carolina Genaro Pultrin Andressa Luiza Costa Rodrigues de Paiva Alexandre Pavan Garieri Isabella Moreira Dias Carolina Genaro Pultrin Lucila Nagata HEMORRAGIA PÓS-PARTO Paula Faria Campos Isabella Moreira Dias Adriano Bueno Tavares Leonardo Ayres Coelho Ellen Tieko Tsugami Dalla Costa Larissa Maciel Ribeiro 162HEMORRAGIAS DA SEGUNDA METADE DA GRAVIDEZ 173 193 108ROTURA PREMATURA DE MEMBRANAS OVULARES Ellen Tieko Tsugami Dalla Costa Ana Luíza Martins Meyer Barros Maria Jocilda de Albuquerque Guimarães D’Oliveira USO DE HEMOCOMPONENTES NA EMERGÊNCIA OBSTÉTRICA Bruna Morena Messias de Lima Dias Adriano Bueno Tavares Roberta Gava Tedesco Horta 202 212HIPERÊMESE GRAVÍDICA Edelaide Raquel Pilau Frazão Kelma Luana Abreu de Siqueira Tatiane de Lima Takami 223 246 232 262 254 ÓBITO FETAL Jaqueline Santos Ribeiro Alexandre Pavan Garieri Andréia Regina da Silva Araújo COLESTASE INTRA-HEPÁTICA DA GESTAÇÃO Zilma Eliane Ferreira Alves Maria Jocilda de Albuquerque Guimarães D’Oliveira Ana Luiza de Macêdo Sampaio CORIOAMNIONITE Larissa Maciel Ribeiro Lucila Nagata Lara Barbosa Márcia Nóbrega de Queiroz ENDOMETRITE PÓS-PARTO Larissa Maciel Ribeiro Lucila Nagata Lara Barbosa Márcia Nóbrega de Queiroz GESTAÇÃO INVIÁVEL Alexandre Pavan Garieri Luciana Pinto Moraes Paula Faria Campos DIAGNÓSTICO E MANEJO DAS INFECÇÕES DO TRATO URINÁRIO NA GESTAÇÃO E SUAS COMPLICAÇÕES Ricardo Barbosa Alves Alexandre Pavan Garieri Fernanda Helena Pereira dos Anjos Fernanda Helena Pereira dos Anjos Lígia Helena Ferreira Melo e Silva Paola Zilah Fleury Teixeira Zamora Leonardo Ayres Coelho Ellen Tieko Tsugami Dalla Costa INFECÇÕES DO SÍTIO CIRÚRGICO Ricardo Barbosa Alves Felipe Teixeira de Mello Freitas Sâmia Luiza Sousa Paiva 319 297 308 SEPSE MATERNA GESTAÇÃO ECTÓPICA E GESTAÇÃO DE LOCALIZAÇÃO DESCONHECIDA João Rocha Vilela Marcelo de Oliveira Lima Filippo Bruna Morena Messias de Lima Dias Jordana Joab Alencar Barros Jean Pierre Barguil Brasileiro 284 MANEJO DA PARTURIENTE INFECTADA COM HIV Andréia Regina da Silva Araújo Jéssica Lucena Wolff Sâmia Luiza Sousa Paiva 335 Larissa Maciel Ribeiro Leonardo Ayres Coelho Lígia Helena Ferreira Melo e Silva Tatiane de Lima Takami 270ABDOME AGUDO NA MULHER SÍNDROME GRIPAL NA GESTAÇÃO Leonardo Ayres Coelho Adriano Bueno Tavares Larissa Maciel Ribeiro 342 360 373 386 VIOLÊNCIA SEXUAL Larissa Maciel Ribeiro Alexandre Pavan Garieri Natália Jardim de Carvalho Schettini Lorena da Silva Rosa EMERGÊNCIAS PSIQUIÁTRICAS NO CENTRO OBSTÉTRICO AGITAÇÃO PSICOMOTORA EM GESTANTES Maria Marta Neves de Oliveira Freire Leonardo Ayres Coelho Maria Marta Neves de Oliveira Freire Leonardo Ayres Coelho EMERGÊNCIAS PSIQUIÁTRICAS NO CENTRO OBSTÉTRICO MANEJO DO RISCO DE SUICÍDIO NO PERÍODO GESTACIONAL E PERINATAL 27 Manual de Condutas Obstétricas do HMIB INTRODUÇÃO O trabalho de parto (TP) é um processo fisiológico que, juntamente com a gestação, compõe um dos períodos críticos do ciclo de vida da mulher.1 Mais do que apenas um fenômeno orgânico, constitui-se em um evento biopsicossocial, com implicações na saúde e bem-estar da mulher e do concepto, e com influência na sociedade como um todo.2 A assistência ao trabalho de parto, além de proteger a mãe e o concepto de complicações, mortalidade e morbidade por meio de cuidados e intervenções oportunas, tem como objetivo uma experiência positiva para as mulheres e suas famílias, preservando os direitos e a autonomia da parturiente, assistindo-a em ambiente acolhedor e respeitoso, em modelo assistencial centrado na parturiente e no concepto, e baseado em evidências científicas.2-4 A rotina de assistência aqui descrita se organiza em função da evolução temporal do processo fisiológico, ou seja, tendo como base as quatro fases clínicas do TP: primeiro período ou dilatação, dividido em fase latente e fase ativa; segundo período ou expulsão; terceiro período ou dequitação; e quarto período, correspondendo à primeira hora pós-parto. Essa rotina se destina à assistência da mulher em trabalho de parto de início espontâneo, com gestação de risco habitual (Anexo 1), a termo, com feto em situação longitudinal e apresentação cefálica fletida. Poderá ser utilizada com adaptações em outras circunstâncias em que a assistência ao TP ocorra. ASSISTÊNCIA AO TRABALHO DE PARTO Denise Gomes da Silva Jéssica Lucena Wolff Rachel Costa Vinhaes dos Reis 28 Tabela 1- Princípios da Assistência ao Trabalho de Parto PRINCÍPIOS DA ASSISTÊNCIA AO TRABALHO DE PARTO Entendimento do TP como processo fisiológico e período crítico do ciclo de vida da mulher, com componentes biopsicossociais. Modelo assistencial centrado na parturiente e no concepto. Respeito à autonomia e aos direitos da mulher e assistência em ambiente acolhedor e respeitoso. Proteção da parturiente e do concepto de complicações, morbidade e mortalidade e suas consequências. Assistência baseada em evidências científicas. Fonte: elaborado pelas autoras. 1. ASSISTÊNCIA AO PRIMEIRO PERÍODO DO TRABALHO DE PARTO Para utilização nesta rotina usaremos as seguintes definições: 5 • Fase latente do TP: Presença de contrações dolorosas, não necessariamente contínuas, acompanhadas de modificações cervicais, incluindo apagamento e dilatação < 4 cm. • Fase ativa do TP: Presença de contrações dolorosas e regulares, durante pelo menos 40 segundos, pelo menos 3 em 10 minutos, acompanhadas de dilatação cervical ≥ 4 cm. 1.1 INTERNAÇÃO As gestantes de risco habitual em fase ativa do TP deverão ser internadas, assim como todas as gestantes com bolsa rota, independentemente de estarem ou não em TP. 6 As parturientes que não preencherem critérios de fase ativa deverão receber apoio e ser aconselhadas a aguardar o início da fase ativa.6 Em geral, reavaliamos essas pacientes a cada 2 horas, não sendo obrigatória a realização de exame de toque em cada reavaliação.41 Essa conduta associou-se à menor utilização de ocitocina e analgesia e melhor avaliação pelas parturientes da experiência e do controle durante o TP, menor duração do período entre a internação e o nascimento, e 29 Manual de Condutas Obstétricas do HMIB menor número de diagnósticos de retardo na evolução do TP,7 sem evidência de piora de apgar e/ou necessidade de ressuscitação neonatal.8 Situações de pacientes que apresentem retardo no início da fase ativa, ou seja, fase latente prolongada, não serão tratadas aqui. Desde as avaliações iniciais e durante toda a assistência, a parturiente e o acompanhante de sua escolha devem receber informações baseadas em evidências e devem ser incluídos na tomada de decisões de cada procedimento indicado pela equipe médica. A equipe de assistência deve verificar se a parturiente entende as orientações e repeti-las quantas vezes for preciso, usando os recursos que se fizerem necessários para a correta compreensão.6 Se a parturiente tiver um plano de parto, ele deverá ser lido e discutido o mais cedo possível após a internação, levando-se em consideração as condições para a implementação e possíveis limitações, buscando-se preservar a amplitude da autonomia da mulher.6 Na consulta inicial e na internação devem ser realizados anamnese e exame físico, com atenção à verificação da idade gestacional, avaliação do pré-natal, paridade e história dos partos anteriores, existência de fatores de risco, presença de movimentação fetal, perdas vaginais, contratilidade uterina e suas características. Se, por qualquer motivo, houver necessidade de transferência da parturiente, esta deve ser realizada de forma segura, orientando a mulher e seu acompanhante, e seguindo as recomendações e portarias vigentes.6 30 Fluxograma 1: Avaliação inicial no Pronto Atendimento Fonte: Elaborado pelos autores. 1.2 LOCAL DA ASSISTÊNCIA No HMIB, adotamos o uso da sala de PPP, em que a parturiente é assistida no Pré- parto, Parto e Pós-parto no mesmo ambiente e no mesmo leito. Essa medida, além de evitar deslocamento inapropriado e incômodo, contribui para a humanização do parto e simplificação da assistência.9,10 Separamos as gestantes de risco habitual e de alto risco nos setores de PPP de baixo e alto risco, respectivamente. Uma vez que a parturiente esteja em um PPP, este deve ser respeitado como seu espaço pessoal.6 31 Manual de Condutas Obstétricas do HMIB 1.3 EXAMES COMPLEMENTARES DE ROTINA Todos os exames do cartão de PN devem ser verificados. As parturientes de risco habitual que fizeram os exames rotineiros no terceiro trimestre com resultados normais não necessitam de outros exames de rotina, com exceção dos explicitados abaixo. As parturientes com complicações ou doenças intercorrentes devem ter solicitações de exames individualizados. Os testes rápidos de sífilis e HIV deverão ser solicitados para todas as parturientes, independentemente de testagem prévia no terceiro trimestre.11,12,13 Também serão solicitados tipagem sanguínea e fator RH, caso não constem no cartão de PN. O resultado da cultura de Streptococcus do grupo B deverá ser verificado para decisão quanto à profilaxia antibiótica durante o trabalho de parto.14 1.4 AVALIAÇÃO DO BEM-ESTAR MATERNO E DA EVOLUÇÃO DO TP É importante a observação do estado emocional da parturiente e a oferta de orientação, apoio e encorajamento, bem como avaliação quanto à necessidade de intervenção específica neste sentido. A frequência cardíaca materna deverá ser verificada a cada hora, e a pressão arterial e temperatura, a cada 4 horas.6 A periodicidade de avaliação da dinâmica uterina varia entre recomendações, tendo sido proposta sua realização a intervalos de 30 minutos a 1 hora.5,6 Observamos que não há evidência de efetividade do exame vaginal e que ele está associado ao desconforto das parturientes e a potenciais efeitos adversos, como a infecção puerperal.15 Metanálise realizada em 2013 concluiu que não havia evidências para apoiar ou rejeitar o uso de exame vaginal de rotina no TP e os autores expressaram surpresa que uma intervenção sem evidência de efetividade fosse tão amplamente utilizada.16 Assim, embora a frequência ideal de exames pélvicos não tenha sido adequadamente investigada em estudos randomizados de qualidade, o Ministério da Saúde (MS) do Brasil e a Organização Mundial da Saúde (OMS), em seus guias práticos, sugerem que a realização do exame a cada 4 horas é suficiente.4,6 Esse intervalo poderá ser menor caso haja efetiva preocupação quanto à evolução do TP, baseada em achados objetivos ou solicitação da parturiente.6 A avaliação da bacia obstétrica e do canal de parto através da pelvimetria clínica não deve ser realizada rotineiramente nos trabalhos de parto com evolução fisiológica, uma vez que se trata de exame doloroso e não há evidências de que sua realização contribua para a redução da morbidade materna e neonatal.4 32 Antes de realizar o exame de toque, é necessário explicar para a parturiente a necessidade de sua realização e estar seguro de sua autorização explícita. Deverá ser realizado com atenção ao conforto e à privacidade da parturiente. Também é necessário explicar os achados e o seu significado na evolução do TP.6 1.5 AVALIAÇÃO DO BEM-ESTAR FETAL A avaliação do bem-estar fetal poderá ser realizada através da ausculta intermitente nas pacientes classificadas como de risco habitual5,17 e nas quais os BCFs (Batimentos Cardíacos Fetais) se mantiverem dentro da normalidade. Em conformidade com a Febrasgo, a frequência cardíaca fetal (FCF) deve ser avaliada, pelo menos, a cada 30 minutos – antes, durante e 30 segundos após uma contração.41 A FCF será considerada normal de 110 bpm a 160 bpm.6 Se houver um aumento da frequência cardíaca fetal basal ou suspeita de desaceleração na ausculta intermitente, devemos estender o período de ausculta e realizá-la, por exemplo, após três contrações consecutivas, inicialmente.5 Também é importante considerar o quadro clínico, incluindo a posição e hidratação da mulher, a força e a frequência das contrações, e os fatores de risco maternos.5 Se uma linha de base crescente ou desacelerações forem confirmadas, recomenda-se realização de cardiotocografia (CTG).5 Se a cardiotocografia for tranquilizadora por um período contínuo de 20 minutos, poderemos retomar a ausculta intermitente.5 Se a CTG não tiver padrão tranquilizador, observações adicionais serão necessárias5(vide capítulo sobre Avaliação do Bem-Estar Fetal). 1.6 EVOLUÇÃO DO TP NO PRIMEIRO PERÍODO E PARTOGRAMA O partograma é realizado na fase ativa do TP, considerando uma linha de ação de 4 horas.6 Para considerações a respeito da normalidade da evolução da fase ativa, utilizaremos os seguintes parâmetros de duração:5, 6 • Primíparas: dura em média 8 horas e é pouco provável que dure mais que 18 horas; • Multíparas: dura em média 5 horas e é pouco provável que dure mais que 12 horas 33 Manual de Condutas Obstétricas do HMIB Na avaliação individual de cada gestante durante o TP, consideramos:5, 6 • Suspeita de atraso na evolução da fase ativa, quando a dilatação for inferior a 2 cm em 4 horas; • Confirmação de atraso na evolução da fase ativa, quando a dilatação for inferior a 1 cm em exame subsequente, após 2 horas, tendo sido ou não realizada a amniotomia. Em caso de suspeita ou confirmação de atraso na evolução da fase ativa, considerar:5 • Paridade. • Dilatação e mudanças cervicais. • Mudanças na intensidade, duração e frequência das contrações uterinas. • Altura e variedade de posição da apresentação. • Descida e rotação do polo cefálico.6 Observar, buscando otimizar a assistência:6 • A atitude da parturiente, se postura mais ativa ou não. • Estado emocional, o tipo de apoio e suporte físico e emocional. Conduta na suspeita de atraso na evolução:6 • Considerar a realização de amniotomia se as membranas estiverem íntegras. Explicar o procedimento e informar que o mesmo irá diminuir o trabalho de parto por cerca de 1 hora e pode aumentar a intensidade e dor das contrações. • Realizar um exame vaginal após 2 horas, tendo ou não sido realizada amniotomia. Se a dilatação for > 1 cm, retomar a rotina das avaliações a cada 4 horas. Se a dilatação for < 1 cm em 2h, considera-se que há atraso na evolução. Conduta na confirmação de atraso na evolução:6 • Se as membranas estiverem íntegras, aconselhar a mulher a ser submetida a uma amniotomia e repetir o exame vaginal 2 horas após. • Para todas as mulheres com confirmação do atraso, deve ser ofertado o uso de ocitocina. Demais indicações, dosagem e peculiaridades a respeito do uso de ocitocina devem ser confirmadas no capítulo específico deste manual (Gestação Prolongada). A parturiente deve ser informada que, após o uso de ocitocina e a ruptura das membranas, haverá aumento da frequência 34 e intensidade das contrações e diminuição do tempo para o parto, mas não influenciará no tipo de parto ou outros desfechos, sendo necessária a monitorização fetal contínua ou realizada com mais frequência.5 • Um novo exame vaginal deverá ser realizado 4 horas após o início da ocitocina.6 Se a dilatação cervical tiver progredido menos que 2 cm após 4 horas, deve-se proceder a uma nova avaliação cuidadosa e considerar o diagnóstico de falha de indução do parto.6 (Vide capítulo de Gestação Prolongada). Fluxograma 2: Evolução do primeiro período do TP Fonte: Elaborado pelos autores. 35 Manual de Condutas Obstétricas do HMIB 1.7 POSIÇÃO DA PARTURIENTE A deambulação e as posições verticalizadas no primeiro período reduzem a duração do TP, o risco de cesariana e a necessidade de anestesia peridural.18 Maior perda de sangue estimada (acima de 500 ml) foi também observada em posições verticalizadas, porém sem repercussões clínicas.28 Sugere-se orientação a respeito dos benefícios anteriormente descritos e decisão livre à parturiente sobre adotar a postura de sua preferência.5,6 1.8 DIETA E HIDRATAÇÃO Revisão sistemática concluiu que não há justificativa para restrição de líquidos ou alimentos sólidos em mulheres em trabalho de parto sem complicações.19 Com base nessas conclusões,5,6 prescrevemos para as parturientes de risco habitual uma dieta para trabalho de parto mínima em resíduos. Essa dieta é composta por refeições leves, sólidas, líquidas e pastosas, doces e salgadas, oferecidas em intervalos de 2h e 3h, enquanto a água é oferecida em livre demanda. Parturientes que por motivo definido inspirem preocupações quanto ao sucesso do parto vaginal poderão receber dieta líquida. 1.9 PRESENÇA DE ACOMPANHANTE E APOIO FÍSICO E EMOCIONAL CONTÍNUOS INTRAPARTO Todas as parturientes têm direito à presença de acompanhante de sua escolha durante o trabalho de parto, sem que isso exclua a presença de acompanhante de fora de sua rede social (doula), se for de seu desejo, estiver disponível e atender às normas institucionais. Uma mulher em TP não deve ser deixada sozinha, exceto por curtos períodos ou por sua solicitação.6 1.10 MEDIDAS DE CONTROLE DA DOR De extrema importância na assistência ao TP, as medidas para controle da dor, farmacológicas e não farmacológicas serão tratadas em capítulo separado neste manual (Métodos Analgésicos no Trabalho de Parto). 36 2. ASSISTÊNCIA AO SEGUNDO PERÍODO DO TRABALHO DE PARTO O segundo período do trabalho de parto ou período expulsivo tem início com a dilatação completa e pode ser dividido em duas fases:6, 20 • Fase inicial ou passiva: desde a dilatação completa do colo até o início dos esforços expulsivos maternos. • Fase ativa: dilatação completa do colo uterino com presença de esforços expulsivos maternos e até o nascimento do concepto. O diagnóstico da fase passiva do 2º período depende, portanto, da constatação da dilatação completa. O diagnóstico da fase ativa do 2º período pode ser feito ao se observar em uma parturiente com a dilatação completa, o início dos esforços expulsivos, desejo de defecar, aumento da secreção na vulva, surgimento de náuseas e vômitos,21, 22 aumento da frequência e da intensidade da contratilidade uterina e agitação da parturiente. O aparecimento desses sinais é um indicativo para a realização de toque vaginal. Além do diagnóstico da dilatação cervical, no exame de toque deverão ser observadas a apresentação, variedade de posição, altura da apresentação e presença de bossa e moldagem da cabeça fetal. O horário do início do 2º período deve ser anotado para o correto controle de sua duração. 2.1 AVALIAÇÃO DO BEM-ESTAR MATERNO E FETAL E DA EVOLUÇÃO DO SEGUNDO PERÍODO DO TP O bem-estar materno será assistido como no primeiro período, com exceção da PA, que deverá ser verificada a cada hora.1 Na avaliação da progressão do TP, a verificação da dinâmica uterina deverá ser realizada a cada 30 minutos e o toque vaginal oferecido a cada hora.5,6 A ausculta do BCF continuará sendo intermitente naquelas pacientes em que os BCFs estiverem dentro da normalidade,5 conforme já explicitado anteriormente, a cada 10 a 15min na fase passiva e a cada 5 a 10min na fase ativa do segundo período.23,24 Desacelerações temporárias da FCF até 100 bpm não estão necessariamente associadas a risco fetal, desde que ocorram durante os puxos e não persistam nos intervalos das contrações.25 37 Manual de Condutas Obstétricas do HMIB 2.2 EVOLUÇÃO DO TP NO SEGUNDO PERÍODO Duração do segundo período: A duração e o tempo máximo permitidos para o segundo período do trabalho de parto não estão claramente entendidos e são controversos.20 Não há uma definição de limite de duração a partir da qual ocorra piora dos desfechos maternos e fetais. Contudo, acredita-se que períodos expulsivos com duração superior a 3 horas em nulíparas (4 horas com anestesia neuroaxial) e 2 horas em multíparas (3 horas com anestesia neuroaxial) possam estar associados a um aumento na frequência de complicações maternas e neonatais.6,31,41,42 Na suspeição de prolongamento do segundo período, propor amniotomia se as membranas estiverem intactas.5,6 Tabela 2 - Duração Média do Segundo Período Duração Paridade Sem analgesia Com analgesia Mediana Percentil 95 Mediana Percentil 95 Nulíparas 36min 2h48min 1h6min 3h48min Multíparas 12min 1h18min 24min 2h Fonte: Zhang J, Landy HJ, Branch DW, et al. Contemporary patterns of spontaneous labor with normal neonatal outcomes. Obstet Gynecol., 2010. Descida da apresentação: No início do segundo período a apresentação encontra-se geralmente em plano zero ou acima. Comumente está mais alta nas multíparas, sendo a descida mais rápida neste grupo do que nas nulíparas.20 Se houver prolongamento do segundo período do trabalho de parto, ou se a parturiente estiver excessivamente estressada, promover medidas de apoio e encorajamento e avaliar a necessidade de analgesia/anestesia,6 além de outras medidas que se fizerem necessárias (Vide capítulo específico). 2.3 PUXOS MATERNOS Puxos espontâneos ou tardios são os preferidos.6 Os puxos precoces reduzem a 38 duração do período expulsivo, porém aumentam os riscos de parto instrumental e podem acarretar lesão do assoalho pélvico, esgotamento materno e queda na FCF.29 A parturiente deve ser orientada a se deixar guiar pelo próprio desejo e necessidade de fazer força e empurrar. O comando aos puxos e o estímulo à manobra de Valsalva são de resultado incerto, não devendo ser feitos rotineiramente, especialmente nas situações dentro dos limites fisiológicos. Sua utilização deve ser individualizada e decidida em acordo com a parturiente. No caso de puxos ineficazes ou por solicitação da mãe, deve-se oferecer estratégias na assistência ao parto como suporte, mudança de posição, esvaziamento da bexiga e encorajamento.5,29 2.4 EPISIOTOMIA O uso da episiotomia deve ser restrito, não havendo no momento evidências que justifiquem sua indicação nem definição de uma frequência aceitável para sua realização.4 As possíveis indicações são a necessidade de abreviar o segundo período do parto por suspeita de comprometimento fetal, distocia de ombro e parto operatório.30 Caso seja realizada, deverá ser precedida por explícita autorização materna e a indicação deve ser registrada. A preferência é pela incisão médio- lateral, direita ou esquerda, sempre sob anestesia perineal adequada.5,6 2.5 MEDIDAS DE PROTEÇÃO DO PERÍNEO A principal medida de proteção do períneo é a não realização de episiotomia de rotina. Tanto a técnica de “mãos sobre” (proteger o períneo e flexionar a cabeça fetal) quanto a técnica de “mãos prontas” (com as mãos sem tocar o períneo e a cabeça fetal, mas preparadas para tal) podem ser utilizadas para facilitar o parto espontâneo. Se a técnica de “mãos sobre” for utilizada, controlar a deflexão da cabeça e orientar a mulher para não empurrar nesse momento.6 Considerar a oferta de uso de compressas mornas no períneo,6 que podem melhorar o conforto e reduzir a frequência de lacerações.31 Massagem perineal não deve ser utilizada.6 2.6 MANOBRA DE KRISTELLER A manobra de Kristeller não deve ser realizada no segundo período do trabalho de parto.6,9 39 Manual de Condutas Obstétricas do HMIB Fluxograma 3: Assistência ao segundo período do TP. Fonte: Elaborado pelos autores. 3. ASSISTÊNCIA AO TERCEIRO E QUARTO PERÍODOS DO TRABALHO DE PARTO Neste período ocorre, além da dequitação da placenta, o primeiro contato entre a parturiente, agora mãe, com seu filho fora do ambiente uterino. É nesse momento que mãe e filho se conhecem, ou se reconhecem, e tem início uma das mais importantes relações humanas. Nesse momento também ocorre o início do aleitamento materno. É importante que a assistência e quaisquer procedimentos, portanto, sejam realizados com o cuidado de minimizar a separação entre mãe e filho,6 e a interferência nessa relação. A dequitação placentária ocorre em aproximadamente 90% dos partos nos primeiros 5 a 15 minutos,31 considerando-se normal uma duração de até 30 minutos.6 Uma das principais complicações deste período, e importante causa de mortalidade materna,32 é a hemorragia pós-parto (HPP). A HPP constitui tópico 40 de alta relevância e, portanto, possui capítulo próprio neste manual. Os principais objetivos da assistência obstétrica neste período são a redução do risco de HPP, a obtenção da dequitação completa da placenta,10 a reparação adequada de lesões de trajeto ou episiotomia, o favorecimento e proteção ao contato mãe-bebê e o estabelecimento do aleitamento materno imediato. 3.1 RECEPÇÃO DO RN, CONTATO PELE A PELE E ALEITAMENTO IMEDIATO O RN que estiver ativo e não necessitar de intervenção médica imediata deverá ser colocado sobre o abdômen ou tórax maternos, preferencialmente desnudos, com a face voltada para a mãe. Será secado e protegido da perda de calor no colo materno, sendo coberto por campo seco e, idealmente, aquecido. Esse contato deve ser mantido pelo menos durante a primeira hora de vida, se não houver necessidade de intervenções.33 O contato pele a pele precoce parece favorecer o início do aleitamento materno e seu prolongamento e a interação da mãe e do RN, além de reduzir o choro do RN, sem nenhum efeito negativo.34,35 Contraindicações ao aleitamento materno são pouco frequentes – as contraindicações absolutas no pós-parto imediato são mulheres que vivem com HIV12,36 ou com HTLV 1 e HTLV 2.36 3.2 LIGADURA DO CORDÃO UMBILICAL O clampeamento do cordão deve ser realizado entre 1min e 5min após o nascimento ou quando cessar a pulsação, a menos que haja necessidade de realização de manobras para reanimação do RN ou assistência à mãe que não possam ser conduzidas sem a ligadura do cordão.6 Esse período de preservação da circulação feto-placentária permite o aumento da passagem de sangue da placenta para o concepto, reduzindo o risco de anemia no RN.38 A ligadura do cordão deve ser realizada 2 a 4 cm além da parede abdominal do RN.33 3.3 ASSISTÊNCIA AO DESPRENDIMENTO DA PLACENTA: MANEJO ATIVO X MANEJO FISIOLÓGICO O manejo ativo é recomendado na assistência ao terceiro período do parto por estar associado ao menor risco de hemorragias acima de 500 ml e 1000 ml, menor risco de transfusão sanguínea e maior nível de hemoglobina pós-parto.39 41 Manual de Condutas Obstétricas do HMIB O manejo ativo compõe-se de:6 • Administração de 10 UI de ocitocina, intramuscular, após o desprendimento da criança. • Ligadura do cordão. • Tração controlada do cordão após clampeamento. Na assistência à saída da placenta, sugerimos a realização de manobra de Jacob- Dublin, que consiste em leve tração da placenta e rotação das membranas.40 A placenta deve ser examinada clinicamente,33 procurando-se sinais de retenção placentária e anormalidades que devam ser investigadas, com solicitação de exame anatomopatológico, se necessário. 3.4 SUTURA DE LACERAÇÕES E EPISIOTOMIA O períneo deve ser avaliado cuidadosamente quanto à ocorrência de lacerações e sangramento das mesmas e da episiotomia, caso tenha sido realizada. Na avaliação das lacerações deve ser verificada sua extensão, classificação e existência de sangramento.6 Havendo necessidade de suturas, deve ser realizada a anestesia local (lidocaína 1% ou equivalente).6 Aconselhamos realizar as suturas necessárias após a saída da placenta. Com isso se evitaria uma eventual necessidade de remoção de pontos em caso de indicação de curagem. Entretanto, se for necessário abreviar a assistência, a sutura poderá ser realizada antes da dequitação, com critério. A sutura deve ser realizada preferencialmente em pontos contínuos (tanto para a camada de parede vaginal quanto para o músculo),6 por planos, por estar associada com menos dor no pós-parto imediato do que a sutura em pontos separados.46 Se as bordas da pele estiverem justapostas adequadamente, não é necessária a sutura deste plano.6 Entretanto, se houver necessidade de sutura da pele, utilizar uma técnica subcutânea contínua.6 O uso de material de sutura sintético absorvível (Vicryl ®) é preferível por provocar menos dor.6 Ao final da rafia de lesões, nos traumas de difícil abordagem ou lacerações de 3º e 4º graus deve-se realizar exame digital retal para identificar suturas inadvertidamente postas atravessando a mucosa retal que, nesse caso, deverão ser retiradas.6 42 3.5 AVALIAÇÃO FINAL DA GESTANTE:A hora seguinte à saída da placenta e das membranas é designada por alguns autores como “quarto período do trabalho de parto”. Neste período é mais comum a ocorrência de sangramento pós-parto, geralmente associado à atonia uterina. Em função desse risco, a paciente deve ser avaliada frequentemente.6 No HMIB esse período de observação mais intenso no pós-parto é de duas horas, durante as quais a paciente é mantida no centro obstétrico. Puérperas podem apresentar tremores de início 1 a 30min após o parto e podem durar de 2 a 60min.47 Realizar apenas aquecimento com cobertores como medida de conforto.47 A prescrição pós-parto no risco habitual compõe-se de dieta oral livre, analgésicos, sulfato ferroso e cuidados gerais. ANEXO 1 A assistência obstétrica é realizada por equipe multiprofissional, composta por profissionais da área médica (médicos obstetras, residentes de obstetrícia43 e internos sob supervisão) e da enfermagem (enfermeiros obstetras e residentes de enfermagem obstétrica).43 A definição do risco da paciente deve ser realizada na admissão para o trabalho de parto e sua reclassificação a cada quatro horas de trabalho de parto ativo ou na presença de intercorrências.43 No caso de pacientes classificadas como de risco não habitual, a assistência direta ao parto será realizada pela equipe médica.43 Variações serão aceitas em casos de exceção, de acordo com as condições do plantão e em concordância entre a equipe médica e de enfermagem. Tabela 1: Fatores relacionados à gestação de risco habitual PACIENTES COM RISCO HABITUAL FATORES DE AVALIAÇÃO MARCADORES Gestação atual43 Gestação Única Idade gestacional: entre 37 semanas completas e 41 semanas e 6 dias Número de partos: até 4 partos normais 43 Manual de Condutas Obstétricas do HMIB FATORES DE AVALIAÇÃO MARCADORES Gestação atual43 Exames laboratoriais: realização dos exames nos 1º, 2º e 3º trimestres, com sorologias sem alterações Altura de fundo de útero entre os percentis 10 e 90 do gráfico de crescimento uterino de acordo com a idade gestacional Ausência de intercorrências obstétricas Trabalho de parto43 Início espontâneo do trabalho de parto Movimentação fetal ativa ou padrão tranquilizador da vitalidade fetal Apresentação cefálica BCF: entre 110 e 160 batimentos por minuto, com boa variabilidade (5 bpm-25 bpm), sem desacelerações à ausculta intermitente Contrações uterinas dentro dos padrões de normalidade e tônus uterino preservado Trabalho de parto espontâneo após rotura prematura de membranas ≤18h, com líquido amniótico claro e boa vitalidade fetal, em gestação a termo Trabalho de parto espontâneo de parturiente com uma cesárea anterior há dois anos ou mais Líquido amniótico claro e com grumos, quando presente Pressão arterial sistólica menor que 140 mmHg, pressão arterial diastólica menor que 90 mmHg Sangramento vaginal de leve intensidade correspondente à fase de dilatação cervical Período expulsivo com falha da dinâmica uterina e uso de ocitócito, desde que vigência de condições de normalidade para mãe e feto 44 Adaptado de: Secretaria de Saúde do Distrito Federal, 2019; EBSERH, 2019; Secretaria de Saúde do Piauí, 2019. 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Nunes, Vanessa & Gholitabar, Maryam & Sims, Jessica & Bewley, Susan. (2014). Intrapartum care of healthy women and their babies: Summary of updated NICE guidance. BMJ (Clinical research ed.). 349. g6886. 10.1136/bmj.g6886. 6. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias em Saúde. Diretrizes nacionais de assistência ao parto normal: versão resumida [recurso Condições maternas44, 45 Ausência de: - Obesidade; - Qualquer patologia clínica que necessite de acompanhamento especializado; - Morte intrauterina ou perinatal em gestação anterior, principalmente se for de causa desconhecida; - História prévia de doença hipertensiva da gestação, com mau resultado obstétrico e/ou perinatal (interrupção prematura da gestação, morte fetal intrauterina, síndrome Hellp, eclâmpsia, internação da mãe em UTI). 45 Manual de Condutas Obstétricas do HMIB eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias em Saúde. – Brasília : Ministério da Saúde, 2017. 7. Mcniven, Patricia & Williams, Jack & Hodnett, Ellen & Kaufman, Karyn & Hannah, Mary. (1998). An Early Labor Assessment Program: A Randomized, Controlled Trial. Birth (Berkeley, Calif.). 25. 5-10. 10.1046/j.1523-536x.1998.00005.x. 8. 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A prematuridade, apesar de todos os esforços na sua prevenção, persiste como a principal causa de mortalidade neonatal e a segunda causa em menores de 5 anos de idade, perdendo apenas para pneumonia, no mundo inteiro.33 A prevalência de partos prematuros é de 11,7% em relação a todos os partos realizados no país, percentual que coloca o Brasil no mesmo patamar de países de baixa renda, onde a prevalência é de 11,8%.4 Nos países de renda média, o percentual é de 9,4%.5 ETIOLOGIA A etiologia do parto prematuro espontâneo é desconhecida em cerca de 50% dos casos, mas pode estar associada a diversos fatores maternos e fetais que muitas vezes se sobrepõem:7 TRABALHO DE PARTO PREMATURO Ana Luiza Martins Meyer Barros Jordana Joab Alencar Barros Lucila Nagata 50 • Epidemiológicos: baixo nível socioeconômico, falta de higiene, gravidez nos extremos etários, desnutrição, dieta desequilibrada, tabagismo, baixo peso pré-gestacional, consumo de drogas ilícitas e estresse psicossocial. • Obstétricos: prematuridade em gestação anterior, rotura prematura de membranas, infecção amniótica, alterações hormonais, incompetência cervical, sangramentos genitais de segundo e terceiro trimestres, malformações fetais e placentárias, gemelaridade e polidrâmnio. • Ginecológicos: amputação do colo uterino, malformações uterinas e miomas, infecções geniturinárias e procedimentos cirúrgicos na gravidez. Pode-se dividir a prematuridade espontânea em duas categorias: o trabalho de parto prematuro com membranas intactas e o que se dá em consequência de rotura prematura das membranas, este representando cerca de 25% a 40% dos casos de prematuridade.8 As infecções que estão associadas com mais frequência à prematuridade são infecções periodontais; do trato urinário; cervicovaginais silenciosas, como a vaginose bacteriana e a presença de infecção por Trichomonas, Chlamydia, Candida.8 DIAGNÓSTICO Fala-se que existe Trabalho de Parto Pré-Termo (TPP) ao se identificarem contrações uterinas regulares (intervalo de 5 minutos ou menos) após 22 semanas e antes de 37 semanas, e pelo menos um dos seguintes critérios: dilatação cervical ≥ 2 cm; esvaecimento cervical ≥ 80%; ou progressão das alterações cervicais.9,10,11,19 Em serviços com disponibilidade de ultrassonografia (USG), outros critérios podem ser adotados, como contrações uterinas regulares associadas à medida de colo uterino < 20 mm na USG transvaginal.18 Observamos que os pródromos de trabalho de parto podem aparecer algumas horas antes do trabalho de parto prematuro e frequentemente são relatados os seguintes sinais e sintomas: dor semelhante às cólicas menstruais; contrações irregulares; dor lombar; pressão pélvica ou na vagina; mucorreia; e sangramento leve.18 Portanto, é importante realizar a anamnese e o exame físico cuidadosos (avaliar atividade uterina por meio da palpação abdominal; frequência, intensidade e duração das contrações; fazer ausculta e contagem de batimentos cardíacos fetais; exame especular e toque vaginal) para confirmar a presença das alterações 51 Manual de Condutas Obstétricas do HMIB definidas acima.1 O diagnóstico é clínico, porém a propedêutica auxiliar pode ajudar na definição da causa ou mostrar informações capazes de prever complicações, deixando a equipe mais preparada para eventuais intercorrências.1 Os exames a serem solicitados são: hemograma, urina tipo I (EAS) e urocultura (para descartar a infecção do trato urinário assintomática como causa do TPP); pesquisa para estreptococo do grupo B (EGB), caso não tenha sido realizada nas últimas 5 semanas; ultrassonografia obstétrica, se disponível.1 Em situações de dúvida diagnóstica, pode-se utilizar o teste da fibronectina fetal que, por apresentar valor preditivo negativo elevado (acima de 90%), exclui os falsos trabalhos de parto, evitando as internações desnecessárias.10,11 Na presença de contrações uterinas regulares, porém sem ao menos um dos critérios diagnósticos anteriormente descritos, podemos estar diante de uma Ameaça de Parto Pré-Termo, ou o que alguns autores chamam de Útero Irritável.32 FATORES PREDITIVOS DE TRABALHO DE PARTO PREMATURO A medida do colo uterino pode ser realizada com 24 semanas de gestação, ou na ultrassonografia morfológica de segundo trimestre, para rastrear o risco de parto prematuro.12 Gestantes assintomáticas e com o colo uterino ≤ 25 mm possuem maior risco de parto prematuro.21,22 Essas pacientes se beneficiam da progesterona micronizada na dose de 200 mg via vaginal, à noite.12, 23 Pacientes sintomáticas, com dilatação cervical < 3 cm e a medida do colo uterino de 20 mm a < 30 mm podem ser submetidas ao teste de fibronectina, quando disponível, para estimar o risco de parto prematuro.18,20 Quando a fibronectina é negativa, há baixo risco de parto nos próximos 7 dias (apenas 5% evoluem para o parto).18, 20 Já as pacientes sintomáticas com a medida do colo uterino < 20 mm possuem alto risco para parto prematuro (> 25% dos casos em 7 dias) e não necessitam de testes adicionais.18,20 Similarmente, gestantes sintomáticas com o colo uterino ≥ 30 mm possuem baixo risco para parto (< 5 % dos casos em 7 dias) e também não necessitam de testes adicionais para estimar o risco.18,20 52 CONDUTA Indicamos a internação das pacientes diagnosticadas com trabalho de parto prematuro em fase ativa. A viabilidade fetal da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal (SES/DF) é de 24 semanas de idade gestacional.31 Assim, pacientes com idade gestacional entre 24 e 34 semanas deverão ser submetidas a tocólise, corticoterapia antenatal e profilaxia para estreptococo do grupo B.13 Se entre 34 e 37 semanas em fase ativa de trabalho de parto, as gestantes receberão assistência ao parto e, se indicado, profilaxia para estreptococo do grupo B.16 Gestantes de até 32 semanas deverão receber sulfato de magnésio para neuroproteção.13 As pacientes diagnosticadas em Ameaça de Parto Pré-Termo deverão ser mantidas, por 2h a 3h, em repouso e em observação no Centro Obstétrico – quando necessário, pode-se lançar mão de sedação com benzodiazepínico (ex.: Diazepam 5 mg/dia) por via oral.32 TOCOLÍTICOS O uso de tocolíticos está indicado para pacientes diagnosticadas com TPP entre 24 e 33 semanas e 6 dias. As medicações existentes são: inibidores da síntese de prostaglandinas, como a indometacina, e os antagonistas de receptores de ocitocina, como atosiban, porém, as únicas medicações disponíveis no nosso serviço são nifedipino, salbutamol e sulfato de magnésio.15 Observamos que a tocólise está contraindicada nos casos de morte fetal; sofrimento fetal agudo; pré-eclâmpsia com sinais de gravidade; eclâmpsia; hemorragia materna; corioamnionite; e ruptura prematura de membranas ovulares.26 Duração da tocólise: suspendemos os tocolíticos 48 horas após a administração da primeira dose de corticosteroide.27 A) Bloqueadores de canais de cálcio – nifedipino O nifedipino é a medicação de primeira escolha para tocólise e a duração do seu efeito é de até 6 horas.27 • Dose de ataque: 10 mg VO a cada 20 minutos, até 4 doses. Se após 2 doses mantiver contrações, considerar utilizar outro agente.1 53 Manual de Condutas Obstétricas do HMIB • Dose de manutenção: 20 mg VO de 6 em 6 horas
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