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É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte. Governador do Estado do Pará HELDER ZAHLUT BARBALHO Presidente da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará BRUNO MENDES CARMONA Diretora Técnica Assistencial: NORMA SUELY DE CARVALHO FONSECA ASSUNÇÃO Diretora Assistencial Técnica Operacional: MARIA ALVES DE BELÉM Diretor Administrativo e Financeiro: LEONARDO RIODADES DAHER SANTOS Diretora de Ensino e Pesquisa: LENA CLÁUDIA MAIA ALENCAR Organização e Produção: 2018 MARÍLIA GABRIELA QUEIROZ DA LUZ GISLÂNIA PONTES FRANCÊS BRITO Gerência de Tocoginecologia MARÍLIA GABRIELA QUEIROZ DA LUZ Revisão: 2019 MARÍLIA GABRIELA QUEIROZ DA LUZ DANIELLE DE OLIVEIRA LEAL OBSTETRÍCIA EM TÓPICOS PROTOCOLO ASSISTENCIAL DA MATERNIDADE FUNDAÇÃO SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DO PARÁ Marília Gabriela Queiroz da Luz Danielle de Oliveira Leal Gislânia Ponte Francês Brito BELÉM-PARÁ 2019 Marília Gabriela Queiroz da Luz Danielle de Oliveira Leal Gislânia Ponte Francês Brito Direitos de cópias Copyright 2018© por / by / FSCMP / Belém, Pará, Brasil Editoração eletrônica Marília Gabriela Queiroz da Luz Arte da capa Marcio Bastos de Almeida e Silva Lucas Costa Cardoso Ficha catalográfica Todos os direitos autorais estão reservados e protegidos pela lei nº 9610 de 19 de fevereiro de 1998. Marília Gabriela Queiroz da Luz, Danielle de Oliveira Leal, Gislânia Ponte Francês Brito OBSTETRÍCIA EM TÓPICOS PROTOCOLO ASSISTENCIAL DA MATERNIDADE FUNDAÇÃO SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DO PARÁ ISBN:978-85-69835-58-5 Editora Ximango DIREITOS “Este Livro é produto desenvolvido na Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará” REPRODUÇÃO PROIBIDA Parte desta obra, poderá ser reproduzida desde que citada a sua fonte. Direitos de cópias / Copyright 2018© por / by / Mestrado CIPE / CCBS / UEPA Belém, Pará, Brasil Autora Daniele Oliveira Leal Lattes:http://lattes.cnpq.br/5088569652644480 Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Pará (2006). Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia pela Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (2011). Atualmente é médica tocoginecologista da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, onde atua na gestão da maternidade. Autora Gislânia Ponte Francês Brito Lattes:http://lattes.cnpq.br/9655868593345741 Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Piauí (2005). Atualmente é médica tocoginecologista da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará. Fez pós-graduação em medicina do trabalho pela Universidade do Estado do Pará.Tem experiência na área de ginecologia e obstetrícia e em medicina do trabalho.Mestranda da Universidade do Estado do Pará no Programa de Mestrado Profissional em Cirurgia e Pesquisa Experimental. Revisora Norma Suely de Carvalho Fonseca Assunção Lattes:http://lattes.cnpq.br/1180984403274256 Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Pará (1985), especialização em Medicina Intensiva pela Associação Brasileira de Medicina Intensiva (1997). Tem experiência na área de Medicina com ênfase em Medicina Intensiva adulto. Conhecimento e Experiência em gestão da clínica e ferramentas gerenciais como coordenadora, gerente e Diretora Técnica-Assistencial. Autora e Organizadora Marília Gabriela Queiroz da Luz Lattes: http://lattes.cnpq.br/7318301499873546 Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Pará (2004), Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia pela Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (2007). Atualmente, Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, é presidente do comitê de mortalidade materna, gerente da maternidade e responsável pela assistência às mulheres com doença trofoblástica gestacional, além de professora assistente da Universidade Federal do Pará. http://lattes.cnpq.br/5088569652644480 http://lattes.cnpq.br/9655868593345741 http://lattes.cnpq.br/1180984403274256 http://lattes.cnpq.br/7318301499873546 COLABORADORES • Ana Carla Araújo • Celso Hideo Fukuda • Cláudia Campos Coelho França • Clélia Andrade Salustrino • Daniel Gomes de Lima • Débora Ventura Baptista Carneiro • Dociana Érica Cabral Formigosa • Helder Costa Ikegami • Jenyse Cristine Ribeiro dos Santos Fontelles • Lara Batista da Fonseca • Luiza Helena Tavares Lobato • Luiza Renata Pinto Bentes • Marcella B. G. Verolla Molina • Mary Helly Valente Costa • Paulo Henrique Seabra de Farias • Vivian Araújo Vasconcelos Realização FUNDAÇÃO SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DO PARÁ Editora Coordenador e Editor Chefe Francisca Regina Oliveira Carneiro Conselho Editorial Francisca Regina Oliveira Carneiro Leonardo Augusto Carneiro Carvalho NORMALIZAÇÃO E REVISÃO CAPA Norma Suely de Carvalho Fonseca Assunção Marília Gabriela Queiroz da Luz Dados Internacionais de Catalogação na Publicação __________________________________________________________________ • Obstetrícia em tópicos: Tópicos. Marília Gabriela Queiroz da Luz; Danielle de Oliveira Leal; Gislania Ponte Francês—Belém, 2019. • ISBN:978-85-69835-58-5 ___________________________________________________________________ PREFÁCIO A gestação, parto, puerpério e a violência sexual são tópicos da prática obstétrica abordados neste livro por profissionais da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, hospital de referência Estadual para a gravidez de alto risco e o principal responsável pela formação dos profissionais obstetras do Estado. Os autores organizaram este livro para que o mesmo fosse utilizado na rotina pelos profissionais desta área, objetivando uma atenção segura para as boas práticas do parto e nascimento, respaldado nas evidências científicas em obstetrícia e na rotina do serviço da Instituição com mais de 900 partos mensais. A apresentação objetiva e prática de cada capítulo contribuirá para guiar o leitor na execução do planejamento do cuidado assistencial objetivando um desfecho favorável para as pacientes atendidas e seus familiares, que é o nascimento do filho amado. Que esse protocolo seja uma ferramenta de união da equipe assistencial em benefício de nossas pacientes! Norma Suely de Carvalho Fonseca Assunção DEDICATÓRIA Esse livro é o resultado de um trabalho em equipe bem sucedido no qual a reciprocidade na união de forças e a divisão de tarefas permitiu a partilha de conhecimentos. Esse livro é dedicado a: - Todas as mulheres que vivenciam a maternidade nesta instituição. - Toda equipe assistencial que com amor, compromisso e união vem transformando positivamente a história de inúmeras gestações de alto risco. - Equipe gestora que de maneira incansável busca melhorias a nossa amada e desafiadora Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará. Marília Gabriela Queiroz da Luz SUMÁRIO UNIDADE I: PARTO, VIOLÊNCIA SEXUAL E ABORTO 13 1-ASSISTÊNCIA AO TRABALHO DE PARTO 14 2-ASSISTÊNCIA AO PARTO DISTÓCICO 19 3-ASSISTÊNCIA AO PARTO PÉLVICO 22 4-TRABALHO DE PARTO PREMATURO 24 5-PROFILAXIA DE DOENÇA ESTREPTOCÓCICA NEONATAL 28 6-PARTOGRAMA 30 7-ASSISTÊNCIA AO ABORTAMENTO 35 8-DOENÇA TROFOBLÁSTICA GESTACIONAL 38 9-ABORTO LEGAL 42 10-VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA A MULHER 46 11-ASPIRAÇÃO MANUAL INTRA-UTERINA 51 12-PROTOCOLO DE CESARIANA 54 13-INDUÇÃO E CONDUÇÃO DE PARTO E ABORTO 62 UNIDADE 2: PUERPÉRIO 66 14-INSERÇÃO DE DISPOSITIVO INTRA-UTERINO NO PUERPÉRIO IMEDIATO 67 15-HEMORRAGIA PÓS-PARTO 7016-PUERPÉRIO FISIOLÓGICO 79 17-PUERPERIO PATOLÓGICO 82 18-INFECÇÃO DE SÍTIO CIRÚRGICO 88 UNIDADE 3: INTERCORRÊNCIAS NA GRAVIDEZ 94 19-PRENHEZ ECTÓPICA 95 20-PLACENTA PRÉVIA 98 21-ACRETISMO PLACENTÁRIO 101 22-DESCOLAMENTO PREMATURO DE PLACENTA 103 23-ROTURA UTERINA 107 24-CHOQUE 110 25-PROTOCOLO DE CIVD 113 26-SÍNDROME HIPERTENSIVA NA GESTAÇÃO 116 27-RESTRIÇÃO DO CRESCIMENTO FETAL 126 28-DIABETES NA GESTAÇÃO 132 29-ROTURA PREMATURA DE MEMBRANAS OVULARES. 141 30-CORIOAMNIONITE 149 31-INFECÇÃO URINÁRIA NO CICLO GRAVÍDICO-PUERPERAL 152 32-GESTAÇÃO E HIV 155 33-ÓBITO FETAL. 160 34-CONTROLE DE VITALIDADE FETAL 164 35-DOR ABDOMINAL DE ORIGEM NÃO OBSTÉTRICA 168 36-TROMBOEMBOLISMO VENOSO 177 UNIDADE 4: ANESTESIA 181 37-ANALGESIA E ANESTESIA EM OBSTETRÍCIA 182 Jenyse Cristine Ribeiro dos Santos Fontelles 38-PROTOCOLO DE ANESTESIA: SÍNDROME HIPERTENSIVA NA GESTAÇÃO 197 Jenyse Cristine Ribeiro dos Santos Fontelles 39-PROTOCOLO DE ANESTESIA: HEMORRAGIA PERIPARTO 202 Jenyse Cristine Ribeiro dos Santos Fontelles UNIDADE 5: GERENCIAMENTO DE FILA NA ASSISTÊNCIA 207 40-GERENCIAMENTO DA FILA PARA ATENDIMENTO NA URGÊNCIA E EMERGÊNCIA OBSTÉTRICA 208 41-GERENCIAMENTO DA FILA PARA TRANSFERÊNCIAS INTERNAS 221 UNIDADE I: PARTO, VIOLÊNCIA SEXUAL E ABORTO 1-ASSISTÊNCIA AO TRABALHO DE PARTO 2- ASSISTÊNCIA AO PARTO DISTÓCICO 3-ASSISTÊNCIA AO PARTO PELVICO. 22 4- TRABALHO DE PARTO PREMATURO (TPP) 5-PROFILAXIA DE DOENÇA ESTREPTOCÓCICA NEONATAL 6- PARTOGRAMA 7-ASSISTÊNCIA AO ABORTAMENTO 8- DOENÇA TROFOBLÁSTICA GESTACIONAL 9- ABORTO LEGAL 10- VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA A MULHER 11-ASPIRAÇÃO MANUAL INTRA-UTERINA (AMIU) 12- PROTOCOLO DE CESARIANA 1- ASSISTÊNCIA AO TRABALHO DE PARTO Danielle Leal de Oliveira Luiza Renata Pinto Bentes Marília Gabriela Queiroz da Luz Mary Helly Valente Costa 1.1- ADMISSÃO - Anamnese, exame físico e obstétrico, impressão diagnóstica e conduta; - Fornecer esclarecimentos sobre o trabalho de parto e procedimentos a serem adotados (ver checklist de parto). - Continuar informando paciente e acompanhante nos demais períodos. - Encaminhar ao PPP somente pacientes em fase ativa do trabalho de parto: • Até 4 cm não considerar fase ativa mesmo diante de contrações • Entre 4 e 6 cm considerar fase ativa se duas contrações fortes em 10 minutos • A partir de 6 cm com contrações regulares. - Na dúvida deve-se manter paciente em observação e reavaliar o binômio (mãe e concepto) em 2 horas. 1.2- ASSISTÊNCIA AO 1º PERÍODO - Apenas as mulheres que se enquadram na definição acima de trabalho de parto ativo devem ser admitidas no PPP para o acompanhamento do trabalho de parto. Pacientes fora do contexto descrito para fase ativa devem ser encaminhadas a enfermaria de patologia obstétrica. - Abrir partograma no PPP. - Preencher ficha de admissão e avaliar risco de hemorragia puerperal - Orientar acompanhante a pedir ajuda se paciente evoluir com aumento da dor, do sangramento ou outras intercorrências - Posição materna: deve-se encorajar a mulher a deambular ou permanecer na posição mais confortável. - Apenas pacientes com distócia funcional comprovada pelo partograma deverão receber ocitocina para estimular contrações uterinas. 1.2.1- Medidas iniciais - Cardiotocografia na admissão. - Dieta: dieta leve - Prescrever a freqüência com que o BCF deve ser auscultado (item 1.2.3) - Posição e deambulação: as pacientes devem ser encorajadas a encontrarem a posição mais confortável. Destaca-se que a posição vertical e a deambulação reduzem em aproximadamente uma hora o primeiro período do trabalho de parto em relação a reclinada. - Manejo ativo: a amniotomia precoce, associada ou não à ocitocina, não deve ser realizada de rotina em mulheres em trabalho de parto que estejam progredindo bem. 1.2.2- Partograma - É obrigatório ser usado para todas as pacientes em trabalho de parto para documentar sua evolução e diagnosticar suas alterações de forma precoce, indicando a tomada de condutas apropriadas para a correção dos desvios e evitando intervenções desnecessárias. 1.2.3- Monitorização fetal intra útero - Ausculta intermitente em parturientes de baixo risco a cada 30 minutos no período de dilatação e a cada 5 minutos no período expulsivo, durante pelo menos 60 segundos. - Ausculta intermitente em parturientes de alto risco a cada 15 minutos no período de dilatação e a cada 5 minutos no período expulsivo, durante pelo menos 60 segundos. - Cardiotocografia na admissão e repetir sempre que houver suspeita de sofrimento fetal intra-parto. 1.2.4- Medidas de ressuscitação intrauterina se BCF alterado ou cardiotocografia categoria II ou III: - Mudança de decúbito: DLE ou DLD (lateral esquerdo ou direito) por 15 minutos - Oxigenioterapia em cateter nasal 5 a 8 L/minuto - Hidratação venosa - Reduzir frequência das contrações uterinas - Descontinuar ocitocina e - Avaliar necessidade de terbutalina subcutânea 0,25 mg (meia ampola) - Em caso de prolapso de cordão colocar a paciente em posição de prece maometana e preparar cesariana 1.3- ASSISTÊNCIA AO 2º PERÍODO - Posição materna: deve-se encorajar a mulher a deambular ou permanecer na posição mais confortável. Oferecer posições de cócoras, banqueta de parto - Manobra de Kristeller: não deve ser realizada. - Episiotomia: não deve ser feita de rotina, entretanto pode ser indicada nos casos de parto operatório, parto pélvico, macrossomia ou ameaça de ruptura perineal grave após análise de forma individualizada. - Medidas de proteção perineal: • técnica de ‘mãos sobre’ (proteger o períneo e flexionar a cabeça fetal), controlar a deflexão da cabeça e orientar à mulher para não empurrar nesse momento. • quanto a técnica de ‘mãos prontas’ (com as mãos sem tocar o períneo e a cabeça fetal, mas preparadas para tal) 1.4- ASSISTÊNCIA AO 3º PERÍODO - Logo após o desprendimento do concepto, administrar 10 UI de ocitocina intramuscular, antes do clampeamento e corte do cordão umbilical; - Pinçamento e secção do cordão: discutir com pediatra o melhor momento para campear o cordão. - Considerar as orientações: preferencialmente até 3 minutos após o nascimento; não realizar antes de 1 minuto após o nascimento, a menos que haja necessidade de manobras de ressuscitação neonatal. - Pinçar o cordão antes de 5 minutos. Após a secção do cordão realizar tração controlada do mesmo. 1.5- ASSISTÊNCIA AO 4º PERÍODO - Revisão da cavidade uterina e do trajeto: só devem ser realizadas com indicações específicas, como no caso de hemorragia não-decorrente de hipotonia uterina. - Para afastar a possibilidade de restos placentários ou de membranas, deve-se realizar para todas as pacientes a revisão dos anexos depois do delivramento. - Para a mãe: avaliar sinais vitais logo após o nascimento, na primeira e na segunda hora para todas as parturientes do CO/PPP. Avaliar sinais vitais de 30/30 minutos nas duas primeiras horas para todas as pacientes com SHEG ou fatores de risco para hemorragia. - Para o recém-nascido (RN): avaliar sinais vitais logo após o nascimento, na primeira e na segunda hora para todos os RNs do CO/PPP. Avaliar sinais vitais de 30/30 minutos nas duas primeiras horas para todo RN entubado ou no CPAP. - Se hemorragia: seguir protocolo de hemorragia puerperal. - Fazer revisão de canal de parto em todo parto distócico - Fazer curetagem uterina sempre que suspeitar de dequitação incompleta - Estimular contato pele a pele e amamentação logo após o parto (na primeira hora – HORA DE OURO) 1.6- OCITOCINA NO TRABALHO DE PARTO. - Iniciar com a menor dose do quadro 1 e aumentar a cada 30 - 40 minutos até alcançar contratilidade adequada para a fase de trabalho de parto; - Avaliar descontinuidade de ocitocina conforme vitalidade fetal e progressão do parto. USO DE OCITOCINA NO TRABALHO DE PARTO Diluir ocitocina 1 frasco-ampola (5 UI)de ocitocina em 500 ml de Soro fisiológico ou Ringer lactato e seguir a vazão descriminada nas colunas de BIC ou macrogotas para alcançar a dose de ocitocina indicada Dose de ocitocina BIC* Macrogotas 4 mUI/min 24 ml/hora 8 gotas/min 5 mUI/min 30 ml/hora 10 gotas/min 6 mUI/min 36 ml/hora 12 gotas/min 7 mUI/min 42 ml/hora 14 gotas/min 8 mUI/min 48 ml/hora 16 gotas/min 16 mUI/min 96 ml/hora 32 gotas/min 32 mUI/min 192 ml/hora 64 gotas/min 42 mUI/min 252 ml/hora 84 gotas/min Quadro 1 – Uso de Ocitocina no trabalho de parto *BIC: bomba de infusão contínua 1.7- GESTAÇÕES GEMELARES. - Considerar cesárea, se: • Primeiro gêmeo em apresentação não cefálica • Gêmeos MC/MA. • Gestações múltiplas 3 fetos. • Patologia materna, fetal ou placentária. • Segundo gemelar com peso > 20% em relação ao primeiro gêmeo, especialmente, em apresentação não cefálica. • Suspeita de alteração da vitalidade fetal, impossibilidade de uma correta monitorização de um ou de ambos os fetos durante o parto. 1.8- LACERAÇÕES DE PERÍNEO - A epsiotomia é o fator mais fortemente associado às lacerações de terceiro grau. A compreensão detalhada da anatomia do períneo é essencial para a reparação apropriada - Reparar a lesão: • Classificar: quadro 2 • Assepsia, anti-sepsia • Recomenda-se dose única de cefazolina 2 g endovenosa no momento do reparo • Anestesia: bloqueio do pudendo ou anestesia local; • De preferência utilizar fios de ácido poliglicólico 2-0, 3-0 ou 4-0 (Vycril) com agulha pequena atraumática; • Realizar iniciando pelas camadas mais profundas, usando técnica na qual o obstetra tenha maior habilidade e que seja reconhecida pela literatura científica; • Explicar a paciente sobre o risco de complicações: incontinência anal, deiscência, dispareunia, hematoma, infecção , abscesso perineal, fístula cutânea, fístula reto-vaginal CLASSIFICAÇÃO DAS LACERAÇÕES DE PERÍNEO GRAU DE LACERAÇÃO ESTRUTURA LACERADA Primeiro grau mucosa vaginal ou corpo perineal Segundo grau mucosa vaginal , pele do períneo e tecido celular subcutâneo Terceiro grau incompleto parte do esfíncter anal Terceiro grau completo laceração completa do esfíncter anal Quadro 2- Classificação das lacerações de períneo 1.9- CRITÉRIO DE INTERNAÇÃO: - Fase ativa do trabalho de parto 1.10- CRITÉRIO DE ALTA: - Mínimo de 24 horas após o parto se boas condições clínicas; - Seguir protocolos de puerpério; - Sinais vitais estáveis; - Ausência de febre, leucocitose (> 20 mil com desvio) ou critérios de sepse; - Tendo recebido imunoglobulina anti-Rh se necessário; - Após tratamento de sífilis se necessário. REFERÊNCIAS. 1. ALSO- Advanced Life Suport in Obstetrics, 2018. The American Academy Of Physicians. Lacerações perinea’s de terceiro e quarto graus, 2018. 2. WHO recommendations: intrapartum care for a positive childbirth experience. ISBN 978-92-4-155021-5, 2018. 3. Codarin RR, Francisco RP. Discinesias da contratilidade uterina e sua correção. São Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO); 2018. (Protocolo FEBRASGO - Obstetrícia, no. 103/ Comissão Nacional Especializada em Assistência ao Abortamento, Parto e Puerpério), 2018. 4. Steibel JA, Trapani A Jr. Assistência aos quatro períodos do parto de risco habitual. São Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO); 2018. (Protocolo FEBRASGO - Obstetrícia, no. 101/ Comissão Nacional Especializada em Assistência ao Abortamento, Parto e Puerpério), 2018 5. Silveira SK, Trapani Júnior AT. Monitorização fetal intraparto. São Paulo: Federação Brasileira das. Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO); 2018. (Protocolo FEBRASGO - Obstetrícia, no. 100/ Comissão Nacional Especializada em Assistência ao Abortamento, Parto e Puerpério), 2018. 6. Carvalho FH, Vela HW, Morais AL, Feitosa FE. Manejo de gravidez múltipla. São Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO); 2018. (Protocolo FEBRASGO - Obstetrícia, no. 37/ Comissão Nacional Especializada em Medicina Fetal), 2018. 7. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Diretrizes Nacionais de Assistência ao parto Normal, 2017. 8. FEBRASGO. Manual de orientação a assistência ao abortamento, parto e puerpério, 2010. 2- ASSISTÊNCIA AO PARTO DISTÓCICO Danielle Leal de Oliveira Lara Batista da Fonseca Mary Helly Valente Costa 2.1- DEFINIÇÃO: - Distócia = TRABALHO DE PARTO DIFÍCIL 2.2- PREVENÇÃO DA DISTÓCIA - Orientar paciente e acompanhante sobre o que esperar no trabalho de parto e possíveis complicações; - Indução do trabalho de parto, especialmente em mulheres com colo desfavorável; - Opções alternativas: controle da dor, suporte emocional e físico, banhos quentes, mudanças de posição, deambulação. 2.3- RECONHECIMENTO DA DISTÓCIA - Abordagem ativa e reconhecimento precoce; - Uso do partograma; - Reavaliação periódica. 2.4- MANEJO DA DISTOCIA DE TRABALHO DE PARTO - Considerar parada de progressão se: • Não houver progressão no partograma após 4 horas de trabalho de parto com bolsa íntegra ► avaliar amniotomia e/ou infusão de ocitocina endovenosa ► reavaliar em 2 horas. Se não houver qualquer progressão no partograma, discutir cesariana. • Não houver progressão no partograma após 2 horas de trabalho de parto com bolsa rota ► avaliar infusão de ocitocina endovenosa ► reavaliar em 2 horas. Se não houver qualquer progressão no partograma, discutir cesariana. - Correção de posição anômala: • Encorajar posições maternas verticalizadas; • Avaliar rotação manual do feto realizada por dois médicos, em centro cirúrgico. Considerar cesariana, discutir com a equipe. • Antes e durante a administração de ocitocina, deve-se realizar monitorização rigorosa da vitalidade fetal e sinais vitais maternos - É recomendado suspender a condução com ocitocina se: • Taquissistolia: mais do que cinco contrações em 10 minutos; • Hipertonia uterina, desacelerações tardias, graves e variáveis, bradicardias ou taquicardias. • Considerar falha de indução se não conseguir atingir atividade uterina adequada com a dose máxima de ocitocina. 2.5- CONDUTA CONFORME OS TIPOS DE DISTÓCIA 2.5.1- Distócias do trajeto: patologias do canal do parto que dificultam a evolução do trabalhoDistócias do trajeto mole: anomalias localizadas em qualquer uma das porções do canal de parto (colo, vagina, vulva) e por tumorações prévias genitais ou extragenitais. - Tratamento das distócias de trajeto mole: cesariana resolvera os casos impeditivos do parto vaginal. 2.5.2- Desproporção cefalo-pélvica (DCP): identificada pelo partograma durante o trabalho de parto. - Indica-se cesárea. 2.5.3- Distócia de ombro:identificada pelo “sinal da tartaruga”, quando a cabeça fetal se exterioriza e se retrai. - O mnemônico ALEERTA é uma ferramenta clínica orientada pela ALSO (Advanced Life Support in Obstetrics) para os médicos tomarem decisões eficazes para aliviar o ombro impactado. Os passos não precisam ser dados na mesma ordem em que aparecem no mnemônico, desde que sejam dados de maneira apropriadas e eficientes, e com o tempo para cada manobra de 30 a 60 segundos: • Ajuda: requisitar equipamento adequado e pessoal preparado • Levantar as Pernas (Manobra de McRoberts): Flexão e abdução das coxas em direção ao abdome materno. • Episiotomia: considerar possibilidade. • Externa, Pressão Supra-púbica: ▪ simultaneamente com a manobra de McRobert ▪ Pressionar para baixo e para o lado de modo a empurrar o ombro anterior em direção ao tórax do feto. Inicialmente realizar pressão contínua mas se o parto não ocorrer realizar pressão intermitente para deslocar o ombro. • Retirada do braço posterior ( manobra Jacquemier): ▪ O cotovelo fetal é flexionado e o antebraço é liberado em movimento de varredura sobre a parede anteriordo tórax fetal. • Toque:realizar manobra de rotação interna que tentam manipular o feto e rodar o ombro anterior para um plano oblíquo da bacia e sob a sínfise púbica. Isto pode ser realizada por meio da manobra de Rubin ou manobra de Woods’ Screw, também chamada de “parafuso” com ou sem a manobra de Wood. ▪ Rubin I é o componente “externa compressão” no mnemônico. ▪ Rubin II é realizada com a introdução dos dois primeiros dedos de uma das mãos na vagina e posicionando-os atrás do ombro anterior do feto empurrando-o anteriormente em direção ao tórax fetal. ▪ Woods pode ser combinada com a manobra de Rubin II e consiste na introdução de dois dedos da mão contraria na face anterior do ombro posterior do feto, girando o ombro fetal em diração a sinfíse. • Alterar a posição da paciente, apoio nos braços e nas pernas (Gaskin): colocar a paciente em posição quatro apoios. - Métodos de último Recurso: • Clidotomia: fratura deliberada da clavícula anterior; • Manobra de Zavanelli: recolocação da cabeça fetal no útero, seguida da cesárea; • Sinfisiotomia: Secção da cartilagem fibrosa da sínfise sob anestesia local 2.6- CRITÉRIO DE INTERNAÇÃO: - Fase ativa do trabalho de parto. 2.7- CRITÉRIO DE ALTA: - Mínimo de 24 horas após o parto se boas condições clínicas; - Seguir protocolos de puerpério; - Sinais vitais estáveis; - Ausência de febre, leucocitose (> 20 mil com desvio) ou critérios de sepse; - Tendo recebido imunoglobulina anti-Rh se necessário; - Após tratamento de sífilis se necessário. REFERÊNCIAS. 1. ALSO- Advanced Life Suport in Obstetrics, 2018. The American Academy Of Physicians. Distócia, 2018. 2. ALSO- Advanced Life Suport in Obstetrics, 2018. The American Academy Of Physicians. Distócia de ombro, 2018. 3. WHO recommendations: intrapartum care for a positive childbirth experience. ISBN 978-92-4-155021-5, 2018. 4. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Diretrizes Nacionais de Assistência ao parto Normal, 2017. 5. FEBRASGO. Manual de orientação a assistência ao abortamento, parto e puerpério, 2010. 3- ASSISTÊNCIA AO PARTO PÉLVICO Cláudia Campos Coelho França Danielle Leal de Oliveira Silvana Moreira Raposo 3.1- DEFINIÇÃO: - Apresentação no canal de parto é a pelve ou a nádega do feto. 3.2- FATORES PREDISPONENTES: - Maternos: malformação uterina, vício pélvico, tumor prévio, multiparidade. - Fetais: prematuridade, gemelaridade, malformação fetal. - Anexiais: localização placentária, polidrâmnio, brevidade de cordão. 3.3- CLASSIFICAÇÃO: - Pélvica completa • Quadris e pernas em flexão. - Pélvica incompleta • Pélvica franca ou modo de nádegas – flexão dos quadris e extensão das pernas • Pélvica em modo de pés ou joelho – extensão de um dos quadris ou de ambos e flexão de um dos joelhos ou de ambos com apresentação de um pé ou de ambos 3.4- CONTRA-INDICAÇÕES AO PARTO VAGINAL ELETIVO NA APRESENTAÇÃO PÉLVICA - Peso Fetal Estimado > 3800g. - Prematuridade – O parto cesárea está indicado para fetos com peso entre 1000g e 2500g. - Apresentação pélvica MODO PÉS OU JOELHO. - Anormalidades fetais – ex. Hidrocefalia. - Ausência de trabalho de parto ou trabalho de parto não progressivo. - Cicatriz uterina prévia ou doença materna associada. - Inexperiência ou Insegurança do Médico Assistente 3.5- ASSISTÊNCIA AO PARTO: - O parto deve ser realizado em ambiente que permita a mudança de via de parto - Amniotomia tardia – a bolsa deve ser rompida no período expulsivo. - Utilizar a manobra de THIESSEN – durante 4 a 5 contrações, manter o pólo pélvico no canal de parto pela compressão vulvo perineal, impedindo sua expulsão. - Episiotomia – a critério do obstétra. - O parto deve proceder espontaneamente até que o cordão umbilical apareça no intróito vaginal. 3.5.1- Desprendimento do Pólo Pélvico - Não tracionar; - Apoiar o polo pélvico mantendo o dorso fetal anteriorizado; - Após a saída do umbigo deve-se realizar a alça de cordão umbilical (Assistente). 3.5.2- Liberação das Espáduas e Braços - Compressão fúndica e manobra de BRACHT para desprendimento Biacromial. - Quando os braços estiverem defletidos e não se consegue liberá-los com a manobra anterior, podemos utilizar outras manobras: manobra de Pajot, de Deventer-Müller, de Rojas ou Lövset. 3.5.3- Desprendimento do Pólo Cefálico - Manobra de BRACHT; - Manobra de MAURICEAU SMELLIE VEIT modificada (2º e 3º quirodáctilo da mão esquerda no occipto fetal e 2º e 3º quirodáctilo da mão direita nos malares) - Fórcipe de Piper ou Simpson. - Algumas manobras como McRoberts ou Liverpool também podem ser utilizadas para auxiliar o desprendimento cefálico 4- CRITÉRIO DE INTERNAÇÃO: - Fase ativa do trabalho de parto 5- CRITÉRIO DE ALTA: - Mínimo de 24 horas após o parto se boas condições clínicas - Seguir protocolos de puerpério - Sinais vitais estáveis - Ausência de febre, leucocitose (> 20 mil com desvio) ou critérios de sepse - Tendo recebido imunoglobulina anti-Rh se necessário - Após tratamento de sífilis se necessário. REFERÊNCIAS. 1. ALSO- Advanced Life Suport in Obstetrics, 2018. The American Academy Of Physicians. Apresentações anômalas, 2018. 2. WHO recommendations: intrapartum care for a positive childbirth experience. ISBN 978-92-4-155021-5, 2018. 3. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Diretrizes Nacionais de Assistência ao parto Normal, 2017. 4. FEBRASGO. Manual de orientação a assistência ao abortamento, parto e puerpério, 2010. 4- TRABALHO DE PARTO PREMATURO Danielle Leal de Oliveira Gislânia Ponte Francês Brito Marília Gabriela Queiroz da Luz; 4.1- DEFINIÇÃO: - Trabalho de parto prematuro (TPP) é o que se dá com menos de 37 semanas completas. 4.2- PREVENÇÃO DA PREMATURIDADE - Identificar e tratar os fatores de risco sempre que possível; - Cerclagem quando indicada; - Progesterona; - O uso de pessário e do teste de fibronectina fetal são boas opções para a prevenção da prematuridade, porém indisponíveis ainda em nosso serviço. 4.3- MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - Queixas clínicas: dor em baixo ventre e perda de tampão mucoso. Pode haver queixa de perda de líquido, pois muitas vezes, o trabalho de parto pode estar associado à rotura das membranas. - Exame físico: contrações uterinas regulares após 20 semanas e antes de 37 semanas, com intervalo de 5 minutos ou menos, dilatação cervical de pelo menos 1 cm e/ou esvaecimento cervical de 80%. 4.4- O QUE FAZER EM CASO DE DÚVIDA DIAGNÓSTICA? - Investigar infecção genito-urinária; - Avaliar vitalidade fetal; - Reavaliar contrações uterinas e dilatação do colo em duas horas. 4.5- EXAMES NECESSÁRIOS APÓS CONFIRMAÇÃO DIAGNÓSTICA - Ultrassonografia obstétrica; - Cardiotocografia oportuna; - Hemograma, urina EAS e urocultura com antibiograma. 4.6- MANEJO 4.6.1- Tocólise - A terapia deve ser iniciada assim que se estabeleça o diagnóstico de TPP. - A indicação deve ser criteriosa: • A idade gestacional não deve ser maior que 34 semanas; • A dilatação cervical deve ser menor que 4 cm; • O esvaecimento do colo uterino, não deve ser pronunciado; • As membranas devem estar íntegras; • A vitalidade fetal deve estar preservada; • Não devem existir patologias maternas que possam pôr em risco a mãe e o concepto; • Não pode haver infecção intrauterina. 4.6.1.1- Agentes tocolíticos: 4.6.1.1.1- Primeira escolha: Nifedipina: uma cápsula de 10 mg via oral a cada 20 minutos até se obter o cessar das contrações, utilizando-se, no máximo, três cápsulas em 1 hora. A manutenção deve ser feita com comprimidos de 20 mg a cada 8 horas por 48 horas. 4.6.1.1.2- Segunda escolha: Terbutalina: eficácia atribuída a seu uso é de 45 a 92%. No entanto deve ser evitada sempre que possível, pois apresenta efeitos colaterais importantes e frequentes, como taquicardia, hipotensão, hipocalemia,precordialgia, edema agudo de pulmão e outros efeitos colaterais menos graves, incluindo cefaléia, êmese, tremores de extremidades, febre e alucinações. - Posologia da Terbutalina: • Cinco ampolas em 500 ml de solução glicosada a 5% em bomba de infusão continua (BIC) ou macrogotas. • Iniciar com 10 gotas (macrogotas) por minuto ou 30 ml/h (BIC); • Reavaliar contrações uterinas a cada 20 minutos e se persistirem as contrações aumentar 10 gotas/minuto ou 30 ml/hora a cada reavaliação até as contrações cessarem; • Não ultrapassar dose máxima de 80 gotas/ minutos ou 240 ml/h; • A administração do medicamento deve ser mantida por 24 horas após o bloqueio das contrações uterinas; • Cuidados durante uso de Terbutalina: ▪ Não usar este medicamento em situações de hipervolemia, por exemplo polidrâmnio, gemelidades ou em casos de infusão endovenosa de líquido maior que 2000 ml/24 horas; ▪ Avaliar vitalidade fetal com doppler ou cardiotocografia antes do início da medicação e depois com ausculta dos batimentos cardíacos fetais de hora em hora; ▪ Manter paciente monitorada ou avaliar sinais vitais maternos de hora em hora enquanto paciente estiver recebendo o medicamento; ▪ Suspender o medicamento imediatamente se: pulso materno> 110 bpm; freqüência cardíaca fetal > 160 bpm; frequência respiratória materna maior que 22 irpm. OBS: Atosibano e indometacina ainda não estão disponíveis em nosso serviço. 4.6.2- Corticoprofilaxia - 24 a 34 semanas: toda gestante com risco iminente de parto prematuro (dilatação igual ou superior a 3cm ou sinais de apagamento do colo em mais de 75%) nos próximos 7 dias; - 34 a 36 semanas e 6 dias: toda gestante com iminente risco de parto prematuro nos próximos 7 dias, inclusive cesáreas eletivas. - Contra-Indicações: Corioamnionite, uso prévio de ciclo de corticóide para maturação; - Poderemos realizar tocólise na intenção, apenas, do uso do corticóide; - 37 a 39 semanas: não está indicado o uso de corticóide nessa idade gestacional. Baixa incidência de complicações respiratórias. - Posologia: • Betametasona 12 mg intramuscular 24/24 horas, 2 doses; • Dexametasona 6 mg intramuscular 12/12h, 4 doses; - Profilaxia da sepse neonatal (vide capítulo de profilaxia de doença estreptocócica neonatal). 4.6.3- Cuidados após tocólise se TPP for inibido - Após 48 horas de tocólise considerar suspender medicamentos e observar evolução por mais 24 horas; - Considerar alta após 48 horas sem tocólise e sem contrações; - Alta com encaminhamento para o pré-natal de alto risco e receita de progesterona natural (200 mg) via oral ou via vaginal de 12 em 12 horas até completar 36 semanas. 4.7- ASSISTÊNCIA AO PARTO PREMATURO - Uma vez que não se tenha conseguido inibir o trabalho de parto prematuro, há que se garantir assistência adequada ao concepto, assegurando o menor agravo possível para melhorar seu prognóstico. 4.7.1- Neuroproteção fetal para gestações com menos de 32 semanas: - Indicado para trabalho de parto com dilatação maior ou igual a 4 cm se falha de indução ou contra-indicação para tocólise;. - Sulfato de Magnésio; • Dose de ataque: Sulfato de Magnésio a 50% 4g por via endovenosa lento (8 ml de MgSO4 a 50% + 12 ml de água destilada em 20 minutos) • Dose de manutenção: Sulfato de Magnésio a 50% 1g/h por via endovenosa (10 ml de MgSO4 a 50% + 490 ml de SG 5%). Manter MgSO4 até o nascimento. - Ao iniciar MgSO4, suspender tocólise; - Controle rigoroso de sinais vitais maternos; - Suspender MgSO4 se: freqüência respiratória (FR) menor que 16 irpm, ausência de reflexo patelar e/ou diurese menor que 25 ml/hora; - Administrar gluconato de cálcio 10% se FR menor que 16 irpm 4.7.2- A via de parto deve ser decidida pelas condições obstétricas: - A via baixa deve ser preferida nos casos de cefálicas fletidas. Optar por cesárea nas cefálicas defletidas; - O parto de prematuros em apresentação pélvica deve ser realizado por via alta se o peso fetal estimado for maior que 1000 g; - Evitar partos longos em hiperssistolia ou dificuldade de trajeto; - Antecedentes obstétrico materno: a presença de partos normais anteriores é favorável à decisão de via baixa; já a ocorrência de partos operatórios prévios e o estudo da razão pela qual eles aconteceram pode ser decisivo na opção pela via alta. 4.7.3- Cuidados durante o parto via baixa: - A monitorização da vitalidade fetal deve ser contínua por meio da ausculta dos batimentos cardíacos fetais manual e por cardiotocografia intraparto; - Devem ser evitados os toques repetidos; - A amniotomia deve ser tardia. A bolsa das águas poderá servir como cunha dilatadora sem que haja pressão sobre o polo cefálico; - Episiotomia se necessária e o suficiente para permitir o nascimento sem resistência perineal; - O uso de ocitocina deve ser criterioso, evitando contrações muito intensas ou muito frequentes; - A ligadura do cordão será realizada de acordo com as condições do recém- nascido e deverá ser oportuna. 4.7.4- Cuidados após escolha pela cesárea: - Cuidado com a escolha do tipo de incisão no útero, pois é mais frequente não haver segmento inferior bem formado e para que a extração fetal seja a menos traumática possível. Pode haver necessidade de incisões uterinas longitudinais. Também deve ser considerado, na prematuridade, a existência de maior número de fetos em apresentação anômala, o que exige do obstetra maior cuidado na extração do concepto. - A anestesia para a cesárea deve ser, de preferência por bloqueio raquidiano. 4.8- CRITÉRIO DE INTERNAÇÃO: - Fase ativa do trabalho de parto ou - Contrações uterinas regulares com intervalo de 5 minutos ou menos - Dilatação cervical de pelo menos 1 cm e/ou esvaecimento cervical de 80% 4.9- CRITÉRIO DE ALTA: - Na ocorrência do parto: • Mínimo de 24 horas após o parto se boas condições clínicas • Seguir protocolos de puerpério • Sinais vitais estáveis • Ausência de febre, leucocitose (> 20 mil com desvio) ou critérios de sepse • Tendo recebido imunoglobulina anti-Rh se necessário • Após tratamento de sífilis se necessário. - Quando o trabalho de parto for inibido: • 24 horas sem tocólise e sem contrações. REFERÊNCIAS. 1. Nunes GC, Colvero MO. Efeitos do corticoide antenatal em prematuros de muito baixo peso. Resid Pediatra.;9(1):29-35 DOI:10.25060/residpediatr-2019.v9n1-06, 2019. 2. ALSO- Advanced Life Suport in Obstetrics, 2018. The American Academy Of Physicians. Trabalho de parto prematuro e rotura prematura de membranas ovulares, 2018. 3. WHO recommendations: intrapartum care for a positive childbirth experience. ISBN 978-92-4-155021-5, 2018. 4. Souza E, Fava JL, Musiello RB, Camano L. Trabalho de parto prematuro: uso racional da tocólise. São Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO); 2018. (Protocolo FEBRASGO - Obstetrícia, no. 29/ Comissão Nacional Especializada em Perinatologia), 2018. 5. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Diretrizes Nacionais de Assistência ao parto Normal, 2017. 6. Nunes GC, Colveiro MO. Efeitos do corticóide antenatal em prematuros de muito baixo peso. Sociedade Brasileira de Pediatria, 2017. 5- PROFILAXIA DE DOENÇA ESTREPTOCÓCICA NEONATAL Danielle Leal de Oliveira Marília Gabriela Queiroz da Luz Paulo Henrique Seabra de Farias 5.1- INTRODUÇÃO - A infecção ocorre no momento do parto, por via ascendente, da vagina de mães colonizadas. - O reservatório primário é o trato gastrointestinal e geniturinário. A colonização pode ser transitória, intermitente ou persistente. - É preconizada coleta de cultura vaginal-retal de todas as gestantes entre 35 e 37 semanas de gestação para a detecção de colonização e identificação das gestantes que devem receber profilaxia antibiótica intraparto. - A infecção neonatal por estreptococo do grupo B (GBS) pode ser precoce ou tardia. A forma precoce é a mais frequente, ocorre nos primeiros7 dias de vida. - As manifestações clínicas são desconforto respiratório, apnéia, sinais de sepse que se iniciam nas primeiras 24 horas de vida e podem evoluir para óbito em 48 horas. 5.2- OBJETIVO - Prevenir sepse precoce por GBS ou Estreptococo agalactiae - Reduzir morbidade e mortalidade por sepse neonatal - Não aumentar as taxas de resistência bacteriana do paciente e do hospital. 5.3- INDICAÇÕES PARA ANTIBIÓTICO-PROFILAXIA - Recém-nascido prévio com doença invasiva por EGB; - Bacteriúria pelo EGB em qualquer trimestre da gestação atual; - Cultura de rastreio positiva para EGB na gestação atual; - Trabalho de parto em gestação < 37 semanas; - Ruptura das membranas ovulares ≥ 18 horas; - Temperatura materna intraparto ≥ a 38º C; - Observação: Mulheres com rastreamento para EGB negativo ao redor de 5 semanas antes do parto não necessitam de profilaxia intraparto, mesmo apresentando fatores de risco (Idade gestacional < 37 semanas, duração da ruptura de membranas > de 18horas ou T> de 38ºC) 5.4- COLETA DE SWAB 5.4.1- Responsabilidade de coleta de swab: MEDICO DO PRÉ-NATAL 5.4.2- Descrição da coleta de material para cultura de Streptococcus agalactiae (Estreptococo Grupo B ou GBS): - A coleta deve ser realizada obrigatoriamente entre a 35ª e a 37ª semanas de gestação ou a critério médico. - Para coleta de material em grávida, é necessário não tomar banho ou evacuar até o momento da coleta. Se tiver tomado banho ou evacuado pela manhã, é possível coletar o material no final da tarde. - Fazer inicialmente um swab no intróito vaginal sem utilização de espéculo. A amostra deverá ser colhida da vagina inferior, introduzindo o swab por cerca de 2 cm, fazendo movimentos giratórios por toda a circunferência da parede vaginal. - Fazer posteriormente um swab anal introduzindo levemente (em torno de 0,5 cm) no esfíncter anal (usa-se o mesmo swab para a vagina e ânus). - Identificar os meios de transporte com os respectivos locais de coleta (vaginal e anal). - Enviar o material para o laboratório - Laboratório realiza a semeadura em meio próprio - Laboratório envia resultado para prontuário / MV com uma cópia para ACIH - Indicações para coleta do swab em pacientes internadas: gestantes entre 35 e 37 semanas, com fatores de risco para parto prematuro e que não tenham coletado no pré-natal. - Fatores de risco para parto prematuro: • Parto prematuro espontâneo em gestação anterior; • Gemelidade; • Sangramentos persistentes de segundo trimestre; • Colo curto (<20mm); • Amniorrexe prematura; • Contrações uterinas capazes de modificar o colo uterino. 5.5- ANTIBIOTICOPROFILAXIA - RESPONSABILIDADE: MÉDICO • A Antibioticoprofilaxia deve ser introduzida no início do trabalho de parto e mantida até o momento do nascimento conforme quadro 3 PACOTE DE ANTIBIOTICOPROFILAXIA PRIMEIRA ESCOLHA ALTERNATIVA ALÉRGICOS EGB Resistente Penicilina G: 5.000.000UI IV dose de ataque + 2.500.000 IV de 4/4 horas até o parto Ampicilina: 2g IV dose de ataque + 1g IV de 4/4 horas até o parto Eritromicina: 500mg IV de 6/6 horas Clindamicina: 900mg IV de 8/8 horas Vancomicina: 1g IV de 12/12 horas Quadro 3- Antibioticoprofilaxia para estrepitoso do grupo B REFERÊNCIAS 1. Galletta MAK. Rotura prematura das membranas ovulares: protocolo clínico. São Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO); 2018. (Protocolo FEBRASGO - Obstetrícia, no. 30/ Comissão Nacional Especializada em Assistência Pré-Natal), 2018. 2. Machado CGE et al. Rotura prematura de membranas ovulares. MEAC — Maternidade Escola Assis Chateaubriant, 2018. 3. ALSO- Advanced Life Suport in Obstetrics, 2018. The American Acadey Of Physicians. Trabalho de parto prematuro e rotura prematura de membranas ovulares, 2018. 4. ALSO- Advanced Life Suport in Obstetrics, 2018. The American Acadey Of Physicians. Vigilância fetal intraparto, 2018. 6- PARTOGRAMA Luiza Renata Pinto Bentes Marília Gabriela Queiroz da Luz 6.1- INTRODUÇÃO - Definição: “É a representação gráfica do trabalho de parto que permite acompanhar sua evolução, documentar, diagnosticar alterações e indicar a tomada de condutas apropriadas para a correção destes desvios, ajudando ainda a evitar intervenções desnecessárias”. - É importante documento de defesa profissional - Deve ser preenchido a cada avaliação durante o trabalho de parto, jamais protelando o preenchimento para o período pós-parto - Iniciar registro na fase ativa do trabalho de parto • Até 4 cm não considerar fase ativa mesmo diante de contrações; • Entre 4 e 6 cm considerar fase ativa se duas contrações fortes em 10 minutos; • A partir de 6 cm com contrações regulares. 6.2- CONSTRUÇÃO DO PARTOGRAMA 6.2.1- Iniciar registro na fase ativa do trabalho de parto: - A dilatação é representada por triângulo e a descida da apresentação por um círculo; - Linha de alerta: traçado angulado em 45º iniciado logo após o registro da dilatação; - Linha de ação: traçado angulado em 45º iniciado 4 horas após a linha de alerta; - As linhas de alerta e de ação são paralelas entre si; - As contrações são representadas por: • X: FRACA < 20 SEGUNDOS • TRIÂNGULO: MODERADA: 20- 40 SEGUNDOS • QUADRADO: FORTE: > 40 SEGUNDOS - Anotar eventuais medicamentos e outras intervenções realizadas 6.2.2- Periodicidade das avaliações: - Toque vaginal: a cada 2 horas ou mais; - Dinâmica uterina: a cada hora; - BCF: a cada 30 minutos ou menos; - 1 quadrado = 1 cm = 1 hora 6.3- DIAGNÓSTICO DE DISTÓCIA. - O quadro 4 demonstra as distócias conforme período do trabalho de parto; - A figura 1 demonstra o registro de um parto eutócico; - As figuras 2, 3, 4, 5 e 6 demonstram as distócias diagnosticadas pelo partograma, assim como as possíveis causas e intervenções necessárias. DISTÓCIAS DIAGNOSTICADAS PELO PARTOGRAMA Período do parto Distócias diagnosticadas Dilatação - Fase ativa prolongada - Parada secundária da dilatação - Parto preciptado Pélvico - Período pélvico prolongado - Parada secundária da descida Quadro 4 - Distócias diagnosticadas pelo partograma. Fonte: SOGIMIG — Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais. Cursos de emergências obstétricas, Partograma. Disponível em: http://www.sogimig.org.br/wp- content/uploads/3-PARTOGRAMA-1-TEORICA-CEO-2018.pdf. Acessado em 06/07/2019. 6.4- EXEMPLOS DE PARTOGRAMA 6.4.1 – Parto eutócico Figura 1- Registro de partograma com parto eutócico Fonte: Ministério da Saúde, 2001. Dilatação cervical: triângulo Altura da apresentação: circunferência Variedade de posição (VP): Y Batimentos cardíacos fetais (BCF): ponto Contrações: FRACA: < 20 segundos ( X ) MODERADA: 20 – 40 segundos (triângulo) FORTE: > 40 segundos (quadrado) http://www.sogimig.org.br/wp-content/uploads/3-PARTOGRAMA-1-TEORICA-CEO-2018.pdf.%20Acessado%20em%2006/07/2019 http://www.sogimig.org.br/wp-content/uploads/3-PARTOGRAMA-1-TEORICA-CEO-2018.pdf.%20Acessado%20em%2006/07/2019 6.4.2 – Fase ativa prolongada ou distócia funcional Figura 2- Registro de partograma com fase ativa prolongada Fonte: Ministério da Saúde, 2001. 6.4.3 – Parada secundária de dilatação Figura 3- Registro de partograma com parada secundária de dilatação. Fonte: Ministério da Saúde, 2001. Caracteristicas: - Velocidade de dilatação < 1 cm/hora - A curva da dilatação ultrapassa a linha de alerta e, as vezes, a linha de ação. Causa - Em geral por contrações uterinas ineficientes. Tratamento - Inicialmente: deambulação. - Posteriormente: ocitocina ou amniotomia. Diagnóstico: - Mesma dilatação por 2 horas ou mais. - Ultrapassa a linha de alertae , às vezes, a linha de ação. - Associação frequente com SFA Causa - Desproporção céfalo-pélvica(DCP) absoluta - pólo cefálico maior que a bacia - macrossomicos, bacia desfavorável - Desproporção céfalo-pélcica relatica • apresentação defletidas ou occipto- posterior. • distócia de rotação Tratamento: DCP absoluta: cesárea DCP relativa: - 1ª escolha – amniotomia e/ou deambulatção - 2ª escolha – cesárea ou fórceps OBS.: a dilatação é mais lenta, em mulheres deitadas, nuliparas e com membranas integras. 6.4.4 – Parto precipitado ou taquitócico Figura 4- Registro de partograma com parto precipitado ou taquitócico. Fonte: Ministério da Saúde, 2001. 6.4.5 – Parto pélvico prolongado Figura 5- Registro de partograma com parto pélvico prolongado. Fonte: Ministério da Saúde, 2001. Diagnóstico: - Dilataçao cervical, descida e expulsão ocorrem em 4 horas ou menos. - Taquissistolia e hipersistolia. - Pode ocorrer sofrimento fetal e/ou lacerações do trajeto. Causa - Multiparidade - Iatrogênia: excesso de ocitocina Tratamento: - Decúbito lateral esquerdo (DLE) - Suspender a infusão de ocitocina - Atenção a vitalidade fetal - Revisão de canal do parto Diagnóstico: - Descida da apresentação excessivamente lenta , mesmo com dilatação completa Causa - Contratibilidade uterina deficiente Tratamento: - Administrar ocitocina - Rotura parcial da bolsadas águas - Fórceps, se indicado - Posição verticalizada da parturiente 6.4.6 – Parada secundária da descida Figura 6- Registro de partograma com parada secundária da descida. Fonte: Ministério da Saúde, 2001. REFERÊNCIAS 1. SOGIMIG — Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais. Cursos de emergências obstétricas, Partograma. Disponível em: http://www.sogimig.org.br/wp-content/uploads/3-PARTOGRAMA-1-TEORICA- CEO-2018.pdf. Acessado em 06/07/2019. 2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticos de Saúde. Área Técnica de Saúde da Mulher. Parto, aborto e puerpério: assistência humanizada à mulher/ Ministério da Saúde, Secretaria de Políticas de Saúde, Área Técnica da Mulher. – Brasília: Ministério da Saúde, 2001. Diagnóstico: - Cessação da descida, percebida por dois toques consecutivos, com intervalo de 1 hora ou mais estando a dilatação do colo uterinocompleta. Causa - Desproporção céfalo-pélvica absoluta; - Desproporção céfalo-pélvica relativa. Tratamento: - DCP absoluta: cesárea - DCP relativa: - 1ª escolha – amniotomia e/ou deambulatção - 2ª escolha – cesárea ou fórceps http://www.sogimig.org.br/wp-content/uploads/3-PARTOGRAMA-1-TEORICA-CEO-2018.pdf http://www.sogimig.org.br/wp-content/uploads/3-PARTOGRAMA-1-TEORICA-CEO-2018.pdf 7- ASSISTÊNCIA AO ABORTAMENTO Danielle Leal de Oliveira Mariana Gabriela Queiroz da Luz 7.1- DEFINIÇÃO: - Abortamento é a interrupção da gestação antes de 22 semanas de gestação ou peso fetal inferior a 500 g. 7.2-DIAGNÓSTICO - Recursos utilizados: • Anamnese e exame físico • Ultrassonografia • Beta-HCG (se necessário para diagnosticar gestação) SITUAÇÃO ACHADOS CLÍNICOS E COMPLEMENTARES Morte embrionária embrião maior que 5 mm sem atividade cardíaca. Gestação anembrionada maior que 18 mm sem evidências de tecido embrionário (vesícula vitelínica ou embrião) Aborto incompleto quando ha retenção parcial de tecidos ovulares. Abortamento completo eliminação completa dos tecidos ovulares. Abortamento séptico abortamento incompleto, associado a infecção ascendente. Abortamento inevitável sangramento na presença de dilatação cervical, indicando que a eliminação do concepto não pode ser evitada. Abortamento retido feto ou embrião morto há semanas, sem eliminação do produto da concepção. Ameaça de aborto sangramento antes de 20 semanas na presença de embrião ou feto com atividade cardíaca e colo fechado. Quadro 5- Achados clínicos e complementares conforme tipo de abortamento 7.3- -MANEJO - O quadro 6 apresenta orientações sobre o manejo do aborto conforme situação clínica Quadro 6- Manejo conforme tipo de abortamento *Expectante: - Paciente liberada para o domicílio - Orientada a retornar caso aumente o sangramento ou apareçam novos sintomas - Retorna para reavaliação ultrassonográfica **Antibioticoterapia: - Clindamicina: 1200 mg endovenoso de 12/12 horas. - Gentamicina: 120 mg endovenoso de 12/ 12 horas. - Ampicilina: 1 g de 6/6 horas. *** Má resposta: febre, leucocitose (> 18 mil com desvio) ou critérios de sepse MANEJO CONFORME TIPO DE ABORTAMENTO Situação Conduta - Morte embrionária - Gestação anembrionada - Aborto incompleto SEM sangramento vultuoso Individualizar conduta conforme desejo da mulher • Expectante* • Misoprostol 600 µg em dose única, manter paciente em repouso por 30 minutos e liberar para o domicilio, orientando a retornar se febre, sangramento volumoso ou 14 dias. • AMIU - Aborto incompleto COM sangramento vultuoso • AMIU ou Curetagem - Abortamento completo • retorno a Unidade Básica de Saúde - Abortamento séptico • AMIU ou Curetagem • Antibioticoterapia**: iniciar com Clindamicina e gentamicina. Em casos graves ou com má resposta*** após 48 horas, associar à ampicilina • Se as medidas acima forem eficazes, dar alta após 24 horas sem febre e pelo menos 72 horas de antibioticoterapia. Não há necessidade de complementar esquema de antibiótico ambulatorialmente. • Se as medidas acima não forem eficazes após 72 horas de internação manter antibioticoterapia e realizar laparotomia com remoção do foco infeccioso, com histerectomia de necessário - Abortamento inevitável < 12 semanas - Abortamento retido < 12 semanas Individualizar conduta conforme desejo da mulher • expectante • Misoprostol 600 µg em dose única, manter paciente em repouso por 30 minutos e liberar para o domicilio, orientando a retornar se febre, sangramento volumoso ou 14 dias. • AMIU ou Curetagem - Abortamento inevitável > 12 semanas - Abortamento retido < 12 semanas • Misoprostol conforme quadro 3 seguido de AMIU ou Curetagem - Ameaça de aborto • A conduta é expectante • Não há indicação de internação hospitalar, mesmo na presença de hematoma retroplacentário. • Não há conduta médica a ser tomada para alterar a evolução ou não de um quadro de abortamento espontâneo, nem mesmo uso de progesteronas, relaxante muscular ou vitaminas 7.4- OUTRAS CONDUTAS COMUNS A TODOS OS TIPOS DE ABORTAMENTO: - Solicitar exame anatomopatológico do material curetado ou aspirado em três vias. - Solicitar tipagem sanguínea, VDRL e hemograma. - Se Rh negativo, aplicar imunoglobulina anti Rh. - Na alta: prescrever analgésico, método anticoncepcional conforme preferência da paciente, orientar sobre o resultado do exame anatomopatológico e a retornar a Unidade Básica de Saúde. - Profilaxia ambulatorial após abortamento: 100mg de doxiciclina via oral duas vezes ao dia por três dias 7.5- ORIENTAÇÃO - A paciente deverá eliminar o feto preferencialmente no PPP. Sempre com assistência médica e com sua privacidade preservada. - Nos casos em que a eliminação do concepto ocorrer em outros ambientes do hospital a equipe local deverá tranquilizar a família e a paciente, prestar os primeiros atendimentos e transferir com segurança ao Centro Obstétrico. 7.6- CRITÉRIOS PARA PARA INTERNAÇÃO - Abortamento legal - Quando indicar AMIU, curetagem ou laparotomia 7.7- CRITÉRIOS PARA ALTA - Sinais vitais estáveis - Ausência de febre, leucocitose (> 20 mil com desvio) ou critérios de sepse - Tendo recebido imunoglobulina anti-Rh se necessário - Após condutas para correção de anemia se necessário - Após tratamento de sífilis se necessário. - 12 horas após curetagem e 2 horas após AMIU. REFERÊNCIAS. 1. ALSO- Advanced Life Suport in Obstetrics, 2018.The American Acadey Of Physicians. Complicates do Primeiro Trimestre, 2018. 2. Moras Filho OB. Aborto: classificação, diagnóstico e conduta. São Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO); 2018. (Protocolo FEBRASGO - Obstetrícia, nº 21/ Comissão Nacional Especializada em Assistência Pré-Natal), 2018. 3. IMIP—Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira. Manual de condutas do IMIP: emergências em obstetrícia, 2017. 4. FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ. Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira. Método de Aspiração Manual Intrauterina - AMIU: quando e como fazer. Rio de Janeiro, 2018 8- DOENÇA TROFOBLÁSTICA GESTACIONAL Gislânia Ponte Francês Brito Marília Gabriela Queiroz da Luz 8.1- INTRODUÇÃO - Doença trofoblástica gestacional pode ser definida como uma anomalia proliferativa que acomete as células que compõem o tecido trofoblástico placentário, cito e sinciciotrofoblasto - Principal marcador biológico: todas as formas clínicas tem em comum a produção de fragmento beta da gonadotrofina na coriônica humana (Beta-hCG ou BhCG) 8.2- TIPOS HISTOLÓGICOS. - Mola hidatiforme completa (MHC) - Mola hidatiforme parcial (MHP) - Mola hidatiforme invasora (MHI) - Coriocarcinoma (CCA) - Tumor trofoblástico do sítio placentário (TTSP) e tumor - Tumor Trofoblástico epitelioide (TTE). 8.3- MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS. - Inicialmente há atraso menstrual; - Sangramento transvaginal de repetição e intensidade variável mimetizando abortamento; - Útero aumentado de volume para a idade gestacional; - Náuseas e vômitos; - Sinais de hipertireoidismo; - Sinais de pré-eclâmpsia antes da 20ª semana de gestação; - Eliminação de vesículas hidrópicas pela vagina, de entremeio com o sangue. 8.4- DIAGNÓSTICO. 8.4.1- Diagnósticos de suspeição: atualmente a crescente disponibilidade da ultrassonografia a (US) e da dosagem do Beta-hCG sérico tem permitido diagnósticos de suspeição mais precoces de DTG, muitas vezes antes das manifestações clínicas. 8.4.2- Diagnóstico definitivo:ocorre pelo exame histopatológico ou pela persistência de Beta-hCG positivo por período superior a 4 semanas após esvaziamento uterino. 8.4.3- Neoplasia trofoblástica gestacional: - Diagnosticada pelo histopatológico evidenciando CCA, TTSP ou TTE ou pela - Curva de regressão anormal do Beta-hCG: • Curva em platô: quatro valores ou mais do Beta-hCG com variação menor que 10%, por pelo menos três semanas consecutivas (1º, 7º, 14º e 21º dia) ou • Curva em elevação: aumento do valor do Beta-hCG em 10% ou mais, por pelo menos duas semanas consecutivas (1º, 7º e 14º dia), indica curva em ascensão 8.5- MANEJO NA PACIENTE INTERNADA 8.5.1- Urgência e Emergência Obstétrica: 8.5.1.1- Mola completa ou Mola parcial (MHP) sem feto ou embrião visibilizado ao USG ou ainda mola parcial com embrião em óbito - Solicitar Beta-hCG quantitativo, RX de tórax, hemograma e ABO/RH; - Como pedir beta-HCG: “Beta-hCG quantitativo com diluição da amostra e valor exato”; - Fazer reserva ou pedido de concentrado de hemácias; - Encaminhar ao Centro Obstétrico (C.O.) quando o jejum estiver completo ou imediatamente se instabilidade hemodinâmica (Neste caso solicitar hemoderivados, Gasometria, Coagulograma e realizar condutas de estabilização imediatamente); - Realizar esvaziamento uterino com método aspirativo: • AMIU se volume uterino menor que 12 semanas e colo uterino com dilatação menor ou igual 1 cm; • Aspiração elétrica nos demais casos. 8.5.1.2- “Mola parcial” com feto morto ou sabidamente mal-formado - Solicitar Beta-hCG quantitativo, RX de tórax, hemograma e ABO/RH; - Deixar USG pré-esvaziamento no prontuário; - Fazer reserva ou pedido de concentrado de hemácias; - Encaminhar à enfermaria para induzir parto com misoprostol ou ocitocina; - Após eliminação do feto, encaminhar ao C.O. para esvaziamento 8.5.1.3- “Mola parcial” com feto ou embrião vivo - Diagnóstico diferencial: • Gestação gemelar, sendo mola completa associada a feto viável não malformado; • Degeneração mesenquimatosa de placenta; • Solicitar BHCG quantitativo, RX de tórax com proteção abdominal, VDRL, hemograma e ABO/RH; • Solicitar USG morfológico do 1º ou 2° Trimestre ; • Encaminhar à enfermaria; • Pesquisa de malformações: USG, RNM e cariótipo (se disponível) • Pesquisa de metástase pulmonar (mensal) • Curva do Beta-hCG (semanal) • Solicitar parecer do responsável pelo ambulatório de mola - Interromper gestação se: • Óbito fetal ou malformações incompatíveis com a vida • Cariótipo = mola parcial • Risco de vida materno: metástases ou outras complicações, individualizar conduta e discutir o caso com a paciente e seu cônjuge. • Gravidez normal com antecedente de DTG e indicação de interrupção de gravidez 8.5.2- Centro Cirurgico Obstétrico - Esvaziamento uterino com aspiração enviando material para histopatológico; - Pacientes com feto morto ou malformado devem primeiramente expelir o feto, podendo ser usado misoprostol ou ocitocina; - Estar sempre atento ao risco de choque hipovolêmico, tromboembolismo e CIVD, realizando as medidas preventivas e terapêuticas em cada caso. Seguir protocolos específicos; - Após o esvaziamento a paciente deve ser encaminhada para a enfermaria. 8.5.3- Enfermaria - Atentar para risco de hemorragia; - Corrigir anemia se necessário; - Orientações no sumário de alta: escrever o método contraceptivo receitado, orientar que pegue os resultados de BHCG quantitativo e histopatológico no laboratório; - Se o resultado de Beta-hCG quantitativo já estiver no prontuário, anotar no sumário de alta; - Se paciente RH negativo com coombs indireto negativo prescrever Imunoglobulina anti-RH 300 mcg IM; - Prescrever anticoncepcional se não houver contra-indicações; - Encaminhar ao ambulatório de mola na alta. 8.5.4- Vigilância Biológica Ambulatorial. - No ambulatório de mola as pacientes serão seguidas com a seguinte periodicidade de exames de beta-HCG - Os exames de Raio X de tórax e ultrassonografia auxiliam a identificar complicações da doenças e no estadiamento de NTG - Pacientes com diagnóstico de NTG devem ser estadiadas conforme o quadro 7 e encaminhadas para a quimioterapia. • Estadios I, II, ou III com escore de risco < 7: ▪ Pacientes de baixo risco; ▪ tratadas inicialmente com agente único, metotrexato (MTX) ou actinomicina D (ACTD) • Estadio IV ou Escore de risco > 7: ▪ Pacientes de alto risco ▪ Tratadas com poliquimioterapia: ▪ Primeira opção: EMA / CO (etoposídeo, MTX, ACTD na fase 1 e ciclofosfamida e vincristina na fase 2) ▪ Segunda opção: EP / EMA modificado (etoposídeo e cisplatina na fase 1 e etoposídeo, MTX e ACTD na fase 2) 8.6- CRITÉRIO DE INTERNAÇÃO PARA ESVAZIAMENTO UTERINO - Ultrassonografia sugestiva de DTG e Beta-HCG positivo. 8.7- CRITÉRIO DE ALTA APÓS ESVAZIAMENTO UTERINO - Mínimo de 2 horas após esvaziamento uterino; - Sinais vitais estáveis; - Ausência de febre, leucocitose (> 20 mil com desvio) ou critérios de sepse; - Tendo recebido imunoglobulina anti-Rh se necessário; - Após tratamento de sífilis se necessário; - A presença de mola invasora no ultra-som não impede a alta. Quadro 7 – Estadiamento de pacientes com NTG. Fonte: FIGO — International Federation of Gynecology and Obstetrics. FIGO staging for gestational trophoblastic neoplasia 2000. FIGO Oncology Committee. Int J Gynaecol Obstet, 2002. REFERÊNCIAS 1. Braga A, Sun SY, Maestá I, Uberti E. Doença trofoblástica gestacional. São Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo); 2018. (Protocolo Febrasgo – Obstetrícia, nº 23/ Comissão Nacional Especializada em Doença Trofoblástica Gestacional), 2018. 2. FIGO — International Federation of Gynecology and Obstetrics. FIGO staging for gestational trophoblastic neoplasia 2000. FIGO Oncology Committee. Int JGynaecol Obstet, 2002. ESTADIAMENTO DE PACIENTES COM NTG Estadiamento: Estádio I: Doença restrita ao corpo do útero Estádio II: NTG em pelve, vagina, anexos, ligamento largo Estádio III: NTG com extensão para os pulmões, com ou sem envolvimento genital Estádio IV: Todos os outros locais de metástases ESCORE DE RISCO PONTUAÇÃO 0 1 2 4 Idade (anos) < 40 > 40 ———— ———— Gestação anterior mola aborto termo ———— Intervalo (meses) entre gestação antecedente e NTG < 4 4 - 6 7 - 12 > 12 Beta-hCG (UI/L) pré-tratamento NTG < 102 103 - 104 104 - 105 > 105 Maior tumor (cm), incluindo útero ———— 3 - 4 > 5 ———— Sítio de metástases Nº. de metástases ———— Baço ou Rim 1 - 4 Gastrointestinal 5-8 Cérebro ou Fígado > 8 Falha da QT ———— ———— Agente único 2 ou mais agentes 9- ABORTO LEGAL Luiza Helena Tavares Lobato Luiza Renata Pinto Bentes Marília Gabriela Queiroz da Luz 9.1- INTRODUÇÃO 9.1.1- Aborto é permitido no Brasil apenas em três casos - Gravidez de risco à vida da gestante - Gravidez resultante de violência sexual - Anencefalia fetal 9.1.1.1- Casos de risco de vida a mulher - É necessário laudo com a opinião de dois médicos ou médicas, incluindo especialista na doença que coloca em risco a vida da mulher. O laudo deve conter uma descrição detalhada do quadro clínico e o seu impacto na saúde da mulher gestante, baseando a recomendação de aborto em evidências científicas. - TCLE— termo de consentimento livre e esclarecido 9.1.1.2- Casos de violência sexual - O aborto é permitido até a 20ª semana de gestação, podendo ser estendido até 22 semanas, desde que o feto tenha menos de 500 gramas - O Boletim de Ocorrência Policial não é necessário para realizar o procedimento - É necessário documento no qual a mulher opta pelo aborto e se responsabiliza pelos fatos narrados à equipe médica enquanto verdadeiros (TCLE— termo de consentimento livre e esclarecido). - É necessário um parecer técnico do/a médico/a assistente que ateste a compatibilidade da idade gestacional com a data da violência sexual (Portaria MS/GM n° 1.508/2005 do Ministério da Saúde) 9.1.1.3- Casos de anencefalia - É necessário ultrassonografia com diagnóstico da anencefalia assinado por dois médicos ou médicas - É necessário documento contendo o consentimento da gestante - (Resolução nº 1.989/2012, do Conselho Federal de Medicina) 9.1.2- A atenção ao abortamento deve se apoiar em três pilares - Primeiro - Acolher e orientar - Segundo - Atenção clínica ao abortamento - Terceiro - Planejamento reprodutivo pós-abortamento 9.1.3- Acolher e orientar 9.1.3.1- Acolhimento - Paciente atendida por equipe multidisciplinar de maneira digna e respeitosa conforme quadro 8; - Garantir a privacidade no atendimento e a confidencialidade das informações; - A equipe deve aceitar a decisão da paciente e orientá-la sem tentar induzir sua decisão. 9.1.3.2- Orientações mínimas - A realização do aborto nos casos de risco de vida a gestante, violência sexual ou anencefalia fetal não depende de decisão judicial; - Em qualquer situação cabe a mulher decidir se deseja realizar o procedimento, - Nos casos de adolescentes, a vontade da paciente deve ser respeitada caso sua família opte pela realização do aborto e a adolescente não. Por outro lado, se a adolescente escolher pela interrupção da gravidez e a família não, tal situação deverá submeter-se ao judiciário por meio do Conselho Tutelar, Defensoria Pública ou Ministério Público; - Não há idade gestacional máxima para a realização do aborto nos casos de risco à vida da mulher. No entanto, quanto mais cedo for realizado o aborto, menores serão os riscos para a mulher. 9.2- ATENÇÃO CLÍNICA AO ABORTAMENTO 9.2.1- A decisão médica - Apesar do abortamento eletivo previsto em lei ser um procedimento eletivo deve- se protelar o menor tempo possível; - O médico que tiver objeção de consciência deverá de realizar a adequada transferência de cuidados da paciente. 9.2.2- A decisão da paciente - A decisão deverá ser tomada após todos os esclarecimentos necessários e registrada em prontuário com o termo de consentimento livre e esclarecido para aborto legal; - É necessário consentimento por escrito da mulher e/ou do representante legal para a realização do aborto nos casos previstos em lei, o qual será anexado ao prontuário médico; - Em caso de adolescentes (menores de 18 anos), é necessária a autorização de um dos pais ou do responsável, excluindo-se as situações em que haja urgência no atendimento, como nos casos em que há risco de vida iminente. 9.3- PROCEDIMENTOS PARA INTERROMPER A GESTAÇÃO - Seguir protocolo específico de abortamento e de indução do abortamento; - Em qualquer técnica utilizada, sempre promover o alívio da dor; - O material biológico coletado é armazenado e encaminhado ao necrotério, o qual ficará com a guarda até liberação para IML. EQUIPE MULTIDISCIPLINAR PROFISSIONAL ATRIBUIÇÕES Enfermeiro (a) • Acolhimento e escuta; • Classificação de risco; • Teste rápido de HIV após assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. Assistente social • Escuta e registra a história; • Preenche a NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA; • Orienta sobre a rotina hospitalar; • Orienta sobre o direito da paciente de acesso ao Pré-Natal, no caso de continuidade da gestação; • Realiza encaminhamentos específicos, quando a usuária opta em deixar o RN para doação voluntária; • Realiza as articulações e encaminhamentos à Rede de Serviços Sócio Assistenciais. Psicólogo (a) • Acolhe com empatia os sentimentos e emoções vivenciados pela usuária; • Informa e orienta sobre todas as etapas do atendimento; • também pode preenche a NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA; • Estimula o registro da ocorrência policial e a realização de perícia; • Esclarece e incentiva a adesão da usuária à continuidade do atendimento em saúde; • Respeita a sua autonomia, acatando uma eventual recusa de algum procedimento; • Orienta o familiar a observar mudanças de comportamentos, eventuais sintomas e/ou sinais que deflagrem depressão, ansiedade, crise de pânico, estresse pós traumático; • Registra a Violência no Livro do Psicossocial de “Registro de Violência Sexual e Aborto Legal” para fins estastísticos; • Encaminha à rede assistencial para continuidade do acompanhamento psicológico; • Nos casos de Aborto Legal, no acolhimento psicossocial será preenchido os formulários de solicitação de interrupção de gravidez resultante do estupro e termo de consentimento livre e esclarecido. Médico • Realiza anamnese, exame clínico e ginecológico; • Solicita exames complementares: Laboratório e Imagem; • Determina a idade gestacional, constata o efeito causal e determina a indicação ou não do aborto legal; • Encaminha para medicação ou internação. Técnico de enfermagem • recebe a paciente para profilaxia cordialmente; • Verifica os sinais vitais; • Administra as medicações prescritas; • Esclarece os possíveis efeitos colaterais; • Aciona o laboratório quando necessário; • Encaminha para exames de imagem, se necessário; • Reforça a importância da continuidade do atendimento na rede de saúde. Quadro 8- Atribuições de profissionais da equipe multidisciplinar no atendimento a mulher vítima de violência sexual 9.4- PLANEJAMENTO REPRODUTIVO APÓS ABORTAMENTO - Discutir com a mulher sobre suas intenções reprodutivas; - Oferecer os métodos contraceptivos disponíveis; - Orientando sobre continuidade do cuidado em serviços de atenção básica. 9.5- CRITÉRIOS PARA PARA INTERNAÇÃO - Todo caso de abortamento legal. 9.7- CRITÉRIOS PARA ALTA - Sinais vitais estáveis; - Ausência de febre, leucocitose (> 20 mil com desvio) ou critérios de sepse; - Tendo recebido imunoglobulina anti-Rh se necessário; - Após condutas para correção de anemia se necessário; - Apóstratamento de sífilis se necessário; - 12 horas após curetagem e 2 horas após AMIU. REFERÊNCIAS 1. Defensoria Pública do Estado de São Paulo. Direitos Reprodutivos: Aborto Legal. Núcleo Especializado de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher da Defensoria Pública do Estado de São Paulo, 2018. 2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Atenção humanizada ao abortamento: norma técnica / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Área Técnica de Saúde da Mulher. – 2. ed., 2. reimp – Brasília : Ministério da Saúde, 2014. 3. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas Prevenção e tratamento dos agravos resultantes da violência sexual contra mulheres e adolescentes : norma técnica / Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – 3. ed. atual. e ampl., 2. reimpr. – Brasília : Ministério da Saúde, 2014. 4. CFM — Conselho Federal de Medicina. Resolução nº 1.989/2012 5. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria MS/GM n° 1.508/2005 do Ministério da Saúde, 2005 10- VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA A MULHER Luiza Helena Tavares Lobato Luiza Renata Pinto Bentes Marília Gabriela Queiroz da Luz 10.1- INTRODUÇÃO - A Organização Mundial da Saúde (OMS, 2002) define violência como o “uso intencional de força física ou do poder, real ou em ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade que resulte ou tenha possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação”. 10.2- MANEJO INICIAL POR EQUIPE MULTIDISCIPLINAR 10.2.1- Orientações gerais - Atendimento realizado por equipe multidisciplinar - quadro 9; - Acolhimento em ambiente reservado, respeitoso, digno e solidário; - Não há necessidade de Boletim de Ocorrência para o atendimento de vítimas de violência sexual, mas a mulher deve ser orientada quanto a necessidade de perícia médica para coleta de possíveis evidência e sobre o direito a realizar denúncia na delegacia da mulher; - Apoio social e psicológico devem ser oferecidos a todos os atores envolvidos nessa situação (ex.: companheiro, pai, mãe, filhos, etc.); - Nos casos de violência sexual contra crianças e adolescentes: é dever do médico comunicar aos pais da vítima de estupro. EQUIPE MULTIDISCIPLINAR Profissional Atribuições Enfermeiro • Acolhimento e escuta; • Classificação de risco; • Teste rápido de HIV após assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. Assistente social • Escuta e registra a história; • Preenche a NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA; • Orienta sobre a rotina hospitalar; • Informa sobre a possibilidade de realizar do Aborto Legal; • Orienta sobre o direito da paciente de acesso ao Pré-Natal, no caso de continuidade da gestação; • Realiza encaminhamentos específicos, quando a usuária opta em deixar o RN para doação voluntária; • Realiza as articulações e encaminhamentos à Rede de Serviços Sócio Assistenciais. EQUIPE MULTIDISCIPLINAR (continuação) Profissional Atribuições Psicólogo • Acolhe com empatia os sentimentos e emoções vivenciados pela usuária; • Informa e orienta sobre todas as etapas do atendimento; • Também pode preenche a NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA; • Estimula o registro da ocorrência policial e a realização de perícia; • Esclarece e incentiva a adesão da usuária à continuidade do atendimento em saúde; • Respeita a sua autonomia, acatando uma eventual recusa de algum procedimento; • Orienta o familiar a observar mudanças de comportamentos, eventuais sintomas e/ou sinais que deflagrem depressão, ansiedade, crise de pânico, estresse pós traumático; • Registra a Violência no Livro do Psicossocial de “Registro de Violência Sexual e Aborto Legal” para fins estastísticos; • Encaminha à rede assistencial para continuidade do acompanhamento psicológico; • Nos casos de Aborto Legal, no acolhimento psicossocial será preenchido os formulários de solicitação de interrupção de gravidez resultante do estupro. Médico • Realiza anamnese, exame clínico e ginecológico; • Solicita exames complementares: Laboratório e Imagem; • Prescreve a anticoncepção de emergência hormonal; • Prescreve a profilaxia de IST não virais em mulheres adolescentes, adultas e gestantes ou não gestantes; • Prescreve antirretrovirais para HIV (1º Dose); • Encaminha ao CRIE para realizar imunoglobulina (Hepatite B); • Encaminha para CASA DIA (Belém) ou URE-DIPE (outros Municípios); • No caso de gravidez resultante do estupro: determina a idade gestacional, constata o efeito causal e determina a indicação ou não do aborto legal; • Encaminha para medicação ou internação. Técnico de enfermagem • recebe a paciente para profilaxia cordialmente; • Verifica os sinais vitais; • Administra as medicações prescritas; • Esclarece os possíveis efeitos colaterais; • Aciona o laboratório quando necessário; • Encaminha para exames de imagem, se necessário; • Reforça a importância da continuidade do atendimento na rede de saúde. Quadro 9- Atribuições de profissionais da equipe multidisciplinar no atendimento a mulher vítima de violência sexual 10.3- PROFILAXIA DE INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS E GESTAÇÃO INDESEJADA 10.3.1- Deve-se garantir: - Contracepção de emergência: conforme quadro 10; - Prevenção de infecções sexualmente transmissíveis: conforme quadro 11; - Seguimento ambulatorial após a alta conforme pactuação com Estado e Município. MÉTODOS DE ANTICONCEPÇÃO DE EMERGÊNCIA HORMONAL Método Dose Via Observação LEVONORGESTREL 0,75 mg de levonorgestrel por comprimido Oral 2 comprimidos dose única Oral 1 comprimido de 12/12 horas Quadro 10 – Métodos de Anticoncepção de Emergência Hormonal. Fonte: Brasil. Ministério da Saúde. Norma Técnica Prevenção e Tratamento dos Agravos Resultantes da Violência Sexual Contra Mulheres e Adolescentes, 2014. PROFILAXIA DAS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS EM ADULTOS E ADOLESCENTES COM MAIS DE 45 KG NÃO GESTANTES Medicação Apresentação Via Posologia Adultos e adolescentes > 45 Kg Criança e adolescentes < 45 Kg Penicilina G benzatina 1,2 milhão UI IM* 2,4 milhões UI (1,2 milhão em cada glúteo), dose única 50.000 UI/kg, dose única (dose máxima total: 2,4 milhões UI) Ceftriaxona 500mg IM* 500mg, dose única 125mg dose única Azitromicina 500mg Ora l 02 comprimidos, dose única 20mg/kg de peso, dose única (dose máxima total 1g) Metronidazol 500mg Ora l 04 comprimidos, dose única 15 mg/kg/dia, divididos em 3 doses/dia, por 7 dias (dose diária máxima: 2g) Vacina anti- hepatite B ————— IM* 0, 1 e 6 meses após a violência sexual 0, 1 e 6 meses após a violência sexual Imunoglobulina anti-hepatite B ————— IM* dose única (realizada no CRIE — Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais) dose única (realizada no CRIE — Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais) Quadro 11 – Profilaxia das infecções sexualmente transmissíveis em Adultos e Adolescentes com mais de 45 Kg não Gestantes Fonte: Brasil. Ministério da Saúde. Norma Técnica Prevenção e Tratamento dos Agravos Resultantes da Violência Sexual Contra Mulheres e Adolescentes, 2019. *IM: intramuscular 10.3.2- Quimioprofilaxia antirretroviral (ARV) para o HIV: - Deve ser considerada uma emergência e iniciada imediatamente após a violência, ainda nas primeiras 24 horas; - O esquema deve ser mantido sem interrupção por quatro semanas consecutivas; - Realizar esquema conforme quadro 12. - Recomendada em todos os casos de: - penetração vaginal e/ou anal nas primeiras 72 horas após a violência, inclusive se o status sorológico do agressor for desconhecido. Solicitar apoio do infectologista. - Não recomendada:
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