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BIOQUÍMICA 
CLÍNICA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 > Identificar as doenças hepáticas e os diagnósticos bioquímicos diferenciais.
 > Diferenciar os marcadores hepáticos e as reações bioquímicas correspon-
dentes.
 > Interpretar testes laboratoriais da função hepática.
Introdução
Com múltiplas funções, o fígado é um órgão vital que participa do metabolismo 
de aminoácidos, glicídios, carboidratos, hormônios, colesterol e bilirrubinas, além 
de atuar na eliminação de toxinas e na metabolização de fármacos. Ele também 
atua como reservatório de vitaminas, bile e ferro, e desempenha a importante 
função de síntese de proteínas plasmáticas, albuminas, globulinas e fatores de 
coagulação. Disfunções ou lesões nesse órgão causam inflamação, fibrose e 
podem levar a carcinogênese.
Para monitorar o estado do fígado, avalia-se um conjunto de marcadores 
(proteínas ou enzimas) que representam a qualidade e a eficiência dos processos 
metabólicos pelos quais ele é responsável. A partir desses resultados, é possível 
classificar as lesões e identificar a porção do órgão acometido, o que permite 
diagnosticar doenças hepatocelulares ou colestáticas.
Neste capítulo, você vai conhecer as doenças hepáticas, os diagnósticos dife-
renciais e os principais marcadores bioquímicos utilizados para avaliar a função 
hepática. Além disso, abordaremos as reações bioquímicas envolvidas no surgimento 
das hepatopatias e a interpretação dos exames laboratoriais do perfil hepático.
Marcadores 
hepáticos
Camila Batista de Oliveira Silva Rossi
Avaliação do perfil hepático
Para compreender os marcadores hepáticos e a importância da correta ava-
liação bioquímica, é preciso estudar alguns temas importantes, como as 
características básicas do funcionamento do fígado e o modo como ocorrem 
as lesões ou desbalanços no seu metabolismo, que resultam em doenças 
de perfil inflamatório agudo ou crônico, cuja gravidade evolui conforme o 
timing no diagnóstico.
Fígado: importância clínica
Maior órgão do corpo humano, o fígado representa de 2,5 a 4,5% da massa 
corporal e pesa em média 1.500 gramas. Quanto à sua composição tecidual, 
os hepatócitos são as menores unidades funcionais do fígado, constituindo 
aproximadamente dois terços de toda a sua massa (SOLHI et al., 2021).
A importância clínica do fígado é imensurável, seja por sua capacidade 
metabólica, seja pela biotransformação de fármacos e toxinas. Além disso, o 
fígado participa da degradação da hemoglobina, por meio da transformação 
do grupo heme em bilirrubina, excretando-a, por fim, na forma de bile (SOLHI 
et al., 2021).
Frente ao mau funcionamento desse órgão, alguns sintomas podem ser 
apresentados; porém, muitas alterações bioquímicas não são visíveis até 
o agravamento das lesões. Os principais sintomas que caracterizam uma 
doença hepática são icterícia, fadiga, náuseas, vômitos, anorexia, prurido, 
hepatomegalia, distensão abdominal, hemorragia intestinal, entre outros. 
Entretanto, isolados, são sintomas inespecíficos, devendo-se ressaltar a 
necessidade de um monitoramento regular dos marcadores de função hepática 
e da existência de hábitos positivos, como atividade física e alimentação 
balanceada (AMERICAN LIVER FOUNDATION, 2022).
Os principais causadores de lesão no fígado são as doenças virais e o 
uso abusivo de substâncias tóxicas (p. ex., drogas e álcool), bem como uma 
dieta rica em gordura. Uma característica única desse órgão é a capacidade 
regenerativa dos tecidos, ou seja, mesmo após dano tecidual, é possível 
recuperar a região, desde que identificada e removida sua causa, como, por 
exemplo, o uso excessivo de medicamentos ou injúrias causadas por infecções 
virais (SOLHI et al., 2021).
Marcadores hepáticos2
Diante de suspeita de lesão hepática, deve-se avaliar a história clínica do 
paciente, associada ao exame físico, a fim de identificar se existem fatores 
de risco prévios, como etilismo, doença familiar, diabetes, entre outros. 
Após isso, devem ser realizados testes bioquímicos (marcadores hepáticos) 
e imunológicos (presença de anticorpos e antígenos virais).
Patogênese das doenças hepáticas
A patogenia das doenças que afetam o fígado é conhecida, mas ainda não 
foi completamente explicada. Sabe-se que, quando há lesões no parênquima 
celular que são repetidas de forma constante, é impedida a ocorrência dos 
processos de reparo celular. Devido a isso, as lesões causam uma mudança 
tecidual, além de serem foco inflamatório (DONGIOVANNI; VALENTI, 2017).
Em relação à patogenia causada por vírus, destacam-se as hepatites 
(principalmente as dos tipos B e C), conhecidas por sua transmissão paren-
teral e causadoras de processos inflamatórios agudos e crônicos, podendo 
evoluir para casos graves, como a cirrose e o carcinoma hepatocelular. Ambas 
as fases (aguda ou crônica) elevam a produção dos marcadores hepáticos 
(COTRIM, 2022).
A patogenia das doenças hepáticas está muito associada à obesidade 
ou à dieta rica em gordura. Duas patologias graves são provenientes desse 
acúmulo descontrolado de gordura no corpo: a doença hepática gordurosa 
não alcoólica (DHNA) e a esteato-hepatite. Ambas são de grande relevância 
médica, pois há maior possibilidade de progressão e pior prognóstico (YOU-
NOSSI et al., 2016).
Um quadro clínico frequente no estudo das doenças do fígado é a pre-
sença de fibrose, que é causada pela cicatrização do tecido lesionado. Uma 
vez que o tecido normal sofre cicatrização, o fluxo sanguíneo nessa região 
é prejudicado, acarretando um quadro de insuficiência da função hepática. 
Esse evento é conhecido como “cirrose”, a partir da qual podem ser relatadas 
complicações graves, sendo a principal delas a carcinogênese (YOUNOSSI et 
al., 2016).
O acúmulo de gordura e as infecções virais são as principais causadoras 
de inflamação hepática, com consequente agravamento de quadros clínicos 
pré-existentes, como diabetes, dislipidemia e hipertensão. A Figura 1 ilustra 
as principais patologias e sua evolução clínica — o pior desfecho é o hepa-
tocarcinoma (DONGIOVANNI; VALENTI, 2017).
Marcadores hepáticos 3
Figura 1. Estágios de progressão da doença hepática.
Fonte: Adaptada de Scio21/Shutterstock.com.
Fígado
saudável
Gorduroso
Fibrose
Cirrose
Câncer
O fígado é formado por 80% de hepatócitos, células que compõem 
o parênquima do órgão. Além dos hepatócitos, há outras células 
que coabitam o órgão: células imunes (principalmente macrófagos, chamados 
“células de Kupffer”), células estreladas e células endoteliais. Essas células agem 
quando os hepatócitos foram exauridos da sua capacidade de metabolização de 
toxinas ou agentes tóxicos. Ao tentar eliminar esses agentes, elas frequentemente 
causam lesão nos tecidos (REISNER, 2016).
Processos bioquímicos relacionados à patogênese
Instaurada a patogênese, os processos bioquímicos decorrentes acontecem 
em eventos programados, prejudicando a integridade dos hepatócitos. Entre 
esses eventos, o mais importante é o processo de inflamação, que poderá 
evoluir para cronicidade e carcinogênese se não for identificado precocemente 
o foco da lesão.
Toda inflamação é decorrente de um processo de autodefesa do orga-
nismo, que busca isolar o possível agente agressor por meio de quimiotaxia 
de fatores de crescimento, células imunológicas, aumento da vascularização 
Marcadores hepáticos4
local, além de iniciar os processos de cicatrização e regeneração do tecido. O 
processo de inflamação no fígado começa após o rompimento da membrana 
celular dos hepatócitos, que dá início ao extravasamento do seu conteúdo 
intersticial. Esse extravasamento inicia a cascata de eventos bioquímicos 
que agem na microcirculação, aumentando 1. a circulação de sangue local; 
2. a permeabilidade vascular; e 3. a exsudação de plasma e de células para o 
meio extravascular. Então, observamos a formação de um edema na região 
hepática e a fagocitose dos restos celulares, o que caracteriza a inflamação 
aguda do órgão. Essa agudização poderá persistir por período longo, expan-
dindoo tecido lesionado e aumentando os níveis de enzimas plasmáticas, 
principalmente as transaminases (VIEIRA et al., 2021).
Quando a natureza do estímulo causador da lesão (p. ex., o consumo 
excessivo de gorduras e o etilismo) não é interrompido, a reação inflamatória, 
até então local, pode causar sintomas sistêmicos, como febre, leucocitose, 
alterações em exames sanguíneos e até taquicardia. Normalmente, após 
inflamação aguda, as células recuperam sua capacidade em poucos dias, 
deixando pequenos focos de cicatrização no fígado. A inflamação crônica, 
por sua vez, está associada à presença de células imunes (linfócitos e ma-
crófagos) e à produção de novos vasos sanguíneos (neoangiogênese) e de 
tecido conjuntivo (fibroplasia) (VIEIRA et al., 2021).
As reações bioquímicas que envolvem o etilismo e o fígado são conhecidas. 
O metabolismo do álcool ocorre no fígado, por meio da enzima ADH (álcool 
desidrogenase), que produz metabólicos chamados “acetatos”, usados em 
uma série de vias do organismo. Em menor escala, essa enzima também está 
presente no trato gastrointestinal, reduzindo a sobrecarga no fígado. Quando 
há consumo excessivo de álcool, o fígado são é capaz de metabolizá-lo ade-
quadamente; como consequência, o efeito da substância é sentido em todo 
o organismo, gerando sintomatologia (embriaguez). Ainda, convém salientar 
que o metabolismo do álcool pode variar, sendo menos eficaz em pessoas 
com sobrepeso e em idosos.
Por fim, nas esteatoses, as reações bioquímicas envolvem o metabolismo 
de triglicerídeos, que são transformados em ácidos graxos e quilomícrons 
(moléculas de triglicerídeos ressintetizadas) e, após a ação das enzimas 
lipases, em glicerol e ácidos graxos, que são absorvidos pelos adipócitos e 
hepatócitos. Conforme o acúmulo de gordura nos hepatócitos, a esteatose 
pode ser classificada em macrovesicular, microvesicular ou mista. Quanto à 
etiologia, a esteatose macrovesicular é a mais comum, estando relacionada 
com etilismo, diabetes melito, alimentação hipercalórica e nutrição parenteral 
prolongada (MARTELI, 2010).
Marcadores hepáticos 5
Marcadores hepáticos: o que são e como 
utilizá-los
O biomarcador é uma substância ou um grupo de substâncias que serve 
como parâmetro para a detecção de determinado processo fisiológico ou 
patológico, sendo medido de forma objetiva e quantitativa. Dessa forma, 
os marcadores bioquímicos hepáticos são determinantes para expressar a 
condição atual do fígado (Quadro 1) (TRUJILLO et al., 2021).
Quadro 1. Marcadores bioquímicos para avaliação da função hepática
Marcadores 
para avaliação 
hepática
Tipo de 
exame Valores de referência
Alanina 
aminotransferase
Rotina H: 11–45 U/L M: 10–37 U/L
Aspartato 
aminotransferase
Rotina H: 11–45 U/L M: 10–37 U/L
Albumina Rotina Adultos: 3,5 a 5,5 g/dl
Fosfatase 
alcalina
Rotina Adultos: 46 a 120 U/L
Bilirrubinas Rotina Direta: até 0,4 mg/dl Total: até 1,2 mg/dl
Gama glutamil 
transferase
Rotina Homem: até 85 U/L Mulher: até 38 U/L
5’nucleotidase Rotina Adultos: 0 a 10 U/L
Proteínas totais Rotina Adultos: 6 a 8 g/dl
Tempo de 
protrombina
Rotina Adultos: 10 a 14 segundos
Alfafetoproteína Especial Adultos: inferior a 13,7 ng/ml
Amônia Especial Adultos: 9 a 30 µmol/l
Ferritina Especial Adultos: 30 a 300 ng/ml
Fonte: Adaptado de Cotrim (2022).
O uso desses marcadores é importante para detectar doenças no fígado, 
realizar o diagnóstico diferencial, verificar a extensão do dano e avaliar a 
Marcadores hepáticos6
qualidade de resposta e o andamento do tratamento. Em exames de rotina, 
os pacientes frequentemente apresentam elevação dos níveis desses mar-
cadores; entretanto, apenas uma minoria deles será diagnosticada com uma 
doença hepática. Isso ocorre devido à inespecificidade diagnóstica desses 
marcadores bioquímicos, sendo necessário um conjunto de marcadores com 
níveis alterados para caracterizar uma doença hepática. A fim de concluir 
o diagnóstico clínico, podem ser associados exames de imagem e biópsias 
(TRUJILLO et al., 2021). A Figura 2 apresenta exames usados para avaliar a 
condição do fígado.
Figura 2. (A) Exame físico do fígado para identificar possível aumento em seu tamanho. 
(B) Ultrassonografia do abdômen superior (fígado e vesícula biliar), exame realizado para 
triagem de carcinoma de células hepáticas e cálculos biliares.
Fonte: (A) Capifrutta/Shutterstock.com. (B) Radiological imaging/Shutterstock.com.
A
B
Marcadores hepáticos 7
Principais marcadores hepáticos
Os exames bioquímicos se baseiam na quantidade de enzimas extravasadas 
para o plasma sanguíneo após o rompimento do hepatócito (ou seja, como 
consequência do dano à célula) ou na quantidade de substâncias produzidas 
ou metabolizadas pelo fígado, como bilirrubinas, albuminas e fatores de 
coagulação. Os testes bioquímicos podem avaliar a integridade do órgão, a 
função secretora e a capacidade de síntese de substâncias. Isso é feito por 
meio de exames laboratoriais, dosando-se os seguintes marcadores: enzimas 
AST (aspartato aminotransferase), ALT (alanina aminotransferase), GGT (gama 
glutamil transferase) e FA (fosfatase alcalina), além de bilirrubina, proteínas 
da coagulação e albumina.
As aminotransferases (AST e ALT) são os principais marcadores de dano 
hepático. A AST existe também em outros tecidos (cerebral, cardíaco e esque-
lético), sendo menos específica quando comparada com a ALT, encontrada 
somente no fígado. Sua elevação aguda está associada ao consumo de drogas, 
à infecção por hepatites virais (principalmente dos tipos B e C), bem como a 
doenças autoimunes, isquemias e coledocolitíases (cálculos biliares). Após 
a resolução dos eventos causadores dessa elevação aguda, é comum que 
os níveis séricos de tais enzimas retornem aos basais, diferentemente do 
que é observado nos casos de elevação crônica, resultantes de consumo de 
drogas, medicamentos e álcool; hepatites crônicas; hemocromatose; doença 
de Wilson; e doenças extra-hepáticas (LIU et al., 2021).
Quando o fluxo biliar está comprometido (caracterizando uma colestase), 
determinadas enzimas dos canais biliares tendem a migrar para o plasma. 
As duas enzimas mais utilizadas são a FA e a GGT, sendo esta última menos 
específica de colestase, pois está amplamente presente no fígado.
A FA é uma enzima importante para a reparação óssea, para o metabolismo 
do cálcio e para o funcionamento do intestino. Ela também está presente 
no fígado, mas em maior concentração nos ductos biliares. O aumento de FA 
causado por doença hepática está associado à obstrução dos ductos biliares, 
ocorrendo durante as fases iniciais da doença colestática. Quando não está 
associado ao fígado, esse aumento é observado no hiperparatireoidismo e 
em casos de fraturas. Os níveis de FA também podem ser elevados por outras 
situações fisiológicas, como o crescimento ósseo, a gestação e a menopausa.
A 5’nucleotidase é uma isoenzima da FA, presente no parênquima he-
pático e nas células dos ductos biliares. Sua avaliação também serve como 
diagnóstico diferencial entre doenças hepáticas ou ósseas, uma vez que seus 
níveis são raramente elevados em patologias ósseas. Observa-se aumento 
Marcadores hepáticos8
de 5’nucleotidase na cirrose e na obstrução extra-hepática, e sua diminuição 
é observada em casos de hepatite.
Outra importante enzima hepática é a GGT, cuja função é a transferência de 
um grupo glutamil (ϒ) para uma proteína ou aminoácido. Presente no fígado, 
nos rins, no pâncreas, no baço e em outras regiões do corpo, ela tem grande 
sensibilidade quando há lesão hepática, estando aumentada em grandes 
proporções em casos de etilismo. Alguns medicamentos também podem 
ocasionar sua elevação, como os barbitúricos e os antidepressivos tricíclicos. 
Na doença hepática, observa-se elevação dessa enzima quando há obstrução 
dos ductos, colangites, colecistites, esteatose hepática, cirrose, hepatites 
virais, bem como tumores hepáticos e de próstata (LABTEST, 2016a, 2016b).
A albumina é sintetizada exclusivamente nofígado. Níveis baixos de albu-
mina são comuns em doenças hepáticas, especialmente as crônicas. Quanto 
à bilirrubina, ela pode ser encontrada de duas formas: conjugada e não 
conjugada. Aumentos isolados da fração não conjugada estão relacionados 
não à doença hepática, mas à anemia hemolítica. Por sua vez, o aumento da 
fração conjugada é indicativo, na maioria dos casos, de uma lesão hepática 
ou biliar, visto que apenas a bilirrubina conjugada aparece na urina.
Por fim, outro marcador é o tempo de protrombina, devido à função do 
fígado de síntese de vitamina K. Essa vitamina regula o tempo de coagulação, 
uma vez que alguns fatores de coagulação (fator II, VII, IX e X) são dependentes 
da ação dela. Quando o tempo de protrombina está elevado, associado a 
demais marcadores alterados (albumina diminuída e bilirrubinas elevadas), 
isso significa que o fígado está comprometido. Logo, esse marcador é con-
siderado um marcador de função hepática (PERIN, 2021).
As isoenzimas AST e ALT têm função de transferência reversível de 
grupamento de aminas entre aminoácidos, além de apresentarem 
peso molecular e estruturas semelhantes. Uma diferença interessante entre elas 
diz respeito à sua distribuição na célula. Ao passo que a AST é uma isoenzima 
localizada no citoplasma e na mitocôndria, a ALT está presente somente no 
citoplasma das células hepáticas, sendo mais específica para indicar lesão no 
fígado do que a AST (LIU et al., 2021).
Marcadores hepáticos 9
Interpretação de exames laboratoriais do 
perfil hepático
A interpretação dos exames é tão importante quanto a sua execução. Sem a 
correta avaliação dos resultados por parte dos profissionais de saúde, seria 
desafiador o diagnóstico precoce de várias doenças. Quando falamos em 
marcadores hepáticos, devemos compreender que eles são testes labora-
toriais de grande relevância e com valores de referência preconizados por 
entidades especializadas (GIANNINI et al., 2003). Os valores de referência dos 
marcadores hepáticos são descritos no Quadro 2.
Quadro 2. Valores de referência dos marcadores hepáticos
Exame Valor de referência Método Laboratório
AST � Homens: até 40 U/L
 � Mulheres: até 32 U/L 
Cinético UV* Diagnóstico das 
Américas
ALT � Homens: até 41 U/L
 � Mulheres: até 33 U/L
Cinético UV* Diagnóstico das 
Américas
GGT � Homens: até 60 U/L
 � Mulheres: até 43 U/L
Enzimático 
colorimétrico
Diagnóstico das 
Américas
FA � Crianças de 1 a 6 
anos: até 275 U/L
 � Homens maiores de 
18 anos: 40 a 129 U/L
 � Mulheres maiores de 
18 anos: 35 a 104 U/L
Cinético IFCC** Laboratório 
INCA***
Albumina � 3,5 a 5,0 g/dl Colorimétrico Diagnóstico das 
Américas
*UV = ultravioleta; ** IFCC = International Federation of Clinical Chemistry and 
Laboratory Medicine; *** INCA = Instituto Nacional do Câncer
Fonte: Adaptado de Bahia et al. (2014).
Para a avaliação específica das enzimas AST e ALT, são comuns resultados 
50 a 100 vezes superior ao valor de referência, com pico máximo entre o sétimo 
e o décimo dia após a lesão, podendo normalizar em até quatro semanas. 
O método de análise laboratorial mais empregado atualmente é o cinético 
(ultravioleta) manual ou automatizado (LIU et al., 2021). Quanto à extensão 
e à gravidade da lesão hepática, costuma-se utilizar a razão de Ritis, que 
Marcadores hepáticos10
corresponde à divisão do valor de AST pelo de ALT. Um resultado superior a 
1 indica possível lesão reversível, ao passo que um resultado menor que 1 
indica lesão irreversível grave (necrose) (RITIS; COLTORTI; GIUSTI, 1957).
Quando se trata de FA, é necessário um diagnóstico diferencial, a fim de 
identificar a origem de seu aumento — que pode ser proveniente do metabo-
lismo ósseo, intestinal ou hepático. Para tanto, deve-se realizar sua dosagem 
juntamente à de GGT e 5’nucleotidase, que são específicas dos hepatócitos. 
Aumentos nos níveis de 5’nucleotidase são sensíveis na detecção de colestase 
e de obstrução biliar, mas são mais específicos que a FA, frequentemente 
indicando doença hepatobiliar. Caso o aumento isolado de FA persista, é indi-
cada uma eletroforese de proteína, para identificar as isoenzimas presentes.
Quanto à dosagem de GGT, é comum sua elevação em doenças hepato-
biliares, principalmente na colestase. Sua associação com os níveis de FA e 
5’nucleotidase é considerada fraca, não sendo notado aumento em doenças 
ósseas, durante o crescimento ou em doenças pediátricas, assim como não 
há elevação durante a gestação. Entretanto, o uso abusivo de álcool e de 
medicamentos pode causar aumento significativo nos níveis de GGT, devido à 
ação das enzimas microssômicas, como citocromo P-450. Para a dosagem de 
GGT, o método de análise é o método cinético (IFCC), colorimétrico, podendo 
ser manual ou automatizado (LABTEST, 2016a, 2016b).
Quando há aumento de bilirrubinas (hiperbilirrubinemia), isso pode se 
dever a aumento de produção, diminuição da captação, diminuição da con-
jugação no fígado ou diminuição da excreção. A bilirrubina total é constituída 
principalmente de fração não conjugada (valores menores que 1,2 mg/dl). 
Dosando-se as frações de bilirrubina, é possível quantificar quanto de bilir-
rubina está conjugada. Somente em casos de hiperbilirrubinemia é preciso 
medir as frações. Frente à normalidade dos demais exames hepáticos, não é 
considerada uma doença do sistema hepatobiliar.
Em hepatopatias crônicas, a albumina normalmente se encontra reduzida, 
resultante do aumento do volume de distribuição dessa proteína (como na 
ascite), da deficiência de síntese hepática ou de ambas as causas. Uma vez 
que a meia-vida da albumina é relativamente alta, a redução de sua síntese 
pelas células hepáticas pode demorar vários dias para que haja uma mani-
festação laboratorial ou clínica. Níveis < 3 g/dl sugerem síntese diminuída, 
que pode ser motivada por cirrose, doença hepática alcoólica, inflamações 
crônicas ou, ainda, desnutrição (TUFONI et al., 2020).
O estudo e a dosagem dos marcadores hepáticos capacitam os profissio-
nais de saúde na escolha direta e conduzem ao melhor desfecho terapêutico. 
Outra utilidade desses marcadores diz respeito ao monitoramento dos trata-
Marcadores hepáticos 11
mentos, mensurando a sua eficácia. Ainda, cabe ressaltar que a interpretação 
dos exames de cunho diferencial deve ser realizada em conjunto com exames 
de imagem, como ultrassonografia ou elastografia (método que quantifica a 
gordura), a fim de excluir doenças hepatobiliares ou colestases (YOUNOSSI 
et al., 2016).
Neste capítulo, você pôde compreender as principais funções do fígado 
e sua importância clínica, conhecendo as hepatopatias mais frequentes na 
população em geral e os marcadores laboratoriais que auxiliam na identifica-
ção de doenças ou permitem acompanhar a saúde global do órgão. Conhecer 
previamente os exames laboratoriais, realizar sua correta interpretação 
bioquímica e estar atento aos diagnósticos diferenciais, que auxiliam na 
exclusão de outras patologias, são ações que devem ser pautadas nos pre-
ceitos fisiológicos e patológicos do fígado, que, como vimos neste capítulo, 
é um órgão multifacetado e essencial ao organismo.
Referências
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tion, 2022. Disponível em: https://liverfoundation.org/pt/for-patients/about-the-liver/
diagnosing-liver-disease/#1505842521128-d791fb49-be91. Acesso em: 4 set. 2022.
BAHIA, C. A. et al. Alterações nos marcadores hepáticos decorrentes da exposição am-
biental a organoclorados no Brasil. Cadernos Saúde Coletiva, v. 22, n. 2, p. 133-141, 2014.
COTRIM, H. P. Esteatose hepática. São Paulo: Sociedade Brasileira de Hepatologia, 
2022. Disponível em: https://sbhepatologia.org.br/imprensa/esteatose-hepatica/. 
Acesso em: 4 set. 2022.
DONGIOVANNI, P.; VALENTI, L. A nutrigenomic approach to non-alcoholic fatty liver 
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GIANNINI, E. et al. Validity and clinical utility of the aspartate aminotransferase-alanineaminotransferase ratio in assessing disease severity and prognosis in patients with 
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2, p. 218-224, 2003.
LABTEST. Fosfatase alcalina: instrução de uso. Lagoa Santa: Labtest, 2016a. Disponível 
em: https://labtest.com.br/wp-content/uploads/2016/09/Fosfatase_Alcalina_40_Port.
pdf. Acesso em: 4 set. 2022.
LABTEST. Gama GT Liquiform: instrução de uso. Lagoa Santa: Labtest, 2016b. Disponível 
em: https://labtest.com.br/wp-content/uploads/2016/09/Gama_GT_Liquiform_105_
Port.pdf. Acesso em: 4 set. 2022.
LIU, H. et al. The association between AST/ALT ratio and all-cause and cardiovascular 
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MARTELI, A. Metabolismo hepatocelular dos lipídeos: uma abordagem clínica e his-
topatológica do acúmulo intracelular de lípides (esteatose) do parênquima hepático 
induzida pelo álcool. Journal of Health Sciences, v. 12, n. 1, p. 55-59, 2010.
Marcadores hepáticos12
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