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Universidade Federal de Campina Grande – UFCG Centro de Tecnologia e Recursos Naturais – CTRN Unidade Acadêmica de Engenharia Civil – UAEC Campus Bodocongó – CEP: 58109-970 Disciplina: Química Geral Cinética Química e Equilíbrio Químico Trabalho apresentado à Disciplina de Química Geral da Unidade Acadêmica de Engenharia Civil do CTRN como requisito básico para aprovação na citada disciplina. Campina Grande, 23 de novembro de 2019 Cinética Química e Equilíbrio Químico __________________________________________________________________________ Unidade Acadêmica de Engenharia Civil, Centro de Tecnologia e Recursos Naturais, Universidade Federal de Campina Grande, Bodocongó, 58109-970. Campina Grande-PB. ________________________________________________________________________ Cinética Química 1. Introdução No nosso dia-a-dia, observamos diversas reações químicas, que se desemvolvem, umas de forma lenta, e outras de forma rápida. Por exemplo: • A queima de uma vela (combustão) é uma reação lenta; • Na dinamite, a decomposição da nitroglicerina é uma reação rápida; • A queima do álcool é uma reação relativamente lenta; • A formação de ferugem é uma reação lenta. Conhecer os mecanismos que controlam a velocidade das reações e saber determiná- la é muito importante. O ramo da Química que estuda a velocidade das reações e os fatores que a influenciam é a Cinética Química. Cinética Química é a ciência que estuda a velocidade das reações químicas, envolvendo as diferentes variáveis que a infuenciam: temperatura, pressão, concentração, propriedades do catalisador, se este estiver presente, grau de mistura, etc. Em geral, o estudo cinético de uma reação química é realizado com dois objeticos principais. No primeiro, visa-se ao desenvolvimento de um mecanismo plausível para a reação e, no segundo, à obtenção de uma equação ou sistema de equações diferenciais e algébricas associadas entre si para definir as leis de velocidade de todas as etapas da reação. O admirável sucesso da teoria mecânica de Newton nos domínios da Mecânica e da Astronomia, levou os cientistas do século XIX a tentar introduzir uma interpretação mecânica em todos os domínios dos fenômenos naturais. Estas conclusões foram também aplicadas na interpretação da “afinidade química”, vindo a constituir a denominada “mecânica química”. É neste contexto que se veio a desenvolver a Cinética Química. Os primeiros estudos da Cinética Química parecem remontar a 1850 com Ludwig Wilhelm que investigou pela primeira vez a velocidade da inversão do açúcar da cana na presença de ácidos, e formulou a lei matemática (de 1ª ordem) do progresso de reações. A verdade, porém, é que este trabalho passou despercebido durante 34 anos, até ter chamado a atenção de Ostwald. Poderá parecer estranho que um fator tão óbvio como é o estudo da variável tempo na “afinidade química” não tenha surgido mais cedo. Farber coloca esta questãoe mostra que houve, de fato, algumas tentativas anteriores de estudo de evolução temporal de reações químicas (mesmo anteriores a Wilhelm), mas que tais tentativas foram observadas isoladas. É que a importância prática de tais estudos estava ainda longe de existir nos finais do século XVIII. Esta necessidade só veio a ser sentida com o desenvolvimento da indústria química, que se situa nos inícios do século XIX e a que os químicos terão respondido um pouco tardiamente, só vindo a permitir o surgimento da investigação industrial nos finais deste mesmo século. Os estudos de História de Cinética Química de Christine King explicam bem esta problemática, através de inúmeras dificuldades teóricas, experimentais e conceituais presentes nos trabalhos iniciais de Berthelot e Péan de St. Gilles, Guldberg e Waage e Harcourt e Esson que verdadeiramente estabeleceram as bases de um novo domínio da química – a Cinética Química. 2. Fundamentação Teórica Dificuldades iniciais no desenvolvimento da Cinética Química no séc. XX Uma das dificuldades mais importantes no desenvolvimento da Cinética Química, encontrou-se na ausência de preparação matemática dos químicos da época. Por exemplo, Morris Travers na biografia de Wiliam Ramsey refere a sua falta de preparação matemática foi a razão determinante para este cientista não se ter voltado para a Física. Berthelot e St Gilles, no estudo cinético de reações de esterificação, mostraram que a quantidade de éster formado em cada instante era proporcional ao produto das “massas ativas” das substâncias reagentes e inversamente proporcional ao volume, mas um pouco enexplicavelmente estes autores não deram conta do seu papel na lei de velocidade de reação. Guldberg e Waage tambén sentiram inicialmente dificuldades em encontrar os expoentes adequados que deviam afetar as concentrações das diferentes substâncias; este problema foi resolvido em 1887, em termos da teoria cinético-molecular. Mas, o mais importante que todo o resto, estes autores não conseguiram distinguir as leis de velocidade das derivadas das condições de equilíbrio. Este fato complicou em muito o desenvolvimento futuro da Cinética Química. O estudo cinético requeria reações relativamente lentas que pudessem ser iniciadas e paradas rápidas e facilmente. As reações que melhor satisfazem tais condições experimentais eram mecanisticamente bastante complicadas. Foi a dificuldade em encontrar a simplicidade na observação macroscópica e na correspondente interpretação microscópica que atrasou o desenvolvimento da Cinética Quimíca. Um outro conjunto de dificuldades, tema de vários estudos históricos, foi ainda o efeito da temperatura na velocidade das reações químicas. Arrhenius exprimiu este efeito, para velocidades medidas em condições padrão de concentração, pela equação: 𝐾 = 𝐴 𝑒 𝐸𝑎 𝑅𝑇 Sendo K a velocidade em condições padrão e A e Ea constantes praticamente independentes da temperatura. A é designada por constante de frequência ou fator pré-exponencial, e Ea por energia de ativação. A lei de Arrhenius demorou muito a ser considerada válida; muitas outras expressões foram propostas para interpretar tais efeitos. Muitas das dificuldades conceituais e experimentais vieram a morrer com o trabalho de Van’t Hoff, onde surge o conceito de ordem de reação e a possibilidade de, através da cinética química, se conhecer o mecanismo de uma reação química. Van’t Hoff recebeu o primeiro prêmio Nobel, em 1901, como reconhecumento pela descoberta das leis da dinâmica química. O interesse pelos estudos da Cinética Química manteve-se bastante alto até 1980, mas depois declinou, devido à falta de estímulo de teorias cinéticas que sugerissem experiênciass, criassem debates, e no fundo, permitisse interligar estrutura molecular e reatividade química. Esse interesse veio renascer, após 1913, com a “hipótese da radiação” devido a M. Trauz, Jean Perrin e Willian Lewis. O fato de Perrin e Lewis serem dois cientistas de grande prestígio veio alertar a comunidade científica para esta importante problemática, que teria provavelmente passado mais uma vez despercebida, dada a preparação matemática que requeria. Lewis, por exemplo, foi o primeiro químico a desenvolver uma teoria de Cinética Química com base na meânica estatística e na teoria quântica. 2.1 Velocidades de reações químicas As velocidades das reações químicas dependem de um grande número de fatores, nomeadamtente da natureza dos reagentes, concentrações ou pressões, temperatura, luz, catalisadores, e natureza dos solventes. A grande diversidade observada nas velocidades das reações prende-se, em primeiro lugar, com a natureza dos reagentes. Com a finalidade de caracterizar a lentidão ou a rapidez com que as reações ocorrem, foi introduzida a grandeza velocidade de reação. Para medí-la determina-se a quantidadede reagentes que é consumida ou a quantidade de produto formada, em certo intervalo de tempo. 𝑉 = variação da quantidade de uma susbstância intervalo de tempo Muitas reações que não envolvem quebra de ligações químicas, como as reações entre íons de carga contrária em solução aquosa são muito rápidas à temperatura ambiente. Contudo, reações envolvendo reagentes estruturalmente muito semelhantes, como as reações de troca de elétrons entre dois complexos de metais de transição marcados isotopicamente, que também não envolvem a quebra de ligações químicas, podem apresentar grandes diferenças de velocidade nas mesmas condições. Ru2+(aq) + Ru 3+ (aq) Ru 3+ (aq) + Ru 2+ (aq) 2. IV Co2+(aq) + Co 3+ (aq) Co 3+ (aq) + Co 2+ (aq) 2.V A reação 2.IV é cem mil vezes mais rápida do que a reação 2.V. Por outro lado, embora as reações envolvendo a quebra e formação de várias ligações sejam geralmente lentas, também se pode encontrar reações deste tipo com uma velocidade de reação muito elevada, como é o caso da oxidação do ferro II pelo íon permanganato. 5Fe2+(aq) + MnO -4 (aq) + 8H + (aq) 5Fe 3+ (aq) + Mn 2+ (aq) + 4H20(l) 2.VI Não existem pois regras gerais, mesmo qualitativas, para avaliar o efeito da natureza dos reagentes na velocidade de reação. Em cinética química o sucesso de cálculos de velocidades de reação sem parâmetros ajustáveis tem sido limitado. Mesmo para as reações mais simples e em fase gasosa, os cálculos ab initio mecânico-quânticos consomem muito tempo computacional por exigirem um grande detalhe e uma grande precisão no conhecimento da superfície de energia potencial do sistema reativo, para além de exigirem o cálculo de um grande número de trajetórias das partículas antes de se poder obter a velocidade macroscópica de uma reação. Atualmente a interpretação e previsão das velocidades de reação em função da natureza dos reagentes baseia-se principalmente no desenvolvimento de modelos teóricos simplificados, que relacionam algumas propriedades dos reagentes com a facilidade com que as ligações existentes nesses mesmos reagentes podem ser quebradas e novas ligações podem ser formadas para os produtos. A taxa de conversão de uma reação química genérica: VA A + VB B + … VX X + VY Y + … Onde VA,VB, VX E VY são coeficientes estequimétricos (positivos), pode ser expressa em função de um parâmetro ξ, que se designa por extensão de uma reação e se define por: ξ = 𝑛𝑖 (ξ) − 𝑛𝑖 (0) 𝑉𝑖 2.1 Onde i representa qualquer um dos reagentes ou produtos, ni o número de moles de i na reação química (positivo para os produtos e negativo para os reagentes), ni (0) a quantidade de i presente quando ξ=0 (ou seja, antes do início da reação), e ni (ξ) a quantidade de i existente para a extensão de reação ξ. A taxa de conversão de uma reação é definida como a variação de ξ com o tempo, t. r = d ξ d 𝑡 2.2 Usando a equação 2.1, obtem-se d ξ d 𝑡 = 1 𝑣𝑖 d 𝑛𝑖 d 𝑡 2.3 A velocidade de uma reação é definida por, v = 𝑟 𝑉 = 1 𝑣𝑖 𝑉 d 𝑛𝑖 d 𝑡 2.4 A distinção entre taxa de conversão r e a velocidade de reação v pode ser feita notando as unidades as unidades em que são expressas. Normalmente a quantidade de substância i é expressa em moles e taxa de conversão é expressa em mol s-1, enquanto que a velocidade de reação virá em mol dm-3 s-1, quando o volume se exprimir em dm3 . Se o volume permanecer constante durante a reação, é mais correne usar a concentração de i expressa em moles por litro, na determinação de taxas e conversão de reação. Assim, para um volume total V constante, ( dξ 𝑑𝑡 ) 𝑉 = 𝑉 𝑉𝑖 ( d [i] 𝑑𝑡 ) 𝑉 2.5 A determinação experimental da velocidade de uma reação em solução é feita medindo a variação da concentração de reagentes ou produtos com o tempo, pois o volume do meio em que se dá a reação não varia apreciavelmente no decurso da reação. Em fase gasosa pode-se usar o mesmo procedimento quando o reator é mantido a volume constante. Ocasionalmente é mais conveniente medir a pressão parcial de um componente i, Pi, numa reação em fase gasosa a temperatura e volume constantes, do que sua concentração. Assumindo um comportamento ideal da mistura dos gases, pode-se exprimir a taxa de conversão em função de pressão parcial de qualquer dos componentes ( dξ 𝑑𝑡 ) 𝑡, 𝑣 = 𝑉 𝑉𝑖 𝑅𝑇 ( d 𝑃𝑖 𝑑𝑡 ) 𝑡, 𝑣 2.6 2.2 Leis de Velocidade e a Dependência da concentração em relação às velocidades As leis de velocidade são necessárias para descrever a variação da velocidade de consumo ou a formação de um dado componente e a composição de mistura reacional ou o avanço da reação ao longo do tempo em função das variáveis referidas na introdução. Quase todas as velocidades de reação dependem da concentração dos reagentes e (no caso de reações reversíveis) também da concentração dos produtos. A expressão funcional entre a velocidade de uma reação e as concentrações das espécies presentes é designada Lei da Velocidade de Reação, ou Lei Cinética. Assumindo que a equação seguinte se refere a um processo elementar: a A + b B x X + y Y 2.VII a lei cinética correspondente pode-se escrever; v = k [A]a [B]b onde os expoentes a e b se designam por ordem parcial da reação em relação ao componente A e ao componente B, e a constante de proporcionalidade k se designa por constante específica de velocidade de reação, ou simplesmente por constante de velocidade. Esta constante é independente das concentrações dos reagentes mas depende da temperatura, pressão e meio onde decorre a reação. As ordens parciais só se identificam com os coeficientes estequiométricos quando as reações são elementares. Daí que a lei cinética de qualquer reação tenha de ser sempre obtida por via experimental. A formulação desse princípio designa-se por Lei da Ação da Massa, em sistemas diluídos a velocidade de cada reação química é proporcional ao produto das concentrações dos reagentes e, independente da concentração de outras espécies e da presença ou ausência de outras reações. 2.3 Leis de Velocidade Integrada Experimentalmente, verificamos que a velocidade inicial que podemos mensurar é proporcional à concentração de algum ou de todos os reagentes elevados a algum expoente. Esta relação de proporcionalidade é convertida numa igualdade se adicionamos uma constante k, que para uma reação como a do item anterior implica em: V = K [A]m [B]n Em que m e n são números reais chamados de ordem com respeito a A e a B, respectivamente, podendo coincidir ou não com os coeficientes estequiométricos. A soma m + n é chamada de ordem global da reação. Igualdades como a descrita acima são convencionalmente chamadas de leis de velocidade. Tomemos como exemplo o caso particular de ordem zero, ou seja, tanto m = 0 como n = 0. Neste caso, se nos focarmos na espécie A podemos combinar as duas últimas equações para encontrar que: V = − 𝑑[𝐴] 𝑑𝑇 = 𝐾[𝐴]° = 𝐾 Integrando com respeito a [A] e t: [A]t = [𝐴]° − 𝐾𝑡 2.4 Temperatura e Cinética O efeito da temperatura sobre a constante de equilíbrio de uma reação. Keq, foi pela primeira vez descrito por Van’t Hoff. 𝑑 𝑙𝑛 K 𝑑𝑇 = Δ𝐻 ° 𝑅𝑇² Onde ΔH° é a variação de entalpia padrão da reação. Contrariamente ao espírito da época, que procurava relacionar o equilíbro e as velocidades em termos de movimentos moleculares e da lei de distribuição de velocidades moleculares de Maxwell, Arrhenius considerou que o efeito da temperatura nas velocidades é normalmente demasiado elevado para poder ser explicado com base no efeito da temperatura na energia translacional das moléculas. Alternativamente, esse autorpropôs que haveria um equilíbrio entre as moléculas “normais” e “reativas”, que tinha uma dependência da temperatura segundo a equação abaixo; K = A exp (− E𝑎 𝑅𝑇 ) Onde A é o fator pré-exponencial ou de frequência, Ea a energia de ativação e T a temperatura absoluta. Arrhenius recebeu prêmio Nobel da Química em 1903, mas não devido ao seu trabalho em Cinética Química. Muito progresso foi alcançado em meados do século XIX por Svante Arrhenius e sua equação, que foi baseada numa simples analogia com a termodinâmica e fornece uma forma explícita de relação entre a constante k e a temperatura T: Na equação de Arrhenius, a dependência da temperatura deriva fundamentalmente do termo exponencial, mas deve-se também admitir que o fator pré-exponencial pode ter uma fraca dependência da temperatura. Assim, é mais exato supor que A é proporcional a T elevado a um expoente m; K = A’ Tm exp(-Ea/RT) Onde A’ é independente da temperatura. Esta formulação é mais apropriada para descrever dados cinéticos referentes a uma maior gama de temperaturas. As unidades em que se exprime A são as mesmas da constante de velocidade. A energia de ativação deve ser expressa nas mesmas unidades de energia que R, ou seja, em KJ mol-1. Consequentemente, pode-se escrever a equação de Arrhenius: ln K = 𝑙𝑛 A − E𝑎 𝑅𝑇 Onde se supõe que K e A agora se referem simplesmente aos seus valores numéricos. A temperatura deve ser sempre expressa em Kelvin. 2.5 Mecanismos de Reação O mecanismo de reação é o conjunto das fases ou estados que constituem uma reação química, em outros termos é a sequência, etapa por etapa de reações elementares pela qual toda a reação química ocorre. Desde um ponto de vista termodinâmico, uma equação química, os reagentes são o estado inicial e os produtos o estado final, há uma variação de energia livre. A energia livre deve ser negativa já que será uma reação espontânea, ou seja, que a reação poderá levar-se a cabo sem nenhum impedimento termodinâmico. Para tornar mais fácil a explicação será melhor fazê-lo com um exemplo: A(g)+BC(g) AB(g)+C(g) Para fazer a ligação A-B, os reativos têm de encurtar as distâncias, mas isto aumenta a força de repulsão dos elétrons. Para evitar esta repulsão, os reativos terão que aproximar-se com suficiente energia cinética. Acima desta energia, as moléculas A e B formam ligações e em correspondência, as moléculas B e C estão rompendo as suas. Neste momento há um complexo formado por A, B e C, chamado complexo ativado. Ao final todas as ligações de B e C serão rompidos e as ligações A e B serão formadas, ou seja, os produtos. Também há de se fazer menção à energia de ativação, que é a diferença entre a energia dos reativos e a do complexo ativado. Se pode considerar como uma barreira energética que deve passar os reativos para passar a ser produtos. Há dois tipos de mecanismo, dependendo do número de etapas que contém: Reações elementares Transcorre em somente uma etapa. Esta reação se produz com a formação de um só complexo ativado e só tem que superar uma barreira energética. Se representa em uma só equação química. Reações complexas Transcorre em duas ou mais etapas, com formação de intermediários. Também podemos dizer que é um conjunto de reações elementares, onde há mais de uma formação de complexos ativados diferentes e supera diferentes barreiras energéticas. Se expressa em várias equações químicas ou uma global. Na equação química global, representa o estado inicial e o estado final do global das reações, mas não apresenta como tenha-se transcorrido a reação. Os intermediários são moléculas que aparecem no mecanismo da reação, mas não na equação inicial. 2.6 Catálise Catalisadores são substâncias que, embora não sendo reagentes, aparecem na lei de velocidade de uma reação com uma ordem parcial superior a zero. Ocasionalmente uma reação pode ser autocatalisada quando um produto da reação participa, nas condições descritas, na lei de velocidade dessa reação. Por força desta definição, um catalisador pode aumentar a velocidade de uma reação sem nela consumir. Um bom catalisador pode aumentar a velocidade de uma reação embora existindo em pequenas quantidades. É útil distinguir a catálise homogênea, em que os reagentes, produtos e catalisadores se encontram todos na mesma fase, da catálise heterogênea, em que o catalisador está numa fase diferente dos reagentes e dos produtos. O catalisador não altera a posição de equilíbrio da reação. O efeito do catalisador deve-se ao fato de que, na sua presença, os reagentes encontram um mecanismo re reação de menor energia de ativação. Assim, a formulação da lei cinética de uma reação é alterada pela presença de um catalisador devido à adição de um novo termo, que é dominante relativamente ao da reação não catalisada. Quando o catalisador é um sólido, como na catálise heterogênia, a sua concentração é constante e não aparece como um fator independente nesta equação. 3. Conclusão O conhecimento do tema cinética química é importante, pois possibilita o entendimento de diversos processos que estão presentes em seu cotidiano como, por exemplo, a conservação de alimentos, o uso de catalisadores nos veículos em nossas indústrias, entre outros. 4. Bibliografia FORMOSINHO, Sebastião J., ARNAUT Luis G. CINÉTICA QUÍMICA, estrutura molecular e reactividade química. Imprensa da Universidade Coimbra, 2003 PILLING, Sérgio. MODELAGEM CINÉTICO-QUÍMICA: FUNDAMENTOS E APLICAÇÃO A AMBIENTES ASTROFÍSICOS.Univap https://www1.univap.br/spilling/AQ/Aula%2006%20- %20Cinetica%20quimica%20em%20astroquimica.pdf Acesso em 24 de Novembro de 2019 MARCH, Jerry. ADVANCED ORGANIC CHEMISTRY: Reactions, Mechanisms, and Structure (3rd ed.), New York: Wiley, ISBN 0-471-85472-7, (1985). https://www1.univap.br/spilling/AQ/Aula%2006%20-%20Cinetica%20quimica%20em%20astroquimica.pdf https://www1.univap.br/spilling/AQ/Aula%2006%20-%20Cinetica%20quimica%20em%20astroquimica.pdf Equilíbrio Químico 1. Introdução O equilíbrio químico consiste num processo dinâmico onde as quantidades de reagentes e produtos se mantêm constantes. Isto só ocorre quando o sistema se encontra fechado e neste caso dizemos que a velocidade da reação direta é igual à velocidade da reação inversa, mas a reação não para de acontecer. O Equilíbrio Químico é atingido quando uma reação reversível ocorre no sentido direto e no inverso, com a mesma velocidade, e as propriedades do sistema se estabilizam. V direita a A b B V inversa É interessante notar que a constante de equilíbrio (K) indica as quantidades de reagentes e produtos que coexistem quando o sistema atinge o equilíbrio numa condição de temperatura constante ou mais especificamente, numa dada temperatura. O equilíbrio químico pode ser expresso através de uma equação chamada de expressão da constante de equilíbrio (K): 𝐾 = [Produtos] coeficiente [Reagentes] coeficiente Nas reações químicas diretas os reagentes formam os produtos, enquanto nas reações inversas os produtos formam os reagentes. Em uma equação química esses elementos organizam-se de modo que no primeiro membro estejam os reagentes e no segundo os produtos. Como dito, para alcançar o equilíbrio químico a velocidade da reação direta (v1) precisar se igual à velocidade da reação inversa (v2), ou seja, v1 = v2. Isso pode ser exemplificado na imagem abaixo: https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/quimica/reacoes-quimicas O gráfico de equilíbrio químico possui a variável tempo (eixo x) e concentração em mol/L (eixo y). Qualquer curvatura descendente refere-se ao reagente, enquanto a curva ascendente refere-se ao produto. Considere a equação genérica de equilíbrio químico abaixo: v1 aA + bBcC + dD v2 Inicialmente, v1 possui um valor máximo pois os reagentes A e B também apresentam grandes concentrações. Porém, v2 é igual a zero, já que os produtos C e D ainda não foram formados. Na medida que a reação evolui, A e B reduzem, ao mesmo tempo que C e D aumentam, consequentemente, v1 reduz e v2 aumenta. Em função dessa relação inversamente proporcional, em um determinado momento as duas velocidades se igualam (v1 = v2). Ao alcançar o estado de equilíbrio, a reação parece ter cessado. Contudo, ela ainda ocorre com velocidades iguais e as concentrações de reagentes e produtos permanecem constantes. Várias reações químicas são consideradas reversíveis, ou seja, à medida que os produtos vão sendo formados a partir da reação entre os reagentes, os produtos reagem entre si e regeneram novamente os reagentes. Esse processo continua nos dois sentidos até que se atinja o equilíbrio químico, que é quando a taxa de desenvolvimento ou velocidade dos dois sentidos da reação (direto e inverso) torna-se igual. Por exemplo, o sulfato de cobre penta-hidratado apresenta cor azul e podemos causar uma transformação química por aquecê-lo. Assim, ele perde sua água de hidratação e fica da cor branca. Mas essa reação é reversível, pois basta adicionar água ao sal desidratado que ele volta a ficar azul. Existem muitas outras reações na natureza que são reversíveis e podem atingir o equilíbrio químico. Macroscopicamente nós achamos que o sistema está parado, como se não houvesse mais reação. Porém, microscopicamente o equilíbrio é dinâmico, os reagentes estão constantemente se transformando nos produtos e os produtos, nos reagentes, com a mesma velocidade. Isso é simbolizado na equação química pela dupla seta (↔). 2. Fundamentação Teórica O tema Equilíbrio Químico é dos assuntos mais importantes e difíceis (de natureza abstrata). Quílez et al. (1993) destacam a relevância que os equilíbrios químicos têm no estudo de aspectos importantes da Química como o comportamento ácido-base ou as reações de precipitação, e que se faz necessário conhecer as dificuldades de aprendizagem e os erros conceituais relacionados assim como suas possíveis origens. Vários trabalhados e revisões têm apontado dificuldades e erros conceituais relacionados com os Equilíbrios Químicos como: a grande quantidade de conceitos relacionados, problemas estequiométricos e de linguagem, a incapacidade de resolução de problemas, a adoção de estratégias didáticas incorretas, as analogias utilizadas em sua didática, o emprego de um raciocínio linear e seqüencial, a utilização de regras memorísticas, a incorreta aplicação do Princípio de Le Chatelier entre muitos outros (Driscoll, 1960; Raviolo e Aznar, 2003). Um dos aspectos mais relevantes do estudo de equilíbrio químico é a consideração dos fatores relacionados com os deslocamentos que podem sofrer um sistema em equilíbrio químico. Os PCN+ (Brasil, 1999) sugerem que os alunos identifiquem as variáveis que perturbam o estado de equilíbrio químico e avaliem as conseqüências de se modificar a dinâmica do sistema em equilíbrio. Para desenvolver estes objetivos, o Princípio de Le Chatelier continua sendo uma ferramenta quase que exclusiva, apresentando papel fundamental na predição qualitativa da evolução do sistema modificado. O Princípio de Le Chatelier, também conhecido como Princípio de Le Chatelier-Braun, foi formulado pelo químico francês Henri L. Le Chatelier em 1884, e seu enunciado está transcrito e traduzido a seguir, baseado no estudo de Quílez e Solaz, 1996b: “Todo sistema em equilíbrio químico estável submetido à influência de uma causa exterior que tenda a variar a sua temperatura ou condensação (pressão, concentração, número de moléculas por unidade de volume) em sua totalidade ou em alguma de suas partes poderá experimentar modificações interiores que levariam a uma mudança de temperatura ou de condensação no sentido contrário ao provocado pela causa exterior.” Quatro anos mais tarde, em trabalhos posteriores, Le Chatelier formulou seu princípio de uma forma mais breve e generalizada. Assim, em 1888, no seu livro Leçons sur le carbone, la combustion et les lois chimiques, Le Chatelier estabeleceu o seguinte texto, traduzido do mesmo trabalho de Quílez e Solaz, 1996b: “Todo sistema em equilíbrio experimenta, devido à variação de apenas um dos fatores do equilíbrio, uma variação em um sentido tal que, se somente ele produzisse, conduziria a uma variação de sentido contrário ao fator considerado.” Esta formulação, caracterizada por uma aparente simplicidade provocou um grande impacto na Química do final do século XIX devido à possibilidade de ser aplicada em numerosas situações, além de não possuir qualquer tratamento matemático baseado nos princípios da termodinâmica. Estas características tornaram este princípio extremamente popular no ensino até os dias atuais. (Quílez et al.,1993). Em 1933, o próprio Le Chatelier reconheceu algumas deficiências dos enunciados anteriores e propôs a sua quarta e definitiva formulação. Estudos posteriores (De Heer, 1957, Quílez e SanJosé, 1995) começaram a discutir os erros conceituais associados às várias limitações do emprego do Princípio de Le Chatelier enfatizando a idéia de que muitos cientistas possuem a idéia errônea de que o princípio de Le Chatelier é “verdadeiro” no sentido de expressar uma “lei fundamental da natureza", cuja validez não poderia ser questionada. 2.1 Constantes de Equilíbrio A constante de equilíbrio (Ke) refere-se às quantidades de reagentes e produtos presentes em uma reação. Os numeradores C e D são os produtos, enquanto os denominadores A e B correspondem aos reagentes. Essa relação é dada pela fórmula abaixo: Ke = [𝐶]𝑐 [𝐴]𝑎 = [D]d [𝐵]𝑏 A constante de equilíbrio foi uma desenvolvida pelos cientistas Cato Maximilian Guldberg e Peter Waage, em 1864, a qual foi chamada de “Lei de Ação das Massas” ou “Lei de Guldberg-Waage”. De acordo com os autores, as taxas de reação direta e inversa devem ser iguais para alcançar o equilíbrio químico. Este, por sua vez, pode acontecer em dois tipos de sistemas: Homogêneos: os reagentes e os produtos estão na mesma fase, gerando um sistema homogêneo. Exemplo: H(g) + Cl2(g) <--> HCl (g) Heterogêneos: os reagentes e os produtos estão em fases diferentes, gerando um sistema heterogêneo. Exemplo: Na2 CO3(s) <--> Na2 O(s) + CO2(g) 2.3 Princípio de LeChatelier O Princípio de Le Chatelier diz o seguinte: “Quando um equilíbrio é alterado por um fator externo, ocorre um deslocamento no sentido que anula a alteração”. A ação de catalisadores não provoca o deslocamento desse equilíbrio. Os fatores que fazem isto são: a variação da concentração, da pressão e da temperatura. Aqui analisaremos apenas um deles: a concentração. Após ter atingido o equilíbrio no sistema é possível alterar a razão dos produtos e reagentes mudando-se as condições externas por variação do volume, por adição ou subtração de produtos e reagentes ou mesmo variando a temperatura. Pode-se deduzir o sentido de deslocamento do equilíbrio quando uma das três mudanças é efetivada, aplicando-se o princípio de Le Chatelier, como se segue; Se um sistema em equilíbrio for perturbado por alguma variação externa o sistema reagirá de modo a contrabalançar parcialmente o efeito da variação. Analisando este princípio no caso reação , como se segue. Para isto vamos supõ-se que o sistema, esteja inicialmente, em equilíbrio químico a uma certa temperatura e em seguida vamos perturba-lo, das seguintes formas; a)- adicionando N2O4:A reação será deslocada no sentido direto (da esquerda para a direita). Deste modo parte de N2O4 será consumida. b)- adicionando NO2 :A reação será deslocada no sentido inverso (da direita para esquerda), consumindo parte de NO2 que foiadicionado. c)- removendo N2O4:A reação será deslocada no sentido inverso (da direita para esquerda) para repor parte de N2O4. d)- removendo NO2 :A reação será deslocada no sentido direto (da esquerda para a direita), repondo parte de NO2 removido. 2.4 Equilíbrios de Solubilidade É um tipo de equilíbrio dinâmico. Existe quando um composto químico no estado sólido está em equilíbrio químico com uma solução desse composto. O sólido pode dissolver-se inalterado, por dissociação ou com reação química com outro constituinte do solvente, como um ácido ou um álcali. Cada tipo de equilíbrio é caracterizado por uma constante de equilíbrio dependente da temperatura. Os equilíbrios de solubilidade são importantes cenários farmacêuticos, ambientais, entre outros. O equilíbrio de solubilidade é um exemplo de equilíbrio heterogêneo, que está relacionado com a dissolução e precipitação de substâncias pouco solúveis. Considerando uma solução saturada de cloreto de prata, AgCl. Se continuarmos a adicionar AgCl a uma solução saturada, verificamos que há formação de precipitado, e passamos a ter uma solução heterogênea com uma fase líquida e uma fase sólida. Nestas condições, ocorre um equilíbrio entre estas duas fases, designado por equilíbrio em soluções saturadas de sais, e que, neste caso, pode ser representado por: AgCl (s) AgCl (aq) O momento em que a velocidade de dissolução iguala-se à velocidade de precipitação, corresponde ao instante em que se estabelece o equilíbrio de solubilidade do sal em estudo. 2.5 Ácidos e Bases Apresentado pelo químico, físico e matemático sueco Svante August Arrhenius (1859-1927) em 1887. A primeira consideração que se deve ter a respeito dos ácidos e bases é que as chamadas "teorias" de ácido-base são, na realidade, conceitos de ácidos ou de bases; elas não são teorias no sentido da teoria da ligação de valência ou da teoria de o são orbitais moleculares. Na verdade podemos fazer um ácido ser qualquer cois) a que queiramos - as diferenças entre os vários conceitos não se referem ao "certo", mas ao uso mais conveniente em uma situação particular. Todas as definições do comportamento ácido-base são compatíveis umas com as outras. De fato, um dos objetivos na apresentação que se segue, das várias definições diferentes, é enfatizar seus paralelismos e assim dirigir o estudante na direção de uma atitude cosmopolita diante dos ácidos e bases, o que dará a ele uma boa posição para lidar com as várias situações químicas, seja solução aquosa de íons, reações orgânicas, titulações não aquosas ou qualquer outra. Ácidos são substâncias que, quando dissolvidas em água, aumentam a concentração de íons H+(aq) na solução. HCl(aq) → H+(aq) + Cl- (aq) 100% ionizado ≡ ácido forte (eletrólito forte) Bases são substâncias que, quando dissolvidas em água, aumentam a concentração de íons OH- (aq) na solução. NaOH(aq) → Na+ (aq) + OH- (aq) 100% dissociado ≡ base forte (eletrólito forte) 2.6 Energia Livre e Equilíbro Químico Energia livre é a energia da qual o processo dispõe para realizar trabalho útil à temperatura e pressão constantes. Visto que em um processo a energia nunca é totalmente convertida em trabalho, a fração de energia útil do sistema, isto é, que realiza o trabalho, é considerada a energia livre.A grandeza da energia livre só é usada para calcular variações que ocorrem nos sistemas, e não para sistemas estáticos. Ela é simbolizada por ΔG. É também denominada Energia Livre de Gibbs, pois foi proposta em 1878, pelo físico americano Josiah Willard Gibbs (1839-1903), com a finalidade de avaliar a espontaneidade do sistema.Seu cálculo é dado pela expressão matemática abaixo, que é costumeiramente chamada de equação de Gibbs-Helmholtz: 3. Bibliografia LEVENSPIEL, O. 2000. ENGENHARIA DAS REAÇÕES QUÍMICAS. Editora Edgard Blücher Ltda., São Paulo. CANZIAN, Renato, MAXIMIANO, Flávio Antônio, Análise da Formulação do Princípio de Le Chatelier em Livros Didáticos. XIV Encontro Nacional de Ensino de Química (XIV ENEQ) UFPR, 21 a 24 de julho de 2008. Curitiba/PR.
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