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CARLOS VAGNER PEÇANHA 
 
 
 
 
 
 
REGISTRO DE OCORRÊNCIA DE Coptotermes gestroi (Isoptera: 
Rhinotermitidae) NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL. 
Estudo de caso e levantamento de ocorrências na cidade de Porto 
Alegre. 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada ao Instituto de 
Biociências do Campus de Rio Claro, 
Universidade Estadual Paulista Júlio de 
Mesquita Filho, como parte dos requisitos para 
obtenção do título de Especialista em 
Entomologia Urbana 
 
 
 
 
 
 Orientador: Prof. Dr. Carlos Fernando Andrade 
 
Co-orientador: Dr. Luiz Roberto Fontes 
 
 
 
 
 
 
Rio Claro 
Ano 2008 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedicatória 
 
Dedico este trabalho inicialmente a meus pais Laerte G.Peçanha e Diva A. do Valle, por 
seu permanente exemplo de dedicação, moral, integridade e carinho. A minha irmã 
Márcia V. Peçanha, por todo o apoio e superação ao abraçar minhas lutas e desafios 
desde a infância. 
Aos professores, colegas e amigos Carlos Fernando Andrade e Luiz Roberto Fontes, por 
seu incondicional apoio e auxilio na elaboração deste projeto e amizade sincera e 
verdadeira desde que a vida fez com que nossos caminhos se cruzassem. 
Finalmente a minha amada esposa Renata C. Maraschin, por estar sempre ao meu lado 
atuando como cúmplice em todos os momentos. 
 
 
Agradecimentos 
Agradeço a todos os amigos que ajudaram durante o processo deste trabalho, ajudando 
na coleta de dados ou redação, principalmente a André Victor L. Freitas, Paulo Christiano, 
Ferneda e Francisco Poveda e aos colegas do trabalho e de curso por sua amizade, 
paciência e compreensão com todas as correrias e ausências ocorridas durante a 
conclusão deste trabalho. 
 
Resumo 
REGISTRO DE OCORRÊNCIA DE Coptotermes gestroi, (Isoptera: Rhinotermitidae) NO 
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL. 
Estudo de caso e levantamento de ocorrências na cidade de Porto Alegre. 
 
Palavras chave: Cupim Subterrâneos, Coptotermes gestroi, Registro de 
ocorrência, Rio Grande do Sul, Brasil. 
 
 O presente trabalho relata a ocorrência do cupim subterrâneo Coptotermes gestroi 
na cidade de Porto Alegre/RS e analisa as infestações quanto ao tempo de infestação e 
características das edificações. Também apresenta o primeiro levantamento de 
infestações por cupins subterrâneos tratadas por controladores de pragas que atuam 
nesta cidade. Assim, contribui para a história da infestação por cupim subterrâneo, fato 
inédito na cidade e no Estado. 
 
Abstract 
 Report of occurrence of Coptotermes gestroi (Isoptera: Rhinotermitidae) in the Rio 
Grande do Sul State, Brazil. 
Field research and survey in the city of Porto Alegre, Brazil. 
 
Key words: Subterranean Termites, Coptotermes gestroi, first occurrence, Porto 
Alegre, Brazil. 
. 
 
This paper reportsfor the first time the occurrence of the subterranean termite 
Coptotermes gestroi in Porto Alegre /RS, Brazil, and examines the infestation according 
to the characteristics of the buildings, inferring its initiation. It is also reported a survey 
made among pest control operators in order to identify other termite infestation in the 
county. 
 
Sumário 
 
Resumo ................................................................................................................... 4 
Abstract .................................................................................................................... 4 
Sumário ................................................................................................................... 5 
Introdução ................................................................................................................ 6 
Materiais e Métodos ................................................................................................. 7 
Identificação do cupim subterrâneo ............................................................. 7 
Área de estudo ............................................................................................ 7 
 Imóvel A.......................................................................................................8 
 Imóvel B.......................................................................................................8 
Metodologia de análise dainfestação............. ............................................ .9 
Histórico da infestação por Cupins Subterrâneos na cidade Porto Alegre.10 
 
Resultados ............................................................................................................. 11 
Observações das infestações Imóvel A ..................................................... 11 
Observações das infestações Imóvel B ..................................................... 18 
Histórico da infestação por Cupins Subterrâneos na cidade Porto Alegre 18 
Conclusão .............................................................................................................. 20 
Considerações Finais ............................................................................................ 23 
Referências Bibliográficas ..................................................................................... 24 
 
 
 
INTRODUÇÃO: 
 
Dentre as cerca de 2700 espécies de cupins conhecidas atualmente, menos de 80 
espécies foram reconhecidas como pragas (Harris, 1971: 138; Edwards & Mill, 1986: 22, 
111). Os cupins subterrâneos estão entre as pragas mais importantes no ambiente 
urbano, devido à magnitude dos prejuízos materiais e econômicos que causam ao 
infestar edificações e outros aparelhos urbanos, ao consumir material de origem 
celulósica e animal. Estes insetos se adaptaram muito bem as condições ambientais das 
cidades e às características construtivas empregadas em nossas edificações, 
dispersando-se de forma discreta, ocupando os espaços disponíveis e causando perdas 
estimadas entre US$ 10 a 20 milhões anuais apenas na cidade de São Paulo, (Milano & 
Fontes, 2002). 
Os cupins subterrâneos de ocorrência urbana estão presentes numa grande faixa 
do território nacional que se estende do Nordeste ao Sudeste do país (Milano & Fontes, 
2002). Em partícular a espécie Coptotermes gestroi (previamente referida pela 
denominação Coptotermes havilandi; veja próximo tópico) é a mais danosa e bem 
sucedida ao infestar edificações. Nas últimas décadas um grande número de 
infestações tem sido detectado em casas, edifícios, estádios, prédios públicos e até 
mesmo embarcações, em especial nos estados de SP e RJ. 
 
Sua ocorrência no estado do Rio Grande do Sul não havia sido registrada até o 
momento e neste trabalho apresenta-se o estudo de caso onde este cupim foi 
identificado como o agente infestante em dois imóveis na cidade de Porto Alegre, além 
de um histórico de ocorrências anteriores realizado junto a empresas controladoras de 
pragas que atuam na cidade. 
 
 
MATERIAIS E MÉTODOS 
 
1- Identificação do cupim subterrâneo encontrado. 
 
Coptotermes gestroi (Wasmann, 1896), realizada por Dr. L. R. Fontes. O nome 
presente em publicações até o ano de 2004 é Coptotermes havilandi, e o taxonomista 
responsável pela identificação oferece uma explicação sobre a mudança na 
denominação: 
O nome do cupim subterrâneo Coptotermes havilandi mudou, mas apenas por razões de 
nomenclatura taxonômica. Isso nada altera do nosso Coptotermes, apenas o nome a ser utilizado em 
publicações científicas deve ser Coptotermes gestroi. Em palestras, propostas de controle e outros 
documentos, por motivo de clareza pode-se usar indistintamente C. havilandi ou C. gestroi, pois os dois 
nomes são sinônimos (apenas o válido é C. gestroi, para efeitos oficiais). Portanto, não houve mudança 
alguma na identidade do cupim, trata-se de mera questão nomenclatural (nomenclatura taxonômica, regida 
pelo Código Internacional de Nomenclatura Zoológica), nada mais. Assim, quando se usam os nomes 
C. havilandi ou C. gestroi, refere-seao mesmo cupim, sem qualquer possibilidade de confundir com outra 
espécie. 
Resumindo: o inseto é o mesmo e nunca houve erro na identificação original, feita por Alfred E. 
Emerson na década de 1940, grande taxonomista norte-americano. Para uma identificação feita nessa 
época, com todas as deficiências de conhecimento que havia sobre os cupins do mundo, devemos afirmar 
que Alfred Emerson "cometeu" um grande acerto e merece a nossa admiração. O artigo que trata da 
alteração nomenclatural foi publicado em Sociobiology (Kirton & Brown, 2003). 
 
 2 –Área de estudo: 
 
Cidade 
Porto Alegre situa-se nas coordenadas 30º 01’ 57’’S e 51º 13’ 49’’ W e foi fundada 
em 1772. É a capital estadual mais meridional do país, com clima temperado/subtropical, 
temperatura média mensal variando entre 14º e 25 º C e precipitação mensais médias 
entre 85 e 140mm ao longo do ano (gráfico 1). É uma cidade bastante arborizada e às 
margens do lago Guaíba, uma conjunção de rios que desemboca na Lagoa do Patos. 
(figura 1) 
 
Figura 1- município de Porto Alegre, em destaque bairro Menino Deus. 
(Pref. Mun. de Porto Alegre). 
 
Gráfico 1 – Temperatura e Precipitação médias mensais na cidade de Porto Alegre – RS. 
(CPTEC- INPE ,Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) 
 
 
Região da cidade 
Os dois imóveis estudados localizam-se no mesmo bairro (Menino Deus, região 
oeste da cidade), distantes entre si aproximadamente 300m. O bairro é bem arborizado e 
a região começou a ser urbanizada na primeira década do século 20, sendo que ainda 
existem casas deste período. Com o crescimento da cidade o bairro se expandiu e nas 
décadas seguintes foi completamente ocupado com a construção de edifícios em 
substituição a casas térreas e sobrados. 
Neste bairro ou proximidades, estão localizados a sede da Secretaria de 
Agricultura e o centro esportivo, ambos com uma considerável área verde, além de dois 
estádios de futebol e três cemitérios. 
 
 
Imóveis 
 Dois imóveis com infestações ativas por Coptotermes gestroi foram localizados 
em Porto Alegre, bairro Menino de Deus, durante rotina de inspeções para controle de 
pragas urbanas da empresa Multicontrole, do ramo de controle de pragas urbanas. 
Ambos se localizam em ruas próximas (Rua Gonçalves Dias e Rua Almirante Gonçalves). 
 
Imóvel A. Edifício residencial de apartamentos com 3 pavimentos e 8 unidades 
habitacionais, construído em 1985. O terreno apresenta desnível lateral, com a parede 
lateral oeste no andar térreo e parte do primeiro pavimento em contato com o solo do 
terreno vizinho (figura 2), localizado em cota mais elevada. O edifício não possui subsolo, 
tem seu pavimento térreo numa cota abaixo do nível da rua e foi construído sobre uma 
nascente de água. O edifício é cercado por outras edificações tendo apenas vegetação 
de grande porte na calçada e jardim. 
 
 
Figura 2- Esquema de corte lateral do terreno, na porção média do comprimento, 
mostrando a diferença de cotas entre o edifício A e seu vizinho oeste. 
 
Imóvel B. Edifício residencial de apartamentos com 7 pavimentos e 28 unidades 
habitacionais, construído em 1992. Apresenta com garagem no subsolo, unidades de 
cobertura com floreiras e está cercado por áreas verdes com árvores de grande porte. A 
construção foi interrompida ao final das obras com toda a parte estrutural pronta e 
permaneceu parada por cerca de um ano sem acabamentos. 
 
 3- Metodologia de análise da infestação (inspeção nos imóveis e seus entornos) 
 - Levantamento dos pontos de infestação ativa dentro dos imóveis 
 - Analise dos pontos de ataque identificando acessos e vias de deslocamento 
usados pelos insetos. 
 - Coleta de indivíduos e busca de indícios da idade relativa da colônia. 
 - Levantamento do histórico dos edifícios e relatos de infestações anteriores, bem 
como dos tratamentos realizados. 
 - Inspeção das áreas externas e na vegetação próxima, buscando a presença de 
cupins subterrâneos. 
 - Levantamento nos imóveis vizinhos às edificações objeto do estudo buscando 
infestações por cupins subterrâneos. 
solo 
Edif. A 
 
4- Histórico de infestação por cupim subterrâneo em Porto Alegre 
 
O histórico de infestação na cidade foi estimado mediante avaliação da 
experiência das empresas de controle de pragas que atuam na cidade. 
Aproximadamente __ empresas de controle de pragas atuam na cidade de Porto Alegre. 
Foram selecionadas 10 empresas com mais de 10 anos de atividade e nestas buscou-se 
o contato diretamente com o Responsável Técnico. Oito empresas colaboraram e 
responderam um questionário básico buscando identificar: 
 
 - Se já trataram infestações por cupins subterrâneos na cidade? 
 - Quantas infestações por cupim subterrâneo tratou? 
 - Como e por quem o agente infestante foi identificado? 
 - Localização da infestação tratada? 
 - Data da ocorrência? 
 - Tratamento realizado? 
 - Dados complementares. 
 
 
RESULTADOS 
 
Observações das infestações: 
Imóvel A 
Foram constatados ataques em madeiras de móveis e guarnições de portas com 
presença de túneis de material cartonado sempre seguindo junto à madeira atacada ou 
em frestas escuras. Não foram encontrados túneis em superfícies de paredes ou 
quaisquer outros espaços expostos. 
Nos 2 apartamentos estudados neste edifício todas as madeiras infestadas se 
concentravam na face oeste do imóvel, junto a parede divisória com o imóvel vizinho cuja 
face externa tem contato com o solo até cerca de 1,5 metros (desnível do terreno). 
Não foi constatado trânsito ou presença de material cartonado em eletrodutos, caixas de 
interruptores, tomadas ou ao redor de tubulação hidráulica. 
A maior concentração de túneis e material cartonado foi verificada sob um armário 
embutido junto à parede oeste do apartamento. Ao remover este armário embutido 
foram encontrados túneis e material cartonado especialmente na junção do piso com a 
parede, em frestas e rachaduras (figurass 3 e 4); sob o gaveteiro deste armário foi 
encontrado um subninho inativo (figurass 5 e 6). Tanto este armário quanto uma estante 
que estava recostada na parede oeste foram fortemente atacados. 
Os dois apartamentos infestados estão no primeiro pavimento e junto ao desnível do 
terreno. Focos na lateral voltada para o terreno geminado a parede. 
Ao desmanchar as estruturas cartonadas foram encontrados muitos operários e soldados, 
bem como material cartonado de aspecto novo, indicando uma colônia bastante ativa 
com pelo menos alguns anos de existência. Também foi constatada a presença de 
reparos antigos de gesso e cimento branco nas guarnições das portas internas, segundo 
relato dos moradores feitos a mais de 5 anos, que foram claramente realizados para 
corrigir danos de infestações antigas, pois ao serem removidos foi verificado que na 
madeira reparada existiam túneis e galerias preenchidos pelo material usado no reparo. 
Não foram encontrados vestígios nem obtidos relatos de revoadas nos apartamentos. 
 
 
Áreas externas do Edifício A: 
Foram encontrados focos ativos de Coptotermes gestroi em 3 pontos num raio de 15 
metros do imóvel, 2 focos em tocos de árvores de grande porte situados no quintal do 
imóvel vizinho oeste (figuras 7 e 8), cujo terreno situa-se numa cota mais alta em relação 
ao edifício objeto do estudo, sendo que o sistema radicular destas árvores se distribuía 
pelo solo que faz face à parede oeste (figura 9) dos apartamentos infestados, e um 
terceiro foco foi encontrado em uma árvore viva na calçada em frente a edificação. 
Foi reportada atividade de cupins pelos moradores de residência vizinha do lado leste, 
porem não tivemos acesso ao interior do imóvel. 
 
 
 
Figura 3 – frestas na junção piso parede com material cartonado. 
 
 
 
Figura 4 – Detalhe, frestas na junção piso parede com material cartonado. 
 
 
Figura 5– Subninho encontrado sob armário. 
 
 
Figura 6- Subninho na posição original e marcas da posiçãodo armário embutido. 
 
 
Figura 7 – Toco de árvore com foco ativo no quintal do vizinho. 
 
 
Figura 8 – Detalhe do Toco de árvore com foco ativo no quintal do vizinho. 
 
 
Figura 9 – Vista em perspectiva da 
parede do edifício A e do toco de árvore 
infestado. 
 
 
Figura 11 - Esquema dos focos de 
cupins ativos encontrados na 
vegetação das áreas vizinhas ao 
edifico A. (tocos e árvore viva) 
 
Figura 10 – Localização dos focos de 
cupins ativos no interior do edifício A 
(traços vermelhos) 
Imóvel B 
 
Foram constatados focos e vestígios em 3 apartamentos, sendo 2 coberturas e um 
apartamento tipo imediatamente sob uma das coberturas infestadas. 
Túneis e material cartonado foram encontrados apenas em vãos escuros, como no 
espaço entre o forro de gesso e a laje do teto, ou atrás de armários. 
As madeiras atacadas foram rodapés, assoalho e uma guarnição de porta, sendo que no 
total foram detectados sete pontos de ataque em todo o edifício. 
Não foram encontrados túneis, material cartonado ou trânsito de insetos nos eletrodutos, 
caixas de interruptores, tomadas, ao redor de tubulação hidráulica e poços de elevador. 
Ao analisar as plantas do edifício foi constatado que nas coberturas existem vãos 
estruturais conhecidos como caixões perdidos. 
Ao desmanchar as estruturas cartonadas foram encontrados poucos operários e 
soldados, indicando uma colônia com baixa atividade e poucos anos de existência. 
Não foram encontrados vestígios nem relatos de revoadas nos apartamentos. 
 
Áreas externas do Edifício B: 
Foi constatado apenas um foco de cupim subterrâneo não identificado em tronco de 
árvore morta do terreno vizinho. A ausência de soldados impediu a identificação. 
 
Histórico de infestação por cupim subterrâneo em Porto Alegre – a experiência das 
empresas de controle de pragas 
Das oito empresas que concordaram em responder o questionário: 
- duas empresas afirmaram nunca ter constatado infestações por cupins 
subterrâneos na cidade ou em outros municípios. 
- uma empresa confirmou já ter encontrado infestação por cupim subterrâneo 
porém não dispunha de dados adicionais como local e datas. 
- as outras cinco empresas reportaram pelo menos 12 episódios em que 
constataram infestações por cupins subterrâneos, todos nas áreas internas dos imóveis e 
com presença de túneis de material cartonado. Apenas em 6 casos conseguimos dados 
mais precisos como datas e locais aproximados sendo que destes o mais antigo foi 
verificado em 2005. 
 
Levantamento de ocorrências de cupins subterrâneos com empresas controladoras de 
pragas situadas na cidade de Porto Alegre: 
 
Das 10 empresas selecionadas e convidadas a responder o questionário apenas 
oito empresas concordaram em responde-lo, sendo que: 
 
- duas empresas afirmaram nunca ter constatado infestações por cupins 
subterrâneos na cidade ou em outros municípios. 
- uma empresa confirmou já ter encontrado infestação por cupim subterrâneo 
porém não dispunha de dados adicionais como local e datas. 
- as outras cinco empresas reportaram pelo menos 12 episódios em que 
constataram infestações por cupins subterrâneos, todos nas áreas internas dos imóveis e 
com presença de túneis de material cartonado. Apenas em 6 casos conseguimos dados 
mais precisos como datas e locais aproximados sendo que destes o mais antigo foi 
verificado em 2005. 
 
 
Todos os casos reportados em que foi possível obter dados da localização 
aproximada dos imóveis tratados, ocorreram nos bairros Menino Deus e Azenha, que 
são bairros anexos situados junto ao Lago Guaíba e um curso de água Arroio dilúvio 
(figura 10). Todos os casos reportados ocorreram num raio máximo de 
aproximadamente 2,0Km entre si. 
 
-Nenhuma das empresas coletou os insetos ou fez uma identificação do cupim 
com especialista. 
 
 
 
 
 
Figura 12 - Localização dos focos de Cupins subterrâneos estudados e relatados. 
 EDIFíCIO A 
 EDIFíCIO B 
 Locais em que foram relatados focos de cupins subterrâneos pelas empresas de 
controle de pragas. 
500m 
A 
B 
 
CONCLUSÃO 
 
Considerações sobre o cupim subterrâneo Coptotermes gestroi. 
Segundo Milano & Fontes (2002) “É o cupim subterrâneo mais bem estudado entre nós”, 
tendo sua primeira ocorrência sido registrada na cidade do Rio de Janeiro /RJ em 1923 
(Araújo, 1958: 194) e no ano de 1934 coletado na cidade de Santos /SP. 
 
Muito provavelmente estes cupins foram introduzidos em nosso país a partir de cargas 
ou embarcações infestadas que chegaram aos movimentados portos do Rio de Janeiro e 
Santos no final do século XIX, início do século XX. Normalmente sua dispersão se dá 
por revoadas de reprodutores ou transporte de colônias jovens em materiais infestados 
como bobinas de papel ou porção de solo junto a plantas vivas (MILANO&FONTES, 
2002). 
 
Nas colônias dos cupins da espécie Coptotermes gestroi que infestam edificações é 
possível encontrarmos reprodutores substitutos (LELIS,1999) e este fator pode ser um 
dos principais responsáveis pelo sucesso deste organismo ao se dispersar no ambinete 
urbano. 
 
Analisando a dispersão territorial que observamos no Coptotermes gestroi, indo de 
uma cidade ou estado a outro é um provavelmente um processo combinado de dispersão 
em que uma colônia jovem é transportada até um novo território pelo homem e neste 
novo território se dispersa por revoadas. Não é difícil imaginar o quanto lento é este 
processo, pois uma colônia jovem leva alguns anos até produzir seus primeiros 
reprodutores. Esta dinâmica de dispersão é semelhante a observada em outros 
organismos praga (MALLIS, 2004) e claramente compreendida quando analisamos numa 
linha de tempo as infestações maciças encontradas na região sudeste normalmente nas 
cidades portuárias e costeiras, a seguir nas grandes cidades do interior sendo então 
detectadas em municípios menores ou bairros mais distantes. 
 
O elevado grau de rusticidade desta espécie de cupim favorece sua sobrevivência em 
condições adversas e colabora para seu sucesso em colonizar novos territórios. Apenas 
para ilustrar esta capacidade de sobrevivência, já foram encontradas colônias ainda 
vivas em um fragmento de ninho mesmo após meses em que este fragmento de ninho foi 
deixado dentro do porta malas de um veículo, sendo que ao se proceder sua remoção do 
veículo, constatou-se que os cupins haviam explorado o veículo e danificado a tapeçaria 
em suas rotas de deslocamento (Milano & Fontes, 2002). 
 
Os dados climatológicos da cidade de Porto Alegre mostram que diferentemente da 
crença geral de que se trata de uma cidade predominantemente fria, as temperaturas 
médias mensais não chegam a ser um fator impeditivo ao desenvolvimento de colônias 
de cupins subterrâneos, haja visto que nos arredores da cidade são observados 
cupinzeiros de outros gêneros de cupins, como o cupim de solo (também conhecido pela 
denominação cupim de montículo) Cornitermes, que também transita pelo solo. 
 
Considerando as características da infestação observadas no Edifício A (infetação ligada 
ao solo), é muito provável que esta seja proveniente do terreno vizinho uma vez que os 
ataques foram constatados sempre no lado do imóvel voltado para o desnível do terreno, 
pois nesta interface entre a parede de alvenaria e o solo os cupins encontraram as 
condições ideais de umidade e proteção para acessar a madeira no interior dos 
apartamentos, pois o gênero Coptotermes tem como uma de suas características o 
forrageamento em diversas fontes de alimento e interconexão destes através de túneis 
(EDWARDS , MILLS, 1986) 
A presença de focos ativos na vegetação ao redor do edifício em 3 pontos distintos, bem 
como os indícios de que a infestação nos apartamentos tem mais de 5 anos mostra que 
os cupins encontraram um ambiente bastante favorável a seu desenvolvimento nesta 
região. Um fator importante a ser realçado é a presença de uma nascente deágua no 
andar térreo do edifício, pois isso mostra que o terreno no local é bastante úmido e esta 
é uma das principais condições para a sobrevivência dos cupins subterrâneos (MALLIS. 
2004). 
 
 
Considerando as características da infestação observada no Edifício B (infestação aérea), 
é bastante provável que os cupins tenham alcançado os caixões perdidos através de 
revoada num período mais recente, pois a idéia inicial que este poderiam ter infestado o 
edifício nos 12 meses em que a construção esteve parada, certamente surgiria na 
atualidade como uma infestação de proporções bem maiores. A suposição da infestação 
ter origem em revoadas é baseada na ausência de ataques e infestações nos 
pavimentos térreo e subsolo bem como nas áreas verdes circundantes, com isso temos 
uma infestação exclusivamente aérea, sem contato com solo. 
 É interessante ressaltar que a existência de soldados observados mesmo em baixo 
número indica se tratar de uma colônia madura (EDWARDS, MILLS, 1986). As 
infestações observadas nos apartamentos de cobertura estavam em vãos escuros, 
próximos aos caixões perdidos e poucos pontos apresentavam sinais de ataque. 
 
 
Considerando os casos estudados e o histórico de infestação obtido com a cooperação 
de oito empresas de controle de pragas, é possível inferir que a introdução do 
Coptotermes gestroi provavelmente se deu em algum ponto do bairro Menino Deus e/ou 
Azenha a partir do transporte acidental de uma colônia nos últimos 10 anos. 
O fato de não terem sido encontradas ou reportadas ocorrências nas áreas mais antigas 
da cidade, próximas ao centro e ao porto, reforça a idéia de que os cupins foram 
introduzidos a partir do transporte acidental de colônias jovens, que passariam 
despercebidas e somente se tornariam visíveis depois de fixada a introdução, quando os 
danos patrimoniais se tornassem aparentes. 
 
Não foi possível associar estas ocorrências de cupim subterrâneo a nenhuma obra de 
grande porte ou outro fator ocorrida nos últimos anos no bairro Menino Deus, que 
pudesse justificar o transporte de colônias incipientes para a região. 
 
Apesar da ausência de registros oficiais da ocorrência de Coptotermes gestroi na cidade 
de Porto Alegre ou mesmo no estado do RS, ficou claro que as colônias estudadas e os 
relatos obtidos junto as empresas de controle de pragas mostram que esta espécie de 
cupim se estabeleceu na cidade de Porto Alegre a pelo menos 06 anos. 
É bem provável que a falta de familiaridade com o inseto e suas características fez com 
que mesmo os profissionais do controle de pragas ignorassem se tratar do mesmo cupim 
que infesta os estados do SE e NE e tivessem empregado tratamento apenas nas partes 
de madeira já atacadas com inseticidas diluídos em solventes orgânicos. 
 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
A conclusão final que se chega é que os cupins da espécie Coptotermes gestroi, já se 
estabeleceram na cidade de Porto Alegre e encontraram condições favoráveis a seu 
desenvolvimento. Se a divulgação de sua ocorrência na cidade não for devidamente 
realizada e seu controle e prevenção não forem executados de forma adequada em 
poucos anos Porto Alegre pode vir a repetir a história de danos, prejuízos e ameaça ao 
patrimônio histórico já vividas por outras capitais como São Paulo e Rio de Janeiro. 
 
Bibliografia consultada. 
 
ARAUJO, R. L., 1958. Contribuição à biogeografia dos térmitas de São Paulo, Brasil 
(Insecta, Isoptera). ARQUIV. DO INST. BIOLÓGICO. São Paulo, 25: 187-217. 
 
BRASIL. Cptec – Inpe Instituto nacional de Pesquisas Espaciais. Climatologias de 
Precipitação e Temperatura - Porto Alegre/RS: Clima Monitoramento, Min. da Ciência 
e Tecnologia . Disponível em: 
<http://www.cptec.inpe.br/clima/monit/monitor_brasil.shtml>. Acesso em: 25 jul. 2008. 
 
 
EDWARDS, R; MILL, A. E. TERMITES IN BUILDINGS. Sussex: Rentokill Ltda, 1986. 261 
p. 
 
LELIS, Antonio Tadeu. Primeiro Registro no Brasil de rainha de substituição de 
Coptotermes havilandi e sua implicação no controle desse cupim. Vetores e Pragas, Rio 
de Janeiro, v. 4, n. , p.19-23, jan. 1999. Trimestral. 
 
 
MILANO, S.; FONTES, L.R. CUPIN E CIDADE – IMPLICAÇÕES ECOLÓGICAS E 
CONTROLE.São Paulo, Brasil, 2002 
MALLIS, A. HANDBOOK OF PEST CONTROL; 9th ed, GIE Media, Richfield, OH, 2004. 
 
Referencias de ilustrações. 
 
Figura 2- 
PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE, RS, BRASIL. Séc.de Planejamento 
Urbano. Mapa da Cidade de Porto Alegre. Disponível em: 
http://www.portoalegre.rs.gov.br/planeja/Mapas/MAPA.jpg 
 
Figura 10- 
NASA IMAGE., 2008, Terra Metrics 
Disponível em: http://earth.google.com 
 
http://www.portoalegre.rs.gov.br/planeja/Mapas/MAPA.jpg

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