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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA 
“JÚLIO DE MESQUITA FILHO” 
INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO unesp 
 
 
 
 
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENTOMOLOGIA URBANA: TEOR IA E PRÁTICA 
 
 
 
 
 
INIBIDORES DA RESPIRAÇÃO CELULAR NO CONTROLE DE FOR MIGAS 
CORTADEIRAS (HYMENOPTERA: FORMICIDAE) 
 
 
 
 
 
MARCELA CECCATO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada ao Instituto 
de Biociências do Campus de Rio 
Claro, Universidade Estadual 
Paulista, como parte dos requisitos 
para obtenção do título de 
Especialista em Entomologia 
Urbana . 
12/2010 
 
 
 
 
 
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENTOMOLOGIA URBANA: 
TEORIA E PRÁTICA 
 
 
 
 
INIBIDORES DA RESPIRAÇÃO CELULAR NO CONTROLE DE FOR MIGAS 
CORTADEIRAS (HYMENOPTERA: FORMICIDAE) 
 
 
 
 
 
MARCELA CECCATO 
 
 
 
 
ORIENTADOR: ODAIR CORREA BUENO 
CO-ORIENTADOR: FABIANA CORREA BUENO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada ao Instituto 
de Biociências do Campus de Rio 
Claro, Universidade Estadual 
Paulista, como parte dos requisitos 
para obtenção do título de 
Especialista em Entomologia 
Urbana . 
12/2010 
 
 
Dedico aos meus pais, Edna Masson Ceccato e José 
Nivaldo Ceccato, pois não sei precisar as noites que 
a luz do meu quarto não os deixou dormir ou a 
preocupação que a minha ausência lhes causou. Não 
sei quantas vezes minhas provas foram suas provas 
de amor. Não sei quantos sonhos renunciaram para 
que os meus fossem realizados. Mas sei que só 
vocês representam os verdadeiros heróis dessa 
história! Obrigado por tudo! 
 
Ofereço as minhas irmãs, pois sem 
elas nada disso seria possível! Muito 
obrigado por acreditarem e por me 
apoiarem! Amo vocês! 
AGRADECIMENTOS 
 
 Primeiramente agradeço a Deus e aos meus pais José Nivaldo e Edna , 
almas iluminadas por Ele, que me fizeram trilhar por caminhos seguros. Sem vocês 
a minha vida não teria sentido e nem existência. 
 Ao Profº Dr. Odair Correa Bueno pela orientação, pelos conhecimentos e 
experiências passadas, pela paciência, preocupação, pela amizade, risadas, 
conversas e caronas nas idas e vindas de São Paulo. Muito obrigado pelas 
oportunidades e por tudo, você é um exemplo a seguir! 
 À Fabiana Correa Bueno , pela co-orientação, pelas dicas, paciência, 
preocupação, conversas e por se desdobrar para me ajudar a escrever com 
qualidade esta monografia. Agradeço imensamente! 
 Ao Profº Dr. Osmar Malaspina , pela confiança, amizade e compreensão. 
 Ao CNPq, pela concessão da bolsa de estudo que permitiu a realização deste 
trabalho. 
 Ao Centro de Estudos de Insetos Sociais (CEIS) – UNESP, Campus de Rio 
Claro, pelo acesso aos laboratórios, às nossas queridas saúvas e equipamentos de 
informática. 
 À querida Ita, pelos conselhos, companheirismo, dedicação e auxílio nas 
diluições e montagem dos experimentos. Sem a sua alegria, o CEIS não seria o 
mesmo! 
 À Nathália e a Natieli , dedicadas a cuidar dos bioensaios nos períodos de 
aula em São Paulo. 
 À Necis Miranda de Lima e a Lucilene Amaro da Silva , pelo 
companheirismo, auxílio com as declarações e compreensão nos momentos mais 
urgentes. 
 A todos os meus queridos amigos do CEIS, que fazem e fizeram parte de 
mim, pelo apoio, incentivo e carinho. Em especial a Eliane, Amanda Barbosa, 
Amanda Picelli, Pâmela, Kauana, Keyla, Taís, Manuel a, Juliana, Cíntia, Maria 
Fernanda, Daniel, Carlos, João, Fox, Rodrigo e Andr igo pelas muitas risadas, 
conversas, experiências trocadas, festas e principalmente pela amizade! Cresci 
muito no convívio de vocês! Sempre estarão guardados no meu coração! 
 Não posso deixar de agradecer a Ali , Nathália, Caroline , Deonise e 
Catarina que são muito importantes na minha vida. Obrigado por todo apoio, por 
acreditarem em mim e no meu potencial. Eu amo vocês infinitamente! 
 Aos meus amigos, Eduardo Diniz, Caroline, Sandra e Amanda Carlos (que 
me auxiliaram na busca pelos artigos) e o Andrigo (nas informações sobre os 
ingredientes ativos), me dando suporte e orientação e também pelos momentos de 
risadas e companheirismo! 
 Aos amigos queridos Karla e Titi da UFSCar de São Carlos que tornaram o 
Ciclo de Krebs mais simples em minha vida! Admiro toda dedicação e atenção que 
tiveram comigo! 
 As minhas amadas irmãs, Luciana, Fernanda, Cristiane e também a Aline 
Nondillo (a irmã de coração que mora longe), pela convivência, pelas infinitas 
conversas, conselhos sobre a vida, sobre o futuro, pelas muitas risadas, muitas 
lágrimas, festas, companheirismo, e principalmente pelo carinho e pelo amor que é 
recíproco! Amo vocês de paixão! Vocês sempre serão muitos importantes na minha 
vida! A presença de vocês durante essa fase foi essencial para eu me tornar uma 
pessoa melhor e ser quem sou hoje! Muito obrigado por tudo! 
 Aos professores do curso de especialização em Entomolog ia Urbana: 
Teoria e Prática , por todo carinho, atenção e dedicação nas agradáveis aulas e por 
todo ensinamento e vivência passada. 
 Aos meus queridos amigos do curso de especialização pelos ensinamentos 
e experiências trocadas, pela grande amizade que ilumina a mente, enriquece o 
coração e dá brilho à vida. Em especial a Erika, Daniela, Valmerice, Julio, André 
(companheiros de alojamento) e Daniel pelo laço especial que compartilhamos, pela 
agradável companhia no café da manhã, nas divertidas jantas, passeios e noites no 
alojamento, por toda troca de experiência, conselhos, piadas, conversas e carinho! 
Amo vocês imensamente, pois trouxeram mais brilho à minha vida e a 5º turma do 
curso de especialização não seria a mesma sem vocês! 
 Ao Instituto Biológico e a Cleonice pela disponibilidade do alojamento nos 
períodos de aula. 
 Agradeço também a todos que me ajudaram a construir indiretamente toda 
essa caminhada e mais uma fase cumprida. Obrigada! 
SUMÁRIO 
 
RESUMO .................................................................................................... 06 
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................... 08 
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................. 10 
2.1. As formigas cortadeiras ................................................................. 10 
2.2. Importância econômica ........................................................................ 11 
2.3. Métodos de controle ............................................................................ 12 
2.3.1. Formicidas pós .............................................................................. 13 
2.3.2. Formicidas líquidos ........................................................................ 13 
2.3.3. Fumigantes .................................................................................... 14 
2.3.4. Termonebulização ......................................................................... 14 
2.3.5. Nebulização ................................................................................... 15 
2.3.6. Iscas tóxicas .................................................................................. 15 
2.4. Controle de formigas cortadeiras com iscas tóxicas ........................... 15 
2.5. Controle de formigas cortadeiras em ambientes urbanos ................... 17 
2.6. Ingredientes ativos ............................................................................... 18 
3. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................... 21 
3.1. Testes “in vitro” de toxicidade da rotenona e do diafentiurom em 
operárias de Atta sexdens rubropilosa ............................................... 
21 
3.1.1. Coleta e manutenção das formigas utilizadas nos bioensaios....... 21 
3.1.2. Bioensaios para determinação da toxicidade ................................ 23 
3.1.3. Bioensaio I: incorporação em dieta artificial .................................. 24 
3.1.4. Bioensaio II: incorporação em polpa cítrica ................................... 25 
3.1.5.Análise dos dados de toxicidade ................................................... 26 
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................... 27 
4.1. Rotenona ............................................................................................. 27 
4.1.1. Toxicidade para operárias de Atta sexdens rubropilosa ................ 27 
4.1.1.1. Incorporação em dieta artificial .......................................... 27 
4.1.1.2. Incorporação em polpa cítrica ........................................... 32 
4.2. Diafentiurom ........................................................................................ 34 
4.2.1. Toxicidade para operárias de Atta sexdens rubropilosa ................ 34 
4.2.1.1. Incorporação em dieta artificial .......................................... 34 
4.2.1.2. Incorporação em polpa cítrica ............................................ 38 
5. CONCLUSÕES ............................................................................................... 41 
6. REFERÊNCIAS ............................................................................................... 42 
 
 
1. RESUMO 
 
 As formigas cortadeiras são consideradas pragas por causarem muitos 
prejuízos em áreas agrícolas e em monoculturas. Em consequência às alterações 
ambientais provocadas pela atividade humana, essas formigas invadiram e se 
adaptaram a zona urbana, causando problemas em jardins residenciais, parques e 
na arborização de ruas e avenidas. Visando à substituição dos agrotóxicos 
tradicionais, o controle de formigas cortadeiras tem evoluído na procura de novos 
ingredientes ativos mais seletivos, que não causem efeitos indesejáveis ao ambiente 
e que possuam rápida degradação no solo. Atualmente, os ingredientes ativos que 
têm se mostrado promissores no controle de formigas cortadeiras são os inibidores 
da respiração celular. Portanto, o presente trabalho teve por objetivo avaliar a 
eficiência dos ingredientes ativos rotenona e diafentiurom, utilizando como modelo a 
espécie Atta sexdens rubropilosa. Para tal, foram realizados testes de toxicidade 
para operárias médias isoladas da colônia, através de: 1) tratamentos por 
incorporação dos ingredientes ativos em dieta artificial diluídos em acetona e na 
mistura acetona + óleo, ambos nas concentrações 10µg/mL; 50µg/mL; 100µg/mL e 
500µg/mL e 2) tratamentos por incorporação dos ingredientes ativos em mistura de 
polpa cítrica e óleo de soja, nas concentrações 5.000µg/mL; 10.000µg/mL; 
20.000µg/mL e 50.000µg/mL. No bioensaio de incorporação em dieta artificial, a 
rotenona dissolvida em acetona apresentou toxicidade às operárias, com redução 
mais acentuada para a concentração 500µg/mL. E quando diluída na mistura 
acetona e óleo todas as concentrações apresentaram resultados significativos. Já no 
bioensaio de incorporação de rotenona em polpa cítrica nas concentrações de 
20.000µg/mL e 50.000µg/mL, a mortalidade das operárias foi muito acentuada, 
inviabilizando a incorporação da rotenona em iscas nessas concentrações. A 
presença do óleo de soja aumentou a toxicidade da rotenona e do diafentiurom. O 
bioensaio com diafentiurom dissolvido em acetona e incorporado na dieta artificial 
apresentou toxicidade às operárias de Atta sexdens rubropilosa em todas as 
concentrações testadas, assim como ocorreu quando este estava dissolvido em 
mistura de acetona e óleo de soja. Apesar dos resultados satisfatórios de toxicidade 
do diafentiurom nos bioensaios de incorporação em dieta artificial para as operárias 
de Atta sexdens rubropilosa apresentados no presente trabalho, o ingrediente ativo 
 
 
diafentiurom apresentou baixa toxicidade às operárias quando incorporado em polpa 
cítrica. Diante disso, novos bioensaios de incorporação em dieta artificial com o 
ingrediente ativo diafentiurom devem ser realizados para observar se não há um 
efeito de repelência deste ativo nas formigas através da filmagem do experimento 
durante as primeiras 48 horas do oferecimento da dieta. 
 
Palavras - chave: inibidor da respiração, rotenona, diafentiurom, Atta sexdens 
rubropilosa, controle. 
 
8 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
As formigas são insetos que apresentam um importante papel no ecossistema 
terrestre, mantendo a homeostase do ambiente, as condições físicas e químicas do 
solo, a polinização das plantas e a dispersão das sementes (BROWN Jr., 2000; 
HÖLLDOBLER; WILSON, 1990). Entretanto, em ambientes muito alterados pela 
atividade humana, esses insetos podem se tornar pragas indesejáveis e, muitas 
vezes, incontroláveis. 
As formigas cortadeiras, conhecidas como saúvas e quenquéns, destacam-se 
como principais pragas que ocorrem nas regiões tropicais e subtropicais das 
Américas. Estas formigas cortam e transportam fragmentos vegetais para seus 
ninhos, cultivando o fungo Leucoagaricus gongylophoros Singer (Möller), do qual se 
alimentam. Entre elas, as saúvas são responsáveis por grandes danos econômicos 
em áreas agrícolas, devido ao tamanho do sauveiro, o qual necessita de enorme 
volume de folhas para o cultivo do fungo simbionte (ABREU; DELABIE, 1986; 
CHERRETT, 1982; HOWARD, 1988). Muitos trabalhos demonstram os danos 
causados pelas formigas cortadeiras em áreas agrícolas e de pastagens, porém, 
não há muitos relatos em relação aos danos em áreas urbanas. Contudo, sabe-se 
que elas ocorrem em jardins residenciais, parques, pequenas hortas domésticas e 
na arborização de ruas e avenidas (BUENO, 2003; JUSTI Jr. et al., 1996). 
Não há um levantamento das espécies de formigas cortadeiras que ocorrem 
em ambientes urbanos, porém todas as classificadas como praga agrícola 
apresentam potencial para ocorrer, desde que haja o alimento preferencial 
disponível para o cultivo do fungo, pois estas formigas apresentam grande 
capacidade de adaptação à diferentes tipos de ambientes, nidificando com sucesso 
tanto em áreas naturais, pastagens, agrossistemas e áreas severamente alteradas 
pela degradação humana (BUENO, 2003). 
Os prejuízos ocasionados por essas formigas têm sido mencionados desde o 
século XVI, mas as medidas de controle ainda são insuficientes (MARICONI, 1970). 
Por outro lado, todas as formas de controle, apesar do custo elevado, apresentam 
efeitos temporários e algumas vezes, danos indevidos para o ambiente (WILLIAMS, 
1990). 
9 
 
Alguns métodos mecânicos, culturais e biológicos são empregados no 
controle das formigas cortadeiras, porém, nem todos apresentam critérios de 
utilização bem definidos e adequadamente mensuráveis. O controle químico, apesar 
de algumas limitações, é o único a apresentar tecnologia disponível para ser 
utilizado em escala comercial. Suas estratégias diferem quanto a formulação e modo 
de aplicação dos inseticidas, destacando-se a termonebulização e as iscas tóxicas 
como as mais eficientes (FORTI; BOARETTO, 1997). 
Dado os efeitos maléficos causados pelos agrotóxicos sobre o meio 
ambiente, o homem e outros animais, o controle químico de pragas de plantas 
cultivadas, dentro das quais estão as formigas cortadeiras, constitui-se numa das 
principais preocupações ecológicas. Em conseqüência disso, nos últimos anos, 
ocorreu um aumento nas pesquisas na procura de alternativas para o controle 
desses insetos. Uma delas foi a utilização de produtos que pudessem substituir os 
agrotóxicos tradicionais por outros de degradação rápida, de maior especificidade e 
menos danosos ao ambiente (MORINI et al., 2005). Outro aspecto importante e 
pouco analisado é a otimização do uso dos ingredientes ativos atuais, conhecendo 
melhor o modo de ação de cada um deles, a concentração mais adequada e a 
melhor forma de atingir o alvo (BUENO, 2005) 
Por muitos anos, as iscas foram formuladas com inseticidas organoclorados, 
entre eles o dodecacloro, proibido a partir de 1993 devido à alta persistência no solo 
e ao acúmulo na cadeia alimentar. Desde então vários ingredientesativos foram 
utilizados, entre eles os organofosforados, a sulfluramida e o fipronil. Atualmente, 
95% do controle de formigas cortadeiras são realizados com o uso de iscas a base 
de sulfluramida, o que tem causado preocupação constante, pois esta molécula foi 
incluída no anexo B da Convenção de Estolcomo sobre Poluentes Orgânicos 
Persistentes no ano de 2009, com restrições de produção e uso somente para o 
controle de formigas cortadeiras no Brasil até que um ingrediente ativo substituto 
seja encontrado (UNITED NATIONS ENVIRONMENT PROGRAMME, 2009). 
Portanto, novamente há uma procura de novos compostos para o controle desses 
insetos e uma crescente preocupação entre os pesquisadores no sentido de 
encontrar inseticidas mais seletivos e menos agressivos ao ambiente, além de 
outros métodos alternativos. 
Análises toxicológicas recentes foram realizadas utilizando vários ingredientes 
ativos empregados no controle de pragas em geral, buscando assim novos 
10 
 
ingredientes ativos para o controle de formigas cortadeiras e os que se mostraram 
mais promissores para uso em iscas foram os que atuam na inibição da respiração 
celular dos insetos (BUENO, 2005; NAGAMOTO, 1998, 2003; NAGAMOTO et al., 
2004; TAKAHASHI-DEL-BIANCO, 2002). 
 Diante disso, o presente trabalho tem por objetivo avaliar a eficiência dos 
inibidores da respiração celular, rotenona e diafentiurom, para o uso em iscas no 
controle de formigas cortadeiras, utilizando como modelo a “saúva-limão” Atta 
sexdens rubropilosa. 
 
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
 
2.1. As formigas cortadeiras 
 
 As formigas cortadeiras dos gêneros Atta (saúvas) e Acromyrmex 
(quenquéns), pertencentes a Tribo Attini, subfamília Myrmicinae e família Formicidae 
são insetos sociais que se caracterizam pela estreita relação simbiótica que mantêm 
com um fungo específico que é a base da alimentação da colônia, o qual é cultivado 
sobre fragmentos frescos de origem vegetal (HÖLDOBLER; WILSON, 1990; 
WEBER, 1972). No Brasil, ocorrem 21 espécies do gênero Acromyrmex (FOWLER 
et al., 1986; FOWLER, 1988; GONÇALVES, 1961, 1967, 1982) e 9 espécies do 
gênero Atta (DELABIE, 1998). 
 A associação mutualística surgiu há aproximadamente 50 milhões de anos 
(MUELLER et al., 2001; SCHULTZ, 1999) e teria origem com uma ancestral Attini 
forrageadora generalista que cultivava o fungo de forma facultativa e que 
posteriormente, passou a ter uma relação simbiótica obrigatória (MUELLER, 2002). 
 Essa relação simbiótica entre o fungo e as formigas cortadeiras proporciona 
benefícios a ambos (SCHUTZ et al., 2005), pois por um lado, as formigas se 
beneficiam do fungo através da quebra de enzimas possibilitando a detoxicação de 
compostos secundários (aleloquímicos) oriundos dos vegetais, os quais poderiam 
agir como inseticida às formigas (LITTLEDYKE; CHERRETT, 1978; NORTH et al., 
1997; 1999) e por outro lado, o fungo se beneficia pela manutenção do ambiente 
livre de competidores (antagonista ou entomopatogênicos) através da aplicação de 
11 
 
compostos antibióticos produzidos pelas formigas, além do fungo não poder viver 
independente delas (CURRIE et al., 1999). Sendo assim, as formigas protegem o 
fungo da presença de microorganismos patogênicos, através da produção de 
substâncias (enzimas proteolíticas) livrando-o de competidores que poderiam reduzi-
lo e consequentemente matá-lo. Existindo assim, uma dependência entre eles, onde 
a ausência de um acarretará no desaparecimento do outro (CURRIE et al., 1999; 
CURRIE; STUART, 2001). 
 
2.2. Importância econômica 
 
 O fato das formigas cortadeiras atacarem muitas espécies vegetais resulta em 
altos prejuízos, não só pela competição por esses produtos com o homem e seus 
animais domésticos (AMANTE, 1972), como também pela preferência desses 
insetos para a utilização de plantas cultivadas (CHERRETT, 1968). Além disso, o 
efeito pode ser indireto, em decorrência da contaminação ambiental pelos 
agrotóxicos utilizados no seu controle (DELLA LUCIA; FOWLER, 1993). 
 Segundo Amante (1967), dez sauveiros adultos/ha cortam cerca de 21kg de 
folhas/dia, reduzindo em mais de 50% a capacidade de pastagem, além de 
proporcionar maior desenvolvimento de plantas daninhas. 
 Os prejuízos causados pela atividade de A. sexdens rubropilosa, numa 
densidade de 4 colônias/ha foram calculados em 14% para plantações de eucalipto 
e 14,5% para a produção de pinos (AMANTE, 1972), porém, os danos causados em 
áreas urbanas são pouco relatados e consequentemente não há uma estimativa dos 
prejuízos causados por estas formigas (BUENO, 2003). 
 Mariconi (1970) refere-se as saúvas causando danos às construções, tais 
como prédios, represas, pontes e pontilhões, mausoléus e túmulos, bem como nas 
estradas de rodagem e de ferro pelo fato de as galerias e as panelas poderem ceder 
o peso das paredes de uma casa ou outra construção. 
 
 
 
 
12 
 
2.3. Métodos de controle 
 
 Devido aos danos econômicos, as formigas cortadeiras são alvos de 
diferentes métodos de controle. Atualmente, os métodos utilizados são: culturais, 
mecânicos, biológicos, físicos e químicos (DELLA LUCIA; VILELA, 1993; FORTI; 
BOARETTO, 1997; LOECK et al., 2001). 
 O controle cultural pode ser realizado através de métodos de aração e 
gradagem do solo para formigueiros com até 4 meses de idade, pois nesta fase, a 
única câmara da colônia ainda se localiza a aproximadamente 20 centrímetros de 
profundidade do solo e há grande probabilidade das lâminas do equipamento 
atingirem a rainha e matá-la (DELLA LUCIA; VILELA, 1993). Porém para 
formigueiros adultos, o efeito pode ser prejudicial, uma vez que a mecanização do 
solo pode desestruturar parcialmente a colônia, cessando temporariamente sua 
atividade, dando a falsa impressão de que foi controlada e dificultando sua 
localização (FORTI; BOARETTO, 1997). 
O controle mecânico consiste na escavação do ninho até que a rainha seja 
localizada e morta. É uma alternativa viável para exterminar ninhos iniciais ou 
jovens, porém tratando-se de ninhos mais antigos que podem atingir grandes 
dimensões, não existe previsão da localização da rainha e o método se torna 
inadequado (JUSTI Jr. et al, 1996). 
Já o controle biológico natural, através de predadores, parasitóides e 
microrganismos patogênicos é importante na regulação das populações de formigas 
cortadeiras, principalmente durante o período da revoada e da fundação de novas 
colônias. Os inimigos naturais juntamente com as condições ambientais são 
responsáveis pelo controle de 99,95% das rainhas, antes mesmo que elas tenham 
fundado suas colônias (FORTI; BOARETTO, 1997). 
No entanto, a introdução de inimigos naturais no ambiente, sejam eles 
microrganismos, outros invertebrados e vertebrados ainda não pode ser visualizada 
como estratégia de controle para as formigas cortadeiras devido aos poucos estudos 
nesta área. Ainda assim, o controle biológico deve ser sempre lembrado como 
técnica de manejo integrado de pragas e algumas medidas como restrição à caça de 
animais e ao uso de fitossanitários e plantação de vegetação nativa entre a cultura 
13 
 
principal são importantes para a preservação dos inimigos naturais das formigas 
(DELLA LUCIA; VILLELA, 1993). 
 O uso de barreiras para proteger a copa das plantas é um método de controle 
físico muito antigo e um dos mais utilizados em pomares para se evitar o ataque das 
formigas, sendo que cones plásticos invertidos e tiras plásticas cobertas com graxa 
ou vaselina colocados nos troncos das árvores são as barreiras mais utilizadas. Este 
é um método eficiente, porém, vistorias e reparos constantes devem ser feitos para 
que a proteção das árvores seja prolongada (JUSTI Jr. et al., 1996). 
A busca de alternativas de controle para as formigas cortadeiras é feita 
através de métodos que visam um resultado rápido devido ao nível de dano e a 
velocidade com que esse dano é causado. A eficiência do controledepende do 
método de aplicação adequado à situação, sendo que o ideal é achar uma condição 
de campo e uma tecnologia de aplicação que levem a um resultado econômico e 
eficiente. Por isso, os métodos químicos se destacam, apesar de suas várias 
restrições é o único que apresenta tecnologia disponível para ser utilizado em larga 
escala comercial no controle de formigas cortadeiras. As estratégias de controle 
químico diferem, principalmente, pelo tipo de formulação e modo de aplicação dos 
inseticidas, podendo ser (FORTI; BOARETTO, 1997): 
 
2.3.1. Formicidas pós: 
 
São formulados em veículos sólidos (talcos) e aplicados com equipamentos 
manuais (polvilhadeiras). O produto é aplicado nos olheiros visando atingir o interior 
do formigueiro e a morte das formigas se dá com o contato direto do produto. Como 
há impossibilidade de penetração do produto nas câmeras de ninhos adultos, 
apresenta fortes limitações, dada a sua complexidade estrutural, aderência do 
produto ao solo devido á umidade, inviabilizando a aplicação e a necessidade de 
remoção da terra solta 24 a 48 horas antes da aplicação, tornando a técnica 
trabalhosa e apresenta riscos elevados para o ambiente e para o aplicador. 
 
2.3.2. Formicidas líquidos: 
 
14 
 
Antigamente foram muito difundidos e utilizados para o controle de formigas 
cortadeiras. No entanto, devido a baixa eficiência dos produtos já testados, 
decorrente da necessidade destes entrarem em contato com as formigas, além do 
dispendioso trabalho de perfuração do ninho e perdas do produto pela absorção do 
solo, foram rapidamente substituídos por outras formas de controle. 
 
2.3.3. Fumigantes: 
 
O emprego de gases tóxicos para matar formigas cortadeiras é um dos 
métodos pioneiros no controle desses insetos. Consiste no uso de gases que são 
comercializados comprimidos em embalagens apropriadas e são liberados 
diretamente no interior dos ninhos, através dos olheiros por meio de mangueiras 
adaptadas ou uma válvula de saída. Tal método dispensa o uso de equipamentos na 
aplicação, no entanto o custo da formulação dos ingredientes ativos utilizados é 
elevado, exige mão de obra especializada para a aplicação e apresenta alta 
periculosidade. 
 
2.3.4. Termonebulização: 
 
A aplicação dos líquidos termonubulizáveis consiste na introdução de um 
inseticida líquido veiculado em óleo mineral ou diesel sob ação do calor, aplicado 
nos olheiros por aparelhos próprios, os termonebulizadores, que produzem fumaça 
tóxica. 
Geralmente o método de aplicação mais utilizado é por saturação, ou seja, a 
fumaça é injetada num dos orifícios e quando a fumaça torna-se densa, os orifícios 
são fechados. Destaca-se como um método eficiente para o controle de grandes 
ninhos em áreas extensas, onde outras metodologias podem tornar-se inviáveis. No 
entanto, o método apresenta desvantagens operacionais e econômicas, sendo a 
manutenção dos equipamentos um dos maiores entraves à sua viabilidade. 
Apresenta alto risco de intoxicação para o trabalhador. 
 
15 
 
2.3.5. Nebulização: 
 
A nebulização a frio do ingrediente bifentrina, veiculados pelos gases butano 
e propano é feita pelo equipamento Aero-system. A maior densidade dessa mistura 
em relação ao ar permite o deslocamento descendente destes gases no interior do 
formigueiro sendo que a aplicação pode ser feita por dosagem previamente 
estabelecida (medida do fluxo gasoso/ tempo) ou por saturação (constatada pelo 
refluxo do gás no olheiro de aplicação). No entanto, as principais limitações do 
método se devem à baixa eficiência no controle de formigueiros adultos e problemas 
operacionais, tal como o congelamento na lança de aplicação e a consequente 
obstrução do fluxo, bem como a possibilidade de vazamento nas válvulas. 
 
2.3.6. Iscas tóxicas: 
 
Consistem da mistura de um ingrediente ativo dissolvido em óleo de soja e 
incorporado a um substrato atrativo, geralmente polpa cítrica desidratada, prensados 
na forma de grânulos. Os grânulos são distribuídos próximos as trilhas de 
forrageamento, sendo posteriormente transportados pelas próprias formigas para o 
interior da colônia. Embora apresente limitações de uso em dias chuvosos e em 
áreas muito extensas, bem como a possibilidade de intoxicação de animais 
silvestres, trata-se de um método eficiente, prático e econômico. 
A polpa cítrica é o substrato mais atrativo para várias espécies de formigas 
cortadeiras. 
O uso de iscas tóxicas destaca - se entre as estratégias de controle químico 
por oferecer maior segurança ao aplicador, uso de mão-de-obra barata, por 
dispensar equipamentos especializados e permitir o tratamento de formigueiros em 
locais de difícil acesso. 
 
2.4. Controle de formigas cortadeiras com iscas tóx icas 
 
16 
 
 Para apresentar resultados eficientes, as iscas tóxicas devem apresentar as 
seguintes características: 1) ser atrativa às formigas, se possível a certa distância do 
ninho; 2) ser carregada sempre que encontrada; 3) ter ação lenta o suficiente para 
ser conduzida para longas distâncias; 4) ser distribuída amplamente pela colônia 
antes que apareçam os primeiros sintomas de intoxicação; 5) apresentar 
especificidade às espécies alvos; 6) apresentar baixa toxicidade aos vertebrados; 7) 
permanecer efetiva em condições adversas e; 8) conter um ingrediente ativo 
biodegradável (BUENO; CAMPOS-FARINHA, 1999; ETHERIDGE; PHILLIPS, 1976; 
FORTI et al., 1993). 
 Apesar de ser um método relativamente prático, o emprego de iscas tóxicas 
deve ser feito com muito critério e requer uma série de conhecimentos para a 
obtenção de resultados satisfatórios. Para tal, é muito importante realizar a vistoria 
da área a ser tratada, localizando os formigueiros e identificando as espécies de 
formigas presentes (ANJOS et al., 1993; FORTI; BOARETTO, 1997). 
 Uma vez localizado o formigueiro e constatado que a colônia está ativa, a 
área de terra solta deve ser medida para o estabelecimento da dose de isca, 
multiplicando-se a maior largura pelo maior comprimento do monte de terra solta. 
Embora o estabelecimento da dose de isca por unidade de área seja um método 
empírico, não há outra alternativa até o presente momento e, as doses 
recomendadas pelos fabricantes são de 6 a 10 g/m2 de terra solta para saúvas, em 
função do modo de ação e da concentração do ingrediente ativo, e de 10 g/ninho 
para quenquéns (FORTI; BOARETTO, 1997). 
 As iscas podem ser aplicadas a granel ou em pequenos recipientes, 
denominados porta-iscas (PIs) ou micro-porta-iscas (MIPIs), em função da 
quantidade de isca presente na embalagem. As iscas a granel devem ser aplicadas 
diretamente das embalagens, sem o contato manual, ao lado do maior número de 
trilhas que possuem olheiros ativos, próximos aos montes de terra solta. No entanto, 
os PIs devem ser distribuídos sistematicamente sobre a área, sem levar em 
consideração o local em que cada formigueiro está situado, evitando a necessidade 
de localização e medição dos ninhos (ANJOS et al., 1993). 
 As iscas contendo um ingrediente ativo de ação lenta, uma vez 
transportadas para o interior do ninho, são distribuídas uniformemente por toda a 
colônia (MOREIRA et al., 2003; PRETTO; FORTI, 2000) sendo fragmentadas e 
lambidas pelas operárias por repetidas vezes. Num período entre 6 e 8 horas estas 
17 
 
iscas já estão totalmente fragmentadas, sendo incorporadas no jardim de fungo, 
onde sofrem hidratação, incham e se fragmentam ainda mais em pedaços muito 
pequenos, impossibilitando sua remoção da colônia (FORTI; BOARETTO, 1997). 
 Neste mesmo período, algumas operárias já estão contaminadas e, 50% a 
70% das operárias se contaminam a partir de 24 horas. Essa contaminação se dá 
por ingestão direta do ingrediente ativo durante o processamento da isca e através 
da limpeza individual e coletiva das operárias na tentativa de remover pequenos 
fragmentos de iscas de seus corpos e não através da trofalaxia,como era 
amplamente divulgado, pois recentemente, verificou-se que este comportamento 
ocorre com uma freqüência muito baixa entre as operárias adultas (ANDRADE et al., 
2002; SCHNEIDER, 2003; BUENO et al., 2008). 
 As operárias generalistas e jardineiras são as que se contaminam mais 
intensa e rapidamente, devido à atividade que desempenham na limpeza em geral e 
no cuidado com o fungo. Com a crescente mortalidade das operárias ocorre uma 
desorganização geral da colônia e a cultura de fungo deixa de ser cuidada, 
facilitando a contaminação por outros fungos e, conseqüentemente, o formigueiro é 
extinto em poucos dias (FORTI; BOARETTO, 1997). 
 
2.5. Controle de formigas cortadeiras em ambientes urbanos 
 
 Os ninhos de formigas cortadeiras na área urbana não atingem grandes 
dimensões por encontrarem-se em áreas reduzidas, onde são facilmente 
visualizados, como é o caso de jardins residenciais e dos parques onde geralmente 
possuem uma equipe técnica de manutenção para a realização de vistorias visando 
a aplicação posterior de mecanismos de controle. Assim, os ninhos não chegam a 
atingir mais que dois anos de idade nesses locais. Por possuírem números 
reduzidos de panelas, estes formigueiros jovens podem ser destruídos por meio de 
escavações e eliminação da rainha, por saturação com água por meio de 
mangueiras ou por introdução de emulsão de sabão em pó a 0,5%, inundando-se 
cerca de um terço do volume inferior do ninho. Caso a opção seja por um controle 
químico, a formulação na forma de isca revela-se a mais indicada, em termos de 
facilidade de aplicação e segurança para o aplicador e o meio ambiente. Deve-se 
tomar medidas importantes de segurança tais como: dimensionamento preciso do 
18 
 
formigueiro para que se determine uma dosagem adequada, para que não ocasione 
falta ou excesso de isca e com o auxílio de luvas e pás, remover o excesso desse 
material, assim evitando que crianças, leigos e animais manuseiem e ou ingiram os 
grânulos, o isolamento da área durante o período do tratamento, impedindo assim o 
tráfego de pessoas e animais e a vigilância constante do local durante o período de 
controle (JUSTI Jr. et al., 1996). 
 No caso de grandes condomínios em que ainda existam lotes vagos, 
canteiros centrais de grandes avenidas e parques onde não sejam viáveis vistorias 
minuciosas e constantes, os formigueiros podem atingir grandes dimensões. Para 
estas condições a formulação em isca será a mais adequada, entretanto, há a 
necessidade de medidas de segurança, como isolamento e vigilância da área. Para 
o uso destas formulações é de fundamental importância que o produto seja 
registrado no Ministério da Saúde como domissanitário para não ocorrer nenhum 
tipo de acidente indesejado. (JUSTI Jr. et al., 1996). 
 
2.6. Ingredientes ativos 
 
 Conhecer a qualidade e a forma de ação dos ingredientes ativos é 
fundamental na preparação de iscas tóxicas eficientes e economicamente viáveis 
para o controle de formigas cortadeiras. O ingrediente ativo deve atender os 
requisitos básicos como: não apresentar efeito repelente, agir mesmo quando em 
baixas concentrações, ter ação cumulativa por ingestão e apresentar baixa 
toxicidade aos mamíferos, além de ser de ação lenta e rapidamente degradável 
quando exposto ao ambiente (BUENO; CAMPOS-FARINHA, 1999; FORTI; 
BOARETTO, 1997). 
 Os inibidores da respiração celular pertencem a um grupo de ingredientes 
ativos de ação lenta, dentro do qual se encontra a hidrametilnona, registrada com o 
nome comercial Amdro® e utilizada no controle de Solenopsis spp. (LOFGREN, 
1986). No entanto, poucos estudos foram realizados para avaliar o potencial deste 
ingrediente ativo no controle de formigas cortadeiras (CAMERON, 1990; 
MENDONÇA et al., 1987; NAGAMOTO; FORTI, 1999; PAPA et al., 1997; VILELA, 
1986; WILCKEN et al., 1998). O trabalho mais atual realizado com hidrameltinona no 
controle de formigas cortadeiras, usando a espécie Atta sexdens rubropilosa, foi 
19 
 
realizado por Bueno (2005) e este por sua vez apresentou resultados satisfatórios no 
controle dessas formigas. 
A sulfuramida também é um inibidor da respiração celular dos insetos, atua na 
síntese do ATP (BOOMQUIST, 2009) e foi lançada no mercado como um substituto 
do dodecacloro (ZANUNCIO et al., 1993). 
Os inseticidas/acaricidas inibidores da respiração celular têm sido bastante 
utilizados no controle de pragas em geral e usados no manejo de ácaros em 
diversas culturas, devido à sua eficiência no controle e ao seu mecanismo de ação 
diferenciado. Esses acaricidas atuam em diversas etapas da respiração celular 
comprometendo, principalmente, a geração de energia (adenosina trifosfato - ATP) e 
são divididos de acordo com o seu provável modo de ação: inibidores da fosforilação 
oxidativa via disrupção da síntese de ATP (exemplo: organoestânicos, diafentiurom, 
propargite e tetradifom), desacopladores da fosforilação oxidativa via disrupção do 
gradiente de próton H+ (clorfenapir e dinocape), inibidores do transporte de elétrons 
no complexo I (piridabem, fenpiroximate, fenazaquim e tebufenpirade) e no 
complexo III. Embora não esteja muito esclarecido, o grupo dos inibidores da 
fosforilação oxidativa via disrupção da síntese de ATP são subdivididos em: 
organoestânicos, propargite, tetradifom e diafentiurom (CORBETT et al. 1984, 
DEKEYSER 2005). 
 Os ingredientes ativos rotenona e diafentiurom, analisados no presente 
trabalho, estão caracterizados a seguir. As informações básicas sobre rotenona 
foram obtidas da Pesticide Action Network Europe - PAN-UK (EUROPE, 2010). Já 
os dados do diafentiurom foram extraídos da monografia depositada no Ministério da 
Saúde Brasil (Brasil, 2010). 
 
Nome comum : Rotenona/ Rotenone 
 
Nome químico : 2R,6aS,12aS)-1,2,6,6a,12,12a-hexahydro-2-isopropenyl-8,9 
dimethoxychromeno[3,4-b] furo(2,3-h)chromen-6-one 
 
Formula molecular : C23H22O6 
 
 
20 
 
Formula Estrutural : 
 
 
 
 
 
 
 
 
Classe química : rotenóide 
 
Classificação toxicológica : classe II 
 
Modo de ação : inibidor de uma das enzimas do Complexo I da cadeia de transporte 
de elétrons na mitocôndria. Na presença deste inseticida, os elétrons provenientes 
do NADH não podem entrar na cadeia de transporte de elétrons, o que resulta na 
incapacidade de produzir ATP a partir da oxidação do NADH. A enzima inibida pela 
rotenona é a NADH desidrogenase. A rotenona afeta a respiração celular e pode 
também afetar a coordenação muscular (WASILEWSKI, J. 2002). 
 
Características do ingrediente ativo : produto de origem botânica, obtido das 
raízes de várias espécies de plantas subtropicais e tropicais pertencentes ao gênero 
Lonchocarpus e Derris. 
 A rotenona é rapidamente degradada no solo e na água: sua meia-vida em 
ambos é entre um e três dias Quase toda a sua toxicidade é perdida em 5 - 6 dias 
de sol de primavera, ou dois ou três dias de sol de verão. Não é facilmente lixiviada 
no solo e provavelmente não é um poluente das águas subterrâneas. É solúvel em 
éter e acetona e pouco solúvel em etanol. 
 
 
Nome comum : Diafentiurom/ Diafenthiuron 
 
Nome químico : 1-tert-butyl-3-(2,6-di-isopropyl-4-phenoxyphenyl) thiourea 
 
21 
 
Fórmula molecular : C23H32N2OS 
 
Fórmula Estrutural: 
 
 
 
 
 
 
 
Grupo Químico : Feniltiouréia 
 
Classificação toxicológica : Classe III 
 
Modo de ação : Interfere na respiração celular dos insetos por meio da inibição da 
ATPase. 
 
Características do ingrediente ativo : solúvel em água (0,06mg/L – 25ºC), em 
etanol, acetona (43g/L), tolueno, n-hexano 9.6, octanol-n-26 (320 - 330g/L- 25ºC). 
Estável em ar, água e à luz. Diafentiurom e seus principais metabólitos mostram 
uma forte sorvidade (infiltração X tempo) às partículas do solo. Degradação de 
recursos em solos rapidamente: DT50 <1 h para 1,4 dias (CHINA, 2009). 
 
 
3. MATERIAL E MÉTODOS 
 
3.1. Testes “ in vitro” de toxicidadeda rotenona e do diafentiurom em op erárias 
de Atta sexdens rubropilosa 
 
3.1.1. Coleta e manutenção das formigas utilizadas nos bioensaios 
 
22 
 
As operárias de Atta sexdens rubropilosa, com massa corpórea variando de 
15 a 25 mg, foram coletadas de formigueiros mantidos em laboratório no Centro de 
Estudos de Insetos Sociais - UNESP - Campus Rio Claro. Para a manutenção 
desses formigueiros, diariamente foram oferecidos folhas de Eucaliptus sp. e flocos 
de aveia e, ocasionalmente, outras plantas palatáveis às saúvas como Hibiscus sp., 
Ligustrum sp. ou folhas e pétalas de roseiras (Figura 1). 
Para a manutenção das formigas isoladas do formigueiro, consequentemente 
na ausência do fungo simbionte e de folhas considerados seus alimentos, foi 
utilizada uma dieta artificial sólida, preparada com 5 g de glicose, 1 g de peptona 
bacteriológica, 0.1 g de extrato de levedura e 1.5 g de ágar bacteriológico, 
dissolvidos em 100 mL de água destilada. Após a mistura das substâncias, a dieta 
foi levada ao forno de microondas para melhor solubilização dos ingredientes e, 
posteriormente autoclavada a 120ºC e 1 atm por 15 minutos. Em seguida foi vertida 
ainda quente em placas de Petri de 10 cm de diâmetro, previamente esterilizadas 
em estufa a 180º C e, após o resfriamento e a solidificação, foi embrulhada em filme 
de PVC e mantida em geladeira, sendo utilizada nos dias subsequentes, durante o 
período do experimento (BUENO et al., 1997). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1. Vista geral do formigueiro de Atta sexdens rubropilosa 
mantido no laboratório do Centro de Estudos de Insetos Sociais 
(CEIS). 
23 
 
3.1.2. Bioensaios para determinação da toxicidade 
 
Os ingredientes ativos foram obtidos através das firmas produtoras, na forma 
de produto técnico, apresentando grau de pureza de 80% para a rotenona e de 95% 
para o diafentiurom. Para o estabelecimento das concentrações testadas, não foram 
realizadas as correções das impurezas dos produtos técnicos. 
Os ingredientes ativos foram pesados em balança analítica, dissolvidos e 
testados de 2 modos diferentes: incorporados em dieta artificial (bioensaio I) e 
incorporados em polpa cítrica (bioensaio II). 
Em todos os bioensaios as formigas foram retiradas dos formigueiros e 
distribuídas em lotes de 50 operárias para cada concentração testada, divididas em 
grupos de 10 formigas e mantidas em 5 placas de Petri de 10 cm de diâmetro 
forradas com papel filtro (Figura 2). Essas placas foram colocadas em estufa para 
BOD com temperatura de 24ºC + 1ºC e umidade relativa acima de 70%. Os 
bioensaios foram examinados diariamente, para a retirada e anotação do número de 
formigas mortas, durante um período de 25 dias. 
A dieta para manutenção das formigas (controle) ou dieta acrescida dos 
ingredientes ativos (tratamentos) foi colocada em papel alumínio na quantidade 
aproximada de 0.4 a 0.5 g/placa. A cada 24 horas a dieta foi renovada e sempre que 
necessário, os papéis filtro (que geralmente são cortados pelas formigas) foram 
trocados, a fim de se evitar o desenvolvimento de fungos contaminantes bem como 
manter o ambiente limpo para as formigas. 
Foi estipulado um período máximo de 25 dias para a realização dos 
experimentos de toxicidade, levando-se em conta o período normal de sobrevivência 
das formigas mantidas com dieta artificial (BUENO et. al, 1997). 
 
 
 
 
24 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.1.3. Bioensaio I: incorporação em dieta artificia l 
 
Os ingredientes ativos, dissolvidos em acetona ou em mistura de acetona e 
óleo de soja (9:1), foram incorporados em dieta artificial ainda quente (logo após a 
retirada da autoclave), nas concentrações estipuladas. As formigas foram 
distribuídas nas placas de Petri e juntamente a elas foi acrescida a dieta contendo o 
ingrediente ativo. 
No bioensaio por ingestão foram utilizados dois controles. No primeiro, a 
acetona ou a mistura de acetona e óleo de soja foi incorporada na dieta artificial e, 
no segundo apenas a dieta artificial. O objetivo do primeiro controle foi acompanhar 
e avaliar a sobrevivência das formigas com referência a toxicidade da acetona e do 
óleo, enquanto que a do segundo foi verificar a interferência do manuseio na 
sobrevivência das formigas. 
Os testes de incorporação do ingrediente ativo em dieta artificial foram: 
• rotenona dissolvida em acetona nas concentrações: 10µg/mL; 50µg/mL; 
100µg/mL e 500µg/mL, utilizando-se acetona como controle. 
Figura 2. Operárias de Atta sexdens rubropilosa 
submetidas ao tratamento com o ingrediente ativo 
incorporado em dieta artificial 
25 
 
• rotenona dissolvida em mistura de acetona e óleo de soja (9:1) nas 
concentrações 10µg/mL; 50µg/mL; 100µg/mL e 500µg/mL, utilizando-se a 
mistura acetona e óleo de soja como controle. 
• diafentiurom dissolvido em acetona nas concentrações: 10µg/mL; 50µg/mL; 
100µg/mL e 500µg/mL, utilizando-se acetona como controle. 
• diafentiurom dissolvido em mistura de acetona e óleo de soja (9:1) nas 
concentrações 10µg/mL; 50µg/mL; 100µg/mL e 500µg/mL, utilizando-se a 
mistura acetona e óleo de soja como controle. 
 
3.1.4. Bioensaio II: incorporação em polpa cítrica 
 
 Os ingredientes ativos foram adicionados a uma mistura de polpa cítrica em 
pó e óleo de soja na proporção 9:1, nas concentrações 5.000µg/mL (0,5%); 
10.000µg/mL (1%); 20.000µg/mL (2%) e 50.000µg/mL (5%). A polpa cítrica em pó foi 
preparada a partir dos “pellets” originários das indústrias de suco de laranja, que 
foram moídos em moinho de facas e selecionados em peneira de malha fina. 
 No primeiro dia de experimento as formigas foram distribuídas em placas de 
Petri e juntamente a elas foi acrescentada 0,3g da mistura (ingrediente ativo + óleo + 
polpa cítrica), além de aproximadamente 0,5g da dieta artificial descrita no item 4.1.1 
(Figura 3). A partir do segundo dia de experimento todas as placas de Petri foram 
substituídas para retirada da sobra de polpa cítrica e, as formigas passaram a 
receber somente a dieta artificial até o término do experimento. Portanto, neste caso, 
o ingrediente ativo foi oferecido as formigas por apenas 24 horas. 
 Para esse tipo de bioensaio foram utilizados dois controles. No primeiro foram 
oferecidos mistura de polpa cítrica e óleo juntamente com a dieta artificial e, no 
segundo ofereceu-se somente dieta artificial. O objetivo do primeiro controle foi 
avaliar a sobrevivência das formigas com referência a toxicidade do óleo de soja, 
enquanto que o do segundo foi verificar a interferência do manuseio na 
sobrevivência das formigas. 
 
26 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.1.5. Análise dos dados de toxicidade 
 
A análise gráfica foi realizada através das determinações das porcentagens 
acumuladas de formigas vivas por dia para cada tratamento. Posteriormente, o 
tempo de sobrevivência mediana foi determinado e as curvas de sobrevivência 
foram comparadas por meio do teste não paramétrico “log rank”, com nível de 
significância de 5% (ELANDT - JOHNSON et al., 1980), utilizando-se o software 
Graph-Pad, aplicativo Prisma 3.0. 
As curvas de sobrevivência de operárias tratadas com o primeiro controle e 
com o segundo controle foram comparadas através do teste “log-rank”. A ausência 
de diferença significativa entre elas indicou a não interferência do solvente e do óleo 
de soja. Em seguida, procedeu-se a comparação das curvas de sobrevivência de 
formigas submetidas aos tratamentos com aquelas do controle solvente ou solvente 
+ óleo. 
 
 
Figura 3 . Operárias de Atta sexdens rubropilosa submetidas 
ao tratamento com o ingrediente ativo incorporado em polpa 
cítrica 
27 
 
 
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
4.1. Rotenona 
 
4.1.1. Toxicidade para operárias de Atta sexdens rubropilosa 
 
 Os resultados obtidos para cada bioensaio estão apresentados através das 
análises gráficas das curvas de sobrevivência e das tabelas queresumem as 
porcentagens acumuladas de mortalidade diária, o tempo de sobrevivência mediana 
(Md) e a interpretação do teste “log rank”. 
 
4.1.1.1. Incorporação em dieta artificial 
 
 A rotenona dissolvida em acetona e incorporada na dieta artificial provocou 
diminuição na sobrevivência das operárias de Atta sexdens rubropilosa, com 
redução mais acentuada para a concentração 500µg/mL (Figura 4). A análise 
estatística revelou que as concentrações 10µg/mL, 50µg/mL, 100µg/mL e 500µg/mL 
apresentaram valores significativos quando comparadas com o controle acetona. O 
tempo de sobrevivência mediana das formigas tratadas com rotenona foi de 22 dias 
para a concentração 10µg/mL, 17 dias para as concentrações 50µg/mL e 100µg/mL 
e 15 dias para a concentração 500µg/mL. O controle dieta pura apresentou mediana 
superior a 25 dias e o controle acetona atingiu a mediana no 25º dia de experimento. 
Não houve mortalidade total das formigas até o término do experimento, 
observando-se 68% de mortalidade para concentração 10µg/mL, 86% para as 
concentrações 100µg/mL e 500µg/mL e 90% para a concentração 50µg/mL. 
 As formigas mantidas com dieta artificial contendo rotenona dissolvida em 
acetona apresentaram sintomas de intoxicação, principalmente dificuldade de 
locomoção e imobilidade (lentidão), a partir do 8º dia para as concentrações 
100µg/mL e 500µg/mL e a partir do 11º dia para as concentrações 10µg/mL e 
50µg/mL. 
28 
 
 
 A rotenona dissolvida em mistura de acetona e óleo de soja e incorporada na 
dieta alimentar também provocou diminuição na sobrevivência das operárias de Atta 
sexdens rubropilosa, com redução mais acentuada para as concentrações 100µg/mL 
e 500µg/mL (Figura 5). 
 A análise estatística revelou que as concentrações 10µg/mL, 50µg/mL, 
100µg/mL e 500µg/mL apresentaram valores significativos quando comparadas com 
o controle acetona + óleo. O tempo de sobrevivência mediana das formigas tratadas 
com rotenona foi de 11 dias para as concentrações 10µg/mL e 100µg/mL, 10 dias 
para a concentração 500µg/mL e 9 dias para a concentração 50µg/mL. O controle 
dieta pura e o controle acetona + óleo apresentaram medianas superiores a 25 dias. 
A mortalidade total das operárias ocorreu no 25º dia para a concentração 10µg/mL, 
no 21º dia para a concentração 50µg/mL e no 17º dia para as concentrações 
100µg/mL e 500µg/mL. 
 As formigas mantidas com dieta artificial contendo rotenona dissolvida em 
acetona e óleo de soja também apresentaram sintomas de intoxicação, 
principalmente dificuldade de locomoção e imobilidade (lentidão), a partir do 5º dia 
para as concentrações 50µg/mL, 100µg/mL e 500µg/mL e a partir do 7º dia para a 
concentração 10µg/mL. 
 Assim como observado por Bueno (2005) para o ingrediente ativo 
hidrametilnona, a presença do óleo de soja também aumentou a toxicidade da 
rotenona, reduzindo o tempo da sobrevivência mediana das operárias de 22 dias 
para 11 dias na concentração 10µg/mL, de 17 dias para 9 dias na concentração 
50µg/mL, de 17 dias para 11 dias na concentração 100µg/mL e de 15 dias para 10 
dias na concentração 500µg/mL. O tempo de mortalidade total das formigas também 
foi reduzido. Nos tratamentos com rotenona dissolvida em acetona não ocorreu 
mortalidade total das operárias até o término do experimento enquanto que nos 
tratamentos com rotenona dissolvida em acetona + óleo ocorreu mortalidade total 
das operárias para todas as concentrações testadas antes do término do 
experimento. 
29 
 
 
Figura 4 . Curvas de sobrevivência de operárias de Atta sexdens rubropilosa submetidas ao bioensaio 
de incorporação em dieta artificial com rotenona e solvente acetona. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tabela 1 . Mortalidade acumulada e sobrevivência mediana (Md) de operárias de Atta sexdens 
rubropilosa submetidas ao bioensaio de incorporação em dieta artificial com rotenona e solvente 
acetona 
 
 
Tratamento 
% acumulada de mortalidade por dia 
Md * 
1 2 3 6 8 10 14 17 21 25 
Dieta Pura 0 0 0 0 0 0 2 8 24 40 >25a 
Acetona 0 0 0 0 0 2 8 10 14 28 25a 
Rotenona 10µg/mL 0 0 0 4 6 10 14 30 48 68 22b 
Rotenona 50µg/mL 0 0 0 6 8 12 20 54 78 90 17b 
Rotenona 100µg/mL 0 0 0 4 8 10 32 54 78 86 17b 
Rotenona 500µg/mL 0 0 0 0 14 20 42 58 70 86 15b 
 
* Letras distintas em relação ao controle indicam diferença significativa de acordo com o teste “log rank” (p< 0,05). 
 
30 
 
 
Figura 5 . Curvas de sobrevivência de operárias de Atta sexdens rubropilosa submetidas ao bioensaio 
de incorporação em dieta artificial com rotenona e solvente acetona e óleo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tabela 2 . Mortalidade acumulada e sobrevivência mediana (Md) de operárias de Atta sexdens 
rubropilosa submetidas ao bioensaio de incorporação em dieta artificial com e solvente acetona e 
óleo 
 
 
Tratamento 
% acumulada de mortalidade por dia 
Md * 
1 2 3 6 8 10 14 17 21 25 
Dieta Pura 0 0 0 0 0 0 2 8 24 40 >25a 
Acetona + óleo 0 0 0 4 8 8 12 22 34 40 >25a 
Rotenona 10µg/mL 0 0 0 2 18 42 72 90 98 100 11b 
Rotenona 50µg/mL 0 2 4 24 42 68 88 96 100 100 9,0b 
Rotenona 100µg/mL 0 0 2 14 28 50 96 100 100 100 11b 
Rotenona 500µg/mL 0 2 2 24 38 66 86 100 100 100 10b 
 
* Letras distintas em relação ao controle indicam diferença significativa de acordo com o teste “log rank” (p< 0,05). 
31 
 
 
Além da toxicidade do ingrediente ativo, a sua velocidade de ação é outro 
fator considerado importante durante o processo de seleção de novos inseticidas 
para uso em iscas no controle de formigas cortadeiras. Os conceitos de toxicidade 
lenta e retardada foram primeiramente utilizados por Stringer et. al. (1964) para a 
realização de uma rápida seleção de ingredientes ativos para as formigas lava-pés 
e, posteriormente, adaptados por Nagamoto (1998) para as formigas cortadeiras. 
Estes conceitos referem-se à seleção de inseticidas de toxicidade lenta, que 
causem baixa mortalidade nas primeiras 24 horas e alta mortalidade no final do 
experimento. Esta característica é desejada para a eficiência de uma isca, pois 
desta forma as operárias poderão sobreviver tempo suficiente após o primeiro 
contato com o ingrediente ativo e distribuí-lo por toda a colônia (SANTOS, 2005). 
Não há relatos de ensaios de ingestão com rotenona realizados para insetos, 
mas em comparação com as curvas de sobrevivência observadas para a 
hidrametilnona (BUENO, 2005), a rotenona apresentou resultado semelhante, com 
toxicidade lenta. 
Neste tipo de bioensaio onde as formigas não possuem outro recurso 
alimentar, sendo mantidas exclusivamente com a dieta artificial contendo 
ingrediente ativo, sem oportunidade de escolha de alimento, permite o controle de 
variáveis para se analisar somente a toxicidade. Entretanto, muitas dúvidas surgem 
em relação ao efeito repelente que o ingrediente ativo possa estar causando nas 
operárias, impedindo que elas se alimentem. Sendo assim, as formigas morreriam 
por falta de nutrientes e não pela ação tóxica do ingrediente ativo (BUENO, 2005). 
Os resultados obtidos nos bioensaios de incorporação em dieta artificial 
permitiram selecionar as concentrações de rotenona para serem testadas nos 
bioensaios seguintes de incorporação em polpa cítrica. Como a polpa cítrica foi 
oferecida somente no primeiro dia de experimento, as concentrações consideradas 
tóxicas nos bioensaios de incorporação em dieta artificial (50µg/mL, 100µg/mL e 
500µg/mL) foram aumentadas em 100 vezes. No entanto, a concentração de 
10µg/mL não foi utilizada, pois não apresentou resultados promissores, sendo 
substituída por uma concentração de 200µg/mL, intermediária entre as 
concentrações 100µg/mL e 500µg/mL. 
 
 
32 
 
 
4.1.1.2. Incorporação em polpa cítrica 
 
 A rotenona incorporada em polpa cítrica provocou diminuição na 
sobrevivência das operárias de Atta sexdens rubropilosa, com redução mais 
acentuada para as concentrações, 20.000µg/g e 50.000µg/g. (Figura 6). 
 A análise estatística revelouque as concentrações 5.000µg/g, 10.000µg/g, 
20.000µg/g e 50.000µg/g apresentaram valores significativos quando comparadas 
com o controle polpa + óleo + solvente. O tempo de sobrevivência mediana das 
formigas tratadas com rotenona foi reduzido de 23 dias no controle polpa + óleo + 
solvente para 17 dias na concentração 5.000µg/g, 2 dias na concentração 
10.000µg/g e 1 dia nas concentrações 20.000µg/g e 50.000µg/g. A mortalidade total 
das operárias ocorreu no 20º dia para a concentração 20.000µg/g e no 2º dia para a 
concentração 50.000µg/g (Tabela 3). 
 As formigas tratadas com polpa cítrica contendo rotenona apresentaram 
sintomas de intoxicação, principalmente dificuldade de locomoção e imobilidade, a 
partir do 5º dia de experimento para a concentração 5.000µg/g, a partir do 2º dia 
para a concentração 10.000µg/g e a partir do 1º dia para as concentrações 
20.000µg/g e 50.000µg/g. 
Esse tipo de bioensaio onde as formigas recebem o ingrediente ativo 
incoporado em polpa cítrica apresenta o mesmo modo de contaminação que as 
iscas tóxicas, pois em ambos os casos, as formigas se contaminam ao manipular o 
material, por um período de 24 horas. 
 A mortalidade das operárias nas concentrações 20.000µg/g e 50.000µg/g foi 
muito acentuada, inviabilizando a incorporação da rotenona em iscas nessas 
concentrações, pois as formigas morrem muito rápido, o que não permite uma 
completa incorporação da isca no jardim de fungo. 
 Para dar continuidade a esse trabalho, as concentrações intermediárias de 
rotenona entre 10.000µg/g e 20.000µg/g devem ser testadas em bioensaios de 
incorporação em polpa cítrica para obtenção das curvas de sobrevivência e da 
sobrevivência mediana. Após a realização desses testes, será possível selecionar as 
concentrações de rotenona para serem incorporadas em iscas e testadas 
inicialmente em colônias de formigas cortadeiras mantidas em laboratório e, 
posteriormente, em ninhos localizados no campo. 
33 
 
 
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
0
20
40
60
80
100
Polpa + óleo
Polpa+ óleo+ solvente
Rotenona 5.000µg/g
Rotenona 10.000µg/g
Rotenona 20.000µg/g
Rotenona 50.000µg/g
Dias
S
ob
re
vi
vê
nc
ia
 (
%
)
 
 
Figura 6 . Curvas de sobrevivência de operárias de Atta sexdens rubropilosa submetidas ao bioensaio 
de incorporação em polpa cítrica com rotenona. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tabela 3 . Mortalidade acumulada e sobrevivência mediana (Md) de operárias de Atta sexdens 
rubropilosa submetidas ao bioensaio de incorporação em polpa cítrica com rotenona 
 
 
Tratamento 
% acumulada de mortalidade por dia 
 
Md * 
1 2 3 6 8 10 14 17 21 25 
Polpa + óleo 0 4 6 16 16 16 24 32 42 58 24a 
Polpa + óleo + solvente 0 0 2 6 6 10 16 26 36 56 23a 
Rotenona 0,5% (5.000µg/mL) 2 12 14 14 16 20 28 52 58 80 17b 
Rotenona 1% (10.000µg/mL) 38 58 60 60 60 62 66 68 72 88 2,0b 
Rotenona 2% (20.000µg/mL) 72 96 98 98 98 98 98 98 100 100 1,0b 
Rotenona 5% (50.000µg/mL) 92 100 100 100 100 100 100 100 100 100 1,0b 
 
* Letras distintas em relação ao controle indicam diferença significativa de acordo com o teste “log rank” (p< 0,05). 
 
 
34 
 
 
4.2. Diafentiurom 
 
4.2.1. Toxicidade para operárias de Atta sexdens rubropilosa 
 
 Os resultados obtidos para cada bioensaio estão apresentados através das 
análises gráficas das curvas de sobrevivência e das tabelas que resumem as 
porcentagens acumuladas de mortalidade diária, o tempo de sobrevivência mediana 
(Md) e a interpretação do teste “log rank”. 
 
 
4.2.1.1. Incorporação em dieta artificial 
 
 O diafentiurom dissolvido em acetona e incorporado na dieta artificial 
provocou diminuição na sobrevivência das operárias de Atta sexdens rubropilosa, 
com redução mais acentuada para a concentração 100µg/mL. (Figura 7). A análise 
estatística revelou que as concentrações 10µg/mL, 50µg/mL, 100µg/mL e 500µg/mL 
apresentaram valores significativos quando comparados com o controle acetona. O 
tempo de sobrevivência mediana das formigas tratadas com diafentiurom foi de 17 
dias para a concentração 10µg/mL, 14 dias para a concentração 50µg/mL, 12 dias 
para a concentração 500µg/mL e 10 dias para a concentração 100µg/mL. O controle 
dieta pura e o controle acetona apresentaram medianas superiores a 25 dias. 
 A mortalidade total das operárias ocorreu no 20º dia para a concentração 
50µg/mL, no 16º dia para a concentração 100µg/mL e no 17º dia para a 
concentração 500µg/mL. Não ocorreu mortalidade total das operárias até o término 
do experimento para a concentração 10µg/mL. 
 As formigas mantidas com dieta artificial contendo diafentiurom dissolvida em 
acetona apresentaram sintomas de intoxicação, principalmente, dificuldade de 
locomoção e imobilidade (lentidão), a partir do 9º dia de experimento para as 
concentrações 100µg/mL e 500µg/mL e a partir do 14º dia para as concentrações 
10µg/mL e 50µg/mL. 
35 
 
 
 O diafentiurom dissolvido em mistura de acetona e óleo de soja e incorporado 
na dieta alimentar também provocou diminuição na sobrevivência das operárias de 
Atta sexdens rubropilosa, com redução mais acentuada para a concentração 
500µg/mL (figura 8). 
 A análise estatística revelou que as concentrações 10µg/mL, 50µg/mL, 
100µg/mL e 500µg/mL apresentaram valores significativos quando comparados com 
o controle acetona e óleo. O tempo de sobrevivência mediana das formigas tratadas 
com diafentiurom foi de 10 dias para a concentração 50µg/mL, 9 dias para as 
concentrações 10µg/mL e 100µg/mL e 7 dias para a concentração 500µg/mL. O 
controle dieta pura e o controle acetona e óleo apresentaram medianas superiores a 
25 dias de experimento. As concentrações testadas apresentaram mortalidade total 
das operárias no 25º dia para a concentração 10µg/mL, 19º dia para a concentração 
50µg/mL, 14º dia para a concentração 100µg/mL e 12º dia para a concentração 
500µg/mL. 
 As formigas mantidas com dieta artificial contendo diafentiurom dissolvido em 
acetona e óleo de soja também apresentaram sintomas de intoxicação, 
principalmente dificuldade de locomoção e imobilidade (lentidão), a partir do 5º dia 
para as concentrações 10µg/mL e 50µg/mL e a partir do 7º dia para as 
concentrações 100µg/mL e 500µg/mL. 
 A ação do diafentiurom nos testes de incorporação em dieta artificial 
aumentou com a presença do óleo de soja, sendo que o tempo de sobrevivência 
mediana das operárias foi reduzido de 17 dias para 9 dias na concentração 
10µg/mL, de 14 dias para 10 dias na concentração 50µg/mL, de 10 dias para 9 dias 
na concentração 100µg/mL e de 12 dias para 7 dias na concentração 500µg/mL. O 
tempo de mortalidade total das formigas também foi reduzido de 16 dias para 14 
dias na concentração 100µg/mL e de 17 dias para 12 dias na concentração 
500µg/mL. 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
 
 
 
Figura 7 . Curvas de sobrevivência de operárias de Atta sexdens rubropilosa submetidas ao bioensaio 
de incorporação em dieta artificial com diafentiurom e solvente acetona. 
 
 
 
 
 
 
 
Tabela 4 . Mortalidade acumulada e sobrevivência mediana (Md) de operárias de Atta sexdens 
rubropilosa submetidas ao bioensaio de incorporação em dieta artificial com diafentiurom e solvente 
acetona 
 
 
Tratamento 
% acumulada de mortalidade por dia 
Md * 
1 2 3 6 8 10 14 17 21 25 
Dieta Pura 0 2 2 2 2 4 8 10 18 32 >25a 
Acetona 0 0 0 0 2 4 10 12 16 24 >25a 
Diafentiurom 10µg/mL 0 2 2 4 6 8 34 56 82 98 17b 
Diafentiurom 50µg/mL 0 0 0 0 8 10 56 82 100 100 14b 
Diafentiurom 100µg/mL 0 2 2 6 20 52 98 100 100 100 10b 
Diafentiurom 500µg/mL 0 0 0 2 12 36 84 100 100 100 12b 
 
* Letras distintas em relação ao controle indicam diferença significativa de acordo com o teste “log rank” (p< 0,05). 
 
 
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 2425
0
20
40
60
80
100
Dieta Pura
Acetona
Diafentiurom 10µg/mL
Diafentiurom 50µg/mL
Diafentiurom 100µg/mL
Diafentiurom 500µg/mL
Dias
S
ob
re
vi
vê
nc
ia
 (
%
)
37 
 
 
Figura 8 . Curvas de sobrevivência de operárias de Atta sexdens rubropilosa submetidas ao bioensaio 
de incorporação em dieta artificial com diafentiurom e solvente acetona e óleo. 
 
 
 
 
 
 
Tabela 5 . Mortalidade acumulada e sobrevivência mediana (Md) de operárias de Atta sexdens 
rubropilosa submetidas ao bioensaio de incorporação em dieta artificial com diafentiurom e solvente 
acetona e óleo 
 
 
Tratamento 
% acumulada de mortalidade por dia 
Md * 
1 2 3 6 8 10 14 17 21 25 
Dieta Pura 0 0 0 6 8 10 18 24 28 44 >25a 
Acetona + óleo 0 4 4 4 4 8 12 16 18 30 >25a 
Diafentiurom 10µg/mL 6 16 18 38 48 68 94 98 98 100 9,0b 
Diafentiurom 50µg/mL 2 4 4 22 30 56 96 96 100 100 10b 
Diafentiurom 100µg/mL 2 6 6 20 36 76 100 100 100 100 9,0b 
Diafentiurom 500µg/mL 2 6 14 48 72 92 100 100 100 100 7,0b 
 
* Letras distintas em relação ao controle indicam diferença significativa de acordo com o teste “log rank” (p< 0,05). 
 
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 121314 15 16 1718 19 20 21 22 2324 25
0
20
40
60
80
100
Dieta Pura
Acetona + óleo
Diafentiurom 10µg/mL
Diafentiurom 50µg/mL
Diafentiurom 100µg/mL
Diafentiurom 500µg/mL
Dias
S
ob
re
vi
vê
nc
ia
 (
%
)
38 
 
 
 Os resultados obtidos nos bioensaios de incorporação em dieta artificial 
permitiram selecionar as concentrações de diafentiurom para serem testadas nos 
bioensaios seguintes de incorporação em polpa cítrica, onde as operárias não se 
alimentam do material sólido, porém, ao manipulá-lo podem se contaminar (BUENO, 
2005). Como a polpa cítrica foi oferecida somente no primeiro dia de experimento, 
as concentrações consideradas tóxicas nos bioensaios de incorporação em dieta 
artificial (50µg/mL, 100µg/mL e 500µg/mL) foram aumentadas em 100 vezes. No 
entanto, a concentração de 10µg/mL não foi utilizada, pois apresentou resultados 
semelhantes à concentração 50µg/mL, sendo substituída por uma concentração de 
200µg/mL, intermediária entre as concentrações 100µg/mL e 500µg/mL. 
 
4.2.1.2. Incorporação em polpa cítrica 
 
 O diafentiurom incorporado em polpa cítrica provocou diminuição na 
sobrevivência das operárias de Atta sexdens rubropilosa (Figura 9). A análise 
estatística revelou que as concentrações 5.000µg/g e 10.000µg/g apresentaram 
valores significativos, quando comparados com o controle (polpa + óleo + solvente). 
O tempo de sobrevivência mediana das formigas foi reduzido de 23 dias no controle 
polpa + óleo + solvente para 17 dias na concentração 5.000µg/g e 16 dias na 
concentração 10.000µg/g, apresentando 88% de mortalidade das operárias na 
concentração 5.000µg/g e 90% na concentração 10.000µg/g (Tabela 6). No entanto, 
as maiores concentrações testadas (20.000µg/g e 50.000µg/g) não apresentaram 
diferença significativa quando comparadas com o controle (polpa + óleo + solvente). 
 As formigas tratadas com polpa cítrica contendo diafentiurom não 
apresentaram sintomas de intoxicação, comportando-se semelhantemente àquelas 
do grupo controle. 
 
 
39 
 
 
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
0
20
40
60
80
100
Polpa + óleo
Polpa+ óleo+ solvente
Diafentiurom 5.000µg/g
Diafentiurom 10.000µg/g
Diafentiurom 20.000µg/g
Diafentiurom 50.000µg/g
Dias
S
ob
re
vi
vê
nc
ia
 (
%
)
 
Figura 9 . Curvas de sobrevivência de operárias de Atta sexdens rubropilosa submetidas ao bioensaio 
de incorporação em polpa cítrica com diafentiurom. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tabela 6 . Mortalidade acumulada e sobrevivência mediana (Md) de operárias de Atta sexdens 
rubropilosa submetidas ao bioensaio de incorporação em polpa cítrica com diafentiurom 
 
 
Tratamento 
% acumulada de mortalidade por dia 
 
Md * 
1 2 3 6 8 10 14 17 21 25 
Polpa + óleo 0 4 6 16 16 16 24 32 42 58 24a 
Polpa + óleo + solvente 0 0 2 6 6 10 16 26 36 56 23a 
Diafentiurom 0,5% (5.000µg/mL) 6 8 10 14 16 18 30 54 68 88 17b 
Diafentiurom 1% (10.000µg/mL) 4 6 6 14 20 24 40 64 82 90 16b 
Diafentiurom 2% (20.000µg/mL) 4 8 8 16 20 22 24 34 36 68 24a 
Diafentiurom 5% (50.000µg/mL) 2 4 12 20 22 28 30 44 52 66 19a 
 
* Letras distintas em relação ao controle indicam diferença significativa de acordo com o teste “log rank” (p< 0,05). 
 
40 
 
 
O diafentiurom é usado no controle do ácaro branco, Polifagotarsonemum 
latus, e do ácaro rajado, Tetranychus urticae, pragas das culturas do algodoeiro, 
citros, melancia e tomateiro. A aplicação é realizada por meio de pulverizações com 
o uso do produto Pólo 500WP (BRASIL, 2010). Além disso, o diafentiuron também é 
recomendado para uso contra insetos sugadores, como moscas-brancas (ISHAAYA 
et al., 1993). 
Apesar dos resultados satisfatórios de toxicidade do diafentiurom para as 
operárias de Atta sexdens rubropilosa apresentados no presente trabalho para os 
bioensaios de incorporação em dieta artificial, o resultado encontrado no bioensaio 
de incorporação em polpa cítrica não apresentou a mesma eficiência. 
Pelo fato da dieta artificial contendo diafentiurom ser o único recurso alimentar 
oferecido às operárias nos bioensaios de incorporação em dieta, possivelmente o 
ingrediente ativo possa ter causado efeito repelente nas formigas, impedindo que 
elas se alimentassem. Para dar continuidade a esse trabalho, um novo bioensaio de 
incorporação do diafentiurom em dieta artificial deve ser realizado para se observar 
o efeito da repelência através da filmagem do experimento durante as primeiras 48 
horas do oferecimento da dieta. Caso a replência do diafentiurom seja comprovada, 
esse ingrediente ativo não deverá ser indicado para uso na metodologia de iscas 
para o controle de formigas cortadeiras. Contudo, se o diafentiurom não apresentar 
repelência às operárias, novas formulações com esse ingrediente ativo devem ser 
desenvolvidas com intuito de atingir o alvo de ação do inseticida nas formigas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
 
 
5. CONCLUSÕES 
 
♦ O óleo de soja potencializa a ação dos ingredientes ativos rotenona e diafentiurom. 
 
♦ A rotenona incorporada em dieta artificial apresenta toxicidade lenta à Atta 
sexdens rubropilosa, causando baixa mortalidade das operárias nas primeiras 24 
horas e alta mortalidade a partir do 10º dia de oferecimento. 
 
♦ Novos bioensaios de incorporação em polpa cítrica devem ser realizados com a 
rotenona com intuito de selecionar as concentrações entre 1% e 2% para serem 
incorporadas em iscas. 
 
♦ O ingrediente ativo diafentiurom apresenta baixa toxicidade às operárias de Atta 
sexdens rubropilosa quando incorporado em polpa cítrica. 
 
♦ Novos experimentos com o ingrediente ativo diafentiurom incorporado em dieta 
artificial devem ser realizados para observar se há efeito de repelência as 
operárias de Atta sexdens rubropilosa. 
 
42 
 
 
6. REFERÊNCIAS 
 
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