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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JUSSARA LUCIANE FERRAZZO AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DE PRODUTOS QUÍMICOS COM O PRINCÍPIO ATIVO LAMBDACIALOTRINA EM DIFERENTES FORMULAÇÕES SOBRE OPERÁRIAS DE Monomorium floricola (HYMENOPTERA: FORMICIDAE) Monografia apresentada ao Instituto de Biociências de Rio Claro – UNESP, como requisito para obtenção do título de Especialista, no Curso de Entomologia Urbana: Teoria e Prática. RIO CLARO – SP 2008 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JUSSARA LUCIANE FERRAZZO AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DE PRODUTOS QUÍMICOS COM O PRINCÍPIO ATIVO LAMBDACIALOTRINA EM DIFERENTES FORMULAÇÕES SOBRE OPERÁRIAS DE Monomorium floricola (HYMENOPTERA: FORMICIDAE) Monografia apresentada ao Instituto de Biociências de Rio Claro – UNESP, como requisito para obtenção do título de Especialista, no Curso de Entomologia Urbana: Teoria e Prática. ORIENTADORA: DRA. ANA EUGÊNIA DE CARVALHO CAMPOS-FARINHA RIO CLARO – SP 2008 Dedico aos meus pais, meus professores e amigos que muito me ajudaram nessa caminhada... AGRADECIMENTOS • A Dra. Ana Eugênia de C. Campos-Farinha, pela orientação e paciência; • Aos Professores Odair e Malaspina pela inestimável transferência de conhecimento no decorrer do curso • Ao grande amigo Rodrigo, pela ajuda inestimável em todo o processo desse trabalho, se não fosse sua ajuda com certeza esse trabalho não teria sido realizado, sua participação em tudo foi fundamental; • A Ecolyzer por fornecer o espaço e todos os materiais necessários para a realização da parte prática desse experimento; • A Syngenta por permitir os testes com seus produtos; • Ao Jéferson Eduardo – Núcleo Saúde Ambiental por me fornecer o produto Icon 10 PM • A Valdirene Maezuka e a Syngenta do Brasil por me fornecer o produto Icon 10 CE; • Ao Roberto Sacramento – Sanerg Saneamento por me fornecer o produto Demand 2,5 CS e por permitir minha saída às Sextas-feiras para participar do curso; • Ao Paulo Santana, grande amigo presente em todos os momentos da minha vida, pela ajuda inestimável na etapa final desse trabalho; • A Maria Fernanda Zarzuela pela colaboração na conclusão do trabalho; • A todos os meus amigos do curso de Entomologia pelo companheirismo, dicas, sugestões e materiais fornecidos ao longo do curso; • Aos meus pais pela a ajuda e apoio em mais essa fase da minha vida; • Aos meus amigos pela paciência e compreensão diante da minha ausência durante todo esse processo; • Enfim, agradeço a Deus por permitir que mais uma etapa de minha vida seja concluída. ÍNDICE 1 Resumo .................................................................................................... 1 2 Abstract ................................................................................................. 2 2 Introdução ................................................................................................. 3 3 Revisão da Literatura .............................................................................. 6 3.1 As formigas .............................................................................................. 6 3.2 Praguicidas .............................................................................................. 8 4 Materiais e Métodos ................................................................................. 11 4.1 Produtos Testados ................................................................................. 12 5 Resultados e Discussão ......................................................................... 16 5.1 Teste de Repelência .............................................................................. 16 5.2 Teste de Mortalidade .............................................................................. 20 6 Conclusão ................................................................................................ 23 7 Bibliografia ................................................................................................ 24 1. RESUMO Algumas espécies de formigas encontram-se associadas ao homem causando incomodo e atuando como vetores de fungos e bactérias. Podem contaminar alimentos em residências e restaurantes, infestar equipamentos eletrônicos além de disseminar doenças e hospitais. Com a intensificação da urbanização, as condições para a sobrevivência de algumas espécies melhoram a cada dia, o que pode acarretar prejuízos consideráveis aos seres humanos. Daí a importância de estudos visando o seu controle. Monomorium floricola é uma espécie de formiga urbana com provável origem da Ásia, muito comum nas cidades brasileiras, principalmente em residências, indústrias alimentícias, comércios e hospitais no Estado de São Paulo. Este trabalho teve como objetivo avaliar a eficiência de produtos químicos com o princípio ativo Labdacialotrina (Piretróide) apresentado em três diferentes formulações, na mortalidade de operárias de Monomorium floricola e verificar se esses produtos são repelentes para essas formigas. Os produtos testados foram o Demand 2,5 CS, Icon 5 CE e Icon 10 PM (Syngenta). Foram utilizadas 16 colônias de Monomorium floricola, sendo 4 para cada um dos produtos e 4 para o controle. Essas colônias foram dispostas em bandejas plásticas contendo dois azulejos, um em cada extremidade, sendo um deles pincelado somente com água e o outro com o produto inseticida. Para o grupo controle, um dos azulejos foi pincelado somente com água e o outro não recebeu qualquer tratamento. Em cada azulejo foram dispostos os alimentos e a água. As análises foram feitas semanalmente por um período de 92 dias. Para análise de repelência efetuou-se a contagem do número de formigas dentro dos azulejos no momento da leitura. Para análise de mortalidade foi realizada a contagem das formigas mortas dentro dos azulejos no momento da leitura durante o período proposto. Os três produtos testados não demonstraram ser repelentes e apresentaram eficiência na mortalidade de operárias de Monomorium floricola durante todo o experimento. 2. ABSTRACT Some species of ants are found associated with the man causing trouble and acting as vectors of bacteria and fungi. They can contaminate food in homes and restaurants, electronics equipments in addition to haunt spread diseases and hospitals. With the intensification of urbanization, the conditions for the survival of some species to improve each day, it can cause considerable damage to humans. Studies aimed at it control is very important. Monomorium floricola is a kind of urban ant with probable origin in Asia, very common in Brazilian cities, mainly in homes, food industries, shops and hospitals in the state of Sao Paulo. This study aimed to evaluate the efficiency of chemicals products with the active Labdacialotrina (pyrethroid) presented in three different formulations, the mortality of workers of Monomorium floricola and verify that these products are repellent for these ants. The products tested were the Demand CS 2.5, 5 EC and Icon Icon 10 PM (Syngenta). Were used 16 colonies of Monomorium floricola, 4 colonies for each product and 4 colonies for the control. These colonies were arranged in plastic trays containing two tiles, one at each end, one of which was painted with only water and another with the insecticide product. For the control group, one of the tiles was painted only with water and the other received no treatment. In each tilewere prepared the food and water. The tests were performed weekly for a period of 92 days. For analysis of repellency was made a count of the number of ants within the tiles at the time of reading. For analysis of mortality was held countdown of the dead ants within the tiles at the time of reading during the proposed period. The three products tested showed no repellents be presented and efficiency in the mortality of workers of Monomorium floricola throughout the experiment. 3. INTRODUÇÃO As formigas pertencem à ordem Hymenoptera o mesmo grupo das vespas e abelhas, e a família Formicidae com espécies benéficas para o homem, exercendo ação de controle de populações de outros insetos, incorporação de nutrientes no solo, aeração do solo, entre outras (CAMPOS-FARINHA & BUENO, 2004). São insetos sociais e ocorrem praticamente em todos os ambientes, exceto nos pólos. Estima-se que existam entre 15.000 e 18.000 espécies de formigas no mundo todo. No Brasil, ocorrem cerca de 2.000 espécies descritas (BUENO & CAMPOS-FARINHA, 1999). Algumas dessas espécies encontram-se associadas ao homem e convivem em suas residências (BUENO & CAMPOS-FARINHA, 1999). Cerca de 50 espécies apresentam associações com alimentos e estruturas humanas (ROBINSON, 1996) e na medida em que a urbanização se intensifica, as condições para a sua sobrevivência aumentam de tal sorte, que podem acarretar danos em residências e em vários objetos de uso doméstico (SILVA & LOECK, 1999). O desequilíbrio ecológico que é causado pelo próprio homem é uma das grandes causas da aparição de insetos em seu meio. Acúmulo de alimentos e lixo, extermínio de predadores naturais, ausência de higiene, falta de educação básica relacionada à saúde e higiene faz com que a população favoreça o descontrole e a proliferação de insetos (LUZ, 1991). Existem casos onde, tanto as formigas exóticas quanto as nativas se tornaram pragas quando, de alguma maneira escaparam de seus inimigos naturais e começaram a interagir com o homem (MOONEY & DRAKE, 1986; PORTER & SAVIGNANO, 1990; HUMAN & GORDON, 1996). Já foram relatados casos de danos em roupas, tecidos, objetos de borracha, cabos telefônicos e fios elétricos (CAMPOS-FARINHA ET AL., 1997), além de atuarem como vetores de microrganismos patogênicos em cozinhas industriais e hospitais (CAMPOS-FARINHA, 2004; ZARZUELA et al. 2005; Zarzuela et al. 2007). Não é raro notar a presença de formigas atacando recém-nascidos em seus berços e pacientes de hospitais. As formigas circulam livremente pelas instalações de hospitais entrando em contato com material infectado (ferimentos, ataduras usadas, lixo, etc) e posteriormente infectando pacientes, alimentos, medicamentos, aparelhos e utensílios, salas de UTI, entre outros (CAMPOS-FARINHA ET AL., 1997). As formigas urbanas possuem características que as tornam aptas a dominar o ambiente antrópico, que fornece locais para a construção de ninhos e é responsável pela sua dispersão para longas distâncias (CAMPOS-FARINHA, 2004). As formigas urbanas têm capacidade de formar colônias em diferentes locais com dimensões variáveis, desde ninho no solo até a ocupação de falhas nas estruturas e dentro de equipamentos eletrônicos. (KATO et al., 2002) Vale ressaltar que uma das características das formigas urbanas é a tendência a migrar, ou seja, mudar a colônia de lugar quando perturbada ou em alta densidade populacional. (PASSERA, 1994; BUENO & CAMPOS-FARINHA, 1999a) O controle de formigas em estabelecimentos urbanos se torna complexo, pois existe grande dificuldade para se localizar os ninhos. Além da ocorrência de várias colônias num mesmo local, ocorrem reinfestações constantes e adaptações das espécies nesses habitats (BUENO & CAMPOS-FARINHA, 1999A). O controle de formigas depende da espécie envolvida, da natureza da infestação e da localização do ninho. (CAMPOS-FARINHA, 2004). Segundo BUENO (2003) o primeiro passo para o controle de formigas urbanas é a realização de uma minuciosa inspeção e registros do número de espécies presentes e, quando possível, localizar todos os ninhos. Uma pesquisa realizada no mercado de controladores de pragas apontou as formigas como a praga mais difícil de ser controlada e a primeira nas ocorrências de reclamações. (CORRÊA, 2000) Vários esforços têm sido empregados contra as formigas consideradas pragas, mas os resultados, na maioria das vezes, têm sido apenas temporários. Em muitos casos o uso indiscriminado de inseticidas tem contribuído para o aumento e dispersão das populações de formigas, já que substâncias repelentes podem provocar a fragmentação da colônia (BUENO & CAMPOS-FARINHA, 1999), aumentando o nível de infestação. (BUENO, 2003). Sendo assim, o estudo de novas formulações de inseticidas, visando o controle de formigas se torna interessante. (ZARZUELA, 2005). O objetivo do presente trabalho foi avaliar a eficácia de três inseticidas com o mesmo principio ativo (Lambdacialotrina), porém apresentado em três diferentes formulações, no controle de operárias de Monomorium floricola. Também foram avaliados a repelência e a mortalidade das operárias. 4. REVISÃO DA LITERATURA 4.1 AS FORMIGAS A família Formicidae agrupa 16 subfamílias, com cerca de 296 gêneros nos quais de 9.000 a 10.000 já foram descritas. Acredita-se que o número de espécies pode ultrapassar 20.000, distribuídas em 350 gêneros (CAETANO et al., 2002). As formigas se caracterizam por apresentarem o corpo divido em cabeça, mesossoma (alitronco), cintura (pecíolo) e gáster. Não apresentam asas, exceto na forma reprodutora (BUENO & BUENO, 2007). As formigas de maneira geral apresentam-se em sociedades que podem ser consideradas uma das mais complexas do reino animal. Algumas espécies formam colônias que podem chegar até 300 milhões de indivíduos num único ninho, onde cada um dos indivíduos desempenha tarefas específicas em prol da colônia (CAETANO et al., 2002). As colônias apresentam tanto indivíduos adultos como pupas, larvas e ovos. Os adultos podem ser classificados em alados, que representam as formas sexuais, ou seja, as fêmeas, conhecidas como rainhas e os machos que aparecem somente uma vez por ano e morrem logo após a cópula; e a forma áptera que são as operárias (fêmeas estéreis). A determinação do sexo é haplodiplóide, os machos originam de ovos não fecundados e as fêmeas originam de ovos fecundados (BUENO & CAMPOS-FARINHA, 1999). A população adulta fixa de uma colônia é formada apenas por fêmeas: rainha e operárias. As rainhas são as responsáveis pela postura de ovos, são maiores que as operárias. As operárias são estéreis e constituem a maior parte dos indivíduos da colônia, elas constroem e reparam o ninho, coletam alimento e água, alimentam e limpam a rainha e cuidam da cria (BUENO & CAMPOS-FARINHA, 1999). Monomorium floricola, a espécie escolhida para a realização desse trabalho, tem provável origem da Ásia (BUENO & CAMPOS-FARINHA, 1999) e pertence à subfamília Myrmicinae. (CAMPOS-FARINHA & ZORZENON, 2006) De acordo com, CAMPOS-FARINHA & ZORZENON (2006) são monomórficas de coloração marrom-escura e com tegumento liso e brilhante, suas antenas possuem 12 segmentos, corpo sem espinhos e 2 segmentos na cintura. Seus ninhos são poligínicos, apresentando várias rainhas (CAMPOS-FARINHA ET AL., 1997) e polidômicos, ou seja, um único ninho subdividido em diversos locais, com trânsito de operárias e rainhas entre um e outro. No ambiente urbano seus ninhos geralmente são localizados em equipamentos eletrônicos, conduítes de eletricidade, azulejos, batentes de portas e janelas. Ocorre em ambientes residenciais, fábricas alimentícias e hospitais (ZARZUELA, 2005) podendo causar sérios problemas nestes estabelecimentos já que podem atuar como vetores de microrganismospatogênicos (SOLIS et al., 2005), contaminar alimentos em casas e restaurantes (Vasconcelos, 2007), além do incomodo de sua presença (CAMPOS-FARINHA & ZORZENON, 2006). Da mesma maneira que todas as outras espécies denominadas pragas urbanas (domésticas) (HÖLLDOBLER & WILSON, 1990; PASSERA, 1994), Monomorium floricola apresentam características que facilitam o aumento e a dispersão das populações. Segundo PASSERA (1994) e BUENO & CAMPOS- FARINHA (1999) as espécies urbanas apresentam as seguintes características: a) Associação com o homem: tem preferência por áreas modificadas ou perturbadas pela atividade humana, com facilidade em encontrar locais para construir seus ninhos. b) Migração: tendência a mudar o ninho constantemente de lugar, isso se dá devido à forte atração por ambientes instáveis e perturbados ligado à atividade humana. Essa situação gera ninhos pouco estruturados e com pequena defesa. As colônias são extremamente móveis e reagem imediatamente a perturbações físicas, a mudanças nas condições climáticas, como o aumento ou diminuição na umidade e a modificações alimentares, ou seja, ausência ou descoberta de um novo recurso alimentar. c) Populações unicoloniais: ausência de agressividade entre indivíduos de ninhos da mesma espécie. d) Agressividade interespecífica: apresentam alta agressividade interespecífica, onde espécies exóticas deslocam espécies nativas. No entanto, entre elas formigas urbanas podem conviver, sendo uma dominante e a outra subdominante, podendo haver competição. e) Poliginia: são verdadeiramente poligínicas, não ocorre agressão entre as rainhas e nem a tentativa de dominância de uma delas. O número de rainhas residente é alto, sendo difícil quantifica-las devido a ausência de limites claros entre as colônias e, muitas vezes, devido à uma variação sazonal na produção de novas rainhas. f) Reprodução: a reprodução é uma característica muito importante, pois é responsável pela dispersão de espécies. Não ocorre o vôo nupcial e o acasalamento ocorre na entrada ou no interior do ninho. A reprodução ocorre com a fragmentação da colônia (sociotomia), com ou sem rainhas, estabelecendo assim novos ninhos alguns metros adiante. g) Tamanho e forma: operárias muito pequenas e monomórficas. Rainhas grandes, porém não excede 6 mm de comprimento. h) Longevidade da rainha: curta. Varia entre 20 semanas e 1 anos, porém esse curto período de vida e compensado pela grande capacidade de produzir novas rainhas. i) Operárias estéreis: as operárias não desenvolvem ovários. 4.2 Praguicidas Praguicida é o termo empregado para o produto capaz de eliminar pragas. Esses podem ser classificados em inseticidas, acaricidas, herbicidas, fungicidas, moluscicidas, raticidas, pentaclorofenol e outros. O termo inseticida é utilizado para indicar todos os compostos que apresentam capacidade de destruir insetos (LARINI, 1999). Atualmente, no mundo todo ocorre o desenvolvimento de inseticidas para o controle de pragas das áreas urbanas, animal e agrícola visando formulações menos tóxicas, equipamentos de aplicação e proteção eficientes e embalagens seguras, descartáveis e biodegradáveis. Além do desenvolvimento de ingredientes ativos que estão voltados para produtos cada vez mais específicos aos insetos (FERREIRA, 1999). Existem diferentes tipos de formulações na produção de inseticidas, dependendo das propriedades de seus ingredientes ativos e de seus organismos alvos (PERRINI, 2000). Os piretróides são considerados inseticidas de segunda geração (organo sintéticos) desenvolvidos e lançados no mercado na década de 70. São substâncias com estrutura química semelhante às piretrinas (ANTUNES & LOPES, 2002) que são naturais nas flores de Chrysanthemum cinerariefolicum. (LARINI, 1999). Os compostos piretróides são utilizados na agricultura, em cultivo de algodão, arroz, café, soja, milho, trigo, tomate e fumo, e na medicina veterinária na eliminação de ectoparasitas de animais. São empregados em campanhas de saúde pública na erradicação de mosquitos, no armazenamento de grãos e em uso doméstico para a eliminação de insetos em geral (LARINI, 1999). Segundo ANTUNES & LOPES (2002) os piretróides agem no sistema nervoso com interferência na bomba de sódio e são extremamente tóxicos aos insetos e peixes, apresentando baixa toxicidade aos mamíferos. De acordo com LARINI (1999) são degradados no meio ambiente através de reações de hidrólise e oxidação. A lambdacialotrina é um piretróide sintetizado a partir da cialotrina em que foram isolados os isômeros mais ativos dessa molécula. É um inseticida de atividade adulticida, ovicida e larvicida de ação estomacal e de contato, que abrange um largo espectro de pragas (FERREIRA, 1999). A lambdacialotrina pode ser apresentada em diferentes formulações, conforme descrito abaixo: Pó molhável (PM): composto pela mistura do ingrediente ativo e pós finos. Nessa formulação a liberação do ingrediente ativo ocorre somente na presença de umidade, contém agentes umectantes e dispersantes, proporcionando sua diluição em água e constituindo uma suspensão. Essa formulação apresenta alta concentração do ingrediente ativo. Produto: Icon 10 pó molhável (PM) (ANTUNES & LOPES, 2002). Concentrado Emulsionável (CE): possui o ingrediente ativo associado em um ou mais compostos orgânicos insolúveis em água. Esse tipo de formulação pode ser diluído em água ou solvente orgânico. A aplicação pode ser feita através de pulverização, nebulização, infiltração ou pincelamento. Apresenta alta concentração do ingrediente ativo. Produto: Icon 5 concentrado emulsionavel (CE) (ANTUNES & LOPES, 2002). Microencapsulados CS: possui o ingrediente ativo encapsulado microscopicamente dentro de um polímero que se degrada vagarosamente após a aplicação, liberando o principio ativo. Produto: Demand 2,5 CS (ANTUNES & LOPES, 2002). Solução Ultrabaixo Volume (UVB ou ULV): Não é utilizado no uso doméstico, destina-se a aplicações agrícolas aéreas no controle profissional ou campanhas de saúde no controle de vetores de doenças. Nessas aplicações, normalmente o produto é empregado puro ou quase puro e exige o uso de equipamentos adequados a fim de espalhar uma pequena quantidade de produto dividido em gotículas numa grande superfície (FERREIRA, 1999). Pastilhas Inseticidas: formulações especiais em que o inseticida em forma de pastilha se dissolve na água, formando uma suspensão. Essas pastilhas se dissolvem rapidamente, sendo necessário apenas uma agitação no pulverizador (FERREIRA, 1999). 5. MATERIAIS E MÉTODOS As colônias utilizadas no experimento foram fornecidas pela empresa Ecolyser, em blocos constituídos por dois azulejos 15x15 (base e cobertura) e laterais de madeira de pinus, com pequena abertura lateral para o fluxo das formigas. As colônias constituíam-se de operárias adultas, rainhas, ovos, larvas e pupas e foram mantidas em uma sala climatizada com temperatura controlada diariamente entre 25º e 28ºC, foram alimentadas três vezes por semana com Blattella germânica (Dictyoptera: Blattellidae), mel diluído em água na proporção de 1:1 e água. Figura 1: Representação da montagem e disposição dos experimentos na bandeja – a: bandeja; b: colônia; c: azulejos; d: alimentos e água. Anteriormente à instalação, as colônias foram deixadas em inanição por um período de 48 horas, sendo oferecida somente água. As colônias foram dispostas, individualmente, centralizadas na lateral esquerda de bandejas plásticas medindo 41,5 x 29,5 x 7,5 cm. Na lateral direita, ou seja, em frente à unidade de criação, dois azulejos foram posicionados. Na parte superior havia um azulejo previamente pulverizados com água e na parte inferior um previamente pulverizado com produto inseticida, conforme representado na figura 1. Para evitara fuga das formigas, as bandejas foram revestidas lateralmente por uma camada de Teflon-30 (Dupont). Foram utilizadas 4 repetições para cada produto testado, sendo uma colônia em cada repetição, além do mesmo número para o teste controle. Vale ressaltar que durante o experimento não se procedeu reaplicação do produto. a inseticida c d água colônia b Nas bandejas do tratamento controle, os azulejos foram dispostos da mesma forma, sendo o da parte inferior não pulverizado com qualquer substância ou produto. O experimento foi instalado no dia 16 de fevereiro de 2008 às 11 horas e as avaliações iniciaram-se duas horas após a mesma. As demais avaliações ocorreram semanalmente no mesmo horário (13:00 horas) por um período de noventa e dois dias. Três vezes por semana (em dias alternados) o alimento das colônias era reposto. As formigas tiveram acesso livre a qualquer um dos azulejos e puderam escolher entre eles para alcançar o alimento. As avaliações para o efeito de repelência foram realizadas através da contagem do número de formigas presentes nos azulejos tratados, estando estas vivas ou mortas, sendo também obtida a média em cada avaliação, as quais foram acumuladas. Posteriormente estes resultados foram comparados com os obtidos no tratamento controle para o azulejo pulverizado com água. Para o teste de mortalidade foram totalizadas as formigas mortas em cada repetição. Os resultados foram acumulados conforme as avaliações e posteriormente foi retirada a média para todas as repetições. Vale ressaltar que as formigas mortas eram retiradas com pincel conforme a contagem. 5.1 Produtos Testados Os azulejos foram pulverizados com Demand 2,5 CS, Icon 5 CE e Icon 10 PM, na concentração recomendada pelo fabricante para o controle de formigas. Todos os produtos são registrados no Ministério da Saúde para venda restrita às unidades especializadas . As concentrações utilizadas foram as seguintes: - Demand 2,5 CS : 5 ml diluídos em 500 ml de água; - Icon 5 CE: 2,5 ml diluídos em 500 ml de água; - Icon 10 PM: 2,5 ml diluídos em 1000 ml de água. Durante o período do experimento, os produtos foram armazenados em local seco, com ventilação e submetidos à temperatura ambiente. Foram adotadas boas práticas de higiene e cuidados pessoais. Para manipulação e preparação da calda e sua aplicação foram utilizados todos os equipamentos de proteção individual necessários. Os três inseticidas que foram utilizados são de uso domissanitários e fabricados pela empresa Syngenta do Brasil. Pertencem ao grupo químico dos Piretróides tendo como princípio ativo a lambdacialotrina, entretanto, em três diferentes formulações, conforme especificado abaixo: DEMAND 2,5 CS Nome técnico: Lambda-cyhalothrin (Lambdacialotrina) Nome comercial: Demand 2,5 CS Grupo químico: Piretróide Nome Químico: Alfa-ciano-3-fenoxibenzil-3-(-2-cloro-3,3.3-trifluroprop-1 enil)-2,2- dimetil-ciclopropano carboxilato-1:1{(Z)-(-1R,3R),S-este e (Z)-(1S,3S)R-e Proporção: Lambdacialotrina 2,5%p/p / Ingredientes inertes 97,5% p/p Solubilidade: Solúvel em água formando uma suspensão Estado físico do produto puro: Fotoestável, não apresenta odor, não mancha e não é corrosivo Modo de ação: por contato e por ingestão Compatibilidade: compatível com a maioria dos inseticidas Registro no Ministério da Saúde: 3.0119.6626 AUP: 2444/2003 Toxicologia: DL50 oral aguda (ratos)...............> 5.000 mg/kg DL50 dermal aguda (ratos)..........> 4.000 mg/kg ICON 5 CE Nome técnico: Lambda-cyhalothrin (Lambdacialotrina) Nome comercial: Icon Grupo químico: Piretróide Nome Químico: Alfa-ciano-3-fenoxibenzil-3-(-2-cloro-3,3.3-trifluroprop-1 enil)-2,2- dimetil-ciclopropano carboxilato) Proporção: Lambdacialotrina 5%p/p / Ingredientes inertes 95% p/p Solubilidade: Solúvel em água e óleo mineral Estado físico do produto puro: líquido límpido de coloração amarelada Modo de ação: por contato e por ingestão Compatibilidade: compatível com a maioria dos inseticidas Registro no Ministério da Saúde: 3.0119.0014 AUP: 2448/2003 Toxicologia: DL50 oral aguda (ratos)...............> 2.000 mg/kg DL50 dermal aguda (ratos)..........> 4.000 mg/kg ICON 10 PM Nome técnico: Lambda-cyhalothrin (Lambdacialotrina) Nome comercial: Icon Grupo químico: Piretróide Nome Químico: [Alfa-ciano-3-fenoxibenzil-3-(-2-cloro-3,3.3-trifluroprop-1 enil)-2,2- dimetil-ciclopropano carboxilato) Proporção: Lambdacialotrina 10%p/p / Ingredientes inertes 90% p/p Solubilidade: Solúvel em água Estado físico do produto puro: Sólido fluído de coloração creme Modo de ação: por contato e por ingestão Compatibilidade: compatível com a maioria dos inseticidas Registro no Ministério da Saúde: 3.0119.6632 AUP: 32449/2003 Toxicologia: DL50 oral aguda (ratos)...............> 2.000 mg/kg DL50 dermal aguda (ratos)..........> 2.000 mg/kg 6. RESULTADOS E DISCUSSÃO 6.1 Teste – Repelência No início dos testes para a análise de repelência, observou-se que as formigas das bandejas do grupo controle começaram a forragear de maneira uniforme logo após a montagem dos testes nos dois azulejos, tanto os não tratados como os que estavam tratados apenas com a água. Foi notado que durante todo o experimento, para as bandejas do grupo controle, que as formigas distribuíam-se livremente nos dois azulejos, porém apresentando maior tendência a freqüentar o azulejo tratado com água. Essa situação se manteve constante durante todo o experimento Figura 2: Freqüência de formigas presentes nos azulejos tratados apenas com água e não tratados durante 14 semanas. Repelência no controle 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 semanas Água Sem tratam ento Repelência no Demand 2,5 CS 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 sem anas Dem and 2,5 CS Controle Figura 3: Freqüência de formigas presentes nos azulejos tratados com Demand 2,5 Cs e nos tratados com água durante 14 semanas. Figura 4: Freqüência de formigas presentes nos azulejos tratados com Icon 5 CE e nos tratados com água durante 14 semanas. Repelência no ICON 5 CE 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 semanas ICON 5 CE Controle Figura 5: Freqüência de formigas presentes nos azulejos tratados com Icon 10 PM e nos tratados com água durante 14 semanas. A analise de repelência durante o teste com os produtos revelou que em menos de cinco minutos após a montagem dos testes, as formigas presentes nas bandejas tratadas com os produtos Demand 2,5 CS, Icon 5 CE e Icon 10 PM deixaram suas colônias e começaram a forragear nos dois azulejos de maneira uniforme, mostrando assim não haver repelência dos produtos. Porém poucos minutos após a entrada das mesmas nos azulejos tratados, as formigas morriam rapidamente, muitas delas, antes mesmo de alcançar o alimento. Essa observação corrobora com as levantadas por Zarzuela (2005) quando utilizando o produto Demand 2,5 CS em testes. A frequência das formigas nos azulejos tratados, indicou que os produtos não possuem efeito de repelência, uma vez que a presença de formigas nos azulejos tratados não era de forma alguma evitada pelas mesmas. Essa afirmação pode ser confirmada quando observada a figura 6, que mostra de forma comparativa os resultados gerais do teste de repelência. Repelência no ICON 10 PM 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 sem anas ICON 10 PM Controle Figura 6: Freqüência de formigas presentes nos azulejos tratados Demand 2,5 CS,Icon 5 CE, Icon 10 PM comparados com o tratamento controle por um período de 14 semanas. Em Zarzuela (2005), foi verificado que a presença de formigas mortas nos azulejos evitava a entrada de novas operárias e que essas só voltavam a freqüentar o azulejo quando as formigas mortas fossem retiradas. Tais observações se repetiram neste trabalho. A análise dos testes foi feita semanalmente. No momento da leitura, normalmente não havia nenhuma formiga viva nos azulejos tratados, sugerindo que a presença de formigas mortas pode inibir a entrada de novas operárias. Após a retirada das formigas, as outras voltavam a forragear os azulejos, morrendo posteriormente. Algumas vezes a entrada de operárias nos azulejos tratados se dava enquanto as formigas mortas ainda estavam sendo retiradas. Essa situação se manteve constante. Isso sugere que, se os produtos apresentassem repelência, as formigas não teriam nenhum contato com os azulejos e sim os rejeitariam. Esse fato ocorreu para os três produtos testados. Observou-se que, na 11ª semana ocorreu uma suposta fragmentação da 4ª colônia (repetição 4) tratada com o inseticida Icon 10 PM para baixo do azulejo não tratado. Essa situação se manteve até o término dos testes. Repelência 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 semanas Dem and 2,5 CS ICON 5 CE ICON 10 PM controle 6.2 Teste – Mortalidade Na análise de mortalidade foi notado que os valores encontrados para o grupo controle foram inferiores, durante todo o experimento e que os valores encontrados para os tratamentos com os produtos Demand 2,5 CS, Icon 5 CE e Icon 10 PM, conforme observado nas figuras 7, 8, 9 e 10. Figura 7: Mortalidade acumulada de formigas para o tratamento controle durante 14 semanas. Figura 8: Mortalidade acumulada de formigas para o tratamento com Demand 2,5 CS e controle durante 14 semanas. Mortalidade - Dem and 2,5 CS 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 semanas Demand 2,5 CS Controle Mortalidade 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 semanas água sem tratamento Figura 9: Mortalidade acumulada de formigas para o tratamento com Icon 5 CE e controle durante 14 semanas. Figura 10: Mortalidade acumulada de formigas para o tratamento com Icon 10 PM e controle durante 14 semanas. Quando comparados graficamente, os resultados revelam o mesmo padrão de mortalidade. Mortalidade ICON 5 CE 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 sem anas ICON 5 CE Controle Mortalidade ICON 10 PM 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 sem anas ICON 10 PM Controle Figura 11: Mortalidade acumulada de formigas submetidas aos inseticidas Demand 2,5 CS, Icon 5 CE, Icon 10 PM e controle durante 14 semanas. Foi observado que as formigas que entravam em contato com os azulejos tratados com Demand 2,5 CS, Icon 5 CE e Icon 10 PM morriam muito rapidamente, não conseguindo sair do azulejo. Essa situação se manteve constante durante todo o experimento. Isto revela que no decorrer do experimento, os produtos não perderam a sua eficácia, todas as formigas que entraram nos azulejos tratados com os inseticidas morreram antes de sair do mesmo. Zarzuela (2005), no teste de residual de 3 meses realizado com o produto Demand 2,5 CS, esse fato ocorreu da mesma maneira. Mortalidade 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 semanas Dem and 2,5 CS ICON 5 CE ICON 10 PM Controle 7. CONCLUSÃO • Os produtos Demand 2,5 CS, Icon 5 CE e Icon 10PM não mostraram ser repelentes para Monomorium floricola; • As operárias morrem rapidamente ao entrar em contato com o inseticida; • Os três produtos mantiveram-se ativos por todo o período do teste, 92 dias não reduzindo a eficiência.. 8. Bibliografia ANTUNES, A.C.P.; LOPES, J.D.S. Como montar e operar uma empresa de controle de pragas domésticas – Baratas, ratos, formigas e cupins. Minas Gerais: CPT, 278p., 2002. BUENO, O.C; CAMPOS-FARINHA, A.E.C. As formigas domésticas. In: MARICONI, F.A.M. (Ed.). Insetos e outros invasores de residências. Piracicaba: FEALQ, 459p., 1999. BUENO, O.C; BUENO, F.C. Controle de formigas em áreas urbanas. In: PINTO, A.S; ROSSI, M.M; SALMERON, E;. Manejo de pragas urbanas. Piracicaba: CP 2, 208p., 2007. BUENO, O.C; CAMPOS-FARINHA, A.E.C. Estratégias de controle. 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