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1 CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENTOMOLOGIA URBANA: TEORIA E PRÁTICA ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DE ESCORPIÕES (ARACHNIDA, SCORPIONES) NO CONDOMÍNIO VILLAGIO DI ITÁLIA, JARAG UÁ, SP André Luis Gomes Profa. Dra. Ana Eugenia de Carvalho Campos Monografia apresentada ao Instituto de Biociências do Campus de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialista em Entomologia Urbana. 07/2013 2 Dedico a minha esposa Andréia, exemplo de amor e companheirismo. aos meus filhos Bárbara e João Lucas que alegram os meus dias. 3 AGRADECIMENTOS Ao amigo, irmão e parceiro de pesca Marcelo pelo incentivo á iniciação do 6º Curso de Especialização em Entomologia Urbana. Ao Dr. Odair Correa Bueno e a Dra. Ana Eugênia de Carvalho Campos pelos ensinamentos e convivência ao longo de 18 meses. As amigas Márcia e Heloísa pela ajuda e questionamentos. Aos novos amigos conquistados ao longo dessa empreitada Luiz, Mário, Bruno, Paulo, Rafael, Gustavo, Gabriele, Sérgio, Gabriel, Fabiana Santos, Fabiana Pontes e Júlia, principalmente pelas conversas realizadas após cada aula, propiciando “momentus” marcantes. Ao pessoal da SAM, em especial Cassiane, Fábio e Ualas que literalmente seguraram a onda na minha ausência. A todos os moradores que me permitiram entrar em cada uma de suas residências, mesmo em horas de descanso, meu muito obrigado. 4 “O que parecia tudo, agora é nada Sem nada nós queremos tudo Contudo, parece que já não sabemos De que vale tudo ou nada." Marcelo Nova, Karl Hummel, Gustavo Mullem 5 RESUMO A expansão progressiva e desordenada da sociedade brasileira vem contribuindo para o aumento de acidentes provocados por animais peçonhentos nos últimos anos, inclusive pela superposição de espaços ocupados por homens e escorpiões e a domiciliação desses aracnídeos em áreas urbanas, tornando esse encontro praticamente inevitável. Desta forma, o presente trabalho objetivou obter informações relacionadas á ocorrência de escorpiões no Condomínio Villagio Di Itália, localizado na cidade de São Paulo, área essa intensamente modificada e ocupada pelo homem. Em agosto/2012 foi encaminhado formulário acompanhado do termo de consentimento livre e esclarecido, possibilitando a realização de vistorias nas residências entre outubro/2012 a abril/2013. Das áreas vistoriadas 40% foram caracterizadas positivamente, denotando um alto grau de infestação domiciliar na região e duas espécies encontradas: Tityus bahiensis e Tityus serrulatus na proporção de 95% e 5% respectivamente, tendo seus locais de encontro mapeados, evidenciando os riscos de exposição da população local. Palavras-chave: Escorpiões, Área Urbana, Aracnídeos, Tityus bahiensis. Tityus serrulatus. 6 ABSTRACT The progressive expansion and disorderly of the Brazilian society has contributed to the increase of accidents caused by poisonous animals in recent years, including the overlapping of spaces occupied by men and scorpions and domiciliation of these arachnids in urban areas, making this encounter almost unavoidable. On this way, the present work aims to obtain information related to the occurrence of scorpions at the Condominium Villagio Di Itália, located in the city of São Paulo, an area that is intensively occupied and modified by man. In August/2012 a form followed by the terms of consent was sent, enabling the realization of inspections in residences between October/2012 and April/2013. Among the areas inspected, 40% were characterized positively, indicating a high degree of domiciliary infestation in the area and two species was found: Tityus bahiensis and Tityus serrulatus in the proportion of 95% and 5% respectively, having their meeting places mapped, showing the risks of exhibition of the local population. Key-words : Scorpions, Urban Area, Arachnids, Tityus bahiensis. Tityus serrulatus. . 7 SUMÁRIO 01 Introdução 08 02 Revisão bibliográfica 12 03 Objetivos 13 04 Justificativa 14 05 Materiais e Métodos 15 5.1 Área de estudo 15 5.2 Questionário 19 5.3 Atividades de campo 19 06 Resultados e Discussão 22 6.1 Registro de ocorrências de escorpiões nas residências vistoriadas. 22 6.2. Quantificação das amostras 23 6.3. Presença de escorpiões nas residências pesquisadas 24 07 Conclusão 26 Referências 27 Apêndice A 28 Apêndice B 29 Apêndice C 30 8 1. INTRODUÇÃO Os escorpiões são animais pertencentes ao Filo Arthropoda, classe Arachnida e ordem Scorpiones, cujo corpo é dividido em duas regiões: prossoma – região anterior onde se localizam os pedipalpos (par de garras ou pinças) e as quelíceras (parde estruturas utilizadas para triturar os alimentos) e o pistossoma – região posterior do animal onde se encontra o opérculo genital e os apêndices sensoriais. Encontra-se também no opistossoma uma cauda articulada comum artículo chamado télson na extremidade seguido de um ferrão. Esse artículo é o responsável pela produção do veneno do escorpião (Brasil, 2009). A Ordem Scorpiones constitui apenas 1,5% dos aracnídeos conhecidos, sendo representada por 18 famílias, 163 gêneros e aproximadamente 1500 espécies no mundo. A estimativa total da diversidade é de 7000 espécies com ampla distribuição geográfica, representados em todos os continentes, com exceção da Antártida (Brazil & Porto, 2010). A fauna brasileira é representada por cinco famílias: Bothriuridae, Chactidae, Liochelidae e Buthidae sendo que a família Buthidae representa 60% do total, incluindo as espécies de interesse em saúde pública. De acordo com Brasil (2009), os escorpiões costumam ser encontrados nas frestas das rochas, cascas de árvores, em troncos que estejam em decomposição, pedras e dentro de tocas. O habitat proporciona uma condição ideal de sobrevivência levando em consideração a oferta de alimento, abrigo, temperatura, umidade etc. Essas condições permitem a proliferação da população. Geralmente são animais solitários, mas algumas espécies podem desenvolver algum grau de comportamento social (Brasil, 2009). Os escorpiões têm um ritual complexo de acasalamento no qual o macho se utiliza dos pedipalpos para conter a fêmea e conduzi-la em uma "dança nupcial". Uma das funções desta dança nupcial é a limpeza do solo para fixação do espermatóforo (um estojo de quitina que contém os espermatozóides). Após algum tempo (que pode durar horas) o macho deposita o seu espermatóforo no solo, a fêmea é então conduzida até esta 9 estrutura de forma que o mesmo penetra no seu opérculo genital localizado em seu abdome (Stutz, 2013). O período de gestação dura mais ou menos três meses. Cada ninhada pode ter por volta de vinte filhotes, mas existem espécies que produzem até 90 filhotes por ninhada (Zuben, 2004). Durante o parto a fêmea eleva o corpo com as pernas dianteiras apoiando-se nas posteriores. A prole sobe no dorso e ali permanecem até fazer a primeira muda e posteriormente abandonam o dorso da mãe para viver independente. A muda é uma troca de pele que também pode ser chamada de ecdise, ocorre em número limitado até a maturidade sexual quando param de crescer (Brasil, 2009). Os escorpiões possuem uma dieta bastante variada se alimentando principalmente de insetos como baratas e grilos. As preferências alimentares podem variar de acordo com a espécie, com o tamanho do escorpião, coma quantidade do alimento etc. (Martins, 2008). Os escorpiões são forrageadores, eles sentam e esperam até sua presa chegar perto. Para capturar o alimento eles usam estruturas sensoriais para se direcionar e seguram a presa com os pedipalpos. Quando a presa é fácil ele não inocula o veneno, mas quando a mesma oferece resistência ele utiliza o veneno com a finalidade de paralisar a presa (Brasil, 2009). Os tecidos da presa são triturados pelas quelíceras que ao mesmo tempo umedece com suco digestivo facilitando a digestão (Martins, 2008). De acordo com Zuben (2004), os escorpiões comem muito em uma mesma refeição e tem a capacidade de permanecer um longo tempo sem ingerir comida novamente, podendo ficar até um mês sem comer. Dentre os predadores dos escorpiões estão presentes aranhas, lagartos, corujas, louva-a-deus, macacos, galinhas, sapos e pássaros. No caso das galinhas a predação ocorre eventualmente, pois as galinhas possuem hábitos diurnos e os escorpiões hábitos noturnos. Já no caso dos sapos o contato é mais freqüente, pois ambos possuem habito noturno sendo que um sapo pode chegar a comer vários escorpiões em seguida (Zuben, 2004). O veneno dos escorpiões é uma mistura química muito complexa que tem o objetivo de destruir as células quando penetram nelas. Mesmo com essa ação tão profunda, a toxicidade varia em relação às espécies. No momento da 10 picada, a pessoa sente uma dor imediata, intensa e queimação no local da ferroada. Existem casos mais graves que podem ocorrer vômitos, diarréia, arritmias, edema pulmonar e choques (Martins, 2008). Com base no estudo de Martins (2008) o tamanho da pessoa que é picada também pode influenciar nas conseqüências, por exemplo, as crianças são as que mais sofrem, pois a ação do veneno é mais rápida. A maior parte das mortes por picadas ocorrem em crianças. Quando um escorpião picar uma pessoa ela deve ser levada rapidamente para uma unidade de saúde (clinicas, hospitais, etc.) e diferente do que muita gente pensa, espremer ou sugar o local da picada não surte efeito, sendo correto tratar com anestésicos e analgésicos. Caso o animal seja capturado pode facilitar o diagnóstico, mas é importante tomar muito cuidado na hora de aprisioná-lo. Devem se utilizar potes de vidros ou plásticos resistentes, mas nunca sacolas plásticas, pois o animal pode escapar e provocar outro acidente (Zuben, 2004). No Brasil existem cerca de160 espécies de escorpiões e as responsáveis pelos acidentes graves são do gênero Tityus que tem como característica marcante um espinho sob o ferrão (Brasil, 2009). As principais espécies capazes de causar acidentes graves são: - Tityus serrulatus – É conhecido como escorpião amarelo, possui as pernas e cauda amarelo-clara, e o tronco escuro, pode medir até sete cm. Está presente na Bahia, Ceará, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Pernambuco, Sergipe, Piauí, Rio Grande do Norte, Goiás e Distrito Federal. Sua reprodução é partenogênica (os óvulos se desenvolvem sem fecundação de um macho), na qual cada mãe tem aproximadamente dois partos com, em média, 20 filhotes cada, por ano, chegando a 160 filhotes durante a vida. - Tityus bahiensis – É conhecido como escorpião marrom ou preto, tem o tronco escuro, pernas e palpos com manchas escuras e cauda marrom - avermelhado, pode medir cerca de 7 cm. Está presente em Minas Gerais, Goiás, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Mato Grosso do 11 Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Causa muitos acidentes no estado de São Paulo. - Tityus stigmurus – Possui uma coloração amarela com uma faixa escura longitudinal na parte dorsal com uma mancha em forma de triangulo no prossoma. É encontrado com freqüência no Nordeste, e também esta presente em Pernambuco, Bahia, Ceará, Piauí, Paraíba, Alagoas, Rio Grande do Norte e Sergipe. - Tityus paraensis – É conhecido como escorpião preto da Amazônia, sua coloração muda de acordo com a maturidade e pode alcançar até 9 cm. Está presente na Região Norte, principalmente no Pará e Amapá. Recentemente têm sido encontrados no Mato Grosso. Entre os principais fatores que propiciam o escorpionismo nas regiões brasileiras com maiores taxas de acidentes estão a expansão demográfica do homem, a expansão do escorpião da espécie Tityusserrulatus ocupando áreas urbanizadas e adquirindo hábitos domésticos e a superposição de espaços ocupados por homens e escorpiões (Bochner, Fiszon, 2007). Desta forma torna-se importante a obtenção de informações relacionadas á ocorrência de escorpiões em áreas modificadas e ocupadas pelo homem. Essas informações poderão auxiliar pessoas na tomada de decisões corretivas, educacionais e culturais de modo a minimizar a possibilidade com acidentes provocados por esses animais. 12 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA As famílias Bothriuridae, Chactidae e Liochelidae são as principais encontradas no país, sendo que a Chactidae é mais incidente na região Norte e Nordeste, a família Liochelidae é encontrada exclusivamente na região Norte do Estado do Amazonas. Já a família Bothriuridae tem uma ampla distribuição por todo o país (Brazil, 2010). Segundo Brasil (2009) das 160 espécies de escorpiões existentes no Brasil, quatro gêneros são importantes no quesito de acidentes á população, são elas: Tityus serrulatus, Tityus bahiensis, Tityus stigmurus e Tityus paraenses. De acordo com Stutz (s,d), as espécies Tityus serrulatus Tityus bahiensis são bem presentes na região de Uberlândia. Brazil (2010) relata que as regiões Norte e Nordeste são as principais responsáveis pela elevada riqueza de espécies de escorpiões no Brasil. São registradas 68 espécies para a região Norte e 34 espécies para a região Nordeste. Os grandes responsáveis pela elevada riqueza nestas regiões são os estados do Amazonas, com 38 espécies, e da Bahia, com 27 espécies. De acordo como Ministério da Saúde (2009), cerca de 62,2% dos acidentes com escorpiões ocorrem nos grandes centros urbanos, sendo que o escorpião amarelo (T.serrulatus) é o que mais causa problemas. As picadas geralmente estão localizadas nos dedos das mãos (23,9%) e dos pés (21,5%). A maioria dos acidentes é considerado leve, não precisando da aplicação do soro (76,3%), apenas em 17.7% dos acidentes houve a necessidade da aplicação. (BRASIL, 2009) Ainda de acordo com o Ministério da Saúde (2009) a região Sudeste é a que mais registra casos de acidentes com picadas de escorpião, de 1999 a 2010 foram registrados 323.013 acidentes nessa região, sendo que a região com menor número de casos foi a Centro-Oeste, chegando a pouco mais de 50.000 acidentes. Em relação a óbitos, o Ministério da Saúde (2009) registrou que a região Nordeste tem um índice mais alto entre 2000 a 2010, os números chegam a 756. A região Sul teve o menor número de óbitos, 156. 13 3. OBJETIVOS A superposição de espaços ocupados por homens e escorpiões tem contribuído para o aumento de acidentes provocados por esses animais. Desta forma, o presente trabalho tem por objetivo obter informações relacionadas á ocorrência de escorpiões no Condomínio Villagio Di Itália através de: - Levantamento da ocorrência de escorpiões no local; - Identificar os escorpiões coletados; - Mapear os locais de ocorrência. 14 4. JUSTIFICATIVA A justificativa para a realização deste trabalho é a inexistência de informações relacionadas á ocorrência de escorpiões no Condomínio Villagio Di Itália. Por tratar-se de um empreendimento novo, construído sobre campos de futebol de várzea e/ou áreas utilizadas clandestinamente para despejo de lixo, a obtenção de informações poderá auxiliar na tomada de decisões corretivas, educacionaise culturais de modo a minimizar a possibilidade com acidentes provocados por esses animais. 15 5. MATERIAIS E MÉTODOS Para o estudo do tema proposto foi realizado um levantamento bibliográfico, de forma que foi compreendidas pesquisas em artigos científicos, trabalhos acadêmicos e literatura especializada. O levantamento das ocorrências foi estabelecido através de questionário estruturado com oito questões que abordavam dados relativos às ocorrências e processos adotados, expostos no apêndice A. O questionário foi enviado juntamente com termo de consentimento livre e esclarecido exposto no apêndice B. Os questionários foram recolhidos após permanência de um mês junto ao condômino e partindo de sua autorização foi estabelecido vistoria no local. As vistorias foram realizadas com uso do formulário de Busca ativa exposto no apêndice C. 5.1. Área de estudo O presente estudo foi realizado em dezessete vilas residenciais, nomeada como Villagio Di Italia, localizado no bairro do Jaraguá, região Noroeste do Município de São Paulo, distante cerca de 20 km da região central, construído pela Empresa Goldfarb no período de 2007 a 2009. No bairro do Jaraguá, situa-se o Pico do Jaraguá, o segundo ponto mais alto da cidade de São Paulo. O condomínio estudado situa-se entre o Parque Estadual do Jaraguá e a Serra da Cantareira, assim sendo seu entorno é formado por uma extensão remanescente de Mata atlântica. A UNESCO reconhece o Parque Estadual do Jaraguá como Reserva da Biosfera, e integra desde 1994 o chamado Cinturão verde da cidade de São Paulo (do qual também faz parte a Serra da Cantareira que ladeia toda a zona norte de São Paulo) (JARAGUÁSP, 2013). Segundo SMDU, 2013 a região do Jaraguá iniciou o processo de urbanização em 1950, a cidade crescia impulsionada pelo movimento de expansão do setor industrial, porém a região estudada ainda procede ao 16 desenvolvimento urbano, registrando maior incidência de moradias apenas a partir da década de 80. Conseqüentemente trata-se de uma região que preserva parte de suas características naturais, como parte da fauna e flora nativa, além de um menor impacto ao clima, devido a presença de áreas de preservação ambientais. Mapa 1 – Densidade demográfica da cidade de São Paulo em 2000 – http://smdu.prefeitura.sp.gov.br/historico_demografico/img/mapas/urb-2000.jpg A distribuição e localização geográfica das vilas esta apresentada no quadro 1. 17 Vila nº Nome Coordenadas 01 Villagio Di Milano 23°26'26.71"S 46°43'20.08"O 02 Villagio Di Roma 23°26'22.52"S 46°43'26.22"O 03 Villagio Di Firenze 23°26'25.05"S 46°43'25.90"O 04 Villagio Di Torino 23°26'25.69"S 46°43'31.08"O 05 Villagio Di Genova 23°26'36.86"S 46°43'31.45"O 06 Villagio Di Veneza 23°26'33.33"S 46°43'34.12"O 07 Villagio Di Napoli 23°26'40.65"S 46°43'37.09"O 08 Villagio Di Bologna 23°26'36.95"S 46°43'41.91"O 09 Villagio Di Padova 23°26'34.79"S 46°43'40.40"O 10 Villagio Di Parma 23°26'33.42"S 46°43'39.47"O 11 Villagio Di Livorno 23°26'35.27"S 46°43'46.34"O 12 Villagio Di Capri 23°26'29.13"S 46°43'46.03"O 13 Villagio Di Veneto 23°26'32.13"S 46°43'39.51"O 14 Villagio Di Ravena 23°26'25.50"S 46°43'48.75"O 15 Villagio Di Vicenza 23°26'25.03"S 46°43'38.93"O 16 Villagio Di Salerno 23°26'30.93"S 46°43'38.18"O 17 Villagio Di Arezzo 23°26'27.65"S 46°43'48.03"O Quadro 1 – Identificação das Vilas do Condomínio Villagio Di Italia com suas respectivas coordenadas geográficas. No período em questão foram construídas residências assobradadas, com cerca de 70m2 de área total cada. Os terrenos eram utilizados como campos de futebol de várzea ou, de forma clandestina, para despejo de lixo. O mapa 2 registra a condição da área antes do inicio das obras do empreendimento. 18 Mapa 2- Área de estudo em 10/02/2003 (Google earth, 2003) Atualmente a área incorpora dezessete vilas já estabelecidas como demonstra o mapa 3. Mapa 3- Área de estudo em 10/07/2013 delimitada apresentando as dezessete vilas estudadas (Google earth, 2013) 19 5.2. Questionário Para obtenção da autorização dos moradores na realização da vistoria de campo, em agosto/2012 foi encaminhado aos condôminos o termo de consentimento livre esclarecido apêndice B, recolhidos nos meses de setembro, outubro e novembro do mesmo ano, preenchidos ou não. Ao longo desse período deu-se início ao agendamento das visitas em cada imóvel. 5.3. Atividades de campo As vistorias ocorreram no período de outubro/2012 a abril/2013 e todos os procedimentos adotados seguiram os padrões de segurança especificados no Manual e Controle de Escorpiões (Brasil, 2009). Para realização das vistorias, foram utilizados os seguintes equipamentos e materiais: - bota, calça comprida com a boca da calça para dentro da meia, camisa de manga curta, luvas de “vaqueta” (luva de eletricista), pinça de bambú, boné, recipiente transparente, plástico, com boca larga e tampa rosqueada, álcool etílico (70%) para fixação e conservação dos animais mortos, prancheta, caneta e lápis, fita crepe para identificação dos recipientes, lanterna com pilhas e mochila para transporte dos materiais. Utilizou-se formulário de busca ativa, exposto no apêndice C, para os registros das características do imóvel, locais de ocorrências, acidentes, captura, ações corretivas, etc. Os formulários serviram apenas como registro da informação e permaneceram com o pesquisador. Orientações quanto aos cuidados na prevenção de invasões foram repassadas verbalmente ao morador. A identificação dos exemplares coletados seguiram as orientações de Matthiesen (1976) que apontam para as principais características de diferenciação das espécies Tityus bahiensis e Tityus serrulatus descritas no quadro 2. 20 Tityus bahiensis Tityus serrulatus Coloração geral castanha escura. Tronco castanho, mais escuro que as pernas Coloração geral amarela. Tronco tendendo para pardo, dorsalmente. Tíbia dos palpos com mancha escura bem nítida (Fotografia 1) Tíbia dos palpos de coloração uniforme. Segmento caudal IV liso dorsalmente. Segmento caudal IV com duas fileiras de “dentes” constituindo duas serras dorsais (Fotografia 2) Quadro 2 – Características de diferenciação entre as espécies T. bahiensis e T. serrulatus. Fotografia 1 – Visão dorsal do Tityus bahiensis, onde podemos observar mancha escura bem nítida na tíbia dos palpos; 21 Fotografia 2 - Visão dorsal do IV segmento caudal, T. serrulatus, evidenciando duas fileiras de “dentes” constituindo duas serras. Registro obtido através de microscópio digital no aumento de 10X. Fotografia 3 - Visão dorsal de alguns exemplares capturados no período, onde os cinco primeiros exemplares pertencem a espécie T. bahiensis e o último exemplar com 4,0cm pertence a T. serrulatus. 22 6. RESULTADOS E DISCUSSÃO As atividades de campo resultaram em 98 residências vistoriadas ao longo do período de outubro/2012 a abril/2013, sempre em horário diurno e em final de semana, momento em que os moradores estavam presentes em suas residências e permitiam o acesso. 6.1. Registro de ocorrências de escorpiões nas resi dências vistoriadas. Das 98 residências vistoriadas, 39 (40%) foram caracterizadas como positivas, ocorrendo tanto coleta de amostras vivas/mortas como coletas por terceiros, realizadas pelos próprios moradores, acondicionando as amostras nos mais diversos recipientes, como por exemplo, garrafas pet, saboneteiras, etc. Algumas amostras foram entregues fixadas em solução desconhecida. Gráfico 1 – Registro de ocorrências de escorpiões nas residências vistoriadas. 60% 40% Residências em que não houveregistro (59) Residências em que houve registro (39) 23 6.2. Quantificação das amostras As Vilas 15 e 16 (Villagio Di Vicenza e Villagio Di Salerno) foram as que apresentaram maior número de ocorrências por escorpiões, sendo 7 e 9 respectivamente. Nesses locais houve uma maior participação dos moradores quanto á permissão para realização das vistorias de campo, elevando consideravelmente a proporção de imóveis vistoriados nessas Vilas, sendo de 38% para o Villagio Di Vicenza e 32% para o Villagio Di Salerno. Cabe ressaltar que no terreno ao lado dessas Vilas um novo empreendimento está sendo construído (Fotografia 4), acarretando em mudanças drásticas no ambiente, podendo promover o deslocamento das populações de animais, inclusive dos escorpiões, para as vilas vizinhas. Fotografia 4 – Registro de novo empreendimento vizinho as vilas 15 e 16. 24 6.3. Presença de escorpiões nas residências pesquis adas De acordo com o levantamento de campo realizado, 39 residências foram caracterizadas como positivas. Nestes locais foram identificadas 02 espécies de escorpiões: Tityus bahiensis e Tityus serrulatus, na proporção de 95% e 5%, respectivamente. Gráfico 2 – Presença de escorpiões nas residências pesquisadas O registro de 02 amostras de T. serrulatus ocorreu nas residências 6 e 7 da Vila 3, Villagio Di Firenze, no mês de abril/2013 através de coleta realizada por terceiros, em final de semana, área interna do imóvel, horário diurno, momento em que se realizava a limpeza das residências. A mesma Vila 3 foi caracterizada como positiva em outras 03 residências por T.bahiensis. 95% 5% Tityus bahiensis (37) Tityus serrulatus (2) 25 Mapa 4 – Visão geral das vilas estudadas delimitando os locais de ocorrência, onde o contorno amarelo identifica de encontro da espécie Tityus bahiensis e o contorno vermelho identifica a presença das duas espécies T.bahiensis e T. serrulatus. O registro de T. serrulatus em duas residências ratifica a extrema facilidade de dispersão dessa espécie em ambientes que passam por intenso processo de adensamento habitacional. No caso da Vila 3, Villagio Di Firenze, as residências tem sido gradualmente reformadas pelos moradores, constituindo um fluxo contínuo de entrada de materiais oriundos de diversas regiões do país bem como os veículos utilizados no seu transporte, possibilitando a introdução dessa espécie. 26 7. CONCLUSÃO Foram vistoriadas 98 residências onde 40% apresentaram ocorrências de escorpiões. Esse elevado percentual de residências positivas sugere um alto grau de infestação domiciliar na região do Jaraguá. Segundo Brasil, (2009) uma incidência de ocorrência entre 26% e 50% se caracteriza como alta infestação e acima de 50% como altíssima infestação. Duas espécies foram registradas nas dependências das vilas estudadas. A espécie constatada com maior freqüência foi a Tityus bahiensis (95%) em relação à espécie Tityus serrulatus (5%). Os registros de T. bahiensis e T.serrulatus sugerem a necessidade de acompanhamento pelas entidades sanitárias do município na região gerando subsidio de atuação preventiva junto à população. Novos estudos poderão revelar a expansão territorial e/ou substituição da espécie endêmica T. bahiensis por T. serrulatus, principalmente por sua reprodução partenogenética, além de outras características biológicas peculiares como agressividade, competição e predação, elevando a possibilidade com acidentes mais graves inclusive óbitos. De acordo com o inciso 10 do art. 3º da portaria MS/GM nº 1.172 de 15 de junho de 2004, compete aos municípios o registro, a captura, a apreensão e a eliminação de animais que representem riscos a saúde do homem, cabendo ao estado a supervisão, acompanhamento e orientação dessas ações. 27 REFRÊNCIAS BOCHNER R.; FISZON J.T. Manejo de pragas urbanas . Piracicaba: CP2, 2007. p 93. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em saúde. Departamento de Vigilância epidemiológica. Manual de controle de escorpiões /Ministério da saúde – Brasília: Ministério da saúde, 72p.:il. (série B. textos Básicos de saúde).2009. BRAZIL,T.K;PORTO,T.J.Os escorpiões .Editorada Universidade Federal da Bahia, Salvador. 2010. Acesso em 27 de Janeiro de 2013. Disponível em: http://www.noap.ufba.br/biotabahia/Brazil_Porto_Os_Escorpi%C3%B5es(livro)_ 2011.pdf> JARAGUÁSP. O Bairro . Disponível em: http://www.jaraguasp.com.br/bairro/jaragua/ Acesso em: 23.abr.2013. MARTINS,M.R; RAFAINE,De tal.,Escorpiões: biologia e acidentes .Revista científica eletrônica de medicina veterinária – issn:1679-7353. Anovi – número 10.2008. Acesso em 4 de Fevereiro de 2013. Disponível em:<http://www.revista.inf.br/veterinaria10/revisao/edic-vi-n10-RL40.pdf> MATTHIESEN, F. A. O Escorpião . São Paulo: Edart, 1976. p. 72. Ministério da Saúde. Acidentes por animais peçonhentos – Escorpiões. Portal da Saúde.Brasilia - DF. Acesso 03 de Fevereiro de 2013. Disponível em:<http://portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/area.cfm?id_area=1537 > SMDU. Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, Histórico demográfico do município de São Paulo. Acesso 03 de Fevereiro de 2013. Disponível em: http://smdu.prefeitura.sp.gov.br/historico_demografico/index.php STUTZ, W. H.O Escorpião – História Natural, Aspectos Anatômicos e Comportamentais . Acesso em 27 de Janeiro de 2013. Disponível em:<http://www.escorpiao.vet.br/natural.html> ZUBEN,A.P.B.et al. 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