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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENTOMOLOGIA URBANA: 
TEORIA E PRÁTICA 
 
 
 
 
ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DE ESCORPIÕES (ARACHNIDA, 
SCORPIONES) NO CONDOMÍNIO VILLAGIO DI ITÁLIA, JARAG UÁ, SP 
 
 
 
 
 
André Luis Gomes 
 
 
 
Profa. Dra. Ana Eugenia de Carvalho Campos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada ao Instituto 
de Biociências do Campus de Rio 
Claro, Universidade Estadual 
Paulista, como parte dos requisitos 
para obtenção do título de 
Especialista em Entomologia 
Urbana. 
07/2013 
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Dedico 
a minha esposa Andréia, exemplo 
de amor e companheirismo. 
aos meus filhos Bárbara e João 
Lucas que alegram os meus dias. 
3 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Ao amigo, irmão e parceiro de pesca Marcelo pelo incentivo á iniciação 
do 6º Curso de Especialização em Entomologia Urbana. 
Ao Dr. Odair Correa Bueno e a Dra. Ana Eugênia de Carvalho Campos 
pelos ensinamentos e convivência ao longo de 18 meses. 
As amigas Márcia e Heloísa pela ajuda e questionamentos. 
Aos novos amigos conquistados ao longo dessa empreitada Luiz, 
Mário, Bruno, Paulo, Rafael, Gustavo, Gabriele, Sérgio, Gabriel, Fabiana 
Santos, Fabiana Pontes e Júlia, principalmente pelas conversas realizadas 
após cada aula, propiciando “momentus” marcantes. 
Ao pessoal da SAM, em especial Cassiane, Fábio e Ualas que 
literalmente seguraram a onda na minha ausência. 
 A todos os moradores que me permitiram entrar em cada uma de suas 
residências, mesmo em horas de descanso, meu muito obrigado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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“O que parecia tudo, agora é nada 
Sem nada nós queremos tudo 
Contudo, parece que já não sabemos 
De que vale tudo ou nada." 
Marcelo Nova, Karl Hummel, Gustavo Mullem 
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RESUMO 
 
A expansão progressiva e desordenada da sociedade brasileira vem 
contribuindo para o aumento de acidentes provocados por animais 
peçonhentos nos últimos anos, inclusive pela superposição de espaços 
ocupados por homens e escorpiões e a domiciliação desses aracnídeos em 
áreas urbanas, tornando esse encontro praticamente inevitável. Desta forma, o 
presente trabalho objetivou obter informações relacionadas á ocorrência de 
escorpiões no Condomínio Villagio Di Itália, localizado na cidade de São Paulo, 
área essa intensamente modificada e ocupada pelo homem. Em agosto/2012 
foi encaminhado formulário acompanhado do termo de consentimento livre e 
esclarecido, possibilitando a realização de vistorias nas residências entre 
outubro/2012 a abril/2013. Das áreas vistoriadas 40% foram caracterizadas 
positivamente, denotando um alto grau de infestação domiciliar na região e 
duas espécies encontradas: Tityus bahiensis e Tityus serrulatus na proporção 
de 95% e 5% respectivamente, tendo seus locais de encontro mapeados, 
evidenciando os riscos de exposição da população local. 
 
 
 
Palavras-chave: Escorpiões, Área Urbana, Aracnídeos, Tityus bahiensis. 
Tityus serrulatus. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
ABSTRACT 
 
The progressive expansion and disorderly of the Brazilian society has 
contributed to the increase of accidents caused by poisonous animals in recent 
years, including the overlapping of spaces occupied by men and scorpions and 
domiciliation of these arachnids in urban areas, making this encounter almost 
unavoidable. On this way, the present work aims to obtain information related to 
the occurrence of scorpions at the Condominium Villagio Di Itália, located in the 
city of São Paulo, an area that is intensively occupied and modified by man. In 
August/2012 a form followed by the terms of consent was sent, enabling the 
realization of inspections in residences between October/2012 and April/2013. 
Among the areas inspected, 40% were characterized positively, indicating a 
high degree of domiciliary infestation in the area and two species was found: 
Tityus bahiensis and Tityus serrulatus in the proportion of 95% and 5% 
respectively, having their meeting places mapped, showing the risks of 
exhibition of the local population. 
 
 
 
Key-words : Scorpions, Urban Area, Arachnids, Tityus bahiensis. Tityus 
serrulatus. 
. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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SUMÁRIO 
 
01 Introdução 08 
 
02 Revisão bibliográfica 12 
 
03 Objetivos 13 
 
04 Justificativa 14 
 
05 Materiais e Métodos 15 
5.1 Área de estudo 15 
5.2 Questionário 19 
5.3 Atividades de campo 19 
 
06 Resultados e Discussão 22 
6.1 Registro de ocorrências de escorpiões nas residências vistoriadas. 22 
6.2. Quantificação das amostras 23 
6.3. Presença de escorpiões nas residências pesquisadas 24 
 
07 Conclusão 26 
 
Referências 27 
 
 
Apêndice A 28 
Apêndice B 29 
Apêndice C 30 
 
 
8 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Os escorpiões são animais pertencentes ao Filo Arthropoda, classe 
Arachnida e ordem Scorpiones, cujo corpo é dividido em duas regiões: 
prossoma – região anterior onde se localizam os pedipalpos (par de garras ou 
pinças) e as quelíceras (parde estruturas utilizadas para triturar os alimentos) e 
o pistossoma – região posterior do animal onde se encontra o opérculo genital 
e os apêndices sensoriais. Encontra-se também no opistossoma uma cauda 
articulada comum artículo chamado télson na extremidade seguido de um 
ferrão. Esse artículo é o responsável pela produção do veneno do escorpião 
(Brasil, 2009). 
A Ordem Scorpiones constitui apenas 1,5% dos aracnídeos conhecidos, 
sendo representada por 18 famílias, 163 gêneros e aproximadamente 1500 
espécies no mundo. A estimativa total da diversidade é de 7000 espécies com 
ampla distribuição geográfica, representados em todos os continentes, com 
exceção da Antártida (Brazil & Porto, 2010). 
A fauna brasileira é representada por cinco famílias: Bothriuridae, 
Chactidae, Liochelidae e Buthidae sendo que a família Buthidae representa 
60% do total, incluindo as espécies de interesse em saúde pública. 
De acordo com Brasil (2009), os escorpiões costumam ser encontrados 
nas frestas das rochas, cascas de árvores, em troncos que estejam em 
decomposição, pedras e dentro de tocas. 
O habitat proporciona uma condição ideal de sobrevivência levando em 
consideração a oferta de alimento, abrigo, temperatura, umidade etc. Essas 
condições permitem a proliferação da população. 
Geralmente são animais solitários, mas algumas espécies podem 
desenvolver algum grau de comportamento social (Brasil, 2009). 
Os escorpiões têm um ritual complexo de acasalamento no qual o 
macho se utiliza dos pedipalpos para conter a fêmea e conduzi-la em uma 
"dança nupcial". Uma das funções desta dança nupcial é a limpeza do solo 
para fixação do espermatóforo (um estojo de quitina que contém os 
espermatozóides). Após algum tempo (que pode durar horas) o macho 
deposita o seu espermatóforo no solo, a fêmea é então conduzida até esta 
9 
 
estrutura de forma que o mesmo penetra no seu opérculo genital localizado em 
seu abdome (Stutz, 2013). 
O período de gestação dura mais ou menos três meses. Cada ninhada 
pode ter por volta de vinte filhotes, mas existem espécies que produzem até 90 
filhotes por ninhada (Zuben, 2004). 
Durante o parto a fêmea eleva o corpo com as pernas dianteiras 
apoiando-se nas posteriores. A prole sobe no dorso e ali permanecem até fazer 
a primeira muda e posteriormente abandonam o dorso da mãe para viver 
independente. A muda é uma troca de pele que também pode ser chamada de 
ecdise, ocorre em número limitado até a maturidade sexual quando param de 
crescer (Brasil, 2009). 
Os escorpiões possuem uma dieta bastante variada se alimentando 
principalmente de insetos como baratas e grilos. As preferências alimentares 
podem variar de acordo com a espécie, com o tamanho do escorpião, coma 
quantidade do alimento etc. (Martins, 2008). 
Os escorpiões são forrageadores, eles sentam e esperam até sua presa 
chegar perto. Para capturar o alimento eles usam estruturas sensoriais para se 
direcionar e seguram a presa com os pedipalpos. Quando a presa é fácil ele 
não inocula o veneno, mas quando a mesma oferece resistência ele utiliza o 
veneno com a finalidade de paralisar a presa (Brasil, 2009). 
Os tecidos da presa são triturados pelas quelíceras que ao mesmo 
tempo umedece com suco digestivo facilitando a digestão (Martins, 2008). 
De acordo com Zuben (2004), os escorpiões comem muito em uma 
mesma refeição e tem a capacidade de permanecer um longo tempo sem 
ingerir comida novamente, podendo ficar até um mês sem comer. 
Dentre os predadores dos escorpiões estão presentes aranhas, lagartos, 
corujas, louva-a-deus, macacos, galinhas, sapos e pássaros. No caso das 
galinhas a predação ocorre eventualmente, pois as galinhas possuem hábitos 
diurnos e os escorpiões hábitos noturnos. Já no caso dos sapos o contato é 
mais freqüente, pois ambos possuem habito noturno sendo que um sapo pode 
chegar a comer vários escorpiões em seguida (Zuben, 2004). 
O veneno dos escorpiões é uma mistura química muito complexa que 
tem o objetivo de destruir as células quando penetram nelas. Mesmo com essa 
ação tão profunda, a toxicidade varia em relação às espécies. No momento da 
10 
 
picada, a pessoa sente uma dor imediata, intensa e queimação no local da 
ferroada. Existem casos mais graves que podem ocorrer vômitos, diarréia, 
arritmias, edema pulmonar e choques (Martins, 2008). 
Com base no estudo de Martins (2008) o tamanho da pessoa que é 
picada também pode influenciar nas conseqüências, por exemplo, as crianças 
são as que mais sofrem, pois a ação do veneno é mais rápida. A maior parte 
das mortes por picadas ocorrem em crianças. 
Quando um escorpião picar uma pessoa ela deve ser levada 
rapidamente para uma unidade de saúde (clinicas, hospitais, etc.) e diferente 
do que muita gente pensa, espremer ou sugar o local da picada não surte 
efeito, sendo correto tratar com anestésicos e analgésicos. Caso o animal seja 
capturado pode facilitar o diagnóstico, mas é importante tomar muito cuidado 
na hora de aprisioná-lo. Devem se utilizar potes de vidros ou plásticos 
resistentes, mas nunca sacolas plásticas, pois o animal pode escapar e 
provocar outro acidente (Zuben, 2004). 
No Brasil existem cerca de160 espécies de escorpiões e as 
responsáveis pelos acidentes graves são do gênero Tityus que tem como 
característica marcante um espinho sob o ferrão (Brasil, 2009). As principais 
espécies capazes de causar acidentes graves são: 
 
- Tityus serrulatus – É conhecido como escorpião amarelo, possui as 
pernas e cauda amarelo-clara, e o tronco escuro, pode medir até sete cm. Está 
presente na Bahia, Ceará, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Espírito Santo, 
Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Pernambuco, Sergipe, Piauí, Rio Grande 
do Norte, Goiás e Distrito Federal. Sua reprodução é partenogênica (os óvulos 
se desenvolvem sem fecundação de um macho), na qual cada mãe tem 
aproximadamente dois partos com, em média, 20 filhotes cada, por ano, 
chegando a 160 filhotes durante a vida. 
 
- Tityus bahiensis – É conhecido como escorpião marrom ou preto, tem o 
tronco escuro, pernas e palpos com manchas escuras e cauda marrom - 
avermelhado, pode medir cerca de 7 cm. Está presente em Minas Gerais, 
Goiás, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Mato Grosso do 
11 
 
Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Causa muitos acidentes no 
estado de São Paulo. 
 
- Tityus stigmurus – Possui uma coloração amarela com uma faixa 
escura longitudinal na parte dorsal com uma mancha em forma de triangulo no 
prossoma. É encontrado com freqüência no Nordeste, e também esta presente 
em Pernambuco, Bahia, Ceará, Piauí, Paraíba, Alagoas, Rio Grande do Norte e 
Sergipe. 
 
- Tityus paraensis – É conhecido como escorpião preto da Amazônia, 
sua coloração muda de acordo com a maturidade e pode alcançar até 9 cm. 
Está presente na Região Norte, principalmente no Pará e Amapá. 
Recentemente têm sido encontrados no Mato Grosso. 
 
Entre os principais fatores que propiciam o escorpionismo nas regiões 
brasileiras com maiores taxas de acidentes estão a expansão demográfica do 
homem, a expansão do escorpião da espécie Tityusserrulatus ocupando áreas 
urbanizadas e adquirindo hábitos domésticos e a superposição de espaços 
ocupados por homens e escorpiões (Bochner, Fiszon, 2007). 
Desta forma torna-se importante a obtenção de informações 
relacionadas á ocorrência de escorpiões em áreas modificadas e ocupadas 
pelo homem. Essas informações poderão auxiliar pessoas na tomada de 
decisões corretivas, educacionais e culturais de modo a minimizar a 
possibilidade com acidentes provocados por esses animais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
 
As famílias Bothriuridae, Chactidae e Liochelidae são as principais 
encontradas no país, sendo que a Chactidae é mais incidente na região Norte e 
Nordeste, a família Liochelidae é encontrada exclusivamente na região Norte 
do Estado do Amazonas. Já a família Bothriuridae tem uma ampla distribuição 
por todo o país (Brazil, 2010). 
Segundo Brasil (2009) das 160 espécies de escorpiões existentes no 
Brasil, quatro gêneros são importantes no quesito de acidentes á população, 
são elas: Tityus serrulatus, Tityus bahiensis, Tityus stigmurus e Tityus 
paraenses. De acordo com Stutz (s,d), as espécies Tityus serrulatus Tityus 
bahiensis são bem presentes na região de Uberlândia. 
Brazil (2010) relata que as regiões Norte e Nordeste são as principais 
responsáveis pela elevada riqueza de espécies de escorpiões no Brasil. São 
registradas 68 espécies para a região Norte e 34 espécies para a região 
Nordeste. Os grandes responsáveis pela elevada riqueza nestas regiões são 
os estados do Amazonas, com 38 espécies, e da Bahia, com 27 espécies. 
De acordo como Ministério da Saúde (2009), cerca de 62,2% dos 
acidentes com escorpiões ocorrem nos grandes centros urbanos, sendo que o 
escorpião amarelo (T.serrulatus) é o que mais causa problemas. 
As picadas geralmente estão localizadas nos dedos das mãos (23,9%) e 
dos pés (21,5%). A maioria dos acidentes é considerado leve, não precisando 
da aplicação do soro (76,3%), apenas em 17.7% dos acidentes houve a 
necessidade da aplicação. (BRASIL, 2009) 
Ainda de acordo com o Ministério da Saúde (2009) a região Sudeste é a 
que mais registra casos de acidentes com picadas de escorpião, de 1999 a 
2010 foram registrados 323.013 acidentes nessa região, sendo que a região 
com menor número de casos foi a Centro-Oeste, chegando a pouco mais de 
50.000 acidentes. 
Em relação a óbitos, o Ministério da Saúde (2009) registrou que a região 
Nordeste tem um índice mais alto entre 2000 a 2010, os números chegam a 
756. A região Sul teve o menor número de óbitos, 156. 
 
13 
 
3. OBJETIVOS 
 
A superposição de espaços ocupados por homens e escorpiões tem 
contribuído para o aumento de acidentes provocados por esses animais. Desta 
forma, o presente trabalho tem por objetivo obter informações relacionadas á 
ocorrência de escorpiões no Condomínio Villagio Di Itália através de: 
- Levantamento da ocorrência de escorpiões no local; 
- Identificar os escorpiões coletados; 
- Mapear os locais de ocorrência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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4. JUSTIFICATIVA 
 
A justificativa para a realização deste trabalho é a inexistência de 
informações relacionadas á ocorrência de escorpiões no Condomínio Villagio 
Di Itália. 
Por tratar-se de um empreendimento novo, construído sobre campos de 
futebol de várzea e/ou áreas utilizadas clandestinamente para despejo de lixo, 
a obtenção de informações poderá auxiliar na tomada de decisões corretivas, 
educacionaise culturais de modo a minimizar a possibilidade com acidentes 
provocados por esses animais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
5. MATERIAIS E MÉTODOS 
 
Para o estudo do tema proposto foi realizado um levantamento 
bibliográfico, de forma que foi compreendidas pesquisas em artigos científicos, 
trabalhos acadêmicos e literatura especializada. 
O levantamento das ocorrências foi estabelecido através de questionário 
estruturado com oito questões que abordavam dados relativos às ocorrências e 
processos adotados, expostos no apêndice A. O questionário foi enviado 
juntamente com termo de consentimento livre e esclarecido exposto no 
apêndice B. 
Os questionários foram recolhidos após permanência de um mês junto 
ao condômino e partindo de sua autorização foi estabelecido vistoria no local. 
As vistorias foram realizadas com uso do formulário de Busca ativa exposto no 
apêndice C. 
 
 
5.1. Área de estudo 
 
O presente estudo foi realizado em dezessete vilas residenciais, 
nomeada como Villagio Di Italia, localizado no bairro do Jaraguá, região 
Noroeste do Município de São Paulo, distante cerca de 20 km da região 
central, construído pela Empresa Goldfarb no período de 2007 a 2009. 
No bairro do Jaraguá, situa-se o Pico do Jaraguá, o segundo ponto mais 
alto da cidade de São Paulo. O condomínio estudado situa-se entre o Parque 
Estadual do Jaraguá e a Serra da Cantareira, assim sendo seu entorno é 
formado por uma extensão remanescente de Mata atlântica. A UNESCO 
reconhece o Parque Estadual do Jaraguá como Reserva da Biosfera, e integra 
desde 1994 o chamado Cinturão verde da cidade de São Paulo (do qual 
também faz parte a Serra da Cantareira que ladeia toda a zona norte de São 
Paulo) (JARAGUÁSP, 2013). 
Segundo SMDU, 2013 a região do Jaraguá iniciou o processo de 
urbanização em 1950, a cidade crescia impulsionada pelo movimento de 
expansão do setor industrial, porém a região estudada ainda procede ao 
16 
 
desenvolvimento urbano, registrando maior incidência de moradias apenas a 
partir da década de 80. Conseqüentemente trata-se de uma região que 
preserva parte de suas características naturais, como parte da fauna e flora 
nativa, além de um menor impacto ao clima, devido a presença de áreas de 
preservação ambientais. 
 
 
 
Mapa 1 – Densidade demográfica da cidade de São Paulo em 2000 – 
http://smdu.prefeitura.sp.gov.br/historico_demografico/img/mapas/urb-2000.jpg 
 
 
A distribuição e localização geográfica das vilas esta apresentada no 
quadro 1. 
 
17 
 
 
Vila nº Nome Coordenadas 
01 Villagio Di Milano 23°26'26.71"S 46°43'20.08"O 
02 Villagio Di Roma 23°26'22.52"S 46°43'26.22"O 
03 Villagio Di Firenze 23°26'25.05"S 46°43'25.90"O 
04 Villagio Di Torino 23°26'25.69"S 46°43'31.08"O 
05 Villagio Di Genova 23°26'36.86"S 46°43'31.45"O 
06 Villagio Di Veneza 23°26'33.33"S 46°43'34.12"O 
07 Villagio Di Napoli 23°26'40.65"S 46°43'37.09"O 
08 Villagio Di Bologna 23°26'36.95"S 46°43'41.91"O 
09 Villagio Di Padova 23°26'34.79"S 46°43'40.40"O 
10 Villagio Di Parma 23°26'33.42"S 46°43'39.47"O 
11 Villagio Di Livorno 23°26'35.27"S 46°43'46.34"O 
12 Villagio Di Capri 23°26'29.13"S 46°43'46.03"O 
13 Villagio Di Veneto 23°26'32.13"S 46°43'39.51"O 
14 Villagio Di Ravena 23°26'25.50"S 46°43'48.75"O 
15 Villagio Di Vicenza 23°26'25.03"S 46°43'38.93"O 
16 Villagio Di Salerno 23°26'30.93"S 46°43'38.18"O 
17 Villagio Di Arezzo 23°26'27.65"S 46°43'48.03"O 
Quadro 1 – Identificação das Vilas do Condomínio Villagio Di Italia com suas 
respectivas coordenadas geográficas. 
 
No período em questão foram construídas residências assobradadas, 
com cerca de 70m2 de área total cada. Os terrenos eram utilizados como 
campos de futebol de várzea ou, de forma clandestina, para despejo de lixo. 
O mapa 2 registra a condição da área antes do inicio das obras do 
empreendimento. 
18 
 
 
Mapa 2- Área de estudo em 10/02/2003 (Google earth, 2003) 
 
Atualmente a área incorpora dezessete vilas já estabelecidas como 
demonstra o mapa 3. 
 
 
Mapa 3- Área de estudo em 10/07/2013 delimitada apresentando as dezessete vilas 
estudadas (Google earth, 2013) 
 
19 
 
5.2. Questionário 
 
Para obtenção da autorização dos moradores na realização da vistoria 
de campo, em agosto/2012 foi encaminhado aos condôminos o termo de 
consentimento livre esclarecido apêndice B, recolhidos nos meses de 
setembro, outubro e novembro do mesmo ano, preenchidos ou não. Ao longo 
desse período deu-se início ao agendamento das visitas em cada imóvel. 
 
 
5.3. Atividades de campo 
 
As vistorias ocorreram no período de outubro/2012 a abril/2013 e todos 
os procedimentos adotados seguiram os padrões de segurança especificados 
no Manual e Controle de Escorpiões (Brasil, 2009). 
Para realização das vistorias, foram utilizados os seguintes 
equipamentos e materiais: 
- bota, calça comprida com a boca da calça para dentro da meia, camisa 
de manga curta, luvas de “vaqueta” (luva de eletricista), pinça de bambú, boné, 
recipiente transparente, plástico, com boca larga e tampa rosqueada, álcool 
etílico (70%) para fixação e conservação dos animais mortos, prancheta, 
caneta e lápis, fita crepe para identificação dos recipientes, lanterna com pilhas 
e mochila para transporte dos materiais. 
Utilizou-se formulário de busca ativa, exposto no apêndice C, para os 
registros das características do imóvel, locais de ocorrências, acidentes, 
captura, ações corretivas, etc. Os formulários serviram apenas como registro 
da informação e permaneceram com o pesquisador. 
Orientações quanto aos cuidados na prevenção de invasões foram 
repassadas verbalmente ao morador. 
A identificação dos exemplares coletados seguiram as orientações de 
Matthiesen (1976) que apontam para as principais características de 
diferenciação das espécies Tityus bahiensis e Tityus serrulatus descritas no 
quadro 2. 
 
 
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Tityus bahiensis Tityus serrulatus 
Coloração geral castanha escura. Tronco 
castanho, mais escuro que as pernas 
Coloração geral amarela. Tronco 
tendendo para pardo, dorsalmente. 
Tíbia dos palpos com mancha escura 
bem nítida (Fotografia 1) 
Tíbia dos palpos de coloração uniforme. 
Segmento caudal IV liso dorsalmente. Segmento caudal IV com duas fileiras de 
“dentes” constituindo duas serras dorsais 
(Fotografia 2) 
Quadro 2 – Características de diferenciação entre as espécies T. bahiensis e T. 
serrulatus. 
 
 
 
 
Fotografia 1 – Visão dorsal do Tityus bahiensis, onde podemos observar mancha 
escura bem nítida na tíbia dos palpos; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
 
 
Fotografia 2 - Visão dorsal do IV segmento caudal, T. serrulatus, evidenciando duas 
fileiras de “dentes” constituindo duas serras. Registro obtido através de microscópio 
digital no aumento de 10X. 
 
 
 
Fotografia 3 - Visão dorsal de alguns exemplares capturados no período, onde os 
cinco primeiros exemplares pertencem a espécie T. bahiensis e o último exemplar com 
4,0cm pertence a T. serrulatus. 
 
 
 
 
 
22 
 
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
As atividades de campo resultaram em 98 residências vistoriadas ao 
longo do período de outubro/2012 a abril/2013, sempre em horário diurno e em 
final de semana, momento em que os moradores estavam presentes em suas 
residências e permitiam o acesso. 
 
 
6.1. Registro de ocorrências de escorpiões nas resi dências 
vistoriadas. 
 
Das 98 residências vistoriadas, 39 (40%) foram caracterizadas como 
positivas, ocorrendo tanto coleta de amostras vivas/mortas como coletas por 
terceiros, realizadas pelos próprios moradores, acondicionando as amostras 
nos mais diversos recipientes, como por exemplo, garrafas pet, saboneteiras, 
etc. Algumas amostras foram entregues fixadas em solução desconhecida. 
 
 
 
Gráfico 1 – Registro de ocorrências de escorpiões nas residências vistoriadas. 
 
 
 
 
60%
40%
Residências em que não houveregistro (59)
Residências em que houve registro (39)
23 
 
6.2. Quantificação das amostras 
 
As Vilas 15 e 16 (Villagio Di Vicenza e Villagio Di Salerno) foram as que 
apresentaram maior número de ocorrências por escorpiões, sendo 7 e 9 
respectivamente. Nesses locais houve uma maior participação dos moradores 
quanto á permissão para realização das vistorias de campo, elevando 
consideravelmente a proporção de imóveis vistoriados nessas Vilas, sendo de 
38% para o Villagio Di Vicenza e 32% para o Villagio Di Salerno. 
Cabe ressaltar que no terreno ao lado dessas Vilas um novo 
empreendimento está sendo construído (Fotografia 4), acarretando em 
mudanças drásticas no ambiente, podendo promover o deslocamento das 
populações de animais, inclusive dos escorpiões, para as vilas vizinhas. 
 
 
 
Fotografia 4 – Registro de novo empreendimento vizinho as vilas 15 e 16. 
 
 
 
 
 
24 
 
6.3. Presença de escorpiões nas residências pesquis adas 
 
De acordo com o levantamento de campo realizado, 39 residências 
foram caracterizadas como positivas. Nestes locais foram identificadas 02 
espécies de escorpiões: Tityus bahiensis e Tityus serrulatus, na proporção de 
95% e 5%, respectivamente. 
 
 
 
Gráfico 2 – Presença de escorpiões nas residências pesquisadas 
 
O registro de 02 amostras de T. serrulatus ocorreu nas residências 6 e 7 
da Vila 3, Villagio Di Firenze, no mês de abril/2013 através de coleta realizada 
por terceiros, em final de semana, área interna do imóvel, horário diurno, 
momento em que se realizava a limpeza das residências. A mesma Vila 3 foi 
caracterizada como positiva em outras 03 residências por T.bahiensis. 
 
95%
5%
Tityus bahiensis (37) Tityus serrulatus (2)
25 
 
 
Mapa 4 – Visão geral das vilas estudadas delimitando os locais de ocorrência, onde o 
contorno amarelo identifica de encontro da espécie Tityus bahiensis e o contorno 
vermelho identifica a presença das duas espécies T.bahiensis e T. serrulatus. 
 
 
O registro de T. serrulatus em duas residências ratifica a extrema 
facilidade de dispersão dessa espécie em ambientes que passam por intenso 
processo de adensamento habitacional. 
No caso da Vila 3, Villagio Di Firenze, as residências tem sido 
gradualmente reformadas pelos moradores, constituindo um fluxo contínuo de 
entrada de materiais oriundos de diversas regiões do país bem como os 
veículos utilizados no seu transporte, possibilitando a introdução dessa 
espécie. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
7. CONCLUSÃO 
 
 
Foram vistoriadas 98 residências onde 40% apresentaram ocorrências 
de escorpiões. Esse elevado percentual de residências positivas sugere um 
alto grau de infestação domiciliar na região do Jaraguá. Segundo Brasil, (2009) 
uma incidência de ocorrência entre 26% e 50% se caracteriza como alta 
infestação e acima de 50% como altíssima infestação. 
Duas espécies foram registradas nas dependências das vilas estudadas. 
A espécie constatada com maior freqüência foi a Tityus bahiensis (95%) em 
relação à espécie Tityus serrulatus (5%). 
Os registros de T. bahiensis e T.serrulatus sugerem a necessidade de 
acompanhamento pelas entidades sanitárias do município na região gerando 
subsidio de atuação preventiva junto à população. 
Novos estudos poderão revelar a expansão territorial e/ou substituição 
da espécie endêmica T. bahiensis por T. serrulatus, principalmente por sua 
reprodução partenogenética, além de outras características biológicas 
peculiares como agressividade, competição e predação, elevando a 
possibilidade com acidentes mais graves inclusive óbitos. 
De acordo com o inciso 10 do art. 3º da portaria MS/GM nº 1.172 de 15 
de junho de 2004, compete aos municípios o registro, a captura, a apreensão e 
a eliminação de animais que representem riscos a saúde do homem, cabendo 
ao estado a supervisão, acompanhamento e orientação dessas ações. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
REFRÊNCIAS 
 
 
BOCHNER R.; FISZON J.T. Manejo de pragas urbanas . Piracicaba: CP2, 
2007. p 93. 
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em saúde. 
Departamento de Vigilância epidemiológica. Manual de controle de 
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B. textos Básicos de saúde).2009. 
 
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Bahia, Salvador. 2010. Acesso em 27 de Janeiro de 2013. Disponível em: 
http://www.noap.ufba.br/biotabahia/Brazil_Porto_Os_Escorpi%C3%B5es(livro)_
2011.pdf> 
 
JARAGUÁSP. O Bairro . Disponível em: 
http://www.jaraguasp.com.br/bairro/jaragua/ Acesso em: 23.abr.2013. 
 
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MATTHIESEN, F. A. O Escorpião . São Paulo: Edart, 1976. p. 72. 
 
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STUTZ, W. H.O Escorpião – História Natural, Aspectos Anatômicos e 
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APENDICE A 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
APENDICE B 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
APENDICE C

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