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10 - Psicanalise Intuitiva

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DISCIPLINA DE PSICANÁLISE INTUITIVA 
 
 
Se o senhor quer estudar em qualquer dos físicos teóricos os métodos que emprega, 
sugiro-lhe firmar-se neste princípio básico: não dê crédito algum ao que ele diz, mas 
julgue aquilo que produziu. Porque o criador tem esta característica: as produções 
de sua imaginação se impõem a ele, tão indispensáveis, tão naturais, que não pode 
considerá-las como imagem de espírito, mas as conhece como realidades 
evidentes." 
 
Albert Einstein 
 
1-CONCEITO DE INTUIÇÃO 
 
Em filosofia, intuição é o processo de apreensão racional não-discursiva de um 
fenômeno ou de uma relação. Se a razão discursiva se caracteriza por um processo 
paulatino que culmina numa conclusão, a intuição é compreensão directa, imediata 
de algo. 
 
"Não existe nenhum caminho lógico para a descoberta das leis do Universo - o único 
caminho é a intuição" - frase atribuída a Albert Einstein (1879-1955) 
 
Opondo-se diretamente a Descartes, Charles Sanders Peirce nega que tenhamos o 
poder de conhecer de maneira imediata ou intuitiva nossos próprios pensamentos 
(autoconhecimento). Para Peirce, o conhecimento de um pensamento é a 
interpretação do mesmo em outro pensamento. Nessa interpretação, o pensamento 
interpretado pelo pensamento posterior é signo-pensamento, e o pensamento que 
interpreta o pensamento anterior é interpretante. 
 
A importância da intuição 2 
 
Não é fácil conceituar a intuição. Se perscrutarmos os dicionários, encontraremos 
algo do tipo: a intuição é o ato de ver, perceber, discernir, pressentir 3. Fica-nos, 
então, aquela impressão de que a intuição é o ato de ver algum objeto ou fenômeno 
de maneira diferente daquela normalmente vista pela maioria das pessoas que 
olham para esse objeto ou fenômeno. Por exemplo: bilhões de pessoas, no decorrer 
de milhares de anos, já devem ter se deparado com um cenário, ao cair da tarde, 
onde, por trás de uma macieira repleta de frutos suspensos por pedúnculos, 
visualiza-se a Lua, fixa no firmamento. Quantos viram algo além de maçãs e da Lua? 
Pois é bem possível que num cenário como este e em seu sítio, em Woolsthorpe, o 
jovem Isaac Newton, com apenas 24 anos de idade, tenha visualizado, além de 
maçãs e da Lua, a inércia retilínea e a atração entre corpos com massa. Entre a 
visão normal, ou o ato puro e simples de olhar, e a visão sofisticada, qual seja, o ato 
de ver, de perceber, de discernir, de pressentir, reside o segredo da intuição, 
também descrita como a contemplação pela qual se atinge a verdade por meio não 
racional 3. Vamos, então, trabalhar um pouco mais este conceito no sentido de 
esclarecer o que aqui entendemos por verdade e por que o processo intuitivo seria 
não racional. 
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O cientista é, diferentemente dos outros, um homem que procura pela verdade e 
que, portanto, assume a existência dessa verdade. Nessa procura, admite como 
certo o que poderíamos chamar de verdade provisória. Digamos, então, que esta 
última seja o que consideramos como verdade científica, e o que a distingue das 
demais verdades provisórias, encontradas pelos que não são cientistas, seria o seu 
acoplamento ao método científico ou à experimentação. Para resumir, poderíamos 
dizer que a verdade científica é uma verdade provisória tomada por empréstimo da 
natureza e da forma como ela aparenta ser 4. As hipóteses e conjecturas científicas 
assumem, com freqüência, esse papel de verdades científicas. Digamos, então, que 
o primeiro passo, mas não o único e/ou o derradeiro, para chegarmos às verdades 
científicas seria a contemplação da natureza. 
 
A não racionalidade, atribuída à intuição, retrata o seu caráter essencial, mas não 
engloba, propriamente, todo o processo intuitivo. Digamos que se refere ao insight 
ou estalo ou, ainda, à percepção de alguma coisa estranha, não notada nas outras 
vezes em que se observou o mesmo objeto ou fenômeno. É óbvio que esta 
percepção, ao ser trabalhada racionalmente, poderá vir a se constituir numa 
conjectura ou hipótese. No entanto, mesmo antes de formularmos uma conjectura ou 
hipótese, já estamos frente a algo a que podemos associar o conceito de verdade 
provisória. Existe um conceito popular a dizer: Gato escaldado tem medo de água 
fria. Seria isto equivalente a admitir que o gato raciocina? Seria isto coerente com a 
afirmação de que o gato formula hipóteses (a água queima) e as generaliza (as 
próximas águas queimarão)? Provavelmente não! Podemos, pelo exemplo, 
simplesmente inferir que o gato está dotado de uma intuição primitiva e da 
capacidade de memorizar fatos e, em conseqüência disso, em condições de 
aprender por um meio não racional. 
 
Se a ciência experimental começa pela intuição, poderíamos concluir que o 
intuitivismo é a base fundamental de todos os conhecimentos humanos oriundos das 
ciências empíricas. É importante não confundir intuitivismo com intuicionismo. Este 
último relaciona-se à doutrina que faz da intuição o instrumento próprio do 
conhecimento da verdade: ver para crer. Mesmo porque o cientista parte da 
contemplação do que realmente existe, e interpreta esta verdade seguindo um 
raciocínio lógico aprisionado ao método científico. O cientista, então, parte da 
verdade (intuitivismo) e procura por novas verdades científicas por meio da 
construção e da corroboração de teorias. Afirmar que a ciência começa pela intuição 
é, portanto, bem diferente de dizer que a ciência começa pela observação. Críticas a 
este segundo posicionamento podem ser encontradas no livro de Chalmers 5 e o 
contraste entre as duas posições está relatado no artigo, já citado, que escrevi sobre 
o método científico 4. 
 
É comum contemplarmos a natureza por vias indiretas. Newton, por exemplo, 
conhecedor da inércia circular de Galileu, viu a Lua em movimento e deve ter 
associado este movimento à desnecessidade de um pedúnculo para que a Lua 
permanecesse a uma distância fixa da Terra, o que não acontecia com as maçãs. 
Ou seja, Newton contemplou a natureza com conhecimentos adquiridos em seus 
estudos, o que é diferente de observar um fenômeno sem conhecimento algum. 
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Einstein, por outro lado, contemplou a natureza utilizando-se unicamente da 
imaginação e de seus conhecimentos prévios, deixando a observação 
momentaneamente de lado. Seus conhecimentos sobre eletromagnetismo, aos 
quinze anos de idade, relacionavam-se a brincadeiras com uma bússola ganha na 
infância e ao que pôde aprender no segundo grau a respeito do eletromagnetismo 
vigente na época. Certamente ouviu falar sobre a experiência de Oersted, em que a 
bússola sofre uma deflexão ao ser colocada nas vizinhanças de um fio conduzindo 
uma corrente elétrica. A teoria de Maxwell explicava o fenômeno afirmando que o 
campo elétrico gerado por cargas em movimento (corrente elétrica) manifestar-se-ia 
em objetos em repouso (no caso, a bússola) como um campo magnético; daí a 
deflexão sofrida pela bússola. De alguma maneira, parte do campo elétrico 
transformava-se em magnético em virtude do movimento. Por um mecanismo do 
mesmo tipo, pelo menos em sua origem, a teoria de Maxwell explicava também o 
caráter eletromagnético da luz: campos elétricos e magnéticos iriam se alternando à 
medida que a luz se propagasse. Em essência, foram essas as referências utilizadas 
pelo jovem Einstein para construir o cenário onde visualizou o nascimento de sua 
teoria da relatividade. Ele simplesmente imaginou estar lado a lado com uma onda 
eletromagnética. E percebeu que, a ser verdadeira a teoria de Maxwell, neste 
cenário construído os campos elétrico e magnético estariam em repouso. Como 
explicar, neste repouso, a alternância entre os campos elétrico e magnético? Como 
explicar a coerência da teoria de Maxwell frente ao que lhe pareceu ser um absurdo? 
A saída encontrada foi conjeturar sobre a impossibilidade em se acompanhar uma 
onda eletromagnética. Daí, para afirmar que a constante c, inerente às equações do 
eletromagnetismo, é universal e independentedo referencial utilizado, ele se valeu 
de um trabalho de refinamento de sua conclusão primeira, o que foi possível graças 
a seus conhecimentos sobre a teoria de Maxwell bem como à sua tentativa de 
compatibilizá-la com a relatividade de Galileu; este trabalho foi concluído por 
Einstein aos 25 anos de idade e publicado sob o título de Sobre a eletrodinâmica 
dos corpos em movimento. 
 
A.M.F 
 
Referências: 
 
(1) EINSTEIN, A.: Como Vejo o Mundo, Ed. Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1981, 
p.145. 
(2) Este assunto é apresentado com mais detalhes em Ensaios sobre a filosofia da 
ciência, capítulo 2. 
(3) FERREIRA, A.B.H. (1975): Novo Dicionário Aurélio, Ed. Nova Fronteira S.A., Rio 
de Janeiro. 
(4) MESQUITA FILHO, A.(1996): Teoria sobre o método científico, Integração 
II(7):255-62,1996. 
(5) CHALMERS, A.F. (1976): O que é ciência afinal?, Ed.Brasiliense, São Paulo, 
(1993 - tradução), São Paulo. 
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2-O CONCEITO DA PSICANÁLISE INTUITIVA 
 
Intuição 
Do latim intuere significa “ver por dentro”. O seu sentido usual mais comum é 
“ver além”. Intuição representa perceber, discernir, ter a conscientização espontânea 
de um novo conhecimento sem que o sujeito tenha feito uso da experiência ou da 
razão para captar a idéia. 
 
Observamos que sua definição está comumente ligada ao não racional, ao que 
escapa ao conhecimento lógico, um sentimento que impõe uma idéia ou ação, um 
sexto sentido, um olho clínico, uma revelação, etc. São respostas rápidas e precisas 
que, aparentemente, não passam pelo processo de análise e crítica. 
 
Com o significado de ser ato ou capacidade de pressentir, Intuição, se aproxima do 
conceito de pensamento mágico, pensamento animista. Em determinados grupos, 
onde o conhecimento científico não tem primazia, ser intuitivo é um grande 
elogio, uma qualidade validadora do sentimento de si mesmo. Nesse sentido, ter 
intuição é possuir uma aura extra-sensorial, uma possibilidade de estar em contato 
com o incognoscível. Trata-se de um dom de saber sem saber que se sabe. 
 
A intuição é um fenômeno psicológico comum a todos os seres humanos e sua 
significação e uso depende da cadeia de relações em que ela se insere. Este 
fenômeno pode ser vivido como uma premonição, interpretação transcendental ou 
um insight, uma interpretação cognitiva. Pode, também, despertar aspectos 
persecutórios ou fóbicos, como também, aguçar a curiosidade epistemológica. 
 
Kohut diferenciou empatia de intuição (1971), relacionando empatia à 
observação científica e intuição a reações sentimentais, não científicas. Afirmou que 
uma análise bem sucedida propicia o aumento da empatia e a subseqüente 
diminuição das reações intuitivas do analisando. Justificou sua tese considerando 
que a elaboração dos processos psicológicos diminuiria a propensão ao pensamento 
mágico e a desejos de onisciência. 
 
Intuições têm o caráter de verdade quando são confirmadas pelo ambiente, 
estas, se cristalizam passando a fazer parte das teorias pessoais, formando visões 
do mundo. Os conhecimentos adquiridos através da intuição quando confirmados ou 
não negados formam padrões, esquemas vivenciais formadores dos “princípios 
organizadores inconscientes da experiência”. Os princípios organizadores da 
experiência se constituem, de forma geral, num processo de regulação mutua, 
inicialmente entre a criança e seus cuidadores, e se estendem a todos os seus 
contextos intersubjetivos (Storolow).Intuição 
 
3-A TEORIA DE W STEKEL DA PSICANÁLISE INTUITIVA 
Está diante de nós um texto escrito em 1912 aproximadamente. Por outro 
lado, Stekel iniciou a falar do seu Método “Intuitivo “ desde 1907/8. O valor histórico 
de Stekel é demonstrado pelo sua genialidade e premonição do que seria 90 anos 
depois. 
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Hoje fala-se abertamente sobre a importância da intuição, da necessidade do 
seu desenvolvimento para fazer frente aos novos desafios do milênio. 
Em 1908, a palavra INTUIÇÃO era desconhecida da forma como é utilizada 
hoje. É interessante notar que no texto a seguir, em momento algum será 
encontrado a Intuição como expressão do Inconsciente, como Jung alguns anos 
após estará falando ou como nos dias de hoje é tido como consenso. 
Stekel, vai apresentar como se fosse uma técnica sua criada por ele, e nem 
imaginava que fosse uma técnica muito especial que só pode ser utilizada por 
pessoas da altura e genialidade dele ou de pessoas que tenham ou consigam 
“manusear” mentalmente o “afloramento do inconsciente”. Ouso usar a expressão 
“manuseio mental ” pois o simples afloramento do inconsciente sem um controle 
racional é sinal de sintomas psicóticos. Tentar apenas procurar aflorar o inconsciente 
para ter “intuição” pode estar se “psicotizando”. É preciso ter controle do processo. 
Isto vai ser muito bem colocado por Jung ao falar e propor o conceito da 
Individuação. 
O próprio Stekel foi vítima da “intuição por afloramento do inconsciente”. Ele 
suicidou-se no final da sua vida. Não podemos também alegar isto como fator, mas 
teve problemas por causa disso, aliás tiveram Stekel, Freud, Jung, Reich e outros. 
A própria psicanálise em si é um meio de afloramento do inconsciente. Do 
desenvolvimento da intuição de uma forma “manipulada” racionalmente. Stekel, não 
tinha ciência disso, pois chegou a dizer no início que não acreditava no 
inconsciente. Depois acabou citando algumas posturas de outros colegas 
psicanalistas da época no que se refere ao inconsciente. Por último, é preciso situar 
Stekel no cenário histórico da psicanálise para entender sua teoria intuitiva ( que 
consta mais de observações muito interessantes do que um sistema teórico). 
Quando Stekel começa a sua caminhada como teórico e postulante da psicanálise 
ativa, estavam no auge dois grandes gênios: Freud e Adler. Ambos dividiam a 
opinião psicanalítica da Europa. Stekel tinha abandonado o mestre Freud por causa 
da sua postura com relação à duração do tratamento psicanalítico. Stekel levanta-se 
e mantém como seu alvo de crítica a teoria de Freud. Não se preocupava muito de 
Adler, por ser este também um dissidente. Jung já tinha começado o seu vôo 
próprio, mas ainda não se impunha no meio acadêmico psicanalítico. 
Aconselho ler o texto abaixo como estando em pleno 1910. Não conhecendo 
a palavra intuição da forma até banal como é colocada hoje. Tentando imaginar que 
método é esse do Stekel que nos fala de uma forma revolucionária de um novo olhar 
psicanalítico. Apresento dois textos: O primeiro em português traduzido que fala do 
seu método e o segundo texto em espanhol que fala dos últimos progressos feitos 
por Stekel nessa mesma linha intuitiva. 
Convém dizer para finalizar que, embora Stekel não tenha tido o 
esclarecimento que nós temos hoje, intuitivamente ele sabia que INTUIÇÃO tem que 
ter base ONÍRICA. Isto é: embora Stekel não afirme que Intuição está ligado 
diretamente com o inconsciente, o qual ele chega no inicio a negar, ele 
categoricamente afirma que todo o processo intuitivo deve fundamentar-se na 
Interpretação de sonhos. Ora!. Se o sonho é manifestação do inconsciente, e ele 
aponta como base da intuição a Interpretação onírica, então... Claro, mas devemos 
ter em consideração que estamos em 1910. 
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Mais tarde, 1917 aproximadamente, Jung começa na sua segunda fase a 
falar e afirmar tudo isso. Creio, que estamos diante de um gênio, como foram tantos 
outros... 
 
INTRODUÇÃO À TEORIA DE STEKEL DO SEU MÉTODO INTUITIVO 
Agora começarei a falar da minha escola, e das diferenças que as minhas doutrinas 
apresentam com as do freudismo. 
GRATIDÃO A FREUD 
Fui o primeiro dos discípulos de Freud; lutei por ele durante um longo período, 
durante o qual todo o mundo tentava levá-lo ao ridículo. Quero insistir sobre os 
sentimentos de gratidão que guardo para com ele, e eu, que o considero também 
meu mestre, considero-o também como um dos grandes gênios da nossa época. 
Escrevi a Freud, por ocasião do seu 70.° aniversario: "nunca esquecerei quevós 
acendestes o archote que me guiou pelos caminhos das minhas próprias 
pesquisas". 
Antes, eu já havia dito também: "um anão sobre as espáduas de um gigante pode 
ver mais longe que o próprio gigante", o que não significa que eu me sinta um anão, 
mas sem Freud os Adler, Jung, Stekel, não existiriam. 
Um gênio, pela diminuição do se si próprio campo visual, pode penetrar mais 
profundamente na direção das suas pesquisas. 
No primeiro período da colaboração com Freud, que a psicanálise passível exige 
muito tempo e muitas vezes conduz a um verdadeiro impasse. 
O MÉTODO DA INTUIÇÃO 
Ganhei do destino o dom da intuição, e constatei que se pode, obedecendo-a, 
encontrar a boa pista, transformando em videntes os doentes que se mostrem cegos 
em relação aos seus próprios conflitos. 
ESCOTOMIA MORAL: 
Janet constatou também esse fato, explicando que a diminuição do campo visual 
nos casos de histeria é o símbolo da diminuição do campo da consciência, pelo 
domínio de uma idéia fixa. É o que chamo "escotoma moral." 
Para mim, todo o neurótico é escotomizado, é preciso fazer-lhe ver o que ele 
insiste em não querer ver. 
 
 
DIFERENÇA ENTRE FREUD E STEKEL 
FREUD: “O PACIENTE NÃO PODE VER”: 
”Prestai bem a atenção para a diferença. Freud disse: "ele não pode ver, o 
complexo é inconsciente". 
STEKEL: “O PACIENTE NÃO QUER VER”: 
Não acredito no inconsciente; acreditei nele durante o meu primeiro período de 
estudo, mas depois da experiência de 30 anos, encontrei que todos os pensamentos 
recalcados são pré-conscientes (para conscientes) e que os doentes têm sempre 
medo de ver a verdade. 
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O INÍCIO DA PSICANÁLISE (segundo Stekel) 
Nos meus primeiros tempos, aqueles da minha colaboração com Freud, o método 
da psicanálise estava reservado à histeria e às obsessões. 
A fobia era inalienável, 
A maior parte dos estados de angustia eram a conseqüência de fraudes nas 
relações sexuais; 
§ a neurastenia provinha da masturbação. 
Fui eu que tentei alargar os limites das indicações da psicanálise. 
 
 
INTUIÇÃO VS TERAPIA 
Vou agora contar-vos a minha primeira experiência e como pude encontrar, em 
uma única sessão, a solução de um caso que consegui curar apenas com um bom 
conselho. 
EXEMPLO: Em certo dia de consulta veio ver-me, preocupado com a sua 
agorafobia, um alto e belo rapaz de 28 anos. Ele pára em frente a todas as praças 
que encontra em seu caminho; é vitima de um tremor nervoso e nenhum poder há 
no mundo que lhe faça atravessar sozinho uma praça. Para atravessar precisa da 
ajuda de uma outra pessoa. Interrogo-o sobre todos os acontecimentos da sua vida, 
suscetíveis de ocasionar uma parapatia e chego à sua vida sexual. Assegura-nos 
ele que tem pelas mulheres apenas uma fraca inclinação. Até então nunca havia 
amado e nem sentia necessidade disto. Em tais casos, não se enganará quem 
pensar em uma certa fixação da vida sexual. E quem será mais apto a essa fixação 
que uma das pessoas do próprio círculo íntimo da criança, para a qual, desde os 
primeiros tempos, ela tenha dirigido a sua inclinação. 
- Pergunto-lhe simplesmente se ama os pais. "Acima de tudo", responde ele. - O 
seu rosto anima-se, os seus olhos ganham um brilho ardente. - "A mãe um pouco 
mais do que o pai". - Os seus pais são pobres? - Muito pobres. Sou eu quem os 
sustenta. -Qual é, então, a sua profissão? -Sou caixa de um grande banco. -Deve 
passar muito dinheiro pelas suas mãos, não é? -Milhões de coroas, quase todos os 
dias. -Como um clarão, vejo iluminar-se a situação, compreendo a sua parapatia 
ansiosa. -Esse homem precisava submeter-se a uma vida modesta; enquanto que 
pelas suas mãos passavam milhões. De improviso, faço-lhe a seguinte pergunta: 
Nunca teve este pensamento: aqui estás mergulhado em ouro; no entanto, os teus 
passam necessidades?" -Oh, muitas vezes pensei nisso. -E nunca lhe passou pela 
idéia arranjar a sua vida com esse dinheiro todo e garantir para os seus uma velhice 
ao abrigo das dificuldades? - O doente empalideceu de repente, refletiu um instante 
e, em seguida, declarou francamente: É verdade que essa idéia veio ao meu 
espírito, mas eu a afastei imediatamente. - Naturalmente, respondi; não podia ser de 
outra maneira, tratando-se de um homem honesto. Conversamos ainda um 
momento e por fim ele pediu que o aconselhasse. Disse-lhe com franqueza: A sua 
doença é causada pelo recalcamento dessa idéia. Não vejo outro meio de cura que 
não seja a mudança de emprego. É preciso obter outro emprego, que lhe dê talvez 
mais trabalho e menos tentações. - Ele redargüiu que talvez fosse impossível 
justificar o pedido de mudança de posto junto aos diretores do banco, mas eu lhe 
sugeri dizer que se tratava de um estado parapático que lhe impedia toda a 
ocupação que lidasse com cifras e dinheiro. Esse caso me fez compreender que a 
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causa das neuroses é sempre um conflito psíquico causado, seja pela sexualidade, 
seja pela ambição ou por idéias criminosas, seja pelo instinto de conservação, como 
se viu durante a guerra. 
EXEMPLO 2: O meu segundo caso foi o de uma mulher enferma, encerrada no 
quarto como em uma prisão, pelo medo de sair sozinha. Encontro-a prendendo nas 
suas as mãos do marido, exortando-o a ficar ao lado dela; uma situação intolerável, 
porque o marido era empregado e tinha obrigações de horário certo. O marido me 
fez saber que me devia uma importante confissão esclarecedora. 
 
Casado há 7 anos, jamais pudera chegar a entreter relações sexuais com sua 
mulher. Isto foi para mim um jato de luz. Compreendi que Muitos estados de 
angustia não são mais que medidas de defesa de nós contra nós mesmos, 
tendências de segurança do nosso eu moral contra o nosso eu instintivo. 
Encontrareis em Muitos casos de angústia tais esforços de defesa contra si 
mesmo, e uma prova é aquele caixa de banco que não podia atravessar uma praça, 
a praça constituindo o símbolo do mar, que representa a aventura da fuga para a 
América, caso ele cedesse ás suas tentações. 
DESAFIO DA INTUIÇÃO 
Porque, então, andar a vasculhar as almas, durante meses e meses, se podeis 
compreender o conflito atual e, com um bom conselho, encontrar uma solução 
imediata? 
Foi esse o começo de urna nova técnica da psicanálise, pela intuição. 
VANTAGEM 
Em Muitos clientes que não possuíam nem dinheiro nem tempo de se submeterem 
a uma longa analise tentei esse método de intuição, hoje chamado "o método ativo 
da psicanálise" e verifiquei que, com o seu concurso, é possível a cura de casos 
complicados em pouco tempo, isto é, em alguns dias, algumas semanas ou alguns 
meses. 
NÚMERO DE SESSÕES 
Nunca precisei de mais de 4 meses. Se 4 meses não bastam, é que se trata de um 
caso desesperador. Adquiri essa convicção pela minha própria experiência e pelas 
experiências dos meus discípulos. 
Vi Muitos doentes analisados sem sucesso durante 3, 4 e 5 anos por psicanalistas 
bem conhecidos. Se pedirmos o que eles encontraram em suas analises como 
sendo a causa da neurose, falam do Complexo de Édipo, da castração, etc..., mas a 
verdade é que tais explicações não possuem nenhum efeito sobre a doença. 
OS PERIGOS DA PSICANÁLISE 
É tempo, agora, de falar dos perigos da psicanálise. Eu acho que todas as análises 
muito prolongadas são um perigo para o cliente. 
Na analise ortodoxa, é preciso: 1- reconstituir toda a história da infância, 2- estudar 
as influências do meio nos primeiros anos de vida; 3-retrogradar até os tempos do 
nascimento 4- e algumas vezes até ao período embrionário. 
REGRESSÃO: Produz-se, por esse método, uma regressão artificial; o doente 
ocupa-se durante o dia inteiro dos seus complexos. Procura os acidentes 
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traumáticos, acredita que está prestes a encontrá-los. Muitos sonhos causam o 
encontro de uma nova pista; 
-mas quantas vezes o acidente procurado obstina-se em não sair do seu 
esconderijo, no inconsciente. 
-E se o reclamado acidente é encontrado, não se sabe se ele é, realmente; a mola 
perturbadorada saúde. 
Por exemplo, Freud nos deu uma descrição clássica de uma obsessão que ele 
analisou durante 5 anos, 
-algumas vezes fazendo duas sessões por dia. 
Por fim o acidente traumático foi encontrado; 
era o fato ou talvez a suposição de ter o doente observado, durante a sua primeira 
juventude, o coito dos seus pais. 
O mesmo caso reaparece mais tarde nos jornais analíticos, analisado por um 
discípulo de Freud como sendo um caso de paranóia, finalmente curado pela 
segunda vez. 
Duvido que esse caso esteja terminado de maneira definitiva. 
Já expliquei que, por uma.. psicanálise prolongada, produz-se uma regressão 
artificial a infância. 
 
 
INFANTILISMO VS NEUROSE 
Como todos os neuróticos sofrem de infantilismo, essa tendência conhecida como 
"retorno á infância" é fortificada e acelerada pela psicanálise. Ela é, talvez, a 
condição do tratamento. 
Nos casos de esquizofrenia, essa regressão pode causar uma de formação da 
doença. 
 
 
OS CASOS LIMÍTROFES 
É muito difícil garantir que se trata de uma doença, ou de uma psicose, nos 
primeiros dias da psicanálise. 
Existem "casos limítrofes" em que é impossível fazer o diagnostico. A linha de 
demarcação não se tornou ainda visível. 
No curso do tratamento verifica-se que se trata de uma doença constitucional 
(ESTRUTURAL), o que significa que o psicanalista deve ter conhecimentos exatos 
de psiquiatria, de neurologia e de medicina interna. E que certamente não é um caso 
psicanalítico (neste caso o psicanalista deve encaminhar o paciente para um 
especialista: Psiquiatra, Neurologista, Medicina Interna) 
O “PERIGO” DAS ANÁLISES 
Entre os esquizofrênicos, a psicanálise é um grande perigo, porque as tendências 
da regressão e da introversão reforçam-se; lança-se o doente nos abismos da 
psicose. 
Esses casos exigem uma análise superficial, uma reeducação; mas precisareis 
tomar cuidado para não ferir o complexo profundo. Isto produziria explosões e, em 
lugar de curar, havia o risco de agravar. 
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O RECALCAMENTO SECUNDÁRIO 
Existe um fenômeno que eu chamo "o recalcamento secundário", isto é, o 
recalcamento pela segunda vez, de um complexo que a análise já nos fez 
reconhecer. 
Muitas pessoas analisadas acreditam-se curadas, mas, em realidade, depois do 
recalcamento secundário a doença se terá refugiado em uma região mais profunda 
do ser, como para escapar aos olhares inquisidores do doente, que se tornou o 
analista de si próprio. 
Um outro perigo da psicanálise é o fato de que muitas vezes ela é manejada por 
mãos profanas (psicanalistas que não fizeram uma boa Análise Didática para 
resolver suas questões pessoais que ele achava não ter). 
Muitos profanos que sofrem de neuroses, depois de se terem submetido a uma 
análise perfeita ou imperfeita interessam-se pelo novo método e tornam-se 
psicanalistas, deles próprios. 
Existe um fenômeno muito favorável a cura, mas cuja aplicação falsa pode ser 
muito perigosa. 
 
 
O “PERIGO DA TRANSFERÊNCIA” 
Chama-se "transferência", o que significa que o doente transfere para o médico os 
seus desejos insatisfeitos. 
Ele torna-se, então, escravo do analista, e isso justifica a continuação do 
tratamento, apesar da ausência do progresso. 
Mas depois de uma analise prolongada, o doente não se curou: ele tem uma 
doença analítica. 
Ele vive a analisar os seus pequenos acontecimentos quotidianos, as suas 
diferentes emoções, os seus lapsos, os seus esquecimentos, os seus sonhos, 
sempre à procura do desconhecido, sempre á procura dos complexos inconscientes. 
 
 
A IMPORTÂNCIA DE UM NOVO MÉTODO MENOS PROLONGADO 
Considerai, também, a perda de tempo, de dinheiro, a decepção ao fim do 
tratamento, o sucesso prometido é fracassado, e podereis compreender a 
importância de um método que pode evitar os perigos desses tratamentos 
prolongados. 
Todos os esforços dos médicos que não seguem o método ortodoxo de Freud, 
escravo desta fórmula: "Continue, continue sempre!", tendem a encontrar um meio 
qualquer de abreviar o período da análise. 
Pensai que apenas os ricos poderão aproveitar-se de um tratamento prolongado. 
Que fazer dos pobres? 
O MÉTODO DA INTUIÇÃO 
Como já mencionei, cheguei a esse método de intuição partindo dos meus estudos 
sobre o caráter humano, e já tenho aplicado também um novo método para decifrar 
a linguagem dos sonhos. 
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A NEUROSE ATUAL 
Notai bem: cada neurose é causada por um conflito atual. Chamo essas neuroses 
de "neuroses atuais", para diferenciá-las das neuroses causadas pelas próprias 
disposições do caráter, ou determinadas pelas influências más da juventude ou do 
ambiente. É o que se poderá chamar a diferença entre a "neurose central" e a 
"neurose periférica" (Kernneurose e Randneurose, de Schultz). 
Eu não tenho necessidade da teoria da "libido" não acredito que existam 
acontecimentos absolutamente inconscientes. 
Procuro sempre constatar se não existe um conflito atual. Se o cliente era 
absolutamente são e feliz até determinado período, podereis supor que existe um 
acidente, localizado nesse período, que causou a doença. 
 
EXEMPLO: 
Permiti, senhoras e senhores, citar-vos um dos mais tristes casos da minha 
experiência. Durante a guerra fui chamado a casa de uma doente, uma senhora, no 
dizer de sua mãe. Encontrei-a acamada, em um estado de sonolência causado 
pelos narcóticos que tinha o hábito de utilizar. Ela está suja, despenteada, e a sua 
roupa não está cuidadosamente limpa. A mãe esclarece-me que a doente havia feito 
uma analise durante mais de 3 anos. O analista, um médico assistente de Freud, 
havia interrompido o tratamento porque a cliente não podia mais pagar. Assim que 
me vê, recebe-me com as seguintes palavras: "sou um tipo analerotico. Não posso 
guardar dinheiro." 
Disse à mãe: voltarei amanhã, senhora, mas recomendo-lhe não dar nenhum 
remédio a doente porque desejo vê-la acordar. No dia seguinte; encontro uma linda 
mulher de 28 anos, penteada, lavada, deitada em um leito bem arranjado. Ela de 
novo começa a falar do habito de gastar dinheiro. Haviam-lhe explicado este fato 
como a conseqüência de um onipotente complexo analerotico. 
Duas semanas depois, um sonho que ela teve colocou-me na pista certa e me fez 
encontrar a razão das suas prodigalidades. Pude assim conhecer, em pouco tempo, 
aquilo que a analise de 3 anos não havia podido descobrir. 
Eis o sonho: 
"Eu estava num cemitério e vi um túmulo que tinha em cima um monumento alto. 
Um fantasma sombrio saiu do túmulo, ameaçou-me com o dedo, e jogou uma 
porção de moedas de ouro na minha direção. Algumas me caíram na cabeça, 
causando uma dor violenta, e eu acordei com palpitações, vertigens, e uma 
enxaqueca terrível que dura até agora". 
Interrogo-a acerca das associações do túmulo e do fantasma, mas observo que ela 
está habituada a limitar-se à superfície do problema, evitando as camadas profundas 
da sua alma. Insisto, dizendo que o monumento deve ter alguma importância na 
história da sua doença; esse espectro vingativo representa certamente uma pessoa 
em face da qual ela se sente culpada; enfim, esse sonho deve explicar porque ela 
não pode guardar dinheiro. E assim consigo extrair da minha cliente uma história 
extraordinária: 
Há 5 anos essa mulher, que era dotada de grande beleza, havia tido uma ligação 
com um homem muito rico, mas tuberculoso. No começo a doença não apresentava 
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grande gravidade, mas com a continuação dos excessos amorosos se agravou, e o 
casal foi forçado a procurar a cura em um clima mais doce, ao sul da Áustria. 
Duas semanas antes da morte, esse homem disse á amante: "Se fores capaz de 
jurar que me tens sido sempre fiel, eu te farei herdeira dos meus bens." Ela jurou, 
mas tal juramento constituía um perjúrio, porque ela tinha tido, durante a sua ligação, 
relações com o melhor amigo do doente. Este, além disso, antes de morrer, fez com 
que a amante lhe jurasse que transporta o corpo para a sua cidade natal e erigiria 
ummonumento de mármore em sua lembrança, com a seguinte inscrição: "O amor é 
mais forte que a morte." E duas semanas mais tarde morria nos braços dela, vítima 
de uma hemorragia. 
A mulher tinha a intenção de cumprir o prometido, mas era durante a guerra, e o 
transporte, naquele momento, tornava-se muito difícil e muito caro. A conselho da 
mãe ela esperou melhor oportunidade. E assim a jovem mulher tornou-se rica, mas o 
dinheiro queimava-lhe as mãos, ela não o podia " guardar, sentindo-se sem direito á 
propriedade dessa fortuna. Quando o dinheiro foi totalmente gasto, grande parte 
dele havia passado ao bolso dos médicos: foi impossível transferir o corpo e erigir o 
monumento prometido. Ela sentia-se culpada; era católica, fora muito piedosa 
durante a mocidade, havia sido educada num colégio de freiras; é verdade que 
depois se tornara livre-pensadora, mas um fundo indestrutível de qualidades mestras 
havia permanecido. 
A sua doença era a conseqüência de um mal-estar moral. 
Considerai agora, minhas senhoras e meus senhores; que durante três anos o 
passado dessa paciente foi esmiuçado tendo sido encontrada uma fixação ao pai e 
muitas outras perturbações da libido. Porém o médico portou-se como cego a 
respeito do único acontecimento importante: o perjúrio. Um fato, no entanto; teria 
podido alertá-lo sobre a existência de um conflito atual: é que a nossa cliente tinha 
sido absolutamente sã até a época do perjúrio. 
É sempre preciso, nos casos como esse, procurar o acontecimento que provocou a 
ruptura do equilíbrio. 
Observai, ainda, que a minha cliente não havia contado nada ao outro médico 
sobre a história do perjúrio, porque acreditava ser ele um incidente desprovido de 
importância e sem relação com o seu estado atual. 
OS “PERIGOS” 
Eu poderia escrever um livro sobre os perigos e os abusos da psicanálise se não 
houvesse o perigo de desacreditar um método ao qual atribuo grande parte do 
progresso moderno da psicologia e da psicoterapia. 
Aplicada por um analista artista, ela possui o mesmo valor do bisturi nas mãos de 
um cirurgião hábil; manejada por mãos inexpertas, poderá se transformar em arma 
prejudicial, perniciosa, envenenada, capaz de provocar feridas mortais, 
O COMPONENTE NEURÓTICO 
Eu alarguei os limites da psicanálise a muitas doenças orgânicas, porque acredito 
que em toda doença orgânica existe um componente neurótico. 
Aproveitando a ocasião, quero protestar contra a expressão "neurose", que não 
explica suficientemente bem as doenças psíquicas. 
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PSICASTENIA OU PARAPATIA 
Uso essa expressão, neste caso, apenas para me fazer compreender. 
A expressão francesa "psicastenia" seria mais justa. Eu chamo, as neuroses, 
"parapatias". 
Quero exprimir por esse meio que, nos casos de neurose, encontramos sempre 
uma perturbação qualquer do instinto ou da emoção. 
Foi por isso que chamei dos 10 volumes da minha obra: "As desordens dos 
instintos e das emoções". 
Luto também, nessa obra, contra as opiniões absurdas acerca da nocividade 
atribuída á masturbação que, segundo Freud, poderia chegar á produzir 
"parapatias". Ao contrário! Pude constatar que a parapatia manifesta-se quando o 
indivíduo cessa a masturbação. Foi este, talvez, o meu maior conflito com Freud, 
que acusava a masturbação de ser a causa de neurastenia. O terceiro e quarto 
volumes tratam da frigidez feminina e da impotência masculina. Demonstrei que a 
potência persiste até a morte em um homem são e que todos os casos de 
impotência são curáveis por um curto tratamento psicanalítico. O Dr. Gutheil, meu 
assistente, publicou 60 casos que ele conseguiu curar, excetuando 2 únicos, cujas 
condições não eram favoráveis. 
Observei, com efeito, que o homem que teve relações incestuosas após a 
puberdade renuncia muito raramente ao seu ideal sexual familiar, e torna-se 
impotente para com todas as outras mulheres. 
A mesma coisa poderá ser observada nas mulheres que permanecem frigidas 
durante toda a vida, após o coito com um irmão, ou após um crime incestuoso com o 
pai. 
PSICANÁLISE = REMÉDIO GERAL 
Devo admitir que a psicanálise é um remédio geral; que não será possível curar 
com ela todos os casos e que é muito importante ter sempre em vista a prognóstico, 
para estar a coberto das censuras do doente, que dirá; com razão: "o senhor me 
prometeu a cura; e agora, depois de tanto sacrifício de dinheiro e de tempo, não 
estou melhor". 
No quinto volume encontrareis descrições muito. interessantes do infantilismo 
psico-sexual, esse fenômeno que conheceis como "retorno á infância"; o sexto 
descreve as ações impulsivas, como a dromomania (mania de vida errante), as 
fugas, a cleptomania, a narcotomania, a piromania, etc. 
Os casos de fetichismo (6.°volume) são também muito interessantes. Servindo-me 
da experiência de vários sábios franceses, inclusive Binet, pude demonstrar que o 
fetichista é um asceta que entra num desvio afim de evitar o caminho da 
normalidade sexual. É uma espécie de religioso com uma religião recalcada. É um 
hiper-moral mascarado de perversidade. 
Muito importantes, no oitavo volume, são as pesquisas sobre o sadismo e o 
masoquismo. Conheceis certamente, esses homens que querem ser escravos dos 
seus ídolos amorosos, prestando-lhes serviços humildes, humilhantes, etc. 
Chego a um ponto muito importante da minha conferência: verifiquei que, em todos 
esses casos, as mães dos doentes haviam tido uma conduta leviana. 
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Coisa curiosa, verifiquei a mesma coisa nos casos de obsessão e de dúvida, que 
descrevo nos volumes nono e décimo, os últimos da minha obra. 
 
5-CAMPO DE ATUAÇÃO DA PSICANÁLISE INTUITIVA 
 
As funções de intuição, atenção e interpretação do psicanalista constituem suporte 
arquitetônico do trabalho de sonho alfa. Consideram-se fundamentais as seguintes 
modulações: a) intuição analiticamente treinada que esteja conjugada à b) 
capacidade de atenção a serviço de precisão na observação de realidade psíquica, 
devendo intuição disciplinada e atenção livre serem acompanhadas de c) 
interpretações verbais bem articuladas. 
 
 
Estudos apontam que a intuição é um processo que envolve a mente e até mesmo o 
coração. 
 
Aprenda a fazer melhor uso desse poder 
CLÁUDIA JORDÃO E LENA CASTELLÓN 
 
Colaborou Jonas Furtado 
 
Geralmente, o que se aceita entre os estudiosos é que as percepções atuam como 
se fossem o piloto automático da consciência. Isso quer dizer que elas entram em 
ação quando nosso raciocínio fica em segundo plano. Na opinião do neurologista 
Martín Cammarota, vice-diretor do Instituto Biomédico de Pesquisas da PUC do Rio 
Grande do Sul, a intuição deve ser compreendida como “conhecer algo sem ter 
consciência disso”. Muitos experimentos já demonstraram que não temos noção de 
certos processos que executamos. Isso porque durante a evolução do ser humano 
houve um período em que foi importante viver com o automático ligado. “No tempo 
em que o homem estava na natureza, em um ambiente repleto de predadores, isso 
era vital. Ele não podia esperar para avaliar se corria perigo: tinha de fugir antes de 
tudo”, completa. 
 
Para o psicólogo David Myers, professor da Hope College (EUA), pode-se utilizar 
bem o sexto sentido. Só que sem exageros. Em sua visão, o feeling tem dois lados: 
o positivo e o negativo. De acordo com ele, a mente opera em duas vias. Uma delas 
é o sistema lógico e racional que requer esforço para ser empregado – o indivíduo 
precisa pensar, afinal. A outra é a trilha intuitiva, algo que ocorre nos “bastidores”. 
Ela é rápida e associativa. Significa que vem num lampejo a partir de informações e 
experiências já vividas pela pessoa. Os aspectos benéficos da segunda via são 
alimentar a criatividade e orientar a tomada de decisões quando o sistema analítico 
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não tem meios de encontrar respostas. Um risco é gerar preconceitos, já que as 
experiências talvez não sejam adequadas nem salutares. 
 
Um exemplo positivo de usoda intuição é o de Claudio Taffarel, ex-goleiro da 
Seleção Brasileira. Famoso por ser um exímio pegador de pênaltis, ele decidiu assim 
algumas das partidas mais importantes de sua carreira, como a final da Copa do 
Mundo dos EUA, em 1994. Há quem sustente que praticar esse tipo de defesa é 
questão de sorte. Outras, de um olhar treinado. Como Myers ressalta, porém, o 
background conta nesses momentos. “Na hora do pênalti, eu me posicionava logo 
para criar um quadro com informações que me ajudassem a decidir o que fazer”, diz 
Taffarel. O detalhe é que freqüentemente o sucesso depende do estado emocional. 
“Na final da Copa de 94, estava muito nervoso. No terceiro pênalti, fiquei mais 
tranqüilo e consegui visualizar melhor a situação. E peguei o chute”, lembra. 
 
FUNÇÕES HUMANAS A psicanálise diz que as pessoas têm 4 funções psicológicas. 
Entre elas, a intuitiva 
 
Visualizar um problema a ser enfrentado é uma dica dos especialistas para quem 
quiser utilizar com eficácia o sexto sentido. Outra é não se fixar somente no que 
indica seu instinto. “Os empresários que seguiram a intuição e se saíram bem 
também prestaram atenção à análise racional e equilibraram os dois lados para 
decidir seus negócios”, ensina o psicólogo Sadler-Smith. Para aumentar a chance de 
acertos, vale colocar o feeling em prática. Estimular a percepção orientará a mente 
intuitiva a formar bons palpites. Um treino é compartilhar com os demais os acertos 
feitos com base em pressentimentos. Outro truque: aquietar a mente racional por 
meio da meditação ou de técnicas de relaxamento. 
 
O engenheiro Ozires Silva, um dos criadores da Embraer e hoje presidente de uma 
companhia de biotecnologia (Pele Nova), tem sua intuição bem aguçada. Em 1991, 
ele recebeu um telefonema do ministro da Aeronáutica, convidando-o a retornar à 
empresa. A Embraer vivia um período de crise e ele foi chamado a virar o jogo. Em 
função do cenário complicado, poderia responder “não”. No entanto, sua mente já 
aceitara o desafio. “Não tive a menor dúvida de que o transporte aéreo mundial iria 
crescer”, diz. Sua dica: “Se você tiver confiança no meio em que vive, a intuição será 
mais centrada.” 
 
Apesar das novidades, ainda há muito a descobrir sobre o poder do sexto sentido. 
Na ótica da psicanálise, a intuição não tem origem em experiências passadas. Ela 
vem como um insight, sem que se conheça como se processa isso no cérebro. 
Segundo Carl Gustav Jung, uma das maiores referências nesse campo, a intuição é 
uma das quatro funções psicológicas do homem (as demais são sensação, 
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sentimento e pensamento). “Intuir é algo natural da pessoa e pode ocorrer a partir de 
dados subliminares”, afirma a psicóloga Marion Gallbach, do núcleo de estudos 
junguianos da PUC de São Paulo. Quem encontra uma amiga e tem a impressão de 
que ela está triste, mesmo sem notar sinais aparentes, pode ter captado sutilezas 
percebidas somente pela intuição. Sonhos podem ser também manifestações do 
feeling. Mulheres sonham com freqüência que estão grávidas porque os corpos 
estão sensíveis às mudanças hormonais. A produtora de eventos Claudia 
Schumacher, de Porto Alegre, passou por algo que não consegue explicar, mas que 
pode encontrar paralelos com a interpretação da psicanálise. “Sou intuitiva e uma 
vez sonhei que eu dava à luz. Acordei em seguida com minha irmã gritando na 
casa”, recorda- se. A irmã estava grávida e a bolsa tinha acabado de romper. 
 
Para as situações que fogem às explicações da ciência, quem oferece respostas é a 
parapsicologia. “Quando não há uma percepção sensorial ou um conhecimento 
prévio que justifique a intuição, podemos pensar que uma mensagem foi captada 
pelo inconsciente por vias paranormais”, afirma Tarcísio Pallú, professor do Instituto 
de Parapsicologia de Joinville (SC). Alguns dos fenômenos paranormais, nesse 
caso, são a telepatia e a precognição (conhecimento do futuro). Foi o que 
Therezinha Corrêa, de Curitiba (PR), assegura ter ocorrido com ela. “Sempre tive 
sonhos premonitórios”, revela. 
 
Neste ano, entrou em um curso de parapsicologia e tem aproveitado mais seu sexto 
sentido. Recentemente, sonhou que seu neto sangrava. Ligou de manhã para saber 
dele e soube que o menino, que vive a nove quilômetros de sua casa, tivera uma 
hemorragia nasal à noite. “Nunca tive preocupações quando meus filhos eram 
jovens. Dormia mesmo porque sabia que seria avisada em sonhos sobre qualquer 
problema.” Hoje, ela recorre a seu poder intuitivo. O psicoterapeuta Edgardo Musso, 
do Centro de Desenvolvimento da Intuição, no Rio, prepara pessoas para exercer 
mais esse lado. “Todos têm condições de tirar proveito disso. Mas apenas os que se 
livram da dominação da razão como única forma de perceber o mundo”, diz. 
 
ALÉM DA RAZÃO 
Conheça algumas personalidades que valorizavam o lado intuitivo 
 
ALBERT EINSTEIN 
(Físico alemão) 
Dizia que, às vezes, confiava estar certo mesmo sem saber a razão. “Não existe 
caminho lógico para a descoberta das leis do universo. O único caminho é a 
intuição”, declarou 
WOLFGANG MOZART 
(Músico austríaco) 
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Mozart escreveu suas primeiras composições aos cinco anos em lampejos de 
criatividade. Graças a sua genialidade, em instantes tinha noção exata de como 
seria uma obra 
CARL GUSTAV JUNG 
(Psiquiatra suíço) 
Foi chamado de místico por muitos de seus amigos. Ele classificou a intuição 
como uma das funções psicológicas. Jung se considerava bastante intuitivo 
 
Segundo o dicionário Aurélio, intuição é: ato de ver, percepção clara, direta e 
imediata de verdades sem necessidade da intervenção do raciocínio. 
Em outras palavras, intuição é a apreensão direta e imediata de algo, de uma forma 
não racional. É ver algo com olhos de primeira vez; é a primeira impressão que nos 
causa. Em grego, intuição significa olhar. 
 
Da mesma forma, a parapsicologia a define como visão que parece vir do fundo da 
alma. Uma revelação que não depende da razão. 
É um estado alterado de consciência e faz parte da P.E.S. (Percepção Extra- 
Sensorial) como a telepatia, clarividência, clariaudiência, etc. 
 
Spinoza, Kepler, Pascoal, Thomas Edison, quando estavam em estado alterado de 
consciência, em alfa, faziam descobertas melhores. Beethoven, embora surdo por 
ter contraído uma doença venérea (sífilis), escutava zumbidos e compunha assim 
suas músicas que o consagraram na história. 
 
Freud, o pai da psicanálise, também jogava Tarô e, no fim de sua vida, chegou a 
usar a intuição dentro de sua prática psicanalítica. Ele dizia que o terapeuta, ao 
escutar o paciente, tinha que deixar a atenção flutuante, isto é, estar atento não só 
no que o paciente falava, mas também na forma como ele falava, observando sua 
postura corporal, entonação de voz, maneirismos, expressão facial, o olhar, etc. 
 
C. G. Jung, discípulo de Freud, definiu a intuição como percepção via inconsciente 
que se dá em forma de símbolos.

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