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Resenha - A força normativa da Constituição

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FARESE- FACULDADE DA REGIÃO SERRANA
GRADUAÇÃO EM DIREITO
2º PERÍODO
Nome: Aline Bautz
Disciplina: Teoria geral da Constituição e organização do Estado brasileiro
Professor: Felipo Luz
RESENHA - A FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO
A obra de Konrad Hesse, intitulada “A força normativa da Constituição”, traz uma análise
interessante e aprofundada da origem e dos desdobramentos do poder de uma constituição.
Ele começa citando a tese de Ferdinand Lassalle, que afirmava que questões constitucionais
não são questões jurídicas, mas sim questões políticas. A constituição de um país expressa as
relações de poder que o governam: militar, social, econômico e intelectual. A relação factual
formada pela combinação destes fatores constitui a força ativa que determina as leis e
sistemas sociais, de modo que apenas mostram a relação mútua de forças produzida pelos
fatores reais de poder, estes fatores reais de poder constituem a verdadeira constituição
nacional.
O desenvolvimento da constituição mostra que as regras legais não podem controlar
efetivamente a divisão do poder político. As forças políticas movem-se de acordo com suas
próprias leis e funcionam independentemente das formas jurídicas. O poder da força sempre
parece ser superior ao poder das normas jurídicas, e as normas jurídicas obedecem aos fatos.
O conceito de poder de decisão da relação factual refere-se a: as condições de validade da lei
e da constituição, ou seja, a sobreposição da realidade e das normas, constituem apenas
limites hipotéticos extremos. Além disso, entre as normas racionais basicamente estáticas e a
realidade irracional que flui, existe uma tensão inevitável e inerente que não pode ser
eliminada. Por esse conceito constitucional, sempre há um conflito: a constituição legal, em
sua essência, ou seja, em termos que não são de natureza inteiramente técnica, sucumbe a
cada dia antes da constituição real. Segundo Rudolf Sohm, o Direito Constitucional, que,
como toda ciência jurídica, é uma ciência normativa, está em contradição com a própria
essência da Constituição.
Se as normas constitucionais expressam apenas relações factuais altamente variáveis, então é
impossível não reconhecer que a ciência jurídica constitucional constitui uma ciência jurídica
sem leis e não tem outra função além de verificar e comentar os fatos criados pela
constituição política realista. Portanto, a constituição não servirá a uma ordem nacional justa,
mas apenas desempenhará sua triste função - não digna de nenhuma ciência - que justifique
as relações de poder dominantes. Se a ciência constitucional adota esse argumento e passa a
reconhecer que a constituição real é decisiva, então ela tem a descaracterização como ciência
normativa, transformando-a em uma simples ciência da existência.
Dessa forma, já que a constituição jurídica expressa uma momentânea constelação de poder,
há a negação do Direito Constitucional e, consequentemente, da Teoria Geral do Estado
enquanto ciência. Ao contrário, se se pode reconhecer que a constituição contém força
própria, ainda que de forma limitada, essa doutrina parece infundada.
Outro ponto importante é que a característica do constitucionalismo moderno é o isolamento
entre as normas e a realidade e essa separação radical, no âmbito constitucional, entre
realidade e norma, entre ser e dever ser, não nos leva a nada.

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