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PRIMEIROS SOCORROS Beatriz Paulo Biedrzycki Acidentes com animais venenosos, peçonhentos e não peçonhentos Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Classificar os diferentes tipos de animais venenosos ou peçonhentos e seus riscos à saúde. � Descrever as consequências e as ações de socorro em casos de mor- deduras de animais. � Estabelecer ações de socorro para emergências causadas por acidentes com animais venenosos ou peçonhentos. Introdução O Brasil é um país de dimensões continentais, com flora e fauna extrema- mente diversificadas. Nessa enorme fauna, existem alguns animais dotados de mecanismos de defesa, como venenos, e alguns têm a capacidade de injetá-los, se for necessário; é o caso dos animais peçonhentos, como cobras, aranhas e escorpiões. O veneno desses animais pode causar intoxicações dolorosas, sendo necessário o atendimento imediato; caso contrário, pode ocorrer a morte. Neste capítulo, você vai classificar e identificar as diferentes espécies de animais venenosos, peçonhentos e domésticos, bem como os sintomas dos seus ataques, além das doenças que podem ocasionar aos seres humanos. Por fim, você saberá estabelecer ações de primeiros socorros para cada tipo de acidente com animais. Riscos de mordidas de animais Mordidas de animais são muito comuns, acometendo, no caso dos domésticos (cães e gatos), 50 mil pessoas por ano no Brasil. No caso de animais peço- nhentos, são responsáveis por 110 mil acidentes por ano no País (FUNED, 2015). As mordidas desses animais, além da dor e do desconforto no local da mordida, podem causar reações adversas no organismo, atingindo diferentes órgãos e até mesmo transmitindo doenças. Você aprofundará seu conhecimento sobre o tema ao longo do capítulo. Animais peçonhentos Animais peçonhentos são aqueles que possuem glândulas de veneno que se comunicam com dentes, ferrões, ou aguilhões, que são estruturas por onde o veneno é injetado (FUNED, 2015). Esses mecanismos favorecem que o seu veneno seja utilizado no momento em que desejam, sendo uma estratégia para caça e para defesa. Em muitos casos, o veneno desses animais pode ser fatal se não acontecer o atendimento e o tratamento adequado e rápido. Nas listas a seguir, você irá identificar os animais, a forma de inoculação do veneno, os sintomas e o tratamento. Aracnídeos As aranhas (Figura 1) e os escorpiões (Figura 2) são aracnídeos pertencentes ao grupo dos artrópodes, animais abundantes em todos os ecossistemas. As características principais desses animais são: corpo formado por um exoes- queleto e quatro pares de pernas articuladas (FUNED, 2015). Aranhas � Marrom: esse animal possui aproximadamente 3 centímetros, tem cor marrom, pernas longas e o corpo redondo e pode gerar acidentes graves. É possível encontrá-las em telhas, tijolos e entulhos, ou seja, em locais escuros. A picada tende a não ser dolorosa, e no local da picada pode aparecer dor, inchaço e necrose. Além desses sintomas, podem aparecer febre, tontura e dor de cabeça. Acidentes com animais venenosos, peçonhentos e não peçonhentos2 � Caranguejeira: apesar do seu tamanho e aparência assustadores, esse animal não costuma causar acidentes graves. É possível encontrá-la em cascas de árvores, buracos no solo e em barrancos. Esse animal não inocula seu veneno através de uma picada, mas, sim, lançando os pelos que recobrem todo o seu corpo quando se sente ameaçada. No local atingido, é comum sentir dor forte irradiada e inchaço. Também podem aparecer febre, hipertensão e arritmias. � Viúva negra: essa aranha possui apenas 2 centímetros de tamanho, mas pode causar acidentes graves, uma vez que seu veneno é 15 vezes mais forte do que o de uma cascavel. Ela possui esse nome pois, após a cópula, o macho fica preso em suas teias, morrendo logo depois. É possível encontrá-la na natureza em arbustos ou em ambientes domés- ticos, como em portas e atrás de móveis. A aparência desse animal é chamativa, pois tem pernas longas e um corpo redondo e vermelho. Por mais que o nome assuste, essas aranhas não são agressivas, somente picam para se defender. A picada não é muito dolorosa e os sintomas, como câimbras e fortes dores musculares, costumam a aparecer após 15 minutos. Por o veneno atingir o sistema nervoso central, é possível que ocorram delírios, paralisia de membros, dor no peito, dificuldade para respirar e pulso acelerado. � Armadeira: essa aranha está entre as maiores registradas, podendo medir 15 centímetros, além de ser um animal agressivo. Sempre que a aranha armadeira se sente ameaçada, ela fica sobre as patas traseiras, erguendo as dianteiras. Durante o ataque, ela pode saltar mais de 30 centímetros, o que é o dobro do seu tamanho. É muito comum no meio de bananeiras, em entulhos, telhas e tijolos. A sua picada é bastante dolorida e é comum ficar marcada no corpo da vítima com duas pe- quenas bolinhas. O seu veneno é tão perigoso que pode ser fatal para crianças e idosos, podendo apresentar sintomas como dificuldades de respiração, vômitos, pulso acelerado, febre, suor e vertigens, além de dor intensa no local da picada. 3Acidentes com animais venenosos, peçonhentos e não peçonhentos Figura 1. (a) Aranha armadeira; (b) aranha marrom; (c) aranha caranguejeira; (d) viúva negra. Fonte: a) Prandi (2015); b) Dipil (2018); c) Chernilevsky (2009); d) Duque (2018). (a) (c) (d) (b) Escorpiões � Amarelo: você já deve ter ouvido falar nesse animal, que, no ano de 2018, causou 140 mil acidentes, segundo dados do Ministério da Saúde. Apesar do seu pequeno tamanho (apenas 7 centímetros), esse animal pode causar acidentes graves. Ele possui um ferrão na ponta da cauda, por onde injeta o veneno em suas vítimas. No local da picada é co- mum sentir dor irradiada e formigamento, além de sudorese, pressão alta, excesso de salivação, bradicardia, dislalia, disfagia e diplopia, convulsões, insuficiência cardíaca, edema agudo do pulmão, choque, coma, insuficiência renal e, em casos mais graves, como em crianças e idosos, o óbito. � Marrom: esse animal possui 7 centímetros, as pernas amareladas, o corpo marrom escuro e a cauda marrom, onde está localizado o ferrão. Assim como o escorpião amarelo, esse também é um animal urbano, gostando de locais escuros e frescos. No local da picada podem surgir dor imediata, intensa e irradiada, além de náuseas, vômitos, dormência, lacrimejamento, palidez, sudorese, hipo ou hipertermia, agitação e hipertensão arterial. Acidentes com animais venenosos, peçonhentos e não peçonhentos4 Figura 2. (a) Escorpião marrom; (b) escorpião amarelo. Fonte: a) Termitek ([2019]); b) Estância de Atibaia (2018). (a) (b) Serpentes As serpentes (Figura 3) são animais vertebrados e carnívoros, pertencentes ao grupo dos répteis. Não possuem patas, pálpebras ou ouvido externo. A língua é bifurcada, e a pele é recoberta por escamas. Algumas espécies são peçonhentas, podendo provocar acidentes graves, entretanto outras não ofe- recem risco aos seres humanos (FUNED, 2015). Falaremos aqui apenas das serpentes venenosas e peçonhentas. � Jararaca: esse animal é facilmente encontrado em campos e matas. Ela pode atingir 2 metros de comprimento e possui manchas triangulares escuras ao longo do copo e uma faixa preta atrás dos olhos. O seu veneno é transmitido pela picada, e no local da picada podem aparecer sangramento, dor, inchaço e hematoma. Podem surgir bolhas na gengiva e nariz e escurecimento de urina. � Cascavel: em se tratando de comprimento, esse animal pode ter até 1,8 metros, alcançando um máximo de 2 metros. Essa cobra é bastante conhecida por seu chocalho, que produz um ruído característico que a mesma utiliza para chamar a atenção de suas presas. Seu veneno é muito perigoso, causando a destruição das células do sangue das vítimas e lesões musculares, afetando os sistemas nervoso e renal. O tratamento compreende o uso de soro antiofídico. 5Acidentescom animais venenosos, peçonhentos e não peçonhentos � Coral: esse animal possui uma aparência bastante característica, com anéis pretos, vermelhos e amarelos (ou brancos) por todo o corpo. Possui corpo e cabeça cilíndricos. Vive em vegetações rasteiras e ma- tas fechadas. Apesar de não ser agressiva, sua picada pode provocar inchaço, dor, formigamento, visão turva e dificuldade de deglutição. � Surucucu: esse animal é original da mata atlântica e amazônica. Possui corpo alaranjado com escamas grandes e manchas negras, podendo chegar a 2,5 metros de comprimento. Possui hábitos noturnos, sendo difícil encontrá-la durante o dia, uma vez que fica escondida em troncos de árvores e arbustos. Sua picada pode causar dor, inchaço e hematoma, sangramentos, sudoreses, vômitos, náuseas, diarreia e pressão baixa. Figura 3. (a) Surucucu; (b) coral; (c) cascavel; (d) jararaca. Fonte: a) Vivimetaliun (2016); b) Bucheroni (2018); c) Martins (2016); d) Mundo Insólito (2018).. (c) (b) (d) (a) Acidentes com animais venenosos, peçonhentos e não peçonhentos6 Insetos Os insetos (Figura 4) formam um grupo de animais invertebrados que se destaca pela presença de asas e seis pernas. Possuem o corpo dividido em cabeça, tórax e abdômen. Nesse grupo estão incluídas as abelhas, que se diferenciam das vespas e dos marimbondos por se alimentarem de pólen e néctar (FUNED, 2015). � Abelha africana: esse animal possui 2 centímetros e pode ser facil- mente encontrado na cidade. Possui um corpo listrado amarelo e preto, com a cabeça e pernas pretas, além de um comportamento agressivo, injetando o seu veneno através de um ferrão na parte posterior do corpo, que deixa cravado na sua vítima, podendo atacar apenas uma vez em toda sua vida. Sua ferroada pode trazer sintomas como dor, inchaço e vermelhidão no local da picada. O tratamento inclui a remoção do ferrão, anti-histamínicos, analgésicos e corticoides. � Vespa: esse animal está presente em quase todas as regiões do mundo, principalmente em locais quentes. Possuem pequenas asas e um ferrão para se defender, que deixam cravado na sua vítima. Sua picada é ex- tremamente dolorida e pode ser fatal caso a pessoa seja alérgica, o que é bastante raro. No geral, sua picada não é fatal, causando dor, inchaço e vermelhidão no local da picada. O tratamento inclui a remoção do ferrão, anti-histamínicos, analgésicos e corticoides. � Lacraias: também conhecidas como centopeias, tem hábitos noturnos e medem 23 centímetros. Possuem 21 par de patas e ferrões venenosos, por onde injetam o veneno. O veneno desses animais não gera muitos riscos para os seres humanos, gerando apenas dor forte e inchaço (edema) no local da picada. Em acidentes com lacraias grandes também podem ocorrer febre, calafrios, tremores e suores, além de uma pequena ferida. � Marimbondos: esses animais possuem uma péssima reputação, mas não são agressivos, apenas atacam para se defender. Costumam fazer seu ninho em locais altos, como árvores e telhados. Assim como as abelhas e vespas, esse animal possui ferrão, com o que ataca suas vítimas, transmitindo seu veneno, que, de maneira geral, não é perigoso para os humanos, causando apenas desconfortos no local da picada. 7Acidentes com animais venenosos, peçonhentos e não peçonhentos Figura 4. (a) Marimbondo Cavalo; (b) lacraia; (c) vespa; (d) abelha africana. Fonte: (a) Insteologia (2018); (b) Rio de Janeiro ([2019]; (c) Meus animais (2019); (d) Dutra (2018). (a) (c) (d) (b) Conhecer e reconhecer esses animais no ambiente é de enorme relevância para auxiliar na prevenção, evitando ficar próximo desses animais, assim como é essencial para o tratamento adequado, uma vez que cada veneno possui diferentes reações e diferentes tratamentos. A seguir, você irá visualizar os animais venenosos não-peçonhentos. Animais venenosos Similares aos animais peçonhentos, os animais venenosos (Figura 5) são aqueles que possuem toxinas tóxicas a outros animais e a outros seres hu- manos. O que os diferencia é que estes animais não apresentam mecanismos para inocular o mesmo, ou seja não possuem um mecanismo de ataque como ferrões ou presas. O envenenamento nestes casos é causado ao acaso. Um exemple é quando uma taturana verde passa pela mão de uma pessoa, ou quando esmagamos um sapo, ou ainda por ingestão, como no caso do peixe baiacu, que possui toxinas em vários tecidos do corpo, como o fígado, as brânquias e os intestinos, e pode causar envenenamento caso seja ingerido. Acidentes com animais venenosos, peçonhentos e não peçonhentos8 Figura 5. (a) Sapo cururu (Rhaebo guttatus), possui glândulas de veneno atrás dos olhos; ele solta um jato desse tóxico para sua proteção. (b) Taturana verde. Fonte: (a) Santos ([2019]); (b) Camelia Varsescu/Shutterstock.com. (a) (b) Esses animais não têm o intuito de depositar o veneno, mas, como o pos- suem, é necessário tomar alguns cuidados, como não encostar neles sem luvas ou proteção e evitar apertá-los, bem como tomar ciência se o animal pode ser ingerido. Alguns animais, como cobras, estão presentes na classe de animais peçonhentos, mas algumas espécies não possuem veneno, sendo inofensivas, como as cobras jararaquinha de jardim, jiboia e falsa coral. Não apenas esses animais possuem venenos produzidos pelo seu próprio organismo como podem gerar danos à saúde dos humanos. Alguns animais com aparências inofensivas como gatos e cachorros também podem possuir doenças causadas por vírus, fungos ou bactérias que podem ser transmitidas aos seres humanos com consequências importantes, conforme você verá a seguir. Animais domésticos Os animais domésticos englobam os gatos, cachorros e ratos. Mesmo que esses animais tenham um convívio pacífico com os seres humanos, alguns acidentes, como mordidas e arranhões, podem acontecer, sendo os cães responsáveis por 80% dos casos, segundo a Brasil (2003). 9Acidentes com animais venenosos, peçonhentos e não peçonhentos Cachorros e gatos, quando não devidamente vacinados, podem contrair doenças como a raiva, que é passada para os seres humanos através da mordida. Ratos são conhecidos pelas inúmeras doenças que transmitem, principalmente a leptospirose, pela urina do rato e do gato, que traz riscos graves à saúde. Normalmente esses animais são responsáveis por incubarem uma determi- nada bactéria que, em alguns casos, não apresenta riscos à saúde do animal, mas quando entram em contato com os seres humanos, através de mordidas e arranhaduras, podem gerar doenças graves, conforme você verá no Quadro 1. Fonte: Adaptado de Brasil (2003). Doença Animal Sintomas Forma de transmissão Raiva Cachorro, gato, morcego Confusão mental, febre, náuseas, calafrios, dor de garganta. Mordida de animal infectado. Tularemia Gato Perda de peso, inchaço, cansaço, dor no corpo, tosse seca, dor de cabeça, gânglios linfáticos inchados. Contato com sangue ou fluido animal contaminado. Leptos- pirose Rato e gato Vômito, diarreia, tosse, febre, dor no corpo (principalmente nas panturrilhas). Contato com urina de gatos e ratos contaminados. Blasto- micose Gato e cachorro Dor no peito, sudorese, febre, calafrios, dificuldade respiratória, manchas na pele. São fungos que podem estar no pelo de animais e causam riscos quando são inalados. Doença da arranhadura do gato Gato Vermelhidão, inflamação, criação de crosta. Arranhadura de animal que possui a bactéria nas unhas. Quadro 1. Doenças causadas por animais domésticos, sintomas e formas de transmissão Acidentes com animais venenosos, peçonhentos e não peçonhentos10 Doenças como a tularemia e a raiva podem ser transmitidas de maneira indireta. Isso ocorre quando uma pulga ou um carrapato entra em contato com o animal infectado, estando, assim, ele, contaminado e passível de transmitir a doença caso entre em contato com outro animal ou ser humano. Esse tipo de infecção é menos comum, graças aos avanços no saneamento, coleta seletiva e higiene,que controlam pragas como pulgas e carrapatos em seres humanos. Acidentes com esses tipos de animais podem ser perigosos, causando desconfortos no local da picada até complicações mais sérias de saúde. É muito importante identificar o animal para que o a equipe de saúde possa prestar o atendimento adequado para cada caso, favorecendo, assim, a recuperação da pessoa acidentada. É muito importante prestar atendimento de primeiros socorros imediatamente; esse detalhe pode fazer a diferença entre a vida e a morte na maioria dos casos. O atendimento de primeiros socorros de animais domésticos você verá a seguir. Atendimento à pessoa com mordida de animais Os animais domésticos são muito comuns nos domicílios brasileiros, parecendo, por vezes, inofensivos. Mas essa impressão pode ser muito equivocada, uma vez que esses animais podem causar acidentes como mordidas e arranhões, que podem gerar complicações quando o animal não tem as devidas vacinações e cuidados de higiene. São muitos os motivos que levam ao ataque de algum animal, podendo ser por seu instinto de proteção ou quando se sentem acuados. Dependendo do tamanho do animal, esses ferimentos podem causar penetrações e lacerações entre outros acometimentos ao membro. Vale lembrar que os animais possuem diversas bactérias na boca e nas unhas que podem causar infecções no organismo humano. Além desses micror- ganismos que os animais possuem naturalmente, algumas doenças causadas por vírus e bactérias que são transmitidas pela saliva — como no caso de mordidas — que geram agravos de saúde importantes nos humanos. Em caso de mordidas e arranhaduras de animais, é importante seguir alguns passos (FUNED, 2015), que devem se feitos imediatamente, uma vez que, quanto mais rápido for o atendimento, menores são as chances de complicações. 11Acidentes com animais venenosos, peçonhentos e não peçonhentos Mordeduras Em casos de mordeduras por animais domésticos, aconselha-se realizar ime- diatamente os seguintes passos. 1. Avaliar a cena do acidente. 2. Realizar a avaliação inicial da vítima. 3. Lavar bem o local da mordida com água corrente e sabão neutro. O ferimento deve ser lavado por, pelo menos, cinco minutos na água cor- rente. Essa medida é importante para impedir que as bactérias contidas na boca dos animais gerem infecções até a chegada do atendimento especializado. 4. Aplicar antisséptico no ferimento. 5. Em casos de penetração, é recomendado deixar que o ferimento san- gre por um tempo, com o intuito de auxiliar a expulsar as bactérias do organismo para depois fazer um curativo compressivo, até que o sangramento cesse. 6. Imobilizar o membro que foi afetado, elevando o mesmo. 7. Levar a pessoa mordida para receber atendimento médico. Caso você tenha um animal, é importante ter em um local de fácil acesso a carteira de vacina dele, assim, caso ele morda algum outro animal ou até mesmo uma pessoa, será possível verificar suas vacinas. É muito importante informar à equipe de saúde se o animal que lhe atacou possui as vacinas em dia ou não. Essas informações serão importantes para o tratamento e para a decisão sobre a utilização de vacinas ou antibióticos. Com a orientação médica, é importante fazer curativos com o intuito de diminuir o risco de infecção, criando uma barreira protetora contra os mi- crorganismos. Além disto, é adequado manter a pessoa vítima desse acidente sobre observação, encaminhando-a imediatamente para o serviço de saúde caso apareçam sintomas como febre, vermelhidão do local da mordida, ou outros sintomas como os descritos no Quadro 1. Acidentes com animais venenosos, peçonhentos e não peçonhentos12 Normalmente, os procedimentos mais comuns são a aplicação de vacinas antirrábicas e antitetânicas, além de antibióticos. A vacina antirrábica é aplicada em cinco doses ao longo de 28 dias, sendo um tratamento longo e necessário para evitar maiores preocupações. Além do atendimento à vítima do acidente, é importante observar os ani- mais. Em casos de mordidas, o animal também deve ficar em observação por pelo menos oito dias. Caso ele apresente sintomas ou evolua ao óbito, é importante levá-lo ao veterinário. Quando verificar algum animal com sintomas ou que evolua a óbito após ter mordido uma pessoa, você deve informar a Diretoria de Vigilância Epidemiológica (DIVEP) — Núcleo de Zoonoses e Vetores pelo telefone (82) 3315-1669. A maneira mais simples de evitar tais complicações é manter o cuidado com os animais, como: � vacinar os animais (gatos, cachorros, coelhos) anualmente; � educar as crianças quanto à conduta com estes animais, evitando provocá-los e não brincando com animais desconhecidos; � se em qualquer momento, mesmo que ele não tenha atacado nenhuma pessoa, surgirem dúvidas sobre o estado de saúde do animal (como se ele possui raiva ou não) é importante mantê-lo isolado por, no mínimo, 10 dias, e, caso os sintomas continuem, levá-lo ao veterinário. Arranhaduras Em casos de arranhaduras por animais domésticos, aconselha-se realizar imediatamente os seguintes passos: 1. Lavar com abundância o local do acidente com água corrente e sabão líquido. 2. Cobrir com gaze e enfaixar. 3. Encaminhar para o serviço médico. 13Acidentes com animais venenosos, peçonhentos e não peçonhentos Um atendimento de primeiros socorros adequado e eficiente pode fazer a diferença no estado de saúde de uma pessoa que sofre uma mordida de um animal. Conhecer e cuidar com vacinas e higienização adequadas auxiliam a evitar maiores agravos de saúde nos animais, bem como nos seres humanos. Muito mais perigosos do que os animais domésticos são os animais peçonhentos e venenos, que possuem atendimentos de primeiros socorros especializados, conforme será abordado no próximo tópico. Atendimento à pessoa vítima de acidente com animal peçonhento Os acidentes com animais peçonhentos são perigosos, causando diversos agravos de saúde agudos e crônicos, podendo, em alguns casos, evoluir a óbito. Portanto é importante prestar o atendimento adequado no menor tempo possível. É importante verificar se a pessoa que sofreu o acidente não apresenta alergias àquele animal, o que pode ser um complicador nesses casos. A seguir, veremos alguns passos que servem para o atendimento de pri- meiros socorros. 1. Manter a calma. 2. Observar a cena do acidente. 3. Observar os sinais vitais da vítima. 4. Não pegar o animal agressor na mão, evitando ser picado por ele também. 5. Levar o animal para que a equipe de saúde possa identifica-lo e dar o melhor atendimento possível. Insetos Nesses casos, não existe um tratamento específico para acidentes com esse tipo de animais, mas existem alguns passos que, se forem seguidos, podem auxiliar no atendimento. 1. Encaminhar a vítima ao serviço de saúde. 2. Não dê nenhum tipo de bebidas alcoólica à vítima de acidentes. Acidentes com animais venenosos, peçonhentos e não peçonhentos14 Escorpiões Os ataques desses animais são muito comuns no Brasil, especialmente em crianças. Cerca de 80% dos acidentes acontecem na região sudeste. Apenas 1% desses acidentes evoluem a óbito. Esses animais aparecem nos domicílios principalmente nos meses mais quentes do ano (BRASIL, 2003). Para realizar o atendimento de primeiros socorros, é necessário seguir alguns passos. 1. Lavar o ferimento com água corrente. 2. Colocar gelo no local para auxiliar no alívio da dor. Aranhas Esses animais aparecem normalmente em madeiras empilhadas e aglomerados de flores e plantas. Sempre que algum acidente com aranhas acontecer, é importante seguir alguns passos. 1. Diferentes tipos de aranhas apresentam diferentes sintomas quando inoculam o seu veneno no organismo – por isso é importante identificar o animal. 2. Aplicar bolsa de gelo no local do ferimento com o intuito de diminuir a dor. 3. Encaminhar a vítima para um serviço médico especializado. Cobras Dentre os animais peçonhentos, as cobras ocupam lugar de destaque, prin- cipalmente pelo seugrande tamanho e letalidade do seu ataque. Entretanto, existem também as cobras que não possuem veneno e não oferecem risco aos seres humano. O atendimento de primeiros socorros deve ocorrer nos primei- ros trinta minutos, buscando evitar que o veneno seja totalmente absorvido pelo organismo. Portanto, o atendimento de primeiros socorros mostra-se fundamental no caso de acidentes com esses animais. 1. Deitar a vítima em decúbito dorsal, em repouso, evitando atividades que aumentem a frequência cardíaca. Esse aumento intensifica a circulação, o que pode facilitar e acelerar a absorção do veneno pelo organismo. 2. Lavar o local da picada em água corrente, utilizando sabão líquido. 3. Não perfurar ou cortar o local da picada para remover o veneno. 15Acidentes com animais venenosos, peçonhentos e não peçonhentos 4. Não chupar o ferimento com o intuito de remover o veneno. 5. Não colocar folhas, pó de café ou outras substâncias sobre o ferimento. Isso pode facilitar a contaminação e a infecção. 6. Não fazer o garroteamento do membro afetado. 7. Manter o local do ferimento elevado. 8. Dar bastante líquido para a vítima, mantendo-a hidratada. 9. Não dar a vítima álcool ou outras drogas depressoras do sistema nervoso central. 10. Levar a vítima para o atendimento de saúde o mais breve possível. No Brasil existem três importantes centros que fabricam o soro antiofídico, que é o único tratamento eficaz contra mordida de cobra. São eles: o Instituto Butantã (São Paulo), o Instituto Vital Brazil (Niterói) e a Fundação Ezequiel Dias (Belo Horizonte). Como todos os diversos tipos de acidentes que podem acometer uma pes- soa, em relação aos acidentes com animais, sejam eles peçonhentos os não, é importante que todos os profissionais de saúde, ou aqueles que lidam com pessoas, como professores de Educação Física, conheçam os procedimentos de primeiros socorros adequados, o que faz a diferença no quadro de saúde de todas as pessoas envolvidas nesses processos. Em um caso de acidente como os citados ao longo deste capítulo, é importante ter ciência de que o tempo é um fator crucial, sendo determinante para salvar ou não a vida de uma pessoa. Também é importante lembrar que prevenir esses acidentes é a melhor medida a ser tomada, utilizando-se de repelentes, não mexer em madeiras e folhas secas sem a devida proteção ou, ainda, utilizar sapatos como botas para andar dentro de matas, o que irá impedir que cobras atinjam a pele no caso de um ataque. Acidentes com animais venenosos, peçonhentos e não peçonhentos16 BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de primeiros socorros. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2003. Disponível em: http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/manuais/biosseguranca/ manualdeprimeirossocorros.pdf. Acesso em: 3 ago. 2019. BUCHERONI, G. Coral-verdadeira e falsa-coral são extremamente parecidas e confundem predadores. Brasil, 2018. 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Levar uma picada de escorpião marrom não é nada agradável. Brasil, [2019]. Disponível em: https://termitek.com.br/blog/picada-do-escorpiao-marrom-saiba-o- -que-fazer/. Acesso em: 3 ago. 2019. VIVIMETALIUN. Surucucu é a maior cobra peçonhenta da América do Sul. Brasil, 2016. Disponível em: https://vivimetaliun.wordpress.com/2016/01/17/surucucu-e-a-maior- -cobra-peconhenta-da-america-do-sul/. Acesso em: 3 ago. 2019. Acidentes com animais venenosos, peçonhentos e não peçonhentos18
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