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ANAIS DO V SEMINÁRIO DE DIREITO DO ESTADO - 
“ALTERNATIVAS POLÍTICAS E RESPOSTAS JURÍDICAS 
DIANTE DA CRISE DAS INSTITUIÇÕES”
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
Reitor
Prof. Dr. Pasqual Barretti
Vice-Reitora
Profa. Dra. Maysa Furlan
Pró-Reitor de Pesquisa
Prof. Dr. Edson Cocchieri Botelho
Pró-Reitor de Extensão Universitária e Cultura
Prof. Dr. Raul Borges Guimarães
FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
Diretor
Prof. Dr. Murilo Gaspardo
Vice-Diretora
Profa. Dra. Nanci Soares
Comissão Editorial UNESP - Câmpus de Franca
Presidente
Prof. Dr. Murilo Gaspardo
Membros
Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa
Prof. Dr. Alexandre Marques Mendes
Profa. Dra. Analúcia Bueno Reis Giometti
Profa. Dra. Cirlene Aparecida Hilário da Silva Oliveira
Profa. Dra. Elisabete Maniglia
Prof. Dr. Genaro Alvarenga Fonseca
Profa. Dra. Helen Barbosa Raiz 
Profa. Dra. Hilda Maria Gonçalves da Silva
Prof. Dr. Jean Marcel Carvalho França
Prof. Dr. José Duarte Neto
Profa. Dra. Josiani Julião Alves de Oliveira
Prof. Dr. Luis Alexandre Fuccille
Profa. Dra. Paula Regina de Jesus Pinsetta Pavarina
Prof. Dr. Paulo César Corrêa Borges
Prof. Dr. Ricardo Alexandre Ferreira
Profa. Dra. Rita de Cássia Aparecida Biason
Profa. Dra. Valéria dos Santos Guimarães
Profa. Dra. Vânia de Fátima Martino
Murilo Gaspardo
José Duarte Neto
(Orgs)
ANAIS DO V SEMINÁRIO DE DIREITO DO ESTADO - 
“ALTERNATIVAS POLÍTICAS E RESPOSTAS JURÍDICAS 
DIANTE DA CRISE DAS INSTITUIÇÕES”
Câmpus de Franca
2022
© 2022 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – UNESP
Faculdade de Ciências Humanas e Sociais – Franca - Contato
Av. Eufrásia Monteiro Petráglia, 900, CEP 14409-160, Jd. Petráglia / Franca – SP
publica.franca@unesp.br
Diagramação e Revisão
Sandra Aparecida Cintra Ferreira (STAEPE)
Carlos Alberto Bernardes (STAEPE)
Adolfo Raphael Silva Mariano de Oliveira 
Márcio Augusto Garcia - ASS. ADM
Comissão Organizadora
 Adolfo Raphael Silva Mariano de Oliveira
Alfredo Minuci Lugato
Jackeline Ferreira da Costa
Joao Raul Penariol Fernandes Gomes
Letícia Rezende Santos
Liz Marina Tamião Santana
Mayara Paschoal Michéias
Murilo Gaspardo
Nathalia Neves Escher
Rafael dos Anjos Souza
Renan Lucas Dutra Urban
Yasmin Commar Curia
 V Seminário de Direito do Estado : “Alternativas políticas e respostas jurídicas 
diante da crise das instituições” / Murilo Gaspardo, José Duarte Neto (orgs).
 –Franca : UNESP – FCHS, 2022.
 
 900 p.
 ISSN: 2526-0391
 
 1. Direito Público. 2. Segurança jurídica. 3. Políticas públicas. 4. Estado.
 I. Título. II. Gaspardo, Murilo. III. Duarte Neto, José. 
 
 CDD – 340
 Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Andreia Beatriz Pereira – CRB8/8773
ORGANIZAÇÃO:
Departamento de Direito Público da Faculdade de Ciências Humanas e 
Sociais (FCHS) da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita 
Filho” (Unesp)/ Campus de Franca - SP
Grupo de Pesquisa “Governança Global, Direitos Humanos e 
Democracia”
Núcleo de Cidadania Ativa da Unesp/Franca – SP
Núcleo de Estudos de Justiça Constitucional e Democracia
Grupo de Pesquisa em “Direito Regulatório”
COORDENAÇÃO:
Professor Doutor Murilo Gaspardo (Departamento de Direito Público/
FCHS/UNESP)
Professor Doutor José Duarte Neto (Departamento de Direito Público/
FCHS/UNESP)
Professor Doutor José Carlos de Oliveira (Departamento de Direito 
Público da FCHS/UNESP)
Professor Doutor Daniel Damásio Borges (Departamento de Direito 
Público da FCHS/UNESP)
APOIO:
Faculdade de Ciências Humanas e Sociais (FCHS) da Universidade
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP)- Câmpus de Franca-
SP
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)
SUMÁRIO
O PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA E A SUPOSTA 
ABERRAÇÃO JURÍDICA PREVISTA NA REJEIÇÃO DE 
MEDIDAS PROVISÓRIAS
Letícia Filgueira Bauab
Daniel Fernandes Nato .............................................................................19
A OPERAÇÃO LAVA JATO, O ABUSO E A ESPETACULARIZAÇÃO 
DAS PRISÕES PREVENTIVAS
Leonardo Sousa dos Santos Moura
Victor Rodrigues Nascimento Vieira .......................................................33
EVOLUÇÃO JURÍDICO-PENAL DO COMBATE AO TRABALHO 
ANÁLOGO À ESCRAVIDÃO NA ARGENTINA: ANÁLISE À LUZ 
DA INFLUÊNCIA DA LEGISLAÇÃO INTERNACIONAL
Luiz Henrique Garbellini Filho
Paulo César Corrêa Borges ......................................................................51
APLICABILIDADE DA TEORIA DA CONTINUIDADE DELITIVA 
NAS INFRAÇÕES AMBIENTAIS
Marilia Rodrigues Mazzola
Priscylla Gomes de Lima
Roberto Alves de Oliveira Filho ..............................................................65
A VINCULAÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DOS ESTADOS 
DEMOCRÁTICOS SOCIAIS DE DIREITO AOS DIREITOS 
FUNDAMENTAIS SOCIAIS
Dailson Soares de Rezende
Maria Eugênia Ugucione Biffi .................................................................79
PRIMEIROS DELINEAMENTOS SOBRE A INCONSISTÊNCIA 
DO MODELO CONSTITUCIONAL DE REPARTIÇÃO DE 
COMPETÊNCIAS PELO PRISMA DA PROTEÇÃO AMBIENTAL 
NOS MUNICÍPIOS - O PAPEL MARGINAL DOS ENTES LOCAIS
Marcel Britto ............................................................................................93
A APLICAÇÃO DO INSTITUTO DA PRESCRIÇÃO 
INTERCORRENTE E OS RESULTADOS BENÉFICOS E 
PREJUDICIAIS DE SUA APLICABILIDADE EM TEMPOS 
DE CRISE INSTITUCIONAL DOS PODERES EXECUTIVOS 
MUNICIPAIS
Juliana Balbino dos Reis
Ricardo Nunes de Oliveira
Willian Albano Rocha ............................................................................105
A ANTIGA PEC LEI DA MORDAÇA: UMA RESTRIÇÃO A 
LIBERDADE DE INFORMAÇÃO OU UMA COIBIÇÃO AO 
ESTRELISMO EXAGERADO E SUA POSSÍVEL SEMELHANÇA 
COM AS EMENDAS À LEI ANTICORRUPÇÃO
Letícia Filgueira Bauab
Daniel Fernandes Nato ...........................................................................115
PARLAMENTO JOVEM COMO INSTRUMENTO DE EDUCAÇÃO 
CIDADÃ DAS CASAS LEGISLATIVAS: UMA ANÁLISE DA 
ATIVIDADE NA CÂMARA MUNICIPAL DE JABOTICABAL-SP
Denise Cardozo
Silvia Cristina Mazaro Fermino
Marcela Francine Garavello ...................................................................131
AS REFORMAS DO ESTADO E DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
NO BRASIL REPUBLICANO (1937-1998)
Caio César Vioto de Andrade .................................................................143
FINANCIAMENTO ILÍCITO PARTIDÁRIO
Cauê Varjão de Lima ..............................................................................157
DIREITO E PODER POLÍTICO: A ATUAÇÃO DO SUPREMO 
TRIBUNAL FEDERAL NA OPERAÇÃO LAVA JATO
Luiz Antonio Martins Cambuhy Júnior .................................................173
DEMANDAS COMPLEXAS E DESEMPENHO LEGISLATIVO NO 
CONGRESSO NACIONAL: O CASO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS 
PARA EDUCAÇÃO INFANTIL BRASILEIRA (2001-2010)
Sara Tironi ..............................................................................................187
PSICOLOGIA DE GÊNERO, CRIME E JUSTIÇA
Patricia Massuno ....................................................................................203
PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: 
DELINEAMENTO A PARTIR DA COMPREENSÃO DOS FINS DA 
REFORMA ESTATAL BRASILEIRA DA DÉCADA DE 90
Carolina Guerra e Souza ........................................................................217
POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA: A DISSONÂNCIA NO 
MUNDO DO TRABALHO
Graziela Donizetti dos Reis ...................................................................235
PLANO NACIONAL DA PRIMEIRA INFÂNCIA (2011-2022) E 
MARCO LEGAL DA PRIMEIRA INFÂNCIA (2016): POLÍTICAS 
PÚBLICAS PARA A CONSTRUÇÃO DA CRIANÇA CIDADÃ
Ana Carolina Esposito Vieito
Vera Gers Dimitrov ................................................................................247
PODER VS DIREITO: O DESMANTELAMENTO 
CONSTITUCIONAL BRASILEIRO A PARTIR DO EMBATE 
ENTRE FERDINAND LASSALE E KONRAD HESSE
Felipe Rodrigues Xavier ........................................................................259OS INSTRUMENTOS DO CONTROLE SOCIAL DE 1967
Amanda Terumi Souza Takata
Anne Martins Sobrinho
Gabriela Teixeira de Souza ....................................................................271
PLEBISCITO E REFERENDO: UMA ANÁLISE CRÍTICA ACERCA 
DO REFERENDO DE 2005
Louislene Rocha Marques de Oliveira
Maksuel Andrade Costa
Washington Vinicius Almeida Dias .......................................................283
OS DIREITOS, DEVERES E CONDUTAS DOS ADOLESCENTES 
INFRATORES SOB UMA ANÁLISE PENAL E CONSTITUCIONAL 
DO ECA
Bruna Nascimento Machado
 Fábio Ruz Borges ..................................................................................297
O PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA COMO POLÍTICA PÚBLICA E 
GARANTIDOR DE DIREITOS
Lúcio Rangel Alves Ortiz .......................................................................307
O MÉTODO APAC COMO ALTERNATIVA PENAL À CRISE DO 
SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO
Bruna Nascimento Machado
Fábio Ruz Borges ...................................................................................323
O MODELO DA CONSTITUIÇÃO DE 1824 E A CONTRADIÇÃO 
PONTUAL DO LIBERALISMO BRASILEIRO
Geovana Soares de Oliveira
Gessyca Romilda Marques da Rocha
Natália Siqueira Alves ............................................................................339
O ESTATUTO DA FAMÍLIA E A INTOLERÂNCIA PARA COM AS 
FAMÍLIAS HOMOAFETIVAS COMO RESULTADO DE AÇÕES 
POLÍTICAS EXCLUDENTES
Bruno Tozo Figueiredo
Marina Bonissato Frattari
Rozaine Ap. Fontes Tomaz ....................................................................355
O CALENDÁRIO CIVIL BRASILEIRO COMO RESULTADO 
DA NÃO EFETIVAÇÃO DO ESTADO LAICO DEVIDO A UMA 
HERANÇA CRISTÃ
Marina Bonissato Frattari
Rozaine Ap. Fontes Tomaz ....................................................................367
O FRACASSO DA PENA DE PRISÃO E AS MEDIDAS DE 
COMPENSAÇÃO NA EXECUÇÃO PENAL PARA MINIMIZAR A 
SUPERLOTAÇÃO E A CRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO 
BRASILEIRO
Juliana Aparecida de Lima .....................................................................377
NATUREZA JURÍDICA E HERMENÊUTICA (COMPREENSÃO) 
DAS QUALIFICAÇÕES DO HOMICÍDIO QUALIFICADO E 
FEMINICÍDIO
Luciana Sparsa Menegasso
Ellen Cássia Giacomini Casali ...............................................................387
MECANISMOS DE PARTICIPAÇÃO DA SOCIEDADE CIVIL NAS 
CONFERÊNCIAS INTERNACIONAIS - ONU HABITAT II E ONU 
HABITAT III
Cesar Andre Machado de Morais ...........................................................401
GLOBALIZAÇÃO E DIREITO INTERNACIONAL: A BUSCA DA 
EFICÁCIA DA ORDEM JURÍDICA INTERNACIONAL E SUA 
INTERNALIZAÇÃO
Renata Aparecida Follone
Otávio Rezende ......................................................................................413
CRISE NO JUDICIÁRIO E AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE 
MEDIAÇÃO E EDUCAÇÃO
Amaranta Vasconcelos Silva
Isadora Beatriz Magalhães Santos .........................................................425
DIREITOS ADQUIRIDOS PELAS MULHERES APÓS A 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 – PARTICIPAÇÃO ATIVA E 
PASSIVA NA POLÍTICA BRASILEIRA
William Albano Rocha
Juliana Balbino dos Reis
Ricardo Nunes de Oliveira .....................................................................437
DO CAFÉ À SOJA: A REPRODUÇÃO BRASILEIRA DA 
ESTRUTURA AGRÁRIA ARTICULADA A PARTIR DE 
FLORESTAN FERNANDES
Vanessa de Castro Rosa .........................................................................445
DEMOCRACIA, URBANISMO E A CRISE DE IDENTIDADE DO 
ESTADO
André Simionato Castro
Claudia Elias Valente .............................................................................459
CRISE INSTITUCIONAL E VIOLÊNCIA CONTRA O ÍNDIO: A 
PERMANÊNCIA HISTÓRICA DA INJUSTIÇA
Luiz Adriano Moretti dos Santos
Stéfanie dos Santos Spezamiglio ...........................................................473
ESTADO E SECULARISMO: ABORDAGEM COMPARATIVA EM 
HABERMAS, RATZINGER E TAYLOR
Felipe Henrique Canaval Gomes
Kaleo Dornaika Guaraty
Marcio Henrique Pereira Ponzilacqua ...................................................493
CRIMES INFORMÁTICOS: COMENTÁRIOS AO PROJETO DE 
LEI Nº 5.555/13
André Luiz Pereira Spinieli ...................................................................507
CRISE DO SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO E A 
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
Loyana Christian de Lima Tomaz
Nayara de Paula Moraes ........................................................................519
CRISE CONSTITUCIONAL E O NOVO DESENVOLVIMENTO: 
CONSIDERAÇÕES QUANTO À ORDEM ECONÔMICA 
CONSTITUCIONAL
Luiz Adriano Moretti dos Santos
Stéfanie dos Santos Spezamiglio ...........................................................529
CENÁRIO DA BOMBA-RELÓGIO E A RELATIVIZAÇÃO DA 
PROIBIÇÃO DA TORTURA
André Luiz Pereira Spinieli ...................................................................545
CARACTERIZAÇÃO E SUPERAÇÃO DO ATIVISMO JUDICIAL 
EM MATÉRIA DE SAÚDE
Luciana Campanelli Romeu ...................................................................561
O DESAFIO NORTEADOR DA INSERÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL 
A POLÍTICA OPUBLICA DE EDUCAÇÃO
Bárbara Sousa Piraí
Elisângela de Jesus Silva .......................................................................575
A JUDICIALIZAÇÃO EXCEPCIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS 
COMO FORMA DE DESENVOLVIMENTO DO ESTADO
Taisa Cintra Dosso .................................................................................589
APLICAÇÃO DAS TEORIAS DE THOMAS PIKETTY E 
ZYGMUND BAUMAN COMO ALTERNATIVAS PARA UMA 
MAIOR DISTRIBUIÇÃO DA RIQUEZA
Isis De Angellis Sanches Alexandrino ...................................................561
A INTEGRAÇÃO INTERNO-INTERNACIONAL DO 
POSICIONAMENTO BRASILEIRO SOBRE A PROTEÇÃO DOS 
DIREITOS HUMANOS FRENTE AO STF E O JULGAMENTO DO 
CASO GOMES LUND E OUTROS VS BRASIL
Jamerson Soares Santos de Oliveira ......................................................615
DIREITO E COAÇÃO: ANÁLISE DO RE 693456 S PARTIR DA 
ÓTICA KELSENIANA
Elias Andraus Neto
Ian Xavier Rodrigues
William Victor Silva Alves de Medeiros ...............................................629
A RELAÇÃO ENTRE OS TRATADOS INTERNACIONAIS 
DE DIREITOS HUMANOS E O ORDENAMENTO JURÍDICO 
BRASILEIRO
Gabriel Leví Borges de Souza ...............................................................641
A UTILIZAÇÃO DAS MEDIDAS DE EXCEÇÃO DE FORMA 
CORRIQUEIRA NO BRASIL
Camila Morita Lujan
Vinícius Fernandes Ormelesi .................................................................657
LIMITES BRASIL-GUIANA: A QUESTÃO DO RIO PIRARA
Andressa de Oliveira Resende
Ana Clara Marques Barbosa
Fernanda Luísa de Assis Resende ..........................................................667
PERSPECTIVAS SOBRE O TRÁFICO DE ORGÃOS DE PESSOAS 
COM ALBINISMO E A RESPOSTA POLITICO-CRIMINAL NA 
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE
Esteves Pedro Dina António Camacho ..................................................677
A FALÊNCIA DA ATUAL POLÍTICA DE DROGAS E SEUS 
EFEITOS COLATERAIS NA SOCIEDADE BRASILEIRA
Pedro Tadeu Stocco Giaretta ..................................................................693
ALTERNATIVAS PARA A SUPERAÇÃO DA CRISE DO SISTEMA 
PENITENCIÁRIO BRASILEIRO: DA MULTIPLICAÇÃO DE 
PRESÍDIOS (E DE PRESOS) AO DESENCARCERAMENTO
Fernanda Cristina Barros Marcondes
José Arthur Fernandes Gentile
Luciana de Freitas ..................................................................................711
O TRABALHO PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL NA 
SAÚDE NA PERSPECTIVA DA EFETIVAÇÃO DOS DIREITOS 
SOCIAIS
Gabriela Cristina Braga Bisco
Fernanda de Oliveira Sarreta .................................................................723
O EXERCÍCIO DA ADVOCACIA CRIMINAL NO ESTADO 
DEMOCRÁTICO DE DIREITO: UM ESTUDO ACERCA DA 
CRIMINALIZAÇÃO DE PROFISSIONAIS QUE ATUAM NA 
DEFESA DE INTEGRANTES DO PCC
Ana Carolina de Sá Juzo
Mariana Pinto Zoccal .............................................................................735
A DEMOCRACIA COSMOPOLITA E A QUESTÃO URBANA: A 
CIDADE COMO SUJEITO E OBJETO DA FORMAÇÃO DE UMA 
NOVA GOVERNANÇA GLOBAL
Frederico Haddad ...................................................................................747PATRIMONIALISMO E ESTAMENTO BUROCRÁTICO: OS 
OBSTÁCULOS À EFETIVAÇÃO DO TEXTO CONSTITUCIONAL 
BRASILEIRO
Luiz Augusto Mendonça Honório
Maria Laura Bolonha Moscardini ..........................................................765
A EVOLUÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS NO BRASIL: 
LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA E CRENÇA X INTOLERÂNCIA 
RELIGIOSA
Clara de Souza Oliveira
Maria Beatriz Appoloni Zambom
Vitor Júnior Araújo Silva .......................................................................779
O PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA COMO 
MODALIDADE DE REMIÇÃO DE PENA
Ana Lucia Cândida Alves ......................................................................791
A CONFORMAÇÃO JURÍDICA DOS CRIMES DE 
RESPONSABILIDADE NO BRASIL: ANÁLISE DOS 
ANTECEDENTES ANGLO-AMERICANOS
Murilo de Robbio ...................................................................................807
OS LIMITES DA INTERVENÇÃO ESTATAL E DA PRESERVAÇÃO 
DE DIREITOS FUNDAMENTAIS NA APLICAÇÃO DA LEI 
ANTITERRORISMO NO BRASIL
Luís Gustavo Arantes .............................................................................817
CRIMINALIZAÇÃO DA IMAGEM DO ADOLESCENTE DA 
PERIFERIA: UMA ANÁLISE À PARTIR DOS RESULTADOS DO 
PROJETO ÉTICA PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES DA 
FACULDADE DE DIREITO DE RIBEIRÃO PRETO
Gabrielli Silva Duarte ............................................................................829
O MODELO DA CONSTITUIÇÃO DE 1937 EM SENTIDO 
ANALÍTICO
Felipe Eduardo de Oliveira Silva ...........................................................841
REFORMA AGRÁRIA E SEGURANÇA ALIMENTAR: UMA 
INTERSECÇÃO FAVORÁVEL AO DESENVOLVIMENTO 
SUSTENTÁVEL
Gil Ramos de Carvalho Neto
Mateus Anderson Botelho ......................................................................849
A REESTRUTURAÇÃO DOS SISTEMAS TRIBUTÁRIOS 
MUNICIPAIS COMO ALTERNATIVA AO ENFRENTAMENTO DA 
CRISE DOS REPASSES DE VERBAS
Maurício Queiroz de Melo Neto
Marcos Simão Figueiras
Samir Vaz Vieira Rocha .........................................................................863
A OPERAÇÃO LAVA JATO, O ABUSO E A ESPECULAÇÃO DAS 
PRISÕES PREVENTIVAS
Leonardo Sousa dos Santos Moura
Victor Rodrigues Nascimento Vieira .....................................................877
POLÍTICAS PÚBLICAS E O DIREITO À SAÚDE LIMITADO 
PELA APLICAÇÃO DE UMA PORTARIA DO MINISTÉRIO DA 
SAÚDE: UM ESTUDO DE CASO
Ana Lélis de Oliveira Garbim
Flávia Haddad França ............................................................................893
V Seminário de Direito do Estado: “alternativas políticas e respostas 
jurídicas diante da crise das instituições” 19
O PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA E A SUPOSTA 
ABERRAÇÃO JURÍDICA PREVISTA NA REJEIÇÃO DE 
MEDIDAS PROVISÓRIAS
Letícia Filgueira Bauab1*
Daniel Fernandes Nato2**
INTRODUÇÃO
A constituição brasileira contém uma série de princípios, que 
auxiliam na interpretação não só da própria Carta Magna, como de 
todas as outras leis. Teoricamente, uma lei que contraria um princípio 
constitucional não deveria sobreviver, visto tantas possibilidades de 
controle de constitucionalidade que são previstas no ordenamento 
jurídico brasileiro. Para o presente estudo, desconsideram-se as hipóteses 
de controle de constitucionalidade, o enfoque é na importância e eficácia 
dos princípios em si. 
De acordo com Spiliotopoulos (2000): “o princípio da 
segurança jurídica é um elemento substancial do Estado de direito, que é 
o fundamento jurídico da dignidade humana, que o Estado democrático 
deve respeitar e proteger”.
Para Willy Zimmer (1999) a confiança é considerada como 
conceito de base da democracia: “Constitui o fundamento moral da 
democracia representativa (que começa com o mandato dos eleitores aos 
eleitos) e se propaga como fundamento de todas as relações travadas pelos 
cidadãos e os poderes públicos”.
Vislumbra-se desde início que o princípio constitucional da 
segurança jurídica possui um alto valor em relação ao cidadão, pois é o 
que lhe garante de fato uma seguridade; é considerado um princípio que 
“confortável”, por sua suposta eficácia em tutelar e consequentemente 
garantir a democracia.
No mesmo âmbito constitucional, têm-se a dita Medida 
Provisória (MP), cujas normas estão previstas no artigo 62 da Constituição 
Federal; é um instrumento com força de Lei, utilizado pelo presidente da 
* Discente do curso de graduação em Direito da Universidade do Estado de Minas Gerais – UEMG 
– Frutal.
** Discente do curso de graduação Direito da Universidade do Estado de Minas Gerais – UEMG 
– Frutal.
V Seminário de Direito do Estado: “alternativas políticas e respostas 
jurídicas diante da crise das instituições” 20
República, apenas em casos de relevância e urgência. Produzindo efeitos 
imediatos, mas a qual depende de aprovação do Congresso Nacional para 
transformação definitiva em lei.
Seu prazo de vigência é de 60 (sessenta) dias, prorrogáveis uma 
vez por igual período.
Se não for aprovada no prazo de 45 (quarenta e cinco) dias, 
contados da sua publicação, a MP tranca a pauta de votações da Casa em 
que se encontrar (Câmara ou Senado) até que seja votada.
Ao chegar ao Congresso Nacional, é criada uma comissão mista, 
formada por deputados e senadores, para aprovar um parecer sobre a 
Medida Provisória. Depois, o texto segue para o Plenário da Câmara e, em 
seguida, para o Plenário do Senado.
Se a Câmara ou o Senado rejeitar a MP ou se ela perder a eficácia, 
os parlamentares têm que editar um decreto legislativo para disciplinar os 
efeitos jurídicos gerados durante sua vigência.
O problema inicia-se quando os parlamentares não editam um 
decreto legislativo que regulamente as situações jurídicas.
A delimitação do problema consiste na abordagem através do viés 
principiológico de apenas uma espécie contida no processo legislativo, a 
medida provisória, que nesse estudo, como já supracitado, é considerada 
como Lei; bem como a abordagem do processo legislativo da Medida 
Provisória, sobretudo na hipótese de rejeição desta, em detrimento do 
princípio da segurança jurídica, visto que, inicialmente, a sobrevivência das 
relações jurídicas regidas por uma medida provisória rejeitada, assemelha-
se a uma aberração do ordenamento jurídico brasileiro.
Vale ressaltar que existem inúmeras discussões doutrinarias 
acerca da eficácia da MP, se ela teria de fato a eficácia inerente às leis, além 
do abuso por parte Presidentes ao lançarem inúmeras Medidas Provisórias 
sem relevância e urgência. Todavia, não é cabível no presente artigo a 
explanação de tais teorias, visto que a delimitação é outra.
A justificativa baseia-se na relevância e na grande utilização de 
Medidas Provisórias para legislar no ordenamento jurídico brasileiro, 
causando um certo receio e sensação de insegurança diante da amplitude 
de matérias que podem constituir objeto de uma medida; bem como a 
necessidade de um amparo legal nas relações.
O objetivo consiste em afirmar que as situações decorridas da 
rejeição da medida provisória, apesar de temerosas, não constituem 
uma aberração jurídica, justamente pelo objetivo secundário do artigo, 
V Seminário de Direito do Estado: “alternativas políticas e respostas 
jurídicas diante da crise das instituições” 21
de tornar nítida a conexão entre a Medida Provisória e o princípio da 
segurança jurídica.
Para a realização, a metodologia será hipotético-dedutiva e 
contará, de forma qualitativa, com o amparo da legislação constitucional 
e infraconstitucional brasileira, compreendendo abordar desde seus textos 
legais e princípios atrelados até diversas opiniões doutrinárias sobre os 
respectivos temas, bem como um caso concreto (estudo de caso).
Juntamente pretende-se fazer uma explanação sobre princípio 
da segurança jurídica, para logo após adentrar no complexo processo 
legislativo da Medida Provisória, bem como pincelar o conceito de 
aberração jurídica.
1 PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA
Partindo de um Estado Democrático de Direito, ou seja, Estado 
que busca respeitar os cidadãos através dosdireitos humanos e das garantias 
fundamentais, pelo qual se estabelece uma proteção jurídica, nasce um 
importante princípio que está presente em diversas áreas do Direito. A 
segurança jurídica é elemento fundante de um Estado democrático e que 
respeita as instituições.
Tal princípio, mesmo que implícito em diversas Constituições, 
como é o caso da Constituição Federal de 1988, não é negada sua existência 
e importância, visto que está intimamente ligado à própria concepção de 
Estado. De tal forma é que, desde 1789, com o advento da Declaração 
dos Direitos do Homem e do Cidadão da França, apareceu como direito 
fundamental, em seu art. 2º:
O fim de toda a associação política é a conservação dos direitos 
naturais e imprescritíveis do homem. Esses Direitos são a liberdade, 
a propriedade, a segurança e a resistência à opressão. (Declaração dos 
Direitos do Homem e do Cidadão, 1789).
Sendo assim, Canotilho conceitua o princípio geral da segurança 
jurídica, em seu sentido mais amplo: 
Os indivíduos têm o direito de poder contar com o fato 
de que aos seus atos ou às decisões públicas concernentes 
a seus direitos, posições ou relações jurídicas fundadas 
sobre normas jurídicas válidas e em vigor, se vinculem os 
efeitos previstos e assinados por estas mesmas normas. 
(CANOTILHO, 1999).
V Seminário de Direito do Estado: “alternativas políticas e respostas 
jurídicas diante da crise das instituições” 22
E complementa ao revelar por onde tal princípio se manifesta de 
forma mais completa e abrangente:
(1) Relativamente a atos normativos – proibição de normas 
retroativas restritivas de direitos ou interesses juridicamente 
protegidos; (2) relativamente a atos jurisdicionais - 
inalterabilidade do caso julgado; (3) em relação a atos da 
administração - tendencial estabilidade dos casos decididos 
através de atos administrativos constitutivos de direitos. 
(CANOTILHO, 1999).
Como se percebe e bem como ensinou o ilustre professor português 
J. J. Gomes Canotilho, a segurança jurídica prevê a proteção de atos e 
decisões públicas, vinculando seus efeitos ao que foi previsto e assinado 
pelas próprias normas. Desta forma, o princípio se encontra da forma 
mais irrestrita possível, protegendo os indivíduos que vivem no Estado 
Democrático de Direito. Assim sendo, tanto atos normativos, jurisdicionais 
ou até mesmo atos administrativos devem respeitar a segurança jurídica.
Para Humberto Theodoro Júnior, o princípio da segurança jurídica 
se divide em dois sentidos:
Há dois sentidos, segundo certos autores, a serem distinguidos 
no conceito de segurança jurídica: a) a segurança que deriva 
da previsibilidade das decisões que serão adotadas pelos 
órgãos que terão de aplicar as disposições normativas; e b) a 
segurança que se traduz na estabilidade das relações jurídicas 
definitivas. (THEODORO JÚNIOR, 2006).
Desta maneira, percebe-se primeiramente uma preocupação 
expressa com o legislador, ou seja, aquele que cria as normas que serão 
aplicadas na sociedade. Este deve ser o mais claro e simplista possível para 
que os destinatários, a sociedade, possa compreender o que se pretende 
e como serão aplicadas tais normas no cotidiano. Essa imposição visa 
mitigar ou extinguir qualquer insegurança decorrente de leis ou normas 
que seja dúbia a sua interpretação ou normas em aberto, sendo passível 
qualquer tipo de interpretação, a depender apenas de quem irá fazê-las. E 
assim se manifesta o doutrinador:
O primeiro cuidado a ser tomado pelo legislador, para 
garantir segurança jurídica aos indivíduos, é o da publicidade 
adequada, em que se inclui o período de vacatio legis 
compatível com a necessidade de conhecer a lei nova a tempo 
de adaptar-se aos seus preceitos inovadores. Mas, acima da 
publicidade, há também, na consciência jurídica italiana, a 
V Seminário de Direito do Estado: “alternativas políticas e respostas 
jurídicas diante da crise das instituições” 23
convicção de que é fundamental o problema ligado à exigência 
de que os atos normativos sejam redigidos de modo a serem 
"compreensíveis pelos destinatários". Com efeito, a “maneira 
mais eficaz de reduzir consideravelmente a ‘insegurança’ 
jurídica é, mesmo, a de redigir os textos normativos à base de 
regras claras e estandardizadas” (segundo padrões técnicos). 
Além disso, impõe-se outro tipo de cuidado técnico para fugir 
da insegurança jurídica: tem-se de evitar o caos dentro do 
sistema geral do ordenamento jurídico. A lei nova, não pode 
desorganizar o sistema, criando contradições ou dificuldades 
insuperáveis de compatibilização e interpretação, levando o 
aplicador e o destinatário a perplexidades e conflitos graves 
e de difícil solução. A exigência de uma redação mais clara 
dos textos normativos vem, pois, juntar-se à exigência de 
coordenar os textos a fim de dar à administração, e também 
aos cidadãos, os meios de melhor conhecer o direito positivo. 
(THEODORO JÚNIOR, 2006).
Quanto ao segundo sentido, a Constituição Federal de 1988 
trouxe, mesmo que não de forma expressa, mas implícita, em seus direitos 
fundamentais, no art. 5º, XXXVI, uma parcela que decorre do princípio 
da segurança jurídica, que é a proibição de que lei prejudicará o direito 
adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. Ou seja, o próprio 
Estado previu uma garantia para a segurança e estabilização de atos que 
envolvem diretamente os indivíduos nele existentes.
Em suma, o princípio da segurança jurídica adquiriu grande 
importância, não só no ordenamento jurídico brasileiro, mas também no 
ordenamento jurídico ocidental, como um todo, afinal, está intimamente 
ligado a um Estado Democrático de Direito, onde não se imagina tal 
estado, sem uma segurança jurídica, capaz de prever interpretações 
possíveis e até mesmo estabilizar atos decorrentes da própria lei. 
Verifica ainda tal importância no qual, mesmo que não previsto de 
forma expressa na Constituição Federal, a segurança jurídica permeia 
e norteia as diversas esferas do poder estatal, como os atos normativos, 
jurisdicionais e administrativos.
2 PROCESSO LEGISLATIVO DA MEDIDA PROVISÓRIA
Partindo da premissa de Estado Democrático de Direito, em que 
deve-se pré-estabelecer regras a serem seguidas, encontramos no processo 
legislativo um conjunto de normas que estabelecem os parâmetros seguidos 
V Seminário de Direito do Estado: “alternativas políticas e respostas 
jurídicas diante da crise das instituições” 24
pelo legislador para criar, modificar ou, até mesmo, extinguir certa norma 
do ordenamento jurídico brasileiro. Em nível federal, temos o Congresso 
Nacional, dividido em duas Casas, sendo elas a Câmara dos Deputados e o 
Senado Federal, como sede do Legislativo e sua função típica de legislar. 
Contudo, isso não impede de que, Executivo e Judiciário também possua essa 
função, de modo excepcional, visto tratar-se de função atípica desses Poderes.
Assim, o processo legislativo deve ser visto como:
[...] uma sequência de diversos atos jurídicos que, formando 
uma cadeia procedimental, assumem seu modo específico 
de interconexão, estruturado em última análise por normas 
jurídico-constitucionais, e, realizados discursiva ou ao menos 
em termos negocialmente equânimes ou em contraditório entre 
agentes legitimados no contexto de uma sociedade aberta de 
intérpretes da Constituição, visam à formação e emissão de 
ato público-estatal de tipo pronúncia-declaração, nesse caso, 
de provimentos normativos legislativos, que, sendo o ato 
final daquela cadeia procedimental, dá-lhe finalidade jurídica 
específica. (CATTONI DE OLIVEIRA, 2006).
Com o advento da Constituição de 1988, aboliu-se o antigo 
decreto-lei, sendo substituído, de certo modo, pela Medida Provisória, 
regulamentada em seu artigo 62. Trata-se de uma espécie normativa 
excepcional, cuja edição está atrelada a uma função atípica do Chefe do 
Poder Executivo, que detém sua competência exclusiva.
Entretanto, de 1988 até os dias atuais, as Medidas Provisórias 
tiveram dois regimes jurídicos distintos,sendo a EC n. 32 de 11.09.2001 
um marco divisor quanto a este instituto. 
Esta mudança quase que total do instituto da Medida Provisória 
foi motivada pela verdadeira distorção na utilização do instituto, que 
originalmente foi criado, segundo Pedro Lenza (2014), para “[...] corrigir as 
distorções verificadas pelo regime militar, que abusava de sua função atípica 
legiferante por intermédio do decreto-lei”. Contudo, conforme desta o próprio 
doutrinador, no período entre 05.10.1988 até a aprovação da EC n. 32/2001, 
já haviam sido editados e reeditados um número assustador de 6.130 Medidas 
Provisórias, algumas chegando quase sete anos sem aprovação.
Sendo assim, após mais de sete anos de tramitação, foi votada 
e aprovada, em segundo turno, a PEC n. 1-B, de 1995, com parecer 
favorável da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado 
Federal, promulgada em 11.09.2001, a EC n. 32/2001, com o intuito de 
trazer limites à edição das medidas provisórias.
V Seminário de Direito do Estado: “alternativas políticas e respostas 
jurídicas diante da crise das instituições” 25
Deste modo, conforme o art. 62, caput, da CF/88, compete de 
forma exclusiva, marcada pela indelegabilidade, ao Presidente da República 
editar Medidas Provisórias, com força de lei, em caso de relevância e 
urgência, que deverão ser submetidas de imediato ao Congresso Nacional.
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da 
República poderá adotar medidas provisórias, com força de 
lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. 
(CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988).
Com relação ao conteúdo, está previsto nos §§ 1º e 2º do art. 62 
do texto constitucional, vedações a edição de Medidas Provisórias que 
versem a determinadas matérias, porém, não cabe no presente trabalho 
explaná-las. 
O prazo de vigência da Medida Provisória, conforme o § 3º 
do referido artigo, será de 60 (sessenta) dias, contados a partir da data 
da publicação. Esse prazo poderá ser prorrogável por igual período, se 
ainda não foi apreciado pelo Congresso Nacional. Contudo, nos termos 
do art. 62, § 4º da CF, tal prazo será suspenso durante os períodos de 
recesso parlamentar.
Inovação e, segundo Lenza (2014), grande novidade trazida pela 
EC n. 32/2001, foi o § 10 do art. 62 da CF que vedou a reedição de medida 
provisória, na mesma sessão legislativa, que tenha perdido sua eficácia ou 
que foi expressamente rejeitada pelo Congresso.
Com relação a sua tramitação, editada uma Medida Provisória, 
esta será submetida de imediato ao Congresso Nacional, que de acordo com 
o § 5º e 9º do art. 62 da CF, caberá a uma comissão mista de Deputados e 
Senadores examiná-la e emitir parecer sobre seus aspectos constitucionais, 
mérito e adequação financeira e orçamentária, além do cumprimento, 
pelo Presidente da República, da exigência de ter enviado o seu texto ao 
Congresso, juntamente com documento expondo a motivação do ato. Tal 
parecer é meramente opinativo, mas é fase obrigatória, sendo vedada a 
substituição do exame da comissão mista por mero parecer do relator.
§ 5º. A deliberação de cada uma das Casas do Congresso 
Nacional sobre o mérito das medidas provisórias dependerá 
de juízo prévio sobre o atendimento de seus pressupostos 
constitucionais. 
§ 9º. Caberá à comissão mista de Deputados e Senadores 
examinar as medidas provisórias e sobre elas emitir parecer, 
antes de serem apreciadas, em sessão separada, pelo 
V Seminário de Direito do Estado: “alternativas políticas e respostas 
jurídicas diante da crise das instituições” 26
plenário de cada uma das Casas do Congresso Nacional. 
(CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988).
Após o parecer, a votação será em sessão separada, tendo início 
na Câmara dos Deputados (§ 8º do art. 62 da CF), e sendo o Senado Federal 
a Casa revisora. Em cada Casa, segundo Lenza, decidirá:
[...] em apreciação preliminar, o atendimento ou não dos 
pressupostos constitucionais de relevância e urgência, bem 
como a sua adequação financeira e orçamentária, antes do 
exame de mérito, sem a necessidade de interposição de 
recurso, para, ato contínuo, se for o caso, deliberar sobre o 
mérito. Isso porque, se o plenário da Câmara dos Deputados 
ou do Senado Federal decidir no sentido do não atendimento 
dos pressupostos constitucionais ou pela inadequação 
financeira ou orçamentária da medida provisória, esta será 
arquivada. (LENZA, 2014).
Após as votações no Congresso Nacional, teremos quatro 
possibilidades de resultados: aprovação sem alteração; aprovação com 
alteração; não apreciação e rejeição expressa.
Aprovada a Medida Provisória e convertida em lei, sem alterações 
de mérito, será seu texto promulgado pelo Presidente da Mesa do Congresso 
Nacional, que, segundo o art. 57, § 5º, da CF, é presidida pelo Presidente 
do Senado Federal. Tal possibilidade não necessita de sanção ou veto do 
Presidente da República, uma vez que a Medida Provisória foi aprovada 
nos termos que o próprio propôs.
Outra possibilidade é a da aprovação com alteração, que será 
assim tramitado, segundo Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino:
Caso sejam introduzidas modificações no texto adotado 
pelo Presidente da República (conversão parcial), a medida 
provisória será transformada em “projeto de lei de conversão”, 
e o texto aprovado no Legislativo será encaminhado ao 
Presidente da República, para que o sancione ou vete. 
(PAULO; ALEXANDRINO, 2015).
Por fim, as principais consequências decorrerão da não apreciação 
da medida provisória no prazo de 120 dias ou se for integralmente rejeitada. 
A problemática aqui se encontra nas relações que nasceram entre o período 
de vigência da Medida Provisória e da sua extinção. Para tais relações, o 
Congresso deverá sancionar decreto legislativo a fim de regulamentá-las. 
Assim explica os doutrinadores Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino:
V Seminário de Direito do Estado: “alternativas políticas e respostas 
jurídicas diante da crise das instituições” 27
Se for integralmente rejeitada (ou perder sua eficácia 
por decurso de prazo, em decorrência da não apreciação 
pelo Congresso Nacional no prazo constitucionalmente 
estabelecido), a medida provisória será arquivada, o 
Congresso Nacional baixará ato declarando-a insubsistente e 
deverá disciplinar, por meio de decreto legislativo, no prazo 
de sessenta dias contados da rejeição ou da perda de eficácia 
por decurso do prazo, as relações jurídicas dela decorrentes; 
caso o Congresso Nacional não edite o decreto legislativo 
no prazo de sessenta dias, as relações jurídicas surgidas 
no período permanecerão regidas pela medida provisória. 
(PAULO; ALEXANDRINO, 2015).
Entretanto, curioso o caso que surge se uma Medida Provisória 
não for apreciada no tempo estipulado ou for integralmente rejeitada, e 
o Congresso Nacional for inerte em relação ao decreto legislativo que 
regulamentaria tais relações nascidas durante o prazo de vigência da 
medida provisória. Segundo a Carta Magna, em seu § 11, do art. 62, tais 
relações continuarão regidas pela medida provisória, mesmo que extinta.
§ 11. Não editado o decreto legislativo a que se refere o § 3º até 
sessenta dias após a rejeição ou perda de eficácia de medida 
provisória, as relações jurídicas constituídas e decorrentes de 
atos praticados durante sua vigência conservar-se-ão por ela 
regidas. (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988).
O doutrinador Pedro Lenza (2014), crítico severo dessa opção 
constitucional, expõe que tal medida trata-se de verdadeiro resgate do 
autoritário decreto-lei, que permitia a sua aprovação por decurso do prazo. 
Assim expõe:
[...] de maneira totalmente contrária aos interesses da 
sociedade, resgatando as mazelas do extinto decreto-
lei, o § 11 do art. 62, na nova redação, estabelece que se 
não for editado o decreto legislativo para regulamentar as 
relações jurídicas decorrentes da medida provisória que 
perdeu a sua eficácia, “as relações jurídicas constituídas 
e decorrentes de atos praticados durante sua vigência 
conservar-se-ão por ela regidas”; [...] Datamáxima vênia, 
trata-se de verdadeiro resgate do autoritário decreto-lei, que 
permitia a sua aprovação por decurso do prazo. Aqui se diz 
que a não apreciação implica a perda da eficácia ex tunc. 
Mas, inexistindo o decreto legislativo, as relações serão 
regidas pela extinta medida provisória! [...] não deixamos de 
V Seminário de Direito do Estado: “alternativas políticas e respostas 
jurídicas diante da crise das instituições” 28
declarar a nossa repulsa por essa nova sistemática, totalmente 
inconstitucional e arbitrária. (LENZA, 2014).
De outro lado, como o próprio doutrinador explana, de acordo 
com a justificação encontrada no Projeto de Resolução n. 5 – CN (DCN, 
03.10.2001, p. 19.989), o objeto dessa regra é “evitar vácuo jurídico [...] 
evidenciado na prática recente”.
3 SUPOSTA ABERRAÇÃO JURÍDICA E CASO CONCRETO
De acordo com algumas teorias, “aberrações jurídicas” seria algo 
que desvia o direito de sua verdadeira finalidade, tornando-o obsoleto. 
Estão estritamente ligadas com “absurdo” e “contradição” e totalmente 
contrárias à razoabilidade das Leis.
No âmbito do direito previdenciário têm-se um caso concreto, 
relacionado à aposentadoria por invalidez e auxílio-doença, de acordo com 
texto original do artigo 29, inciso II, da Lei 8213/91, o cálculo do benefício 
consistia na média aritmética simples de todos os últimos salários-de-
contribuição dos meses imediatamente anteriores ao do afastamento da 
atividade ou da data da entrada do requerimento, até o máximo de 36 (trinta 
e seis), apurados em período não superior a 48 (quarenta e oito) meses.
Em 1999, o dispositivo legal sofreu alterações pela Lei no 9.876 
estabelecendo que o salário-de-benefício dos benefícios de auxílio-doença 
e de aposentadoria por invalidez consiste na média aritmética simples 
dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% de todo o 
período contributivo.
Em 2005 a dita Medida Provisória 242 alterou a forma de cálculo 
do salário de benefício do auxílio-doença e de aposentadoria por invalidez, 
determinando a aplicação da média aritmética simples dos 36 (trinta e seis) 
últimos salários de contribuição:
MP 242/05 - Art. . . Os arts. 29, 59 e 103-A da Lei no 8.213, 
de 24 de julho de 1991, passam a vigorar com as seguintes 
alterações: 
Art.29[...]
III - para os benefícios de que tratam as alíneas "e" e "h" 
do inciso I do art. 18, e na hipótese prevista no inciso II do 
art. 26, na média aritmética simples dos trinta e seis últimos 
salários-de-contribuição ou, não alcançando esse limite, 
V Seminário de Direito do Estado: “alternativas políticas e respostas 
jurídicas diante da crise das instituições” 29
na média aritmética simples dos salários-de-contribuição 
existentes. (MP 242/2005).
Essa Medida Provisória posteriormente foi rejeitada pelo 
Congresso, entretanto, não foi editado nenhum decreto legislativo 
regulamentando as situações ocorridas na vigência da medida, devendo 
a mesma medida rejeitada, ser aplicada para esses casos que se deram na 
época dos fatos.
Isso seria, exemplificadamente, o conceito de “aberração jurídica”, 
mas no ordenamento jurídico brasileiro tal acontecimento é considerado 
uma “exceção da exceção”.
A “aberração jurídica”, teoricamente, também engloba a enorme 
importância da Medida Provisória em face da situação “assustadora”. 
Basicamente, a Medida Provisória é uma espécie normativa com poucas 
restrições (contidas no artigo 62, §1°, I da Constituição Federal e 
esquecendo as antigas regras que quase não possuíam restrições), dessa 
forma, uma MP pode tratar de assuntos muito abrangentes ou muito 
específicos, extremamente delicados ou não.
Como visto, uma MP pode tratar de matéria extremamente usual 
e corriqueira, como a aposentadoria por invalidez e auxilio doença, fatos 
de ocorrência constante no Brasil. 
Outro exemplo: a Medida Provisória que acresceu e alterou 
dispositivos da Lei nº 8.974, de 5 de janeiro de 1995, e dá outras providências 
(lei que regulamentava o uso da engenharia genética e liberação do meio 
ambiente de organismos geneticamente modificados), ou seja, um tema 
extremamente delicado (células tronco), que no caso não houve problemas 
como a rejeição e a não edição de decreto regulamentador (como no caso de 
direito previdenciário supracitado), mas que torna possível ver até onde se pode 
legislar através de uma MP e consequentemente mostra a que nível chegaria a 
suposta aberração, se acontecesse em um caso como esse, por exemplo.
Sobre a MP: “nem se diga que o constituinte reformador, ao assim 
modificar o texto constitucional, teve em vista garantir a segurança ou 
estabilidade jurídica, como defendem alguns.” (SZKLAROWSKY, 2002, 
RESENDE, 2001).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conforme visto no decorrer desse estudo, a Medida Provisória é 
um mecanismo de extrema importância no âmbito legislativo brasileiro, 
V Seminário de Direito do Estado: “alternativas políticas e respostas 
jurídicas diante da crise das instituições” 30
sobretudo por seus requisitos de relevância e urgência que lhe conferem 
eficácia imediata de Lei. Na hipótese de rejeição de tal espécie normativa, 
apesar da situação, em primeira análise, parecer absurda e assustadora, 
não necessariamente se encaixa como uma aberração jurídica, justamente 
pela existência do princípio da segurança jurídica; sem ele as situações 
simplesmente ficariam totalmente desamparadas enquanto não 
confeccionam um decreto para regulamentação e perante a impossibilidade 
de reedição de nova medida na mesma seção legislativa. Diante disso, 
certeiro foi o legislador ao ilustrar a situação no § 11 do artigo 62 da 
Constituição Federal, pois é preferível que as situações permaneçam sobre 
vigência de uma MP rejeitada do que sem amparo nem tutela alguma, 
gerando insegurança e desconforto jurídico. A insegurança gerada pela 
falta de amparo é o que pode ser assemelhada a um “absurdo jurídico”, o 
sistema de Medidas Provisórias não.
REFERÊNCIAS
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do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. 
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Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8974.htm. 
Acesso em: 6 mar. 2017.
BRASIL. Lei 9.876, de 26 de novembro de 1999. Dispõe sobre a 
contribuição previdenciária do contribuinte individual, o cálculo do 
benefício, altera dispositivos das Leis nº 8.212 e 8.213, ambas de 24 de 
julho de 1991, e dá outras providências. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9876.htm. Acesso em: 6 mar. 2017.
BRASIL. Medida Provisória nº 22, de 24 de março de 2005. Altera 
dispositivos da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, que dispõe sobre 
os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências. 
Disponível em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-
2006/2005/Mpv/242.htm. Acesso em: 6 mar. 2017.
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria da 
constituição. 4. ed. Coimbra: Almedina, 1999.
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V Seminário de Direito do Estado: “alternativas políticas e respostas 
jurídicas diante da crise das instituições” 33
A OPERAÇÃO LAVA JATO, O ABUSO E A 
ESPETACULARIZAÇÃO DAS PRISÕES PREVENTIVAS
Leonardo Sousa dos Santos Moura*
2Victor Rodrigues Nascimento Vieira**
INTRODUÇÃO
A Operação Lava Jato despontou no cenário nacional e 
internacional por expor uma série de escândalos de corrupção no país 
envolvendo indivíduos poderosos que até então eram historicamente 
intocáveis e blindados pelo seu poder político e econômico. Assim, como 
uma forma de resposta a estes casos de corrupção, a Polícia Federal e o 
Ministério Público Federal passaram a requisitar e o magistrado competente 
pela operação passou a conceder, frequentemente, mandados de condução 
coercitiva, de busca e apreensão, de quebra de sigilo telefônico, de prisões 
temporárias e de prisões preventivas.
Neste sentido, o que se observou nos três anos de Operação Lava 
Jato que se seguiram foi que a grande maioria destas medidas cautelares 
foram amplamente aclamadas pelos veículos de informação e comunicação, 
em especial pelos canais de televisão aberta. Assim, a problemática que se 
estabelece neste trabalho, consiste em verificar até que ponto a utilização 
das prisões preventivas como medida cautelar está dentro de um limite 
legalmente permitido .
A prisão preventiva está prevista no Capítulo III - arts. 311 a 316 
do Código de Processo Penal (CPP)1.
Da leitura dos artigos supracitados entendemos que tal modalidade 
de prisão cautelar não deve ser uma punição antecipada, o que inclusive 
é vedado pela legislação brasileira, pois a sanção só deve existir após a 
condenação judicial que transitou em julgado.
* Graduando do curso de Direito da Universidade Federal de Uberlândia.
** Graduando do curso de Direito da Universidade Federal de Uberlândia.
1 Código de Processo Penal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/
Del3689.htm. Acesso em: 18 fev. 2017.
V Seminário de Direito do Estado: “alternativas políticas e respostas 
jurídicas diante da crise das instituições” 34
Nesta linha de raciocínio, a1 pesquisa justifica-se pelo fato de 
que os recentes desdobramentos da Lava Jato2, caso mais emblemático 
do cenário jurídico-político brasileiro na atualidade3, colocaram em 
evidência, além dos investigados, os juízes, procuradores, delegados e 
policiais responsáveis pela operação. A hipótese que se levanta é que as 
autoridades responsáveis pela Lava Jato tenham sido tocadas pela opinião 
pública, bem como tenham acabado cedendo à pressão midiática que a 
espetacularização da operação causou.
Assim, na primeira instância o órgão competente pela Operação 
é a 13ª Vara Criminal da Justiça Federal do Paraná (JFPR), sob 
responsabilidade do juiz Sérgio Fernando Moro. A 8ª Turma do Tribunal 
Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) é o órgão do tribunal de apelação. 
Quanto aos órgãos superiores, são competentes: a Corte Especial e a 5ª 
Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ); a 2ª Turma e o Plenário do 
Supremo Tribunal Federal (STF).
Portanto, este estudo objetiva compreender o instituto da prisão 
preventiva e o preenchimento (ou não) dos requisitos legais para sua 
decretação ou manutenção, investigando o seu uso desenfreado pelos 
magistrados encarregados de julgar os réus.4
Para isso a metodologia utilizada foi a análise envolvendo os 
mandados de prisão preventiva da Lava Jato emitidos pela 13ª Vara Federal 
da JFPR e a pesquisa jurisprudencial por amostragem do TRF-4 e das 
instâncias superiores (STJ e STF) relacionada a tais medidas cautelares 
desde a instauração da operação em 17 de março de 2014 até 17 de março 
de 2017.
A pesquisa realizada nos bancos de jurisprudência da 8ª Turma do 
TRF4; da 5ª Turma e da Corte Especial do STJ e da 2ª Turma e do Plenário 
do STF teve como parâmetro de busca os seguintes termos: “mandado e 
prisão preventiva e operação lava jato”. No total foram encontradas 98 
jurisprudências, de modo que no TRF-4 foram encontrados 63 resultados, 
no STJ foram encontrados 24 resultados e no STF foram encontrados onze 
resultados.
1 
2 Veja como foi a procura pelo caso no GOOGLE TRENDS (Org.). Operação Lava Jato. 2017. 
Disponível em: https://trends.google.com.br/trends/explore?q=Opera%C3%A7%C3%A3o%20
lava-jato. Acesso em: 17 mar. 2017.
3 BRASIL. Ministério Público Federal. Entenda o caso. 2014. Disponível em:
 http://lavajato.mpf.mp.br/entenda-o-caso. Acesso em: 23 mar. 2017.
4 Veja mais em: Quem são os juízes da operação Lava Jato. Disponível em: http://www.migalhas.
com.br/Quentes/17,MI216941,91041Quem+sao+os+juizes+da+operacao+Lava+Jato. Acesso em: 
10 fev. 2017.
V Seminário de Direito do Estado: “alternativas políticas e respostas 
jurídicas diante da crise das instituições” 35
Após a análise dos julgados encontrados, foram descartadas 26 
do TRF-4; duas do STJ e sete do STF pelo fato de que, ou se tratavam de 
processos de outros casos; ou então eram da Operação Lava Jato, porém 
não diziam respeito à prisão preventiva. Desse modo, ficamos com um 
total de 63 jurisprudências para serem utilizadas na pesquisa.
Entre as jurisprudências encontradas e utilizadas, trabalhamos 
com as seguintes classes processuais: Habeas Corpus (HC); Embargos de 
Declaração em Habeas Corpus (EDHC); Recurso Criminal em Sentido 
Estrito (RCSE); Exceção de Impedimento Criminal (EXIMCR); Agravo 
Regimental no Habeas Corpus (AgRg no HC); Embargos de Declaração 
em Apelação Criminal (EDACR); Recurso Ordinário em Habeas Corpus 
(RHC) e Medida Cautelar no Habeas Corpus (MCHC).
1 PRISÃO COMO ÚLTIMA RATIO
A prisão enquanto pena condenatória não existia na Antiguidade, 
nessa época o cárcere era basicamente um local onde o acusado aguardava 
o seu julgamento – evitando a sua fuga – que culminava muitas vezes 
na pena capital. Domicio Ulpiano, no Digesto, embasava esse sistema 
afirmando que: “o cárcere deve existir para custodiar as pessoas, não para 
puni-las”5
Essa ideia permaneceu praticamente imutável durante a Idade 
Média, proliferando cárceres particulares nos diversos feudos que existiam 
à época.
A ideia de que a prisão poderia ser uma pena privativa de liberdade 
e não apenas um local temporário até que ocorresse o julgamento começa a 
florescer no início do século XIX, visto que "surgiu como uma instituição 
de fato, quase sem justificação teórica”.6
Não se buscava apenas a defesa da sociedade, mas também um 
controle do psicológico e da moral dos indivíduos. Atualmente, a pena 
privativa de liberdade é a sanção mais severa prevista no ordenamento 
jurídico- penal brasileiro, uma vez que são vedadas as penas de morte, de 
caráter perpétuo, de trabalhos forçados, de banimento e qualquer outra de 
natureza cruel.7
No caso da prisão cautelar (carcer ad custodiam), aquela decretada 
antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória, deve ser aplica 
5 Livro 48, título XIX, fragmento 8, parágrafo 9.
6 FOUCAULT, op. cit., p. 84.
7 Constituição Federal de 1988, artigo 5º, inciso XLVII.
V Seminário de Direito do Estado: “alternativaspolíticas e respostas 
jurídicas diante da crise das instituições” 36
como ultima ratio pois a liberdade é a regra. Segundo Luiz Flávio Gomes, 
“a prisão preventiva não é apenas a ultima ratio. Ela é a extrema ratio da 
ultima ratio. A regra é a liberdade; a exceção são as cautelares restritivas 
da liberdade (art. 319, CPP); dentre elas, vem por último, a prisão, por 
expressa previsão legal”.8
1.1 Prisão preventiva
As prisões preventivas se encaixam na modalidade das medidas 
cautelares pessoais que, segundo Dezem (2016), atingem a liberdade do 
indivíduo e podem ser subdivididas em prisões processuais, medidas 
diversas da prisão e medidas substitutivas da prisão preventiva.
As medidas cautelares pessoais obedecem a dois fundamentos 
gerais que conhecemos como fumus comissi delicti (fumaça da existência 
do delito) e periculum libertatis (perigo decorrente da liberdade). Em 
apertada síntese, temos que fumus comissi delicti “significa a existência de 
probabilidade de ocorrência do crime (abrangendo aqui tanto os indícios 
de autoria, quanto a materialidade)”.9
Por outro lado, periculum libertatis “significa o risco que a 
liberdade do acusado (ou indiciado) representa para o processo. Quanto 
maior o risco que esta liberdade represente, mais intensa poderá ser a 
medida cautelar a ser aplicada.”10
Outra questão que é fundamental no que diz respeito às medidas 
cautelares em geral é o Princípio da Presunção de Inocência. Segundo 
referido princípio, insculpido no art. 5º, LVII da CF/1988 temos que: 
“ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença 
penal condenatória”.11 Além da previsão constitucional, a presunção de 
inocência encontra guarida no art. 8º, 2, do Pacto de São José da Costa Rica 
(Dec. 678/1992), que dispõe: “Toda pessoa tem direito a que se presuma 
sua inocência enquanto não se comprove legalmente a sua culpa”.12
8 GOMES, apud MARQUES, Ivan Luís. Resumo em 15 Tópicos Sobre as Mudanças da Lei 
12.403/2011. Disponível em: http://portalantigo.mpba.mp.br/atuacao/criminal/material/A_
lei_12_403_em_15_topicos.pdf. Acesso em: 20 mar. 2017.
9 DEZEM, Guilherme Madeira. Curso de Processo Penal: livro eletrônico. 2. ed. São Paulo: Revista 
dos Tribunais, 2016, não paginado.
10 Ibidem, não paginado.
11 Constituição da República Federativa Do Brasil De 1988. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 20 fev. 2017.
12 ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS. Convenção Americana Sobre Direitos 
Humanos. Disponível em: https://www.cidh.oas.org/basicos/portugues/c.convencao_americana.
htm . Acesso em: 30 fev. 2017.
V Seminário de Direito do Estado: “alternativas políticas e respostas 
jurídicas diante da crise das instituições” 37
O que se depreende do princípio supramencionado é que o acusado 
tem que ser “tratado como inocente até o trânsito em julgado de sentença 
penal condenatória, porque de fato e juridicamente é inocente”13 e frise-se 
que isto não é um favor que o magistrado faz, mas um direito que o acusado 
tem. Assim, temos que qualquer prisão automática não pode ser aceita, de 
forma que, para seja decretada a prisão preventiva do acusado, esta deve se 
dar de maneira motivada e bem fundamentada pelo juiz, afinal, o que está 
em jogo é a liberdade de um sujeito de direitos, seja ele quem for.
A prisão preventiva, ou prisão preventiva strictu sensu, como é 
denominada por alguns doutrinadores, é utilizada na maioria dos casos e, 
segundo Dezem, ainda serve como um termômetro relacionado à presunção 
de inocência:
É a prisão processual utilizada na maioria dos casos, daí 
porque pode ser considerada um termômetro sobre como determinado 
sistema se relaciona com a presunção de inocência. Quanto mais larga 
for a admissão da prisão preventiva, menor será o compromisso com a 
presunção de inocência. Não entendemos a prisão preventiva como um 
mal, ontologicamente falando. [...] . A questão toda estará na forma de sua 
utilização e nos argumentos utilizados pelo Poder Judiciário para justificar a 
prisão preventiva. Aí está o cerne da questão. A depender da argumentação 
utilizada teremos uma medida que poderá se mostrar com maior ou menor 
legitimidade, que poderá ser ou não violadora da presunção de inocência.14
Tal medida cautelar poderá ser requerida “pelo Ministério Público, 
pelo querelante na ação penal privada ou pelo assistente de acusação. 
Ainda, quando se tratar de inquérito policial poderá ser decretada mediante 
representação da autoridade policial”.15
A preventiva só pode ser decretada pelo judiciário, em qualquer 
de suas instâncias16 e o momento para sua decretação pode ser tanto no 
inquérito policial quanto no decorrer da ação penal, desde que estejam 
presentes indícios suficientes de autoria e de prova da existência do crime. 
O cabimento da prisão preventiva gira em torno de três artigos do CPP, os 
arts. 312, 313 e 314 e as classificações sobre os elementos destes artigos 
são divergentes entre os doutrinadores, de forma que, vamos adotar a 
classificação de Guilherme Madeira Dezem.
13 DEZEM, Guilherme Madeira. Curso de Processo Penal: livro eletrônico. 2. ed. São Paulo: 
Revista dos Tribunais, 2016, não paginado.
14 Ibidem, não paginado.
15 Ibidem, não paginado.
16 Se for um caso de competência originária, competente será o relator do tribunal em questão.
V Seminário de Direito do Estado: “alternativas políticas e respostas 
jurídicas diante da crise das instituições” 38
Segundo Dezem, podemos dividir os elementos das prisões 
preventivas em quatro: pressupostos positivos; pressupostos negativos; 
fundamentos da prisão preventiva e condições de admissibilidade da prisão 
preventiva. Assim, para que ela seja decretada, é necessária a combinação 
dos requisitos supracitados da seguinte forma:
a) pressupostos positivos - ambos devem se fazer presentes; 
b) pressuposto negativo - não pode estar presente sob pena de 
ficar obstada a possibilidade de decretar a prisão preventiva; 
c) fundamentos da prisão preventiva - deve haver a presença 
ao menos de um dos fundamentos da prisão preventiva e d) 
condições de admissibilidade - deve haver a presença de 
ao menos uma das condições de admissibilidade da prisão 
preventiva.17
Os pressupostos positivos encontram-se na parte final do art. 
312 do CPP e são os seguintes: indícios suficientes de autoria e prova de 
existência do crime, de forma que os dois devem se fazer presentes. Os 
pressupostos negativos estão dispostos no art. 314 do diploma Processual 
Penal e tratam das causas excludentes de ilicitude previstas nos incisos 
I, II e III do caput do art. 23 do Código Penal. Assim, a presença de 
qualquer hipótese de excludente da ilicitude impede a decretação de prisão 
preventiva e a torna ilegal.
O artigo 312 do Código de Processo Penal, por sua vez, versa 
sobre os fundamentos da prisão preventiva, que são quatro: garantia da 
ordem pública; garantia da ordem econômica; conveniência da instrução 
criminal e para assegurar a aplicação da lei penal.
Como se observa de uma primeira leitura, o fundamento “garantia 
da ordem pública” é muito vago e esta é uma crítica muito recorrente entre 
os doutrinadores. Assim, para tentar traçar os limites de tal fundamento, 
seguimos a mesma linha de pensamento de Guilherme Madeira Dezem, 
que versa o seguinte:
[...] a ordem pública tem este conteúdo material ligado à 
paz pública. No entanto, não basta violação da paz pública, 
é preciso que haja os seguintes requisitos cumulativos (é a 
mesma posição de Zanoide):
a) pena prevista para o crime imputado deve justificar a 
prisão preventiva;
17 DEZEM, Guilherme Madeira. Curso de Processo Penal: livro eletrônico. 2. ed. São Paulo: 
Revista dos Tribunais, 2016, não paginado.
V Seminário de Direito do Estado: “alternativas políticas e respostas 
jurídicas diante da crise das instituições” 39
b) as circunstâncias e a forma demonstradas de cometimento 
do suposto crime devem ser de tal gravidade que justifica o 
cometimentoda restrição da liberdade; e
c) relação temporal entre o conhecimento da autoria e o 
instante de determinação da prisão. Ora, não é possível falar-
se em abalo à ordem pública de crime cuja autoria tenha sido 
descoberta há tempos e que apenas depois venha a se querer 
prender.
Como justificar que a ordem pública foi violada quando um crime 
foi cometido em 2012, tendo lá sido descoberta sua autoria, e somente em 
2014 tenha sido decretada sua prisão? Com a devida vênia, não há como.18
Entretanto, conforme se extrai da análise da maioria dos julgados, 
a garantia da ordem pública tem a ideia simplista de probabilidade de 
reiteração de condutas criminosas. Ademais, observa-se nas jurisprudências 
que o conceito de ordem pública abrange ainda: a probabilidade de 
reiteração de condutas criminosas; a gravidade em concreto do crime; a 
periculosidade do agente e a gravidade em concreto do crime baseada no 
modus operandi da conduta do agente.
Por outro lado, acreditamos que fundamentos como a mera 
gravidade em abstrato do crime, o clamor público e a reincidência por si 
só, não podem ser admitidos para fundamentar a prisão preventiva com 
base na garantia da ordem pública.
A garantia da ordem econômica também merece a mesma crítica 
que foi feita acima, por se tratar de um conceito que dá margem para 
ampla interpretação. Pelo que se observa da leitura das jurisprudências, os 
crimes que atentam contra esta garantia, são aqueles que tenham qualquer 
expressão econômica ou até mesmo crimes contra o patrimônio. Aqui 
ainda é importante ressaltar o art. 30 da Lei 7.492 de 1986, popularmente 
conhecida como Lei do Colarinho Branco, que dispõe:
Sem prejuízo do disposto no art. 312 do Código de Processo 
Penal, aprovado pelo Decreto-lei no 3.689, de 3 de outubro 
de 1941, a prisão preventiva do acusado da prática de crime 
previsto nesta lei poderá ser decretada em razão da magnitude 
da lesão causada. (Vetado).19
A conveniência da instrução criminal, por sua vez, não é objeto 
de muita discrepância na doutrina e conforme assevera Dezem, “possui 
18 DEZEM, Guilherme Madeira. Curso de Processo Penal: livro eletrônico. 2. ed. São Paulo: 
Revista dos Tribunais, 2016, não paginado.
19 Lei dos Crimes Contra o Sistema Financeiro. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/L7492.htm. Acesso em: 15mar. 2017.
V Seminário de Direito do Estado: “alternativas políticas e respostas 
jurídicas diante da crise das instituições” 40
significado preciso dentro da sistemática do Código de Processo 
Penal: trata-se de hipótese em que o indiciado ou acusado atuam de 
maneira indevida sobre a produção probatória (instrução criminal ou 
investigação criminal)”.20
É preciso entender a expressão “atuação indevida”, visto que não 
pode ser admitida a prisão preventiva caso o acusado esteja exercendo 
um direito seu. Assim, por exemplo, se um acusado se recusar a participar 
de uma delação premiada, ele não pode ser preso preventivamente até 
que forneça as informações que possam servir como prova para o caso, 
sob pena de voltarmos ao sistema inquisitório e infligimos uma punição 
antecipada ao investigado. Entretanto, as críticas que se fazem a Lava 
Jato vão em direção contrária ao supracitado, visto que se afirma que os 
investigados são mantidos presos para que sejam forçadas a delatar, afinal, 
o entendimento do Procurador da República Manoel Pastana é que “o 
passarinho para cantar, precisa estar preso”.21
A quarta e última hipótese em que cabe a prisão preventiva diz 
respeito à possibilidade de decretar preventiva como forma de assegurar a 
aplicação da lei penal. Aqui, o que se analisa na maioria das jurisprudências 
é que essa hipótese existirá quando houver indícios de fuga por parte do 
acusado. Entretanto, conforme observa Dezem (2016) a previsão genérica 
de fuga do acusado não é o bastante. O autor cita ainda o exemplo do 
acusado possuir dupla nacionalidade ou ser rico (justificativas muito 
utilizadas nos julgados) como sendo insuficiente para que se decrete a 
prisão preventiva.
É preciso que existam atos concretos que sirvam de evidência 
de que o acusado está em fuga e não meras hipóteses genéricas. É esse 
inclusive o entendimento do STF:
[...] No caso, em razão da existência de um inquérito 
policial instaurado em 2011, o Juízo de origem decretou a 
prisão preventiva por suposto risco de fuga do acusado, em 
contrariedade à orientação no sentido de que, inexistindo 
dados concretos a respeito do comportamento processual do 
acusado, não é possível justificar a prisão preventiva para a 
aplicação da lei penal apenas na presunção de que o acusado 
pode vir a fugir.22
20 DEZEM, Guilherme Madeira. Curso de Processo Penal: livro eletrônico. 2. ed. São Paulo: 
Revista dos Tribunais, 2016, não paginado.
21 STRECK, Lenio Luiz; TRINDADE, Andre Karam. "O passarinho pra cantar precisa estar preso". 
Viva a inquisição! 2014. Disponível em: http://www.conjur.com.br/2014-nov-29/diario-classe-
passarinho-pra-cantar-estar-preso-viva-inquisicao. Acesso em: 29 fev. 2017.
22 STF, HC 122.572/SP, j. 10.06.2014, rel. Min Roberto Barroso.
V Seminário de Direito do Estado: “alternativas políticas e respostas 
jurídicas diante da crise das instituições” 41
Já o art. 313 do CPP lista as condições de admissibilidade da 
prisão preventiva pelo que é necessária a presença de pelo menos uma das 
condições listadas nos três incisos do referido artigo, sendo prescindível 
a cumulatividade. Aqui é importante ressaltar que só se admite prisão 
preventiva para crimes dolosos e ela não será cabível quando se tratar de 
cometimento de contravenção penal.
O inciso I do art. 313 dispõe que será admitida a decretação 
da prisão preventiva em crimes dolosos punidos com pena privativa de 
liberdade máxima superior a quatro anos.
Dezem esclarece que “trata-se da pena máxima em abstrato, 
segundo o parâmetro do CPC e, neste parâmetro de pena, incidem as 
causas de aumento (pelo valor máximo) e as causas de diminuição de pena 
(pelo valor mínimo), mas não as agravantes e atenuantes”.23
O inciso II, por sua vez, trata da reincidência e dispõe que cabe 
preventiva “se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença 
transitada em julgado”. Nesta hipótese há uma ressalva que trata do 
chamado período depurador, disposto no inciso I do caput do art. 64 do 
Código Penal.24 Assim, cinco anos após o cumprimento ou extinção da 
pena, a condenação pretérita não poderá ser utilizada como condição de 
admissibilidade da prisão preventiva.
Já o inciso III trata de cabimento de preventiva “se o crime envolver 
violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, 
enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas 
protetivas de urgência”.
Por fim, o parágrafo único do art. 313 dispõe que será admitida a 
prisão preventiva “quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa 
ou quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo 
o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a identificação, salvo 
se outra hipótese recomendar a manutenção da medida.”
2 CRIMINOLOGIA MIDIÁTICA
Os meios de comunicação de massa, como a televisão e a recente 
consolidação da Internet, são hoje os principais formadores de opinião da 
23 DEZEM, Guilherme Madeira. Curso de Processo Penal: livro eletrônico. 2. ed. São Paulo: 
Revista dos Tribunais, 2016, não paginado.
24 Art. 64 - Para efeito de reincidência: I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do 
cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior 
a 5 (cinco) anos, computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não 
ocorrer revogação;
V Seminário de Direito do Estado: “alternativas políticas e respostas 
jurídicas diante da crise das instituições” 42
coletividade, atuando como o prisma que os sujeitos enxergam o mundo. 
Engana-se quem acredita que esse fenômeno não reverbera na esfera 
judiciária, vistoque atualmente cresce entre juristas o debate sobre o impacto 
da mídia no Poder Judiciário e o quão alarmante pode ser essa influência.
Nesse sentido, é importante ressaltar o papel da criminologia midiática 
que, segundo o entendimento de Zaffaroni (2013, p. 160), sempre existiu e 
apela para uma criação da realidade através de informação, subinformação 
e desinformação, calcada em uma etiologia criminal simplista. Sendo assim, 
as informações passadas pela imprensa, principalmente aquelas ligadas à 
ordem penal e processual penal, ecoam e fixam-se na consciência coletiva, 
que, por sua vez, passa a clamar por um maior rigor penal a qualquer custo, 
inclusive em detrimento de garantias constitucionais. Sobre essa questão, 
Ana Lúcia Menezes Vieira assevera que:
Na justiça midiática não há tempo para nada, nem sequer para 
a apresentação detalhada dos fatos. Quanto mais velocidade 
mais verossímil se torna a notícia. O processo é ultrassumário, 
acelerado. Tudo é sintético e o tom preponderante é o da 
imagem, que fala por si só; com a difusão da internet a 
relação entre quem produz e quem consome notícia foi 
profundamente alterada; as pessoas já não têm tempo nem 
sequer para ver os detalhes de uma notícia.25
Vale ressaltar aqui que não se questiona o importante papel 
da imprensa numa democracia, tampouco se anseia a volta da censura, 
conforme Odone Sanguiné:
Quando os órgãos da Administração de Justiça estão investigando 
um fato delitivo, a circunstância de que os meios de comunicação 
social proporcionem informação sobre o mesmo é algo correto e 
necessário numa sociedade democrática. Porém uma questão é 
proporcionar informação e outra realizar julgamentos sobre ela. 
É preciso, portanto, partir de uma distinção entre informação 
sobre o fato e realização de valor com caráter prévio e durante o 
tempo em que se está celebrando o julgamento. Quando isso se 
produz, estamos ante um juízo prévio/paralelo que pode afetar a 
imparcialidade do Juiz ou Tribunal, que, por sua vez, se reflete 
sobre o direito do acusado à presunção de inocência e o direito 
ao devido processo.26
25 VIEIRA, Ana Lúcia Menezes. Processo penal e mídia. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 
2003, p. 109
26 SANGUINÉ, Odone. A inconstitucionalidade do clamor público como fundamento de prisão 
preventiva. In: SHECARIA, Sérgio Salomão (Org.). Estudos criminais em homenagem a 
Evandro Lins e Silva (criminalista do século). São Paulo: Método, PP. 257-295, 2001, p. 268.
V Seminário de Direito do Estado: “alternativas políticas e respostas 
jurídicas diante da crise das instituições” 43
Quando se fala em Lava Jato, percebe-se com clareza solar a 
construção da realidade supracitada. Assim, a narrativa dada pela imprensa 
transforma o juiz em herói nacional27, com a mesma aura infalível daqueles 
das revistas em quadrinhos, o policial em galã28 e os acusados em vilões, 
cuja lei deve ser enrijecida para garantir o quanto antes a punição desses 
indivíduos.29 É inegável a espetacularização em torno dos eventos ligados à 
operação, existindo uma forte pressão para que os juristas punam o quanto 
antes os acusados envolvidos, sob o risco de serem também transformados 
em inimigos da nação.
É nesse momento que o Direito passa a ter uma relação perigosa 
com a imprensa, buscando acalmar os ânimos da população - já descrente 
do poder Judiciário - acaba cedendo ao apelo das vozes externas aos fatos 
do processo e adota uma conduta que desrespeita o direito do sujeito a um 
processo justo.
3 DIREITO PENAL DO INIMIGO
Com o crescente frenesi acerca dos fatos ligados à Operação Lava 
Jato, a partir do inflamável encontro de uma sociedade em cólera diante 
desse faraônico esquema de corrupção, e uma imprensa sedenta pela 
criação de um espetáculo, instaurou-se no cenário nacional um crescente 
clima de caça às bruxas – onde vale tudo para queimá-las, que trouxe à 
tona o traiçoeiro fantasma do “Direito Penal do Inimigo”.
O “Direito Penal do Inimigo”, termo cunhado por Gunter Jakobs 
em 1985, afirma que determinados indivíduos perdem o status de cidadãos 
e passam a ser tratados como inimigos.
27 Ver mais em “Sérgio Moro é exaltado como herói na Paulista”. Disponível em: http://www1.
folha.uol.com.br/poder/2016/03/1749519-sergio-moro-e-exaltado-como-heroi-nacional-na-
paulista.shtml. Acesso em: 26 mar. 2017.
28 Ver mais em “Saiba quem é o agente federal gato que escoltou Eduardo Cunha” Disponível em: 
http://extra.globo.com/noticias/brasil/saiba-quem-o-agente-federal-gato-que-escoltou-eduardo-
cunha-20316683.html. Acesso em: 26 mar. 2017.
29 Em 2014, ao se manifestar contra um pedido de Habeas Corpus, o procurador da República 
Manoel Pastana afirmou que “o passarinho para cantar precisa estar preso”. Disponível em: http://
www.conjur.com.br/2014-nov-27/parecer-mpf-defende-prisoes-preventivas-forcar-confissoes. 
Acesso em: 25 mar. 2017.
V Seminário de Direito do Estado: “alternativas políticas e respostas 
jurídicas diante da crise das instituições” 44
Para elaborar sua teoria, Jakobs debruça-se sobre as obras de 
grandes filósofos como Rosseau30, Hobbes31 e Kant,32 buscando tornar 
ainda mais sólidos os seus argumentos. Diante disso, advoga pela 
existência de dois tipos de direito: o primeiro destinado para o cidadão, que 
ainda que viole alguma norma, é punido mantendo todas as suas garantias 
constitucionais preservadas, e o segundo para cuidar “de maneira própria 
o infiel ao sistema, aplicando-se lhe não o Direito, „vínculo entre pessoas 
que, por sua vez, são titulares de direitos e deveres‟, mas sim a coação, 
repressão necessária àqueles que perderam o seu status de cidadão” 
(CUNHA, 2016, p. 188). Os três pilares que fundamentam o Direito Penal 
do Inimigo são:
Em primeiro lugar, constata-se um amplo adiantamento 
da punibilidade, isto é, que neste âmbito, a perspectiva 
do ordenamento jurídico-penal é prospectiva (ponto de 
referência: o fato futuro), no lugar de – como é o habitual 
– retrospectiva (ponto de referência: o fato cometido). Em 
segundo lugar, as penas previstas são desproporcionalmente 
altas: especialmente, a antecipação da barreira de punição 
não é considerada para reduzir, correspondentemente a 
pena cominada. Em terceiro lugar, determinadas garantias 
processuais são relativizadas ou inclusive suprimidas.33
30 Para Rousseau: “qualquer malfeitor, atacando o direito social, pelos seus crimes torna-se rebelde 
e traidor da pátria, deixa de ser um seu membro ao violar suas leis e até lhe move guerra. A 
conservação do Estado é então incompatível com a sua, sendo preciso que um dos dois pereça, e, 
quando se faz que um culpado morra, é menos como cidadão do que como inimigo. (ROSSEAU, 
1973, p. 58).
31 O pensamento de Hobbes é que: “no estado de natureza, os homens, fundamentalmente egoístas 
e tendo necessidades dos mesmos bens, são fatalmente inimigos entre si (homo homini lupus), em 
luta perpétua e universal (bellum omnium contra omnes), em que nem sequer a vida está segura.” 
(PADOVANI, 1974, p. 320).
32 Citado por Jakobs: “ [...] Em seu escrito „Para a Paz Perpétua‟, ele dedica uma longa nota de 
rodapé ao problema de quando se está autorizado a proceder de modo hostil contra uma pessoa: 
„o homem, ou o povo, no simples estado natural priva-me [...] dessa segurança (necessária) e lesa-
me já por se encontrar ao meu lado nesse estado, ainda que não efetivamente (facto), mas sim 
pela ausência de lei de seu estado (statu iniusto), que é uma constante ameaça para mim; e eu 
posso forçá-lo a entrar comigo num estado comunitário-legal ou a afastar-se do meu lado‟. Assim 
sendo, aquele que não participa de uma vida num „estado comunitário-legal‟ deve se afastar, o que 
significa que será expulso ou que, em todo caso, não há que ser tratado como pessoa, podendo-se, 
como observa expressamente Kant, „tratá-lo como um inimigo‟. Como acaba de citar-se, em Kant, 
não se trata como pessoa quem me ameaça ... constantemente‟, quem não se deixa coagir ao estado 
de civilidade.” (JAKOBS,

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