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2014-CiroNaumRockertdosSantos

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Universidade de Brasília 
Instituto de Artes 
Departamento de Artes Visuais 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CIRO NAUM ROCKERT DOS SANTOS 
 
 
 
 
Brasília-DF 
2014 
CIRO NAUM ROCKERT DOS SANTOS 
A arte de ensinar Arte 
Propostas para inclusão do mundo virtual e tecnológico no ensino de Arte na Era 
, e 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A arte de ensinar Arte 
Propostas para inclusão do mundo virtual e tecnológico no ensino de Arte na Era
, e 
 
 
 
 
 
Trabalho de conclusão do curso de ArtesPlásticas apresentado aoDepartamento de 
Artes Visuais do Instituto de Artes da Universidade de Brasília como requisito parcial 
para a obtenção do grau de LICENCIADO EM ARTES. 
 
Orientadora: Professora Doutora Lisa Minari 
 
 
 
 
 
 
 
 
BRASÍLIA, 2014 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
À minha família, ao mestre espiritual 
SrilaPrabhupada, aos amigos que fiz e aqueles que 
terão proveito com este trabalho que conclui uma 
importante etapa de vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
Meus agradecimentos à Profª. Drª. Ana Beatriz de Paiva Costa Barroso pelos 
devaneios poéticos e oportunidade de pesquisa, à Profª. Mª. Vera Marisa Pugliese 
de Castro pelas divagações filosóficas e ensinamentos sutis que levarei para a vida. 
Agradeço à Profª. Drª. ThérèseHofmann Gatti R. da Costa pela oportunidade de 
estágio e ao Prof. Dr. Sérgio Rizo Dutra pelo aprimoramento de meu 
aperfeiçoamento no desenho e amor ao Clássico, à Profª. Mª. Rosana Andréa Costa 
de Castro pelas reflexões no ensino de arte e à Profº. Drª. Lisa MinariHargreaves 
pela amabilidade e solicitude, provando que é possível ensinar com carinho e 
alegria. Dedico este trabalho de conclusão de curso especialmente à Tize pela sua 
recuperação e superação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sumário 
 
1. Introdução.......................................................................................................07 
2. Panorama Geral da Educação em Arte..........................................................08 
2.1. O espaço físico da escola....................................................................09 
2.2. A sala de aula.......................................................................................09 
2.3. A falta de materiais artísticos...............................................................11 
2.4. Livros de arte e de História da Arte......................................................12 
3. O Professor.....................................................................................................12 
3.1. A motivação do professor....................................................................13 
3.2. Do entusiasmo – a alegria de ensinar..................................................16 
3.3. Proposta para inclusão do mundo virtual e tecnológico na aula de 
Artes Visuais.........................................................................................20 
4. O Aluno............................................................................................................24 
5. Proposta Metodológica – Os Sete Pilares.......................................................27 
5.1. A Sensibilização....................................................................................27 
5.2. A Linguagem Visual..............................................................................28 
5.3. Os Materiais Artísticos..........................................................................29 
5.4. O Artista................................................................................................29 
5.5. O Período Histórico...............................................................................29 
5.6. A Criatividade........................................................................................30 
5.7. O Motivo................................................................................................32 
Considerações Finais............................................................................................33 
Referências Bibliográficas.....................................................................................34 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
O objetivo deste trabalho é trazer uma proposta didática e metodológica que 
inclua o mundo virtual e tecnológico, transformando em sala de aula qualquer lugar 
em que o aluno estiver conectado. Tornando cada vez mais plataformas como 
Google, Youtube, Facebook e demais sites como ferramentas de aprendizado, 
pesquisa e estudo. A metodologia utilizada para isso foi o embasamento de livros e 
análises feitas nos estágios de curso e no meu trabalho como professor de curso 
preparatório para o vestibular. Concluo que o professor terá que se tornar mais 
amigo da tecnologia e mostrar sua enorme potencialidade, não deixando de tratar 
das formas cristalizadas de arte como pintura, escultura e desenho, porém mostrar 
os outros campos da arte que mais estão na vida dos alunos e das pessoas em 
geral como filmes, documentários, HQs ( Histórias em Quadrinhos), videogames, 
seriados, desenhos animados, animês, mangás e grafite. O trabalho também 
demonstra a importância do professor em seu papel como encantador, provocador e 
entusiasta para provocar a curiosidade e as tensões necessárias para desenvolver a 
criatividade dos alunos. 
 
PALAVRAS-CHAVE: tecnologia, ensino, arte virtual, arte educação, vídeo-aula. 
 
 
 
7 
 
1. Introdução 
O tema desta monografia será uma proposta metodológica com enfoque na 
educação criativa e transformadora e na inclusão de tecnologias e do mundo virtual 
dentro da didática do professor. 
O recorte desse trabalho será principalmente para o Ensino Médio. Tentarei 
escrever de forma simples, objetiva e direta; o que não é tão fácil já que trabalhamos 
com a subjetividade e a criatividade. Porém, coloco essa proposta em um sistema 
aristotélico para se compreender as etapas e progressos de que trato neste texto. 
Para ensinar é preciso de paixão por aprender e passar o conhecimento 
para frente, com paciência, cuidado, entusiasmo e amabilidade. Por isso, precisa-se 
mudar a atual mentalidade dos professores e suas práticas didáticas. Porém, não só 
de paixão, elemento motivador e animador, se faz um professor (mesmo sendo o 
ponto mais importante). É preciso uma estratégia que guie o professor e que possa 
guiar seus alunos rumo ao conhecimento mais amplo e completo, por isso, uma 
metodologia (estratégia) que não seja também ampla e que não abarque todas ou o 
máximo de questões humanas e do universo da arte, não será completa e por isso, 
não será muito útil. 
Este trabalho consiste em estimular o futuro professor a ter prazer em 
ensinar e em aperfeiçoar as suas técnicas de ensino, pois ensinar é uma arte, logo, 
precisamos de uma arte (técnica) específica para ensinar sobre Arte. 
Este trabalho não é um fim, mas uma metodologia que está em constante 
aperfeiçoamento, pois, assim como um professor deve se ver como um contínuo 
estudante, indagando, refletindo, questionando, pesquisando e aprendendo, assim 
deve ser visto este trabalho. Também quero de antemão dizer que o trabalho foi 
desenvolvido apenas no campo teórico. Precisando para sua real avaliação a 
experiência. A compreensão do mundo, do homem e de si próprio nos proporciona 
encontrar a paz, o fim da ignorância, do medo, da superstição, do erro e da ilusão. 
Pois, não basta apenas viver, mas viver bem e com retidão. 
 
 
8 
 
2. Panorama Geral da Educação em Arte 
Todo diálogo ou debate que se toca no assunto de Educação em Arte traz 
para os alunos de licenciatura (futuros professores) e bacharéis desconforto, más 
lembranças, em sua maioria, medo e insegurança de saber o que passar para os 
futuros alunos e como fugir do modo comum, caducado e fraco de ensinar arte. 
Baseado em cópias de obras famosas, leitura da vida dos artistas enenhum esforço 
para o desenvolvimento e excitação do eu-criador. Criticamos a falta de 
aprofundamento nas aulas, assim como a falta de materiais de arte, as mínimas ou 
nenhumas saídas para exposições, museus e galerias, além de criticarmos, e com 
razão, o uso de apenas um livro didático (geralmente da autora Graça Proença) e de 
não tornarmos os alunos sensíveis à arte. Vejam que esse quadro medíocre do 
ensino público (mais presente neste) só pode gerar por consequência cidadãos de 
visão medíocre sobre a arte e o travamento de seu espírito criativo e inovador. 
É comum vermos os mesmos exercícios de copiar uma obra de arte de um 
artista tal, fazer trabalhinhos com papel crepom, fazer objetos com garrafas, folhas, 
massinha e outros. Isso está sendo passado para todos os alunos tanto dos que são 
de escola pública quanto de escola particular. O que vemos nitidamente é que os 
alunos não aprendem a serem sensíveis à produção artística humana, nem a terem 
um conhecimento visual e, principalmente, perdem a chance de utilizarem a 
capacidade de criar e se expressarem. 
O Plano Nacional de Educação junto com as Diretrizes Nacionais da 
Educação estipulam as metas de uma educação de bom nível que contemple todos 
os estudantes dando-lhes educação de qualidade e um ambiente escolar seguro, 
higiênico e adaptado. Precisa-se mudar o método “conteúdo de vestibular”, pois no 
campo da arte, principalmente, é necessário desenvolver a capacidade estética, 
sensível, imaginativa e musical. Não podemos nos limitar ao conteúdo de prova 
como algo que se decora e não se compreende nem se sente. 
Sei que os problemas e temas são bem repetidos e de conhecimento geral 
por parte dos alunos e professores, entretanto, enquanto as soluções não aparecem 
teremos que continuar nesta discussão para chegarmos enfim a uma ação. 
Para ser ensinado é preciso ter um espaço limpo, digno, seguro e apropriado 
para as aulas. Não se tem, por exemplo, o mesmo tipo de carteira que as outras 
disciplinas, pois se trabalha com desenho, tinta, papéis e telas grandes. Precisa-se 
 
 
9 
 
de cavaletes e espaços próprios para armazenar tudo isso. E é também necessário 
computadores, vídeos, projetores e televisões. Uma escola com a falta disso 
compromete o ensino. 
 
2.1.O ESPAÇO FÍSICO DA ESCOLA 
A falta de uma sala de vídeo, de um auditório ou teatro, de recursos para 
fazer exposições das obras dos alunos, prejudica muito. Ensinar arte não é algo feito 
só dentro de uma sala de aula. Só que se fazem necessários recursos para que se 
desenvolva o conteúdo, o que pode conseguir pela própria instituição quanto pelo 
esforço do professor. 
Esse esforço não significa que o professor deve fazer tudo. É preciso cobrar 
do Estado, Distrito Federal e Municípios os deveres que esses têm com a Educação. 
O que vem ocorrendo, e isso direi em capítulos mais a frente, é que o uso de 
vídeo-aulas está aumentando, podendo o aluno estudar arte como se estivesse 
dentre de um Museu do Louvre ou Museu do Prado. 
 
2.2. A SALA DE AULA 
Imagem 1 – Péssimas condições das salas de aula no Brasil 
 
Fonte:http://www.pragmatismopolitico.com.br/2012/11/alunos-guarda-chuvas-escola-sem-
teto-maranhao.html 
 
 
 
http://www.pragmatismopolitico.com.br/2012/11/alunos-guarda-chuvas-escola-sem-teto-maranhao.html
http://www.pragmatismopolitico.com.br/2012/11/alunos-guarda-chuvas-escola-sem-teto-maranhao.html
10 
 
A importância de se refletir o aspecto físico da sala de aula é de suma 
importância. Primeiro, porque o ambiente influencianosso aprendizado. Um espaço 
bem higienizado, limpo, bem iluminado, com uma boa climatização é agradável e 
tornam as aulas menos cansativas, possibilitando que o aluno se preocupe apenas 
com as atividades de sala e com os conteúdos. Do contrário, ficará o aluno 
reclamando do calor da sala, do ventilador (velho) que não funcionada, das carteiras 
que estão quebradas e são desconfortáveis, da falta de giz, da falta de água no 
bebedouro, das péssimas condições dos banheiros e da falta dos materiais como 
cola, lápis, tinta, durex, tesoura e demais materiais utilizados nas aulas de arte. Sem 
contar a falta dos instrumentos mais importantes hoje que são os computadores, 
tablets e o acesso à internet. 
Imagem 2 – Sala de aula de uma escola particular com boas condições para os alunos 
 
Fonte: http://colegiomcrsjv.blogspot.com.br/2013/04/sala-de-aula-ontem-e-hoje.html 
 
A sala de aula deve ser vista como um ambiente de descobrimento, de 
estranheza, de espanto. Onde a curiosidade e o respeito estejam sempre presentes, 
junto com o debate, o diálogo e a pesquisa. O professor precisa desenvolver nos 
alunos a visão de que a sala de artes será o ‘porto seguro’ deles e de que é o lugar 
 
 
http://colegiomcrsjv.blogspot.com.br/2013/04/sala-de-aula-ontem-e-hoje.html
11 
 
onde há disciplina e ao mesmo tempo descontração. Onde eles poderão exercitar a 
imaginação e desenvolver assim aquilo que é intrínseco a eles e é a qualidade mais 
importante. O aluno precisa sentir prazer e alegria ao pensar que está indo para 
aula. Achar gostoso aquela aula onde ele pode ser ele mesmo e se descobrir. 
Prazer em ir para escola, em rever o professor que irá tirar suas dúvidas e gerar 
mais inquietações. 
A liberdade dada dentro de sala serve para a própria educação sobre o que 
é liberdade, como aproveitá-la e como utilizá-la de maneira construtiva. Não precisa 
ser um caos ou uma baderna. As crianças não são tão diferentes dos jovens e estes 
dos adultos. Nos cansa ficar mais de uma hora só ouvindo, em cadeiras 
desconfortáveis e ouvindo algo desinteressante. Por isso, fica este ponto importante 
para o aqueles que querem ser professores: como tornar a minha aula mais 
interessante? Como ouvir e usar aquilo que os alunos gostam para trazê-los para o 
conteúdo? Mas isso traz consigo outra questão: a arte está apenas naqueles 
conteúdos internos da disciplina? 
Acredito que não e isso faz com que o professor possa envolver as mentes 
de todos os alunos simplesmente descobrindo quais matérias os alunos gostam ou o 
que eles mais gostam de fazer e explicar que arte (técnica – em grego) é fazer da 
melhor forma aquilo que gostam. Assim, mesmo que eles não busquem a criação 
nas artes, irão vê-la na Matemática, na Física, na Literatura, na Poesia e demais 
áreas do conhecimento. 
 
2.3. A FALTA DE MATERIAIS ARTÍSTICOS 
Outro problema sério nas escolas públicas é a falta de recursos para a 
aquisição de materiais de arte comuns, como tesoura, cola, cartolina, fita adesiva, 
réguas, mesas próprias e específicas, lápis, tinta, blocos de papéis de diferentes 
gramaturas e computadores para trabalhar com arte digital. 
Essa falta de material traz desconforto e atraso nas aulas tanto para os 
alunos quanto para o professor. Não se pode ter uma aula plena de experiências 
criativas sem os materiais que as proporcionarão. Como é o foco desse trabalho, os 
materiais tecnológicos e digitais podem ser bem usados. Um smartphone hoje vem 
com tantas funcionalidades que os alunos podem muito bem trabalhar com curtas, 
stopmotion, arte sonora, projeção, montagens digitais ou de tratamento de imagens 
 
 
12 
 
e outras que os alunos poderão criar. Atrair os jovens para a Arte pelos meios que 
eles já manipulam e se sentem confortáveis, de forma quase orgânica, é uma forma 
de deixá-los animados e confiantes que algo interessante poderá sair dali. 
 
2.4. LIVROS DE ARTE E DE HISTÓRIAS DA ARTE 
Graça Proença. Mal se fala o nome e já se traz um franzir de testas e 
resmungos. Não é um livro ruim, mas só ele basta? O professor não pode passar 
apenas um livro sobre arte como se isso seria o necessário para sabermos tudo 
sobre o que é arte, os artistas mais talentosos e a história por trás de cada obra. 
Precisamos, portanto, de que o professor leve mais livros e o que mais puder para 
que o aluno tenha uma visão muito mais ampla eprofunda de Arte – que o aluno 
aprenda a história da arte e como apreciá-la. 
Analisemos os livros de História de Arte criticamente: há neles obras de arte, 
filmes, animações ou videogames da cultura jovem? Não. Não há algo com o que os 
jovens possam se identificar. O que proponho é a inversão disso. O professor 
precisa captar o universo dos alunos para, a partir dele, apresentar a origem deles e 
relacioná-los com o passado. 
 
3. O Professor 
Tem ser mais santo? Nossos primeiros professores são nossos pais. Com 
eles aprendemos a falar, andar, se expressar e demais funções. Em um pensamento 
aristotélico do qual compartilho, toda criança aprende primeiro pela imitação. Imitam 
os pais, parentes, amigos e demais pessoas que as cercam. O aprendizado por 
imitação continua sendo o mais forte tipo de educação. Aquilo que vemos ser 
praticado por outros e que vemos vantagem nisso, queremos para nós. Esse 
pensamento inicial é importante para compreendermos como que um professor deve 
ter a consciência, a atenção e o cuidado com o que faz e fala. Ele deve ser não só 
um exemplo de conhecimento, mas de caráter, pois não há vantagem em formar 
alunos sem virtude e insensíveis, ainda mais no campo da arte. 
Porém as coisas não são tão belas assim. Há uma maioria de professores 
que não quiseram estar em sala de aula. É de senso comum dentro das 
universidades que a maioria não quer licenciatura ou ser professor e se o faz é por 
falta de opção, de mercado de trabalho ou vocação. Isso gera professores frustrados 
 
 
13 
 
e que acabam transferindo essa frustração e nenhum amor pela pedagogia aos 
alunos. Acredito que esse seja um dos maiores males de que sofremos atualmente. 
A razão disso nós sabemos: a não valorização do professor, seja ele de fundamental 
ou de universidade. 
 
3.1. A MOTIVAÇÃO DO PROFESSOR 
Magister discit, diziam os romanos – o Mestre falou. Era a instância máxima 
em qualquer assunto. Hoje o professor desceu de seu pedestal. Segundo os 
romanos, o trabalho é entre todos e o saber de todos. Google, Youtube, Facebook, 
Khan Academy, Blogs, Vlogs, sites, aplicativos para smartphones e programas de 
televisão ensinam. Por outro lado, o professor tem a capacidade de se integrar ao 
mundo do aluno que ele deve buscar conhecer, entender e compreender mais do 
que qualquer programa no mundo virtual ou televisivo. 
Vai nisso uma grande reflexão: Antes de ensinarmos um conhecimento ao 
aluno, devemos antes conhecer nossos alunos, assim como um marceneiro precisa 
conhecer a madeira que irá talhar e moldar ou um topógrafo que precisa analisar e 
conhecer o terreno para dizer que tipo de edificação ele suporta. 
Na hora de dar aula, o professor perderá a atenção dos alunos se ele 
concentrar-se em si mesmo, concentrar-se no texto didático, no papel e se ele 
concentrar-se nos objetivos não primordiais para os alunos. Portanto, o professor 
precisa ser direto ao mais importante e ir em direção ao seu público. 
“O aluno só ouve o que quer ouvir” – nem sempre. E, se assim for, o que nós 
professores devemos fazer para apresentar um conteúdo desejável ou do gosto do 
aluno? 
O professor deve despertar o aluno e não querer que o aluno absorva e 
decore os conteúdos de forma mecânica. Eles não são autômatos, mas é preciso 
dizer isso, pois parece que muitos se esqueceram disso. “Só vai para a memória 
aquilo que é objeto do desejo. A tarefa primordial do professor: seduzir o aluno para 
que ele deseje e, desejando, aprenda” (Alves, 2000, p. 81). Para ser esse “professor 
instigador e provocador”, ser simpático, usar de cortesia, ser amável e ter 
entusiasmo são ações chaves e que devem ser rotina. Amor em fazê-los pensar por 
si mesmos mais do que ensinar algo. Pois a finalidade do professor é justamente 
ensinar às crianças, jovens e adultos a pensarem por si próprios nos seus próprios 
 
 
14 
 
contextos sociais, culturais, econômicos, políticos e ambientais. É fazer com que 
eles encontrem o seu lugar no mundo. A sinceridade do professor conquista o aluno. 
A sua competência completa a abordagem. A dedicação coroa o êxito. 
O que se vê generalizado, tanto em professores “espetáculos” de cursinhos 
pré-vestibulares quanto em escolas é a obrigação de eles ensinarem todo um 
currículo pré-estipulado sem interessar-se com o processo criativo de cada aluno, 
assim como suas experiências na arte. 
O professor deve ser criativo. Variar é o segredo. Utilizar todos os meios. 
A transformação começa pela palavra, por isso, não use e nem permita 
termos que os rebaixem como “burro”, “imbecil”, “tolo”, “ignorante”, “lerdo”, “sonso”, 
“mongol”, etc. Deve-se construir verbalmente o que os alunos sonham para si 
mesmos. Transformá-los primeiro por dentro, na essência. Use “inteligente”, 
“esforçado”, “esperto”, “sagaz”, “estudioso”, “educado”, “disciplinado”, “criativo”, 
“dedicado”, “alegre”, “confiante”, etc. 
Deve-se gerar a curiosidade no estudante e o seu incessante 
questionamento sobre tudo. Utiliza-se o bom-humor e a comicidade para gerar uma 
aula mais cômica e com isso, mais leve, a mímica, a imitação que é tão comum nas 
crianças e jovens. Já dizia o filósofo pré-socrático Demócrito “É preciso ou ser bom 
ou imitar quem o é”. Buda, assim ensinou aos seus discípulos: “Se é o fato de eu ser 
o Professor que os inibe de me dirigirem suas dúvidas, então, veem-me como um 
amigo.” A Verdade não é uma coisa que um tenha e outro não, por isso não se fala o 
que sabe para o que não sabe, pois isso seria supor que um dos dois a possui. Mas, 
se ambos buscarem a Verdade de dentro um do outro surgirá uma concepção mais 
geral e comum a ambos. 
Eles precisam sentir os riscos e a adrenalina de se aventurarem em suas 
próprias divagações e reflexões. O professor não deve esperar do aluno uma 
resposta esperada e considerada “certa” e “ideal”, mas buscar novas ideias, novas 
sugestões e conjeturas para os fatos. Precisa-se mostrar que o mais importante é a 
criatividade e a imaginação. Para os alunos do ensino médio é a reflexão profunda 
que vale. Não basta termos escolas com toda a estrutura e salas de aula com data 
show, computadores e todo o tipo de conforto e tecnologia se os alunos não usarem 
das ferramentas que lhe são dadas para pensar e discutir os temas. Um trecho que 
 
 
15 
 
ilustra bem isso éo exemplo que o professor Rubem Alves (2000, p. 66) dá em seu 
livro A Alegria de Ensinar: 
 
“Quando eu era menino, na escola, as professoras me ensinaram que o Brasil 
estava destinado a um futuro grandioso porque as suas terras estavam 
cheias de riquezas: ferro, ouro, diamantes, florestas e coisas semelhantes. 
Ensinaram errado. O que me disseram equivale a predizer que um homem 
será um grande pintor por ser dono de uma loja de tintas. Mas o que faz um 
quadro não é a tinta: são as ideias que moram na cabeça do pintor. “São as 
ideias dançantes na cabeça que fazem as tintas dançarem sobre a tela”. 
 
Na visão Kantiana, a finalidade da educação é proporcionar o 
desenvolvimento total das potencialidades do indivíduo. A finalidade é oferecer no 
nosso campo da arte a experiência criativa e a experiência da arte que é 
enriquecedora. Essa experiência estética que o professor de artes deve se importar 
em proporcionar para seus alunos. 
Todo objeto causa uma sensação no sujeito, não importando a priori se é 
bom ou ruim. Pode-se experimentar esteticamente todo objeto, seja ele natural ou 
feito pelo homem. Entender a construção das formas por meio da Linguagem Visual 
ensina o aluno a “ver” o mundo, pois é o olhar treinado que enxerga, assim como um 
botânico percebe centenas de espécies numa floresta ou num parque e onde a 
maioria não alfabetizada visualmente perceberia apenas mato. “A vista é o que nos 
faz adquirir mais conhecimentos, nos faz descobrir mais diferenças.” Aristóteles 
Portanto, o ato de “olhar” também significa “distinguir”, “examinar”, “compreender”. 
Tudoisso implica em um conhecimento visual, porém é necessário explicar 
ao aluno que há várias outras formas de se expressar e cada um tem seu próprio 
universo técnico e que é único: saber ler, escrever e se expressar pelas letras está 
ligado à comunicação escrita. Saber desenhar, pintar, fotografar, filmar, e se 
expressar pelas imagens está ligado à comunicação visual. Saber se expressar pela 
voz, rosto, gestos e do corpo está ligado á comunicação teatral. Saber se expressar 
pelos instrumentos musicais é comunicação musical. “O que a pintura diz, a música 
não diz. O que a poesia diz, a pintura não diz, pois são linguagens diferentes e, 
consequentemente, são universos diferentes de beleza, de criatividade e de ideias.” 
(Gullar, 2011, p. 102). 
 
 
 
16 
 
3.2. DO ENTUSIASMO – A ALEGRIA DE ENSINAR 
O trabalho do professor é estimular a observação, o questionamento e a 
reflexão sobre os assuntos tratados tanto em sala quanto aqueles que os alunos 
tragam de suas casas ou de experiências que estes tiveram. É dessa forma que eles 
serão conquistados pelo doce prazer do conhecimento. As pessoas não se importam 
com o que fazemos, mas pelo que fazemos. É essencial que o professor demonstre 
sua paixão e motivação pelo saber e pelo universo da arte para que os alunos 
sintam isso, pois um aluno só não gosta de alguma matéria se ele não se sente bem 
com ela, se ele não se diverte ou sente que suas capacidades emocionais e 
intelectuais estão sendo aprimoradas e úteis. Irão ver que todo o conhecimento 
adquirido serve para mudar o mundo e vê-lo de diferentes aspectos. Verão um 
prédio histórico e se lembrarão do período em que este foi construído, da arte de 
sua época, da música culta e popular que faziam as pessoas dançarem e sorrirem, 
flertando nos salões. Pensarão na arquitetura que ditava o que era o belo para tal 
período, assim como na língua em que se escrevia sobre os acontecimentos e as 
expressões que permearam até nós. 
O professor precisa gerar estranhamento, espanto e entusiasmo! Quantos 
são os casos de alunos que decidiram entrar em determinado curso devido à 
influência de um professor que consideravam alegres, inteligentes, educados e que 
lhes despertavam a vontade de seguir os mesmos passos? Porque é o que nos 
agrada que queremos ter sempre perto de nós e fazer. Por isso William 
Shakespeare em A megera domada (1593-1594), Ato I – Cena I: Trânio, estava 
certo ao dizer: “Onde não há prazer não há proveito”. Aulas prazerosas sempre 
serão prazerosas, ainda mais se o professor conciliar o prazer emocional com o 
intelectual. 
Em suma, devemos pensar no professor como um aluno. Como um aluno 
gostaria que a aula fosse? Como fazer para que o aluno ache interessante a aula e 
se interesse pelos assuntos? Alguém pode questionar o porquê de se preocupar 
tanto no que o aluno quer ou precisa. Bem, para essa pessoa eu retrucaria com 
algumas perguntas: pode um pai não se preocupar em como educar o filho? Qual 
educação é a melhor para ele, quais os melhores métodos, como fazer para que seu 
filho se interesse e se divirta enquanto aprende? Ninguém vai se importar com você 
a menos que você se interesse por elas. É relevante deixar explícito que o professor 
 
 
17 
 
não deve se achar no mesmo patamar que o aluno, mas que não deve tratá-lo como 
uma criança, principalmente quando este já estiver na pré-adolescência, pois não há 
nada que irrite mais um adolescente que está se achando maduro do que rebaixá-lo 
para criança. 
 
Imagem 3 – Professor John Keating (interpretado pelo ator Robin Williams), 
carismático, cômico, inquisitivo e transformador do filme Sociedade dos Poetas Mortos 
(1989). 
 
Fonte: http://ummomentoumpensamento.blogspot.com.br/2013/05/sociedade-dos-poetas-
mortos-frases.html 
 
Não fazemos com prazer o que não gostamos e isso é um fato. O contrário 
disso são pessoas que mudam o seu meio social e o mundo. Não aceitando as 
condições dadas, não acreditando que não se pode ir mais além. Precisamos 
colocar desafios constantes para os alunos. Desafios grandes, pois devemos 
acreditar na capacidade deles. Sempre. Desafiá-los é também motivá-los. Por isso 
coloquei a imagem desse professor fictício do filme Sociedade dos Poetas Mortos, 
pois desde que o vi quando ainda no ensino médio sonhava em ser um professor 
 
 
http://ummomentoumpensamento.blogspot.com.br/2013/05/sociedade-dos-poetas-mortos-frases.html
http://ummomentoumpensamento.blogspot.com.br/2013/05/sociedade-dos-poetas-mortos-frases.html
18 
 
“louco” como ele. Instigar os alunos, tirar deles a vergonha e o medo de viverem e 
seguir seus sonhos. Ajudá-los com a minha arte e minha aula para que eles 
desenvolvessem seus potenciais latentes dentro deles. O que foi bastante 
engraçado, pois em fevereiro desse ano (2014) quando substitui o professor em uma 
escola fiz exatamente o que o professor John faz no filme: na primeira aula pedia 
aos alunos que subissem em suas carteiras e eu fazia o mesmo. Depois discursava 
em como eles deveriam ver tudo o que lessem ou estudassem de todos os ângulos 
e que pensassem de forma diferente, pois cada um ali era único. Passava a mão na 
superfície do suporte das lâmpadas e nas pás dos ventiladores no teto e dizia “vocês 
até verão sujeiras onde nem imaginam” – a turma caía na risada. Na segunda aula 
eles já estavam todos animados e dispostos a participar da aula e dizer o que 
pensavam. O que me dava muito prazer, pois alguns vinham até mim para dizer que 
queriam que os outros professores fossem mais animados assim como eu, ou seja, 
eles percebem quando um professor se esforça e quando o professor prepara uma 
aula medíocre ou excelente. 
Em suma, o entusiasmo trará mais disposição tanto para o professor que 
ministrará as aulas quanto para os alunos que assistirão. Os alunos não são o 
futuro, são o presente. O problema estará em colocarmos nossa motivação 
esperando ânimo dos alunos. Temos que ter consciência que a recíproca nem 
sempre é possível. Pode demorar meses ou um semestre inteiro, mas não podemos 
perder a fé. 
Não se devem fazer monólogos. Passou de dez ou quinze minutos falando, 
os alunos já estarão entediados. Questione-os, levante dúvidas e reflexões. Não dê 
nada pronto, acabado. Deixe-os construírem as ideias e o seu próprio raciocínio. 
Use sempre o bom-humor. Não há nada que os desperte mais e os cative como uma 
boa dose de situação cômica. Também é útil alterar o tom da voz e se movimentar 
pela sala quando notar que está se tornando monótono. Leia seus rostos. Leve 
músicas, vídeos, instrumentos musicais, livros, histórias em quadrinho e deixe os 
alunos também levarem suas referências. Isso fará com que eles participem e se 
sintam felizes por participarem e mostrarem o que gostam. 
Alguns professores podem ter dúvidas em como conhecer os seus alunos 
para melhor pensar em estratégias de educação. Para você conhecer alguém, não 
pergunte o que ele pensa, mas o que ele ama. É assim que nos aproximamos dos 
 
 
19 
 
alunos, descobrindo o que eles gostam e colocando tarefas que incluam esses 
objetos de desejo e prazer deles. Além disso, também é preciso saber qual é a 
vocação de cada um. Saber as qualidades e possíveis defeitos de cada um, 
contados por eles mesmos para que você como professor saiba como ajudá-los a se 
aperfeiçoarem cobrando ações que o façam mudar seus hábitos. “Nós somos aquilo 
que fazemos repetidas vezes, repetidamente. A excelência, portanto, não é um fruto, 
mas sim, um hábito” Aristóteles. 
O segundo passo é aumentar a autoestima dos alunos. Precisamos dar-lhes 
coragem e fazê-los acreditar que eles se tornarão os melhores em tudo o que foram 
fazer e o farão sempre com excelência, pois na fase de infância e muito mais forte, 
na adolescência, muitos passam por problema de baixa-estima e não creem em si 
mesmos. Por isso o maior discípulo de Platão estava certo em dizer quea coragem é 
a virtudeque torna os Homens capazes de grandes ações. E essa coragem precisa 
servir também para ensiná-los a nunca desistirem diante de uma dificuldade. Ensinar 
que a perseverança é o caminho do êxito. Vai nisso uma sabedoria de vida, não só 
educacional. 
Outro ponto importante é reconhecermos quando um aluno faz algo de bom, 
com zelo ou se interessa na aula. Presenteá-lo com algum prêmio não é só uma 
técnica behaviorista, mas sim o que de fato fazemos na vida: os bons (excelentes) 
naquilo que fazem são presenteados e parabenizados. “Se você deseja 1 ano de 
prosperidade, cultive grãos. Se você deseja 10 anos de prosperidade, cultive 
árvores. Mas se você quer 100 anos de prosperidade, cultive pessoas.” Ditado 
chinês. 
Uma excelente técnica e muito simples e antiga é: esteja sempre com um 
sorriso no rosto! Muitos problemas poderão ser resolvidos com isso. Ninguém quer 
olhar para cara de um professor mal-encarado e mal-humorado. O riso é contagiante 
e o bom-humor idem. Não há nada melhor do que ir para aula desejando aprender e 
contribuir com as suas ideias e opiniões. 
A forma de apresentar a aula é muito importante. Uma boa apresentação 
utilizando data show para apresentações com uma boa carga de imagens 
impressiona e denota cuidado e trabalho por parte do professor. Devem-se passar 
vários documentários relacionados com o tema da aula, é uma boa técnica também 
para que eles não se enfezem e se cansem com a disciplina. 
 
 
20 
 
3.3. PROPOSTA PARA INCLUSÃO DO MUNDO VIRTUAL E 
TECNOLÓGICO NA AULA DE ARTES VISUAIS 
“Enquanto o mundo requer gente criativa e com alta capacidade inovadora, o 
modelo vigente reforça a passividade.” (2011) Critica o fundador da revolucionária 
Khan Academy, Salman Khan cujo objetivo é criar uma sala de aula global. 
 
Imagem 4 – Professor Salman Khan 1 
 
Fonte:http://jpalfrey.andover.edu/ 
 
 
 
 
Para ter como base em minha proposta, nada melhor que procurar o que há 
de mais revolucionário atualmente. O modelo da Khan Academy é fazer o aluno 
aprender matemática ou qualquer disciplina como se aprende a andar de bicicleta. 
Cair e se levantar e repetir o processo até ter o domínio. No modelo tradicional se 
um aluno tenta experimentar e falha, ele penaliza-o, não esperando o aluno alcançar 
o domínio. Já no Khan Academy, ele encoraja o aluno a experimentar, a tentar, a 
falhar, mas espera o domínio no final do processo. 
A ideia é usar os recursos educacionais recentemente popularizados pela 
tecnologia, como as vídeo-aulas ou ambientes virtuais de determinados cursos, para 
1Detém quatro graus: bacharel em matemática, bacharelado em engenharia elétrica e ciência da computação, bem como um 
mestrado em ciência da computação do Massachusetts Instituteof Technology, e possui MBA pela Harvard Business School 
 
 
 
http://jpalfrey.andover.edu/
21 
 
que o aluno tenha contato com o conteúdo em casa. Assim, o tempo da sala de aula 
fica liberado para que professores e alunos avancem no aprendizado, seja fazendo 
exercícios, tirando dúvidas ou promovendo debates. “Quando fiz as videoaulas não 
sabia como isso teria uma penetração na escola. Então comecei a receber cartas de 
professores que diziam estar invertendo a lógica da sala de aula: os vídeos estavam 
virando lições de casa e na escola o que antes era dever de casa agora estava 
virando aula”, disse o educador Khan, em sua apresentação no TED Talks 
(acrônimo para Technology, Entertainment, Design – em português: Tecnologia, 
Entretenimento, Design) de 2011 “Salman Khan: Vamos usar o vídeo para reinventar 
a educação”. 
 
 
Imagem 5 – Logo da Khan Academy 
 
 
Fonte: https://www.youtube.com/user/khanacademy 
 
Está mais fácil estar conectado à internet. Os jovens podem pesquisar 
livremente, ler o acham mais interessante ou mais parecido com eles, podem ver 
vídeos, fotos, gráficos e aulas online ou gravadas. Trazer isso para o uso em sala de 
aula e fora dela para o aprendizado do aluno será o próximo passo para essa 
geração e as próximas. O professor não pode ter medo da tecnologia, da internet ou 
dos computadores e smartphones. 
 
 
https://www.youtube.com/user/khanacademy
22 
 
Ao contrário do que muitos temem as vídeo-aulas não diminuem nem a 
necessidade de um bom professor nem a importância dos momentos presenciais de 
interação. O que ocorre é a valorização de todos e o uso de diversas formas para 
que o aluno aprenda e seja criativo. “Os professores estão usando tecnologia para 
humanizar a sala de aula. Eles pegam uma situação fundamentalmente 
desumanizada e sem interação e a transformam num espaço de troca.” Afirma Khan 
(2011). O aluno tem seu próprio tempo e pode estudar onde quiser e estiver, 
podendo rever os vídeos quantas vezes quiser. Compartilhar com amigos, conversar 
com tutores online e avançar para níveis mais complexos assim que for completando 
as etapas anteriores. 
 
Imagem 6 – Alunos aprendendo com iPads 
 
Fonte:http://salaaberta.com/2013/12/09/texto-critico-abrindo-caminhos-para-as-tecnologias-na-
aprendizagem/ 
 
A imagem acima ao mesmo tempo em que traz um belíssimo vislumbre da 
ferramenta tecnológica (iPad) sendo utilizado para educar com suas centenas de 
aplicativos e programas, tendo o mundo de informações em suas mãos também nos 
 
 
http://salaaberta.com/2013/12/09/texto-critico-abrindo-caminhos-para-as-tecnologias-na-aprendizagem/
http://salaaberta.com/2013/12/09/texto-critico-abrindo-caminhos-para-as-tecnologias-na-aprendizagem/
23 
 
traz o choque e tristeza de saber que isso não ocorre com nem 2% dos estudantes 
brasileiros que ficam à margem dos avanços tecnológicos e analfabetos ao mundo 
virtual. Onde, sabemos que nem todas as escolas ainda têm computadores nas 
salas ou salas de informática e profissionais especializados para ensinar às crianças 
e jovens em como operar o computador e seus diversos programas. Estou dizendo 
em ir além do uso do Word, o Excel, o Google e o Facebook. 
Esta talvez seja a realidade inegável de que ainda somos um país muito 
atrasado nas áreas mais fundamentais de um país. É justamente por esse motivo 
que meu trabalho visa a demonstrar que mesmo não tendo os computadores mais 
modernos ou aplicativos próprios para educação, dispomos de excelentes materiais, 
como o Khan Academy para estudar praticamente todas as áreas do conhecimento 
apenas sendo necessário uma internet e um computador razoável ou um 
smartphone. Assim, poderá o aluno ter acesso aos milhares de vídeo aulas. 
O que eu busco com esse trabalho é inverter a velha ideia: “Ensinarei aos 
alunos o que eles precisam saber” para “Irei ajudá-los a descobrir o que eles 
desejam aprender e mostrar outros mundos e caminhos” e tudo isso graças às aulas 
que podem ser vistas no monitor de um computador ou tela de um celular. 
Nos EUA há outro projeto visa o ensino da própria plataforma digital, a 
programação, e está surgindo com grande investimento nos Estados Unidos e se 
espalha no resto do mundo, se fazendo incrivelmente necessário a sua adesão em 
todo o nosso país. Esse projeto pioneiro de alfabetização digital se chama Code.org 
e o site é Hour ofCode. A alfabetização digital é tão importante em nosso tempo 
quanto saber ler e escrever, pois o trabalho e o envolvimento com os meios digitais 
e tecnológicos exigem isso. 
“Code.org” é uma organização sem fins lucrativos e liderado pelos irmãos 
Hadi e Ali Partovi que visa incentivar as pessoas, principalmente estudantes de 
escolas nos Estados Unidos (mas que é aberto para qualquer pessoa do mundo 
com internet) para aprender a codificar.O site inclui aulas de codificação livres, e a 
iniciativa também tem como alvo as escolas na tentativa de incentivá-las a incluir 
mais aulas de informática no currículo. 
 Tudo isso dito demonstra o quanto o mundo virtual e tecnológico precisa fazer 
parte da aula hoje. Se usamos o Google para pesquisas,desde as superficiais até 
as acadêmicas e mais densas, por que não utilizar plataformas virtuais focadas 
 
 
24 
 
diretamente no estudo? O Youtube EDU é uma plataforma de vídeo aulas também, 
só que voltadas para o público brasileiro. Ainda é pouco divulgado e não há todas as 
matérias ofertadas como no Khan Academy, mas já há mais de 65.700 inscritos no 
canal ( dados referentes a maio de 2014). São vídeos feitos por professores que 
exploram desse espaço aberto para ensinar. Os alunos podem assistir quantas 
vezes quiserem, onde quiserem e compartilhar o ensinamento com outros amigos. 
Ficam bem claros os benefícios que essas plataformas proporcionam, mas ainda 
não há uma cultura para que isso seja incorporado nas escolas, o que acredito ser 
apenas uma simples questão de tempo. 
 
Imagem 7 – Facebook sendo usado para compreender a 2º Guerra Mundial 
 
Fonte: http://www.cutucanao.com.br/wp-content/uploads/2013/04/guerra1.jpg 
 
 
 
http://www.cutucanao.com.br/wp-content/uploads/2013/04/guerra1.jpg
25 
 
 Uma boa utilização do Facebook para trabalhos foi desse exemplo acima, 
onde alunos se dividiram em grupos para representarem os países que participaram 
na Segunda Guerra Mundial e postavam fotos e comentavam como se fossem os 
líderes dos países, como EUA, Japão, Inglaterra, Alemanha e URSS. E que pode 
ser adaptada essa ideia facilmente para outras disciplinas. É justamente isso que 
quero demonstrar com esse trabalho, de que é possível e divertido utilizar as 
plataformas virtuais mais acessadas e úteis que temos hoje para usá-las para o 
ensino. 
 
Imagem 8 - Facebook sendo usado para compreender a 2º Guerra Mundial 
 
Fonte: http://profwladimir.blogspot.com.br/2013_04_01_archive.html 
 
 
http://profwladimir.blogspot.com.br/2013_04_01_archive.html
26 
 
 
Outra coisa interessante é que os alunos usam expressões que são comuns a 
eles e eles assim entendem a mensagem sobre o que foi determinado fato. Tal 
exemplo pode ser aplicado para diversas matérias se utilizando de uma boa dose de 
humor e criatividade. 
Há diversas páginas do Facebook que tratam de assuntos relacionados à 
educação, ciência, tecnologia, filmes e muitas outras áreas. O professor precisa usar 
dessa ferramenta para que o aluno passe a usá-la em busca de conhecimentos e 
não só para fotos e chats. 
 
 
4. O Aluno 
Como o foco desse trabalho é o ensino médio, falarei desses alunos 
distintos que estão entre a criança e o cidadão formado. 
É fácil percebermos a diferença de alunos do primeiro ano que acabaram de 
sair do fundamental, que são muito brincalhões e despreocupados com os campos 
do conhecimento ainda, não sentem com tanta intensidade o prazer intelectual. Já 
os alunos do terceiro ano são mais sérios, mais organizados, com uma visão mais 
ampla, global e com mais preocupação com questões éticas, políticas e sociais. 
Nestes, encontramos a insatisfação diante do mundo e rebeldia. Negando várias 
coisas para se afirmar em outras. Encontrando a sua própria identidade, tribo e 
vocação. Para eles é mais fácil para o professor propor desafios e trabalhos em 
grupo que tenham uma proposta de impacto social, pois poderá cobrar mais postura, 
disciplina, organização e uma incipiente consciência política. 
No campo da arte, o professor pode exigir mais dos alunos de todas as 
séries do ensino médio, trabalhos que os forcem a criar algo bem feito, bem 
finalizado e com mais rigor estético – se esse for o foco do trabalho. Exercícios de 
experimentação e sensibilização em passeios a exposições é uma grande chance 
de ouvirmos o que os alunos pensam sobre a arte e se eles absorveram o que foi 
ensinado dentro da sala de aula. Lembremos que para sermos ouvidos por eles, 
precisamos aprender a ouvir, ainda mais eles que têm tanta coisa para contar. 
Somos todos alunos. É isso o que devemos ter em mente. Aluno é aquele 
que está sempre aprendendo. Até mesmo um sábio continua tirando sabedoria e 
 
 
27 
 
aprendizado das coisas e é dessa forma que devemos agir, caso contrário nos 
tornamos vulgares e orgulhosos do pouco conhecimento que temos. Não podemos 
nos acomodar. Um professor que sempre dá esse exemplo para os seus alunos 
formará pesquisadores sem ter que ensinar o que é um pesquisador, pois isso já 
terá sido ensinado pelo seu exemplo. Ele é um universo capaz de aprender tudo e 
propor soluções inovadoras para o mundo. A ele pertencerá o futuro assim como ao 
professor. Cabe ensinar pelo seu exemplo, a se ter ética e respeito pelos seus 
semelhantes, animais e o meio-ambiente, completando em si o saber pleno. E isso 
começa respeitando os alunos e seus colegas de trabalho. 
 
 
5. Proposta metodológica - Os Sete Pilares 
No ensino de arte sete são os pilares propostos por mim: 1° A 
Sensibilização, 2° A Linguagem Visual, 3° Os Materiais Artísticos, 4° Os Artistas, 5° 
O Período Histórico, 6° A Criatividade e 7º O Motivo. 
Esses sete pilares correspondem às sete perguntas básicas para ter uma 
compreensão mais completa do assunto. Imaginemos um aluno observando um 
quadro de Caravaggio. Poderemos questioná-lo: O que esse quadro expressa? Qual 
o efeito estético que ele lhe passa? (sensibilização) Como ele é? (linguagem visual) 
Com o que ele foi feito? (material artístico) Quem o fez? (artista/biografia) Quando foi 
feito? (aspecto histórico-social-cultural-econômico-religioso da época) Por que ele o 
fez assim e não de outra forma? (criatividade/ genialidade) Para que ele fez isso? 
(motivação/ inquietação, conflitos, tensões psíquicas, intensidade emocional e 
intelectual). 
Percebam como fica claro compreender a arte dessa forma em todos os 
seus aspectos. Fica completo. 
Como esse é apenas um trabalho de monografia e não poderei me 
aprofundar tanto na pesquisa e detalhamento de cada um desses pilares, irei 
apenas fazer uma breve introdução do que cada um deles será. 
 
5.1. A SENSIBILIZAÇÃO 
No primeiro pilar, o aluno aprenderá sobre si mesmo e a perceber os efeitos 
sensoriais e emotivos que os objetos provocam. Uma introdução à Estética pode ser 
 
 
28 
 
dada para os alunos do ensino médio. Aprenderão as diferentes escolas filosóficas 
de estética de tal forma com que quebrem seus preconceitos e ampliem sua visão 
sobre os objetos. 
 
5.2. A LINGUAGEM VISUAL 
“Alfabetismo visual significa inteligência visual” (DONDIS, 1997, p. 231). E 
não há órgão do ser humano que usamos mais para diferenciar, discernir, avaliar e 
julgar. O segundo pilar serve para treinar o olhar – aprender a ver. Entra nesse 
campo o estudo das formas, cores, ponto, linha, textura, brilho, perspectiva, luz e 
sombra. Aqui é importante reforçar que não se deve fazer um ensino voltado apenas 
para as formas já consagradas como pintura, escultura, arquitetura e desenho, mas 
acolher a cultura dos alunos como HQs, filmes, desenhos animados, seriados, fotos 
de celulares – cada vez com melhores câmeras de vídeo e lentes fotográficas, vídeo 
clipes etc, pois como escreve a professora Dondis (1997, p. 4), atual professora de 
comunicação na Boston UniversitySchoolofCommunicatio: 
“A força cultural e universal do cinema, da fotografia e da televisão, na 
configuração da auto-imagem do homem, dá a medida da urgência do 
ensino de alfabetismo visual, tanto para os comunicadores quanto para 
aqueles aos quais a comunicação se dirige. Em 1935, Moholy-Nagy, o 
brilhante professor da Bauhaus, disse: “Os iletrados do futuro vão ignorar 
tanto o uso da caneta quanto o da câmera.” O futuro é agora.” 
 
Baseado no livro do Professor Dr. João Gomes Filho Gestald do Objeto 
podemos colocar nesse pilar o estudo das Leis da Gestalt:Unidade, Segregação, 
Unificação, Fechamento, Continuidade, Proximidade, Semelhança e Pregnância da 
Forma; da Conceituação da Forma/ Propriedades:Forma, Ponto, Linha, Plano, 
Volume, Configuração Real e Configuração Esquemática; das Categorias 
Conceituais/ Fundamentais :Harmonia, Harmonia/Ordem,Harmonia/ Regularidade, 
Desarmonia, Desordem, Irregularidade, Equilíbrio/ Peso e Direção entre outras ; das 
Categorias Conceituais/ Técnicas Visuais Aplicadas: Clareza, Simplicidade, 
Complexidade, Minimidade, Profusão, Coerência, Incoerência, Exageração, 
Arredondamento, Transparência Sensorial, Opacidade, Redundância, Ambiguidade, 
Espontaneidade, Aleatoriedade, Fragmentação, Sutileza, Difusidade, Distorção, 
Profundidade, Superficialidade, Sequencialidade, Sobreposição, Correção Óptica e 
Ruído Visual. 
 
 
29 
 
5.3. Os MATERIAIS ARTÍSTICOS 
 
Buris, goivas, pincéis, lápis, tinta de diversas formas, guache, aquarela, 
nanquim, carvão vegetal, caneta, spray, papel, tela de algodão, parede, gesso, 
concreto, madeira, mármore, aço, bronze, ouro, computadores, tablets e 
smartphones, etc. Aqui o professor poderá explorar os materiais e suportes que os 
artistas utilizaram no decorrer da história e permitir que os alunos os criem ou os 
compre e o mais importante: os experimentem. 
Caberá ao professor decidir por fazer com que os alunos manufaturem seus 
próprios materiais ou os comprem. Deixando é claro a última opção para quando 
houver mais dificuldade, como para goivas e buris. 
 
5.4. OS ARTISTAS 
“A arte é necessária para que o homem se torne capaz de conhecer e mudar 
o mundo. Mas a arte também é necessária em virtude da magia que lhe é inerente” 
(FISCHER, 1987, p. 20). 
Neste pilar, o professor apresentará a biografia dos artistas. A sua 
importância é para que os alunos vejam o lado humano deles, com seus problemas 
comuns a todos os homens, como problemas com a família, com chefes, com 
namoradas, esposas, com dinheiro ou a falta dele e com as soluções para poder 
ganhar espaço no mundo sempre concorrido da arte. Dessa forma, os alunos 
poderão vê-los de forma menos deificada e etérea, mas sim, mostrando problemas 
que todos nós passamos e temos. Isso servirá de incentivo para os alunos se 
sentirem capazes de dispostos a se arriscarem no mundo da arte. 
 
 
5.5. O PERÍODO HISTÓRICO 
Este pilar trará de contar a história da época. Aqui o professor colocará o 
fluxo histórico, com todas as suas peculiaridades, cultura, política, pessoas 
eminentes, reis, governantes em geral, arquitetura do lugar, localização e 
curiosidades. Servirá para situar o artista na sua época, ou seja, o aluno saberá 
onde e quando o artista apareceu, como era esta época em particular mais o que 
 
 
30 
 
isso influenciou na vida do artista e como este reagiu provocado pelas tensões para 
poder criar suas obras. 
Claramente o aluno poderá compreender mais claramente qualquer época, 
artista e obra seguindo esse processo. 
 
 
5.6. A CRIATIVIDADE 
Por que criamos? Porque precisamos encontrar uma solução para um 
problema. 
“Invenção é o produto mais importante da mente criativa do homem” dizia o 
grande inventor Nikola Tesla (1856-1943). O conflito é a condição de crescimento. 
Para o processo criativo é necessário tensão psíquica, uma vez que não há 
crescimento sem conflito. 
As molas motrizes da criatividade são: a intensidade emocional e intelectual 
e todas precisam da motivação. A inquietação do artista o faz criar. É o árduo 
trabalho dialético de tese-antítese-síntese. 
Deve-se como professor desenvolver a competência e a capacidade de cada 
aluno, tornando-o proficiente e isso virá se o professor o colocar para experimentar 
diferentes materiais artísticos e suportes. O aluno precisará ser prolífico para 
perceber o desenvolvimento de suas técnicas. Como técnica, entende-se o conjunto 
de processos de uma arte ou ciência. Esses processos são frutos de 
experimentação das velhas técnicas e criação de novas com a tecnologia que se 
dispõe na atualidade. Não há apenas uma solução possível para um problema. 
Pensar em outros caminhos possíveis é parte da criatividade e isso força a se 
“debruçar sobre o problema” até encontrar uma resposta. No nosso caso, o 
professor precisa perceber que estamos na era da informática e tecnologias digitais, 
não podendo se abster de falar de ponto sem falar de pixel. Isso implica na 
educação das artes computacionais e digitais, pois dessa forma chamará a atenção 
dos alunos e o interesse deles por criarem um objeto estético de tecnologias que lhe 
são cotidianas e mais interessantes. Conseguirão ver essas soluções nos filmes, 
desenhos, clipes musicais e videogames. 
 
 
 
 
31 
 
Imagem 9 -PixarStudios, fundada por Steve Jobs 
 
Fonte: http://collider.com/pixar-sequels-every-other-year/ 
 
Há algo realmente importante e que não podemos esquecer. Podemos pedir 
a eles ou a qualquer um: “Crie! Vamos, crie!” Mas nada sairá de imediato ou mesmo 
que se deem horas. O motivo é que não há conflitos ou problemas para que possam 
criar algo. “A tensão e a contradição dialética são inerentes à arte” (Fischer, 1987, 
p.14). Motivar. Esse é o verbo que temos que lembrar e nunca esquecer. Vejam 
então que o fato do professor incentivar deve vir junto com o levantamento de 
problemas e tensões para que os alunos possam se sentir motivados a criar algo. É 
por isso que as aulas precisam ser provocativas! Os professores precisam levar os 
alunos a refletirem sobre determinadas situações, sejam elas sociais, artísticas, 
históricas ou ecológicas, o que for. Isso serve para todas as demais disciplinas. 
Com essa explicação fica mais fácil agora compreendermos porque os 
artistas e gênios da música, da física, da matemática e qualquer área do 
conhecimento vivem em constantes conflitos e tensões. 
Provoquemos os alunos! Lancemos problemas a eles! Eles compreenderão 
que há no processo criativo um incessante e árduo trabalho mental, reflexivo, 
imaginativo e inovador. “Para ser um artista, é necessário dominar, controlar e 
transformar a experiência em memória, a memória em expressão, a matéria em 
forma.” (Fischer, 1987, p. 14). 
 
 
http://collider.com/pixar-sequels-every-other-year/
32 
 
O atual método de ensino é especializante, mecânico, pouco reflexivo e que 
cobra pouco uma postura diante da realidade, incapacitando esses alunos de terem 
ideias inovadoras e com elas soluções para a transformação e melhoria do mundo. 
Eles precisam pensar para ver, refletir para poder prever e prever para poder 
prover. “Mesmo no âmbito conceitual ou intelectual, a criação se articula 
principalmente através da sensibilidade.” (Ostrower, 1987, p. 12). Não basta os 
alunos só tomarem consciência dos problemas da arte ou de sua realidade. O aluno 
que não se sentir sensibilizado pelos problemas nada fará para solucioná-los. 
A falta de sensibilidade no ensino é o que está prejudicando os alunos de se 
comoverem com a realidade e, sem a provocação e exercício imaginativo para a 
inovação, não buscam soluções e não conseguem enxergar àquelas encontradas 
pelos artistas e cientistas. Percebemos que surpreendente e importantíssimo papel é 
o do professor para que essas transformações dos alunos e consequentemente da 
realidade moldável. 
“A percepção delimita o que somos capazes de sentir e compreender, 
porquanto corresponde a uma ordenação seletiva dos estímulos e cria uma barreira 
entre o que percebemos e o que não percebemos”. (Ostrower, 1987, p.13) Dessa 
citação podemos inferir duas coisas: a primeira é que quanto maior a percepção 
mais nós seremos capazes de sentir e compreender. A segunda é de que 
necessitamos de estímulos para isso. E de onde esse estímulo vem? O professor é 
a principal fonte para isso. O meio. Precisamos, portanto, de vários conhecimentos 
para enxergarmos a realidade em suas várias camadas. 
Com todos esses estímulos o aluno começa a intuir mais fácil a arte. “A 
intuição vem a ser dos mais importantes modos cognitivos do homem.” (Ostrower, 
1987, p. 56). (Grifo do autor) O instinto está para o animal o que a intuição está para 
o homem. Aquele é um reflexo, enquanto esta é reflexão. “A intuição está na base 
dos processos de criação”(idem).E com essa intuição do aluno a criatividade vem 
por si. 
 
 
5.7. O MOTIVO 
“Tudo é incerto. Só a Vontade é certa”. Ciro Rockert 
Neste pilar, o professor irá explicar e buscar com os alunos os motivos que 
levam os artistas a criarem e o que os levam a fazer de um jeito e não de outro. É 
 
 
33 
 
sobre a genialidade de cada um. Aqui o aluno entrará na mente e no coração dos 
artistas. Paixões, amores proibidos, mortes, guerras, fama etc. Aqui será a parte 
emocional e que caminhará junto com o 5.4. Os Artistas e o 5.5.Período Histórico. 
O que os move, o que os impulsiona, o que provoca os artistas. Esses são 
os objetos de estudo que o professor levará para dentro e fora de sala de aula. 
Achar os porquês e assim dar aos alunos reflexões sobre o que também os move o 
que os deixa apaixonados, o que amam fazer. 
 
Considerações Finais 
Não podemos reproduzir aquilo que vemos de errado. Isso se aplica a 
continuar reproduzindo o modelo educacional vigente o qual herdamos do período 
Industrial do século XIX, onde há uma hierarquia das disciplinas mais relevantes 
(leia-se “útil”) para a sociedade: Matemática, Física, Química, Biologia, Economia etc 
até enfim, por último, Artes Visuais, Música e Artes Cênicas. 
Esse modelo mecânico e utilitarista de educação é linear, consumista, não 
apaixonante, não criativo, padronizador, conformista e sua metodologia de educação 
segue o exemplo do processo em série de fábricas industriais. O processo humano 
assim como o educacional deve ser orgânico para poder criar condições que 
permitam o crescimento individual em todas as potencialidades latentes que são 
inerentes ao ser humano. 
O mercado está saturado academicamente. Estamos passando por uma 
“inflação acadêmica”, onde a graduação de hoje é o ensino médio de anteontem e o 
mestrado de hoje é a graduação de ontem. Pelo próprio cenário da realidade não 
podemos mais seguir nesse caminho infértil. Devemos desobedecer a uma lei 
injusta assim como um método que não serve para tornar os alunos inteligentes, 
virtuosos e conhecedores do mundo que os cerca e deles mesmos. Não podemos 
permitir uma educação que os torne heterônomos. Não faço com isso uma dura 
crítica ao sistema de hoje, haja vista que desenvolvi minhas reflexões dentro dele, 
porém um diferencial foi à vasta leitura e momentos dedicados à reflexão que se 
deram fora da escola por horas a fio nas mesas e sofás de bibliotecas, parques e 
cafés. 
O mistério é o que faz o aluno arregalar os olhos. O entusiasmo para 
descobrir, saber como algo funciona. Curiosidade! É disso que os alunos precisam e 
 
 
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é disso tudo que disse que os professores precisar estar cientes e motivados para 
poder gerar esses encantos aos alunos. 
Espero que minhas incipientes soluções possam cumprir com o seu papel e 
que tenha proporcionado prazer na leitura e reflexões para você leitor. 
 
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