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Teoria Geral do Direito Societário Sociedade é a pessoa jurídica de direito privada, decorrente da união de pessoas, constituída com a finalidade de exploração de uma atividade econômica e repartição dos lucros entre seus membros. → Pode ser constituída de pessoas físicas ou jurídicas, de modo que uma sociedade pode ter como sócio outra sociedade (holding). → Uma sociedade pressupõe uma pluralidade de sócios. ⤿ Há três exceções (sociedades unipessoais): - Subsidiária integral, sociedade anônima que tem como único acionista uma sociedade brasileira; - Sociedade unipessoal de advocacia; - Sociedade limitada unipessoal. → A sociedade que tenha por objeto o exercício da atividade rural tem a faculdade de se registrar na Junta Comercial, caso em que ficará equiparada, para todos os efeitos, à sociedade empresária. → Enquanto não houver o respectivo registro do ato constitutivo da sociedade (no cartório, se for uma sociedade simples, ou na Junta Comercial, se for empresária), o ordenamento jurídico até reconhece sua existência jurídica (sociedade em comum), mas não lhe confere personalidade jurídica. Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. Parágrafo único. A atividade pode restringir-se à realização de um ou mais negócios determinados. 1. Classificações a) Sociedades simples e sociedades empresárias: O traço distintivo é o objeto social: na sociedade empresária, o objeto é o exercício de atividade de empresa; na sociedade simples, uma atividade econômica não empresarial (ex: profissão intelectual). → A sociedade empresária é registrada na Junta Comercial, ao passo que a sociedade simples tem registro no Cartório; ⤿ Algumas sociedades são simples ou empresárias independentemente do seu objeto social, por imposição legal: a sociedade por ações sempre será empresária; a cooperativa sempre será sociedade simples (art. 982, p.u). b) Quanto à responsabilidade dos sócios: - Sociedade de responsabilidade ilimitada: os sócios respondem pelas dívidas da sociedade com seu patrimônio pessoal; - Sociedade de responsabilidade limitada: o patrimônio social não se confunde com o patrimônio individual dos sócios; - Sociedades mistas. c) Quanto ao regime de constituição e dissolução: - Contratuais: são constituídas por um contrato social e dissolvidas segundo as regras previstas no Código Civil; - Institucionais: constituídas por ato institucional ou estatutário (estatuto social) e dissolvidas segundo as regras previstas na Lei 6.404/1976. d) Quanto à composição: - De pessoas: há a presença da affectio societatis, de modo que as características pessoais dos sócios são determinantes para a formação do vínculo societário, de modo que a entrada de estranhos no quadro social depende de anuência dos demais; - De capital: as características pessoais dos sócios são irrelevantes para a formação do vínculo societário, sendo livre a entrada de estranhos no quadro social. 2. Tipos societários Para as sociedades empresárias, o legislador criou 5 tipos societários específicos, não sendo permitido constituir uma sociedade empresária atípica: 1. Sociedade em nome coletivo; 2. Sociedade em comandita simples; 3. Sociedade limitada; 4. Sociedade anônima; 5. Sociedade em comandita por ações. Já para as sociedades simples, o legislador não criou nenhum tipo societário específico, permitindo a constituição de uma sociedade simples atípica (pura), bem como que a sociedade simples use “emprestado” um dos tipos societários das sociedades empresárias. 3. Desconsideração da personalidade jurídica Art. 1.024. Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por dívidas da sociedade, senão depois de executados os bens sociais. ⤿ Essa regra trata da autonomia patrimonial das sociedades, estabelecendo a responsabilidade subsidiária dos sócios pelas obrigações sociais (benefício de ordem), responsabilidade essa que também poderá ser limitada, a depender do tipo societário. → Contudo, havendo abuso da personalidade jurídica, poderá ser determinada a desconsideração da personalidade jurídica, o que permitirá a execução dos bens pessoais dos sócios mesmo que se trate de uma responsabilidade limitada. a) Teoria menor da desconsideração da personalidade jurídica Aplica-se aos casos em que se admite a desconsideração com o mero prejuízo ao credor, ou seja, a simples insolvência da pessoa jurídica, independentemente da existência de desvio de finalidade ou de confusão patrimonial. É a teoria usada nas relações consumeristas. b) Teoria maior da desconsideração da personalidade jurídica Para essa teoria, a mera demonstração de estar a PJ insolvente para o cumprimento de suas obrigações não constitui motivo suficiente para a desconsideração. É necessário demonstrar que houve abuso no uso da personalidade jurídica, com o desvio de finalidade ou confusão patrimonial. É aplicada no âmbito das relações civis e empresariais. → A mera dissolução irregular da sociedade também não fundamenta a desconsideração (STJ). • Desvio de finalidade: utilização da pessoa jurídica com o dolo de lesar credores e para a prática de atos ilícitos; • Confusão patrimonial: ausência de separação de fato entre os patrimônios. → A mera existência de grupo econômico não autoriza a desconsideração (STJ). → É prescindível demonstrar a insolvência da PJ para aplicar a desconsideração. Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens. → A desconsideração não acarreta o fim da pessoa jurídica, que não será dissolvida nem liquidada. Tem seus efeitos adstritos ao caso concreto em que foi requerida, sendo um ato de efeito provisório. → Em se tratando de sociedade anônima, há precedente do STJ restringindo a aplicação da desconsideração a administradores e acionistas controladores. → Quando se trata de sociedade limitada, todos os sócios serão alcançados pela desconsideração. Em todo caso, somente serão atingidos os sócios que se beneficiaram do uso abusivo da personalidade jurídica. • Desconsideração inversa: permite que a pessoa jurídica responda por obrigações pessoais de um ou mais sócios. 4. Cooperativas São sempre sociedade simples, independentemente do seu objeto social. Devem adotar denominação. A responsabilidade poderá ser limitada ou ilimitada. Art. 1.094. São características da sociedade cooperativa: I - variabilidade, ou dispensa do capital social; II - concurso de sócios em número mínimo necessário a compor a administração da sociedade, sem limitação de número máximo; III - limitação do valor da soma de quotas do capital social que cada sócio poderá tomar; IV - intransferibilidade das quotas do capital a terceiros estranhos à sociedade, ainda que por herança; V - quorum, para a assembléia geral funcionar e deliberar, fundado no número de sócios presentes à reunião, e não no capital social representado; VI - direito de cada sócio a um só voto nas deliberações, tenha ou não capital a sociedade, e qualquer que seja o valor de sua participação; VII - distribuição dos resultados, proporcionalmente ao valor das operações efetuadas pelo sócio com a sociedade, podendo ser atribuído juro fixo ao capital realizado; VIII - indivisibilidade do fundo de reserva entre os sócios, ainda que em caso de dissolução da sociedade. 5. OPERAÇÕES SOCIETÁRIAS As disposições do Código Civil não se aplicam às sociedades anônimas, em razão da existência de lei especial. transformação É a mera mudança no tipo societário, independentementede dissolução ou liquidação. Depende do consentimento de todos os sócios, salvo se prevista no ato constitutivo, caso em que o dissidente poderá retirar-se da sociedade. Não modificará nem prejudicará os direitos dos credores. Incorporação Ocorre quando uma sociedade é absorvida por outra, que lhe sucede em todos os direitos e obrigações. Haverá a extinção da sociedade incorporada, mas não surgirá uma nova sociedade. fusão Ocorre quando se unem duas ou mais sociedades para formar sociedade nova, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações. Há nova sociedade, resultado da união das sociedades fundidas. cisão Consiste na transferência de patrimônio de uma sociedade para outra já existente ou constituída especificamente para este fim. Pode ser parcial (transferência de alguns bens) ou total, caso em que a sociedade cindida se extingue. coligação Existe coligação de sociedades quando uma é controlada pela outra, quando uma é filiada a outra ou quando uma apenas participa da outra. - Controle acionário direto: a controladora possui a maioria dos votos nas deliberações da outra e o poder de eleger a maioria dos seus administradores. - Controle societário indireto: quando uma sociedade está em poder de outra, mediante ações ou quotas possuídas por sociedades já controladas pela controladora. - Sociedades filiadas/coligadas: quando uma sociedade não controla a outra, mas participa com 10% ou mais do capital da outra. - Simples participação: quando uma sociedade possui menos de 10% do capital com direito de voto de outra.
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