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COLÉGIO CADEM BIOÉTICA EM ENFERMAGEM TÉCNICO DE ENFERMAGEM PROFESSORA SOLANGE ORTOLANI 2023 BIOÉTICA 1. Conceito: "Bioética nada mais é do que os deveres do ser humano para com o outro ser humano e de todos para com a humanidade” André Comte-Sponville “A Bioética é uma área de estudo focada na influência de princípios morais e éticos na prática médica e na pesquisa científica.” Abrange questões relacionadas com seres humanos, meio ambiente e animais. 2. Objetivo: Elucidar e refletir acerca das soluções para questões éticas provocadas principalmente pelo avanço as tecnociências biomédicas. 3. Critério ético fundamental: Respeito ao ser humano, a seus direitos, a seu bem-estar. Dignidade da pessoa. 4. Exemplo de situação envolvendo paciente: 4.1 Omissão de socorro : TRANSFUNDIR TESTEMUNHA DE JEOVÁ, SE ESTIVER CAPAZ, cabe as informações clínicas e cirúrgicas e acatar a decisão do paciente; SE ESTIVER EM RISCO DE VIDA , verificar as possibilidades de encaminhar para equipes com profissionais treinados com tratamento substituto de sangue. 4.2. Origem: Uma versão científica dos princípios filosóficos da Revolução Francesa, aqueles que foram codificados em 1948, na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Assim, o ideal da liberdade tornou-se o princípio da autonomia, o preceito cristão da fraternidade transformou-se nos princípios de beneficência e de não maleficência e o ideal de igualdade tornou-se o princípio de justiça (PESSINI; BARCHIFONTAINE, 2006). 5. Princípios da bioética · Autonomia · Beneficência e Não maleficência · Confidencialidade · Justiça e Equidade · Fidelidade · Veracidade 5.1. Princípio da autonomia Autonomia : Capacidade de pensar, decidir e agir de modo livre e independente . “Sobre si mesmo, sobre seu corpo e sua mente, o indivíduo é soberano” John Stuart Mill (1806-1883) O princípio da autonomia refere-se aos direitos fundamentais do homem, inclusive o da autodeterminação. Inspira-se na máxima que “não devemos fazer aos outros aquilo que não queremos que seja feito conosco”. 5.1.1 Autonomia do paciente e conduta de enfermagem: O profissional de enfermagem deve respeitar a vontade, a crença e os valores morais do paciente. Deve-se deixar claro que o direito à autonomia é limitado quando entra em conflito com o direito de outras pessoas, inclusive o do próprio profissional. O que determinará a conduta são os princípios éticos e valores morais individuais. Quando o paciente não está apto a decidir: § As situações de urgência, quando se necessita intervir e não se pode porque o doente está inconsciente ou em risco de morte. § A obrigação legal de notificação de algumas doenças infecciosas às autoridades sanitárias. § Os casos em que a patologia ou as informações reveladas pelo paciente possam afetar gravemente a saúde ou a vida de outras pessoas, cujas identidades são conhecidas – situação que obriga o profissional de saúde a revelar dados confidenciais mesmo que o paciente não autorize. § Quando o próprio paciente se recusa a receber esclarecimentos ou participar das decisões sobre seu tratamento. 5.2. Principio da beneficência Beneficência = Fazer o bem Obrigação moral de agir para o benefício do outro Deve-se fazer o bem ao outro independente de desejá-lo ou não. "Usarei meu poder para ajudar os doentes com o melhor de minha habilidade e julgamento; abster-me-ei de causar danos ou de enganar a qualquer homem com ele.“ Hipócrates (430 a.C.) 5.3 Princípio da Não-maleficência Não causar dano intencional, não prejudicar. "Usarei meu poder para ajudar os doentes com o melhor de minha habilidade e julgamento; abster-me-ei de causar danos ou de enganar a qualquer homem com ele.“ Hipócrates (430 a.C.) 5.4 Confidencialidade No caso de o cliente revelar, confidencialmente, uma informação que seria do interesse de algum membro da equipe de saúde, devemos solicitar a autorização desse cliente para revelá-la ao profissional, ou solicitar que ele mesmo o faça (OGUISSO; SCHMIDT; FREITAS, 2007). 5.5. PRINCÍPIO DA JUSTIÇA e EQUIDADE Justiça distributiva, distribuição justa, equitativa e apropriada na sociedade, de acordo com normas que estruturam os termos da cooperação social. Igualdade de acesso aos cuidados de saúde mediante sua redistribuição diferenciada. 5.6 Fidelidade O princípio da fidelidade está relacionado à confiança entre o profissional e o paciente, no qual o profissional de enfermagem deve cumprir o compromisso de ser fiel para manter-se confiável. 5.7 Veracidade O princípio da veracidade é fundamental para se manter a confiança do cliente. Significa dizer sempre a verdade, não mentir nem enganar os pacientes. Um exemplo da aplicabilidade desse princípio é sobre a quantidade de informação a ser prestada em ação ou diagnóstico e tratamento. O profissional de enfermagem deve avaliar a importância que há para o paciente/cliente conhecer o seu diagnóstico em relação ao tratamento ou cuidado pretendido (OGUISSO; SCHMIDT; FREITAS, 2007). 6. Principais temas: · Diagnóstico pré-natal; conselhos genéticos; eugenia fetal; terapia genética · Práticas abortivas, esterilização masculina e feminina; · Reprodução humana assistida em todas as suas modalidades e suas implicações técnicas (bancos de esperma, bancos de embriões, mães de aluguel); · Terapia e manipulação genética em todas as suas formas; · Experiências com seres humanos, embriões e cadáveres em qualquer fase do ciclo vital; · Experiências com animais; · Reanimação, eutanásia e direito a uma morte digna; · Suicídio e ajuda ao suicídio; · Informações clínicas e a sua comunicação ao paciente; · Transplantes de órgãos humanos; · Biogenética animal e vegetal; 7. Dilemas bioéticos "A Bioética é uma ética aplicada que se ocupa do uso correto das novas tecnologias na área das ciências médicas e da solução adequada dos dilemas morais por elas apresentados“ Clotet, 1995 TEMA 2: Responsabilidades da enfermagem 2.1. Responsabilidades · Responsabilidade com a pessoa/cliente; · Responsabilidade com a equipe de saúde; · Responsabilidade com a instituição; · Responsabilidade com a profissão. 2.1.1 Responsabilidade com a pessoa/cliente: Oferecer ao cliente um cuidado humanizado; Prestar cuidados de acordo com os princípios éticos; Respeitar os direitos, a dignidade e a pessoa do cliente. 2.1.2 Responsabilidade com a equipe de saúde: Manter um bom relacionamento interpessoal com a Equipe de Saúde; Ser cooperativo; Incentivar o aprimoramento da equipe; 2.1.3 Responsabilidade com a Instituição: Conhecer e atuar de acordo com as diretrizes institucionais; Conhecer metas e objetivos da instituição; Trabalhar visando ao desenvolvimento do serviço; 2.1.4 Responsabilidade com a Profissão: Exercer a profissão com justiça, competência, responsabilidade e honestidade; Aprimorar continuamente seus conhecimentos; Usar o progresso tecnológico em benefício do cliente; Manter o comportamento pessoal compatível com a dignidade da profissão e o respeito com o cliente; Atuar segundo os princípios éticos. Postura: Forma de vestir; Comportamento em lugares públicos; Conduta com o cliente. Uso de uniforme, crachá; DECISÃO COFEN Nº 0115/2015. Relação Enfermagem-Paciente: De acordo os códigos de ética: relação de respeito e confiança durante a assistência. Segundo o Código de Ética e Deontologia de Enfermagem, Art. 42: Respeitar o direito do exercício da autonomia da pessoa ou de seu representante legal na tomada de decisão, livre e esclarecida, sobre sua saúde […] realizando ações necessárias, de acordo com os princípios éticos e legais; Art. 45: Prestar assistência de Enfermagem livre de danos decorrentes de imperícia, negligência ou imprudência; Direito à Informação: Informação: Base da fundamentação das decisões autônomas dos pacientes; Necessária para que se possa consentir ou recusar-se a medidas ou procedimentos de saúde propostos. Características éticas da informação: Fornecidas dentro de padrões acessíveis à compreensão intelectuale cultural do paciente. Quando indevidas e mal organizadas, resultam em baixo potencial informativo: desinformação. Paciente: Direito moral a ser esclarecido sobre: Os objetivos e natureza dos procedimentos; Prováveis desconfortos e possíveis riscos físicos, psíquicos, econômicos e sociais. Deve ser esclarecido de TUDO aquilo que vá fundamentar suas decisões. Padronizar informações, sem a preocupação com as circunstâncias particulares de cada caso e paciente, não condiz com o respeito ao direito à informação. Padrões de Informação Três tipos: “Padrão da prática profissional”; “Pessoa razoável”; “Orientado ao paciente”/“Padrão subjetivo “Padrão da prática profissional”: A revelação das informações é determinada pelas regras habituais e práticas tradicionais de cada profissional; Profissional que estabelece o balanço entre: As vantagens e os inconvenientes da informação; Tópicos a serem discutidos; Magnitude de informação a ser revelada em cada tópico. “Pessoa razoável” Fundamenta nas informações que uma hipotética pessoa razoável, mediana, necessitaria saber sobre determinadas condições de saúde e propostas terapêuticas ou preventivas a lhe serem apresentadas. “Orientado ao paciente” ou “Padrão subjetivo” O profissional não se contenta com a informação dirigida para uma hipotética pessoa que seja considerada como fazendo parte do padrão mediano da população. Procura uma abordagem informativa apropriada a cada pessoa, passando as informações a contemplarem a individualidade de cada ser. Prontuário médico: · Prontuário: · Resolução CFM 1.331/89: · Conjunto de documentos padronizados e ordenados, proveniente de várias fontes destinadas ao registro dos cuidados profissionais prestados ao paciente; · Possui propósito pessoal e interpessoal; · Serve para o paciente, instituição, profissionais de saúde e para a sociedade como um todo (pesquisas científicas); · Utilizado para planejamento, análise e avaliação dos cuidados do paciente e como meio de comunicação entre profissionais de saúde que assistem o paciente. · A importância da guarda e manutenção é evidenciada quando da falta de informações, que pode resultar em danos para o paciente durante o acompanhamento no serviço ou mesmo anteriormente. Informação e normas deontológicas O Código de Ética Médica considera como infração ética: Art.59: “Deixar de informar ao paciente o diagnóstico, o prognóstico, os riscos e objetivos do tratamento, salvo quando a comunicação direta ao mesmo possa provocar-lhe dano, devendo, nesse caso, a comunicação ser feita ao responsável legal. Art.60: Deixar de elaborar prontuário médico para cada paciente. Art.70: Negar ao paciente acesso a seu prontuário médico, ficha de clínica ou similar, bem como deixar de dar explicações necessárias à sua compreensão, salvo quando ocasionar riscos para o paciente ou para terceiros.” O código de Ética dos Profissionais de Enfermagem trata do tema: Art.26: “Prestar adequadas informações ao cliente e família a respeito da Assistência de Enfermagem, possíveis benefícios, riscos e consequências que possam ocorrer.” · Caso Clínico: · “Ao ser diagnosticado a presença de tumor maligno em uma senhora de 55 anos, química, o médico informa primeiramente a família da paciente alegando que a informação poderia causar danos a sua cliente.” Referências consultadas: 1. Conselho Federal de enfermagem – Resolução COFEN Nº 564/2017; 2. Slides resultado de pesquisas no Google e outros sites sobre Ética e Bioética na Enfermagem, adaptados. 3. Aborto: Situação do aborto segundo Justiça Brasileira, nova redação proposta Penapelo Código l Brasileiro, aborto segundo o CEPE (Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem). 4. COLMAN, M.L. Profa. Direito à Informação. 5. http://www.bioetica.org.br/?siteAcao=Publicacoes&acao=detalhes_capitulos&cod_capitulo=53&cod_publicacao=6 9