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ESTÁGIO INTERNATO UE 2023.1 – LARISSA MENEZES ESCOLA DE EMERGÊNCIA CURSO TRAUMA MODULO 1: O Trauma INTRODUÇÃO Trauma é a lesão estrutural ou desordem fisiológica causada por uma exposição aguda a diversos agentes. Politrauma são lesões traumáticas acometendo dois ou mais sistemas, levando a risco de óbito. O trauma em geral tem energia mais baixa que o politrauma, por isso tende a acometer um sistema. Múltiplas vítimas são números de vítimas que não supera a capacidade de atendimento → Múltiplas vítimas conseguimos triar e atender → Atende do mais grave para o menos grave Incidente com vítimas em massa o número de vítimas supera a capacidade de atendimento da região → São tantas vítimas que nem consegue triar → Atende do menos grave ao mais grave Óbitos no trauma: o Traumas de elevada energia/incompatíveis com a vida → Decapitações, traumas de grandes vasos, lesões em múltiplos sistemas o Lesões do ATLS e do PHTLS → Trauma de tórax, lesões de via aérea, lesão abdominal, fraturas → Todos os diagnós cos do ABCDE o O paciente que passou pelas duas primeiras ondas do óbito, mas ainda está no hospital → UTI, sepse, disfunção de múltiplos órgãos e sistemas, pneumonia VM, infecções de cateter ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR SAMU e UPA 24H Cena segura? o Apoio policial (durante todo atendimento, até a equipe de saúde sair da cena!) o Controle do trânsito o Eletricidade, gás, combustível, população hostil o Defesa civil o Corpo de bombeiros Passagem do caso → MIST o Mecanismo do trauma → Se possível até levar fotos da cena, para o medico do intra hospitalar ter noção da gravidade do acidente o Injury → Lesões encontradas o Sinais e sintomas o Tratamento instituído PREPARAÇÃO PARA RECEBER UM PACIENTE VÍTIMA DE TRAUMA Check-list da ambulância no APH Sala de atendimento para trauma → Sala única, equipe treinada, equipamentos específicos Preparação do time de trauma → Educação, protocolos, feedback diário, escuta ativa Comunicação e regulação de pacientes eficiente → APH e Hospital precisam conversas de maneira clara Sala de Trauma ◊ Check-list vias aéreas: ╞ Mascara não reinalante ╞ Mascara laríngea ╞ AMBU ╞ Tubo orotraqueal ╞ Fio guia ╞ Bougie ╞ Ventilador mecânico ╞ Monitorização ◊ Check-list ventilação: ╞ Dreno de tórax ╞ Selo d’agua ╞ Jelco 14 ╞ Ultrassom beira-leito ╞ Caixa de toracotomia ◊ Check-list de choque: ╞ Ultrassom beira-leito ESTÁGIO INTERNATO UE 2023.1 – LARISSA MENEZES ╞ Jelcos ╞ Ringer lactato ╞ Concentrado de hemácias ╞ Estufa para cristaloides ╞ Ranger ◊ Check-list neurológico: ╞ Tubo orotraqueal ╞ NaCl a 20% ╞ Manitol ◊ Check-list exposição e hipotermia: ╞ Tala ╞ Lençóis ╞ Manta térmica ╞ Aquecedor ╞ Gel de lidocaína ╞ Tesouras afiadas ╞ Sondagens, dedos e tubos em todos orifícios X – LESÃO EXSANGUINANTE Lesões graves principalmente em membros que fazem o paciente perder volemia em minutos a horas, principalmente de artérias Amputações traumáticas, fraturas complexas traumáticas → Sangramentos que não param com curativo compressivo simples Terapia padrão ouro para exsanguinante = Torniquete Sangramento juncional (entre tronco e membros) → Não conseguimos comprimir de maneira adequada e não existe torniquete adequado → Unidade hospitalar o mais rápido possível Passo a Passo do Torniquete ◊ Identificar a lesão ◊ 10 cm acima da lesão ◊ Não colocar sobre articulações ◊ Checar se o sangramento parou ◊ Anotar o horário no torniquete ◊ Reavaliação constante ◊ Tempo máximo de 2h → Caso não haja possibilidade de controle em até 2h não deve ser aberto, porque exceto em lesões pontuais como PAF, o membro já estará comprometido independente do tempo do torniquete A – VIAS AÉREAS Vias aéreas e restrição da coluna cervical “Seu José, o que você está sentindo?” → Já avalia a perviedade da via aérea e o glasgow se ele falar orientado e correto (Glasgow 15) Obstrução da via aérea: o Corpo estranho = Remoção o Secreções = Aspiração o Queda da base da língua → Jaw trust ou Chin lift Quando intubar? o Glasgow ≤ 8 o Não protege via aérea o Satura e ventila mal o Na dúvida! E a cervical? o Estabilização manual → Segurar a testa e cabeça pelas laterais → Passar colar cervical com calma o Colar cervical o Desvio de traqueia, estase de jugular → Exame físico do pescoço já começa no A VVAA X Cervical → A via aérea no trauma sempre será difícil porque não tem mobilidade do pescoço → Abre o colar cervical e outra pessoa estabiliza a cervical → Não dá parar abrir mão da restrição da cervical e nem da vvaa do paciente B – VENTILAÇÃO Mnemônico IPAP → Inspeção, palpação, ausculta e percussão do tórax Inspeção → Movimentos paradoxais, abaulamentos, retrações, tumorações, sinal do cinto de segurança Palpação → Das clavículas até os arcos costais → Enfisema de subcutâneo, crepitações Ausculta → MV presente ou ausente Percussão → Colabora se todo o resto alterado para hipertimpanismo (pneumotórax) ou macicez (hemotórax) Trauma torácico se resolve na sala de trauma Menos de 10% dos traumas contusos e menos de 15% dos penetrantes necessitarão de atendimento no centro cirúrgico C – CHOQUE/CIRCULAÇÃO Principal mensagem = PARAR o sangramento! Mnemônico PPPH o Pele → Fria, pegajosa o Pulsos → Bilaterais, rápido, filiforme, cheio, simétrico? A quantidade não importa e sim a qualidade o Perfusão → TEC < 3s o Hemorragias → No trauma até que se prove o contrario o choque é do tipo hipovolêmico/hemorrágico Taquicardia, hipotensão ESTÁGIO INTERNATO UE 2023.1 – LARISSA MENEZES Choque é diferente de hipotensão → A hipotensão ocorre apenas na classe III do choque Procurar hemorragias no tórax, no abdome, na pelve, fraturar de ossos longos e no chão/sangramentos externos/na cena 2 acessos venosos calibrosos 16, 18G com 500 e 500ml de cristaloide, com no máximo 1000ml → Acima de 1500ml na fase inicial compromete sobrevida do paciente nessa internação Priorizar hemocomponentes → Substituir sangue (perdido) por sangue! D – AVALIAÇÃO NEUROLÓGICA Escala de coma de Glasgow → Estímulo de nocicepção/de pressão e não mais doloroso → Pinçamento trapezoidal, pressão supracoclear ou pressão do leito ungueal Pupilas Sinais de lateralização → Comparar um lado com outro Escala de Coma de Glasgow ◊ Priorizar colocar no prontuário quantos pontos tinha em cada avaliação ◊ Se trauma ocular colocar que o exame foi prejudicado pelo trauma ◊ Abertura ocular: ╞ 4 → Abertura espontânea ╞ 3 → Es mulo verbal ╞ 2 → Es mulo de pressão ╞ 1 → Não abre os olhos ◊ Resposta verbal: ╞ 5 → Orientada ╞ 4 → Desorientada ╞ 3 → Palavras ╞ 2 → Sons ╞ 1 → Sem resposta ◊ Resposta motora: ╞ 6 → Obedece a comandos ╞ 5 → Localiza a dor ╞ 4 → Re ra a dor ╞ 3 → Flexão anormal ╞ 2 → Extensão anormal ╞ 1 → Sem resposta Pupilas ◊ Isocóricas e fotorreagentes ◊ Midríase → Hipertensão intracraniana, lesão expansiva → Midríase sempre está do lado da lesão. Se for bilateral pode pensar em herniações complexas e hipertensão intracraniana com perda completa desse reflexo ◊ Miose → Sedação Sinais de Lateralização ◊ Utilizar a melhor resposta/melhor hemicorpo ◊ Se diferença entre os lados → Catástrofes intracranianas causadas pelo trauma ou lesões vasculares previas aos traumas, como um AVC prévio ao trauma E – EXPOSIÇÃO Retirar toda roupa e adornos Virar o paciente e avaliar o dorso também Após despir deve-se controlar a hipotermia → Se está confortável para você todo paramentado, está desconfortável para o paciente! Controle da Hipotermia ◊ Aqueça o ambiente ◊ Aqueça o paciente ◊ Aqueça os fluidos ◊ Termômetro adequado ◊ Reavalie constantemente MONITORIZAÇÃO Cardioscopia: o FC, FR (através da oscilação do tórax do paciente comos eletrodos) o Traçado o DI, DII, DIII, AVR, AVL, AVF e V1 o Se necessário, rode um ECG PA não invasiva o Oscilometria o PAM confiável o Sem sangramento → 65 mmHg o Sangramento → 60 mmHg o TCE → 90 a 100 mmHg Saturimetria o Espectrofotometria o Cuidados com cores diferentes nas unhas o Alvos → 90 a 96% o Se o paciente está muito chocado, a curva do monitor não será fidedigna o Se o valor da frequência é diferente da cardioscopia, a saturação pode não ser fidedigna o Não colocar no mesmo membro da PA Capnografia: o Posicionamento do tubo o ETCO2 → Reflete a PCO2 no sangue do paciente, principalmente em pacientes de TCE → No primeiro momento deseja que ela fique mais próxima do 35 mmHg ESTÁGIO INTERNATO UE 2023.1 – LARISSA MENEZES o Relação com a PCO2 o Alvo → 35 a 45 mmHg Gasometria arterial: o Monitorização da microcirculação o Bicarbonato o Lactato o Base excesso → Menor que -6 deve ter cuidado → Choque classe III ou IV Sonda vesical de demora, se necessário Sonda orogástrica, se necessário TRÍADE LETAL Acidose + Hipotermia + Coagulopatia Hipotermia ◊ Aquecer paciente e fluidos ◊ Aquecer o ambiente ◊ Roupa molhada no trajeto do APH Coagulopatia ◊ A hipotermia leva a coagulopatia e vira um ciclo ◊ Correção = Plasma fresco congelado Acidose ◊ Cristaloides/Fluidos (SF 0,9%) ◊ Perda sanguínea ◊ Atrapalha a VM, as trocas gasosas e a retenção de CO2 ◊ Evitar bicarbonato de sódio → Deve ser feito em acidose grave, BIC < 10, pH < 7,1 ◊ Hemocompenentes trata a acidose HISTÓRIA AMPLA História direcionada Alergias Medicamentos em uso domiciliar → Paciente chocado sem taquicardia pode usar betabloqueador Passado medico / Prenhez → Solicitar BHCG na suspeita de gravidez Líquidos / Última refeição do paciente Ambiente → Ambiente do APH → Bebida alcoolica, cinemática do trauma, drogas, medicamentos na cena AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA História AMPLA Avaliar do fio de cabelo até o dedão do pé → Cabeça, face, cervical/pescoço, coluna, tórax, abdome, pelve, extremidades, neurológico O paciente já estará estável para avaliar com calma Avaliar indicação de novo exame de imagem Relações com imprensa, policia, corpo de bombeiros, familiares o Policia → Interrogatório só após a avaliação secundaria e só se a equipe medica permitir, sempre com acompanhamento da equipe de saúde e interrupção se piora clínica do paciente o Familiares → Protocolo SPIKES → Passado, presente e futuro em um lugar confortável → Fala desde a cena, do quanto o paciente está grave/do que ocorreu no hospital (repita sobre gravidade sempre) e fala do futuro do prognostico → Após leva o familiar para ver o paciente REAVALIANDO PARA SEMPRE Avaliação primaria e secundaria constantemente até algum destino Destino 1 → Centro cirúrgico Destino 2 → UTI Destino 3 → Enfermaria Destino 4 → Alta para casa Destino 5 → Óbito Reavaliar o paciente é voltar para o A e não deixar passar nada TOMANDO DECISÕES Se no X percebeu necessidade de torniquete → Passa o torniquete No A decidiu por IOT → Solicita materiais de IOT e prossegue para o B Tudo que for tomado de decisões vai solicitando material e continua a avaliação, ao concluir o ABCDE volta ao A reavaliando