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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA - UFRB CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS, AMBIENTAIS E BIOLÓGICAS - CCAAB MARCOS FIAZ RIBEIRO MAYAM LUIS GUIMARÃES CRUZ OLIVEIRA RODRIGO DE OLIVEIRA VALNEY SANTOS DE ARAÚJO AMEAÇAS E CONFLITOS EM ÁREAS PROTEGIDAS Como promover a mitigação desses problemas Cruz das Almas - BA 2022 MARCOS FIAZ RIBEIRO MAYAM LUIS GUIMARÃES CRUZ OLIVEIRA RODRIGO DE OLIVEIRA VALNEY SANTOS DE ARAÚJO AMEAÇAS E CONFLITOS EM ÁREAS PROTEGIDAS Como promover a mitigação desses problemas Projeto de pesquisa apresentado à disciplina de Ecologia Geral da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia como componente de Avaliação Parcial Semestral. Profª Orientador(a): Thaís Billalba Carvalho Cruz das Almas - BA 2022 RESUMO O crescimento populacional e desenvolvimento econômico de diversos povos inseridos em áreas de conservação ambiental contribui significativamente com a degradação desses ambientes naturais. A invasão antrópica, irregulação fundiária, desmatamento, caça predatória, descarte incorreto de lixo e a exploração inadequada dos recursos naturais são exemplos de problemas que são facilmente encontrados em regiões onde encontra-se unidades de conservação, principalmente aquelas categorizadas como de Uso Sustentável. A legislação é clara quanto à delimitação, definição e uso dessas áreas, entretanto o desconhecimento das populações inseridas nessas áreas quanto às suas limitações na exploração dos recursos é o principal fator que auxilia no crescimento de conflitos em zonas de proteção ambiental. Para a avaliação dessas informações, o presente trabalho realiza uma busca através de revistas, trabalhos e artigos acadêmicos e em outras pesquisas dispostas em formato digital em algumas plataformas de registros acadêmicos. O que corrobora diretamente em achados sobre unidades de conservação que sofrem com algum tipo de problema ou conflito que implica no seu mau funcionamento, como é o caso das APA’s de Guaibim e de Lago de Pedra do Cavalo, e o Parque Nacional de Morro do Chapéu na Chapada Diamantina. Contudo, a lógica estabelecida através do simples fato de se implantar uma UC é trazida como discussão sobre a sua efetividade na busca pela completa conservação desses territórios também chamados de áreas protegidas. Palavras-Chave: Conservação, SNUC, Antropia, Biodiversidade 1. INTRODUÇÃO A destruição e a diminuição dos ecossistemas naturais são notórias consequências que originam-se através crescimento populacional da humanidade pelo planeta Terra. Esse crescimento populacional aliado ao avanço tecnológico nos setores produtivos promoveram o surgimento de ameaças e conflitos que podem implicar no desgaste funcional da integridade ambiental. A destruição da camada de ozônio, o desmatamento, a chuva ácida, a poluição tóxica de ar e dos recursos hídricos são exemplos dessas ameaças, que segundo Coelho; Gouveia e Milfont, (2006) se não controladas podem adquirir um alto poder de devastação de espécies e de ecossistemas naturais. Aliado à essas ameaças advindas das grandes atividades produtivas como as do setor industrial, do extrativismo (mineral, vegetal e animal), do agronegócio, além da construção civil, a atuação particular do ser humano frente aos ecossistemas naturais mostra-se também como um fator negligente e conflituoso para com a natureza. A vertiginosa invasão antrópica à regiões de proteção ambiental (desorganização fundiária) associado ao mal uso dessas áreas para atividades recreativas caracterizam um cenário de alerta no âmbito ecológico. Visto isso, a busca dos seres humanos por métodos e alternativas que evitem a devastação dos ambientes naturais surge como um auxílio no processo de desmanche desse cenário preocupante no que diz respeito à integridade da biodiversidade presente nos ecossistemas e no meio ambiente em geral. E é seguindo a lógica dessa busca por métodos alternativos que auxiliem no controle de danos ambientais que surge a idéia da sistematização assertiva de incentivos para atuação do combate à devastação ambiental através da promoção de uma dinâmica saudável entre os seres humanos e a biodiversidade local de áreas protetivas delimitadas, tendo como base de construção a utilização de políticas de conservação dos recursos naturais, que por meio da implantação de áreas protetivas como as Unidades de Conservação promovem o controle e a manutenção dos recursos naturais estabelecidos. Atualmente, as delimitações de áreas destinadas à conservação ambiental é um importante mecanismo para a manutenção dos ecossistemas naturais, os quais quando mantidos em seu estado natural - sem interferência antrópica significativa - fornece benefícios às sociedades como a proteção de reservas de água, conservação do solo e diminuição dos impactos causados pelas alterações climáticas, todavia “muitas áreas oficialmente declaradas como áreas protegidas não cumprem, contudo, os objetivos para os quais foram criadas, porque nunca foram completamente implantadas” (SCHIAVETTI; MAGRO; SANTOS, 2012. p. 612). No Brasil, o modelo de área destinada à conservação ambiental mais adotado são as Unidades de Conservação (UCs), que de acordo com Fonseca, Lamas e Kasecker (2010, p. 18) “inúmeras delas foram criadas no país com distintos objetivos e sob a gestão de diferentes órgãos, mas até o final da década de 80 não existia no país um sistema de unidades de conservação com estrutura organizada e coesa.” É fato que, apesar do desenvolvimento intelectual e tecnológico do ser humano ocorrido com o decorrer dos anos, o seu interesse pela busca de estratégias conservacionistas de lugares especiais no planeta não é algo próprio da modernidade, todavia essa busca se acentua a medida que os problemas surgem e trazem consigo novas mudanças que afetam o ambiente no qual as populações de diferentes regiões do planeta Terra estão inseridas. O Brasil é um exemplo disso, pois de acordo com Fonseca, Lamas e Kasecker, (2010. p. 21) “ a contribuição dos estados na proteção dos seus ambientes naturais tem sido de extrema importância”, e segundo os mesmos autores, “as UCs decretadas pelos estados somam 52% do total protegido na Caatinga, 32% nos Pampas, 56% na Mata Atlântica, 46% na Amazônia, 47% no Pantanal, 65% no Cerrado e 48% no bioma Marinho.” Consoante à importância da atuação dos estados na conservação, de acordo com registros do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMbio - e a Confederação Nacional de Reservas Particulares do Patrimônio Natural - CNRPPN - (2012 apud SCHIAVETTI; MAGRO; SANTOS, 2012. p. 612) só “o Estado da Bahia já conta com 12 UCs federais e 41 estaduais, sem considerar as RPPNs, as quais somam, entre estaduais e federais, 93 UCs.” “Isso demonstra que o SNUC representa uma política pública de fortalecimento da capacidade de planejar e manejar apropriadamente as unidades de conservação (UC’s)” (SILVA, 2005 apud SCHIAVETTI; MAGRO; SANTOS, 2012. p. 612 ). Todavia, essa ferramenta de proteção tem sido criticada devido a algumas deficiências de efetividade para a conservação de áreas naturais, o que coloca em risco os esforços para conservar as UC’s presentes na Bahia. Portanto, esta pesquisa tem como objetivo principal apontar os possíveis conflitos que podem estar ocorrendo em algumas áreas de conservação do Estado da Bahia e apresentar alternativas eficientes para a mitigação desses conflitos. Busca-se também utilizar as características particulares dessas unidades de conservação como base para a explicação sobre osseus diferentes tipos, visando explicar suas finalidades e suas diferentes formas de funcionamento. 2. MÉTODOS E MATERIAIS 2.1 Metodologia Para o desenvolvimento dessa pesquisa, os conteúdos aqui apresentados foram baseados em revistas, trabalhos e artigos acadêmicos e em outras pesquisas dispostas em formato digital em algumas plataformas de buscas acadêmicas, como a SciELO Brazil e o Google Acadêmico. Esses conteúdos tiveram como objeto de estudo as unidades de conservação, através de sua historicidade, legislações além dos aspectos biológicos e sociais. Paralelo à isso, foram consultados também materiais disponíveis em sites diversos dos órgãos governamentais e das instituições ambientais do estado da Bahia. Artigos como “O papel das Unidades de Conservação” de Fonseca, Lamas, e Kasecker, publicado em 2010, “E Implementação Das Unidades De Conservação Do Corredor Central Da Mata Atlântica No Estado Da Bahia: Desafios E Limites” de Schiavetti, Magro e Santos, publicado em 2012, serviram de base para formação e início do percurso dinâmico de pesquisa que seria adotado. As explanações trazidas por ambos são de forte contigente metodológico e conceitual, pois abordam sobre as funções das unidades de conservação e estudam seus aspectos para possíveis implantações desse sistema. Além desses, é possível citar também o artigo de Hassler publicado em 2005 - “A Importância das Unidades de Conservação no Brasil” - que traz uma visão holística sobre como as unidades de conservação passaram a caracterizar uma solução inteligente para a proteção e o controle dos recursos naturais do Brasil, tendo em vista que todo o processo de criação e implantação das UC’s através dos estados brasileiros foi marcado por dificuldades e irregularizações constitucionais. No que diz respeito aos dados sobre a legislação e sistemas apropriados para a coordenação e gerenciamento das UC’s no Brasil, o artigo “Conservação ambiental no Brasil: uma revisão crítica de sua institucionalização” de Gamba & Ribeiro (2017) e “O Regime Brasileiro De Unidades De Conservação”de Antonio Herman De Vasconcellos E Benjamin (Ministro do Superior Tribunal de Justiça) publicado em 2000, trazem a fundamentação e marcos históricos sobre a dinâmica de criação, gestão e implantação das UC’s em território brasileiro. Dinâmica essa que sem dúvida alguma foi importante para a construção dos sistemas de proteção e políticas conservacionistas estabelecidas pelos estados brasileiros, principalmente por aqueles que possuem biomas que constantemente têm os seus recursos explorados. “Conflitos Em Unidades De Conservação” de Brito (2008) e “Conflitos socioambientais em Unidades de Conservação” de Vivacqua & Vieira (2005) abordam sobre como os problemas encontrados nas UC’s originados por ação antrópica servem de alerta e ponto de partida para a criação de métodos que minimizem os impactos ocasionados aos ecossistemas brasileiros. Contudo, o trabalho “Educação Ambiental e Popularização do Conhecimento: Percepção de Estudantes sobre uma Unidade de Conservação na Bahia” de Vinhático, Alves e Santos publicado em 2021, indica que o “acesso à informação é fundamental para o desenvolvimento da consciência ambiental crítica” e evidencia que a ausência de um programa sistemático de Educação Ambiental contribui com o cenário de conflitos em UC’s brasileiras. 2.2 Unidades De Conservação Benjamin (2000) explica que ato de se designar territórios para a preservação de valores naturais, seja por razões culturais, religiosas, ambientais ou até mesmo por status social (à exemplos dos parques reais) é uma prática comum desde a antiguidade, e por isso é geograficamente espalhada por todos os continentes Hassler (2005, p. 82) afirma que “desde a época medieval, parques reais e privados protegiam os animais de caça”. A Floresta de Bialowiesa, na Polônia é um exemplo disso, pois é um território que foi destinado a ser protegido desde o século XIV por iniciativa do rei Jagellon, com o objetivo principal de preservar espécies ameaçadas de extinção naquela época (RAMADE, 1979 apud HASSLER, 2005. p. 82). Atualmente, os espaços protegidos não carregam mais consigo o elemento religioso, cultural ou de status social como princípios fundamentais. Na verdade, devido ao avanço do movimento conservacionista pelo mundo a partir do século XIX: os espaços naturais protegidos, como técnica de tutela ambiental, estão presentes na legislação de praticamente todos os países com o intuito de garantir a existência de espécies, ecossistemas, bancos genéticos ou monumentos naturais de rara beleza (BENJAMIN, 2000. p. 10) Fonseca, Lamas e Kasecker (2010) afirmam que com a criação do Parque Nacional de Yellowstone nos Estados Unidos em 1872 houve um marco inicial das políticas de conservação de recursos naturais, aprimorando o sentido da necessidade de se buscar alternativas que implementem o processo de conservação de ecossistemas naturais. Segundo Pádua (2004 apud RAYLANDS; BRANDON, 2005, p. 28) a criação do Parque Nacional de Yellowstone serviu também de inspiração para o surgimento de uma ética conservacionista no Brasil através do engenheiro civil, geólogo e botânico André Rebouças (1833-1898) que foi um dos pioneiros na defesa da necessidade de se criar parques nacionais no Brasil. Contudo, o desejo de Rebouças só pôde ser realizado no ano de 1937, quase 40 anos após sua morte, com a criação do Parque Nacional do Itatiaia na região de Mata Atlântica no Estado do Rio de Janeiro. A necessidade de garantir a integridade dos ecossistemas em respostas às recorrentes ameaças ao meio ambiente, como o desmatamento, as queimadas, a destruição de habitas naturais, a poluição de mares e rios, além da ação recreativa inapropriada, tornam as chamadas Áreas Protegidas em um método de caráter eficiente no estudo da conservação ambiental. Tendo como base dessa estratégia a afirmação trazida pela União Internacional para a Conservação da Natureza - UICN - (2003 apud Borrini-Feyerabend et al. 2017, p. 5), que define Área Protegida como: Um espaço geográfico claramente definido, reconhecido, com objetivo específico e gerido por meios eficazes, sejam jurídicos ou de outra natureza, para alcançar a conservação da natureza no longo prazo, com serviços ecossistêmicos e valores culturais associados. Portanto, essas áreas protegidas diferem em suas funcionalidades a depender de sua categoria de manejo, o que faz com que atividades como o extrativismo legal, turismo ecológico, conservação natural através dos povos tradicionais, além dos esforços para a permanência das características ecológicas originais tornem-se um complexo sistema de conservação em que o uso controlado dos recursos naturais seja um importante contribuinte na busca pela diminuição dos processos de devastação ecológica (AGUIAR; MOREAU; FONTES, 2013). O que corrobora diretamente no que Fonseca, Lamas e Kasecker (2010, p. 18) pontuam sobre as áreas de proteção ambiental, os quais dizem que “a função das áreas protegidas e o seu papel na sociedade mudaram ao longo dos anos, mas basicamente esses espaços são uma resposta cultural às ameaças sofridas pela Natureza, sua exuberante flora e fauna e belezas cênicas”. A instituição de uma Unidade de Conservação como estrutura inerente de uma área protegida possui funcionalidades que participam de um sistema mais amplo e abragente, pois como informa Benjamin (2000, p. 18-19): além de resguardar-se paisagens de notável beleza cênica, almeja-se manter e restaurar a biodiversidade, proteger espécies ameaçadas de extinção, assim como as características relevantes de natureza geológica, geomorfológica, espeleológica, arqueológica, paleontológica e cultural e os recursos hídricos e edáficos. Isso signifca que, o aspecto de relevância natural trazido pelo autor não é constituídoapenas de atributos raros ou singulares, mas também de possíveis elementos triviais recorrentes na natureza, mesmo quando não haja a preseça de quaisquer recursos insignes. Neste sentido, a relevância natural pode ser interpretada como uma “ noção muito mais ampla do que o estrito valor estético-paisagístico da natureza, embora este baste, sozinho, em certas circunstâncias, para justificar a implantação de uma Unidade de Conservação” (BENJAMIN, 2000, p.19). A princípio, de acordo com Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) - que é orgão responsável por padronizar as categorias, seus objetivos de criação e as estratégias de gestão de cada tipo de unidade de conservação - as UC’s podem ser divididas em dois grupos principais: Unidades de Proteção Integral e Unidades de Uso Sustentável. Essa divisão ocorre a partir dos fundamentos que elas possuem e também de acordo com os usos que lhe são permitidos. Sendo assim, Fonseca, Lamas e Kasecker (2010, p. 20) afirmam que as unidades de proteção integral têm por objetivo principal “preservar a Natureza e admitem apenas o uso indireto dos recursos naturais. Já as de uso sustentável têm por finalidade compatibilizar a conservação da Natureza com o uso sustentável de uma parcela dos seus recursos naturais.” O Artigo 1° da Lei n.º 9.985, de 18 de Julho de 2000 institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC) que define unidade de conservação (UC’s) como: espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias de proteção (BRASIL, 2000) Portanto, a gestão do SNUC “é de responsabilidade das esferas governamentais e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), autarquia vinculada ao Ministério do Meio Ambiente responsável [...] pelo gerenciamento das UC’s Federais” (FONSECA; LAMAS; KASECKER, 2010, p. 20). Mas paras as UC’s presentes em esferas estaduais e municipais, vale ressaltar que sua responsabilidade é das secretarias estaduais de meio ambiente além dos orgãos ambientais que estão vinculados aos estados e aos municípios. O SNUC permitiu que as UC’s brasileiras pudessem se enquadrar nos critérios adotados pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), que segundo Fonseca, Lamas e Kasecker (2010, p. 20) organiza as categorias de áreas protegidas “baseada no entendimento de que a proteção dos recursos naturais necessita incorporar todos os processos naturais e as interações humanas”. Com isso, de acordo com os termos do artigo 7º da Lei n.º 9.985/2000 o SNUC define como Unidades de Proteção Integral as seguintes categorias: Estação Ecológica, Reserva Biológica, Parque Nacional, Refúgio de Vida Silvestre e Monumento Natural. Enquanto que as Unidades de Uso Sustentável são organizadas sete categorias, sendo elas: Área de Proteção Ambiental, Área de Relevante Interesse Ecológico, Floresta Nacional, Reserva Extrativista, Reserva de Fauna, Reserva de Desenvolvimento Sustentável e Reserva Particular de Patrimônio Natural. De acordo com Hassler (2005) cada tipo de unidade de conservação tem uma finalidade própria criada pela lei, dependendo dos atributos que justifiquem a sua proteção, que podem ser tanto para conservar a beleza natural, artificial, determinado estilo de vegetação, vida animal ou mesmo culturas humanas, quanto por lazer ou para atividades recreativas, além das pesquisas ecológicas, estudos ou investigações científicas. É digno ressaltar que essas áreas variam em objetivos, podendo ser estritos à conservação mas também podem caracterizar a extração controlada dos seus recursos. Todavia, deve-se considerar que a criação de áreas protegidas possua como prioridade a temática da conservação da biodiversidade, tendo como base o conhecimento dos diferentes sistemas ecológicos encontrados na natureza. 2.3 Conflitos em Unidades de Conservação da Bahia De acordo com Vivacqua e Vieira (2015, p. 151) o estabelecimento de áreas protegidas “tem dado margem a um longo processo de formação e disseminação de situações de conflito, seja pela exclusão do acesso aos bens e serviços ambientais nela contidos, ou seja pela expulsão das populações residentes após o decreto de instituição das áreas.” Todavia, é possível afirmar que o marco histórico da criação do Parque de Yellowstone nos Estados Unidos teria sido o ponto crucial para intensificação desses conflitos entre as áreas protegidas e as comunidades que habitavam essas regiões. O que amplia o sentido acerca da origem desses conflitos que ocorrem nas UC’s, pois a implantação das áreas protegidas através do poder público “foram executadas com pouca ou nenhuma participação da população que nelas residiam, ou que utilizavam os seus recursos como meio de subsistência” (BRITO, 2008. p. 4). Na verdade, esses conflitos em unidades de conservação surgiram a partir das implantação das primeiras áreas protegidas, as quais só se preocupavam com os aspectos ecológicos e deixavam de lado as inúmeras relações interativas entre o meio ambiente e os povos que estavam inseridos naquelas regiões, sendo eles tradicionais ou não. E é por isso que atualmente, a gestão e manejo dessas UC’s “envolve, além de problemas ambientais, dificuldades de ordem econômica, social, e principalmente política, o que em geral ocasiona graves conflitos entre as populações locais e as ações dos responsáveis por sua gestão” (BRITO, 2008, p. 4). Dados do Cadastro Nacional de Unidades de Conservação - CNUC - (2016) revelam que a Bahia possui 15% de seu território destinado à áreas de proteção, sendo essas áreas caracterizadas por 69 UC’s ao total, das quais 27 são de Uso Integral e 56 de Uso Sustentável. A Secretaria do Meio Ambiente - SEMA - é o principal orgão administrador de algumas dessas unidades de conservação na Bahia através da SFC - Superintendência de Biodiversidade, Floresta e Unidade de Conservação - (CARVALHO, 2011). Dados da SEMA (2010) apresentados por Carvalho (2011) apontam que a Bahia já consta com 42 unidades de conservação sob a gestão da secretaria, “sendo 34 de uso sustentável (32 áreas de proteção ambiental e 2 áreas de relevante interesse ecológico) e 8 de proteção integral ( 4 parques, 2 estações ecológicas e 2 monumentos naturais )”, o que corresponde à uma área de 6.129.059 ha. Contudo, algumas unidades de conservação situadas no estado da Bahia encaram situações indesejáveis que conflituam com seus objetivos conservativos, sendo essas situações normalmente geradas pela utilização inadequada dos recursos naturais - incêndios, desmatamentos, invasões, extrativismos (vegetal, animal e mineral), pecuária extensiva, além da desorganização fundiária e a ausência de manejo planejado. Percebe-se que, no Brasil, a implantação e manutenção das unidades de conservação baseiam-se no antigo contexto internacional, pois como explica Brito (2008, p. 4) as políticas de criação desse sistema: são geralmente impostas pelo poder público às populações locais. Isto gera uma série de conflitos à concretização dos objetivos preservacionistas dessas áreas, pois a ocupação humana e a utilização dos recursos não são equacionadas de modo satisfatório para ambos os segmentos. A presença de populações humanas dentro de UC’s possui vários motivos, dos quais alguns deles são primordiais, como por exemplo: a forma como a UC foi implantada, as formas de gestão e manejo, a localização da UC, além do grau de extensão dessas áreas. Segundo Brito (2008, p. 7) “estas são algumas variáveis que influenciam na construção e na dimensão dos conflitos, entre o poder público e as populações usuárias dos recursos naturais no Brasil.” Em contrapartida,Brito (2008) explica também que os idealizadores das políticas básicas paras a implantação das UC’s, nos meados dos anos de 1960, argumentavam que para haver de fato a conservação dos recursos naturais era indispensável a exclusão de populações humanas destas áreas. Estas ideias diversas vezes serviram como pautas de diversos encontros, convenções, congressos e acordos realizados internacionalmente antes da década de 1960. Todavia, foi a partir do ano de 1970 que as discussões sobre os conflitos entre as populações locais e as áreas protegidas por meios legais aumentaram significativaente, pois foi o período em que as áreas protegidas ganharam espaço em diferentes regiões do país. De acordo com Brito (2008) a disseminação destas áreas e dos conflitos ocorreu devido ao lançamento do Programa Man and Biosfere (MaB) em 1971 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) e as propostas de desenvolvimento sustentável apresentadas na Conferência de Estolcomo em 1972. E foi partir deste período também que o debate sobre a permanência de populações em áreas naturais protegidas ganhou mais destaque e ficou mais esclarecido, sem contar que os conflitos também foram melhor visualizados. Segundo o mesmo autor, na “XI Assembléia Geral da UICN, que ocorreu no Canadá em 1972, considerou-se, pela primeira vez, a ocupação humana e a exploração econômica em parques nacionais, através de um zoneamento” (2008, p. 6). Passaram-se os anos, e no século XXI intensifica- se o debate sobre as inter-relações entre áreas protegidas, desenvolvimento sustentável, populações e conflitos. Quando o V Congresso Mundial de Parques aconteceu em 2003 na cidade de Durban na África do Sul, a realidade sobre essas inter-relações mostrou-se mais visível , pois demonstrar como as áreas protegidas podem ser relevantes para as agendas econômicas, sociais e ambientais da sociedade contemporânea foi o principal objetivo desse evento. No estado da Bahia, as políticas conservacionistas historicamente deram ênfase na implantação de UC’s voltadas para a conservação e o desenvolvimento sustentável, tendo como maior representante disso as Áreas de Proteção Ambiental (APA), que segundo Carvalho (2011, p. 4) “o objetivo maior era o ordenamento e o disciplinamento do uso e ocupação do solo em vastas áreas do seu território ameaçado pelas atividades produtivas”. De acordo com o mesmo autor, no ano de 2006 o estado edita a Lei nº 10.431 que trata da Política Estadual de Meio Ambiente e de Proteção à Biodiversidade do Estado da Bahia, cujo objetivo é “assegurar o desenvolvimento sustentável e a manutenção do ambiente propício à vida, em todas as suas formas, devendo ser implementada de forma descentralizada, integrada e participativa” (2011, p. 4). Mas apesar das deliberações apresentadas pelo Estado e pelo orgãos competentes, as unidades de conservação não são devidamente respeitadas, afinal a ação antrópica é um fator que mesmo condicionado por leis e regras ainda assim estão passíveis à modificações em sua ocorrência. 2.3.1 Conflitos em Unidades de Conservação de Proteção Integral MORRO DO CHAPÉU - Parque Nacional O Parque Estadual de Morro do Chapéu (PEMC) é uma UC do tipo Proteção Integral, que possui uma área estimada de 46.000 ha, cujo objetivo “é preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais”, explícito pelo parágrafo §1o, art. 7º da Lei n.º 9.985, de 18 de Julho de 2000. O parque foi criado pelo Decreto Estadual nº 7.413 de 17 de agosto de 1998, e está situado no município de Morro do Chapéu (11° 32’ 48’’ S, 41° 09’ 26’’ W) na Chapada Diamantina, região central do estado da Bahia. O Parque Estadual Morro do Chapéu “é de fundamental importância para a preservação da biodiversidade existente assim como pelo seu incomensurável patrimônio histórico, cultural e geológico representado pelas pinturas rupestres” (LIMA; MACÊDO; BANDEIRA, 2013, p. 53). A categoria Parque Nacional, nesse caso Estadual por está inserido em esferas do estado, é a mais popular e tem por objetivo preservar os ecossistemas que contribuição significativamente para o meio ambiente. De acordo com Manetta et al. (2014?, p. 4) “neste tipo de unidade de conservação permite-se apenas à realização de atividades educacionais e de perspectiva ambiental, turismo ecológico e recreação, onde utiliza-se o contato com a natureza”. Como atributos naturais, o Parque Estadual de Morro do Chapéu é conhecido pela presença de felinos de grande porte, vegetação arbustiva e herbácea que se instalam em grandes afloramentos rochosos, tipicamente correspondente ao bioma da Caatinga , além da presença de espécies de orquídeas, bromélias e cactáceas. Entretanto, essa UC sofre com alguns conflitos socioambientais como desmatamentos, queimadas, a degradação de nascentes, a remoção do solo, danificação de pinturas rupestres, retirada ilegal de areia, a caça predatória e a biopirataria. Um estudo realizado por Dourojeanni e Pádua (2001) identificou que um dos principais problemas no manejo das UC’s no Brasil é a regularização fundiária. O Parque Estadual de Morro do Chapéu é um exemplo de unidade de conservação que tem sido afetada pela invasão de terras oriundas da má regularização fundiária. Na verdade, “nem houve regularização fundiária e as comunidades tradicionais que ainda residem no interior e entorno da unidade não foram devidamente atendidas” (LIMA; MACÊDO; BANDEIRA, 2013, p. 47). Tal fato implica na possibilidade da população local não saber da existência e muito menos conhecer a importãncia dessa unidade de conservação. CACHOEIRA DO FERRO DOIDO - Monumento Natural Segundo Giudice, Pereira e Rocha (2015) a Cachoeira do Ferro Doido pertence à uma UC do tipo Monumento Natural com cerca de 400ha criada pelo governo do estado em 1988, situada 18km a leste da sede municipal de Morro do Chapéu, cerca de 500m a norte da BA-052. A cachoeira possui cerca de 80m de altura e é considerada como um dos principais pontos geoturísticos do município de Morro do Chapéu. Em períodos chuvosos, essa cachoeira pode ser visualizada com quatro quedas d’águas que formam um espécie de escada e desaguam em um cânion que percorre até se encontrar com o Rio Jacuípe. A cachoeira apresenta relevância turística, didática e até mesmo científica, uma vez que o local, também é utilizado para roteiros de excursões do Centro Integrado de Estudos Geológicos do Serviço Geológico do Brasil (CIEG - CPRM), e como objeto de estudos de diversas universidades brasileiras. Segundo o INEMA (S/D) a área da Cachoeira do Ferro Doido possui grande variedade de ambientes decorrentes da diversidade de substratos e dos diferentes níveis de interferências antrópicas. É um local que possui solos fertéis na região das Florestas Estacionais que se apresentam de forma decidual ou semidecidual, com árvores que podem atingir até 20 metros de altura, sendo essas normalmente espécies de grande valor comercial devido ao potencial extrativo de madeira. Também é possível encontrar espécies de orquídeas, bromélias, melastomatáceas e malphighiáceas, sendo todas muito comuns nessa região. Fora o aspecto da flora local, a fauna também não fica para trás em relação às suas especificidades, tendo como um representante digno da região o Colibri Dourado, uma espécie rara de Beija-Flor que possui plumagem de coloração verde com tons dourados acobreados, sendo possível citar também o Urubu-Rei, bastante comum na região. Apesar de sua relevância turística e científica, a Cachoeira de Ferro Doido mesmo com suas defesas legais instituidas pelo artigo 12° da Lei n.º 9.985/2000 que diz que“o Monumento Natural tem como objetivo básico preservar sítios naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica”, dispões de conflitos socioambientais que agridem as normas estabelecidas pela Lei.A retirada de espécies botânicas e de pedras ornamentais, associado à caça predatórias de espécies silvestres são exemplos disso, pois configuram um cenário de degradação de um ambiente natural. Aliado à esses problemas, o turismo sem suporte entra como um fator de alto potencial degradativo do ambiente, pois como afirma Giudice, Pereira e Rocha (2015, p. 26) ainda “não existe qualquer medida de controle de acesso ou infraestrutura de apoio ao visitante” na região da Cachoeira de Ferro Doido, o que pode contribuir com o surgimento de atitutes negligentes do visitantes implicando diretamente no uso inadequado dos recursos naturais e consequentemente em sua mitigação. 2.3.2. Conflitos em Unidades de Conservação de Uso Sustentável LAGO DE PEDRA DO CAVALO - Área De Proteção Ambietal (APA) O lago de Pedra do Cavalo é uma Área de Proteção Ambiental (APA) que possui 30.156 ha de extensão e está situada nos municípios de Feira de Santana, Antonio Cardoso, Santo Estevão, Cabeceiras do Paraguaçu, Governador Mangabeira, Muritiba, São Félix, Cachoeira, Conceição de Feira e São Gonçalo dos Campos. Segundo Oliveira (2016) a APA da Pedra do Cavalo foi criada pelo Decreto estadual nº 6.548 de 18 de julho de 1997 e alterada pelo decreto estadual nº 7.575, de 19 de maio de 1999, e pode ser encontrada através das coordenadas 39º20’00’’ e 38º55’00’’W / 12º10’00’’ e 12º40’00’’S. A região onde a área da APA está inserida é caracterizada pela transposição de ambiente úmido mais ao sul, e semi-árido ao norte da APA, tendo a maior parte de sua área, cerca de 50,8%, ocupada por vegetação pouco densa (Caatinga), seguido da superfície do Lago de Pedra do Cavalo (18,1%), vegetação densa que compreende florestas estacionais, matas ciliares e de galeria (18%) e solo exposto (13,1%) (TEIXEIRA et al.2009, apud Oliveira, 2016). O artigo 15 da Lei n.º 9.985 define a Área de Proteção Ambiental (APA) como: uma área em geral extensa, com um certo grau de ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, e tem como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais (BRASIL,2000) Portanto, a região do lago de Pedra do Cavalo pode ser considerada uma Área de Proteção Ambiental (APA) pois segundo o INEMA (S/D) a área protege o manancial e assegura a qualidade da água do Lago de Pedra do Cavalo, “que é responsável por boa parte do abastecimento da Região Metropolitana de Salvador e mais a região de Feira de Santana,” o que beneficia cerca de 4 milhões de habitantes através da conciliação seus usos e ocupação do território da APA, respeitando suas características ambientais. Mas apesar de sua importância, a APA do Lago de Pedra do Cavalo tem sofrido com problemas e conflitos ambientais que comprometem a sua integridade e afetam a biodiversidade local. De acordo com Drummond et al. (2005), há um reconhecimento de que as causas da perda da biodiversidade são difusas, mas a maioria está relacionada com as consequências oriundas da implantação de atividades produtivas como a agricultura, pecuária, e até mesmo a caça predatória. Queimadas e desmatamentos são práticas constantes na área da APA, e associado à isso ainda é possível identificar outros problemas como o lançamento de esgotos domésticos no lago, depósitos irregulares de lixo, além da invasão de áreas de Preservação Permanente: margens do lago e mata ciliares dos rios tributários. GUAIBIM - Área De Proteção Ambiental (APA) De acordo com o artigo 1° do Decreto Estadual nº 1.164 de 11 de Maio de 1992 “foi criada a Área de proteção Ambiental APA de Guaibim, no Município de Valença, com área estimada de 2000 ha (dois mil hectares)”. Entretanto, segundo Lopes & Reuss-Strenzel (2015, p. 45) “a APA teve em 2002 por meio do poder municipal, uma sobreposição territorial para a criação da Área de Proteção Ambiental da Planície Costeira do Guaibim, com extensão de aproximadamente 13.000 ha (Decreto municipal 424/2007).” Com isso, atualmente a APA “encontra-se delimitada a oeste pela rodovia estadual BA 001, a nordeste pelo rio Jequiriçá, a sudeste pelo rio dos Reis, ao sul pelo canal de Taperoá e foz do rio Una e a Leste pelo o Oceano Atlântico” (LOPES; REUSS-STRENZEL, 2015. p. 45). Segundo o INEMA (S/D) a APA de Guaibim está localizada em uma região de clima quente-úmido, e possui ecossistemas de restingas, manguezais, faixas de praias, brejos e remanescentes de Mata Atlântica com fauna associada. A área possui um histórico de ocupação desde o período colonial pela Capitania de Ilhéus em 1534, articulando a região com o recôncavo e com Salvador, tendo a sua ocupação caracterizada principalmente por produções agrícolas como a acácia (Acacia cyanophylla Lindley), o dendê (Elaeis guineensis Jacq.), côco (Cocos sp.) e cajú (Anacardium occidentalle L.) associadas às áreas de pastagens. Todavia, ao longo de sua história recente, devido a presença de uma gama de atributos ambientais, tem sido mais utilizada para o turismo, que desenvolveu como consequência uma ocupação desordenada, com estabelecimentos comerciais e rede hoteleira adjacente à faixa de praia. (LOPES; REUSS-STRENZEL, 2015). A atividade agrícola e o crescimento urbano desordenado configuram atualmente o principal cenário de conflitos socioambientais na área de proteção ambiental do Guaibim, pois ações como estas acarretam na degradação do ambiente e da biodiversidade, através do desmatamento, das queimadas, da ocupação desordenada , do descarte incorreto de lixo, e do lançamento de esgosto doméstico nos corpos hídricos. “Embora a ocupação territorial seja ainda pequena (17 ha), o crescimento urbano nos próximos anos pode configurar um potencial problema, fruto da vocação da APA para o turismo, que intensifica o crescimento imobiliário” (LOPES; REUSS-STRENZEL, 2015. p. 50). Ou seja, com relação ao uso da terra na APA de Guaibim, a área é moldada pela lógica do desenvolvimento local que utiliza de certas regiões para produção agrícola (cerca de 23%) e também pelo seu grande pontecial de atividade turística. O turismo é sem dúvidas um dos principais componentes necessários para o crescimento da economia local, entretanto o crescimento urbano desordenado ocasionado pela atividade turística vem gerando quantidades significativas de lixo que se acumula ao longo de faixas de areia no distrito de Guaibim, principalmente em sua extensão final conhecida como “Praia de Guaibinzinho, que abriga a maior parte da restinga da região” (LOPES; REUSS-STRENZEL, 2015. p. 55). SERRA DO OROBÓ - Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) A serra do Orobó é uma Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) com um território de 7.397 ha, instituída pelo Decreto Estadual n° 8.267 de 6 de Junho de 2002 no Complexo da Chapada Diamantina, entre os municípios de Ruy Barbosa e Itaberaba (12°15’S, 40°19’W e 12°25’S, 40°30”W) à 315Km de Salvador. A serra abriga um conjunto de remanescentes de florestas estacionais e várias nascentes inseridas no domínio de Mata Atlântica, com paisagens que agregam valor turístico ao ambiente. Segundo Bastos, S; Bastos, C. e Costa (2017), fisionomias de Cerrado também podem ser encontradas nessa região, além de Campos Rupestres inseridos em domínios de Caatinga. A região também possui clima semiárido com temperatura média de 26°C, e precipitação estimada em 800mm por ano. A serra do Orobó tem como principal objetivo preservar as florestas e os corpos hídricos alí presentes, além de limitar o uso de seus recursos naturais através da disciplina de atividades produtivas desenvolvidas no território. Portanto, o local se adequa à definição trazida pelo artigo 16º da Lei n.º 9.985/2000, que diz que uma Áreade Relevante Interesse Ecológico: é uma área em geral de pequena extensão, com pouca ou nenhuma ocupação humana, com características naturais extraordinárias ou que abriga exemplares raros da biota regional, e tem como objetivo manter os ecossistemas naturais de importância regional ou local e regular o uso admissível dessas áreas, de modo a compatibilizá- lo com os objetivos de conservação da natureza (BRASIL, 2000). Contudo, apesar de pouco antropizada em termos ecológicos, a Serra do Orobó sofre dos mesmo problemas apontados na Cachoeira do Ferro Doido, sendo a retirada de espécies botânicas como as Orquídeas, um dos principais representantes. Associado á isto, a derrubada de árvores e queimadas para pequenas atividade agrícolas tem se tornado frequentes no local. 3. RESULTADOS ESPERADOS É perceptível que as áreas protegidas, apesar de possuirem definidas estruturas de gestão e objetivos específicos estabelecidos por leis, ainda sofrem com problemas de manutenção no seu funcionamento. Sejam de natureza antrópica ou ambiental, a verdade é que eles sempre impedem a execução completa da prática de conservação, pois como normalmente são oriundos da dicotomia existente entre o desenvolvimento econômico das comunidades inseridas e a sustentabilidade dos recursos naturais, torna-se muito mais difícil estabelecer um método que corrija e solucione de forma convicente todos os impasses encontrados nessa dinâmica. Sabe-se que esses problemas estão sempre interligados de alguma forma, por isso, apresentar soluções protetivas que estabeleçam conexões em ambos os aspectos é a saída mais inteligente para o tratamento de conservação das chamadas áreas protegidas, portanto, a lógica de somente implantar Unidades de Conservação sem propagar informações de maneira efetiva ao grupos e povos que possivelmente estão inseridos na região, se mostra como uma solução primária no combate à degradação, uma vez que apenas criar, registrar, instituir e delimitar essas áreas não é suficiente para promover a conservação do local. Nesse sentido, o Poder Público, enquanto responsável legal previsto em legislação tem o dever de promover intervenções em áreas onde a invasão antrópica torne-se torna cada vez mais problemática. Para isso, implementar medidas que evitem a expansão da ocupação irregular é um método eficaz quando utilizado corretamente por de orgãos fiscalizadores bem capacitados. Contudo, a ausência de um programa eficiente de Educação Ambiental e Políticas Seguras que incentivem o conhecimento local e promovam a dispersão de boas condutas em zonas de proteção ambiental é com certeza o fator mais limitante na busca pela conservação. Ou seja, para o cumprimento desse objetivo é necessário investir em estratégias que garantam a permanência da diversidade ecológica dessas áreas sem desconsiderar a participação e atuação antrópica em meio à isso. Britto (2008, p. 11) diz que “estas estratégias devem envolver o diálogo, a sensibilização, a compensação, além do monitoramento e da fiscalização.” Sabe-se que é indispensável manter os recursos naturais e os processos ecológicos, entretanto, é de extrema importância também garantir a sustentabilidade cultural, social e econômica das populações envolvidas nas áreas de Unidades de Conservação. . REFERÊNCIAS COELHO, J. A. P. M; GOUVEIA, V. V; MILFONT, T. L. 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